segunda-feira, 30 de março de 2015

Estudo revela técnica para eliminar a dor: cruzar os dedos

Para pesquisadores, sensação é influenciada pela maneira como as diferentes fontes da dor interagem entre si

Dedos cruzados
Dedos cruzados: estímulos externos podem manipular a sensação de dor de uma pessoa, dizem pesquisadores(VEJA.com/Reprodução)
O simples ato de cruzar os dedos pode afetar a sensação de dor, revelou um estudo publicado nesta quinta-feira no periódico Current Biology. De acordo com os pesquisadores, a sensação é influenciada pela maneira como as diferentes fontes da dor interagem entre si.
Cientistas do Instituto de Neurociência Cognitiva da Universidade Global de Londres utilizaram um experimento chamado "thermal grill illusion". Por meio deste teste, outros pesquisadores demonstraram no passado que, se uma pessoa receber simultaneamente um estímulo de temperatura quente nos dedos indicador e anular e fria no médio, o indivíduo terá percepção de ardor no dedo médio.
Isso acontece porque a sensação de queimação que os dedos indicador e anular enviam ao cérebro bloqueia a atividade que normalmente seria desencadeada pelo estímulo frio no médio.
Dedos cruzados - No presente estudo, cientistas fizeram pequenas variações no teste ao mudar a disposição espacial entre os dedos, e tiveram resultados diferentes. Quando o dedo médio foi cruzado sobre o indicador, a sensação de ardor foi reduzida.
Em outra variação do experimento, o frio foi aplicado sobre o dedo indicador e o calor sobre os outros dois. Neste caso, o ardor aumentou quando os dedos médio e indicador foram cruzados.
Para os pesquisadores, o cérebro usa a disposição espacial dos três diferentes estímulos para produzir a sensação de ardor em um único dedo.
"Essas interações podem valer para uma surpreendente variação de dores", afirma o líder do estudo, Patrick Haggard. "Nossa pesquisa eleva a possibilidade de manipular a sensação de dor de uma pessoa por meio de estímulos externos. Alterar padrões espaciais pode afetar a maneira como a dor é interpretada pelo cérebro."

domingo, 29 de março de 2015

Remédio para artrite faz crescer cabelo – e muito – em homem careca

Em estudo nos Estados Unidos, tratamento reverteu calvície em paciente com alopecia universal

Calvície: o problema atinge cerca de 85% dos homens acima dos 65 anos
Calvície: o problema atinge cerca de 85% dos homens acima dos 65 anos(Thinkstock/VEJA)
Pesquisadores da Universidade Yale, nos Estados Unidos, podem ter descoberto um uso off label (isto é, fora da indicação original da bula) para um remédio indicado para artrite reumatoide: um tratamento contra a calvície. Em um estudo publicado online nesta quinta-feira no periódico Journal of Investigative Dermatology, os cientistas mostraram que a droga citrato de tofacitinibe fez crescer fios - e muitos - em um paciente de 25 anos completamente careca.
Trata-se do primeiro caso de tratamento bem sucedido relatado na medicina para alopecia universal, forma extrema da alopecia areata, distúrbio autoimune que promove queda de cabelo. O remédio fez crescer fios não apenas na cabeça do paciente, mas em regiões como sobrancelha, cílio e axila.
Ciências
Em oito meses, tratamento restaurou os cabelos em paciente de 25 anos com psoríase e alopecia universal(Reprodução/VEJA)
"O resultado é exatamente o que a gente esperava", afirma Brett A. King, professor assistente de dermatologia da Escola de Medicina da Universidade Yale e autor da pesquisa. "Trata-se de um grande passo no tratamento de pessoas com essa doença (alopecia universal). Embora seja apenas um caso, nós prevíamos o sucesso do tratamento com base no que sabíamos sobre a doença e o remédio. Acreditamos que os mesmos resultados se repetirão em outros pacientes, e pretendemos tentar."
Além de alopecia universal, o paciente tinha psoríase, uma condição autoimune que causa placas avermelhadas na pele. King decidiu tratar as duas enfermidades com citrato de tofacitinibe, um remédio para artrite reumatoide aprovado em 2012 pela Food and Drug Administration (FDA), agência que regula medicamentos nos Estados Unidos - no Brasil, o medicamento aguarda análise na fila de espera da Anvisa.
​Em oito meses de tratamento, o cabelo do paciente cresceu totalmente, e não houve relatos de efeitos colaterais. Segundo King, a droga parece impedir o sistema imunológico de atacar os folículos capilares, consequentemente estimulando o crescimento dos fios.

