terça-feira, 30 de setembro de 2014

Oito estratégias para acelerar a recuperação dos músculos

Tão importante quanto treinar é recuperar os músculos. Descanso, alongamento e sono são algumas medidas que potencializam o processo

Patricia Orlando
Os ganhos de massa muscular só ocorrem durante o período de recuperação
Os ganhos de massa muscular só ocorrem durante o período de recuperação (Thinkstock/VEJA)
A recuperação dos músculos após a atividade física é tão importante quanto a prática do exercício em si, já que ela diminui as dores e a fadiga no dia seguinte à prática, melhora o desempenho nos próximos treinos e aumenta a massa muscular. "Durante o exercício, não há nenhum beneficio ao corpo. É na recuperação que isso acontece", diz o fisiologista Turíbio de Leite Barros, diretor técnico da Physio Institute, em São Paulo.
Existem duas etapas para a recuperação muscular: a que repõe o estoque de energia que o músculo utilizou durante o exercício e a que restaura as lesões provocadas pela atividade física na musculatura.

Carboidrato — A primeira etapa consiste em repor a energia que o músculo gastou durante o exercício. Isso é feito por meio da ingestão de carboidrato, absorvido pelas células em forma de glicogênio. Para acelerar esse processo, o ideal é fazer um pequeno lanche até 30 minutos após o término do exercício físico, porque é nesse período em que as células conseguem captar mais glicose e de forma mais rápida. "Ingerir algum carboidrato de simples digestão, como um suco de frutas, logo após a atividade ajuda na recuperação do músculo", diz Turíbio de Leite Barros. Depois de 30 minutos, o corpo continua a estocar glicogênio, porém, mais lentamente.
Devolver energia aos músculos é importante principalmente para os praticantes de atividades aeróbicas, como a corrida, já que nesses exercícios há mais gasto energético do que sobrecarga muscular. "Quanto maior a duração do treino, mais glicogênio o corpo vai utilizar", diz o educador físico Rafael Baptista, professor da faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Normalmente, a reposição de energia nas células musculares leva entre 12 e 24 horas para acontecer.
Regeneração — A segunda etapa de recuperação é essencial para que a musculatura aumente. Um exercício de força provoca pequenas lesões no músculo, que são "curadas" pelas proteínas sintetizadas por células do tecido muscular durante a atividade física. Essa regeneração é o que leva ao aumento da massa muscular. Mas, para o músculo se recuperar completamente, ele deve descansar por 48 horas. Por isso, não é recomendável exercitar o mesmo grupo muscular dois dias seguidos.
Se essas duas etapas de recuperação dos músculos não forem seguidas corretamente, há risco de dores no dia seguinte à atividade física, de lesões, fadiga, perda de flexibilidade e prejuízos ao desempenho nos exercícios.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Pacientes perdem a visão após cirurgia de catarata em Barueri

Moradores da cidade conseguiam ler, escrever, dirigir e trabalhar. Mas, depois do mutirão da cirurgia de catarata, a vida dessas pessoas mudou para pior.

A sala de cirurgia esconde um mistério. Vinte e três pessoas com catarata passaram por ela em um mesmo dia com uma só esperança: voltar a enxergar como antes. Agora, 12 delas dizem que estão cegas de um olho.
O mutirão da cirurgia de catarata aconteceu no dia 6 de agosto no Hospital Municipal de Barueri, na Grande São Paulo. A intenção da prefeitura era melhorar a visão de um grupo de moradores da cidade, a maioria com mais de 60 anos, que tinha a doença, mas ainda conseguia ler, escrever, dirigir e até trabalhar. Só que, depois da cirurgia, a vida dessas pessoas mudou para pior. A catarata é uma doença que acontece quando o cristalino, a lente natural dos nossos olhos, vai escurecendo e fica opaco.
A cirurgia, considerada simples, consiste em trocar o cristalino embaçado por uma lente artificial. Segundo documentos da investigação do hospital, os problemas começaram ainda durante as cirurgias.
Dezoito pacientes reclamaram de muita dor. Nos dias seguintes, o próprio médico que fez a operação, doutor André Vidoris, detectou um problema ainda mais grave: um ferimento na córnea em 20 dos 23 pacientes. Das 23 pessoas que fizeram a cirurgia da catarata em Barueri, o Fantástico conseguiu reunir 11 delas. Todas têm mais de 60 anos e tinham problemas sérios de visão. Fizeram a cirurgia na esperança de enxergar melhor. Como o aposentado José de Souza Santos.
Fantástico: Como é que o senhor enxergava antes da cirurgia?
José de Souza Santos: Dava para ler, escrever, dirigir. Dava para levar uma vida mais ou menos normal. Agora não dá, porque esse cegou de uma vez.
Fantástico: O senhor não enxerga nada?
José de Souza Santos: Nada, nada, nada.
Fantástico: O senhor não vê um vulto, um clarão, nada.
José de Souza Santos: Se botar a mão aqui aí fica escuro aí não enxerga nada.
Fantástico: O senhor sentiu dor na hora da cirurgia?
José de Souza Santos: Senti.
Fantástico: Como é que foi essa dor?
José de Souza Santos: Aquela pontada assim. Parece que quando ele colocou a lente no olho aqui e empurrou, doeu que eu gritei.
Aparecido Apolinário da Silva: Eu falei, doutor, está doendo. Ele falou, não, isso aí é normal. Aí já saí da mesa ali. E continuou doendo. E os outros continuaram fazendo a operação.
Fantástico: E hoje como é que o senhor está enxergando?
Aparecido: Não estou enxergando nada. Tampo essa aqui, eu não vejo o senhor.
A maioria dos pacientes já se aposentou. Mas não era o caso do motorista Xisto Garcia Lopes, de 65 anos. “Quarenta e sete anos só de motorista, fazendo São Paulo - Rio. Estou pendurado. E eu não sou aposentado, eu trabalho ainda. Eu sei que eu pus um dedo, mas se você pôr aí, eu não vejo. Levei já uns quatro, cinco tombos. Quando eu pensei que estava no último degrau, estava faltando um para descer”, conta o motorista.
Até o fim do mês passado, o Hospital Municipal de Barueri era administrado por uma organização social chamada Pró-saúde. A investigação da empresa descartou contaminação do material usado nas cirurgias.
“Existe um processo biológico, um processo físico que mostra se esses materiais realmente estavam esterilizados. E nós temos essa comprovação de que os processos estavam validados, estavam ok”, diz Alba Lucia Muniz, da Pró-saúde.
O dano na córnea dos pacientes foi causado, segundo o hospital, por um problema chamado síndrome tóxica do segmento anterior.
O Fantástico conversou com um especialista, que não trabalha com a equipe de Barueri, para explicar.
“Síndrome tóxica do segmento anterior é uma complicação rara, mas possível de acontecer depois da cirurgia da catarata. Ela decorre da irritação das estruturas do olho quando entra, durante a cirurgia, produtos químicos, às vezes, restos de sabão e substâncias de limpeza, ou mesmo outras substâncias que não deveriam estar presentes nos líquidos que o cirurgião utiliza durante a cirurgia para retirar a catarata e colocar depois a lente intraocular”, explica Rubens Belfort Jr, professor de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina.
Para o subsecretário de saúde de Barueri, a principal suspeita é uma alteração em algum dos anestésicos usados. “Você tem 18 pacientes que você anestesia e que se queixam de dor intensa e passa. E depois você vai avaliar 18 de 12 e eles apresentam uma síndrome tóxica. Aí a gente é obrigado a começar pensando por aqui”, diz Eduardo Gomes de Menezes, subsecretário de saúde de Barueri.
Na listagem de produtos usados na cirurgia estão três anestésicos. Um deles é produzido pela indústria farmacêutica Alcon. Os outros dois pela Cristália. As duas empresas mandaram notas informando que fizeram testes e não detectaram qualquer problema nas anestesias usadas em Barueri.
O médico que fez a cirurgia também se manifestou por nota. Ele diz que aguarda a apuração dos fatos.
O subsecretário de saúde não acredita em erro do cirurgião. “Se você tem uma pessoa que erra e sabe que foi, ela vai tentar, de alguma forma, acobertar ou levantar o mínimo de poeira possível. Não vai notificar a diretoria que isso aconteceu e pedir apuração. Estamos dando toda a assistência para aqueles que tiveram um desfecho mais difícil de perda de visão possam ser encaminhados para o transplante de córnea e ter a situação deles amenizada”, diz o subsecretário de saúde.
Enquanto aguardam, os pacientes precisam da ajuda da família para tudo. “Estou sendo carregada pela mão das filhas”, conta a aposentada Terezinha Ângelo de Menezes.
Seu Antônio, aos 78 anos, lamenta não só a falta da visão, mas também a perda do único passatempo que tinha. “Antes a gente brincava até de 'voleizinho' adaptado. Era a única diversão que a gente tinha. Mas infelizmente a vida é assim, né. Nem tudo dá certinho”, lamenta ele.

domingo, 28 de setembro de 2014

Cientistas descobrem ‘interruptor’ que atua em envelhecimento celular

Enzima que prolonga capacidade da célula de se dividir 'liga' e 'desliga'.
Compreensão pode levar a tratamento de doenças do envelhecimento.

