sábado, 31 de julho de 2010
Sinal verde para testar embriões-EUA aprovam primeira experiência em seres humanos. Meta é terapia para lesão na medula
A experiência pioneira usará células desenvolvidas pela Universidade da Califórnia e a Geron Corporation em pacientes com lesão medular causadora de paralisia.
Cientistas brasileiros consideraram a autorização um marco que abre caminho para, a médio prazo, termos estudos semelhantes no país.
O teste em seres humanos já tinha sido autorizado para o mesmo grupo em janeiro do ano passado.
Antes que o estudo começasse, no entanto, a própria administração o suspendeu porque cientistas constataram o crescimento de cistos em camundongos que haviam recebido células similares. A Geron teve então que desenvolver novas formas de garantir a pureza das células a serem injetadas e realizar um novo teste com roedores. Mediante resultados positivos, a FDA derrubou a suspensão.
Preocupação com a segurança
As células-tronco embrionárias têm a capacidade de originar qualquer outra célula do organismo. O grande objetivo dos cientistas é induzir o desenvolvimento de tecidos para substituir aqueles lesionados ou doentes. A terapia abre caminho para o tratamento de uma ampla gama de problemas, de lesão na medula a mal de Alzheimer.
Até hoje, no entanto, as células só foram testadas em animais. Embora cientistas tenham obtido resultados promissores, um teste em seres humanos nunca foi feito. O grande temor é que as células pluripotentes (com capacidade para se transformar em qualquer tecido) não se comportem exatamente como esperado e acabem gerando tecidos diferentes ou, pior ainda, tumores cancerígenos.
— Eles devem ter conseguido selecionar as células certas para que o teste seja mais seguro — explicou a geneticista Mayana Zatz, especialista em células-tronco do Instituto de Biociências da USP. — Numa população de células, há subpopulações.
Se conseguirmos isolar as que formam cistos e retirá-las do processo, o teste fica mais seguro.
Este primeiro teste em humanos, de fase 1, tem por objetivo principal testar, justamente, a segurança do procedimento. Garantida a segurança do processo, novas fases checarão a sua eficácia. Anos de testes ainda serão necessários para que uma terapia possa ser aprovada e usada em grande escala em seres humanos.
— É importante deixar claro que se trata de um teste, é experimental — frisou Mayana, que estuda a aplicação de células-tronco em doenças neuromusculares.
— Nesta primeira fase, em que se testa a segurança, não há grande expectativa de resultado.
Cientistas da Geron e da Universidade da Califórnia induziram as células embrionárias a se diferenciarem em células chamadas oligodendrócitos.
E as usaram como base de um composto chamado GRNOPC1. Esse composto será injetado na medula espinhal do paciente, no local da lesão.
— Quando há uma lesão medular, o neurônio perde sua capa de mielinização, que permite a transmissão da informação nervosa — explica o coordenador do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (Lance) da UFRJ, Stevens Rehen. — Sem a mielina, é como se o neurônio não tivesse força para passar informações para os músculos nem receber informações sensoriais. Essas células que eles vão injetar, os oligodendrócitos, são responsáveis pela formação dessa capa de mielina. Os resultados em animais são impressionantes.
Serão selecionados em todos os EUA de oito a dez pacientes que tenham sofrido uma lesão entre a terceira e a décima vértebra — mais ou menos na metade superior das costas — há menos de 15 dias. A ideia é que o teste comece até o fim deste ano. A experiência levará dois anos para ser concluida, com cada paciente sendo estudado por 12 meses. Por razões de segurança, os pacientes serão monitorados pelos próximos 15 anos. Embora o objetivo seja testar a segurança, os cientistas estarão atentos a sinais de resultados promissores.
— Eles vão avaliar se houve aumento de sensibilidade e outras coisas, mas, como a lesão é muito recente, será difícil avaliar se alguma melhora detectada seria por causa do tratamento ou um processo natural — pondera Mayana. — Mas se trata de um primeiro passo muito importante. Há um limite com os modelos animais, chega a um ponto em que precisamos passar para testes em seres humanos.
Stevens Rehen se mostra um pouco mais otimista sobre os resultados a serem alcançados.
— Eles devem ter um grupo de controle, pacientes que sofreram lesões parecidas, no mesmo período, e que não vão receber as células — pondera o especialista, que já testou outro tipo de células para recuperar camundongos paralisados. — Se for possível identificar alguma melhora no controle da postura ou tronco, alguma sensação, já vai ser um grande avanço.
Para Rehen, é uma questão de tempo até o mesmo teste poder ser feito no Lance.
— Se tivermos um teste bem-sucedido, o laboratório terá subsídio para começar a trabalhar assim.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Ações concentram remédios caros nas mãos de poucos
A pesquisa analisou 2.927 ações cadastradas no Sistema de Controle Jurídico da Secretaria de Estado da Saúde, movidas em 2006, em benefício de pacientes residentes na cidade de São Paulo. Dos 565 advogados responsáveis pelas ações, 19 ajuizaram 63% dos processos. No caso de alguns medicamentos específicos, um único advogado foi responsável por 70% das ações.
O estudo revela também uma concentração de médicos citados nas ações: nos processos para aquisição de quatro remédios, mais de 20% das justificativas foram assinadas pelo mesmo médico. Os nomes dos profissionais envolvidos não foram divulgados. O título do artigo não deixa dúvidas sobre a conclusão: “Ações judiciais: estratégia da indústria farmacêutica para introdução de novos medicamentos”.
Segundo o artigo 198 da Constituição, todos devem ter acesso universal e integral à saúde. O estudo sugere que laboratórios manipulam esse princípio para, com a ajuda de médicos e advogados, aumentar os lucros. Remédios comprados com liminares não passam por licitação e, por isso, o Estado é obrigado a pagar o preço estipulado pelos fabricantes, sem negociação.
Argumentos
O trabalho é resultado do levantamento realizado por Ana Luiza Chieffi, funcionária da Secretaria de Estado da Saúde, para um curso de mestrado profissional em 2008 na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Ela oferece argumentos estatísticos para frequentes críticas de secretários de saúde a essas ações.
Em setembro de 2008, quando a polícia paulista desmontou um esquema que obrigava o estado a adquirir drogas de alto custo para psoríase, a Secretaria Estadual da Saúde estimou que cerca de 50% dos R$ 400 milhões gastos com remédios via Justiça seriam decorrentes de fraudes.
Na ocasião, o então governador José Serra (PSDB) disse que “há uma indústria de ações judiciais” e chamou a operação de “ponta de um barbante de um nó que precisa agora ser desatado”. Em 2009, a secretaria afirma ter investido R$ 1,3 bilhão em remédios, R$ 400 milhões para cumprir medidas judiciais– 30% do total. No ano estudado (2006), o gasto com ações foi de R$ 65 milhões (5,4% do total).
Vitórias
Processos atualizam lista do SUS
A maior parte das ações judiciais não são fruto de esquemas para aumentar o lucro de indústrias farmacêuticas, mas de necessidades reais dos pacientes. A análise é de Mário Scheffer, presidente do Grupo Pela Vidda/SP de apoio a pessoas com o HIV e pesquisador do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde.
Scheffer sublinha que é perigoso estigmatizar as demandas judiciais de medicamentos. “Obviamente não são a forma ideal para garantir acesso às terapias, pois supõem um atraso para o paciente e um gasto maior para o Estado. Mas, muitas vezes, apressam a inclusão de uma droga importante no rol dos remédios cobertos pelo SUS”, justifica.
Ele cita o programa de acesso universal aos antirretrovirais da aids. “As ações judiciais tiveram um papel importantíssimo. Graças a elas, criou-se um modelo nacional e estadual de atualização periódica da lista”.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Reutilizar sangue do próprio paciente em cirurgia pode reduzir custos
O uso do próprio sangue de um paciente, ou transfusão sanguínea autóloga, também reduz o risco de infecções e outras complicações associadas ao sangue doado, dizem os autores em seu artigo, publicado neste mês no "Archives of Surgery".