sábado, 28 de março de 2015

Lesão parcial do Ligamento Cruzado Anterior: diagnóstico e tratamento

Eduardo Frois Temponi, Lúcio Honório de Carvalho Júnior, Bertrand Sonnery-Cottet, Pierre Chambat
rev bras ortop. 2015;5 0(1):9-15
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RESUMO
Lesões parciais do ligamento cruzado anterior (LCA) são comuns e representam 10%-27% dastotais. As principais razões para atenção ao feixe não rompido são biomecânicas, vascula-res e proprioceptivas. A permanência do feixe serve ainda de proteção durante o processocicatricial. A definição dessa lesão é controversa, baseada na anatomia, no exame clínico, namedida da translação, nos exames de imagem e na artroscopia. Seu tratamento vai dependerda frouxidão e da instabilidade existentes. O tratamento conservador é opcional para casossem instabilidade, com enfoque na reabilitação motora. O tratamento cirúrgico é desafiador,pois exige correto posicionamento dos túneis ósseos e conservação dos remanescentes dofeixe rompido. O teste do pivot-shift sob anestesia, os achados à ressonância magnética, onível e o tipo de atividade esportiva prévia e o aspecto artroscópico dos remanescentes e suaspropriedades mecânicas auxiliarão o ortopedista no processo decisório entre o tratamentoconservador, o tratamento cirúrgico com reforço do LCA nativo (reconstrução seletiva) ou areconstrução clássica (anatômica). Descritores - Ligamento cruzado anterior/lesões Ligamento cruzado anterior/cirurgia Joelho
a Hospital Madre Teresa, Belo Horizonte, MG, Brasil
b Centre Orthopédique Santy, Hôpital Jean Mermoz, Lyon, França