Do G1, em São Paulo

Pesquisadores Victoria Lundblad e Timothy Tucey fizeram descobertas sobre como funciona a enzima telomerase (Foto: Cortesia do Salk Institute for Biological Studies)Pesquisadores Victoria Lundblad e Timothy Tucey fizeram descobertas sobre como funciona a enzima telomerase (Foto: Cortesia do Salk Institute for Biological Studies)
À medida que nossas células se dividem – para renovar tecidos da pele, pulmões, fígado e outros órgãos – as extremidades dos cromossomos presentes nas células vão se encurtando cada vez mais. Quando essas extremidades, chamadas telômeros, tornam-se muito curtas, as células perdem a capacidade de se dividir, o que promove a degeneração dos tecidos. Isso é o que geralmente ocorre com o envelhecimento.
Existe, porém, uma enzima chamada telomerase que é capaz de reconstruir os telômeros, prolongando a capacidade das células de se dividir. Uma pesquisa publicada este mês na revista “Genes and Development”, desenvolvida pelo Instituto Salk para Estudos Biológicos, na Califórnia, avançou na compreensão de como funciona essa enzima. O estudo descobriu que existe um tipo de “interruptor”, capaz de “desligar” e “ligar” essa enzima.
Desta forma, em algumas situações, mesmo quando presente na célula, ela pode não impedir seu processo de envelhecimento.
Entender de que forma esse interruptor é ligado e desligado pode ajudar a desenvolver mecanismos para evitar o envelhecimento celular. E também pode trazer informações importantes para pesquisas na área de câncer. Isso porque a presença de grandes quantidades de telomerase está relacionada ao crescimento celular desregulado que caracteriza o câncer.
Levedura de pão
O estudo foi feito em uma levedura unicelular chamada Saccharomyces cerevisiae, usada para fazer vinho e pão. Os cientistas observaram o processo de divisão celular nessa levedura, para desvendar os mecanismos de funcionamento da telomerase.
O que descobriram foi que, enquanto a duplicação do genoma está em curso, a telomerase fica “desmontada” e inativa. Mas, assim que a duplicação termina, a enzima se “monta” de volta, tornando-se ativa e recompondo as extremidades dos cromossomos para garantir a divisão celular completa.
“Estudos anteriores sugeriam que, uma vez presente, a telomerase está disponível sempre que for necessário”, diz a pesquisadora Vicki Lundblad, uma das autoras do estudo. “Ficamos surpresos ao descobrir que, em vez disso, a telomerase tem o que é em essência um botão de ‘desligar’, pelo qual ela se desmonta.”
Caso a ciência aprenda a manipular esse interruptor que liga e desliga a enzima telomerase, pode ser possível tanto desenvolver tratamentos para as doenças do envelhecimento quanto desenvolver mecanismos de combate ao câncer

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Substância retirada do ipê pode ajudar a tratar leucemia

Além de ser um colírio para os olhos, ipês também podem fazer bem para outras partes do corpo, conforme apontam estudos iniciais feitos por pesquisadores brasileiros


Uma substância derivada de árvores do ipê pode ser o caminho para o tratamento de leucemias - diferentes tipos de câncer que afetam os glóbulos brancos, células responsáveis pelo sistema de defesa do organismo. Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) identificaram três moléculas capazes de atuar sobre glóbulos brancos cancerígenos, sem afetar as células saudáveis. A descoberta pode levar à criação de fármacos específicos para o tratamento de diferentes tipos de leucemias. O trabalho foi publicado na revista científica European Journal of Medicinal Chemistry.
Os pesquisadores criaram as moléculas da união do núcleo das células de outras duas substâncias e as testaram em quatro linhagens diferentes de leucemia, duas de linfoide aguda, mais comum em crianças e com prognóstico melhor; e duas de mieloide aguda, mais rara, mas responsável pelos casos mais graves. Dos 18 compostos criados, 3 se mostraram mais potentes e com seletividade maior - atacaram as células cancerígenas e, em menor grau, as células saudáveis. E, principalmente, tiveram comportamento diferenciado em relação às linhagens de leucemia. Uma delas se mostrou 19 vezes mais potente sobre células de leucemia linfoide do que sobre as de leucemia mieloide.
"É a primeira vez que se investiga as moléculas oriundas dessa estratégia de junção de núcleos em diferentes linhagens de leucemia. E o mais importante é conhecer esse perfil de atividade de acordo com a linhagem. A leucemia é um dos tipos de câncer que mais afetam crianças e por trás da palavra leucemia se esconde uma grande diversidade de doenças. O grande problema da terapia é a falta do medicamento específico para cada tipo de leucemia", afirma o farmacêutico Floriano Paes Silva Junior, chefe do Laboratório de Bioquímica de Proteínas e Peptídeos do IOC.
As moléculas foram preparadas pelo grupo coordenado pelos pesquisadores Fernando de Carvalho da Silva e Vitor Francisco Ferreira, da UFF, com base no núcleo das células de duas substâncias. Uma delas é derivada de um produto natural extraído do ipê. Esse núcleo pertence à classe química das quinonas. "O que nós queremos é matar as células malignas, mas as quinonas costumam ter baixa seletividade, ou seja, matam também as células saudáveis", disse Silva Junior.
Os cientistas combinaram, então, o núcleo da quinona com o de outra molécula, chamada triazol, que tem a capacidade de atingir somente as células cancerígenas. Silva Júnior ressalta que esse é o "primeiro passo" para a criação de um fármaco. Mas testes e análises ainda devem levar pelo menos dez anos.

sábado, 20 de setembro de 2014

Anvisa encontra pelo de roedor em extrato de tomate da Knorr Elefante

Lote do produto reprovado em testes foi interditado pela agência por 90 dias

Extrato de tomate da Knorr Elefant: Anvisa reprovou produto em teste e interditou lote
Extrato de tomate da Knorr Elefant: Anvisa reprovou produto em teste e interditou lote (Reprodução/VEJA)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou hoje a interdição cautelar, por 90 dias, de um lote do extrato de tomate da Knorr Elefante, fabricado pela empresa Cargill Agrícola. A decisão foi tomada após testes encontrarem pelo de roedor em uma das embalagens.
Segundo a Anvisa, o lote interditado, o L6, com validade até 21 de maio de 2015, obteve resultados insatisfatórios “de rotulagem e de matéria estranha macroscópica e microscópica”. A agência informou que técnicos encontraram “fragmentos de pelo de roedor acima do limite de tolerância estabelecida”, que é de um fragmento por 100 gramas.
A decisão da Anvisa foi publicada na edição desta sexta-feira do Diário Oficial da União. A empresa Cargill Agrícola ainda não se posicionou.
(Com Agência Brasil)

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Diabetes pode aumentar risco de Alzheimer em 50%

Por outro lado, estilo de vida saudável ajuda a diminuir chances da doença. Conclusão é de organização internacional dedicada a estudar o tema

Alzheimer: deixar de fumar e controlar o diabetes e a pressão arterial pode reduzir chances da doença, segundo organização
Alzheimer: deixar de fumar e controlar o diabetes e a pressão arterial pode reduzir chances da doença, segundo organização (Thinkstock/VEJA)
O diabetes pode aumentar o risco de Alzheimer e outros tipos de demência em até 50%. Além disso, tabagismo e a pressão alta são outros fatores que estão associados a tais condições. É o que aponta um relatório anual divulgado pela Alzheimer’s Disease International (ADI), organização internacional que reúne associações atuantes no tema.
O informe, lançado nesta quarta-feira por ocasião do Dia Mundial do Alzheimer, celebrado no próximo domingo, ressalta a importância do controle dos fatores de risco evitáveis, geralmente associados aos hábitos de vida. Segundo o documento, controlar o diabetes e a pressão arterial, assim como fazer com que fumantes abandonem o cigarro, por exemplo, pode ajudar a diminuir o risco de demência.
Existem duas formas de explicar a conexão entre diabetes e Alzheimer, segundo Lilian Schafirovits Morillo, coordenadora do ambulatório de demência moderada do Hospital das Clínicas da USP. "A frente direta é que existem receptores de glicose e insulina em áreas do cérebro responsáveis pela memória. O excesso de glicose e de insulina, decorrente do diabetes, pode danificar essas regiões do cérebro", diz. "De forma indireta, podemos dizer que o diabetes, a hipertensão, a obesidade, o sedentarismo e o cigarro afetam as artérias do cérebro, o que piora um quadro de neurodegeneração."
Conhecimento — Apesar da importância do controle desses fatores de risco, os números apresentados no relatório mostram que a maioria da população não conhece a relação entre o Alzheimer e essas doenças. Apenas um quarto das pessoas associa a obesidade a um risco aumentado de demência. Já a relação entre atividade física e a redução do desenvolvimento do Alzheimer só é reconhecida por 23% das pessoas.
O controle do diabetes, hipertensão e outros fatores de risco é apontado pelo relatório e por especialistas como estratégia bem-sucedida dos países ricos na prevenção do Alzheimer. Segundo o documento, há evidências de que a incidência de demência parece estar caindo nos países mais desenvolvidos, enquanto sobe nos países de média e baixa renda, como o Brasil.
Para o conselheiro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Rubens de Fraga Júnior, isso acontece porque os países menos desenvolvidos não têm estrutura eficaz no controle das doenças crônicas que atuam como fatores de risco para o Alzheimer. "Essa relação entre os dois problemas deve nortear as políticas públicas. Assim como os países ricos já fazem, temos de focar a prevenção do Alzheimer no controle dos fatores de risco evitáveis."

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Espera em PS não poderá superar 2 horas, define CFM

O relator das normas avalia que parte dos médicos vai resistir em fazer denúncias contra os serviços onde atuam

AE
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Duas resoluções do Conselho Federal de Medicina publicadas nesta terça-feira, 16, no Diário Oficial tornam mais claras as regras para atendimento nos prontos-socorros e Unidades de Pronto Atendimento. Os textos determinam que o tempo de espera do paciente para atendimento num pronto-socorro não pode ser superior a duas horas. E a permanência no serviço não pode ultrapassar 24 horas. Passado esse prazo, o paciente deve ter alta, ser internado ou transferido.

