sábado, 28 de fevereiro de 2015

A estatina não faz efeito? O problema pode estar em suas artérias

De acordo com estudo, pessoas que não apresentam redução no nível de colesterol LDL com o uso do remédio têm mais artérias bloqueadas

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Estatina: no estudo, 20% dos pacientes que tomaram o medicamento tiveram um aumento nos níveis de colesterol LDL(Thinkstock/VEJA)
Toma estatina e, mesmo assim, o nível de colesterol LDL não cai? Você pode ter mais artérias bloqueadas do que aquelas pessoas que respondem ao medicamento. Essa foi a constatação de uma pesquisa publicada nesta quinta-feira no periódico Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology.
O colesterol LDL é considerado "ruim" porque, em altas taxas, contribui para a formação de placas de gordura na parede das artérias, condição chamada de aterosclerose. Esse estado dificulta a circulação sanguínea e pode levar à formação de coágulos, causando problemas como derrame e infarto. Para alguns pacientes, seguir uma dieta saudável, praticar atividade física, evitar o cigarro e manter um peso normal são medidas suficientes para controlar os níveis de colesterol. Outras pessoas, no entanto, precisam completar o tratamento com uso de estatina.

Pesquisa - Os pesquisadores revisaram dados de sete estudos clínicos que compararam a saúde das artérias de indivíduos antes e depois do tratamento com estatina. As pesquisas duraram de 18 a 24 meses e incluíram 647 pessoas que foram diagnosticadas com doença arterial coronária e tomavam estatina.
Em 20% dos voluntários, o remédio não fez efeito e as taxas de colesterol aumentaram. Essas pessoas tinham mais acúmulo de placas de gordura nas artérias do que aquelas que responderam à terapia com droga.
"Para diminuir o risco de doenças cardiovasculares, é essencial monitorar os níveis de LDL em pacientes que têm alguma doença no coração ou que estejam se tratando com estatina", afirma Stephen Nicholls, professor da Universidade de Adelaide, na Austrália, e principal autor do estudo.
(Da redação de VEJA.com)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Em estudo internacional, Brasil avalia casais gays em que um tem HIV

Pesquisa acompanha 234 casais do Brasil, Austrália e Tailândia.
Objetivo é descobrir se uso de antirretroviral impede transmissão do vírus.

Mariana Lenharo Do G1, em São Paulo
Estudo internacional com participação do Brasil avaliou casais de homens gays em que um dos dois tinha HIV (Foto: Gary John Norman/Cultura Creative)Estudo internacional com participação do Brasil avaliou casais de homens gays em que um dos dois tinha HIV (Foto: Gary John Norman/Cultura Creative)
Um estudo internacional do qual o Brasil faz parte está avaliando como se dá a transmissão de HIV em casais formados por homens gays sorodiscordantes, ou seja, em que um tem HIV e o outro não.  A pesquisa, financiada pela Fundação para a Pesquisa da Aids (amfAR), é especialmente importante no Brasil na medida em que a epidemia no país é concentrada em populações-chave, entre elas a de homens que fazem sexo com homens.
Resultados preliminares da pesquisa, apresentados esta semana na Conferência de Retrovírus e Infecções Oportunistas, em Seattle, nos Estados Unidos, mostram que em pacientes em tratamento e com carga viral considerada indetectável (aqueles que têm no sangue menos de 200 cópias do vírus por ml), o risco de transmissão do vírus para o parceiro, mesmo em caso de sexo anal sem camisinha, pode variar de zero a apenas 4,2% ao ano.
"Este é um resultado empolgante e fornece mais evidências para adicionar às de estudos anteriores de que a transmissão de HIV, quando a carga viral de alguém é indetectável, é bastante improvável", diz o texto divulgado pelos pesquisadores no evento.
Opostos se atraem
A pesquisa, chamada “Os Opostos se Atraem”, é liderada pelo Instituto Kirby, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália. No Brasil, o estudo está sendo conduzido pelo Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec). Dos 234 casais recrutados até dezembro, 135 são da Austrália, 52 são de Bangkok e 47 do Rio de Janeiro.
Cientistas conseguiram fazer HIV sair de 'esconderijo' para combatê-lo (Foto: SKU/Science Photo Library) Concepção artística do vírus HIV: em casos em que
o HIV estava indetectável no organismo do
soropositivo, risco de infectar o parceiro variou de
zero a 4,2% (Foto: SKU/Science Photo Library)
Segundo a pesquisadora Beatriz Grinsztejn, diretora do Laboratório de Pesquisa Clínica DST/Aids do Ipec, que lidera o estudo no país, voluntários ainda estão sendo recrutados. O objetivo é que até 70 casais brasileiros participem do estudo.
Além de verificar como se dá a transmissão de HIV nesses casais, a pesquisa pretende avaliar como os homens lidam com a situação da carga viral indetectável em relação ao uso do preservativo (se eles abrem mão ou mantém o uso da camisinha nessa situação), segundo Beatriz. E também analisar se a presença de outras doenças sexualmente transmissíveis impacta na transmissão do HIV.
Durante o período de um ano no qual os casais participantes foram acompanhados, nenhum soronegativo contraiu HIV de seu parceiro soropositivo. Entre os soropositivos, 84% estava tomando antirretrovirais e 83% tinham carga viral indetectável. 58% dos casais relataram fazer sexo anal sem camisinha às vezes ou sempre.
Os pesquisadores destacam que os resultados ainda são preliminares e que a recomendação é que o preservativo seja usado em todas as relações sexuais.
Em casais heterossexuais
Um estudo anterior, feito em casais heterossexuais sorodiscordantes, mostrou que quando o parceiro soropositivo está tomando antirretrovirais, o risco de transmitir HIV para o parceiro soronegativo é reduzido em 96%.
O estudo é particularmente importante para o Brasil porque o país tem uma epidemia que não é generalizada, é concentrada em populações-chave para as quais se precisa avaliar novas medidas de prevenção"
Beatriz Grinsztejn, Instituto Evandro Chagas
Segundo Beatriz, avaliar essa relação em casais de homens gays “é extremamente importante porque a transmissão através da mucosa anal é muito mais eficiente do que transmissão pela mucosa vaginal”. Por isso havia o temor de que o impacto do tratamento na transmissão da doença fosse diferente entre os homossexuais.
A pesquisadora destaca que este é o primeiro projeto de pesquisa financiado pela amfAR no Brasil. Para o presidente-executivo e diretor da amfAR, Kevin Robert Frost, os resultados do estudo podem levar a ações de combate à doença mais eficazes no Brasil.
"A epidemia de Aids no Brasil está desproporcionalmente concentrada entre homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, e a redução da propagação e do impacto do HIV nessa população chave exigirá que programemos intervenções que são verdadeiramente eficazes", diz Frost.
Casais gays sorodiscordantes que vivam no Rio de Janeiro e que tenham interesse em se informar sobre como participar do estudo podem ligar grátis para 9090 (21) 2260-6700.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Testes em roedores mostram que oxitocina reduz intoxicação alcoólica

Uso do 'hormônio do amor' ajudaria a tratar a dependência do álcool.
Investigação científica foi publicada esta semana na revista 'PNAS'.

