terça-feira, 31 de agosto de 2010

Brasil tem 3º maior banco de medula do mundo, mas precisa de doadores

O Brasil tem um dos maiores bancos de doadores de medula óssea do mundo. Só perde para Estados Unidos e Alemanha. Mesmo assim, precisa de muito mais gente disposta a fazer doações. O publicitário Gabriel Gonçalves doa sangue há muito tempo. Mas o que ele está fazendo hoje é diferente. Uma pequena quantidade do sangue será analisada, arquivada e quando houver necessidade vai mostrar que ele é a pessoa certa para doar medula óssea para alguém compatível.
"Quero ajudar o próximo. Já sou doador de sangue. Vou fazer o cadastro agora e ver se posso ajudar ainda mais", diz o publicitário.
Foi o que aconteceu com Mirna Ayumi, que sofria de leucemia. "Eu estava bem fraca. Não podia ir na escola, nem sair, porque a imunidade é baixa.Era bem difícil", conta Mirna.
Há quatro anos ela fez um transplante de medula óssea e está curada. A medula fica dentro dos ossos. É como uma fábrica de células que vão formar o sangue. A retirada pode ser feita de duas maneiras. A primeira é usar uma agulha e seringa, fazendo punções na região da bacia.
"É um procedimento rápido. A pessoa doa medula e depois de 24 horas tem alta", diz Carmem Vergueiro, da Associação de Medula Óssea de São Paulo.Outra forma de fazer a doação é o doador tomar medicamentos por cinco dias para separar as células específicas que vão cair na corrente sanguinea. O doador vai para uma máquina por cerca de 4 horas. O sangue é retirado e filtrado, num processo semelhante à hemodiálise.
Em apenas 5 anos o Brasil se tornou o terceiro país com maior número de doadores de medula óssea, abaixo somente dos Estados Unidos e da Alemanha. Hoje o cadastro de doadores soma 1,750 milhão de pessoas.
O crescimento do número de doadores tem ajudado a salvar a vida de muitos brasileiros. Mas uma das características do nosso povo faz com que a necessidade de doadores seja ainda maior. É a nossa mistura de etnias.
"Nós temos uma composição étnica muito grande. Isso significa que a nossa capacidade de encontrar doador nos sistemas internacionais é menor. Precisamos de um banco nosso para facilitar o acesso de nossos pacientes", diz Luiz Antônio Santini, diretor-geral do Inca.
Pacientes prontos para serem operados estão hoje na fila de espera por um doador compatível. Em alguns estados, pelas características étnicas raras da população, a dificuldade de encontrar doadores é maior. A média brasileira é de um caso de compatibilidade para cada 100 mil doadores. Quando um doador não é encontrado no Brasil a busca vai para o exterior e a compatibilidade cai muito: um caso para cada um milhão de doadores.
"Aquele paciente vai depender da sua doação. É a chance de cura dele. É muito importante que o doador compreenda que isso não pode ser passado para outro. Só ele pode ajudar", explica o advogado Fabiano Nakamoto.
Fabiano fez isso com Mirna e fala sobre a emoção que sentiu:
"Fico muito contente em saber que ela está viva e tem a vida inteira pela frente", diz Fabiano.
Mirna também se emociona:
"Conhecer a pessoa que doou a medula para mim, que salvou minha vida. Considero ele como um irmão. Não sei nem o que falar. Só agradecer.

Pesquisa questiona função da margarina de proteger coração

Os cremes vegetais que prometem auxiliar nos cuidados com o coração não servem para todo mundo.
Estudo publicado no "New England Medical Journal" mostrou que a suplementação com baixos teores de ômega 3, presente nesses produtos, não evita novos infartos em cardíacos.
Por 40 meses, pesquisadores holandeses deram quatro tipos de margarina para 4.837 pessoas, a maioria homens de 60 e 80 anos.
Três produtos tinham ácidos graxos como ômega 3, derivado de peixe, ou de origem vegetal. O quarto era placebo. Cada um consumiu 18,8 gramas por dia.
Nenhuma margarina reduziu o número de infartos.
O diretor do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcus Vinícius Malachias, afirma que essas margarinas não são para todo mundo.
Malachias ressalva que todos os participantes do estudo tomavam remédios para baixar o colesterol e contra hipertensão. "São pacientes muito medicados, idosos e de alto risco", diz. Ele afirma que uma pesquisa com gente mais jovem poderia medir a eficácia como prevenção.
Para o cardiologista, é melhor que cada pessoa consulte o médico sobre o uso desses produtos. "É preciso conter o afã das pessoas, que podem estar gastando muito dinheiro com algo que não vai beneficiá-las."
O médico ressalva que há evidências sobre os efeitos do ômega 3, e que esse suplemento pode ser usado com o remédio anticolesterol, para reduzir triglicérides e aumentar o colesterol "bom".
De acordo com o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, o resultado da pesquisa não significa que o uso de margarina deva ser descartado. Porém, sozinho, o alimento não faz milagre.
"O consumo de fitoesterol pode reduzir cerca de 8% do colesterol total", diz, referindo-se a outro tipo de substância vegetal usada em margarinas à venda no Brasil.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Remédio para doenças reumáticas pode ser eficaz contra diabetes tipo 2

Um remédio utilizado para o tratamento de doenças reumáticas pode ter efeito benéfico na diminuição da resistência do corpo à insulina, sintoma que pode desencadear diabates tipo 2. O remédio não apresentou efeitos colaterais notavéis durante, pelo menos, um ano.
Conhecido como diacereína, o fármaco é utilizado normalmente no tratamento de doenças reumáticas, porém Natália Tobar, pós-graduanda na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), conseguiu empregá-lo em ratos para reduzir a resistência do organismo das cobaias à insulina. A substância é responsável por transferir a glicose para dentro das células.InflamaçãoA droga, de origem vegetal, tem efeito anti-inflamatório. Dietas ricas em gorduras saturadas como carne de porco e leite acarretam inflamações subclínicas, mecanismos que pioram a absorção de insulina e aceleram a aterosclerose, doença caracterizada por placas chamadas ateromas nos vasos sanguíneos.
"Com a inflamação, o organismo tenta acompanhar a demanda maior por insulina, mas uma hora o pâncreas não aguenta", explica Mário José Abdalla Saad, orientador da tese de mestrado da médica e livre-docente em clínica médica na Unicamp.
SoluçãoDisponível desde a década de 1990 no Brasil, a diacereína poderia ser uma opção barata e eficaz para uma pandemia que afeta, pelo menos, 5% da população mundial. "No Brasil, o medicamento não pode ser caro pois irá beneficiar apenas a parcela pequena da população", afirma o médico. " A ideia é desenvolver uma pesquisa com efeito científico e social."
O especialista apresentou a pesquisa inicial com a droga, realizada em ratos, na 25ª Reunião Anual da Federação das Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), realizada entre 25 e 28 de agosto em Águas de Lindóia (SP).
Caso um medicamento seja desenvolvido a partir dos estudos clínicos, seria um complemento ao uso de metformina, principal droga de combate ao diabetes tipo 2. "Doenças crônicas complexas como hipertensão e diabetes precisam de uma associação de substâncias para serem enfrentadas", diz Mário Saad.
Do laboratório às prateleirasMuito antes de chegar às farmácias, a equipe de Mário Saad e Natália Tobar precisa passar por mais etapas.
"É uma pesquisa experimental, testada em animais, uma tese de mestrado que será defendida em setembro, o estudo ainda não está publicado", diz o especialista em clínica médica. "Queremos pacientes obesos e diabéticos com esse remédio na Unicamp e já levamos o estudo para aprovação de um comitê de ética da universidade."Os testes em humanos, em uma fase chamada prova de conceito, deverão acontecer entre o final de 2010 e o começo do próximo ano, caso receba aval da Faculdade de Ciências Médicas da instituição de ensino estadual em Campinas (SP).
"Serve para reproduzir em humanos o padrão observado em animais", explica Mário. "Vinte pessoas, dez com placebo e dez recebendo a droga, são suficientes para a verificação."
Pode ser um caminho para o Ministério da Saúde financiar estudo posterior, com número maior de pacientes com diabetes tipo 2. "Isso é do interesse do sistema de saúde, são casos de uma droga existente, que pode ser barata para venda no mercado farmacêutico", afirma o especialista.
Aspirina-O efeito da inflamação de vias de insulina no corpo humano começou a ser combatida, há 20 anos, com estudos usando o ácido acetilsalicílico, outro nome para a aspirina.
O medicamento, comum no tratamento de dores de cabeça, também melhora a sensibilidade à insulina, porém somente com altas doses que levam a efeitos colaterais como zumbidos no ouvido e sangramentos gastrointestinais.
"A aspirina foi uma ferramenta usada para provar um conceito: se você bloquear a via inflamatória, bloqueia o diabetes", afirma Mário Saad.
Dieta, exercícios e terapiaPara o médico, a melhor receita para impedir o desenvolvimento de diabetes tipo 2 continua a ser uma combinação de dieta balanceada e rotina de exercícios. "Nós [médicos] sabemos que é difícil, o remédio serviria para aqueles que não conseguem dar conta de comer bem e se movimentar, para evitar esse risco de diabetes", diz o médico.
Encarada a princípio como um medicamento terapêutico, a diacereína também pode representar uma forma de prevenção à doença. A crescente população com glicemia entre 100 e 125, faixa considerada como propensa ao desenvolvimento de diabetes tipo 2, seria um dos principais alvos do emprego da droga.