"As resoluções pretendem dar ordem ao caos instalado no atendimento", afirmou o presidente em exercício do CFM, Carlos Vital. "A intenção é dar o mínimo de orientação, garantir um fluxo para o atendimento do paciente." Parte das regras existentes nas resoluções já está prevista nas portarias que regulam o Sistema Único de Saúde. "Agora ganham visibilidade, devem ser seguidas por profissionais tanto da rede pública quanto da rede privada e terão seu cumprimento fiscalizado pelos conselhos regionais, afirmou o relator das duas normas, Mauro de Britto Ribeiro.

As normas foram discutidas ao longo de quatro anos. A publicação ocorre em meio a uma queda de braço entre a entidade de classe e o Ministério da Saúde. A disputa foi deflagrada há mais de um ano, ainda durante a discussão sobre o Mais Médicos, mas não há sinais de trégua.

A resolução proíbe a internação de pacientes nos prontos-socorros. Médicos plantonistas devem comunicar superiores quando o serviço não dispuser de condições adequadas de atendimento ou estiver superlotado. Pacientes em situação de risco de morte ou grande sofrimento devem ser atendidos mesmo quando não houver vagas, algo que já ocorre hoje. Mas a ideia é a de que fique assinalado que tal medida deve ocorrer em caráter excepcional. De acordo com o CFM, no entanto, a admissão de pacientes mesmo sem condições mínimas de atendimento virou algo de praxe.

"A resolução não vai resolver todos os problemas, mas aponta um caminho", disse Vital. Ele admitiu que a melhora nos serviços depende de uma ampliação da infraestrutura e da formação de um corpo de funcionários em número suficiente para o atendimento da população. "Não há como resolver um problema crônico, de 20, 25 anos, de uma hora para outra. E ainda com causa multifatorial."

Mesmo admitindo não ser possível o cumprimento a curto prazo, as resoluções do CFM já estão em vigor. Não foi concedido prazo para que gestores se adaptassem. Ribeiro avalia que parte dos médicos vai resistir em fazer denúncias contra os serviços onde atuam. E pondera que eles não terão condições de fiscalizar o tempo entre a triagem e o atendimento no pronto-socorro. "O controle será feito, em grande parte, pelas equipes dos conselhos regionais."

As resoluções também trazem regras para os médicos. A troca de plantão somente pode ser feita de um profissional médico para outro. Embora a regra seja essa, Ribeiro admitiu que nem sempre ela é cumprida. "Não esquecemos das atribuições dos profissionais. Vamos fiscalizar para verificar se eles cumprem horário, para ver se eles internam paciente - muitos resistem para reduzir a responsabilidade e deixar todas as atribuições para o colega que está de plantão." Alta, transferência ou encaminhamento do paciente também somente poderão ser feitos pelo médico.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

ONU pede US$ 1 bilhão para conter casos de ebola na África Ocidental

Secretário-geral da ONU vai anunciar coalizão global contra a doença.
Vírus é um dos mais mortais que existem e mata até 90% dos infectados.

Do G1, em São Paulo
V2 - Entenda o ebola e suas consequências (Foto: G1)
A Organização Mundial da Saúde, a OMS, afirmou nesta terça-feira (16) que a epidemia de ebola é uma crise “sem paralelos em tempos modernos” e afirmou que é necessário US$ 1 bilhão ou mais para conter a crise que atinge a África Ocidental.
Segundo a agência das Nações Unidas, 2.461 pessoas morreram pela doença e há 4.985 contaminados.
De acordo com Bruce Aylward, da OMS, a expectativa inicial é que 20 mil pessoas sejam atingidas pela doença se ocorrer uma resposta rápida para isso. "Essa crise de saúde que estamos enfrentando é incomparável", afirmou.
A direção da OMS anunciou ainda que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, vai divulgar na próxima quinta-feira (18) uma coalizão global para combater a doença.
Ainda nesta terça, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve anunciar o envio de 3 mil militares americanos à África ocidental para ações de combate ao vírus ebola.
Obama vai apresentar seu plano de ação contra a doença durante visita ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em Atlanta.

Os esforços americanos se concentrarão na Libéria, um dos três países mais afetados pela epidemia, junto à Guiné e Serra Leoa. O centro de comando da operação ficará em Monróvia.
O presidente pediu ao Congresso a aprovação de uma verba adicional de US$ 88 milhões, o que eleva o montante total da ajuda dos EUA aos três países a US$ 250 milhões.
 
Vírus mortal
O ebola é um dos vírus mais mortais que existem. Ele mata até 90% dos infectados e não há cura ou vacina disponível para uso na população. A doença foi registrada nos primeiros seres humanos em 1976, em Yambuku, uma aldeia na República Democrática do Congo, às margens do Rio Ebola. Desde então, mais de 20 surtos da doenças ocorreram em países da África Central e Ocidental.
O Brasil segue sem casos suspeitos de ebola, segundo o Ministério da Saúde. Os serviços de saúde do país já estão em alerta para identificar pacientes que possam ter tido contato com o vírus. A OMS estuda a fabricação de oito medicamentos e duas vacinas para tratar a doença.
Um problema grave que fomenta a epidemia atualmente é que nos países africanos afetados há hábitos tradicionais como lavar os cadáveres antes do funeral, o que gera um contato capaz de transmitir o ebola.
A OMS já disse publicamente que essas práticas culturais "contribuem fortemente" para a epidemia. Além disso, há muito movimento de pessoas através das fronteiras de Guiné, Libéria e Serra Leoa, o que posssibilitou à epidemia se tornar internacional.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Governo e os médicos garantem: a vacina contra HPV é segura

Meninas tiveram reações adversas após tomar vacina em escola de SP. Especialistas descartam que problemas tenham sido causados por vacina.

Vários telespectadores procuraram o Fantástico pedindo uma reportagem esclarecedora sobre o assunto, como a Dona Cristina. “Meu nome é Cristina dos Reis, eu moro em Niterói, no Rio de Janeiro, e tenho uma filha de 18 anos que eu ia levar essa semana agora para tomar a vacina contra o vírus HPV em uma clínica particular. Mas eu tenho ouvido tantos relatos a respeito de reações adversas graves provocadas pela vacina, que eu gostaria de saber mais sobre o assunto aqui no Fantástico”, disse ela.
O Fantástico esclarece isso na reportagem a seguir:
Luana Raiane Barros da Silva, de 12 anos, e Mariana Vitória Freitas da Costa, também de 12 anos, contaram como ficaram, há duas semanas, logo depois de tomar a vacina contra o HPV.
“Cerca de 20 minutos, por aí, e aí eu comecei a passar mal”, lembra Luana.

Fantástico: E não conseguia caminhar, não conseguia andar nada?
Mariana: Não.
“Eu comecei a sentir formigar e aí do nada as pernas pararam. Se eu ficasse em pé, nem adiantava, não dava, não dava”, diz Luana.

Passaram seis dias internadas. Receberam alta na quarta-feira. Elas não foram as únicas a passar mal. Outra jovem foi internada no hospital com os mesmos sintomas, e outras oito meninas também apresentaram problemas mais leves, como falta de sensibilidade nas pernas, dor de cabeça e tontura.
Elas estudam em uma escola em Bertioga, litoral de São Paulo. Foi lá que elas receberam a vacina.
“Um desespero, um monte de criança chorando, se tremendo, dizendo que não estava sentindo as pernas”, conta Fabíola Freitas de Lima, mãe da Mariana.
“Aí eu perguntei: ‘O que aconteceu?’ ‘Tomaram a vacina e começaram a cair’”, afirma Rosália Alves Barros, mãe de Luana.
Por que elas tiveram esses sintomas? Existe de fato uma relação com a vacina?
Desde março, o Brasil oferece essa imunização, de graça, em postos de saúde e escolas para meninas de 11 a 13 anos. Mais de 4,4 milhões já foram vacinadas.
Ao serem vacinadas, as jovens são protegidas contra os tipos mais frequentes do HPV. O Papilomavírus Humano, o HPV, é um vírus sexualmente transmissível que pode causar o câncer de colo de útero, o terceiro tipo de tumor mais comum em mulheres e o quarto câncer que mais mata brasileiras.
A vacina não usa o vírus enfraquecido, como é comum em outras, como febre amarela e sarampo. A do HPV usa apenas um pedacinho do vírus, que tem uma proteína chamada L1. Só essa proteína já é suficiente para ativar o sistema de defesa do organismo contra o HPV.
A vacina é novidade no Brasil, mas já foi adotada há muito tempo em outros países. Nos Estados Unidos, a vacina contra o HPV não é obrigatória e não é de graça. A recomendação é que meninas e meninos entre 11 e 12 anos sejam imunizados.
A reação mais observada é dor de cabeça. Há algumas investigações abertas para apurar casos, como, por exemplo, o de um adolescente que morreu dormindo seis meses depois de tomar a última dose. O Fantástico conversou pela internet com o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. “Algumas pessoas podem ter uma reação alérgica a essa vacina, mas é algo que pode acontecer após tomar qualquer vacina. Nós conduzimos vários estudos e eles nos mostraram que a vacina contra o HPV é muito segura”, afirma Tom Shimabokuro.
No Japão, a vacina contra o HPV chegou em 2009. Porém, só em abril do ano passado teve início uma campanha nacional de vacinação. O foco eram meninas entre 12 e 16 anos.
Ao todo, 3,4 milhões de doses foram aplicadas, e 176 adolescentes que receberam a vacina apresentaram reações mais sérias. Isso dá um problema mais grave para cada 20 mil pessoas vacinadas. É pouco, mas já foi o suficiente para o governo japonês suspender a campanha.
O neurologista Toshiaki Hirai acabou de fazer um estudo com sete meninas japonesas que apresentaram sintomas: dor crônica, perda de força e sensibilidade nas pernas, e também de memória. Ele conta que uma delas não reconhece mais os pais. Exames de tomografia computadorizada no cérebro das adolescentes revelaram menos circulação sanguínea na parte de trás da cabeça.
É importante ressaltar que ainda não se sabe se existe uma relação direta entre a aplicação da vacina e os problemas que surgiram.
Mesmo com a campanha suspensa, a vacina contra o HPV ainda está disponível de graça nos principais hospitais e clínicas do Japão.
Na Grã-Bretanha, a vacina contra HPV é aplicada há seis anos. Meninas de 12 e 13 anos recebem as doses na escola.
Nos dois primeiros anos de vacinação, o governo britânico fez um estudo para avaliar a segurança. Cinco mil meninas, 1% das que foram vacinadas, relataram efeitos colaterais. Mas os médicos concluíram que eram reações esperadas, e muitas vezes causadas por efeitos psicológicos, por medo da vacina. Houve apenas um caso que chamou a atenção do governo e teve muita repercussão: em 2009, uma menina morreu horas depois de receber a vacina, mas uma investigação concluiu que o motivo foi um tumor que ninguém sabia que ela tinha. Portanto, nenhuma relação com a vacina.