Da EFE
Remédio que corta desejo por bebida alcoólica será oferecido na Inglaterra - Gnews (Foto: Reprodução/GloboNews)Uso da substância pode ajudar no tratamento da dependência do álcool (Foto: Reprodução/GloboNews)
A oxitocina, conhecida também como o "hormônio do amor", previne a intoxicação alcoólica em roedores e poderá abrir portas para futuros tratamentos contra a dependência do álcool em seres humanos, segundo estudo divulgado.
"Descobrimos que as oxitocinas bloqueiam os efeitos da intoxicação do álcool e previnem a atuação em partes do cérebro que estão ligados ao alcoolismo", explicou à emissora "ABC" Michael Bowen, um dos autores da pesquisa da Universidade de Sydney.
Na investigação publicada na revista da Academia Americana de Ciências, a "PNAS", a equipe liderada por Bowen analisou o papel da substância no bloqueio dos efeitos do álcool no organismo, que é induzido pela liberação da dopamina.
Ao observar o comportamento de grupos de roedores sóbrios e embriagados, os cientistas perceberam que os primeiros davam voltas ao redor de suas jaulas, enquanto os outros se sentavam visivelmente sedados, com os focinhos apoiados na quina das caixas.
O curioso foi que um terceiro grupo de ratos, ao qual foi dado o hormônio antes do consumo de álcool, rodeava a jaula como os roedores sóbrios.
Corte do efeito
Em outros testes para medir a sobriedade, Bowen e seus colaboradores observaram por quanto tempo os roedores aguentavam ficar pendurados verticalmente na grade de arames.
Desafio agora é aprimorar a descoberta para tratamentos em seres humanos, embora a oxitocina já seja utilizada de forma segura para induzir partos
"Os ratos sóbrios se sustentavam de 10 a 15 segundos, enquanto os embriagados aguentaram apenas dois", explicou o psicólogo australiano, ressaltando que os que estavam sob o efeito da oxitocina conseguiram ficar pendurados cerca de dez segundos.
"A substância reverte quase por completo o efeito do álcool", afirmou o cientista ao refletir sobre as possibilidades de prevenir as consequências que o consumo da bebida produz, como o relaxamento excessivo dos músculos.
Estudos anteriores mostram que a oxitocina pode reduzir o consumo do álcool, os desejos e a síndrome de abstinência, por isso há chances de ser um componente crucial para possíveis tratamentos contra o alcoolismo. "Aqui há um remédio que potencialmente pode fazer com que se consuma menos álcool e caso seja ingerido, os efeitos serão reduzidos", indicou Bowen.
O desafio agora é aprimorar a descoberta para tratamentos em seres humanos, embora a oxitocina já seja utilizada de forma segura para induzir partos.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

As marcas deixadas no cérebro pela falta de cuidados na infância

Pesquisas revelam os prejuízos ao desenvolvimento causados pela negligência sofrida por crianças de zero a seis anos

Cilene Pereira e Mônica Tarantino
Um campo recente de investigação científica está revelando com clareza as marcas deixadas no cérebro por causa da falta de cuidados com as crianças durante seus seis primeiros anos de vida – período batizado de primeira infância. São prejuízos que comprometem a capacidade de aprendizado, de memória e de formação de vínculos afetivos na vida adulta e que também predispõem ao surgimento de doenças como a depressão, a ansiedade e a comportamentos violentos. Por ausência de cuidados entende-se desde a negligência para com ações que asseguram conforto físico à criança, como alimentá-la e vesti-la de acordo suas necessidades, até para com aquelas que lhe garantem segurança emocional. Entre elas estão atos simples como um toque carinhoso e o acolhimento em momentos de medo ou de dor.
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O mais recente trabalho a demonstrar esse impacto foi divulgado pela equipe comandada por Johanna Bick, do Boston Children’s Hospital (EUA). Os cientistas selecionaram 136 crianças com idade de dois anos e que haviam passado pelo menos um ano em instituições de amparo. Elas foram avaliadas até os 12 anos e seu desenvolvimento cerebral comparado ao de crianças criadas por suas famílias. Aquelas que haviam sido abandonadas apresentavam alterações importantes em partes da substância branca (formada pelas extensões dos neurônios) localizadas, por exemplo, em áreas envolvidas no processamento das emoções. “Essas marcas terão impacto na capacidade futura de raciocínio e de regular as emoções, entre outras funções”, disse à ISTOÉ a pesquisadora Johanna.
À conclusão parecida chegou o cientista Jamie Hanson, da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), após analisar o cérebro de 128 crianças negligenciadas. Hanson verificou que elas possuíam tamanho reduzido de amígdala e hipocampo – estruturas cerebrais associadas às emoções e à memória. “Acreditamos que o impacto seja devido à exposição contínua da criança ao hormônio cortisol, liberado em condições estressantes”, explicou o cientista à ISTOÉ.
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As evidências científicas mostram ainda modificações relacionadas à maior probabilidade de surgimento de doenças como a depressão e a ansiedade e também de dificuldade de criar laços afetivos. “Nos primeiros anos de vida é formado o vínculo emocional da criança com seus cuidadores familiares”, afirmou à ISTOÉ o psiquiatra James Leckman, da Universidade de Yale (EUA), um dos mais renomados especialistas do mundo nesse campo. “Essa ligação contribui para seu desenvolvimento emocional e cognitivo e para seu investimento nas relações pessoais no futuro.”
A confirmação pela ciência de que a primeira infância é decisiva para a saúde física e mental na vida adulta está motivando iniciativas para que o período receba mais atenção. Uma delas é a criação do Marco Legal da Primeira Infância. O projeto de lei a esse respeito está seguindo os trâmites necessários para ser aprovado pelo Congresso Nacional. “Ele assegura prioridade absoluta aos direitos das crianças de zero a seis anos”, explica Claudius Ceccon, secretário executivo da Rede Nacional Primeira Infância, formada por mais de 120 organizações envolvidas na promoção do desenvolvimento adequado no começo da vida. “O País precisa investir em políticas públicas e em outras ações nesse sentido”, diz João Figueiró, do Instituto Zero a Seis.
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Na cartilha para o correto crescimento emocional e cognitivo deve estar presente a preocupação para não exagerar nos estímulos. “Pode haver a aceleração do desenvolvimento. Acaba-se condicionando a criança a fazer coisas que ela poderia fazer e aprender sozinha no seu tempo”, ressalva a socióloga Lourdes Atié, pós-graduada em educação.
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DANO
Equipe da americana Johanna Bick descobriu que crianças abrigadas em
orfanatos apresentavam alterações em sistemas associados às emoções
Na dose certa, os estímulos e o amor produzem resultados fabulosos. Pais de Caio e Luiza, de dez meses, Gabriela Domingues e Sérgio Veiga, de São Paulo, sabem bem disso. As crianças nasceram prematuras e passaram três meses na UTI. “Falar com eles, tocá-los, ficarmos próximos, fazia com que se acalmassem”, lembra Gabriela. Muitas vezes até o padrão de respiração mudava para melhor. A psicóloga Marília Kerr também faz questão de oferecer ao filho, Henrique, 3 anos, bases emocionais sólidas. “Fui emocionalmente muito bem nutrida quando criança. Faço o mesmo com ele.”
Fotos: Getty Images; Rafael Hupsel

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Para evitar alergia a amendoim, coma... amendoim

Segundo um estudo, crianças que consomem frequentemente o alimento têm menos risco de desenvolver alergia a ele

Menos de 3,2% das crianças que consumiam o amendoim frequentemente desenvolveram a alergia
Menos de 3,2% das crianças que consumiam o amendoim frequentemente desenvolveram a alergia (Thinktosck/VEJA)
Quer que seu filho não desenvolva alergia a amendoim? Comece a dar o alimento a ele a partir dos onze meses de idade. Essa foi a conclusão de um estudo publicado nesta segunda-feira no periódico New England Journal of Medicine
Pesquisadores selecionaram 640 crianças de quatro a onze meses consideradas com alto risco de desenvolver alergia ao amendoim, por apresentarem sensibilidade ao ovo ou dermatites graves.
Alergia — Metade das crianças comeu comidas com amendoim pelo menos três vezes por semana ao longo de cinco anos. A outra metade foi aconselhada a evitar o fruto até alcançar os cinco anos.
Das crianças que ingeriram amendoim com frequência, 3,2% desenvolveram alergia alimento, ante 17,3% daquelas que foram orientadas a evitá-lo.
“Há décadas alergistas recomendam que, para prevenir hipersensibilidade, é preciso evitar o consumo de comidas que possam causar alergia, como o amendoim. Nossos resultados sugerem que esse conselho está incorreto e pode ter contribuído para o aumento do número de alergias ao amendoim e a outros alimentos”, afirma o coautor do estudo Gideon Lack, professor do King's College de Londres, na Inglaterra.
(Da redação de VEJA.com)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Novo guia de nutrição americano deve liberar o ovo e limitar o açúcar

Documento elaborado por especialistas, que serve de base para o guia nutricional do governo, retirou a recomendação de evitar alimentos ricos em colesterol

Publicação voltou atrás na recomendação de que se deve evitar ao máximo a gordura
Publicação voltou atrás na recomendação de que se deve evitar ao máximo a gordura (Comstock/VEJA)
Um documento escrito por mais de 100 especialistas em saúde e nutrição para o governo americano liberou o consumo de alimentos ricos em colesterol, como o ovo, e, pela primeira vez, limitou a ingestão de açúcar. O texto serve como base científica para o guia nutricional do país, que será divulgado neste ano, ainda sem data definida.
Publicado na quinta-feira, o Dietary Guidelines Advisory Committee afirma que os americanos estão comendo muito sal, açúcar e gordura saturada, e quantidades insuficientes de alimentos saudáveis como frutas, vegetais, grãos integrais, nozes e peixe.