Só 32% das mães usam cadeirinha-Segurança no carro

São Paulo - As regras para o transporte de crianças que entram em vigor nesta semana vão precisar reverter um comportamento já enraizado na sociedade brasileira. Apenas 32% das mães transportam seus filhos de até 10 anos e com o dispositivo adequado – cadeirinha, bebê-conforto ou booster – segundo pesquisa da ONG Criança Segura. E esse grau de descumprimento é registrado em todas as camadas da população, não importando o nível de renda.
A pesquisa foi feita com mães de capitais de cinco estados do país. O recorte socioeconômico mostra números idênticos de cumprimento da regra: tanto na classe AB quando na CD, o índice de mães que transportam as crianças adequadamente esteve no patamar de um terço. “Isso mostra que se trata de uma questão cultural, enraizada na sociedade brasileira, e o nível social não interfere no resultado”, diz a coordenadora nacional da Criança Segura, Alessandra Françoia.
Apesar de a nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determinar a obrigatoriedade dos equipamentos em relação à idade, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) já exigia o transporte seguro de crianças.
A baixa adesão às cadeirinhas reflete a visão das mães sobre o perigo no trânsito. Perguntadas espontaneamente sobre quais seriam os riscos que as crianças podem estar expostas no dia a dia, só 8% apontaram “acidente de trânsito no automóvel, ônibus, bicicleta”. O índice sobe para 19% quando são apresentadas as opções. “O envolvimento com drogas ainda é a maior preocupação”, conta Alessandra.
A boa notícia é que as mães que usam o equipamento o fazem por terem consciência de sua importância. Do total entrevistado, 92% afirmaram transportar crianças em cadeirinhas para evitar acidentes, 17% por ser obrigatório e 9% para proporcionar mais conforto (mais de uma resposta era aceita).
Obrigação
Começa na quarta-feira, dia 1.º de setembro, a fiscalização do uso das cadeirinhas e outros dispositivos de segurança. A resolução 277 do Contran previa que as multas inicialmente seriam aplicadas a partir de junho, mas o órgão resolveu prorrogar por três meses o prazo, principalmente porque os equipamentos estavam em falta nas lojas.
Crianças deverão ser levadas no banco traseiro, com a uso de dispositivo adequado para cada faixa etária. Para pequenos com até 1 ano, o equipamento é o bebê-conforto; de 1 a 4 anos, é a cadeirinha. De 4 a 7 anos e meio é o assento de elevação, conhecido como booster. Até 10 anos, a criança deve estar no banco traseiro e com cinto de segurança. O descumprimento da norma é infração gravíssima, com multa de R$ 191,54 e sete pontos na carteira.

domingo, 29 de agosto de 2010

Polêmica sobre porte de armas longe do fim-Estatuto do Desarmamento

Depois de quase sete anos após sua aprovação, o Estatuto do Desarmamento ainda provoca polêmicas e está longe de ser um tema de consenso no país. Apenas na Câmara dos Deputados tramitam 58 propostas de alteração do texto. Quase a metade prevê aumento das categorias que poderiam ser autorizadas a andar armadas. Quem é contra o desarmamento quer que esse direito seja estendido a todos os cidadãos. Já os defensores lutam para que as propostas não sejam rejeitadas.
Entre as categorias que podem vir a ter direito ao porte de arma estão advogados, educadores sociais, taxistas, guardas- parque, guardas municipais de cidades com até 50 mil habitantes, agentes de segurança socioeducativos e conselheiros tutelares. Para o diretor do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, uma das principais contribuições do Estatuto foi justamente restringir o porte de armas. E afirma que o número de homicídios é proporcional ao de armas nas ruas: – A ideia de ampliar o porte para as categorias é completamente equivocada e perigosa. Tem um conjunto de absurdos que, em nosso ponto de vista, só se justifica para atender a indústria de armas que perdeu clientes com o Estatuto.
Estudo do Sou da Paz mostra que 150 mil armas estão nas mãos de colecionadores. Outras 91 mil são usadas pelas empresas de segurança. Dessas, 22 mil foram roubadas, furtadas ou extraviadas desde que o Estatuto entrou em vigor, em 2003.
Contra as restrições
O diretor da Associação Nacional dos Proprietários e Comerciantes de Armas (ANPCA), Leonardo Arruda, critica o fato de que apenas algumas categorias possam ter direito ao porte de armas. Ele acredita que deva haver critérios que impeçam pessoas “desequilibradas” ou “desonestas” de possuírem armas. Contudo, discorda da proibição generalizada. – A lei é extremamente rígida, tudo é proibido. As categorias profissionais ficam lutando para ter esse direito – critica. – Pessoas que transportam dinheiro para um banco podem usar armas, mas um cidadão que leva sua família, que é o seu bem mais precioso, não.
Atualmente, somente quem provar a necessidade de ter uma arma, desde que comprovada sua idoneidade, pode obter o porte. É necessário, entre outros, apresentar certidões negativas com relação a antecedentes criminais, ocupação lícita e residência fixa.
Apenas integrantes das Forças Armadas, agentes de segurança pública e privada, auditores da Receita Federal, auditores-fiscais do Trabalho, agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Departamento de Segurança do Gabiente de Segurança Insitucional da Presidência da República e guardas municipais de cidades com mais de 50 mil habitantes pode ter porte de arma, assim como colecionadores e praticantes de tiro.
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que as mortes causadas por armas de fogo estão caindo desde que o Estatuto entrou em vigor.
de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, a pesquisa mostrou que, em 2003, foram 39.325 mortes por armas de fogo. Em 2007, foi registrada queda de 10,8%, com pouco mais de 35 mil mortes.

sábado, 28 de agosto de 2010

Técnica corrige má-formação do coração sem usar artifício

Uma técnica cirúrgica inédita no mundo, desenvolvida na Beneficência Portuguesa, permite fazer uma correção anatômica de uma má formação no coração em que as principais artérias se encontram invertidas. O procedimento preserva as válvulas desses vasos, o que pode evitar novas cirurgias.
O problema, chamado de transposição de grandes artérias, é uma das principais causas de cianose ao nascer (coloração azulada da pele) e pode levar à morte. Como a posição dos vasos está invertida, a aorta, que deveria levar o sangue oxigenado para o corpo, recebe o sangue pobre em oxigênio. A artéria pulmonar, por sua vez, conduz o líquido oxigenado de volta aos pulmões.
Na técnica clássica, o fluxo é corrigido colocando um tubo com uma válvula entre o ventrículo direito e as artérias pulmonares. Por ser artificial, esse tubo sofre calcificação com o tempo. À medida que a criança cresce, há uma desproporção que exige novas cirurgias.
Na nova técnica, os médicos apenas invertem os vasos, preservando as válvulas de cada um deles, sem a necessidade de usar próteses.
Até agora, duas crianças passaram pela cirurgia. "É preciso acompanhar mais pacientes por um período de tempo para verificar se as válvulas acompanharão o crescimento", diz o cirurgião Gláucio Furlanetto.

Ministro confirma contratação de temporários para substituir médicos peritos em greve

CURITIBA - O ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, confirmou nesta sexta-feira, 27, que as contratações temporárias de peritos médicos começam já na próxima semana, para minimizar o acúmulo de trabalho provocado pela greve da categoria. As contratações temporárias foram autorizadas pela Justiça. Os temporários devem atender, principalmente, os Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Bahia. "Não temos ainda um número definido de médicos que serão contratados, isso está sendo decidido nesta sexta”, disse.
Segundo o ministro, todas as reivindicações feitas pelos grevistas foram atendidas, exceto a mudança na carga horária. Os peritos, em greve há dois meses, queriam trabalhar meio período e receber salário integral. Gabas, que visitou Pinhais, região metropolitana de Curitiba, lembrou que os salários da categoria melhoraram nos últimos anos. Mesmo assim, admitiu “negociar melhorias salariais dentro da carreira em 2011, pois este ano o orçamento já estava fechado".
O ministro foi ao Paraná inaugurar as duas primeiras agências da Previdência no âmbito do Programa de Expansão. Em todo o País, estão sendo construídas 720 agências em 1.670 municípios. Com as duas unidades paranaenses, em Pinhais e Paiçandu (norte do Paraná), já são 1.139 as unidades fixas da Previdência Social espalhadas por 985 municípios brasileiros.
“Decidimos que as pessoas não precisariam se deslocar para locais distantes para ser atendidas, mas tivemos que enfrentar um sistema sucateado. A Previdência Social era o patinho feio do governo. Hoje brigamos por concursos públicos, porque entendemos que isso tudo é responsabilidade do Estado, não queremos pessoas dormindo em filas e cada agência é construída com boa infraestrutura, café, água, ar condicionado e funcionários bem treinados para atender bem . E consulta pré-agendada é dignididade, cidadania”, afirmou. 

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Próteses de braço respondem ao comando do pensamento

Uma nova geração de próteses possibilita mexer os membros artificiais com a força do pensamento. Os movimentos são feitos de forma intuitiva e simultânea -como um membro natural.
A tecnologia, batizada de TMR (em inglês, "targeted muscle reinnervation", algo como reenervação muscular seletiva), utiliza nervos que restaram no membro amputado para controlar a prótese.
O paciente que perdeu o braço passa por uma cirurgia que liga os nervos à musculatura do peito. Segue-se um processo de reenervação, que pode durar vários meses. Eles crescem e se adaptam ao músculo, que receberá a informação do cérebro.
A contração desse músculo segue, então, um novo esquema relacionado ao membro fantasma. Eletrodos transmitem os dados a um computador dentro da prótese, que faz os movimentos.
Por enquanto, o protótipo -apenas de braço- está sendo testado em dois pacientes, nos EUA e na Áustria.
"A TMR é uma opção para qualquer paciente, mas nos mais jovens o processo curativo é mais fácil", diz Andreas Kannenberg, diretor de assuntos médicos da Otto Bock, empresa alemã que pesquisa a TMR. Ele veio ao Brasil para um treinamento.
"No entanto, trata-se de uma tecnologia muito cara e que requer procedimento cirúrgico", reconhece ele.
"Muita gente não recebe a prótese que precisa", diz Henrique Grego, secretário da Associação Brasileira de Ortopedia Técnica. A cada ano, 45 mil brasileiros, em média, precisam colocar próteses, readequá-las ou utilizar muletas, cadeiras de rodas etc.
A maior parte das amputações é de membros inferiores, principalmente devido a complicações do diabetes e acidentes de trânsito.
"Talvez nem todos os pacientes precisem de algo tão sofisticado, mas o futuro caminha para isso", avalia Therezinha Rosane Chamlian, fisiatra da Universidade Federal de São Paulo.