No Brasil, os médicos também acreditam que as adolescentes de Bertioga, que perderam os movimentos das pernas por alguns dias, tiveram uma reação emocional, não física. “Tem a ver com essa preocupação, com o medo de que essa injeção possa doer. A própria OMS já define esse termo: ‘reação de ansiedade após imunização’”, afirma a diretora de imunização da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Helena Sato.
Segundo os médicos, o problema é comum em adolescentes, principalmente meninas. E, quando elas estão em grupo, uma acaba 'sentindo' os mesmos sintomas da outra. “Isso já aconteceu na Austrália. Meninas que foram vacinadas reportam sensações diferentes e há como se existisse um estresse quase que coletivo relacionado à aplicação da vacina em algumas meninas que apresentem os mesmos sintomas”, conta o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri.
No hospital, Luana e Mariana fizeram exames neurológicos, testes de reflexo, sensibilidade, também uma tomografia. E a tomografia do crânio está sem alterações.
O governo e os médicos garantem: a vacina é segura. “Nós estamos falando de 0,03% do número de doses aplicadas versus número de reações reportadas”, afirma Kfouri.
“Essa é uma vacina extremamente importante. Porque é uma vacina eficaz, que previne contra o câncer”, ressalta Sato.
Ester da Cruz Romão, de 13 anos, está bem certa da decisão: “Isso previne de eu pegar doenças. Eu tomo mesmo porque isso é importante”, diz a menina.

domingo, 14 de setembro de 2014

Treinos turbinados

Equipamentos que simulam a prática de esportes e permitem o treinamento de vários grupos musculares ao mesmo tempo, com maior controle dos movimentos e menor risco de lesões, são as novidades que estarão nas academias na próxima temporada

Cilene Pereira (cilene@istoe.com.br)
Uma nova geração de equipamentos irá mudar a face dos treinos nas academias a partir dos próximos meses. São aparelhos que, entre outras inovações, privilegiam a execução de movimentos mais globais – e não mais focados apenas em um ou dois grupos musculares –, proporcionam maior controle dos movimentos e colocam níveis de desafios mais sofisticados para os praticantes de atividade física. As novidades foram apresentadas durante a última edição da IHRSA Fitness Brasil, feira realizada recentemente em São Paulo. Uma das mais tradicionais do setor, ela é conhecida por apresentar o que há de mais importante em tendências para a área. O que é mostrado por lá normalmente desembarca nas academias rapidamente.
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VELOCIDADE
Esteira que simula subidas pode ser usada por ciclistas
para treinos mais intensos e rápidos
A esteira Hi-Tech foi um dos aparelhos que mais despertaram a atenção. Ela simula subidas e descidas – coisa que a maioria já proporciona, é verdade – e permite que o praticante corra de costas. Além disso, pode ser usada por cadeirantes e também por ciclistas, pois sua velocidade chega a 80 km/h. Normalmente, a bicicleta pode alcançar até cerca de 50 km/h. “A esteira que simula subidas e descidas (acima) e outros novos aparelhos trazem muita versatilidade para o treinamento cardiorrespiratório”, afirma Tavicco Moscatello, diretor pedagógico da Fitness Brasil, empresa organizadora da IHRSA.
Nessa mesma linha há também o E-glide, um equipamento de spinning em pé. Na verdade, trata-se de uma mistura da conhecida bicicleta de spinning com elíptico. O treino nesse aparelho oferece uma intensidade consideravelmente maior do que na bike comum. Porém, uma das vantagens que mais agradam é a de proporcionar movimentos mais amplos do que no spinning tradicional, com menos riscos de lesões. Conta também a favor do novo equipamento o fato de exigir o trabalho de outros grupos musculares, como os usados para sustentar a posição em pé (das costas e quadril). O recurso pode ser usado tanto nas aulas de spinning como nos modelos circuito, no qual o aluno passa por diversas estações com um tipo diferente de exercício.
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"Os novos aparelhos trazem muita versatilidade para
o treinamento cardiorrespiratório"
Tavicco Moscatello, diretor pedagógico da Fitness Brasil
Outra tendência de fôlego são os aparelhos que imitam a prática de esportes. Podem ser usados isoladamente, como é o caso do simulador de esqui, ou em aula, a exemplo da proposta que une o equipamento water rower com o treino intervalado de alta intensidade. No simulador, a ideia é possibilitar que o praticante trabalhe glúteos, abdome e coxas, gastando em torno de 800 calorias por hora. Já com o equipamento que permite a execução de movimentos do remo, o objetivo é utilizá-lo como mais um recurso para os treinos nos quais a intensidade é alternada. Entre outras coisas, ele possui um reservatório de água para possibilitar uma simulação precisa do movimento da remada.
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INOVAÇÃO
O simulador de esqui e a prancha com rodas semelhante ao skate atraem
pela novidade e proporcionam alta queima calórica e resultados mais rápidos
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A ênfase em proporcionar o treinamento de movimentos que integrem grupos musculares também se traduz nas novas aulas a serem adotadas nas academias. Algumas foram apresentadas durante o 16º Congresso Internacional SM Fitness & Wellness, no Rio de Janeiro. Uma delas é o Funcional Board Fitness. O aluno precisa fazer movimentos se equilibrando sobre uma prancha de madeira coberta por material emborrachado, com quatro rodas articuladas em sua parte inferior. Assemelha-se a um skate e aguenta até 120 quilos. “A principal vantagem da prancha instável é que força a ativação da região central do corpo e o equilíbrio, tornando os exercícios mais difíceis. O aluno tem maior gasto calórico e um resultado mais rápido”, afirma o professor de educação física Fernando Fonseca, entusiasta da modalidade. Em aulas de 30 a 40 minutos, é possível perder 880 calorias (homens) e 580 (mulheres).
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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ebola já deixou mais de 2.400 mortos na África Ocidental, segundo OMS

De acordo com balanço, ao todo 4.784 pessoas foram infectadas.
Cuba enviará 165 médicos e enfermeiros a Serra Leoa.

Da France Presse
Diretora da OMS, Margaret Chan, fala à imprensa em Genebra ao lado do ministro de Saúde de Cuba, Roberto Morales Ojeda, que anunciou nesta sexta-feira (12) o envio de 165 profissionais de saúde a Serra Leoa (Foto: Reuters/Pierre Albouy)Diretora da OMS, Margaret Chan, fala à imprensa em Genebra ao lado do ministro de Saúde de Cuba, Roberto Morales Ojeda, que anunciou nesta sexta-feira (12) o envio de 165 profissionais de saúde a Serra Leoa (Foto: Reuters/Pierre Albouy)
 
A epidemia de ebola na África Ocidental já matou mais de 2.400 pessoas, de um total de 4.784 casos, segundo um balanço anunciado nesta sexta-feira (12) pela diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan.
"No dia 12 de setembro, há 4.784 casos" e "mais de 2.400 mortos", declarou Chan, em uma coletiva de imprensa na sede da OMS, em Genebra, de acordo com a AFP.
Não foi informado, no entanto, se estes números incluem a Nigéria ou se é um balanço dos três países mais afetados: Guiné, Libéria e Serra Leoa.
O balanço anterior publicado na terça-feira pela OMS informava sobre 2.300 mortos de um total de 4.293 casos em toda a África Ocidental.
"Nos três países mais afetados", o número de casos "aumenta mais rápido que a capacidade para tratá-los", advertiu nesta sexta-feira Margaret Chan, que pede uma maior mobilização da comunidade internacional. Ela lembrou que já não resta nenhum leito disponível para tratar esses pacientes na Libéria.
A epidemia de ebola que atinge atualmente a África Ocidental é a mais grave já registrada. Outra epidemia de ebola se desenvolve de forma independente em uma área remota do noroeste da República Democrática do Congo, com 32 vítimas mortais em quase um mês.
Cuba envia 165 médicos
Em uma coletiva de imprensa conjunta com Margaret Chan, o ministro da Saúde cubano, Roberto Morales Ojeda, anunciou nesta sexta-feira que seu país enviará 165 médicos e enfermeiros a Serra Leoa durante seis meses para ajudar as autoridades a combater a epidemia de ebola. Trata-se do envio mais importante de especialistas à região, destacou Chan.
"Se vamos para a guerra contra o ebola, precisamos de recursos para lutar", disse ela, de acordo com a Reuters. "Cuba é mundialmente famosa por sua capacidade de formação de médicos e enfermeiros, por sua generosidade excepcional em ajudar outros países no caminho para o progresso."
O pessoal cubano incluirá médicos, enfermeiros, epidemiologistas, especialistas em controle de infecção em cuidados intensivos e profissionais de mobilização social. Em uma entrevista à imprensa na sede da OMS, Ojeda disse que os primeiros trabalhadores de seu país começarão a chegar a Serra Leoa no início de outubro.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Jovens vacinadas contra HPV seguem internadas em Santos