O custo geral de transfusões de sangue foi em média US$ 1.616 para pacientes que receberam transfusões autólogas, frente a US$ 2.584 para pacientes que só receberam produtos do banco de sangue, pois os pacientes que usaram seu próprio sangue exigiram apenas a metade das unidades de sangue do banco do que os outros pacientes, relata o estudo.
As estimativas de custos incluíram o custo agregado da coleta de sangue durante a cirurgia, que envolve sugar o sangue de hemorragias internas, coletá-lo num recipiente e passá-lo por um processo que separa e concentra as hemácias, que são então suspensas em solução salina e reinseridas no paciente.
"O processo é seguro e econômico, e deveríamos usá-lo com maior frequência", disse Carlos V.R. Brown, chefe de trauma do University Medical Center Brackenridge, em Austin, no Texas, e principal autor do estudo.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Ministério anuncia medidas para hepatites virais a serem alcançadas em dois anos
Veja a pesquisa completa
No País, dados do ministério revelam que, de 1999 a 2009, o total de casos confirmados de hepatite B é 96.044. Mais de 50% se concentram entre indivíduos de 20 e 39 anos e cerca de 90% são agudos.
Se hoje a faixa etária que recebe a dose vai dos 0 a 19 anos, com a mudança jovens e adultos de 20 a 24 anos também poderão se imunizar. Para aumentar a oferta, nesta primeira etapa serão adquiridas 54 milhões de vacinas a mais para hepatite B que em 2009. A quantidade faz parte de um total de 87 milhões de doses a serem utilizadas em 2011. Para reduzir a transmissão do vírus da hepatite B, até 2011 também será intensificada a oferta de triagem sorológica a todas as gestantes que fazem o pré-natal no Sistema Único de Saúde (SUS). Os recém-nascidos de mães portadoras da doença receberão profilaxia (vacina e imunoglobulinas).
Para fortalecer a sociedade civil em relação às hepatites virais, o ministério, em parceria com a Unesco, também lança um edital para realização de ações de enfrentamento das hepatites. A medida busca melhorar a articulação do setor com os serviços do SUS, estimular o diagnóstico precoce e promover mobilizações comunitárias.
O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério apresenta, pela primeira vez, um documento com os principais números das hepatites virais no País. As medidas anunciadas marcam o Dia Mundial do Combate a Hepatites Virais, conforme resolução apresentada pelo Brasil na assembleia da Organização Mundial de Saúde (OMS) em maio de 2010.
A vacina para hepatite B passou a ser oferecida pelo SUS desde a década de 1990. A vacinação começou na Região Norte, e a quantidade oferecida foi aumentando gradativamente, conforme levantamento de áreas endêmicas e populações mais vulneráveis. Ela é oferecida em três doses, tanto para crianças quanto para adolescentes. Uma vez imunizado contra hepatite B, o paciente também está protegido de ser infectado pelo vírus D.
A transmissão da hepatite B se dá principalmente por meio de relações sexuais, acidentes com instrumentos contaminados por sangue ou pela gravidez, quando a mãe está infectada.
Em relação à hepatite C, o total de casos confirmados de 1999 a 2009 é de 60.908. Muitas vezes, o paciente descobre a doença quando vai doar sangue. Em geral, são pessoas que fizeram transfusão até a década de 80 ou indivíduos que compartilharam seringas. A hepatite C pode ser uma doença silenciosa, porque os sintomas surgem depois de muito tempo que o vírus se instalou no organismo.
Em geral, a maioria dos casos da hepatite C são descobertos acima dos 30 anos. Os dados alertam para a importância do diagnóstico precoce, pois, quanto mais tarde, maiores são as consequências. Cerca de 70% dos casos de hepatites C ficam crônicos.
Perfil regional
As maiores taxas de detecção da hepatite B, no período de 1999 a 2009, são observadas nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. E, no caso da hepatite C, as maiores taxas estão no Sudeste e no Sul.
Dados do Ministério da Saúde mostraram que a quantidade de exames oferecidos quase triplicaram nos últimos 5 anos. Em 2009, foram feitos 9,22 milhões de testes para diagnóstico de todas as hepatites. Em 2004, foram 3,59 milhões. O Brasil oferece diversos tipos de exames para o indivíduo que suspeita ter a doença. Para isso, basta ir a uma Unidade de Saúde ou a um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA).
Hepatite A
A hepatite A atingiu cerca de 124.687 indivíduos entre 1999 e 2009, sendo a maioria homens. Mais de 50% dos casos confirmados estão nas regiões Norte e Nordeste. Com o perfil diferente, ela é mais frequente entre crianças abaixo de 5 anos e sua transmissão está ligada a água, alimentos e mãos contaminadas.
Na maioria dos casos de hepatite A, o indivíduo recupera-se totalmente, eliminando o vírus do organismo. A insuficiência hepática aguda grave ocorre em menos de 1% dos casos.
Medicamentos
Desde 2005, quando se iniciou o processo de centralização de compras, já foram investidos quase R$ 800 milhões em medicamentos contra hepatites. O gasto médio com remédio da hepatite C pode variar de R$ 1.562 a R$ 18.441 por tratamento/paciente e o da hepatite B, entre R$ 1.890 a R$ 5.859.
Em 2009, um novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o tratamento da hepatite crônica B e coinfecções incluiu novos medicamentos, o tenofovir, o entecavir e o adefovir, que junto com o interferon e a ribavirina passaram a ser oferecidos pelo Ministério da Saúde.
Em 2010, foram comprados, mais de 890 mil frascos de medicamentos para as hepatites B e C, por um total de R$ 234 milhões.
No momento, o protocolo clínico da hepatite C está em revisão. Como no tipo A a doença remite naturalmente, não houve gastos com medicamentos específicos.
Testes realizados para diagnóstico das hepatites virais:
Tipo 2004 2009
Hepatite A 288.267 mil 488.818 mil
Hepatite B 1,97 milhões 7,22 milhões
Hepatite C 1,33 milhões 1,47 milhões
Hepatite D 697 38.124 mil
Total 3,59 milhões 9,22 milhões
Vacinação derrubou números da gripe H1N1 no país, diz ministério
Os dados são reunidos a cada semana do ano e dizem respeito até o dia 17 de julho. Na semana 10, entre 28 de fevereiro e 6 de março, o país apresentou 79 hospitalizações por conta da doença, o maior número em 2010.
Já na semana 28, de 11 a 17 de julho, não houve nenhum registro de internações ligadas à gripe. O ministério também destaca o mesmo padrão quanto ao número de mortes: 11 na semana entre 21 e 27 de fevereiro e nenhuma entre 4 e 17 de julho .
De acordo com o órgão, os números refletem o impacto da campanha de vacinação realizada no Brasil em 2010, que imunizou 88 milhões de pessoas contra a gripe pandêmica entre 8 de março e 2 de junho.
Durante a campanha, foram vacinadas gestantes, doentes crônicos, crianças de 6 meses a menores de 5 anos, adultos entre 20 a 39 anos, indígenas e trabalhadores de serviços de saúde.
O ministério afirma que os números são parciais. A atualização do banco de dados é feita pelas secretarias estaduais e municipais de saúde.
Orientações da OMS
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, desde julho de 2009, a Organização Mundial da Saúde recomenda evitar a contagem total de casos da gripe H1N1, com o objetivo de fazer os países focarem apenas nos casos considerados graves e nos óbitos em decorrência da doença.
Já em 2010, a restrição na contagem foi aumentada: apenas são contabilizados casos da doença que acarretem hospitalização e mortes.
O exame laboratorial agora é indicado somente de acordo com a análise do médico, com base em critérios clínicos. Como exemplo, se uma gestante chegar ao sistema de saúde com gripe, por precaução, o médico a encaminha para exames específicos para detectar o vírus. Com base nos resultados, remédios como o tamiflu e outros procedimentos são adotados.
Também são investigados casos de surto de gripes localizados ou óbitos, conforme explicou a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde.
Previdência regulamenta aposentadoria de servidor
Essas regras valem para servidores que conseguiram no STF o chamado mandado de injunção, usado para garantir um direito negado por omissão do poder público, nesse caso por falta de regulamentação da Constituição. A regra de concessão de aposentadorias especiais aos servidores vai vigorar até que o Projeto de Lei Complementar n.º 555/2010, do Executivo, seja aprovado pelo Congresso.