Mais da metade dos fumantes com câncer não larga vício após diagnóstico

Um levantamento realizado pelo Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) apontou que 60% dos fumantes diagnosticados com câncer não conseguem largar o cigarro mesmo após descobrirem a doença.
Segundo a análise, de todos os atendimentos realizados este ano no Icesp --que tem uma média de 6.000 por mês--, 35% dos pacientes, ou um em cada três, afirmaram serem tabagistas no momento em que ingressaram na unidade para realizar o tratamento.
Os efeitos nocivos que o cigarro provoca são extremamente prejudiciais para quem luta contra o câncer. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, o tabagismo dificulta a cicatrização, prejudicando pacientes submetidos a cirurgia oncológica.
Além disso, eleva a pressão arterial e o risco de doenças cardiovasculares e infecções respiratórias. A função pulmonar também é altamente afetada, o que pode aumentar o risco de complicações durante o período de radioterapia, por exemplo.
Os pacientes oncológicos que fumam também enfrentam dificuldades durante o período da quimioterapia. Alguns quimioterápicos podem surtir efeito bem menor no organismo, o que prejudica o tratamento e, muitas vezes, a cura. Os efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, perda de apetite e sintomas respiratórios, também são intensificados.
"Infelizmente, a grande maioria relata dificuldades para abandonar o cigarro, mesmo após receberem o diagnóstico de câncer. Mas é fundamental que essa realidade mude, não só por melhorar a qualidade de vida das pessoas como para ajudar na luta contra a doença", alerta Frederico Leon Arrabal Fernandes, médico pneumologista do instituto.
Gomas de nicotina e adesivos são as formas mais indicadas para incentivar os fumantes a largarem o vício e diminuir o desconforto da abstinência durante o período de internação.
Como forma de incentivo para os fumantes largarem o vício e diminuir o desconforto da abstinência, o Icesp oferece tratamento.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ministério da Saúde inclui nove procedimentos contra o câncer no SUS

Foram incluídos no SUS (Sistema Único de Saúde) nove novos tratamentos para câncer de fígado e de mama, leucemia aguda e linfoma.
O anúncio faz parte de um pacote de medidas para oncologia anunciado nesta terça-feira pelo Ministério da Saúde. No total, serão R$ 412 milhões a mais para a área, um aumento de 25% no orçamento atual.
Entre medicamentos que serão incluídos está o Rituximabe (nome comercial Mabthera), usado no tratamento do linfoma, tipo de câncer que acometeu a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) no ano passado e do qual, segundo exames recentes, ela está livre.
Além dos novos tratamentos, os recursos adicionais serão usados também no reajuste do valor pago pelo SUS aos hospitais que realizam serviços de radioterapia.
Outra medida é a ampliação do atendimento em hospitais-dia, regime diário de internação que poderá agilizar o atendimento a pacientes com leucemia.
O ministro José Gomes Temporão (Saúde) negou que o conjunto de medidas tenha caráter eleitoreiro e afirmou que elas vinham sendo estudadas há oito meses.

Vitamina D pode proteger contra câncer, diabetes e artrite

A vitamina D pode proteger o corpo humano contra uma série de doenças ligadas a condições genéticas, incluindo câncer, diabetes, artrite e esclerose múltipla, segundo uma pesquisa britânica recém-publicada.
Os cientistas mapearam os pontos de interação entre a vitamina D e o DNA e identificaram mais de 200 genes influenciados pela substância.
A vitamina D é produzida naturalmente pelo corpo pela exposição ao sol, mas a substância está presente também em peixes e crustáceos e, em menor quantidade, em ovos e leite.
Mas acredita-se que até um bilhão de pessoas em todo o mundo sofram de deficiência de vitamina D pela pouca exposição ao sol.
Já se sabia que a falta de vitamina D podia levar ao raquitismo e havia várias sugestões de ligações com doenças, mas a nova pesquisa, publicada pela revista especializada Genome Research, é a primeira que traz evidências diretas de que a substância controla uma rede de genes ligados com doenças.
ReceptoresOs pesquisadores, da Universidade de Oxford, usaram uma nova tecnologia para o sequenciamento do DNA para criar um mapa de receptores de vitamina D ao longo do genoma humano.
O receptor de vitamina D é uma proteína ativada pela substância, que se liga ao DNA e assim determina quais proteínas são produzidas pelo corpo a partir do código genético.
Os pesquisadores identificaram 2.776 pontos de ligação com receptores de vitamina D ao longo do genoma, concentrados principalmente perto de alguns genes ligados a condições como esclerose múltipla, doença de Crohn, lupus, artrite reumatoide e alguns tipos de câncer como leucemia linfática crônica e câncer colo-retal.
Eles também mostraram que a vitamina D tinha um efeito significativo sobre a atividade de 229 genes incluindo o IRF8, associado com a esclerose múltipla, e o PTPN2, ligado à doença de Crohn e ao diabetes do tipo 1.
"Nossa pesquisa mostra de forma dramática a ampla influência que a vitamina D exerce sobre nossa saúde", afirma um dos coordenadores da pesquisa, Andreas Heger.
SeleçãoOs autores afirmam que o consumo de suplementos de vitamina D durante a gravidez e nos primeiros anos de vida podem ter um efeito benéfico sobre a saúde da criança em sua vida no futuro.
Outras pesquisas anteriores já haviam indicado que a pele e os cabelos mais claros entre as populações de partes da Terra com menos incidência de raios solares teriam sido uma consequência da evolução para melhorar a produção de vitamina D.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Oxford, isso poderia explicar a razão de seu estudo ter identificado um número significativo de receptores de vitamina D em regiões do genoma com mutações genéticas mais comumente encontradas em pessoas de ascendência europeia ou asiática.
A deficiência de vitamina D em mulheres grávidas pode provocar contrações pélvicas, aumentando o risco de morte da mãe e do feto. Segundo os pesquisadores, essa situação pode ter levado ao fim de linhagens maternais de pessoas incapazes de aumentar sua disponibilidade de vitamina D.
"A situação em relação à vitamina D é potencialmente uma das pressões seletivas mais poderosas no genoma em tempos recentes", afirma outro coordenador da pesquisa, George Ebers. "Nosso estudo parece apoiar essa interpretação e pode ser que não tivemos tempo suficiente para fazer todas as adaptações de que precisávamos para suportar nossas circunstâncias", disse.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Técnica melhora tratamento de metástase no fígado

Uma nova técnica promete melhorar o tratamento de pacientes com metástase hepática, tipo agressivo de tumor.
Batizada perfusão hepática percutânea, consiste no isolamento circulatório do fígado para a aplicação de medicamentos em doses maiores do que as usadas na quimioterapia convencional.
Segundo Krishna Kandarpa, que apresentará a técnica nesta semana no simpósio "Embolution", em São Paulo, o tratamento da metástase hepática, hoje, é limitado.
O médico explica que a dose de medicamento necessária para debelar o tumor dificilmente é alcançada na quimioterapia intravenosa devido ao risco de intoxicação.
Por isso, às vezes, opta-se por uma cirurgia que possibilita a aplicação de doses mais altas do remédio diretamente no fígado do paciente.
O problema, diz Kandarpa, é que o procedimento é muito invasivo- dura nove horas e exige até 15 dias de internação. "Se a dose aplicada não for suficiente, não há como submeter o paciente a outra cirurgia", diz.
Já a nova técnica dura três horas e, após três dias, a pessoa deixa o hospital.
O paciente passa por três incisões para a introdução de cateteres. Por um deles, é aplicado o quimioterápico.Outro cateter, com balões de ar, desvia o sangue do fígado para um filtro externo. Após a filtragem do remédio, o sangue retorna ao paciente.
Kandarpa diz que os testes foram feitos em pacientes que tinham o fígado atingido por melanoma, tumor originário da pele ou dos olhos.
Na última fase, foram analisadas 93 pessoas em dez hospitais. A sobrevida média chegou a 245 dias, contra 49 das submetidas às terapias atuais. Entre os que fizeram a perfusão, 86,4% tiveram melhora total, parcial ou estabilização. No outro grupo, o percentual ficou em 28,5%.
Para Eduardo Côrtes, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Câncer do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, o tratamento é inovador.
Ele ressalta que muitas vezes a quimioterapia comum é prejudicado pela baixa capacidade do fígado doente de metabolizar os remédios. O paciente não suporta a dose.
"O princípio de fazer o remédio ir para o fígado sem passar pelo resto do corpo é muito interessante. Mas é preciso saber qual é a repercussão dessas altas doses sobre o funcionamento do órgão a longo prazo", diz, ressalvando que não teve acesso a detalhes da pesquisa.
A técnica, criado pela empresa americana Delcath, foi submetido à FDA (agência reguladora dos EUA).

Pesquisa mostra eficácia de vacina contra hepatite E

Uma nova vacina pode combater o vírus da hepatite E. A descoberta foi anunciada ontem no periódico médico "Lancet", após estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Xiamen, na China, país em que a doença é endêmica.
O levantamento testou a eficácia da vacina HEV 239 em mais de 11 mil adultos de ambos os sexos, na província chinesa de Jiangsu. Após a terceira dose, a prevenção chegou ao patamar de 100%.
O estudo, porém, ainda está em fase de experimentação. Não chegou a ser testado em gestantes e maiores de 65 anos, grupos em que a fatalidade da doença é maior.
A hepatite E é transmitida por via fecal-oral. Em geral, acomete habitantes de regiões com condições precárias de saneamento básico.
Ao ingerir a água contaminada pelo vírus, a pessoa pode desenvolver a inflamação no fígado que, eventualmente, leva à morte.
NO BRASIL
O primeiro caso de hepatite E detectado aqui foi confirmado neste mês pelo Instituto Oswaldo Cruz.
O presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Raymundo Paraná, não descarta a possibilidade de existirem mais pessoas infectadas no Brasil. Os exames para diagnosticar o vírus estão sendo reformulados, lembra.
"Não temos boas condições de saneamento básico e, com gente viajando o tempo todo, não há por que pensar que as pessoas não possam trazer o vírus de fora", diz.
Esper Kallás, professor de imunologia clínica e alergia da Faculdade de Medicina da USP, diz que a doença é rara aqui, e essa não seria uma vacina primordial, comparada "à que previne hepatite C conjugada com meningite".
Para Edna Strauss, professora de hepatologia da Faculdade de Medicina da USP, os resultados da pesquisa são positivos. "A China tem um problema endêmico com a hepatite E. Aqui, ela existe, mas nunca se provou que tivesse grande repercussão."