Três adolescentes foram hospitalizadas na quinta-feira com queixas de dor no corpo e dificuldades de locomoção. Teste neurológico descartou diagnóstico de paralisia

Vírus HPV: vacina protege, em até 98,8%, contra quatro subtipos do HPV
Vírus HPV: vacina protege, em até 98,8%, contra quatro subtipos do HPV (Latinstock/VEJA)
As três adolescentes que foram hospitalizadas na última quinta-feira após receberam a segunda dose da vacina contra o HPV continuam internadas no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, sem previsão de alta.
Na última quinta-feira, onze meninas que foram vacinadas em uma escola estadual de Bertioga procuraram um pronto-socorro da cidade com queixas de dores no corpo e dificuldades de locomoção. Oito delas tiveram alta no mesmo dia e as outras foram transferidas para Santos. Entre elas, duas têm 12 anos de idade e apresentam quadro estável. No entanto, a mais velha, de 13 anos, ainda reclama que não sente as pernas.
Exames neurológicos descartaram o diagnóstico de paralisia. Os médicos da jovem pediram um exame de líquor de espinha para investigarem melhor o caso.
Hipótese — Nesta terça-feira, o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, disse que a explicação mais provável para a reação apresentada pelas estudantes é a Síndrome Stress Pós-Vacinal. "Tal stress pode ocorrer, sobretudo na adolescência, quando há maior labilidade emocional", disse. O Ministério da Saúde afirmou que não vai suspender a campanha de vacinação contra o HPV. "A vacina é usada em 50 países e é considerada segura e eficaz", afirmou o secretário.
Segundo Jarbas, a recomendação é a de que a vacina seja aplicada no paciente sentado. Tal estratégia é adotada para evitar riscos de desmaios e tremores. "Há relatos dessas reações. Mas são sintomas passageiros." Ele disse haver também registros de reações alérgicas, mas que isso “pode ocorrer com qualquer vacina”.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Ebola está se alastrando rapidamente na Libéria, diz OMS

Organização calcula que o país africano ainda deve registrar milhares de novos casos da doença. Surto da febre hemorrágica já provocou mais de 2.100 mortes

Homem cola informativo sobre o vírus ebola, na Libéria
Homem cola informativo sobre o vírus ebola, na Libéria (AFP)
O vírus ebola está se alastrando rapidamente e de forma exponencial na Libéria, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira. O órgão calcula que o país africano, o mais afetado pela epidemia da doença, deve registrar milhares de novos casos de ebola. O atual surto da febre hemorrágica é o pior desde a descoberta do vírus em 1976 e já matou 2.100 pessoas na África Ocidental.

A OMS estima que o número de infectados possa chegar até 20.000 nos próximos meses. A organização estabeleceu uma meta de conter o surto dentro de um período de seis a nove meses. Apenas a Libéria registrou 1.089 das mortes pelo vírus. A epidemia também atinge Guiné, Serra Leoa, Nigéria e Senegal.

"O número de novos casos (na Libéria) está aumentando muito mais rápido do que a capacidade de gerenciá-los em centros de tratamento específicos", disse a OMS em comunicado. Catorze dos 15 condados da Libéria têm casos confirmados do vírus. Logo que um novo centro de tratamento contra ebola é aberto no país, ele imediatamente é sobrecarregado com pacientes. O governo da Libéria anunciou nesta segunda-feira que está estendendo o toque de recolher noturno em todo o país imposto no mês passado para conter a disseminação da doença.

“Em Monróvia, táxis repletos de famílias inteiras, das quais alguns membros podem estar infectados, cruzam a cidade à procura de leitos para tratamento. Não há nenhum", relatou a OMS. No condado de Montserrado, que inclui a capital Monróvia e tem mais de um milhão de habitantes, a equipe de investigação da OMS estimou que 1.000 leitos são urgentemente necessários para os doentes. A organização acrescentou que moto-táxis e táxis regulares se tornaram uma fonte de transmissão do ebola.

Embora os governos e organizações em todo o mundo estejam liberando dinheiro e suprimentos para a região, a OMS disse que seus parceiros de ajuda devem aumentar os esforços em três a quatro vezes para combater a epidemia.

(Com agência Reuters)

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Estudo mede temperatura do hálito para detectar câncer de pulmão

Pesquisadores italianos descobriram que ar exalado por pacientes com a doença tem temperatura mais elevada do que por pessoas sem o tumor

O câncer de pulmão é considerado um dos mais letais, uma vez que sua detecção é feita em estágios tardios da doença
O câncer de pulmão é considerado um dos mais letais, uma vez que sua detecção é feita em estágios tardios da doença (Hemera/Thinkstock/VEJA)
Pesquisadores da Itália acreditam que um teste que mede a temperatura do hálito de um paciente possa servir para diagnosticar o câncer de pulmão de forma rápida e não invasiva. A eficácia de um teste desse tipo foi demonstrada em um estudo cujos resultados serão apresentados nesta segunda-feira na Alemanha, durante o congresso da Sociedade Respiratória Europeia.
A pesquisa se baseou nos dados de 82 pessoas que foram submetidas a exames tradicionais para detectar o câncer de pulmão. Entre elas, 40 receberam o diagnóstico positivo da doença. Os especialistas, então, usaram um aparelho chamado X-Halo para medir a temperatura do hálito dos participantes.
Segundo os resultados, o hálito exalado pelos pacientes com câncer de pulmão estava com uma temperatura maior do que o hálito das pessoas sem a doença. Além disso, a temperatura foi maior quanto mais avançado era o estágio do câncer ou quanto maior o tempo em que o paciente era fumante. No estudo, os pesquisadores também conseguiram identificar uma temperatura limite, a partir da qual é possível identificar a doença com maior precisão.
Diversas pesquisas já tentaram desenvolver um teste capaz de detectar um câncer pelo hálito do paciente, mas essa é a primeira vez em que um estudo mede a temperatura do ar exalado para chegar ao diagnóstico.
“Nossos resultados sugerem que o câncer de pulmão provoca um aumento da temperatura do ar exalado. Essa é uma descoberta importante, que pode mudar a forma como diagnosticamos a doença”, diz Giovanna Elisiana Carpagnano, professora da Universidade de Foggia, na Itália, e coordenadora do estudo. “Se nós pudermos aprimorar um teste que detecta o câncer de pulmão pela temperatura do hálito, melhoraremos o processo de diagnóstico ao oferece um teste que causa menos stress ao paciente, que é mais barato e menos trabalhoso para os médicos.”

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O descaso do estado com o médico e o doente brasileiros