A Instrução Normativa do Ministério da Previdência estende ao servidor público um benefício que já é concedido aos trabalhadores das empresas privadas, que recebem pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Em 2005, a Emenda Constitucional n.º 47 alterou o parágrafo 4.º do artigo 40 da Constituição e passou a prever a aposentadoria especial também aos servidores. O problema é que a falta de regulamentação levou o STF a ser bombardeado com mandados de injunção. Segundo alguns ministros do STF, esses processos passaram a representar uma das maiores demandas ao tribunal. Já asseguraram o direito servidores da saúde, delegados e investigadores da Polícia Civil, funcionários do Ministério da Agricultura e oficiais de justiça, entre outros.
terça-feira, 27 de julho de 2010
DOR NAS COSTAS - 30% não tratam
Novas opções
O especialista explica que novas técnicas foram criadas, tornando o tratamento menos agressivo e doloroso, além de mais eficiente. "Os procedimentos minimamente invasivos requerem menor tempo cirúrgico e de internação, geram menor dano tecidual e, consequentemente, menor perda sanguínea".
Porém, o médico ressalta que na grande maioria dos casos a mudança do estilo de vida é suficiente para melhorar os sintomas da doença. "Fatores como obesidade, postura e fraqueza dos músculos da região são fundamentais para se ter uma saúde perfeita, ainda mais quando o assunto é coluna", afirma Teixeira.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Primeiro paciente com transplante total de rosto tem alta na Espanha
Identificado apenas como Oscar, o homem de 31 anos falou com considerável dificuldade em entrevista coletiva no Hospital Vall d'Hebron, em Barcelona, onde foi operado no final de março. Ele teve alta e foi para casa.
Durante a cirurgia de 24 horas, os médicos transplantaram um rosto inteiro, incluindo queixo, nariz, maçãs do rosto, músculos, dentes e pálpebras, colocando-o como uma máscara no homem. Ele foi descrito como um agricultor que era incapaz de respirar ou comer sozinho após atirar acidentalmente em si mesmo há cinco anosO chefe da equipe cirúrgica, Dr. Joan Pere Barret, disse nesta segunda que o homem precisará de 1 ano a 1 ano e meio de fisioterapia, e espera-se que ele recupere até 90% de suas funções facial.
Oscar é agora capaz de beber líquidos e ingerir alimentos macios, e foi capaz de falar nos últimos dois meses, segundo o hospital. O paciente também recuperou a sensibilidade na maior parte do rosto e, em parte, o movimento dos músculos. Um bom sinal é que, uma semana após a operação, ele teve que fazer a barba por causa do crescimento de pelos.
Mas ele também sofreu rejeição aguda duas vezes - uma vez quatro semanas após a cirurgia e, novamente, entre o segundo e terceiro mês. Em ambas as ocasiões, a nova face foi salva com a medicação, de acordo com o hospital.
Na coletiva, Oscar parecia relaxado quando olhou para jornalistas. Ele ainda não pode fechar completamente os olhos.
Uma jovem mulher identificada como sua irmã, e também não identificada para proteger a privacidade da família, disse que seu irmão deseja levar uma vida normal.
Oscar está ansioso para desfrutar de "pequenas coisas, como caminhar até a rua sem ninguém olhando para ele, ou sentar para uma refeição com a família. Fazer coisas que todos nós fazemos em um dia normal'', disse a mulher.
A equipe francesa anunciou uma operação semelhante no início deste mês, dizendo que um homem de 35 anos com uma desordem genética ganhou um novo rosto, incluindo canais lacrimais e um queixo de onde sai barba.
O primeiro transplante de rosto, embora parcial, foi realizado na França em 2005 e, desde então, cerca de uma dúzia de outras cirurgias foram feitas, incluindo três na Espanha..
domingo, 25 de julho de 2010
Os riscos do salto alto
A última pesquisa a confirmar isso foi divulgada na semana passada. Publicado no “Journal of Experimental Biology” e conduzido por Marco Narici, da Manchester Metropolitan University, na Inglaterra, e Robert Csapo, da Universidade de Viena, na Áustria, o trabalho mostrou que a utilização por período prolongado de salto alto provoca modificações em músculos e tendões. Após analisarem as estruturas ósseas e musculares de 11 mulheres que relataram usar salto de pelo menos cinco centímetros durante dois anos ou mais, cinco dias da semana, os pesquisadores verificaram um encurtamento das fibras dos músculos da panturrilha. “Elas eram 13% menores do que as das mulheres que não usam esse tipo de sapato”, afirmou à ISTOÉ Narici. Além disso, eles observaram que os chamados tendões de Aquiles, que conectam o osso do calcanhar ao músculo da panturrilha, estavam maiores do que o normal.
Essas modificações são resultado da sobrecarga a que a região é submetida por causa do uso constante de salto alto. Antes, outros estudos – e a experiência clínica – haviam apontado consequências do hábito. Entre elas, deformidades nos dedos dos pés (ganham a forma de garras) e nos joelhos, cujo desgaste acaba causando dor. Não é a toa, por exemplo, que uma pesquisa realizada no Instituto para a Pesquisa do Envelhecimento, nos Estados Unidos, constatou que 64% das mulheres que se queixavam de dor nos pés eram usuárias de modelos de salto alto.Para a medicina, saltos com mais de cinco centímetros já são ameaça às estruturas de pernas e pés se usados na maior parte do dia, vários dias por semana. Os especialistas, porém, não pretendem fazer com que as mulheres desistam desses modelos – até porque certamente seria uma tarefa fadada ao fracasso. Por isso, preferem orientar. “Elas ficam bonitas e sentem-se bem calçando esses saltos”, afirmou Narici. “Mas podem tomar algumas precauções, como fazer alongamentos na região no final do dia”, aconselhou o pesquisador inglês. Também é possível ter cuidado na hora da escolha do modelo. “Saltos largos são mais indicados”, diz Antonio Egydio de Carvalho Jr., do Instituto de Ortopedia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
sábado, 24 de julho de 2010
Plano de saúde com franquia
A ideia começa a ser discutida no âmbito do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), mantido por empresas do setor. Mostrando-se viável, será levada ao governo como alternativa aos planos existentes.
Um plano com franquia permitiria baratear as mensalidades, diz o superintendenteexecutivo do IESS, o ex-ministro da Previdência José Cechin.
Nesse sistema, o usuário deposita um certo valor de franquia, que vai sendo abatido a cada consulta ou exame, por exemplo.
E, quando precisa de um serviço que ultrapasse o valor, o plano paga. Por exemplo: uma franquia é de R$ 500; gastam-se R$ 200 numa consulta e R$ 100 num exame; então o usuário precisa de uma internação de R$ 5 mil; o plano banca o que exceder a franquia.
Para não estimular uma indústria de notas frias, poderia haver um mecanismo para transferir o dinheiro da conta do plano para o médico. Se a franquia acumulada ao longo dos anos não é usada, vira uma poupança que um dia será devolvida, em valores corrigidos, ao usuário.
Outra opção em estudo para baratear mensalidades é incluir no plano o médico de família. Conhecendo o histórico do paciente, ele evita a peregrinação por consultórios e os exames desnecessários, gerando economia para as operadoras.
O foco das eventuais mudanças são os planos individuais, que hoje representam 21% do total e têm mais de 9 milhões de beneficiários. Dos contratos totais no setor, quase 80% foram feitos a partir de 1999, regulados pela nova lei. Como tudo que envolve planos de saúde gera polêmica, o IESS quer fomentar o debate público. Depois, uma proposta poderia ser levada à ANS, agência do setor, para dali sair um projeto de lei. Ou a ideia ser encampada pela Fazenda.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Bebê conforto: um perigo em casa
“A criança estava no bebê conforto sobre a mesa da cozinha, quando se inclinou para frente. Sorte que a empregada estava por perto e a pegou no ar, de cabeça para baixo”, conta o pediatra Hamilton Robledo, do Hospital São Camilo, lembrando de um dos casos atendidos neste mês. Dependendo de como o bebê cai, explica o médico, o acidente pode provocar de um inofensivo galo a uma fratura com hemorragia interna.