INTRODUÇÃO
Ao longo dos últimos 15 anos o conhecimento a respeito dalesão e da reconstruc¸ão do ligamento cruzado anterior (LCA)tem evoluído consideravelmente. Estudos anatômicos permi-tiram identificac¸ão precisa das inserc¸ões ósseas,1,2enquantoestudos biomecânicos propiciaram melhor entendimento dafunc¸ão de cada um dos seus feixes.2O melhor conheci-mento anatômico e o interesse biológico na preservac¸ão dosremanescentes do LCA rompido levaram a modificac¸ões dastécnicas clássicas de reconstruc¸ão: com dupla banda, anatô-mica e seletiva para as lesões parciais.3-7
A lesão completa do LCA pode ser diagnosticada peloexame clínico,8enquanto a lesão parcial muitas vezes não.Nesses casos, estudos complementares são necessários parasua confirmac¸ão. O diagnóstico definitivo da lesão parcial doLCA se dá pelo somatório de achados clínicos, exames de ima-gem e, quando necessário, achados artroscópicos. Na lesãoparcial do LCA é fundamental a avaliac¸ão da competência eda funcionalidade das fibras remanescentes na estabilizac¸ãodo joelho. Discute-se ainda se o evento em questão seria umalesão parcial ou mesmo uma lesão completa em processocicatricial.7-9
Procura-se consenso para definic¸ão, diagnóstico e trata-mento das lesões parciais do LCA. Motivada pela discussãoainda existente na literatura e pela necessidade de melhorentendimento, esta revisão tem como objetivo discutir a lesãoparcial do LCA. Definic¸ão
Norwood e Cross apud Colombet et al.9descreveram a exis-tência de três bandas para o LCA com importância anatômicae funcional: anteromedial (AM), posterolateral (PL) e interme-diária. Outros descreveram a existência de duas bandas cujafuncionalidade é conhecida e aceita.8-11Cada banda contribui-ria separadamente para a estabilizac¸ão do joelho e poderia serlesada separadamente nas lesões parciais. Para Hong et al.10as lesões parciais seriam aquelas em que menos de 50% doligamento estariam lesados. Já para Noyes et al.11a definic¸ãode lesão parcial estaria relacionada à porcentagem das fibrasdo LCA lesadas, considerando que a ruptura de 50% a 75% dodiâmetro teria grande associac¸ão com insuficiência clínica.
A Associac¸ão Médica Americana, que divide as lesões emtrês graus de gravidade, define como grau II as lesões trau-máticas do LCA quando da existência de lesões parciais:entorse moderada causada por trauma direto ou indireto.9A apresentac¸ão clínica nesses casos seria caracterizada pordor e limitac¸ão funcional parcial, hemartrose e possibilidadede episódios de instabilidade. DeFranco e Bach6propuse-ram definic¸ão multifatorial que leva em considerac¸ão acombinac¸ão de fatores clínicos e artroscópicos, com a qual osautores concordam.
Nas lesões parciais do LCA o objetivo mais importante édeterminar a existência de fibras remanescentes e a estabili-dade clínica com a permanência dessas. Embora a avaliac¸ãoartroscópica permita observac¸ão dos remanescentes, o usode portais tradicionais pode gerar confusão em sua avaliac¸ão.Sonnery-Cottet e Chambat12sugerem a posic¸ão de figura de4 (Cabot) para melhor avaliac¸ão dos remanescentes da bandaPL. Crain et al.,7Colombet et al.9e Sonnery-Cottet et al.13des-creveram padrões de lesões parciais. Foram considerados deboa qualidade clínica 17% e de má qualidade 83% dos casosavaliados. Os tecidos de melhor qualidade, com proprieda-des mecânicas preservadas, foram mais frequentes quando daexistência da banda PL (70%) em detrimento da cicatrizac¸ãono intercôndilo (27%) ou de remanescente aderido ao liga-mento cruzado posterior (13%). Embora existam estudos quedemonstram estabilidade clínica associada à lesão parcial,Maeda et al.14não encontraram maior estabilidade nessescasos.
Diagnóstico
O diagnóstico das lesões parciais do LCA permanece desafia-dor. Deve ser baseado na combinac¸ão do exame clínico e dosexames de imagem (radiografia e ressonância magnética), comdiagnóstico definitivo feito na avaliac¸ão artroscópica, quandoindicado.
Exame clínicoEm estudo da Sociedade Francesa de Artroscopia,15a frouxi-dão detectada clinicamente foi significativa (p < 0,05) quandocomparada com a populac¸ão com lesão completa do LCA (98%dos pacientes com teste de Lachman [TL] positivo e 80% comteste pivot-shift [TPS] positivo - + 2 ou + 3) com aqueles comlesão parcial (30% a 64% de TL «parada dura» ou «retardada» e com TPS negativos - 0 ou + 1). Neste estudo, o TL «paradamole» foi considerado forte preditor de lesão completa doLCA, enquanto o TPS com menor ressalto (0 e + 1) corresponde-ria, em 94% dos casos, a lesão parcial ou mesmo cicatrizac¸ãoincompleta.
Estudos em cadáver comprovam a dificuldade de se rela-cionar a magnitude da lesão e seus tipos com as alterac¸õesdos testes clínicos.16Diversos autores relatam possibilidadede encontrarmos TL «parada dura» diante de uma lesãoparcial.9,16,17O TL é mais sensível para o diagnóstico das lesõescompletas do LCA, embora o TPS e o teste de Jerk sejam maisespecíficos.16-18Outro ponto a ser considerado é que a sensi-bilidade do TPS aumenta de 24% para 92% quando o paciente éavaliado anestesiado, a melhor situac¸ão para avaliar o estadofuncional das fibras remanescentes.9,19-21Quando positivo,indicaria instabilidade rotacional, não avaliada pelos testesde translac¸ão anterior diferencial (TAD). Em casos negativos, aavaliac¸ão artroscópica permitiria avaliac¸ão das lesões associ-adas que poderiam dificultar o teste: lesões meniscais, lesõescondrais desviadas e interposic¸ão dos próprios remanescentesdo LCA.