Para prevenir obesidade e doenças crônicas, o levantamento estabeleceu um teto para o consumo diário de açúcar: no máximo, 10% do total de calorias ingeridas, ou cerca de 12 colheres de chá. Atualmente, os americanos consomem de 22 a 30 colheres de chá de açúcar por dia, oriundas principalmente de sucos industrializados e refrigerantes. Por esse motivo, o documento recomenda que essas bebidas sejam banidas nas escolas do país.
A publicação voltou atrás no que diz respeito ao consumo de alimentos ricos em colesterol, como ovos e camarão. A mudança veio depois de pesquisas mostrarem que essa gordura proveniente da alimentação tem efeito quase nulo sobre os níveis de colesterol para a maioria da população. A gordura, diz o levantamento, deve representar no máximo 35% das calorias diárias, de preferência de fontes como azeite, frutas oleaginosas e peixes, como preconiza a dieta do mediterrâneo.
Mudanças — As novas diretrizes podem afetar milhões de americanos, principalmente crianças. As escolas americanas utilizam a publicação para elaborar o cardápio das refeições diárias de quase 30 milhões de alunos no país.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

As marcas deixadas no cérebro pela falta de cuidados na infância

Pesquisas revelam os prejuízos ao desenvolvimento causados pela negligência sofrida por crianças de zero a seis anos

Cilene Pereira e Mônica Tarantino
Um campo recente de investigação científica está revelando com clareza as marcas deixadas no cérebro por causa da falta de cuidados com as crianças durante seus seis primeiros anos de vida – período batizado de primeira infância. São prejuízos que comprometem a capacidade de aprendizado, de memória e de formação de vínculos afetivos na vida adulta e que também predispõem ao surgimento de doenças como a depressão, a ansiedade e a comportamentos violentos. Por ausência de cuidados entende-se desde a negligência para com ações que asseguram conforto físico à criança, como alimentá-la e vesti-la de acordo suas necessidades, até para com aquelas que lhe garantem segurança emocional. Entre elas estão atos simples como um toque carinhoso e o acolhimento em momentos de medo ou de dor.
abre.jpg
O mais recente trabalho a demonstrar esse impacto foi divulgado pela equipe comandada por Johanna Bick, do Boston Children’s Hospital (EUA). Os cientistas selecionaram 136 crianças com idade de dois anos e que haviam passado pelo menos um ano em instituições de amparo. Elas foram avaliadas até os 12 anos e seu desenvolvimento cerebral comparado ao de crianças criadas por suas famílias. Aquelas que haviam sido abandonadas apresentavam alterações importantes em partes da substância branca (formada pelas extensões dos neurônios) localizadas, por exemplo, em áreas envolvidas no processamento das emoções. “Essas marcas terão impacto na capacidade futura de raciocínio e de regular as emoções, entre outras funções”, disse à ISTOÉ a pesquisadora Johanna.
À conclusão parecida chegou o cientista Jamie Hanson, da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), após analisar o cérebro de 128 crianças negligenciadas. Hanson verificou que elas possuíam tamanho reduzido de amígdala e hipocampo – estruturas cerebrais associadas às emoções e à memória. “Acreditamos que o impacto seja devido à exposição contínua da criança ao hormônio cortisol, liberado em condições estressantes”, explicou o cientista à ISTOÉ.
IEpag70e71Crianca-1.jpg
As evidências científicas mostram ainda modificações relacionadas à maior probabilidade de surgimento de doenças como a depressão e a ansiedade e também de dificuldade de criar laços afetivos. “Nos primeiros anos de vida é formado o vínculo emocional da criança com seus cuidadores familiares”, afirmou à ISTOÉ o psiquiatra James Leckman, da Universidade de Yale (EUA), um dos mais renomados especialistas do mundo nesse campo. “Essa ligação contribui para seu desenvolvimento emocional e cognitivo e para seu investimento nas relações pessoais no futuro.”
A confirmação pela ciência de que a primeira infância é decisiva para a saúde física e mental na vida adulta está motivando iniciativas para que o período receba mais atenção. Uma delas é a criação do Marco Legal da Primeira Infância. O projeto de lei a esse respeito está seguindo os trâmites necessários para ser aprovado pelo Congresso Nacional. “Ele assegura prioridade absoluta aos direitos das crianças de zero a seis anos”, explica Claudius Ceccon, secretário executivo da Rede Nacional Primeira Infância, formada por mais de 120 organizações envolvidas na promoção do desenvolvimento adequado no começo da vida. “O País precisa investir em políticas públicas e em outras ações nesse sentido”, diz João Figueiró, do Instituto Zero a Seis.
IEpag70e71Crianca-2.jpg
Na cartilha para o correto crescimento emocional e cognitivo deve estar presente a preocupação para não exagerar nos estímulos. “Pode haver a aceleração do desenvolvimento. Acaba-se condicionando a criança a fazer coisas que ela poderia fazer e aprender sozinha no seu tempo”, ressalva a socióloga Lourdes Atié, pós-graduada em educação.
INFANCIA-03-IE.jpg
DANO
Equipe da americana Johanna Bick descobriu que crianças abrigadas em
orfanatos apresentavam alterações em sistemas associados às emoções
Na dose certa, os estímulos e o amor produzem resultados fabulosos. Pais de Caio e Luiza, de dez meses, Gabriela Domingues e Sérgio Veiga, de São Paulo, sabem bem disso. As crianças nasceram prematuras e passaram três meses na UTI. “Falar com eles, tocá-los, ficarmos próximos, fazia com que se acalmassem”, lembra Gabriela. Muitas vezes até o padrão de respiração mudava para melhor. A psicóloga Marília Kerr também faz questão de oferecer ao filho, Henrique, 3 anos, bases emocionais sólidas. “Fui emocionalmente muito bem nutrida quando criança. Faço o mesmo com ele.”
Fotos: Getty Images; Rafael Hupsel

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Hospital dos EUA pode ter infectado 179 com superbactéria

Até agora, está confirmado que sete pacientes foram contaminados com bactéria resistente a antibióticos em instituição de Los Angeles; dois morreram

Disco com bactérias
Bactérias: pacientes teriam sido contaminados por instrumentos utilizados em exames de endoscopia (Thinkstock/VEJA)
Um hospital de Los Angeles, nos Estados Unidos, anunciou nesta quinta-feira que pode ter infectado involuntariamente 179 pessoas com uma bactéria resistente a antibióticos. De acordo com o Centro Médico Ronald Regan UCLA, está confirmado que sete pacientes foram contaminados por enterobactérias capazes de resistir ao carbapenemos (CRE, na sigla em inglês). O micro-organismo pode ter sido um fator que contribuiu para a morte dos dois pacientes, admitiu o hospital em um comunicado.
Funcionários do centro médico disseram que kits para testes domésticos foram disponibilizados para determinar se os pacientes em risco estão infectados pela CRE.
Instrumentos contaminados — Uma investigação interna do hospital descobriu que a bactéria foi aparentemente transmitida por meio de instrumentos médicos utilizados em exames de endoscopia para diagnosticar e tratar doenças do pâncreas e da vesícula biliar, entre outubro de 2014 e janeiro deste ano. Em comunicado, o centro médico afirmou que os instrumentos foram esterilizados de acordo com as normas estipuladas pelo fabricante. "Os dois instrumentos envolvidos na infecção foram imediatamente removidos e o UCLA está utilizando um processo de descontaminação que vai além das normas nacionais e do fabricante", segue o texto.
A bactéria CRE é resistente a tratamentos com a maioria dos antibióticos comuns, e é particularmente perigosa nos hospitais, onde os pacientes podem estar com o sistema imunológico comprometido ou se recuperando de cirurgias.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Nova vacina contra HPV é mais eficiente na prevenção do câncer