A pesquisa norte-americana indica que em mais de 60% dos casos o susto com o bebê conforto se dá dentro da própria casa da família. No Brasil, ainda faltam estatísticas específicas sobre este tipo de acidente. “Talvez o quadro seja até maior aqui do que nos EUA, mas não é notificado com tanta especificidade”, observa a coordenadora da ONG Criança Segura, Alessandra Françoia.A Secretaria Municipal de Saúde já planeja um levantamento detalhado sobre os casos de acidentes infantis atendidos nos hospitais da cidade, segundo informações do pediatra Cid Pinheiro, coordenador do pronto-socorro infantil do Hospital São Luiz e professor de emergências em pediatria da Faculdade de Medicina da Santa Casa. Para ele, os acidentes ocorrem porque os pais não percebem quando os filhos já são capazes de fazer movimentos bruscos e acham que o bebê conforto ainda é uma alternativa segura. “Um bebê de 5 meses não se comporta como um de 2. Com o desenvolvimento neurológico, a movimentação fica cada vez mais ativa, aumentando o risco de o bebê conforto tombar”, analisa.
O presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo, Clóvis Constantino, aponta a praticidade como o principal motivo da popularidade do bebê conforto, que também pode ser acoplado ao carrinho e serve como dispositivo de segurança no carro (veja acima). O cuidado maior, diz ele, deve ser justamente com a movimentação do acessório. “À medida que se encaixa e desencaixa, pode haver um comprometimento do sistema de fixação. Além disso, o ato pode se automatizar muito, de modo que os pais se esqueçam de travar a peça”.
Foi em nome da praticidade que a publicitária Vera Bomfim elegeu o acessório como companheiro para sua filha Marina, de 8 meses. “Uso muito para ir ao supermercado, ao restaurante. Há pouco tempo ela até dormia nele durante o dia”, conta. A recomendação de Constantino, contudo, é de que o acessório nunca seja usado solto, fora da base do carro ou do carrinho. A pediatra Renata Waksman, do Hospital Israelita Albert Einstein, concorda: “O melhor é que o bebê conforto do carro permaneça no carro. Não se deve ficar tirando e pondo toda hora”, adverte.
Fabricante do dispositivo, a empresa Burigotto informou que os produtos são vendidos com recomendações de uso, como apoiá-los no chão e usar sempre o cinto de segurança. “Em hipótese alguma o bebê conforto deve ser apoiado sobre mesas, cadeiras ou sofás”, afirma Terezinha Contin, do departamento de marketing da marca.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Apenas 4% dos dependentes químicos soropositivos recebem tratamento
Os pesquisadores, liderados por Daniel Wolfe, diretor do Programa Internacional de Desenvolvimento da Redução dos Riscos do Instituto Open Society de Nova York, estudaram a situação em cinco países do mundo onde a epidemia da contaminação pelo vírus HIV é mais concentrada nos UDVI: China, Malásia, Rússia, Ucrânia e Vietnã.
Nesses países, o acesso aos antirretrovirais (ARV) é particularmente baixo: os UDVI representam 67% dos casos de Aids nesses locais, mas apenas 25% deles recebem os ARV. Menos de 2% dos UDVI têm acesso aos tratamentos de substituição de entorpecentes.
A utilização dos recursos é dificultada pela discriminação e a marginalização daqueles que consomem drogas. Eles sofrem com a interdição ao acesso do tratamento, custos suplementares, exigências particulares pela modificação do tratamento, fornecimento de nomes de pessoas procuradas pela polícia...
Nos países estudados, o fato de estar fichado na polícia como UDVI priva o indivíduo de direitos fundamentais como trabalho ou a guarda de filhos, revelaram os pesquisadores.
Portanto, uma melhora das condições de atendimento a usuários de drogas intravenosas pode reduzir não somente a contaminação, como também a dependência química, segundo o estudo.
Esses trabalhos foram apresentados durante a 18ª Conferência Internacional sobre a Aids em Viena, que tem como um dos temas principais a pandemia na Europa Oriental e a Ásia Central. Essa região do mundo é a única onde a epidemia progride, essencialmente entre os UDVI e os jovens.
terça-feira, 20 de julho de 2010
HU estuda a estimulação cerebral no tratamento da depressão
Um dos objetivos da pesquisa é mostrar que o tratamento de estimulação cerebral funciona tão bem quanto o antidepressivo. "Podemos esperar que, no futuro, a estimulação transcraniana seja oferecida para aquelas pessoas que não toleram os medicamentos por causa dos efeitos colaterais; às que não podem tomá-los, como gestantes; ou ainda àquelas que estejam em depressão muito grave e que possam receber tratamento combinado de estimulação e medicação", afirma o psiquiatra André Russowsky Brunoni, um dos responsáveis pelo projeto.
O procedimento utilizado durante a pesquisa é bastante simples: os pacientes recebem eletrodos, envolvidos em esponjas com soro fisiológico na região frontal da cabeça. A estimulação é indolor e não tem efeitos colaterais, nem de curto nem de longo prazo. "A estimulação dura cerca de 30 minutos e deve ser aplicada por 10 dias úteis", explica.
Atualmente, o tratamento da depressão é feito com o uso de antidepressivos, que podem causar diversos efeitos colaterais, como disfunção erétil, ganho de peso, sonolência, náuseas e vômitos, diarreia ou prisão de ventre, entre outros.
O Transtorno Depressivo Maior é caracterizado pelo estado psíquico com humor deprimido, que prejudica as atividades profissionais e de lazer, levando a incapacidade de trabalhar e de se divertir, tanto por falta de prazer quanto por falta de energia.
"Estudos mostram que cerca da metade dos pacientes abandonam o tratamento em um ano devido aos efeitos colaterais. Além disso, um em cada três pacientes continua deprimido mesmo depois de tomar adequadamente mais de quatro antidepressivos", afirma Brunoni.
"As pessoas deprimidas apresentam alterações no padrão de sono e do apetite (muito ou pouco) e do pensamento (pensamentos pessimistas, de culpa e morte). Pessoas muito deprimidas também podem sofrer de dores crônicas e de distúrbios ansiosos", diz.
"Nossa pesquisa se assemelha a outras já realizadas nos EUA, Itália, Alemanha e mesmo no Brasil. De maneira geral, elas mostraram uma eficácia do tratamento, o que anima novos estudos. Por outro lado, deve-se ressaltar que todos eles foram feitos em pequenos grupos e que as suas conclusões não são necessariamente aplicáveis à nossa população", destaca Brunoni.
Os voluntários serão avaliados para confirmação do diagnóstico de depressão. Informações pelo e-mail pesquisacientificahu@gmail.com ou pelos telefones (11) 3091-9241 (Roberta), das 8 às 16 horas. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o estudo começou em março e será concluído em dezembro de 2011.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
ONU faz alerta sobre situação da aids no Brasil e critica países ricos
Até o fim desta semana, 25 mil cientistas, ativistas e médicos debaterão em Viena formas para lidar com a doença que afeta 33 milhões de pessoas no mundo e já matou 25 milhões desde 1980.
Em seu discurso inaugural na conferência, o diretor executivo da Unaids, Michel Sidibé, alertou que os custos do tratamento no Brasil voltaram a ficar elevados, ameaçando o acesso aos remédios e colocando em risco toda estratégia desenvolvida nos últimos anos. A política brasileira de combate à aids sempre foi apontada pela ONU como um exemplo a ser seguidos pelos países emergentes.
"O tratamento não é sustentável e os custos estão aumentando. Em alguns países, mesmo pessoas que receberam tratamento durante anos agora estão perdendo acesso. Estamos em uma encruzilhada se continuarmos com políticas sem qualquer coordenação", declarou.