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Vinho colabora com o processo digestivo

Harmonizar o vinho certo com a refeição pode melhorar o sabor e estimular a conversa. Mas será que isso realmente ajuda a digerir a comida, como sugerido por autoridades ao longo do tempo, até mesmo pela Bíblia? --"Não beba mais água, mas use um pouco de vinho para o bem de seu estômago". Milênios depois, cientistas ainda estão trabalhando nisso. Alguns descobriram que bebidas alcoólicas aceleram o esvaziamento de alimentos do estômago e estimulam o ácido gástrico, enquanto outros sustentam que há pouco efeito. Um estudo realizado por pesquisadores alemães, publicado no jornal "Gut", pode explicar a discrepância: a pesquisa descobriu um efeito a partir de bebidas fermentadas (vinho, xerez e cerveja), mas não a partir de bebidas que eram fermentadas e também destiladas, como rum, conhaque e uísque.
"Os elementos constituintes da bebida alcoólica que estimulam a liberação de ácido gástrico e gastrina são, em sua maioria, provavelmente produzidos durante o processo de fermentação e removidos durante a destilação", diz estudo publicado no jornal.
Outras pesquisas ajudam a explicar por que o vinho tinto e a carne vermelha se harmonizam tão bem. A proteína suaviza as taninas do vinho e o tinto ajuda a contrabalancear substâncias potencialmente prejudiciais --gorduras oxidadas chamadas de MDA, ou malonaldeídos-- liberadas quando a carne é ingerida.
Um estudo de 2008 descobriu que uma porção de carne vermelha de peru elevava os níveis da substância no sangue dos indivíduos participantes. Mas, quando combinada com uma taça de Cabernet Sauvignon ou Shiraz, o aumento do MDA era "completamente evitado". Ou seja, uma taça de vinho pode ajudar na digestão.

domingo, 22 de agosto de 2010

Parar de pensar em cigarro não ajuda o tratamento do vício

Assim como acontece com uma música grudenta, que não para de tocar dentro da cabeça mesmo quando se tenta "virar o disco" à força, não há fórmula mágica para esquecer o cigarro.
Psicólogos ingleses publicaram na revista "Psychological Science" uma pesquisa que testou a surrada estratégia de quem tenta parar de fumar: pensar em qualquer coisa que não seja cigarro.
Entre três grupos de fumantes, um deles deveria reprimir todos os seus pensamentos sobre o cigarro. Outro foi encorajado a pensar sobre o fumo e a se expressar sobre isso também.
Resultado: na segunda semana do experimento, na qual tentaram não pensar no cigarro de propósito, as pessoas realmente fumaram menos. Foram 116 cigarros em média para cada um.
Mas, na semana seguinte, fumaram ainda mais (123) do que na primeira, quando o consumo médio do grupo era de 121 cigarros.
TIRO PELA CULATRA
Para os autores, os resultados sugerem duas conclusões. A primeira é que o bloqueio de pensamentos incômodos tem um efeito contrário. Há um sucesso temporário, mas a estratégia se revela um tiro pela culatra.
O nível de estresse das pessoas que deveriam reprimir pensamentos subiu muito durante a semana em que essa tarefa lhes foi imposta.
A segunda conclusão é que a redução temporária do número de cigarros durante essa semana de supressão de pensamentos leva as pessoas a acreditar que esse método é eficaz, reforçando um comportamento que pode ser prejudicial para o objetivo.
Segundo a psicóloga Sílvia Cury Ismael, do programa de assistência integral ao fumante do HCor, a repressão não ajuda mesmo. O melhor é tentar tirar o fumante do piloto automático e ajudá-lo a avaliar os motivos que o levam a acender o cigarro.
"Usamos a técnica do adiamento. Quando ele vai pegar o cigarro, pedimos que espere mais cinco ou dez minutos, para que a vontade passe. Nisso, ele acaba demorando mais para acender o próximo e vai reduzindo a quantidade de cigarros fumados por impulso", afirma.
Juliana Moysés, psicóloga do programa PrevFumo da Unifesp, diz que o importante é treinar o fumante para lidar com as situações em que ele recorre ao cigarro, como momentos de estresse ou quando bebe, por exemplo.
"Treinamos a habilidade para enfrentar dificuldades. Ensinamos técnicas de confronto de pensamentos, não de repressão." Se o pensamento no cigarro emerge, a pessoa deve lembrar que por mais que ele tenha sido importante antes, seu papel é só figurativo, não resolve.

Ketamina, anestésico e narcótico poderoso, também trata a depressão

A ketamina, anestésico usado em crianças e animais, mas também utilizado como narcótico, trataria a depressão de forma melhor e mais rápida que a maioria dos antidepressivos, revela um trabalho americano publicado na quinta-feira (19).
Cientistas da Universidade de Yale, em Connecticut, nos EUA, que administraram a camundongos uma pequena dose da substância, descobriram que ela reduzia claramente um comportamento depressivo e restabelecia as conexões entre células do cérebro danificadas por estresse crônico.
A ketamina "age como um medicamento milagroso, [em que] uma única dose tem efeitos que duram de sete a dez dias", contou Ronald Duman, professor de psiquiatria em Yale e principal autor do estudo, publicado na revista Science.
O estudo parece confirmar trabalhos anteriores, como um realizado há dez anos pelo Centro de Saúde Mental de Connecticut, no qual foram observados os efeitos benéficos de pequenas doses desta molécula em pacientes muito depressivos.
Tradicionalmente, a ketamina é utilizada como anestésico para crianças porque não é um barbitúrico e afeta menos a respiração. Também é muito popular na medicina veterinária.
Além disso, costuma ser consumida em "raves" (festas eletrônicas), como um ácido chamado "Vitamina K", "Special K" ou simplesmente "K". Em muitos países, é classificada como narcótico porque causa alucinações e distúrbios mentais e de motricidade.

sábado, 21 de agosto de 2010

Pesquisa sobre vacina contra o câncer começa a mostrar resultados

KANSAS CITY - A vacina que Larry Mathews que está recebendo não vai protegê-lo da gripe. Tudo bem - as apostas são muito mais elevadas do que isso.
Ele está esperando que as aplicações fortaleçam seu sistema imunológico para lutar contra o câncer agressivo que invadiu seu cérebro. Se funcionar como ele quer, as células matadoras do próprio corpo irão absorver as células malignas que a cirurgia, radioterapia e quimioterapia não conseguia eliminar.
Por décadas, cientistas vêm tentando criar vacinas assim para "recrutar" o sistema imunológico do corpo e destruir as células cancerígenas de maneira que expulse vírus e bactérias exteriores.
Depois de muitas tentativas vãs e promessas prematuras, parece que a pesquisa está começando a mostrar resultados.
No final de abril, a Food and Drug Administration dos EUA aprovou a primeira vacina contra o câncer, Provenge, que modestamente pode prolongar a vida dos homens com câncer de próstata avançado. Vários dos principais planos de seguro e a Medicare em algumas partes do país, incluindo Kansas e Missouri, já concordaram em pagar o tratamento caro.
Mathews participa de um estudo preliminar clínico do Hospital São Lucas com vacina contra o câncer de cérebro desenvolvido na Universidade de Kansas Medical Center. Um amplo estudo que já dura dois anos, destinado a obter a aprovação do FDA está prevista para começar neste outono (americano).
No mundo todo, os cientistas estão trabalhando em dezenas de vacinas contra melanoma, câncer de mama e câncer de pulmão, cólon e pâncreas.
Pesquisadores podem citar histórias de pacientes com câncer que tinham apenas meses de vida e que sobreviveram 15 anos ou mais, após ter recebido as vacinas. Mas até agora provas conclusivas de grandes estudos clínicos são escassas.
Mesmo assim, os especialistas preveem que várias vacinas contra o câncer poderiam ser eficazes o suficiente para ganhar a aprovação do FDA nos próximos quatro ou cinco anos.
Estas vacinas terapêuticas são projetadas para pacientes que já têm câncer. Isso os torna radicalmente diferentes das convencionais vacinas preventivas, tais como a vacina de cancro cervical Gardasil, que imunizam contra os vírus que causam câncer.
O impulso no desenvolvimento de vacinas terapêuticas não vem de qualquer descoberta científica única, disse William Chambers, diretor de pesquisa clínica e imunologia na American Cancer Society. Pelo contrário, é o resultado de anos de progresso, lento e incremental.
"A imunoterapia tem sido um osso duro de roer", disse Chambers."O que estamos vendo agora é fruto de muito trabalho duro. Alguns dos casos de sucessos estão aparecendo.''
O sistema imune identifica organismos estranhos no organismo e, em seguida, procura e destrói.
Mas as células cancerosas geralmente obtêm um passe livre. Por um lado, elas são muito semelhantes às normais do pulmão ou da próstata ou de células do cólon. E à medida que crescem, evoluem suas formas de "desligar" uma resposta imune ou de poder de detecção.
O objetivo das vacinas é treinar o sistema imunológico para reconhecer as formas que as células cancerosas se diferem das células normais e motivá-lo para o ataque destas.
Por tentativa e erro cientistas identificaram os alvos em células cancerosas, os chamados antígenos, que o sistema imunológico pode identificar como diferentes das células normais. Eles também podem compreender melhor os componentes do sistema imune que reconhecem os antígenos e alertar o sistema imunológico sobre as células assassinas.
As vacinas representam uma grande mudança no pensamento sobre como tratar o câncer, disse James Gulley, um pesquisador do Instituto Nacional de Câncer dos EUA. Terapias convencionais contra o câncer usam drogas tóxicas e radiação em tumores, mas podem prejudicar outros tecidos e causar náuseas, fadiga, perda de cabelo e outros efeitos colaterais.
Vacinas diminuem a probabilidade de ter o sistema imunológico como alvo. Os efeitos colaterais - febre, calafrios, dor no local da injeção - normalmente não são muito maiores do que aquilo que você pode começar a ter a partir de uma vacina contra a gripe.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Butantan cria método com célula-tronco contra cegueira