Em estudo, vacina revelou potencial de aumentar a prevenção contra o tumor de colo do útero de 70%, índice atual, para 90%

Geraldo Alckmin, Dilma Rousseff e Arthur Chioro, na cerimônia de lançamento da campanha de vacinação nacional contra o HPV
Vacina contra o HPV: no Brasil, ela protege contra quatro subtipos do vírus, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero (Jorge Araújo/Folhapress/VEJA)
Cientistas desenvolveram uma vacina que protege contra nove subtipos do vírus HPV (papilomavírus humano), sete dos quais causam a maioria dos casos de câncer do colo do útero. Em comparação com as vacinas disponíveis atualmente, que imunizam o organismo somente contra dois subtipos oncogênicos, a nova opção oferece significativamente mais proteção. A descoberta foi publicada na quarta-feira no periódico New England Journal of Medicine.
Atualmente existem duas opções de vacinas contra HPV: a bivalente e a quadrivalente. A primeira protege contra dois subtipos de vírus presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero. Já a segunda imuniza o organismo contra quatro subtipos de HPV: os dois da vacina bivalente e mais dois presentes em 90% dos casos de verrugas genitais.
Pesquisadores da Universidade Queen Mary, de Londres, compararam a eficácia e a segurança da nova vacina com a versão quadrivalente em mais de 14 200 mulheres, de 16 e 26 anos. Os resultados indicaram que, se as populações não infectadas forem vacinadas com a nova versão, cerca de 90% de todos os tumores do colo do útero poderão ser evitados.
“A nova vacina tem o potencial de aumentar a prevenção de câncer do colo do útero de 70% para 90%, quase eliminando este câncer nas mulheres vacinadas. É crucial, no entanto, lembrar que a vacinação deve ser feita antes da exposição ao vírus”, afirmou o coautor do estudo, Jack Cuzick, professor da Universidade Queen Mary.
O HPV é, hoje, o vírus sexualmente transmissível mais comum. Muitas pessoas infectadas nem sabem que o contraíram, já que muitas vezes ele é eliminado espontaneamente pelo organismo sem causar problemas de saúde. Porém, algumas variações apresentam alto risco de desenvolver câncer do colo do útero e, em menor incidência, tumor vulvar, vaginal, peniano, anal e de garganta.

Brasil — Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil, o câncer de colo do útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no país.

Em 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) lançou uma campanha nacional para imunizar meninas de 11 a 13 anos contra o HPV. A vacina aplicada é a quadrivalente, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
(Da redação de VEJA.com)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Dieta rica em fibras é suficiente para emagrecer, diz estudo

De acordo com uma pesquisa, consumir 30 gramas de fibras por dia emagrece tanto quanto seguir uma dieta cheia de regras

Trocar o pão branco pelo integral é uma maneira de aumentar a ingestão de fibras
Trocar o pão branco pelo integral é uma maneira de aumentar a ingestão de fibras (Thinkstock)
Está difícil seguir uma dieta? Uma pesquisa publicada na segunda-feira no periódico Annals of Internal Medicine concluiu que, para emagrecer, consumir 30 gramas de fibras por dia é tão eficiente quanto fazer um regime cheio de regras.
Os estudiosos chegaram a essa conclusão depois de comparar 240 adultos que seguiram duas dietas: uma que consistia em comer pelo menos 30 gramas de fibras por dia — presentes em alimentos integrais e frutas, por exemplo — e o regime recomendado pela Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês). A dieta da AHA prioriza o consumo de frutas, vegetais, carboidratos integrais, peixe e proteína magras, e limita a ingestão de açúcar, sal, álcool e gorduras saturadas e trans.
Resultado — Depois de um ano de pesquisa, os participantes de ambos os grupos perderam peso e melhoraram a pressão arterial e a resistência à insulina. Aqueles que seguiram a dieta da AHA perderam apenas 1,5 quilo mais do que os que comeram os 30 gramas de fibras.

De acordo com os pesquisadores, a dieta da AHA é eficiente, mas, por ter muitas regras, difícil de ser mantida. Por isso, pessoas que querem perder peso mas têm dificuldade para seguir regimes rigorosos podem optar por programas alimentares mais simples.
(Da redação de VEJA.com)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Estudo revela a dose mínima de atividade física para proteger o coração

Pesquisadores concluíram que mulheres na meia-idade não precisam se exercitar mais de três vezes por semana para diminuir em 20% o risco de infarto e derrame

Corrida
Segundo os pesquisadores, o exercício deve ser intenso o suficiente para causar suor ou acelerar os batimentos cardíacos (Thinkstock)
Praticar exercício físico duas ou três vezes por semana é suficiente para reduzir em 20% o risco de infarto e derrame em mulheres na meia-idade. A conclusão é de uma pesquisa da Universidade de Oxford, na Inglaterra, publicada nesta segunda-feira no periódico Circulation.
Os cientistas analisaram dados de mais de 1 milhão de mulheres com idade média de 56 anos. Nenhuma participante tinha histórico de câncer, doenças do coração, derrame e diabetes. Aquelas que faziam duas ou três vezes por semana alguma atividade intensa o suficiente para suar ou acelerar os batimentos cardíacos colhiam benefícios para a saúde cardiovascular. Os pesquisadores contaram como exercícios não apenas modalidades praticadas na academia, mas também jardinagem e caminhada. Não foram encontradas evidências de que exercitar-se mais de três vezes por semana reduz ainda mais os riscos de infarto e AVC.
“Para prevenir doenças do coração e derrame, as mulheres não precisam se exercitar muitas vezes por semana. A alta frequência de atividade física oferece pouco benefício adicional à saúde, se comparada à frequência moderada”, afirma Miranda Armstrong, professora da Universidade de Oxford e coautora do estudo.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Google usa pele sintética para pesquisa contra câncer



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O Google, gigante da internet, há anos busca diversificar eu campo de atuação em inúmeras áreas. Recentemente, a empresa revelou que tem usado pele sintética para desenvolver uma tecnologia que deve usar nanopartículas magnéticas para procurar e identificar células cancerígenas na corrente sanguínea de seres humano.
Quando anunciou a pesquisa em outubro, o Google não comentou como as partículas se comunicariam com a pulseira que anunciaria os resultados encontrados. Segundo um vídeo publicado pela revista “The Atlantic”, a empresa afirma que serão usados sinais de luz identificados pela pulseira na parte de baixo do pulso onde ela estiver colocada.
Como a efetividade dessa forma de comunicação dependerá da cor e da espessura da pele, os cientistas do laboratório Google X, divisão de pesquisas avançadas da empresa, passaram a utilizar braços artificiais com os mesmos compostos bioquímicos de um de verdade.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Crossfit mania

A modalidade de treino que mistura atletismo, ginástica olímpica e disciplina militar se espalha pelas academias e torna-se a atividade preferida do verão brasileiro. Ela promete grande perda de peso e músculos mais definidos. Tudo isso em pouco tempo