Medicina é vocação. Enfrentar a tensão da responsabilidade pela vida do doente não é para qualquer um. Desde o juramento de Hipócrates que os médicos colocam, ao menos em tese, a vida do paciente acima de seus próprios interesses pessoais muitas vezes.
Muitos se formam na difícil faculdade sonhando com a prática, acreditando que farão diferença na vida de muita gente, podendo salvar aqueles que, sem seu auxílio, encontrariam certamente a morte. É uma profissão diferenciada, bela e valiosa.
Mas não é valorizada pelo estado. Muitos jovens mergulham no mercado de trabalho nos hospitais públicos cheios de expectativa, esperança, utopia. O tempo se encarrega de esfregar em suas caras a dura realidade de nosso sistema público abandonado e apodrecido.
Foi o caso com o carioca Marcio Maranhão, cirurgião torácico que ingressou na atividade medicinal repleto de sonhos, e foi sendo expelido ao longo dos anos pelo próprio sistema, por não lhe oferecer o mínimo de condição para trabalhar com dignidade.
Sua trajetória é relatada no livro Sob pressão: A rotina de guerra de um médico brasileiro, lançado este mês pela editora Foz. Mostra bem como é absurdo o quadro do Sistema Universal de Saúde (SUS) em nosso país.
É leitura que nos deixa indignados, como o próprio médico ficou a ponto de abandonar sua tão sonhada posição de médico do estado e ter de desabafar em depoimentos à jornalista Karla Monteiro. Seu livro é mais uma tentativa de ajudar os doentes brasileiros, dessa vez denunciando a incompetência e a má administração que levaram o sistema ao atual cenário de ruínas.
Imbuído de romantismo ao se formar, Marcio foi logo tendo que se deparar com a realidade trágica do Souza Aguiar, imerso no caos das filas infindáveis à espera de um leito ou tratamento. A rotina do médico era completamente surreal, mas não incomum para a profissão. Chegava a fazer 14 ou 15 plantões por mês, correndo entre três hospitais diferentes sem dormir.
Fosse “apenas” a correria, as noites não dormidas ou o queijo-quente como única refeição, tudo bem. Mas tudo isso era nada se comparado ao que ele tinha de enfrentar nos hospitais, em termos de precariedade das instalações e falta do básico para o exercício de suas funções.
Marcio descreve a verdadeira tragédia que o país vive na área de Saúde. “O Brasil faz política na saúde em oposição à política de saúde. Faz-se política de governo em vez de uma política de Estado”, diz. Sua experiência atesta o completo descaso do estado, das diferentes esferas de governo. Falta uma política integrada, planejamento, cobrança, responsabilidade, falta tudo!
Os médicos, em meio a esse caos, ficam enxugando gelo, correndo entre os corredores fétidos, lotados, tendo que improvisar o tempo todo, apelar às gambiarras, ao jeitinho, correr riscos de imprudência para tentar salvar a vida daquelas pessoas desesperadas, entre a vida e a morte. Tudo, absolutamente tudo na saúde pública era repulsivo para o jovem cirurgião.
O livro conta casos pitorescos, que seriam até engraçados com o devido afastamento, visto como em um filme de comédia pastelão. Mas estamos falando da vida dos brasileiros, morrendo por falta de atendimento, por falta do básico, de um dreno, de um fio para sutura, de sangue para transfusão. É muito sofrimento causado pela negligência estatal.
E como esses bravos médicos são recompensados por seu esforço homérico para tentar mitigar o caos do sistema? Em um dos hospitais públicos em que Marcio trabalhou por oito anos, realizando complexas cirurgias, seu salário líquido era de apenas R$ 1.372,67. No período todo, teve aumento de menos de R$ 100. Como cobrar desses médicos comprometimento e determinação?
A grande preocupação dos burocratas da medicina é com as horas semanais, que devem ser cumpridas. O importante é bater ponto. É tudo feito para se resguardar politicamente ou judicialmente, não para atender aos doentes. O doente não pertence a ninguém nessa loucura toda, não tem “dono”, responsável. O médico também costuma ficar solto no sistema, apenas cumprindo suas horas e muitas vezes se esquivando com base na justificativa – legítima – de que faltaram condições para uma cirurgia qualquer.
O SAMU foi uma das experiências mais bizarras do autor, que chegou a percorrer em um dia 250 quilômetros com um senhor à beira da morte em busca de um leito em hospital público. Enfrentar traficantes nas perigosas favelas cariocas sem um pingo de infraestrutura é realmente análogo ao que fazem os Médicos Sem Fronteiras em clima de guerras. O salário para um plantão de 24 horas no SAMU? R$ 500.
Falta um plano de carreira estatal para os médicos, que ficam largados nessa confusão toda, e depois acabam usados como bodes expiatórios pelos governantes para se isentarem de qualquer culpa pela caótica situação do SUS. Como ponta final entre o sistema e o paciente, é o médico que leva a culpa. A propaganda negativa ajuda a quebrar a confiança da sociedade na classe médica, o que é perigoso.
Não há solução fácil. Mas sem dúvida ela não passa pelo programa sensacionalista Mais Médicos, ou pelo discurso populista de que basta jogar mais recursos públicos no setor. Há muita corrupção, desvio, falta de accountability, falhas estruturais. Marcio Maranhão jogou a toalha. Não aguentou. Foi mais um soldado que abandonou a batalha após dedicar seu suor a uma luta perdida.
Ainda deposita esperança no SUS, um modelo igualitário e “socialista” de saúde. Alguns países desenvolvidos, é verdade, conseguem oferecer uma saúde pública de qualidade, ainda que a um custo elevado. Sou mais cético: a ideia de que caberá ao estado cuidar da saúde de todos de uma forma digna parece um tanto utópica, ao ignorar o mecanismo de incentivos inadequado.
Mas não resta dúvida de que o estado poderia, ao menos no básico, fornecer condições bem mais razoáveis para que esses médicos, funcionários de carreira do estado, pudessem tratar dos pacientes mais pobres e salvar milhares de vidas que hoje se perdem por total negligência.
Rodrigo Constantino

sábado, 6 de setembro de 2014

Bactéria modificada absorve o câncer

Injetado diretamente em células tumorais, o micro-organismo destruiu essas estruturas e se alimentou de fragmentos delas. Testada em uma mulher, a técnica reduziu a doença em tecido do ombro

Flávia Franco


Quimioterapia e radiação são dois tratamentos recorrentes no combate ao câncer, mas muito agressivos ao organismo. Em busca de alternativas mais eficazes e que diminuam os efeitos colaterais, cientistas dos Estados Unidos propõem o uso de uma bactéria para reduzir tumores. Os detalhes do estudo foram divulgados na revista científica Science Translational Medicine.
Encontrada no solo, a Clostridium novyi (C.novyi) prolifera-se em ambientes com baixa quantidade de oxigênio. Por não gostar do elemento químico, ela se multiplica em tumores, que têm regiões pouco oxigenadas, condição que reduz a ação da radioterapia. A equipe de médicos da Universidade Johns Hopkins criou uma versão menos nociva do micro-organismo, que levou o nome de C.novyi-NT. Para isso, removeram genes dele, deixando-o menos tóxico e mais seguro para uma aplicação terapêutica.
Nicholas Roberts, líder da pesquisa, e a equipe coordenada por ele optaram por uma abordagem direta, injetando esporos da bactéria diretamente em tumores. Os primeiros experimentos foram feitos em camundongos com câncer de cérebro induzido. Os resultados apontaram que os esporos destruíram as células tumorais e se alimentaram de fragmentos delas sem danificar as estruturas saudáveis próximas.
A partir dessa etapa, os pesquisadores ampliaram os testes com cães. Dos 16 animais do estudo, seis apresentaram respostas positivas 21 dias após o primeiro tratamento. Desses, três tiveram tumores completamente eliminados e os outros, reduções de pelo menos 30% da doença. Esses resultados são animadores porque, segundo Roberts, há muitas semelhanças entre os cânceres em cães e em seres humanos. Em alguns casos, os tratamentos envolvem as mesmas drogas, que geram efeitos secundários parecidos. "Os cães são exemplos do que pode acontecer em humanos", afirma Roberts.
Sabrina Chagas, professora da Escola Médica da PUC-Rio, afirma que não há surpresa nas equivalências. "O câncer origina-se a partir de um erro na multiplicação celular de um tecido. Essa alteração pode ocorrer independentemente do animal em questão", explica. A especialista complementa dizendo que o mecanismo de ação da terapia proposta pelos cientistas da instituição norte-americana é inovador. "Esse tratamento parece ser mais eficaz em tumores pouco vascularizados. Sendo assim, devemos procurar cânceres com esse perfil e testar o efeito nesse grupo."

 

Ação de enzimas

A equipe da Johns Hopkins também testou a abordagem em uma mulher com câncer. Os tumores apresentados eram de tecido mole, encontrados principalmente na região do abdômen dela. A bactéria, porém, foi injetada em um tumor metástico também de tecido mole no ombro da voluntária. O tratamento com a C.novyi-NT reduziu significativamente o câncer em volta do osso, mas não teve nenhuma manifestação direta em outros, que continuaram a crescer.
A suspeita dos pesquisadores é de que, uma vez inseridos no tumor, os esporos da bactéria crescem e liberam enzimas que destroem as estruturas cancerígenas, mas não sobrevivem fora do ambiente privado de oxigênio. "Nos concentramos em tumores de tecidos moles porque podem se espalhar para o tecido normal", explica Roberts.
Rodrigo Medeiros, oncologista da unidade de Brasília do Centro Oncológico do Hospital Sírio-Libanês, afirma que o foco dos pesquisadores também se deve ao fato de que o tratamento proposto não pode se aplicar a todas as formas da doença. "Existem tumores que já nascem como um problema sistêmico, os linfomas e as leucemias, por exemplo. Não é possível fazer uma injeção local para esses casos já que, desde o início, a doença está em circulação por todo o corpo", explica.
Medeiros complementa pedindo cautela em relação ao experimento norte-americano. "Embora os resultados sejam encorajadores, é fundamental que todos os passos da metodologia científica sejam cumpridos", ressalva. A ideia de que uma infecção bacteriana possa ser usada em tratamentos contra o câncer não é nova, segundo os pesquisadores. Mas tentativas anteriores não tiveram sucesso devido à forma com que o tratamento foi aplicado, por meio de terapias intravenosas.
Roberts concorda com os especialistas e afirma que ainda são necessários mais testes para determinar o perfil dos tumores que são aptos ao tratamento e a dose a ser usada. "No momento, não tratamos um número suficiente de pessoas para ter certeza se as respostas que vemos em cães vão recapitular verdadeiramente o que veremos em humanos", pondera.

 

Uso complementar

O oncologista do Sírio-Libanês em Brasília acredita que o tratamento com as bactérias deve ser utilizado de maneira complementar. "Precisamos de frentes de batalha para combater o tumor local e também as metástases e, ao mesmo tempo, poupar os pacientes dos potenciais efeitos deletérios para os tecidos e os órgãos sadios", completa.
Segundo Sabrina Chagas, já existem outros tratamentos que poupam os tecidos não cancerígenos próximos ao tumor, mas toda nova terapia com essa proposta é bem-vinda. "As que têm essa característica são as chamadas terapia alvo-molecular. Mas o câncer ainda não tem uma cura definitiva. Por isso, todas as alternativas comprovadamente benéficas devem ser incluídas no arsenal terapêutico", afirma.

 

Áreas de suporte

Também chamado de sarcoma de partes moles, esse câncer afeta tecidos localizados entre a pele e os órgãos internos, com exceção dos ossos. Manifesta-se em tecidos de suporte do corpo, como vasos, músculos, tecido gorduroso, nervos e tendões; ou em órgãos como o útero, o estômago, a pele e o intestino.