O Instituto Butantan, do governo do Estado de SP, acaba de desenvolver um novo tratamento para pacientes que perderam a visão devido a lesões na córnea.
A técnica utiliza células-tronco retiradas da polpa de dentes de leite e, a partir de setembro, começam a ser testadas em humanos, em parceria com o Instituto da Visão da Unifesp.
O procedimento é indicado para pacientes que apresentam problemas no mecanismo de ação das células límbicas, situadas ao redor das córneas e responsáveis pela regeneração. Nesses casos, essas células perdem a capacidade de reconstruir a superfície do tecido.
Com isso, a córnea, que em indivíduos saudáveis é transparente, se torna opaca, levando à perda da visão. "Trata-se de um salto significativo no sentido de devolver a visão para aqueles que tiveram a córnea comprometida em função de queimaduras ou doenças genéticas e imunológicas", afirma a coordenadora do Laboratório de Genética do Butantan, Irina Kerkis.
As células retiradas da polpa do dente de leite são incorporadas ao tecido ocular dos pacientes e recobertas por uma espécie de lente feita de um material semelhante à placenta.
A partir daí elas se adaptam a esse tecido e passam a atuar como células límbicas, reconstruindo a córnea degradada e devolvendo a visão ao paciente.
LIGAÇÃO
"O grande diferencial é que o tecido resultante da aplicação se integra completa e definitivamente ao olho, substituindo com perfeição a estrutura original", explica a biomédica responsável pela pesquisa, Babyla Monteiro.
As demais vantagens dessa técnica são que o procedimento não é invasivo, resulta em um volume muito maior de células indiferenciadas, não há necessidade que haja relação entre doador e receptor, não envolve morte de embriões humanos e é financeiramente viável.
Em um primeiro momento os testes serão aplicados em um grupo de pacientes voluntários que já passaram por cirurgia e não obtiveram resultados satisfatórios, não podem receber enxertos de tecido e não apresentam quadro infeccioso.
Os testes devem demorar seis meses e, caso a técnica apresente resultados satisfatórios, poderá ser disponibilizada para a população.

Governo fará fumacê contra dengue em Boa Vista

O Ministério da Saúde anunciou ontem o início da aplicação de inseticida (fumacê) por toda a cidade de Boa Vista (RR) para prevenir uma eventual disseminação do vírus 4 da dengue, detectado na cidade depois de 28 anos dos primeiros registros no Brasil. Na semana passada, três casos de contaminação pelo sorotipo 4 foram confirmados na capital e outros nove casos suspeitos aguardam confirmação.
Cerca de 40 homens das Forças Armadas auxiliam nas ações preventivas.
Além disso, outras duas cidades vizinhas a Boa Vista, Cantá e Normandia, terão os trabalhos de prevenção intensificados em razão de dois casos suspeitos terem sido localizados nesses locais. O coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho, afirmou ontem que não acredita que a doença esteja se espalhando. Em pelo menos um dos registros, o de Normandia, o paciente, uma índia, tinha visitado Boa Vista. O outro caso ainda não foi localizado. "Mas, por via das dúvidas, estamos intensificando as ações", afirmou. Ainda segundo Giovanini, os casos de dengue estão em queda no Estado.
O Hospital-Geral de Roraima, em Boa Vista, o maior do Estado, informou que mais metade dos atendimentos diários é de pessoas com suspeita de dengue. A sala de hidratação é pequena e os doentes estão espalhados pelos corredores.
Panorama
8.342 casos de dengue foram registrados em Roraima
44,5% foi o aumento de registros neste ano; 62% são de Boa Vista

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sobra vacina e falta informação-H1N1

Mais de oito milhões de vacinas contra o vírus H1N1 ainda estão disponíveis nos postos de saúde do país. A sobra corresponde ao gasto de R$ 92 milhões — 4,3% do investimento total do governo contra a pandemia. Na campanha de vacinação que teve início em março deste ano, cerca de 88 milhões de pessoas foram imunizadas. A meta do Ministério da Saúde foi vacinar ao menos 80% do grupo de risco — gestantes, portadores de doenças crônicas, crianças com mais de 6 meses e menos de 2 anos de idade, e também trabalhadores de saúde e população indígenas.
Diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcos Antonio Cyrillo, considerou alta a quantidade de vacinas que ainda restam nos postos de saúde: “Essas doses devem ser aproveitadas logo, já que o vírus da influenza sofre variações e no próximo inverno essa vacina pode não ter mais efeito”. Já o pneumologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília Ricardo Martins considera normal a sobra de vacina, em função da adesão em alguns grupos não ter chegado a 100%. A sugestão do médico é a de que o governo aproveite os lotes restantes para imunizar as populações que não receberam as doses ou iniciar uma nova campanha na Região Norte.
O Brasil gastou R$ 2,1bilhões no combate ao vírus responsável pela gripe A. Mais da metade desse montante (1,3 bilhão) foi destinado à compra de 113 milhões de doses da vacina.
De acordo com o diretor de vigilância epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Lage, o Brasil seguiu as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). “O principal desafio foi organizar uma campanha de vacinação bastante complexa.”

Contra preço baixo, cirurgiões cardíacos defendem boicote ao SUS

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular lançará uma campanha nacional para que os seus 1,2 mil associados deixem de operar pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A medida drástica é uma retaliação contra o preço pago para a equipe - cerca de R$ 940 para quatro cirurgiões e outros dois profissionais, no caso de uma cirurgia de revascularização (ponte de safena). No Rio, planos de saúde pagam até R$ 13,5 mil pelo procedimento.
A crise atinge alguns Estados - Goiás não faz cirurgias cardíacas eletivas desde 2 de dezembro (mais informações nesta página). O Ministério Público intermedeia negociações entre médicos e a Secretaria de Saúde da Bahia para evitar que o serviço seja paralisado. Em São Paulo, os médicos ainda se organizam para criar uma cooperativa. O foco será a negociação com planos de saúde, que pagam cerca de R$ 1,5 mil por cirurgia para a equipe.
No Rio, os cirurgiões cardiovasculares anunciaram que vão interromper as cirurgias em outubro nos hospitais conveniados ao SUS. "O cirurgião cardiovascular hoje paga para trabalhar. Ele passa entre quatro e seis horas num centro cirúrgico, tem de ficar de sobreaviso para o caso de alguma intercorrência após a operação e, depois de 60 dias, recebe pouco mais de R$ 100 por aquele trabalho. É menos de R$ 30 por hora", afirma Ronald Souza Peixoto, presidente da cooperativa que reúne os 102 cirurgiões cardiovasculares do Rio.
Em 2009, esses médicos fizeram 8.303 cirurgias eletivas no Estado - aquelas que não são de emergência, como troca de válvulas cardíacas. Hoje, o paciente enfrenta uma fila de até seis meses para conseguir atendimento.
A briga com os Estados e municípios ocorre porque a lei prevê que as secretarias de Saúde façam a complementação do que é pago pelo SUS. De acordo com a sociedade, só Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Paraíba pagam a diferença.
Segundo Gilberto Venossi Barbosa, presidente da sociedade, a baixa remuneração tem feito com que menos médicos escolham a carreira. "O que explica que o SUS pague R$ 6 mil por um transplante hepático e a metade disso para o transplante cardíaco, que é uma cirurgia muito mais complicada?"
O secretário de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame, considera a remuneração das cirurgias cardíacas compatível com os recursos do SUS. "Não há como fazer comparações com o que é pago pelos planos", disse. Ele observou que o per capita na área privada é de cerca de R$ 1,4 mil, bem mais que o per capita do sistema público, que não chega a R$ 700. "Há subfinanciamento do setor", resume. "A tabela apresenta uma remuneração compatível com os recursos existentes." Beltrame ressaltou que não recebeu reclamação formal dos cardiologistas sobre a baixa remuneração. "Estamos abertos ao diálogo."