Mônica Tarantino e Rogério Daflon
As atrizes Giovanna Antonelli e Bruna Marquezine fazem. Os atores Reynaldo Gianecchini e Bruno Gagliasso, também. E, como eles, um número cada vez maior de praticantes de atividade física pelo Brasil afora. O crossfit, método de condicionamento que mistura, entre outras coisas, elementos do atletismo e da ginástica olímpica, tornou-se a modalidade de treino preferida do verão brasileiro. Criado por Greg Glassman, 58 anos, um treinador da Califórnia, nos Estados Unidos, o crossfit contagia e se espalha pelas academias com uma força impressionante. De acordo com a Crossfit Inc., empresa de Glassman detentora da marca e treinadora oficial de professores de todas as nacionalidades, já são mais de 300 as salas – chamadas de boxes – destinadas à prática por aqui. Há dois anos, não passavam de 80. A técnica se dissemina também por mais de 30 países, entre eles a Argentina, a África do Sul, a Alemanha e a Nova Zelândia. Isso fora as academias que oferecem a modalidade, mas não têm licença da empresa de Glassman para usar o nome crossfit.
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EFEITOS
Força, concentração e precisão de movimentos estão
entre as habilidades desenvolvidas no treinamento
Por que a modalidade está fazendo tanto sucesso agora a ponto de levar as pessoas a abandonarem outras práticas, como a musculação? A razão principal reside no fato de ela ser resultado de uma combinação inteligente de fatores que vai ao encontro dos desejos das pessoas que há muito tempo praticam exercícios físicos e também motiva os novatos. O crossfit promete entregar resultados rápidos – leia-se mais condicionamento respiratório e muscular –, queima calórica considerável e quebra da monotonia no dia a dia dos exercícios. “Pelo método, não se pode repetir as aulas”, diz Antonelli Nicole, professora de crossfit e atual campeã brasileira da modalidade. O depoimento da atriz Giovanna Antonelli – praticante apaixonada e dona de um corpo escultural – corrobora a tese da professora. “É um esporte dinâmico, sem rotina”, diz.
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Esse eterno sabor de novidade a cada vez que se vai à academia só é possível porque as aulas se baseiam em uma variedade significativa de fontes. Estão presentes em seus fundamentos movimentos típicos de esportes olímpicos – os executados nas argolas são um exemplo –, do treinamento militar, como a escalada na parede, e do treino funcional. Este último embute o conceito mais moderno de treinamento hoje, que consiste na realização de exercícios que preparam o corpo para continuar apto a fazer o que lhe é exigido durante atividades rotineiras, como subir escadas ou sentar e levantar de uma cadeira. Com tantas possibilidades – são pelo menos 300 exercícios à disposição –, fica fácil planejar uma aula diferente a cada dia. “Em geral, a pessoa só fica sabendo como será seu treino daquele dia quando a aula começa”, explica André Turatti, professor da Cia. Athletica, uma das redes pioneiras no oferecimento do crossfit.
E é justamente dessa união de movimentos tão distintos em uma única aula que advém parte dos benefícios para a manutenção da boa forma. “É um treino que mexe com todo o corpo”, afirma Eduardo Netto, diretor-técnico da BodyTech, rede que acaba de abrir salas de crossfit em unidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. Aliada a essa capacidade está a proposta de que as séries de repetições sejam feitas com intensidade e velocidade. Segundo os treinadores, o resultado de se mexer com grupos musculares distintos, de forma intensa e rápida, é o desencadeamento de uma cascata de adaptações fisiológicas no organismo que exigem mais do metabolismo e do sistema nervoso.
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Os ganhos se traduzem em algo que todos almejam da prática de exercícios: músculos mais fortes, melhor função cardiorrespiratória, coordenação motora e flexibilidade apuradas e emagrecimento. Estima-se que a perda calórica seja da ordem de 500 calorias por aula. Trata-se, obviamente, de uma média. Como se sabe, a resposta metabólica de cada um é o que determina a perda de peso. “Para gastar, por exemplo, mil calorias em uma sessão de treino, o indivíduo precisa ser um atleta altamente treinado”, explica Turíbio Leite de Barros, professor de pós-graduação em fisiologia do exercício da Universidade Federal de São Paulo.
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Um item da receita de sucesso do crossfit está fora da esfera física, mas para muita gente tem grande importância para que a adesão aos exercícios se consolide. A modalidade incentiva o espírito competitivo e a superação de desafios. “O aluno é encorajado a dar o melhor de si”, diz Fábio Agrela, da Toro Gym, em Santo André (SP), que obteve seu certificado de professor de crossfit em cursos na Argentina. Para acentuar esse aspecto, toda sala tem um placar para registrar os tempos de cada adepto devidamente cronometrados pelo treinador. Tudo é controlado, anotado e conferido.
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Essa espécie de ranking doméstico serve de base para a classificação nos campeonatos nacionais e para o mundial, realizado anualmente nos Estados Unidos. “Mas nada disso é obrigatório. O aluno pode estabelecer que sua meta é superar a si mesmo e conquistar marcas melhores à medida que avança no treinamento”, garante Eduardo Netto, da BodyTech.
O estímulo à superação de metas é algo que o praticante muitas vezes pode transpor para sua vida além da academia, como um combustível extra para ter sucesso, por exemplo, na vida profissional. Mas é preciso ter cuidado para que o incentivo não vire uma armadilha. A obstinação em superar as próprias marcas e as dos outros dentro das salas de treino pode conduzir o corpo a uma fadiga desastrosa. Alguns adeptos querem levar ao limite uma máxima que já permeou o treinamento físico e hoje se mostra superada: a de que sem dor não há ganho – no pain, no gain. “Não respeitar suas próprias condições físicas e biológicas é uma falha crucial, que pode levar ao surgimento de lesões”, alerta Wesley Olivar, da Academia Reebock.
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Entre as séries que requerem mais cuidado estão as envolvidas no levantamento de peso. “Mal executadas, elas podem gerar graves lesões ao ombro, à coluna vertebral, ao quadril e aos joelhos”, diz João de Abreu, treinador da Crossfit Brasil, em São Paulo. Na opinião do fisiologista Turíbio Barros, os riscos são ainda maiores se a pessoa era sedentária até recentemente e está acima do peso. “O resultado pode ser muito preocupante se ela vai além dos seus limites”, afirma. “Pode acabar em lesões como tendinite e sérios problemas musculares.”
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O segredo, portanto, é acertar os pesos usados e a intensidade dos exercícios de acordo com o corpo e a etapa de condicionamento de cada um. “Quem estudou e compreendeu direito o método sabe que o aprendizado da mecânica correta está em primeiro lugar. Depois vem o aumento da carga e da velocidade”, explica Eduardo Netto, da BodyTech. O grande problema é que já existem academias sem o certificado da matriz americana e, portanto, sem treinadores com a formação suficiente não só para corrigir erros como também estar atentos a quem, por exemplo, apresenta uma limitação muscular ou doença cardiovascular – casos que exigem mais atenção para não acentuar os problemas.
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Essas razões reforçam a necessidade de o praticante e os interessados na modalidade se certificarem de que estão sendo muito bem orientados. “Independentemente de sua condição física, o indivíduo precisa atingir uma excelente condição técnica para a execução do exercício”, afirma Eduardo Netto. Fazendo corretamente, o indivíduo ganhará somente os benefícios. Não ajudará a aumentar a estatística da Ihrsa – organização que reúne academias de todo o mundo – dando conta de que cerca da metade das pessoas que se propõem a treinar abandona a prática depois de, em média, três meses. As queixas principais são a monotonia do exercício e a falta de resultados rápidos.
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Foto: Shutterstock, Rafael Hupsel, João Castellano – Agência Istoé, Divulgação

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Seis maneiras de combater a prisão de ventre

Controlar o stress, fazer exercícios aeróbicos e beber bastante água ajudam a combater a constipação, problema mais comum em mulheres e idosos

Patricia Orlando
Prisão de ventre: um dos sintomas é evacuar menos de três vezes por semana
Prisão de ventre: um dos sintomas é evacuar menos de três vezes por semana (Thinkstock)
Ir ao banheiro menos de três vezes por semana é sinal de constipação, conhecida como prisão de ventre. O problema é caracterizado não só pelo baixo número de evacuações, mas pela consistência endurecida das fezes e pelo esforço necessário para evacuar. A constipação é mais comum em mulheres, uma vez que os hormônios femininos dificultam o trânsito intestinal, e em idosos, pois os músculos intestinais não funcionam a pleno vapor.
“A constipação pode ser um sintoma de doenças como hipertireoidismo, diabetes, esclerose múltipla e Parkinson”, afirma Paulo Corsi, gastroenterologista do Hospital Samaritano, em São Paulo. Por isso, quando uma pessoa sem histórico de prisão de ventre passa a sofrer do problema, é preciso procurar um médico.
Complicações — Caso não seja tratada, a prisão de ventre pode desencadear hemorroidas e diverticulite, uma inflamação no intestino grosso. “Alguns estudos indicam ainda que há uma maior incidência de tumores intestinais em pacientes constipados”, diz Guilherme Andrade, gastroenterologista do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.
O tratamento da prisão de ventre começa com mudanças nos hábitos alimentares e no estilo de vida. Fibras industrializadas, vendidas em farmácias, completam o tratamento. Laxantes e supositórios só devem ser utilizados quando as primeiras medidas não surtem efeito. Contudo, segundo a gastroenterologista Maira Marzinotto, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, o problema do uso de laxantes é que muitas pessoas preferem tomar o medicamento a mudar o estilo de vida.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Alerta sobre consumo de gordura não tem base científica, diz estudo

Diretrizes médicas que recomendam limitar o consumo de comidas como carne vermelha e manteiga "nunca deveriam ter sido introduzidas", afirmam pesquisadores

Carne e alecrim
Dieta: cartilhas atuais recomendam que 7 a 10% das calorias diárias venham da gordura saturada (Thinkstock/VEJA)
Diretrizes médicas que recomendam limitar o consumo de alimentos como carne bovina e manteiga para evitar doenças cardiovasculares não têm fundamento científico. A afirmação é de uma pesquisa publicada nesta semana no periódico Open Heart.