Em nota, o departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde do Brasil, afirmou que "o País vem, gradualmente, negociando o preço dos medicamentos com grandes vitórias". Segundo a pasta, o custo caiu consideravelmente e, por isso, o País oferece a melhor opção de tratamento aos pacientes. O ministério diz ainda que o preço de antirretrovirais no mundo é alto e que, por isso, o Brasil investe no licenciamento compulsório, na produção nacional de medicamentos e na negociação de preços.
Recursos. O alerta da ONU ocorre no momento em que a contribuição dos países ricos para a luta contra a doença registra a primeira queda em dez anos. Em 2009, as doações foram reduzidas em mais de US$ 100 milhões, em parte por causa dos cortes gerados pela crise financeira mundial. "A esperança de milhões de pessoas foi marginalizadas quando o G-8 optou por não fazer qualquer referência sobre a doença e seus compromissos financeiros em sua última cúpula", disse Sidibé.
A meta de fornecer remédios gratuitamente para os infectados vem sofrendo atrasos constantes. A garantia de acesso a 5 milhões de portadores do HIV foi alcançada agora, cinco anos após o prazo que a ONU havia estabelecido. Atualmente, 10 milhões de pessoas continuam na fila de espera.
Para o diretor executivo, chegou a hora de criar uma "taxa Robbin Hood", em referência ao personagem conhecido por roubar dos ricos para dar aos pobres. "O setor financeiro poderá contribuir de forma justa."
Outra mudança defendida pela ONU é a questão das patentes. As flexibilidades para a quebra de direitos de propriedade intelectual devem ser usadas, na avaliação da entidade. Apesar de essa possibilidade legal existir, praticamente nenhum país emergente até hoje se utilizou desse direito ? com exceção do Brasil.
Outro assunto abordado foi o desenvolvimento de uma vacina contra a aids, descrita como um sonho, apesar dos avanços obtidos nos últimos anos.
domingo, 18 de julho de 2010
Para modelar os músculos, 'sarados' recorrem ao pole dance
A socióloga e bailarina Vanessa Costa dá aulas de pole dance há quatro anos. Ela explicou que a atividade surgiu na China e teve como primeiros adeptos os homens, mais precisamente, os artistas circenses. Segundo a professora, após anos, o pole dance foi difundido pelas boates e virou fetiche pelo mundo.
No Brasil, as novelas ajudaram a atrair as mulheres às academias especializadas. Antes de encenarem a dança para os companheiros, elas precisam de muito preparo físico e disposição.
Subir e descer do poste pode significar uma perda de até 1600 calorias, além de alguns hematomas pelo corpo.
“As aulas requerem muita disposição porque é uma prática que usa força e técnica. O contato das pernas com o aço cromado podem causar alguns roxos na pele, mas nada que uma base não possa disfarçar”, disse Vanessa.
No Rio de Janeiro há alguns estúdios exclusivos para o pole dance. Em uma academia na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, o público que frequenta as aulas é eclético. De acordo com a professora da unidade, a idade dos alunos varia de 16 a 50 anos.
A entrada dos homens nas aulas de pole dance é recente. E mesmo assim, as aulas são separadas, e contam com no máximo cinco pessoas.
“As pessoas ainda veem o pole dance como uma dança íntima, então adotamos um esquema de aulas com até cinco alunos”, comenta Vanessa.
Praticante das aulas de pole dance há quase um mês, o modelo paulista Adam Piché, de 31 anos, diz que as aulas ajudam no condicionamento físico. Praticante de musculação e maratonas há 12 anos, ele conta que mesmo com o preparo físico de atleta, sentiu dificuldades nas primeiras aulas no poste.
“Percebi que essa aula trabalha muito com os músculos e sinto até algumas dores por conta desse esforço de subir e descer, além das acrobacias que exigem muita disposição. Eu saio das aulas suado como se tivesse corrido quilômetros. Nos dias que faço pole dance nem vou para a academia”, revelou o modelo.
O dançarino de boate Fabrício “Zulu”entrou nas aulas por indicação de uma amiga. Ele conta que o pole dance pode ajudar no seu trabalho e despertar os olhares das mulheres.
“É uma coisa nova e até um diferencial o homem que faz pole dance, então, eu acho que isso pode contribuir no meu trabalho e nas minhas apresentações em casas noturnas”, disse o dançarino.
O técnico em enfermagem Patrick SIlva, de 25 anos, vai mais além. Ele afirma que gostaria de praticar o pole dance como esporte.
“Acho que alguns exercícios que a gente faz na aula podem ser comparadas com ginástica olímpica. Temos que usar até o pó de magnésio para tirar a gordura do mastro e ajudar nos movimentos”, conta o rapaz.
Em 2009, foi criada a Federação de Pole Dance no Brasil, que tem como um dos objetivos reconhecer a prática como um esporte olímpico.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Mel pode ser nova arma contra bactérias resistentes
Os pesquisadores também deram um passo além na busca de novas formas de prevenir e tratar infecções ao descobrir qual é a substância do mel que tem essa ação.
Batizada com o sugestivo nome de defensin-1, trata-se de uma proteína presente no organismo das abelhas, por elas acrescentada ao mel.
"É importante encontrarmos produtos naturais que desativam bactérias. Eles não têm a toxicidade dos medicamentos e podem ser usados em quantidades maiores", diz o infectologista Marcos Boulos, da Faculdade de Medicina da USP.
O uso popular do mel para tratar sintomas como dor de garganta mostra que ele tem alguma eficácia, segundo Boulos. Porém, o mel "in natura" não oferece garantia de controle da infecção.
"Além da questão da qualidade do mel, não sabemos se a substância ativa foi ingerida em concentração suficiente. A vantagem da pesquisa foi isolar a substância, o que pode levar ao desenvolvimento de produtos eficazes para cura e prevenção de infecções", diz o médico.
Segundo o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, o mel é um nutriente de alto valor energético, que pode ajudar o sistema imunológico, mas o uso contra infecções ainda tem que ser muito estudado.
Durval Ribas, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, diz que há alguns estudos mostrando a ação anti-inflamatória e bactericida do mel em infecções de pele. "Mas ainda não podemos confirmar o uso médico", acrescenta.
Para os autores da pesquisa, publicada no jornal da Federação das Sociedades Americanas para Biologia Experimental, o mecanismo de ação foi esclarecido.
Eles afirmam que tanto o mel quanto a substância antibacteriana isolada (a defensin 1) têm alto valor na prevenção e no tratamento de infecções por bactérias resistentes a antibióticos.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Brasileiros estão entre os mais estressados do globo
Esse último nível de estresse, ou "burn out", caracteriza-se por um esgotamento mental intenso, geralmente associado ao trabalho.
Na população economicamente ativa do Brasil, 30% já chegaram a esse estado causado por uma pressão excessiva, segundo dados da Isma - Brasil, associação internacional que pesquisa dados sobre estresse.
Nesse quesito, o Brasil está atrás apenas do Japão, onde 70% das pessoas já perderam o controle sobre o estresse.
As altas taxas desse país são explicadas pela rotina de trabalho e pela cultura: jornada mais longa e maior dificuldade para verbalizar e expressar opiniões e emoções.
"As normas sociais são muito rígidas naquele país. Escândalos profissionais terminam em demissão e até mesmo em suicídio da pessoa envolvida", diz a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da Isma.
ESFORÇO E RECOMPENSA
Por aqui, a dificuldade de contrabalançar as tensões do dia a dia ocorre principalmente por causa da sobrecarga de tarefas e do medo de demissão, fatores de estresse apontados com mais frequência pelos entrevistados.
O favoritismo nos ambientes profissionais, em que se leva em conta mais a relação pessoal do que o mérito do trabalho gera um sentimento de injustiça que contribui para o aparecimento do "burn out", segundo a psicóloga.
"No Brasil, em geral, não existe um equilíbrio entre esforço e recompensa. Você percebe isso quando o trabalhador vai para o exterior e é muito elogiado", diz Rossi.
NA SAÚDE
Entre quem sofre de "burn out", os índices de depressão, sentimento de incapacidade e exaustão são bem mais elevados do que no restante da população.