 

Disseminação

Termo usado para o espalhamento das células doentes do tumor original para outras partes do corpo por meio da corrente sanguínea ou do sistema linfático (rede de vasos que recolhe líquido dos tecidos que não retornou ao sangue), formando novos tumores.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Entenda prós e contras dos inibidores à base de anfetamina

A resolução do Senado incendiou novamente a discussão sobre o assunto entre a comunidade médica

Terra
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Proibidos desde 2011, os inibidores de apetite à base de anfetamina podem voltar ao mercado nacional. O Senado suspendeu, na última terça-feira (2), a resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proibia a venda, prescrição, fabricação e importação de medicamentos usados no controle da obesidade que têm na fórmula as substâncias femproporex, anfepramona e mazindol. O motivo? A eficácia deles podia ser menor que o risco que ofereciam.

E, como de costume, a resolução voltou a incendiar a discussão sobre o assunto. De um lado, estão endocrinologistas, nutrólogos, associações e sociedades da área, que defendem que eles devem ter o maior número disponível de opções para cuidar deste caso. “A obesidade é um problema de saúde pública, mais de 50% da população brasileira está acima do peso e nós já temos muitas limitações nesse tratamento, se tivermos dificuldade também em ter acesso aos medicamentos fica ainda mais difícil ajudar”, explica o Dr. Ricardo Meirelles, Presidente do departamento de Comunicação Social da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Na outa ponta, estão médicos de diversas outras especialidades e pesquisadores que defendem, entre outras coisas, que as substâncias podem causar dependência, não funcionam em perda de peso a longo prazo e são ultrapassadas.  “Existem dados que mostram que estes medicamentos têm um efeito colateral terrível”, afirma o médico homeopata da Clínica Aspin, Dr. Silvio Laganá de Andrade.
A favor

É unanimidade entre qualquer médico que emagrecer é prioritariamente uma mudança no estilo de vida, que envolve prática de exercícios físicos e reeducação alimentar. Mas, eles sabem também que existem casos em que a compulsão alimentar, a ansiedade ou outros distúrbios físicos dificultam, e muito, a perda de peso. E é justamente para estas pessoas que os remédios, em algum momento, são necessários.

“Esses medicamentos podem ser extremamente úteis em alguns casos de obesidade. Esgotados outros recursos para emagrecimento, as pessoas podem se beneficiar destes remédios”, afirma Dr. Ricardo Meirelles. E, completa, “são feitas indicações em situações muito específicas e elas precisam estar disponíveis quando forem necessárias”.

Atualmente, a sibutramina – que tem a comercialização efetivamente controlada pela Anvisa -, é o medicamento usado com mais frequência neste tratamento. Ao lado dela há outras opções, mas que por serem importadas, têm preços muito elevados. A redução dos valores dos medicamentos e a possibilidade de acesso para as classes mais baixas estão entre as mudanças que a volta da fabricação nacional pode trazer.

A sibutramina é usada para aumentar a saciedade, enquanto os medicamentos à base de anfetamina atuam no apetite, diminuindo a fome. E, como a maioria dos remédios de tarja preta, causa uma série de efeitos colaterais. No caso da anfetamina, eles são: boca seca, aumento da frequência cardíaca, insônia e, por agirem no sistema nervoso central, aumento da energia e do grau de atenção – por isso também é usada no tratamento de pacientes com déficit de atenção.

Justamente devido aos riscos, o uso destes remédios deve ser controlado pela Anvisa com regulamentação eficaz e regras rígidas. Primeiro, os médicos não indicam para pacientes que queiram se livrar de pequenos excessos de peso, mas sim para aqueles que o quadro é realmente grave. Outras contraindicações são ainda problemas cardíacos, arteriais e histórico de dependência química. “Temos experiência de mais de 50 anos na prescrição destes remédios e isso nos dá segurança para usar”, explica o endocrinologista formado na Unifesp, Dr. João César Castro Soares.

Segundo ele, quando os medicamentos chegarem ao mercado serão de grande ajuda no pré-operatório de cirurgias bariátricas, por exemplo. “Às vezes, antes da cirurgia tem que perder 10% do peso para melhorar o quadro cardiovascular. Mas, muitas pessoas não conseguem. Então fazemos dois procedimentos, primeiro colocamos balão gástrico por quatro, cinco meses até emagrecer. Depois sim, faz a cirurgia. São dois procedimentos, dois custos e risco maior para os pacientes”. O endocrinologista explica que o uso dos remédios ajuda a perder peso e exclui a necessidade do uso do balão.

Contra

Os especialistas contrários à venda destes remédios afirmam que há disponível no mercado outras opções de tratamentos para serem usados no combate à obesidade, que geram menos prejuízo aos pacientes. “Estes remédios deixam a pessoa agitada e, às vezes, é preciso outros medicamentos para conter os efeitos. Há muitos prejuízos para a parte circulatória também”, explica o médico homeopata especialista em Nutrologia Médica, Dr. Silvio Laganá.

Além de outros remédios – mais modernos e com composições diferentes - há também terapias alternativas, como os fitoterápicos. O especialista afirma ainda que eles são eficientes e amplamente utilizados nos Estados Unidos, mas estão proibidos pela Anvisa no Brasil.

Anvisa

Em 2011, muito se discutiu sobre os excessos que a Anvisa protagonizou ao proibir estas substâncias quando seu papel central seria, na verdade, regulamentá-las. Deixando a discussão política de lado, os médicos favoráveis comemoram o cancelamento da portaria e aguardam ansiosos uma nova regulamentação por parte da Agência.

Procurada pelo Terra, a assessoria de imprensa da Anvisa explicou que a decisão do Senado a impede de “proibir” o uso destas substâncias, mas que ainda cabe a ela regulamentar o produto.

Eles explicaram que até a venda voltar a ser feita, muita burocracia ainda precisa ser resolvida. Em 2011, os registros de todos os medicamentos que continham femproporex, anfepramona e mazindol foram cancelados, ou seja, eles deixaram de existir no Brasil. Agora, para voltar a serem fabricados e comercializados, as empresas farmacêuticas precisam pedir um novo registro à Anvisa, como se tivessem acabado de criar um novo remédio. A Agência, por sua vez, analisa a eficácia e segurança deste remédio antes de liberar a manipulação e a venda. Este processo leva meses. Paralelo a esse movimento, a Anvisa irá trabalhar em uma nova regulamentação de como estes remédios poderão ser fabricados e vendidos.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Mulher agredida com cotovelada recebe alta de hospital em Sorocaba

Ela estava internada desde 16 de agosto, quando foi agredida em São Roque.
Agressor está em prisão temporária desde o dia 19.