Há mais de trinta anos, países como Estados Unidos e Grã-Bretanha recomendam que seus cidadãos consumam com moderação gordura saturada, encontrada em alimentos de origem animal, sobretudo carnes vermelhas e derivados de leite. De acordo com as diretrizes desses países, no máximo 10% do total de calorias ingeridas no dia deve vir desse tipo de gordura.

Para pesquisadores da Universidade do Oeste da Escócia, no entanto, os dados que motivaram essa recomendação eram falhos e inconclusivos. Eles chegaram a essa conclusão depois de revisar seis estudos realizados com quase 2 500 homens na época em que as diretrizes foram elaboradas. As seis pesquisas investigaram a redução nas mortes e no nível de colesterol promovidas por dietas com baixa ingestão de gordura.

Conclusão — Segundo os atuais pesquisadores, os regimes reduziram a taxa de colesterol dos participantes, mas não o índice de mortes decorrentes de doenças cardíacas. Eles criticaram ainda a ausência de mulheres nos levantamentos e o fato de que a maioria dos participantes tinha fatores de risco para doenças cardiovasculares. Os cientistas concluem que “não só as diretrizes devem ser revistas, como nunca deveriam ter sido introduzidas”.

Em um editorial que acompanha a pesquisa, o cardiologista Rahul Bahl, da Royal Berkshire NHS Foundation Trust, alerta que, embora os estudos que embasaram as diretrizes sejam “muito limitados”, há evidências da relação entre dieta rica em gordura e doenças cardíacas.

Brasil — A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que o consumo de gordura ingerido por uma pessoa varie entre 25% e 35% do valor calórico total acumulado em um dia, sendo 7% de gordura saturada.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Jovem de 24 anos muda dieta, larga a cerveja com os amigos e perde 54 kg

Para Guilherme, maior dificuldade foi parar de beber aos fins de semana.
Ele mudou radicalmente o estilo de vida e saiu dos 140 kg para os 86 kg.

Mariana PalmaDo G1, em São Paulo
Para um jovem de 24 anos, geralmente não tem nada melhor do que aquela cerveja com os amigos quando chega o fim de semana. O empresário Guilherme Mascarenhas, no entanto, precisou deixar esse programa de lado por um tempo para conseguir sair dos 140 kg. “Foi minha maior dificuldade porque eu trabalhava a semana toda e queria relaxar depois. Tive que parar com tudo isso e acabei percebendo que dá para se divertir sem exageros”, lembra.
A decisão de abandonar esses e outros prazeres veio aos 23 anos, quando Guilherme percebeu que o excesso de peso estava começando a atrapalhar sua vida. “Minhas roupas, que eram gigantes, já não serviam mais. E eu não tinha mais fôlego para subir uma escada”, conta. Porém, o início não foi tão simples por causa da correria do dia a dia – Guilherme trabalhava o dia todo em sua cidade, Santo André, e fazia faculdade à noite em São Paulo, então tinha dificuldades para comer bem e quase não tinha tempo para a academia.
Guilherme perdeu 54 kg após mudar radicalmente o estilo de vida; fotos mostram o jovem antes e depois (Foto: Arquivo pessoal/Guilherme Mascarenhas)Guilherme perdeu 54 kg após mudar radicalmente o estilo de vida; fotos mostram o jovem antes e depois (Foto: Arquivo pessoal/Guilherme Mascarenhas)
Raio X Guilherme - VC no Bem Estar (Foto: Arte/G1)
“Eu ficava para lá e para cá o dia todo, então só comia besteira na rua. Era fritura, salgadinhos, coxinha, esfiha, cachorro quente, refrigerante e muito doce”, diz.
Em 2013, ele até se arriscou na academia, mas por causa da correria, não conseguiu fazer do jeito certo. “Meus amigos do trabalho me incentivaram a malhar com eles, mas eles iam muito cedo. E eu, que chegava depois da meia noite em casa, não conseguia acordar para ir junto”, conta.
A mudança definitiva só aconteceu em janeiro de 2014, depois que o empresário se formou. “Eu tinha tempo à noite, então comecei direito na academia”, lembra.
Para driblar as tentações ao longo do dia, Guilherme começou também a levar marmitas para o trabalho, com opções muito mais saudáveis do que as que costumava encontrar na rua. “Levava frutas, pão integral com requeijão e meus pratos, que eram sempre com arroz integral, legumes e frango”, diz.
Além de ter abandonado totalmente a cerveja, o jovem cortou relações também com os doces, frituras, refrigerantes e sorvete – e no lugar, entraram seus mais novos amigos: frutas, legumes, verduras e integrais. “Nunca tinha comido salada. Eu comia feijoada e deixava a couve. Depois, comecei a comer a couve e deixava a feijoada”, brinca.
Nos dois primeiros meses, Guilherme já havia perdido 12 kg, resultado que funcionou como uma motivação. “Eu percebi que conseguia, então continuei. Minha meta era perder sempre 5 kg por mês”, conta.
Em abril, ele saiu do emprego e abriu seu próprio negócio, uma gráfica, o que ajudou ainda mais no novo estilo de vida. “Tirei um peso das costas e fiquei muito menos estressado. E como minha empresa é em casa, tinha mais tempo para ir à academia e era muito mais fácil seguir a dieta”, lembra.
De lá para cá, seguindo à risca a rotina de alimentação saudável e atividade física, ele conseguiu chegar aos 86 kg, 54 kg a menos na balança. “Muita coisa mudou. Durmo melhor, respiro bem e minha autoestima aumentou. É outra vida”, afirma.
Com o novo corpo, ele trocou também as calças 52 por 40 e as camisetas 4G por G. “Não dá mais para usar as roupas de antes. Agora estou muito mais confiante também”, acredita.
Depois de cerca de um ano, Guilherme agora se permite uma cervejinha de vez em quando, mas não como antes. “Se eu tomo, é uma só e não 10 como eu tomava”, diz. E ele agora garante que vai levar o novo estilo de vida para sempre. “Se eu parar, em 2 meses chego aos 100 kg de novo. Vou continuar firme e forte pra atingir minha meta, que é 80 kg”, afirma. Para quem também precisa emagrecer, ele dá a dica: “tem que começar e acreditar em si mesmo. É possível, sim”, conclui.
Depois de cerca de um ano, ele agora continua na luta para atingir a meta de 80 kg (Foto: Arquivo pessoal/Guilherme Mascarenhas)Depois de cerca de um ano, ele agora continua na luta para atingir a meta de 80 kg (Foto: Arquivo pessoal/Guilherme Mascarenhas)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Cremesp endurece regras de conduta médica relacionadas a próteses

Entre elas está a proibição expressa de recebimento de gratificações de empresas do ramo

Os médicos ficam proibidos de prescrever medicamentos, órteses, próteses e materiais, "baseados em contrapartidas como recebimento de gratificações ou pagamentos de inscrições em eventos ou viagens"
Os médicos ficam proibidos de prescrever medicamentos, órteses, próteses e materiais, "baseados em contrapartidas como recebimento de gratificações ou pagamentos de inscrições em eventos ou viagens" (Thinkstock)
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) publicou nesta quinta-feira, uma resolução que estabelece regras específicas de conduta para a relação de médicos com a indústria de próteses, órteses (dispositivos externos aplicados ao corpo, como aparelhos dentários), materiais e medicamentos, entre elas a proibição expressa de recebimento de gratificações de empresas do ramo. A norma foi editada após a imprensa divulgar denúncias de irregularidades envolvendo profissionais e a indústria.
Com a resolução, os médicos ficam proibidos de prescrever medicamentos, órteses, próteses e materiais, "baseados em contrapartidas como recebimento de gratificações ou pagamentos de inscrições em eventos ou viagens".