"Esses dados são assustadores. Vemos muitas pessoas cometendo tantos erros e com tanto descaso no trabalho, que isso pode mesmo ser sintoma de "burn out'", diz a psicóloga Marilda Emmanuel Novaes Lipp, diretora do Centro Psicológico de Controle do Stress e professora da PUC- Campinas.
Ironicamente, o problema atinge profissionais altamente motivados, idealistas e que se dedicam excessivamente ao trabalho. Sentimentos de decepção podem desencadear o estresse exagerado.
"Reconheça o que é importante e não se imponha uma carga de trabalho acima do necessário", aconselha Lipp.
1/3 TEM SAÚDE AFETADA PELO PROBLEMA
Um levantamento realizado em locais públicos de todo o Brasil mostrou que 35% dos avaliados apresentavam níveis de estresse que já traziam algum comprometimento à saúde. A pesquisa foi feita em 2009 pelo Centro Psicológico de Controle do Stress e avaliou aleatoriamente cerca de 3.000 pessoas
Brasil é antepenúltimo em ranking de qualidade da morte
Entre os 40 países analisados na pesquisa, o Brasil ficou na 38ª posição. Os outros países que formam os Bric, Índia (40ª), China (37ª) e Rússia (35ª), também ficaram atrás no ranking.
A Grã-Bretanha ficou em primeiro lugar, seguida de Austrália e Nova Zelândia. Segundo o documento, A Grã-Bretanha "é líder global em termos de rede hospitalar e provisão de cuidados a pessoas no fim da vida".
Outros países desenvolvidos, no entanto, tiveram desempenhos ruins no ranking, como Dinamarca (22ª), Itália (24ª) e Finlândia (28ª).
"Muita gente, mesmo em países que tem sistemas de saúde excelentes, sofrem com mortes de baixa qualidade, mesmo quando a morte vem naturalmente", disse a pesquisa.
Em muitos casos, segundo a Economist Intelligence Unit, isso ocorre porque a qualidade e a disponibilidade do tratamento paliativo antes da morte são baixas, e há deficiências na coordenação entre diferentes órgãos e departamentos para políticas sobre como lidar com a morte.
A pesquisa analisou indicadores quantitativos - como taxas de expectativa de vida e de porcentagem do PIB gasta em saúde - e qualitativos - baseados na avaliação individual de cada país em quesitos como conscientização pública sobre serviços e tratamentos disponíveis a pessoas no fim de suas vidas e disponibilidade de remédios e de paliativos.
De acordo com a Aliança Mundial de Cuidado Paliativo, mais de 100 milhões de pacientes e familiares precisam de acesso a tratamentos paliativos anualmente, mas apenas 8% os recebem.
Soluções
A pesquisa, encomendada pela Fundação Lien, uma organização não-governamental de Cingapura, aponta sugestões práticas que podem melhorar a qualidade da morte, como melhorar a disponibilização de medicamentos analgésicos.
"O controle da dor é o ponto de partida de todo o tratamento paliativo e a disponibilidade de opiáceos (morfina e equivalentes) é fundamental para o cuidado no fim da vida", diz o relatório.
"Mas, no mundo, estima-se que cinco bilhões de pessoas não tenham acesso a opiáceos, principalmente por causa de preocupações sobre uso ilícito de drogas e tráfico."
A organização disse também que combater as percepções sobre a morte e os tabus culturais é crucial para melhorar o cuidado paliativo.
"Em sociedades ocidentais, procedimentos curativos são frequentemente priorizados em detrimento do cuidado paliativo. Nos Estados Unidos, discussões sobre os cuidados no fim da vida muitas vezes inflamam o sentimento religioso que considera a manutenção da vida como um objetivo supremo. A questão é complicada ainda mais pela percepção de que 'cuidado hospitalar' acaba sendo associado a 'desistir de viver'".
Segundo a pesquisa, no entanto, um aumento na disponibilidade de tratamento paliativo - principalmente realizado em casa ou pela comunidade - reduz gastos em saúde associados a internação em hospitais e tratamentos de emergência
terça-feira, 13 de julho de 2010
Hospitais filantrópicos no Ceará enfrentam dificuldades
segunda-feira, 12 de julho de 2010
SER II tem ´riqueza´ e altas taxas de mortalidade infantil-Fortaleza Ce
domingo, 11 de julho de 2010
Brasileiros sequenciam DNA humano completo
Na realidade, os cientistas sequenciaram dois genomas completos: o de uma célula tumoral e o de um linfócito sadio - célula de defesa do sangue. Ambos vieram da mesma pessoa, uma mulher indiana de 61 anos com câncer de mama. O objetivo foi identificar diferenças no DNA que ajudem a entender a doença .
O Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, em São Paulo, coordenou o estudo. As amostras vieram de um banco de células em Nova York. O Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), sequenciou os dois tipos de células e gerou dados que permitiram a identificação de mutações pontuais.
Uma filial do Ludwig em San Diego, na Califórnia, também realizou o sequenciamento completo, mas produziu informações para o estudo de rearranjos nos cromossomos.
As sequências geradas nos dois centros foram enviadas para a unidade paulistana do Ludwig, que realizou uma análise minuciosa. Os resultados serão publicados em uma revista científica internacional.
"Um dos motivos pelos quais escolhemos o câncer de mama é sua prevalência entre as mulheres brasileiras", explica Anamaria Camargo, coordenadora do estudo, que recebeu cerca de R$ 2 milhões em financiamento dos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O Ludwig aportou quantia semelhante.
Relações. "Esta é uma pesquisa de fronteira. Semelhante à realizada pelos principais grupos que estudam genômica do câncer no mundo", afirma o inglês Andrew Simpson, diretor científico do Instituto Ludwig mundial.
Até agora, só foram publicados nove artigos sobre o genoma do câncer. Todos a partir de dezembro. O estudo brasileiro será o décimo e o primeiro a comparar o DNA completo de um tumor com o de uma célula sadia.
O comentário de Simpson recorda a repercussão internacional do sequenciamento da Xylella, quando o País apareceu na vanguarda da pesquisa biotecnológica mundial.
"Samba, futebol e... genômica. A lista de coisas pelas quais o Brasil é renomado se tornou, de repente, mais longa", afirmava um artigo publicado há dez anos na revista britânica The Economist. O editorial da revista Nature de 13 de julho de 2000 apontava que o sequenciamento da Xylella "confirmava a determinação brasileira de ingressar na era pós-genômica ombro a ombro com cientistas dos países ricos".
E as semelhanças nos elogios dirigidos aos dois projetos - Xylella e câncer - não são mera coincidência. Simpson coordenou o Projeto Xylella no Brasil. "Teve um impacto imenso na minha carreira", afirma. Anamaria ainda tem sobre a mesa uma placa comemorativa do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) pela ajuda que prestou no sequenciamento da bactéria.
Interessados na genômica do câncer, Simpson e Anamaria ingressaram em um projeto que sequenciou o DNA de uma praga dos laranjais. Como a maioria dos 35 grupos que participaram do projeto, não queriam estudar uma bactéria, mas aprender a revelar as letras químicas que constituem o código genético - idênticas para todos os seres vivos.
"O Projeto Xylella atingiu plenamente seu objetivo principal: formar pesquisadores capazes de utilizar as ferramentas de sequenciamento", afirma Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), entidade responsável pelo projeto, lançado em 14 de outubro de 1997, que exigiu investimento de US$ 15 milhões. Cerca de 200 pesquisadores participaram da iniciativa.
O sequenciamento completo do genoma humano para estudo do câncer é um dos frutos - provavelmente o mais recente - de uma das iniciativas mais fecundas da ciência brasileira. "O Projeto Xylella foi o pontapé inicial de tudo o que foi feito com genoma no Brasil desde então", aponta Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, pesquisadora do Laboratório de Bioinformática do LNCC e coordenadora da Rede Nacional de Sequenciamento de DNA.
Com o Projeto Xylella, a Fapesp criou uma rede que serviu para sequenciar outros organismos, como a bactéria Xanthomonas (responsável pelo cancro cítrico), parte do genoma da cana-de-açúcar e células de alguns tipos de tumores. A rede recebeu o nome de Onsa, abreviatura em inglês para Organização para Sequenciamento e Análise de Nucleotídeos, uma brincadeira com o TIGR (Instituto para Pesquisa Genômica, cuja pronúncia é "tigre" em inglês), iniciativa criada pelo pesquisador e empresário americano Craig Venter.