Goiás e Espírito Santo são extremos da crise no País

Goiás e Espírito Santo representam os dois extremos da crise que envolve cirurgiões cardiovasculares no Brasil. No primeiro, as cirurgias estão suspensas há oito meses. Dos 20 cirurgiões, só 1 atende urgências em Goiânia. O número de operações mensais caiu de 140 para 20.
"Há um total descaso com a saúde no município, que tem gestão plena do SUS. É a cirurgia mais barata do País - uma equipe ganha R$ 894", diz Wilson Mendonça Júnior, presidente da cooperativa do Estado.
O secretário de Saúde de Goiânia, Paulo Rassi, diz que não há negociação. "Não temos recursos." Ele afirmou que o governo estadual não entrou na discussão - a responsabilidade por procedimentos complexos cabe ao Estado. Já a Secretaria de Estado de Saúde informou que a prefeitura, por ter gestão plena, deve assumir as negociações.
Espírito Santo é a outra ponta. Há três anos, as cirurgias em hospitais conveniados ao SUS foram suspensas. Após acordo com o Estado, a equipe passou a receber R$ 6,5 mil por procedimento. O Estado organizou o atendimento com um hospital de referência para cada região, evitando a ida de pacientes para Vitória, e inaugurou um PS cardiológico.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Cresce a procura por vasectomias; mitos caíram e técnicas evoluíram

O brasileiro perdeu o medo da vasectomia. O número de procedimentos feitos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) cresceu quase 80% em seis anos no Brasil, saltando de 19,1 mil em 2003 para 34,1 mil em 2009. Consultórios particulares também registram aumento da procura.
Para especialistas, em parte esse aumento é atribuído à política de saúde do homem do Ministério da Saúde, que passou a oferecer o tratamento na rede pública, e à cobertura dos planos de saúde.
"Além disso, as pessoas estão mais informadas, sabem que não tem nada a ver com perda de masculinidade. Os mitos estão caindo", diz o urologista Joaquim Claro, do Hospital das Clínicas de São Paulo e coordenador do Hospital do Homem.
Na contramão dessa tendência, cresce também o número de homens que querem voltar atrás. Não há dados oficiais sobre o assunto. "Estima-se que esteja perto do que ocorre nos EUA, onde de 3% a 6% buscam a reversão da cirurgia", diz Modesto Jacobino, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia.
"Hoje faço cerca de uma reversão por semana, antes eram uma ou duas a cada seis meses", diz Claro. "No Hospital do Homem a procura também tem aumentado desde que passamos a oferecer o serviço", completa.
O urologista Rodrigo Pagani, do Hospital das Clínicas, acredita que a procura aumentará nos próximos anos.
Os motivos mais comuns para a reversão são um novo casamento, a morte de um filho ou a melhora na situação financeira do casal, segundo observa o urologista Oskar Kaufmann, do hospital Albert Einstein.
"A procura tem aumentado entre 10% e 15% ao ano", estima Jorge Hallak, do Sírio-Libanês e do Hospital das Clínicas. "E a cirurgia para reversão tem o dobro das chances de sucesso [de gravidez] e custa a metade da fertilização in vitro."
Mas, segundo ele, muitas clínicas não falam dessa alternativa aos casais em tratamento para engravidar.
A cirurgia de reversão é hoje muito eficaz. Com técnicas de microcirurgia, é possível restabelecer a ligação que foi cortada (veja nesta página). Mas nem sempre a gravidez acontece. Após dez ou doze anos de vasectomia, a qualidade dos espermatozoides fica comprometida.
"Embora seja reversível, a filosofia é de irreversibilidade", enfatiza Claro. Isso porque, enquanto a vasectomia é uma cirurgia simples e rápida, a reversão é mais complicada e exige um profissional bem treinado.
Por isso a vasectomia só deve ser feita após uma decisão madura. Há normas que estabelecem que o homem deve ter no mínimo 25 anos e pelo menos dois filhos.
Médicos seguem ainda outras recomendações, como manter uma longa conversa na primeira consulta, muitas vezes com o casal.
Depois disso, costumam esperar ainda até dois meses para marcar a cirurgia, para que o casal possa refletir sobre a decisão. Também não se costuma operar pais de bebês menores de seis meses.

ENTREVISTA ANTES DA OPERAÇÃO
Para o engenheiro Gustavo Fonseca, 37, a decisão pela vasectomia veio depois do terceiro filho. "Queríamos três filhos. Além disso, minha mulher teve complicações em uma gravidez e também no último parto."
A primeira consulta foi uma longa conversa, em que o médico perguntou coisas como idade do casal e do filho mais novo, número de filhos, tempo de casado e como andava a relação. "Ele me pediu para refletir bem e voltar um mês depois. A cirurgia foi rápida e tranquila e o pós-operatório também. Senti apenas um leve desconforto, durante uns três dias."

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Cerveja aumenta risco de doença de pele em mulheres, diz estudo

Mulheres que bebem cerveja regularmente têm mais chances de desenvolver psoríase, uma doença de pele crônica, segundo sugere um estudo de pesquisadores americanosO estudo descobriu que as mulheres que bebem cinco cervejas por semana têm o dobro de risco de desenvolver a doença em comparação com as mulheres que não bebem.
A psoríase é uma doença crônica de pele caracterizada por escamações com coceira que normalmente aparecem nos joelhos, nos cotovelos e no coro cabeludo, mas que podem também atingir outras áreas do corpo, incluindo a face.
A doença, cuja origem é genética, é normalmente desencadeada por alguma situação específica. Seus efeitos são comumente leves, mas em alguns casos extremos chegam a deixar os pacientes desfigurados.A pesquisa, da Harvard Medical School, em Boston, analisou dados de mais de 82 mil enfermeiras entre 27 e 44 anos e seus hábitos de consumo de bebidas alcoólicas entre 1991 e 2005.
Os pesquisadores disseram observar um aumento de 72% no risco de psoríase entre as mulheres que bebiam mais do que uma média de 2,3 cervejas por semana em relação às mulheres que não bebiam.
Para as mulheres que bebiam cinco copos de cerveja por semana, o risco era 130% maior.
Porém as mulheres que bebiam qualquer quantidade de cerveja não alcoólica, vinho ou bebidas destiladas não apresentaram um aumento do risco de desenvolver psoríase.
"A cerveja comum foi a única bebida alcoólica que aumentava o risco de psoríase, sugerindo que alguns componentes não-alcoólicos da cerveja, que não são econtrados no vinho ou nos destilados, podem ter um papel importante no estabelecimento da psoríase", afirma o autor da pesquisa, Abrar Qureshi.
Glúten-O estudo, publicado na revista especializada "Archives of Dermatology", sugere que a causa do aumento no risco de psoríase pode ser a cevada com glúten, usada na fermentação da cerveja.
Estudos anteriores mostraram que uma dieta sem glúten pode melhorar os casos de psoríase nos pacientes sensíveis ao glúten.
Segundo o estudo, as pessoas com psoríase podem ter uma sensibilidade latente ao glúten.
"As mulheres com alto risco de desenvolver psoríase devem considerar evitar tomar muita cerveja", concluem os autores..

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Médicos residentes do SUS anunciam greve para esta terça-feira

BRASÍLIA - Os médicos residentes do Sistema Único de Saúde (SUS) entrarão em greve a partir desta terça-feira, 17. De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Cid Carvalhaes, a categoria reivindica reajuste de 38,7% na bolsa-auxílio, que, segundo ele, está congelada em R$ 1.916,45 desde 2006. Segundo a Fenam, 22 mil médicos residentes paralisarão as atividades. A entidade afirma que, desde abril, os residentes tentam - sem sucesso - abrir negociações com os ministérios da Saúde e da Educação.
“O movimento está sólido e os residentes estão muito bem organizados. Além do reajuste da bolsa, para cerca de R$ 2,7 mil, queremos reajustes anuais desse valor, com data-base em 1º de setembro, junto com a dos médicos”, disse Carvalhaes à Agência Brasil.
A Fenam pede, também, a ampliação da licença-maternidade para 6 meses e que haja instrutores para fazer o acompanhamento dos residentes.

Falta de informação dificulta cuidados da família com idosos

Desde que o pai da professora de inglês Nara Cunha sofreu um derrame, em setembro passado, a vida dela e de suas três irmãs tornou-se uma rotina de cuidados, realizados em regime de revezamento, conforme a disponibilidade de cada uma delas.
Segundo estimativa do Ministério da Saúde, 10% da população brasileira já chegou à terceira idade e cerca de 20% desses idosos têm algum comprometimento e necessitam de cuidados.
"Com o aumento da expetativa de vida, cuidar de um idoso se tornará algo tão comum quanto ter filhos. Ainda assim, esse tema é pouco explorado. Faltam orientações sobre o assunto para quem cuida", diz Ângela Maria Machado de Lima, médica sanitarista e professora da USP, que acaba de lançar o livro "Cuidar do Idoso em Casa" (ed. Unesp, 204 págs., R$ 25).
O tema foi debatido em mesa redonda durante o último Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado em Belo Horizonte.
O esquema de revezamento estabelecido na casa da professora é a melhor maneira de uma família cuidar de seus idosos, segundo Sônia Maria da Rocha, professora de pós-graduação em Enfermagem da UniversidadeFederal de Santa Catarina, que coordenou a discussão sobre esse assunto no congresso.
Assim, ninguém se sente sobrecarregado e o idoso tem a atenção de que necessita. "Um cuidador sobrecarregado dificilmente solicita ajuda. Em geral, ele espera que os outros percebam que ele precisa dessa ajuda."
Para cuidar dos pais, o ex-comerciante Geraldo Batista da Cunha e Ernestina Matilde da Cunha, ambos de 74 anos, Nara e suas três irmãs se orientam pelas informações dos médicos e pelas dicas de vizinhos e amigos que já passaram por situações semelhantes. "Cidade pequena tem dessas coisas. As pessoas se ajudam", dizNara, que mora em Pedro Leopoldo (46 km de Belo Horizonte).
O Ministério da Saúde tem lançado material de apoio para quem tem idosos em casa. O "Guia Prático do Cuidador", com orientações sobre higiene, dieta e outros assuntos está na página http://bvsms.saude.gov.br/php/level.php?lang=pt&component=51&item=38, no link "Atenção à Saúde".
Apesar de alguns idosos preferirem ser institucionalizados, para não depender de filhos e outros parentes, a maioria escolhe ficar em casa, mesmo que a família tenha capacidade limitada para realizar certos procedimentos. "O idoso é muito grato"

domingo, 15 de agosto de 2010

Vítima de superbactéria na Bélgica contraiu doença no Paquistão

Um morador de Bruxelas morreu em junho depois de voltar do Paquistão, seu país de origem, onde havia sido infectado por uma bactéria resistente a quase todos os antibióticos, indicou nesta sexta-feira (13) um funcionário do hospital belga onde foi tratado.
Esse caso foi detectado na Bélgica em junho, afirmou Denis Piérard, microbiologista do hospital universitário AZ VUB, citado pela imprensa belga.
Superbactéria que alarmou Europa é achada em 3 australianos
"Trata-se de um paciente diabético que morava em Bruxelas. Durante a viagem ao Paquistão, ele foi vítima de um acidente de carro. Depois de ter sido hospitalizado no local com um grande ferimento na perna, ele foi repatriado em seguida para a Bélgica, mas seu estado já era séptico", explicou.
Apesar da administração de colistina, um potente antibiótico, o paciente morreu, disse o médico.
Um segundo caso também foi registrado este ano na Bélgica, segundo um microbiologista da Universidade de Louvain, Youri Glupczynski, entrevistado pela rede de televisão belga RTBF.
A superbactéria considerada a causadora dessas mortes, que produz uma enzima batizada "metalo-betalactamase 1 de Nova Délhi" (NDM-1, em inglês), foi identificada pela primeira vez em 2009 em um paciente sueco hospitalizado na Índia.
Segundo um estudo divulgado esta semana pela revista britânica "The Lancet", pesquisadores também identificaram a bactéria em 37 pacientes no Reino Unido, incluindo alguns que haviam viajado à Índia ou ao Paquistão para serem submetidos a uma cirurgia estética. Três australianos que tinham viajado para a Índia também foram infectados, suscitando temores de uma propagação mundial.
A NDM-1 resiste a quase todos os tipos de antibióticos, incluindo os carbapenemos, geralmente reservados para situações de emergência e ao tratamento de infecções multirresistentes.