Segundo o presidente do Cremesp, Bráulio Luna Filho, a proibição de relação mercantil entre médico e empresas já está expressa no Código de Ética Médica, mas não havia nenhuma deliberação específica relacionada a próteses. "Agora ninguém vai poder falar que a regra era muito genérica. Se agir de forma irregular, terá punição." A resolução prevê a responsabilização dos diretores clínicos e médicos dos hospitais por qualquer irregularidade. A norma entra em vigor em 60 dias.
(Com Estadão Conteúdo)

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Diabetes tipo 1 é mais fatal para mulheres do que para homens

Pesquisa revela que diabéticas tipo 1 têm 40% maior risco de morrer por todas as causas do que homens com a mesma condição

Diabetes
Diabetes tipo 1: dificuldades em controlar o índice glicêmico e em administrar a insulina podem elevar as mortes por doenças cardiovasculares (Thinkstock/VEJA)
Mulheres com diabetes tipo 1 têm 37% maior probabilidade de morrer do que homens com a mesma doença. A conclusão é de uma revisão de 26 estudos publicada no periódico The Lancet Diabetes & Endocrinology.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Risk of all-cause mortality and vascular events in women versus men with type 1 diabetes: a systematic review and
meta-analysis

Onde foi divulgada: periódico The Lancet Diabetes & Endocrinology

Quem fez: Rachel R Huxley, Sanne A E Peters, Gita D Mishra e Mark Woodward

Instituição: Universidade de Queensland, na Austrália, entre outras.

Resultado: Mulheres com diabetes tipo 1 têm 40% mais risco de morrer por todas as causas do que homens com a mesma doença.
Pesquisadores avaliaram dados de mais de 200.000 pessoas com diabetes tipo 1 de 1966 a 2014. Eles descobriram que as mulheres têm duas vezes mais risco de falecer por infarto, 37% por derrame e 44% por doenças renais. No compilado de todas as causas, a probabilidade de morrer é 37% maior entre elas.

Para os autores da pesquisa, dificuldades em controlar o índice glicêmico e administrar a insulina, mais comuns no sexo feminino, podem contribuir para a elevação das mortes por doenças vasculares.

“Essa diferença marcante entre os gêneros pode ter profundas implicações no tratamento de mulheres”, afirma a líder do estudo, Rachel Huxley, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Queensland, na Austrália. Rachel ressalta que recentemente as associações americanas do coração e do diabetes concluíram que as diferenças étnicas precisam ser mais pesquisadas para prevenir doenças cardiovasculares entre diabéticos tipo 1. “Nós defendemos que as diferenças entre os sexos também sejam mais investigadas”, afirma.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Casos de dengue no país cresceram 57% em janeiro, diz ministério

Governo federal registrou 40.196 casos da doença no mês passado.
Ministro da Saúde atribui expansão da dengue à crise hídrica do país.

Do G1, em Brasília
Aedes Aegypti mosquito da dengue (Foto: Douglas Aby Saber / Fotoarena)Aedes Aegypti, o mosquito transmissor da dengue. (Foto: Douglas Aby Saber / Fotoarena)
Os casos de dengue no país cresceram 57,2 em janeiro deste ano, se comparado ao mesmo período de 2014, segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde. De acordo com o titular da pasta, Arthur Chioro, a crise hídrica registrada em alguns estados brasileiros é um dos principais motivos da multiplicação dos casos de dengue, na medida em que a população das regiões atingidas pela estiagem acaba estocando água de forma inadequada.
"É fundamental entender que as pessoas, as famílias, a sociedade têm que ter cuidado com o acondicionamento de água em casa. Nesses momento em que está faltando água, tem ameaça de faltar água, muitas pessoas estão preocupadas em acumular água em casa sem proteção, sem que os vasilhames estejam corretamente fechados. Isso facilita a reprodução do mosquito transmissor da dengue", alertou o ministro da Saúde.
Dados do governo federal mostram que, no mês passado, foram registrados 40.196 casos notificados de dengue no Brasil. No mesmo período do ano passado, haviam sido registrados 26.017 casos.
Arthur Chiro adverte que o armazenamento de água nas residências sem a devida proteção eleva o risco de depósito da larva do Aedes Aegypti, mosquito transmissor da dengue e do vírus chikungunya, que provoca sintomas parecidos com os da dengue, porém, mais dolorosos.
"Temos de lembrar que agora, além da dengue, nós temos o chikungunya. É o mesmo mosquito, é o mesmo mecanismo de transmissão, por dois vírus diferentes. Portanto, perigo em dobro. A responsabilidade de todos também aumentou", ressaltou Chioro.
Na Região Sudeste, os casos de dengue saltaram 55,3%, com 22.636 registros. No Centro-Oeste, o aumento identificado pelo Ministério da Saúde foi de 20% (8.169 casos notificados).
Na avaliação por unidades da federação, o estado que proporcionalmente registrou a maior elevação dos casos de dengue em janeiro foi o Acre. Lá, 2.673 pessoas foram diagnosticadas com a doença, o que equivale a 338,3 casos a cada 100 mil habitantes. Somente no município acreano de Cruzeiro do Sul as autoridades de saúde confirmaram 2.305 casos de dengue no primeiro mês de 2015, contra sete registros em janeiro do ano passado.
Na Região Sudeste, os casos de dengue saltaram 55,3%, com 22.636 registros. No Centro-Oeste, o aumento identificado pelo Ministério da Saúde foi de 20% (8.169 casos notificados).
Cai número de casos graves
Embora o governo federal tenha identificado um aumento nas notificações da dengue, o levantamento também apontou que caiu em 71,4% a incidência de casos graves da doença – passou de 49 registros no início de 2014 para 14 em janeiro deste ano.
Conforme o Ministério da Saúde, o número de mortes em decorrência da dengue também teve queda. No primeiro mês do ano passado foram registrados 37 óbitos, e em janeiro de 2015, seis.
Na avaliação de Arthur Chioro, a atuação do ministério e das secretarias estaduais e municipais de saúde ao longo do ano passado auxiliaram a reduzir o número de casos graves da doença. O ministro atribui parte dessa redução à capilarização do programa federal Mais Médicos, que fornece profissionais de saúde a municípios do interior do país e das periferias de grandes centros urbanos.
"Nós temos os profissionais do Mais Médicos agora atuando em regiões onde você não tinha antes atendimento básico. Então, todo esse esforço faz a diferença na hora de diagnosticar os casos e tratá-los de forma adequada", disse o ministro.
Casos de dengue por região:
Sudeste:  22.636 casos (aumento de 55,3%)
Centro-Oeste: 8.169 (20%)
Norte: 4.010 (10%)
Nordeste: 3.906 (9,5%)
Sul: 2.104 (5,1%)
Estado com maior incidência da dengue em janeiro, por 100 mil habitantes:
Acre: 2.673 casos (338,3 por mil habitantes)
Goiás: 6.386 casos (97,9 por mil habitantes)
Mato Grosso do Sul: 1.124 casos (42,9 por mil habitantes)
São Paulo: 17.612 casos (40 por mil habitantes)
Tocantins: 504 casos (33,7 por mil habitantes)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Anvisa aprova novas regras para pesquisa clínica no Brasil

Agência terá prazo para avaliar estudos propostos; mudança deve agilizar a análise dos pedidos

pesquisa
Nova regra: equipe da Anvisa terá 90 dias para analisar pedidos de estudos executados por diversas instituições (Thinkstock/VEJA)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta quinta-feira novas regras para a pesquisa clínica no país. A resolução, que deverá ser publicada nas próximas duas semanas, fixa um prazo máximo para avaliação de propostas de estudos multicêntricos, isto é, controlados e executados por diversas instituições. Se em 90 dias a equipe da agência não analisar a proposta, ela será automaticamente aprovada. Esse tipo de estudo, feito simultaneamente em vários centros de pesquisa no mundo e com pacientes voluntários, responde por cerca de 60% dos pedidos de análise recebidos pela agência.
A expectativa é a de que a mudança traga maior agilidade nas análises dos pedidos apresentados na agência. As novas regras terão aplicação imediata.