A Onsa já foi dissolvida, mas, em 2000, surgiu a rede nacional que, em boa medida, utiliza uma estrutura semelhante, com pesquisadores espalhados por laboratórios em universidades de vários Estados do País. Atualmente, há dezenas de projetos para sequenciar organismos tão diferentes quanto o mosquito transmissor da malária e bactérias que fixam nitrogênio no solo.
Dietas limitam ingestão de vitaminas
O foco das dietas mais populares é a quantidade de comida a ser ingerida e as proporções de proteínas, gorduras e carboidratos. Vitaminas e minerais acabam ficando em segundo plano.
Comparando quatro tipos de dieta, pesquisadores da Universidade Stanford, na Califórnia, encontraram diferenças significativas no consumo desses nutrientes.
"Escolher entre fontes alimentares ricas em gorduras e carboidratos significa mais do que mudar os níveis de gordura e carboidratos", diz o líder da pesquisa, Christopher Gardner.
As vitaminas e os minerais vão junto nessas escolhas. Como resultado, deficiências podem aparecer, aumentando o risco de problemas sérios de saúde, como osteoporose e danos neurológicos.
No estudo, Gardner e outros pesquisadores analisaram dados de 300 mulheres com sobrepeso ou obesidade, que foram aleatoriamente escolhidas para seguir um dos quatro tipos de dieta populares nos EUA: Atkins (dieta da proteína), Zone (rica em ômega-3 e alimentos antioxidantes), Learn (rica em carboidratos e pobre em gorduras) e Ornish (pobre em gorduras e rica em vegetais).
As mulheres responderam a perguntas logo no início da pesquisa e depois de dois meses. Foi pedido a elas que lembrassem o que tinham comido nas últimas 24 horas. Com as respostas, foi feita uma média para se ter uma ideia da dieta dessas mulheres, segundo os autores escreveram no "American Journal of Clinical Nutrition".
Depois de dois meses, todas as participantes tinham reduzido a ingestão de calorias diárias para 1.500, a partir de uma média de 2.000 no início do estudo. Para cada 500 gramas de emagrecimento, é preciso comer 3.500 calorias a menos.
Como esperado, a equipe de pesquisadores encontrou diferenças entre o que cada um dos grupos de mulheres comiam, de acordo com a dieta escolhida. Quem estava na Atkins, por exemplo, comia a menor proporção de carboidratos (17% das calorias diárias) e a maior proporção de gorduras e proteínas (28%).
As diferenças também foram encontradas na ingestão de 12 dos 17 minerais e vitaminas medidos na dieta das participantes. Algumas mulheres estavam sob risco de ingerir níveis inadequados dos nutrientes, de acordo com as recomendações americanas. A vitamina E foi o maior problema em todos os grupo: mais de 65% das mulheres não estavam consumindo quantidades suficientes.
Com a redução da quantidade de comida, não foi surpresa a falta de vitaminas e minerais. Mas para mulheres na dieta Zone, aconteceu o contrário. O risco de faltarem as vitaminas A, E, K e C foi bastante reduzido, e não houve problemas com outros nutrientes.
Os pesquisadores sugerem que isso aponta para uma vantagem de dietas que encorajam reduções só moderadas do consumo de carboidratos. Na Zone, 40% das calorias consumidas por dia vêm de carboidratos.
"Essa dieta não recomenda simplesmente que a pessoa corte todos carboidratos, e sim açúcar e grãos refinados", diz Gardner. "Pode-se manter as folhas, os grãos e os legumes. O que sai são os refrigerantes, doces e alimentos industrializados."
Uma maneira de compensar as falhas de qualquer dieta é tomar suplementos de vitaminas e minerais, afirma o médico. Mas a pesquisa descobriu que, das quatro dietas, só a Atkins fez essa recomendação. E só três mulheres do grupo que fez a dieta seguiu tomou suplementos.
"Nosso corpo funciona melhor quando não há deficiências de vitaminas e mineiras, e comida saudável é a melhor fonte desses nutrientes", diz Michael Dansinger, da Escola de Medicina da Universidade Tufts, em Boston, consultor do reality show americano "The Biggets Loser".
"Acho que todas as dietas pesquisadas no estudo de Stanford são saudáveis, porque reduzem risco de obesidade, diabetes e riscos de doenças cardíacas, que são os maiores perigos à saúde na nossa sociedade", diz Dansinger. "Mas a dieta Zone e outras parecidas são melhores quanto a vitaminas e minerais."
sábado, 10 de julho de 2010
Preconceito ou precaução?-doadores de sangue.
A regra chocou o estilista Flávio Franzosi, 23 anos. Há dois meses, ele atendeu ao apelo de uma amiga e foi doar sangue. Na entrevista de triagem, foi questionado se mantinha relações com pessoas do mesmo sexo. Diante da resposta positiva, a entrevistadora avisou que ele não poderia ser voluntário. “Na hora é um choque, você nem consegue argumentar. Perguntei se o sangue não era examinado, e ela disse que eu estava num grupo de risco e era excluído por isso”, afirma Franzosi. Segundo o estilista, a abordagem foi delicada. “Minha indignação é essa: hoje não se fala mais em grupo de risco, mas sim em comportamento de risco. E eu sei que estou fora do comportamento de risco.” Vale lembrar que comportamento de risco é fazer sexo sem preservativo, ser usuário de drogas injetáveis ou ter feito tatuagem.
Nos programas do governo de prevenção da Aids, o conceito mais usado é o de comportamento de risco. “Já no departamento de homoderivados, o Ministério da Saúde trata os gays como um grupo de risco. É um retrocesso”, afirma Irina Bacci, secretária-geral da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGL). Embora esse ponto da portaria não deva mudar, mesmo com a consulta pública, Irina defende que a população se manifeste sobre a questão. “O documento deixa bem claro que são homens que fazem sexo com outros homens. Isso associa o HIV novamente ao homossexual.”A questão é muito polêmica, porque a segurança dos bancos de sangue deve ser a maior possível. “Alguém doente e vulnerável precisa estar garantido ao máximo com relação à qualidade do sangue que irá receber”, afirma Max Igor Lopes, infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Com preservativo, uma relação homossexual masculina não aumenta o risco de transmissão de HIV. Mas você assume que pode ter havido falhas, principalmente quando há vários parceiros.” Ainda assim, Lopes acredita que o prazo de 12 meses seja conservador. “Um ano é exagerado. Poderia ser de seis meses ou três meses.” A janela imunológica é de dez a 14 dias. “Em três meses, você conseguiria identificar o HIV em 100% das pessoas.”
Outra possibilidade são os testes moleculares, que detectam o vírus HIV, e não seus anticorpos. Para reduzir custos, uma vez que esses testes são muito caros, são aplicadas amostras conjuntas, de um grupo de doadores. E, se o vírus é detectado, os doadores passam por mais testes individualmente. “É mais seguro do que o método tradicional, só de sorologia. Embora não seja obrigatório por lei, muitos hospitais já estão usando esse método, voluntariamente”, diz Lopes.
O Brasil não é o único país que impõe regras restritivas aos homossexuais. Nos Estados Unidos, por exemplo, eles também não podem doar sangue. “São decisões antiquadas, tomadas ainda na década de 1980, quando milhares de pessoas foram infectadas após transfusão porque não havia teste para o HIV, desenvolvido em 1985”, afirma Rodrigo Pinheiro, presidente do Fórum de ONG-Aids do Estado de São Paulo. “Há tecnologias que derrubam a manutenção da restrição, que tem sido justificada pelo risco de poderem entrar nos bancos de sangue amostras que tenham apresentado resultados falsos negativos.”