sábado, 14 de agosto de 2010

Farmacêutica vence licitação com remédio genérico contra colesterol

Com uma liminar que autoriza a fabricação do genérico do Lípitor (atorvastatina), a farmacêutica EMS venceu ontem uma licitação da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais.
O negócio envolve a compra de mais de 7,2 milhões de unidades da droga para colesterol mais vendida do mundo.
Segundo a EMS, a compra da versão genérica da droga gerou uma economia de R$ 4,4 milhões ao governo mineiro.
A múlti Pfizer tenta derrubar a liminar. Questionada ontem sobre o resultado da licitação, não se pronunciou.
A Pfizer defende a validade da patente do Lípitor até dezembro. Já o Tribunal Regional Federal do Rio, que concedeu a liminar, entende que a patente expirou ano passado.
A versão genérica, Lipistat, vai custar 35% a menos. O original chega a R$ 200.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Setor farmacêutico disputa na justiça mercado de R$ 1,36 bilhão

O setor farmacêutico brasileiro vive uma batalha judicial em torno de um mercado de remédios avaliado em R$ 1,36 bilhão.
São drogas cujas patentes expiraram ou vão expirar até o fim do ano, e que a indústria nacional pretende transformar em genéricos. Uma patente dura 20 anos.
A polêmica gira em torno do prazo da patente obtida por "pipeline"- reconhecimento automático que o governo brasileiro dá a patentes concedidas no exterior.
Para o Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) e as empresas nacionais de genéricos, deve ser considerada a data do primeiro registro do remédio no exterior.
Já as farmacêuticas multinacionais defendem a data mais recente. Ou seja, se um remédio recebeu a primeira patente nos EUA e, um ano depois, por alguma mudança na formulação do produto, conseguiu outra (que anula a primeira) na Europa, passaria a valer essa data.
Até pouco tempo, todas as decisões judiciais de primeira instância foram favoráveis às multinacionais. Mas nas últimas semanas, duas decisões envolvendo as drogas Lípitor (redutor de colesterol) e Seroquel (para depressão e esquizofrenia) consideraram expiradas as patentes, levando em conta as datas nos países de origem. Em ambos os casos cabe recurso.
Só a EMS -maior fabricante nacional de medicamentos- tem seis pedidos de registros de genéricos sendo avaliados pela Anvisa. Entre eles, a valsartana (Diovan).
Ao menos 37 ações judiciais aguardam julgamento no STJ (Superior Tribunal de Justiça), o que o levou a Inpi a defender o julgamento em bloco de ações sobre prazo.
Jorge Raimundo, presidente do conselho consultivo da Interfarma (associação das farmacêuticas multinacionais de pesquisa), não vê necessidade disso: "Cada caso é um caso. São produtos diferentes, de laboratórios diferentes e com vencimentos diferentes".
Para ele, o debate é importante, mas a lei é clara ao considerar o prazo de patente pelo tempo remanescente, ou seja, a partir do último registro da droga. "Ganhar um ano ou dois de uma patente é muito importante", afirma.
Na avaliação de Waldir Eschberger Júnior, vice-presidente de mercado da EMS, quem perde com isso é o consumidor, que poderia estar comprando a versão genérica desses medicamentos por, no mínimo, 35% a menos.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ceará em situação de alerta contra tipo 4 da dengue

O reaparecimento da dengue tipo 4 no Brasil; a reintrodução, após cinco anos, do sorotipo 1 em Fortaleza; e o aumento do número de casos em 25% entre julho de 2009 e 2010 no Estado, mesmo em tempo seco, acionaram o alerta vermelho para a doença no Ceará, especialmente a Capital, onde o Aedes aegypti, transmissor da doença, infectou 233 pessoas somente no mês passado.A maior preocupação é, sem dúvida, a presença do tipo 4 ou DEN-4, afirma o coordenador da Célula de Proteção e Promoção da Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Manoel Fonseca.Segundo ele, não existe como bloquear as divisas para eliminar a entrada do mosquito. A única coisa a fazer, diz, é o que o Ministério da Saúde recomendou aos Estados: redobrar as ações de combate aos focos; reforçar o atendimento nas unidades de saúde; e aumentar o número de exames de isolamento viral (que identifica qual a linhagem do tipo de dengue).Para isso, adianta Fonseca, o Estado deve cadastrar o Hospital São José como Unidade Sentinela para também colher material específico utilizado pelo Laboratório Central (Lacen) no isolamento do vírus. Atualmente, somente o Gonzaguinha do José Walter e o Centro de Saúde da Família Irmã Hercília, no São João do Tauape, fazem esse procedimento. "Se necessitar, ampliaremos a ação para o Hospital Alberto Sabin", diz ele.Uma nova campanha de esclarecimento e mobilização da população já está sendo articulada para setembro. "Sem o engajamento de todos não seremos capazes de deter o avanço do vírus", avalia o infectologista e gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Antônio Lima.O alvo será o próximo período chuvoso, época onde o mosquito se prolifera com mais facilidade. "A meta é 2011 para evitar uma nova epidemia e agora, possivelmente, com as presenças de todos os tipos".Tanto Manoel Fonseca quanto Antônio Lima são unânimes em advertir que a presença de esse novo agente, o DEN-4, poderá elevar o número de casos positivos e aumentar a gravidade da doença no País.Segundo Fonseca, o alerta nacional para a circulação do tipo 4 se justifica porque o brasileiro não tem imunidade contra este sorotipo e, por isso, há risco de epidemias caso ele se disperse para outros estados.A ausência de imunidade ao vírus 4, associada à ocorrência de epidemias anteriores por outros sorotipos virais, aumenta a possibilidade de ocorrência de casos graves de dengue. "Isto porque, quando o paciente pega a doença mais de uma vez, aumentam as chances de desenvolver formas graves da doença se infectado mais uma vez pelo mosquito", explica o médico.Circulação viralEm 1981, os sorotipos DEN-1 e DEN-4 foram os primeiros a serem isolados no Brasil, em uma epidemia de dengue ocorrida Boa Vista (Roraima). Após um intervalo de cinco anos sem registro de casos no País, detectou-se a recirculação do tipo 1 nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Alagoas, Ceará, Pernambuco e Bahia. Quatro anos depois, em 1990, o tipo 2 entrou no Brasil e, em 2001, detectaram-se os primeiros casos de DEN-3. Desde então, os três sorotipos circulam de forma dispersa e heterogênea.O tipo 4 não era detectado no Brasil desde 1982, porém já circula há vários anos em dez países das Américas, incluindo Venezuela, Peru, Colômbia e Equador. Roraima faz fronteira com a Venezuela.Por ter ocorrido há quase três décadas no País, a detecção de um caso suspeito de DEN-4 exige a confirmação laboratorial por diferentes técnicas.VIGILÂNCIASecretaria bloqueia Mondubim e CajazeirasO retorno da dengue tipo 1 a Fortaleza também é motivo de muita preocupação por parte das autoridades sanitárias do Município. A circulação do sorotipo nos bairros Mondubim (na Secretaria Executiva Regional V) e Cajazeiras (Regional VI) motivou o isolamento epidemiológica nos dois bairros por parte da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).De acordo com o gerente da Célula da Vigilância Epidemiológica da Secretaria, Antônio Lima, os dois bairros detêm a liderança no número de casos na Capital. Mondubim com 98 confirmações e Cajazeiras, com 71, merecem desde do início do ano atenção redobrada dos agentes sanitários. "Reforçamos as visitas domiciliares, o borrifo, os esclarecimentos à população com relação a importância da prevenção", informa ele.Crianças menores de seis anos e jovens de até 20 anos são alvos de maior atenção. "Até porque, em relação às crianças, o vírus 1 não circulava aqui desde 2005. Elas são as mais propensas a serem infectadas".Mesmo o DEN-1, explica ele, não sendo o mais perigoso, por não registrar formas menos graves da doença em comparação aos sorotipos 2 e 3, pode causar grandes estragos. "É preciso estar atento e redobrar os cuidados no combate ao mosquito".Segundo o boletim da SMS, Fortaleza soma este ano - entre janeiro e julho - 1.193 casos da doença. Em todo o ano passado, foram 4.142 ocorrências. A redução global não diminui a preocupação com relação ao mosquito. Se compararmos apenas o mês de julho de 2009 e 2010, houve um aumento de 130% dos casos confirmados.

Estudo detecta nova superbactéria com origem no sul da Ásia

Turistas que viajaram ao

sul da Ásia com o objetivo de fazer cirurgias estéticas levaram consigo para a Grã-Bretanha um novo tipo de bactéria mutante, resistente a antibióticos, anunciaram nesta quarta-feira cientistas, que temem que o problema se espalhe pelo mundo.

Muitas infecções hospitalares que já eram difíceis de ser tratadas tornaram-se ainda mais resistentes aos medicamentos em consequência de uma enzima descoberta recentemente e que deixa a bactéria muito resistente.