Márcia Belmello Do G1 Sorocaba e Jundiaí
A auxiliar de produção Fernanda Regina Cézar Santiago, agredida com uma forte cotovelada na madrugada do dia 16 de agosto, em São Roque (SP), teve alta no começo da noite desta segunda-feira (1º). A informação foi dada pela Secretaria de Estado da Saúde, que responde pelo Hospital Regional de Sorocaba (SP), onde Fernanda permaneceu internada por 16 dias.
Auxiliar de produção deixou Hospital Regional de
Sorocaba (Foto: Reprodução/TV TEM)
Auxiliar de produção deixou UTI e foi transferida para enfermagem neurológica (Foto: Reprodução/TV TEM) Fernanda, de 30 anos, teve traumatismo craniano após ser atingida pelo comerciante Anderson Lúcio de Oliveira, de 35 anos, na madrugada de 16 de agosto. Anderson está preso desde o dia 19 e vai responder por tentativa de homicídio qualificado, já que a vítima não teve chance de defesa, segundo a polícia. De acordo com Eduardo Cézar, irmão da vítima, Fernanda e Anderson são conhecidos e se encontraram ocasionalmente na festa realizada por uma casa noturna naquele fim de semana. Ele alega que os dois não tinham uma relação próxima.
Após a agressão Fernanda foi levada para o Pronto-Socorro de São Roque e depois encaminhada para o Hospital Regional de Sorocaba (SP). Ela saiu da UTI no dia 23 de agosto e permaneceu internada na enfermagem neurológica até o dia 1º.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde não passou detalhes sobre o estado de saúde da auxiliar de produção. O pai e o irmão limitaram-se a dizer que ela estava com fortes dores de cabeça e tinha ido para a casa de parentes.
O advogado de Fernanda, Ademar Gomes, informou que estava em uma audiência e que não poderia atender a solicitação do G1.
'Não se lembra de nada'
Em entrevista nesta segunda-feira (1º), Eduardo afirmou que Fernanda disse para a família que não se lembra do que aconteceu. "Ela acordou, mas não nos disse o que aconteceu naquele dia. Ela não se lembra de nada e também não estamos forçando, já que a recuperação dela é o que importa agora".
O quadro de falta de memória já tinha sido revelado pelo neurologista Paulo Diniz da Gama, que analisou as imagens da agressão a pedido do G1. Segundo ele, Fernanda possivelmente não se lembrará do que aconteceu, já que não houve tempo suficiente para que o cérebro registrasse o fato na memória. “Normalmente, esse tipo de concussão hemorrágica, quando controlada, como é o caso dela, não provoca sequelas que interfiram na capacidade motora ou cerebral. No entanto, ela não vai se lembrar do que aconteceu pelo resto da vida”, afirma o especialista.
A reportagem tentou contato com o médico responsável por atender a paciente, mas ele informou que só poderia falar caso tivesse autorização da Secretaria da Saúde, que não liberou a entrevista.
Pai de Fernanda afirma que ela está se recuperando (Foto: Marcus Vinícius Souza/G1)
Entenda o caso
As imagens da agressão, que ocorreu na madrugada do dia 16 de agosto, foram registradas por uma câmera de segurança de uma loja de motocicletas na avenida Antonio Dias Bastos, no centro de São Roque (SP).
O vídeo, que foi solicitado pela própria família da vítima ao dono do comércio, mostra Fernanda discutindo primeiro com uma pessoa vestindo uma blusa branca. Depois, ela fala com Anderson, que está de terno e com uma lata de cerveja na mão. Na sequência, o rapaz desfere uma cotovelada contra ela. Pessoas que estavam no local chamam o resgate, que chega pouco tempo depois. Anderson permanece no local, impassível.
Pai de Fernanda se diz inconformado com agres-
são (Foto: Marcus Vinícius Souza/G1)
Depoimentos
A Polícia Civil de São Roque ouviu no dia 29 de agosto mais uma pessoa que testemunhou a agressão sofrida por Fernanda. A delegada Priscila de Oliveira informou que também recebeu do hospital um laudo médico da jovem, mas que o documento não traz novidade à investigação.
“O laudo recebido foi baseado no prontuário da vítima e apenas aponta as lesões. Será necessário fazer um exame complementar”, explica a delegada. Ainda de acordo com Priscila, esse novo exame deve ser feito em 120 dias, já que a prioridade é zelar pela saúde da vítima. O prontuário médico de Fernanda já foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para que seja elaborado um laudo, a partir dos exames, e que ajudará a concluir o inquérito.
De acordo com a delegada, a testemunha que foi ouvida retificou o que havia contado. "Primeiramente, ele disse que não tinha visto a cotovelada, mas agora comentou que viu". De acordo com o advogado da testemunha, ele não vai ser enquadrado por falso testemunho porque não esteve presente no resgate dela e por isso não omitiu socorro.
Delegada deve concluir o inquérito ainda esta
semana (Foto: Reprodução / TV TEM)
Delegada ouviu testemunha nesta sexta-feira (Foto: Reprodução / TV TEM) Ainda segundo a delegada, nenhuma das testemunhas soube dizer o que causou a discussão. "Algumas pessoas ouvidas disseram que a vítima estava falando alto e mexendo com pessoas que passavam pela rua antes da agressão". Em depoimento, Anderson comentou com a delegada que Fernanda estava alterada. "Ele disse que ela [Fernanda] xingou ele e a irmã (que não estava presente). A cotovelada foi para afastar ela, que estaria incomodando Anderson", comentou Priscila.
A polícia abriu um inquérito para apurar os motivos da agressão, mas não divulgou outros detalhes do depoimento do comerciante, apenas confirmou que Anderson tem passagem por contravenção penal por envolvimento com máquinas caça-níqueis. O comerciante também tem registro de um roubo no qual matou o ladrão, mas a Polícia Civil ressaltou que ele não respondeu por homicídio, já que foi considerado legítima defesa.
Anderson Tingo Oliveira (Foto: Reprodução/TV Tem)'Completamente arrependido'
Carlos Alberto Alves, advogado de Anderson, afirmou que até segunda-feira (1º) não tinha entrado com o pedido de liberdade do cliente. Ele explicou que aguarda a conclusão do inquérito para decidir os próximos passos da defesa. Ainda conforme Carlos Alberto, a expectativa é que o inquérito seja concluído entre quarta (3) e quinta-feira (4).
Anderson Oliveira teve prisão preventiva decretada
(Foto: Reprodução/TV Tem)
O advogado também comentou que seu cliente está abalado e chorando. Ele também está preocupado com a mãe dele e tem perguntado sobre o estado de saúde da Fernanda, comentou Carlos Alberto.
Em nota enviada à redação do G1 no dia 27 de agosto, os advogados de defesa do comerciante informam que Anderson está "completamente arrependido". "A defesa informa que acompanha atentamente a colheita das provas e que Anderson está completamente arrependido do ato que praticou e que jamais quis atentar contra a vida de Fernanda", diz a nota.
Irmão e cunhada de Anderson afirmam que ele é
calmo (Foto: Reprodução/TV TEM)
Amilton de Oliveira e Cristiane da Cunha (Foto: Reprodução/TV TEM)Família do agressor está chocada
Em entrevista ao TEM Notícias no dia 25 de agosto, Amilton de Oliveira, irmão do comerciante, afirmou que a família toda está chocada com o que aconteceu: "Ele chora muito. Pediu para gente ver com a família dela tudo o que precisar, porque ele não é esse monstro que estão falando que ele é. É um trabalhador."
A cunhada de Anderson, Cristiane da Cunha, esposa de Amilton, acha que, naquele momento, ele não pensou no que estava fazendo. "Ele é uma pessoa calma. Foi um choque para nós e, pelas informações dos advogados, ele também está muito chocado e arrependido do que fez", disse Cristiane.
Família da vítima está indignada
Em entrevista ao G1 no dia 22 de agosto, Eduardo Cézar, irmão de Fernanda, disse que a família não consegue entender o que aconteceu. "Nós estamos indignados pelo que houve com a minha irmã. Foi uma atitude bruta, totalmente ignorante. Ninguém esperava que ele fosse reagir daquela forma e ninguém sabe ao certo qual o motivo da agressão", afirmou.
Vítima estava na frente de clube quando recebeu a cotovelada (Foto: Reprodução/TV TEM)Vítima estava na frente de clube quando recebeu a cotovelada (Foto: Reprodução/TV TEM)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Nova droga reduz mortalidade por insuficiência cardíaca

Estudo mostrou que medicamento experimental diminuiu em 20% as mortes decorrentes da doença em comparação com o tratamento convencional

Tratamento: Insuficiência cardíaca pode ganhar novo medicamento
Tratamento: Insuficiência cardíaca pode ganhar novo medicamento (Thinkstock/VEJA)
Um medicamento experimental para combater a insuficiência cardíaca parece aumentar a expectativa de vida dos pacientes em comparação com o tratamento disponível atualmente, que já é utilizado há vinte anos. Os resultados do estudo envolvendo a nova droga foram anunciados neste fim de semana e revelam que o remédio reduziu a mortalidade pela doença em 20%, além de diminuir o risco de hospitalização devido ao problema.
O medicamento LCZ696 foi desenvolvido pela farmacêutica Novartis. Ele ainda não está disponível no mercado, mas o laboratório informou que vai entrar com pedido no FDA, a agência reguladora dos Estados Unidos, para que a droga comece a ser vendida no país no ano que vem. Não há previsão para a chegada do tratamento no Brasil.

Saiba mais

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Pode acontecer em decorrência de qualquer doença que afete diretamente o coração. Acontece quando o coração bombeia o sangue de maneira ineficaz, não conseguindo satisfazer a necessidade do organismo, reduzindo o fluxo sanguíneo do corpo ou a uma congestão de sangue nas veias e nos pulmões. A insuficiência faz com que os músculos dos braços e das pernas se cansem mais rapidamente, os rins trabalhem menos e a pressão arterial fique baixa. A função do coração é bombear o sangue para o corpo e, depois, tirar o sangue das veias. Quando o coração bombeia menos sangue do que o normal, há uma fração de ejeção reduzida. Quando o coração enfrenta dificuldades em receber o sangue novamente, trata-se de uma fração de ejeção preservada, ou insuficiência cardíaca com dificuldade de enchimento do coração. Embora possa acometer pessoas de todas as idades, é mais comum em idosos. Atinge uma média de uma a cada 100 pessoas.
Doença — A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração não consegue bombear o sangue de maneira eficaz para o corpo. O problema pode acontecer de duas maneiras: a quantidade de sangue bombeada é menor do que a de um coração saudável, ou então o coração tem dificuldade de se encher de sangue, precisando fazer mais força para conseguir enviá-lo ao corpo. Embora possa acometer pessoas de todas as idades, o problema é mais comum em idosos atinge uma média de uma a cada 100 pessoas.
A pesquisa sobre o novo medicamento foi divulgada durante o congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Barcelona, e publicada no periódico New England Journal of Medicine. No teste, 8 442 pacientes de 47 países que tinham insuficiência cardíaca foram submetidos, durante 27 meses, a um entre dois tratamentos: com LCZ696 ou com enalapril, droga usada há vinte anos para tratar a doença.
Vantagens — Segundo o estudo, 21,8% dos indivíduos tratados com o LCZ696 morreram por insuficiência cardíaca durante a pesquisa. Entre os pacientes que receberam o enalapril, a taxa de mortalidade foi de 26,5%, ou seja, 20% superior à do remédio experimental. Além disso, o novo medicamento também reduziu em 21% o número de internações provocadas pela doença.
Os principais efeitos adversos do medicamento foram hipertensão ou pressão arterial baixa. Por outro lado, o LCZ696 parece provocar menos danos renais do que o enalapril.
“Dada a vantagem na sobrevivência do LCZ696 sobre medicamentos disponíveis, uma vez que tiver disponível, seria difícil entender médicos que continuassem optando pelos remédios tradicionais para tratar insuficiência cardíaca”, diz Milton Packer, pesquisador da Universidade do Texas, Estados Unidos, e coordenador da pesquisa.
Os resultados foram bem recebidos pela comunidade científica. “Eles são notavelmente positivos em todas as dimensões. Pacientes com insuficiência cardíaca estão ávidos, se não desesperados, por novos tratamentos”, disse Clyde Yancy, chefe de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Northwestern, Estados Unidos, ao jornal The New York Times. Já o cardiologista Marc Pfeifer, do Hospital Brigham and Women, de Harvard, considerou “impressionante” a diferença da taxa de mortalidade entre o medicamento experimental e o remédio tradicional.
(Com AFP)