Alheios aos impedimentos técnicos, os hemocentros do País precisam aumentar seus estoques. Em épocas festivas, como a Copa do Mundo, há uma queda ainda mais acentuada – entre 30% e 40%. A consulta pública está disponível no site do Ministério da Saúde, no link Escolha da Consulta para contribuir com o documento Portaria do Regulamento Técnico de Procedimentos Hemoterápicos.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Tudo o que você sempre quis saber sobre tratamentos com células-tronco
Células-tronco estão na mídia o tempo todo, mas a informação que chega até o paciente é pulverizada. Foi com a intenção de centralizar essas informações e facilitar a transmissão dos dados sobre tratamentos disponíveis a pacientes e profissionais de saúde que a Sociedade Internacional de Pesquisa com Células-Tronco (ISSCR, na sigla em inglês) lançou recentemente um portal de acesso para a comunicação dos avanços em células-tronco na área clínica (http://www.closerlookatstemcells.org/AM/Template.cfm?Section=Home).
O ISSCR é uma sociedade internacional sem fins lucrativos cujo objetivo é a divulgação dos avanços na área de células-tronco. Participo da sociedade desde sua criação, em 2002, e sempre admirei a forma como é liderada, com uma mistura balanceada de cientistas, pacientes e clínicos. O lançamento desse portal ressalta a preocupação da ISSCR com a transmissão da informação ao público, de forma transparente e sem preconceito.
O portal é bem organizado, de fácil navegação e com linguagem leiga, acessível. A grande desvantagem para o público brasileiro é que a página não tem tradução para o português. Por outro lado, as vantagens são muitas. Além de listar diversas informações úteis e vídeos de cientistas discutindo terapias, oferecidos através de um sistema de busca simples, o portal é interativo e permite a avaliação independente de clínicas em qualquer lugar do globo que ofereçam tratamentos com células-tronco.
O paciente que considera um tratamento é auxiliado na avaliação do método e da clínica que o oferece. Uma série de questões são sugeridas para o paciente perguntar ao médico sobre o procedimento. Talvez mais importante seja a ferramenta que permite recomendar uma clínica para uma revisão científica e médica rigorosa feita pela ISSCR. O órgão vai avaliar a base cientifica, o procedimento clínico, as condições, os profissionais e a eficácia do tratamento, confirmando ou não se existe fraude envolvida.
O protocolo de avaliação levará alguns meses e será padrão. O comitê é formado por membros internacionais, evitando qualquer tipo de preconceito contra o tratamento oferecido. A ISSCR preferiu seguir esse procedimento ao invés de apenas listar as clínicas que considera de baixa qualidade, o que poderia ser algo certamente tendencioso. O racional da avaliação e o protocolo a ser utilizado foi publicado recentemente por um grupo multidisciplinar (Taylor e colegas, Cell Stem Cell 2010). A ideia é evitar que as clínicas se aproveitem do desespero do paciente, cobrando por um tratamento não provado ou ainda experimental. Todos os resultados serão publicados online. Acredito que, com o tempo, as próprias clínicas (pelo menos as mais sérias) vão fazer questão de ser validadas pela ISSCR, ganhando um selo de confiança e atraindo mais clientes.
Achei a idéia da avaliação internacional fantástica, pois permite que clínicas fora dos EUA ou Europa, que não sofrem com a lentidão dos padrões altamente rigorosos dos órgãos de saúde (o FDA americano e EMA europeu), de conseguir atrair atenção mundial com tratamentos efetivos, mas que sofriam preconceitos. Isso deve fortalecer a imagem da pesquisa clínica desses países, levando a publicações em revistas de alto impacto, por exemplo. A meu ver, ótima oportunidade para o Brasil.
Outra parte sensacional desse portal é dedicada ao processo de geração do conhecimento científico que leva a um protocolo clínico. Nessa seção, intitulada de “How science becomes medicine”, está descrito em detalhes e com linguagem clara quais são os passos que a ciência tem que seguir para descobrir e confirmar a eficácia de um tratamento.
As células-tronco exercem hoje um papel único na história da medicina. Pacientes desesperados pela cura, depositam todas as esperanças em tratamentos derivados das pesquisas com células-tronco. A dura realidade é que, salvo algumas doenças sanguíneas, as células-tronco não “curaram” nada até agora. O sonho da cura não pode ameaçar a qualidade da ciência. As direções a seguir no futuro só devem ser decididas pelos resultados gerados nos laboratórios e não por sonhos. A ciência é a única atividade humana que poderá transformar esperanças em realidade.
Novo passo rumo à vacina anti-HIV
O resultado do teste, realizado em células humanas cultivadas em laboratório, é promissor para o desenvolvimento de uma vacina preventiva e para a melhoria das terapias já existentes.
A descoberta foi relatada na edição de ontem da revista especializada Science.
O estudo foi conduzido pelo Centro de Pesquisas de Vacinas do Instituto Nacional de Doenças Alérgicas e Infecciosas dos Estados Unidos. Ao manipular as células em contato com o HIV, os cientistas descobriram no sangue infectado dois anticorpos produzidos naturalmente pelo corpo, chamados VRC01 e VRC02. A responsável por encontrar essas estruturas foi uma molécula artificial desenvolvida pelos cientistas, que se aloja nas células que produzem anticorpos contra o HIV. Essa molécula é uma proteína do HIV que foi modificada de forma a reagir apenas com os anticorpos específicos do local onde o vírus ataca e infecta a célula.
De acordo com os cientistas, o VCR01 e o VCR02 neutralizam mais e com maior potência as variantes do HIV, comparados com os anticorpos já conhecidos.
Eles também conseguiram determinar a estrutura atômica do VCR01 no momento em que ele se junta ao HIV para bloquear a ação do vírus. Com isso, foi possível iniciar a idealização, ainda embrionária, dos componentes necessários para uma vacina que ensinaria ao sistema imunológico a produzir anticorpos semelhantes ao VCR01, de modo a prevenir a infecção pela grande maioria das variantes do vírus que circulam pelo mundo.
Até agora, encontrar anticorpos que neutralizem as variantes do HIV em qualquer parte do globo tem sido um desafio para a ciência porque o vírus produz mutações constantes em sua superfície, evitando que o sistema imunológico o reconheça. Como consequência dessas mudanças estruturais, existem incontáveis variações do HIV em todo o mundo. Ainda assim, os cientistas conseguiram identificar pequenas áreas da proteína que não sofrem mutações, e que são presentes em todas as variantes conhecidas. Nessas áreas, localizadas na superfície do vírus, o HIV ataca as células do sistema imunológico e as infectam.
Porém, os anticorpos VRC01 e VCR02 conseguiram bloquear a infecção, atando-se ao vírus antes que ele pudesse alcançar as células.
Imunização Com a descoberta, a equipe conseguiu determinar a estrutura molecular do VRC01 no momento em que ele se junta à proteína do HIV. A análise permitiu saber quais os passos necessários para criar uma vacina feita com esses anticorpos. “Essa descoberta nos mostra que o sistema imunológico humano pode gerar potentes anticorpos contra o HIV, e nos dá pistas para o desenho de uma vacina preventiva.
Eles também têm potencial de serem combinados com as atuais drogas antirretrovirais que tratam quem já está infectado”, disse ao Correio John R. Mascola, diretor adjunto do Centro de Pesquisas de Vacinas.
De acordo com ele, a equipe já está trabalhando no desenvolvimento da imunização. “Estamos atualmente construindo a vacina, com base no que aprendemos desses anticorpos.
Essas vacinas em potencial ainda estão no estágio inicial dos testes de laboratório e poderão estar prontas para testes em humanos nos próximos anos”, afirmou.
Para o diretor do Instituto Nacional de Doenças Alérgicas e Infecciosas dos Estados Unidos, Anthony S. Fauci, o estudo representa um avanço muito grande no combate à Aids. “A descoberta desses excepcionais anticorpos neutralizadores do HIV e a análise estrutural que explicam como eles trabalham são avanços animadores que vão acelerar nossos esforços para encontrar uma vacina preventiva”, disse, por meio da assessoria de imprensa do órgão.
“Além disso, a técnica que a equipe usou para descobrir esses anticorpos representa uma nova estratégia que pode ser aplicada para a confecção de vacinas que combatam muitas outras doenças infecciosas”, adicionou.