A enzima NDM-1 foi identificada pela primeira vez ano passado pelo professor Timothy Walsh, da Universidade de Cardiff, em dois tipos de bactéria - Klebsiella pneumoniae eEscherichia coli (E.coli) - em um paciente sueco internado em um hospital da Índia.

As bactérias NDM-1 são resistentes até ao carbapenem, um grupo de antibióticos utilizado como última tentativa em tratamentos de emergência contra bactérias resistentes a muitos remédios.

Os cientistas afirmaram que as bactérias foram introduzidas na Grã-Bretanha por pacientes que viajaram a Índia e Paquistão para fazer cirurgias estéticas.

No estudo, coordenado por Walsh e pela Universidade Karthikeyan Kumarasamy de Madras, os cientistas tentaram determinar a presença da NDM-1 no sul da Ásia e no Reino Unido.

Examinando pacientes com sintomas suspeitos em hospitais, eles detectaram 44 casos - 1,5% dos pesquisados - em Chennai, e 26 (8% dos pesquisados) em Haryana, cidades da Índia.

Também encontraram a superbactéria em Bangladesh e no Paquistão, assim como 37 casos na Grã-Bretanha, alguns em pacientes que haviam retornado recentemente de cirurgias estéticas na Índia e Paquistão.

"A Índia também é responsável por cirurgias estéticas de outros cidadãos europeus e americanos, e é provável que a NDM-1 se espalhe pelo mundo", afirma o estudo, publicado na na revista médica britânica "The Lancet".

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pesquisadores identificam genes relacionados à meningite

Um conjunto de genes que torna as pessoas mais propensas a contrair meningite foi identificado por pesquisadores. A informação foi publicada no site da "BBC News".
A equipe internacional comparou o DNA de 1.400 pessoas com meningite bacteriana e 6.000 indivíduos saudáveis, de acordo com relatórios da Nature Genetics.
Eles encontraram diferenças em uma família de genes envolvida na resposta imune que parece tornar as pessoas mais ou menos suscetíveis à infecção.
A equipe espera que os resultados contribuam para o desenvolvimento de novas vacinas.
Os investigadores analisaram a meningite causada pela bactéria Neisseria meningitidis, que leva ao inchaço do revestimento do cérebro e envenenamento do sangue.
Não é a primeira vez que pesquisadores tentam descobrir se algumas pessoas são mais suscetíveis a contrair meningite por causa da sua composição genética.
Mas os resultados ainda não estão claros, provavelmente devido ao pequeno número de pessoas estudadas.
No último estudo, os pesquisadores mapearam todo o código genético de 475 pacientes britânicos com a doença meningocócica e 4.700 indivíduos saudáveis.
Eles encontraram uma diferença clara em um pequeno conjunto de genes conhecido pela relação com a resposta do sistema imunológico.
Quando analisaram novamente duas outras populações europeias, eles encontraram o mesmo resultado.
VACINA
As diferenças genéticas encontradas significam que, em algumas pessoas, a bactéria é capaz de iludir o sistema imunológico e causar infecção, enquanto os sistemas de outras pessoas são mais preparados para combatê-la.
O autor do estudo, o professor Michael Levin, especialista em saúde infantil internacional do Imperial College London, disse que as descobertas seriam especialmente úteis no desenvolvimento de uma vacina contra a meningite B, que agora é responsável pela maior parte dos casos no Reino Unido.
Já existe uma vacina eficaz contra a meningite C.

OMS anuncia fim da pandemia de gripe A

GENEBRA - A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta terça-feira, 10, o fim da pandemia de gripe A, 14 meses depois de ter declarado o nível máximo de alerta pela aparição do vírus. "O mundo não está mais na fase seis de alerta pandêmico. Passamos para a fase pós-pandêmica", disse a diretora geral do organismo, Margaret Chan, que tomou a decisão de levantar o alerta conselhada pelo Comitê de Emergência da OMS, reunido horas antes.
"Esta é a opinião do Comitê de Emergência", disse Margaret Chan, em uma entrevista coletiva pelo telefone, de Hong Kong, na qual voltou a defender a atuação do organismo frente às críticas por ter causado um alarme desnecessário e uma despesa desmedida em vacinas.
No entanto, a responsável da OMS deixou claro que a passagem para a fase pós-pandêmica "não significa que o vírus A(H1N1) tenha desaparecido", e defendeu a controversa gestão da crise pelo organismo.
"Com base em nossa experiência com pandemias anteriores, esperamos que o vírus A(H1N1) adote um comportamento similar ao do vírus da gripe comum e continue circulando nos próximos anos", disse Chan.
E acrescentou que "neste período pós-pandêmico podem aparecer surtos com níveis significativos de transmissão do A(H1N1). Esta é a situação que observamos agora na Nova Zelândia e pode acontecer o mesmo em outros lugares".
Margaret ressaltou que, atualmente, o vírus da gripe A não é o dominante e que na maioria dos países circula uma mistura de vírus gripais.
Segundo ela, como em alguns países 20% e 40% da população foi infectada pelo vírus A (H1N1), isso deu certa imunidade às pessoas.
Apesar de tudo, a diretora-geral da OMS advertiu que o vírus "continuará causando uma doença grave em jovens e outros grupos de risco", por isso insistiu em recomendar a vacinação.
"Tivemos sorte neste ano que passou. O vírus não mudou para a outra forma mais letal e não foi desenvolvida resistência ao oseltamivir (princípio ativo dos remédios contra o vírus), e a vacina demonstrou ser segura", resaltou Margaret, frente àscríticas recebidas pela OMS depois que os Governos gastaram milhões em vacinas não utilizadas.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Governo alerta sobre entrada no País do vírus 4 da dengue

O Ministério da Saúde alertou, na sexta-feira passada, todas as secretarias estaduais da Saúde do País sobre fortes evidências do retorno do sorotipo 4 do vírus da dengue ao Brasil, o que traz risco de epidemias e casos graves da doença, em razão de a maioria da população nunca ter entrado em contato com esse agente causador da doença.
Também a Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu informe sobre a suspeita do governo brasileiro, pelo fato de o País não registrar a presença do sorotipo há 28 anos. As amostras positivas em testes iniciais foram colhidas de quatro pacientes de Boa Vista, onde o vírus 4 foi isolado pela primeira vez no fim de 1981. Depois disso, nunca mais o ministério reconheceu sua presença. Atualmente, circulam no Brasil três tipos do vírus.
"Há fortes indícios de serem amostras do sorotipo 4", afirmou ao Estado, da capital de Roraima, Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue.
O primeiro caso suspeito de infecção pelo sorotipo 4 foi notificado pela Secretaria Estadual da Saúde de Roraima no dia 30 de julho. Os pacientes, que se curaram sem necessidade de internação, não viajaram para outros países, o que evidencia que os casos seriam autóctones, ou seja, adquiridos na capital.
Na quinta-feira passada, após o Instituto Evandro Chagas (IEC) de Belém (PA) informar que, além do primeiro caso, outros três exames tinham resultados iniciais positivos para o vírus, o coordenador desembarcou em Boa Vista para auxiliar pessoalmente nos esforços e uma "sala de situação" foi criada no dia seguinte na capital.
A principal preocupação é com o risco de o sorotipo se espalhar para outros Estados. Outras 16 amostras aguardam avaliação no IEC.
Ações adicionais de prevenção foram implementadas nos quatro bairros (Buritis, Santa Teresa, Pricumã e Cidade Satélite) onde vivem os pacientes suspeitos - como fumacês e busca ativa de pessoas doentes. Além disso, houve convocação dos profissionais de saúde para atualização.
Segundo Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, chefe da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC, responsável pelas análises das amostras, os testes iniciais, que detectaram o DNA do vírus 4, indicam sua circulação em Boa Vista, mas análises moleculares são necessárias porque são consideradas o "padrão ouro" pela OMS. Segundo Coelho, elas garantirão que não houve contaminação do material enviado.
Há cerca de dois anos, o ministério refutou achados de um grupo de cientistas de Manaus que apontaram a circulação do vírus 4 na cidade. A pasta argumentou que as amostras não teriam passado por todos os testes (mais informações nesta página). Apesar da polêmica, o registro do vírus a qualquer momento era esperado, pois o sorotipo DEN-4 circula há vários anos em dez países americanos.
Venezuela. De acordo com Vasconcelos, do IEC, as primeiras análises indicam que o vírus das amostras de Boa Vista é semelhante ao que circula na Venezuela, país fronteiriço com Roraima. "Esperamos que as medidas contenham o vírus na cidade", disse o especialista. Em 81, o vírus não se espalhou. Já o vírus 1, detectado no mesmo ano, também em Boa Vista, chegou a seis Estados cinco anos depois.
Até o dia 3 de julho, Roraima registrou 4.834 casos de dengue. O Estado está entre os que atingiram a maior taxa de incidência da doença, mas hoje registra tendência geral de queda de casos. "Só o tempo vai nos dizer se as medidas foram suficientes. E teremos de esperar o verão nas outras regiões", diz Vasconcelos.
"A entrada do vírus aumenta o nível de alerta, pois toda a população brasileira esta suscetível", afirma o epidemiologista Jarbas Barbosa, ex-gerente da área de Vigilância em Saúde, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e atualmente consultor na área de Saúde do Senado. "Em outros países, o sorotipo 4 nunca foi associado a epidemias explosivas, mas é bom ser um pouquinho pessimista", disse. "Quando o sorotipo 3 entrou no Brasil, também achávamos que seria tranquilo, mas a chegada de uma variedade asiática causou grandes estragos."

PARA ENTENDER
1.O que é o DEN-4?
É um dos quatro sorotipos do vírus da dengue, que não surgia no País desde 1981.
2.Ele causa sintomas diferentes?
Não. Os quatro sorotipos virais de dengue causam os mesmos sintomas. O tratamento também é o mesmo.
3.Qual o motivo do alerta?
A população brasileira não tem imunidade contra esse sorotipo e há risco de epidemias caso ele se disperse. Além disso, a ocorrência de epidemias anteriores por outros sorotipos aumenta o risco de casos graves.