Para estudos de maior risco, que envolvem produtos biológicos e desenvolvidos no Brasil, o prazo é de 180 dias. Nesse caso, se o prazo expirar, a aprovação não será automática. "É uma meta a ser seguida", disse o diretor da Anvisa, José Moutinho. "Nas pesquisas multicêntricas, geralmente já existe uma aprovação de alguma outra agência regulatória. No caso dos estudos iniciados aqui, temos de partir do início, daí o maior cuidado."
A nova regra também determina que o pedido encaminhado para a agência tenha o formato de um dossiê completo, com previsão de todos os estudos que poderão ser desenvolvidos com determinada substância. "Atualmente, para cada braço do estudo, é feito um pedido específico. Muitas vezes o trabalho anterior é perdido", disse Moutinho. A ideia é ter uma espécie de processo para cada substância, com aproveitamento de documentos e estudos que já tenham sido realizados.
As mudanças tiveram como ponto de partida as queixas feitas por representantes de empresas farmacêuticas, pesquisadores e integrantes de centros de estudo rotineiramente convidados para participar de pesquisas para avaliar a segurança e eficácia de medicamentos. De acordo com setores descontentes, a burocracia e a demora na análise dos pedidos deixam o país fora da rota das pesquisas, algo que, avaliam, afasta também investimentos, reduz a possibilidade de projeção de pesquisadores brasileiros no cenário internacional e, em alguns casos, impede que pacientes tenham acesso a uma esperança terapêutica.
(Com Estadão Conteúdo)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Mais Médicos bate recorde de inscrições de brasileiros

De acordo com ministro da Saúde, é cedo para saber se com o maior interesse dos profissionais será possível dispensar os médicos cubanos

Programa Mais Médicos
"Mais Médicos": 4 058 cidades e 34 distritos indígenas atendidos (Ueslei Marcelino/Reuters/VEJA)
O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira que a nova edição do Mais Médicos teve recorde de inscrições: 15.747 profissionais brasileiros se candidataram ao programa. Os médicos vão disputar 4.146 vagas, das quais 361 são de reposição. O maior interesse de profissionais com diploma brasileiro é resultado da fusão do programa com o Provab, outra iniciativa do governo para tentar aumentar o provimento de profissionais em áreas consideradas prioritárias e que garante, depois de um ano de trabalho, um bônus de 10% nos exames de residência.
Ao anunciar os números, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse ser cedo para antever se, com o aumento do interesse em profissionais brasileiros, será possível dispensar o recrutamento de médicos cubanos. "Temos de aguardar", disse. Ele avalia a possibilidade de parte dos profissionais desistir, principalmente em regiões mais afastadas.
Nesta nova etapa, o Mais Médicos foi ampliado em número de vagas e alcance: 273 cidades foram incluídas, agora totalizando 4.058 a lista de localidades beneficiadas, além de 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas. No momento, participam do programa, 14.462 médicos.
Das 4.505 vagas solicitadas por municípios, 359 não foram autorizadas. Os motivos para recusa do ministério foram desde falta de estrutura mínima para trabalho dos médicos ao entendimento de que as cidades não necessitavam do número requisitado de profissionais.
(Com Estadão Conteúdo)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Para viver mais, corrida leve é melhor do que intensa

Estudo aponta que mortalidade é menor em quem corre em ritmo moderado

Corredora na praia
Corrida: taxa de mortalidade é igual entre sedentários e pessoas que correm em ritmo intenso (Reprodução/Blog Chegada/VEJA)
Pessoas que correm em intensidade leve ou moderada vivem mais do que aquelas que correm em intensidade alta. Essa é uma das revelações de um estudo publicado nesta segunda-feira no periódico Journal of the American College of Cardiology, dos Estados Unidos.

Por doze anos, pesquisadores acompanharam 1.098 praticantes de corrida e 413 sedentários, todos saudáveis. Entre os corredores, foram avaliados a duração, a frequência e o ritmo dos seus treinos.
O menor índice de mortalidade foi identificado entre as pessoas que corriam em ritmo leve a moderado, por uma a 2,4 horas semanais, divididas em até três treinos. Paralelamente, o índice de mortalidade dos indivíduos que corriam em ritmo intenso foi igual ao dos sedentários. De acordo com os pesquisadores, em geral, os praticantes de corrida eram mais jovens, tinham pressão arterial e índice de massa corpórea menor, além de índices inferiores de tabagismo e diabetes.


Ritmo – Os cientistas esclarecem que o ritmo leve corresponde a um exercício vigoroso, e o extenuante, a um exercício “muito vigoroso”. “Ao longo de décadas, esse nível de atividade [muito vigoroso] pode oferecer riscos, sobretudo ao sistema cardiovascular”, afirma Peter Schnohr, pesquisador do Hospital Frederikberg em Copenhagen, na Dinamarca. “Se o objetivo é reduzir o risco de mortalidade e aumentar a expectativa de vida, correr poucas vezes na semana em intensidade moderada é uma boa estratégia. Qualquer coisa acima disso é desnecessária e prejudicial.”

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A idade real do seu corpo

Pesquisadores noruegueses criam fórmula que calcula com precisão se o nível do condicionamento físico de cada um está adequado à idade cronológica - ou se está muito longe disso

Helena Borges (helenaborges@istoe.com.br)
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A editora de saúde Cilene Pereira mostra como calcular a idade real do corpo. 
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RECEITA
Caroline alia exercícios e alimentos que aceleram
o metabolismo para atrasar o desgaste do corpo
Uma fórmula simples, rápida e disponível na internet (www.worldfitnesslevel.org) indica com precisão a idade real do corpo. Ela foi criada por pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e calcula o nível de condicionamento de cada um, revelando se ele está de acordo com o que se espera para a idade cronológica ou, ao contrário, se está bem distante disso.
A informação é fundamental para que se possa ajustar o treino de forma que o indivíduo atinja o nível de Volume de Oxigênio Máximo (VO2max) adequado à sua idade e sexo. A taxa mostra a capacidade de absorção de mililitros de oxigênio por minuto em relação ao peso. Quanto melhor ela for, melhor o funcionamento metabólico do corpo e a força cardiovascular. No entanto, se o índice estiver abaixo da média, a idade biológica é maior do que a cronológica, evidenciando um grau de desgaste acima do esperado. Por essas razões, o VO2max hoje é considerado um dos mais importantes indicadores do risco para doenças cardiovasculares e de morte prematura.
O teste dos noruegueses informa a taxa real de VO2 max e a recomendada para a faixa etária e aponta a diferença entre a idade cronológica e a biológica. Também indica quanto a VO2max deve subir para que seja reduzida a chance de morte por doenças cardíacas em 20 anos. A maneira mais eficaz de melhorar o índice é se exercitar. “É a forma mais adequada de mudar a idade biológica”, diz Ulrik Wisloff, líder da Universidade da Noruega.
Outra forma de evitar o desgaste do corpo é cuidar para que o metabolismo funcione bem. “A partir da sua aceleração, é possível diminuir a idade biológica em dez a 15 anos”, explica o fisiologista Renato Alvarenga, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A nutricionista carioca Fernanda Padovani indica o consumo de alimentos como canela e gengibre, conhecidos por sua atuação no metabolismo. A chef de cozinha Caroline Borges, 37 anos, alia exercício e alimentação para apresentar um ótimo nível de condicionamento físico. “Pratico esporte e tenho ajuda de uma nutricionista. Minha idade biológica é ótima.”
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Foto: Adriano Machado