Mensurac¸ão da translac¸ão anterior diferencial
Diversos aparelhos estão disponíveis para medir a TAD. Osmais conhecidos e usados na prática clínica são KT 1000®,KT 2000®, Rolimeter®e Telos®. O seu uso para diagnósticoé mais acurado nos casos de lesões subagudas e crônicasquando do melhor controle álgico e da inexistência de con-traturas musculares. A TAD é menor do que 3 mm em 95%dos joelhos normais. Na avaliac¸ão comparativa, quando essatranslac¸ão é superior a 3 mm em relac¸ão ao lado assinto-mático, em 90% dos casos há lesão do LCA. Medidas entre3 e 5 mm podem representar lesões parciais.17,20,21Dejouret al.17descreveram diferenc¸a entre medidas de translac¸ãoem pacientes com lesões completas e parciais. O primeirogrupo apresentou média de 9,1 ± 3,4 mm versus 5,2 ± 2,9 mm(p < 0,05) das lesões parciais. Observaram ainda que 67% dospacientes com preservac¸ão da banda PL apresentavam ade-quada func¸ão clínica dos remanescentes, contra 17% daquelesem que a banda AM estava presente. Considerou-se remanes-cente funcional quando o TPS era 0 ou + 1 e quando a TADera inferior a 4 mm. Atenc¸ão deve ser dada para o fato de queesses aparelhos avaliam apenas a TAD sem qualquer avaliac¸ãorotacional. Seu uso, associado aos demais testes e examesde imagem, é fundamental para o diagnóstico e a definic¸ãoterapêutica.
Exames de imagem
RadiologiaA avaliac¸ão radiológica juntamente com a medida da TADmostrou-se importante para o diagnóstico de lesão do LCA.Nos indivíduos com lesão completa, na radiografia em per-fil com anteriorizac¸ão da tíbia, pode-se perceber significativatranslac¸ão dos compartimentos medial e lateral, enquantoque naqueles com lesões parciais perceber-se-ia pequenatranslac¸ão quando comparado ao lado normal.9,22
Figura 1 - Imagem por ressonância magnética de lesõesparciais do ligamento cruzado anterior do joelho. A, lesãoda banda posterolateral e preservac¸ão anteromedial;B, lesão da banda anteromedial e preservac¸ãoposterolateral.
Ressonância magnéticaApesar de todo o desenvolvimento tecnológico, ainda é difí-cil fazer o diagnóstico da lesão parcial do LCA. A RM sugere alesão sem poder confirmá-la ou fazer a avaliac¸ão funcional dasporc¸ões remanescentes.21-23Cortes específicos são necessá-rios para fazer a distinc¸ão entre lesão completa e lesão parcial.Van Dyck et al.22propuseram que determinadas visões axi-ais e perpendiculares seriam mais acuradas no diagnóstico àRM. Junto ao exame clínico e à TAD, a RM é importante paradefinic¸ão e orientac¸ão do melhor tratamento (fig. 1).
Avaliac¸ão artroscópica
Foi proposta por alguns autores para o diagnóstico das lesõesparciais.9,12,13,16,17Contudo, à luz dos conhecimentos atuais,não há indicac¸ão para avaliac¸ão artroscópica sistemática paradiagnóstico dessa lesão. A artroscopia permite diagnosticaro tipo de lesão parcial e, junto com os exames clínico e deimagem, determinar o melhor tipo de reconstruc¸ão naquelescasos em que estiver indicado o tratamento cirúrgico (fig. 2).
Teoria multifatorialAs lesões parciais são comuns e representam 10%-27% daslesões do LCA.9A preservac¸ão das bandas AM e PL é vista em11% e 16% dos casos, respectivamente. A frequência de lesõesmeniscais é semelhante e a TAD média é de 4,49 e 4,97 mm res-pectivamente. O tempo entre a lesão e o tratamento cirúrgicoé mais curto (cinco meses).3DeFranco e Bach6propuserammelhor abordagem com uma definic¸ão multifatorial que levaem considerac¸ão TL assimétrico, TPS negativo, TAD igual atrês e inferior a 5 mm e avaliac¸ão complementar com RM eartroscópica positivas.6,21,23
Tratamento
O tratamento deve ser individualizado e adequado à neces-sidade de cada paciente. A identificac¸ão de pacientes combaixo e alto risco de progressão da deficiência clínica doLCA é fundamental para orientac¸ão terapêutica. Pacientesde baixo risco são aqueles de baixa demanda física, semlesões associadas, sem queixas de instabilidade e com tes-tes clínicos negativos. Os sinais e sintomas geralmente nãotendem a progredir e tais pacientes podem ser tratados deforma conservadora.9,21,23Pacientes de alto risco são aque-les com instabilidade clínica comprovada e estilo de vida dealto risco para novas torc¸ões. Nesses, a melhor opc¸ão seriaa reconstruc¸ão cirúrgica seletiva do LCA.21,23A estratégia detratamento deve levar sempre em considerac¸ão os sintomas,o exame clínico, a porcentagem de fibras remanescentes, aslesões associadas, o tempo de lesão e a demanda laboral, físicae cotidiana.
Tratamento conservador
O tratamento conservador inclui imobilizac¸ão enquanto sinto-mático e, após a fase aguda, estimulo à movimentac¸ão com-pleta e apoio progressivo.9,21,23Os princípios da reabilitac¸ãopara pacientes com lesão parcial são os mesmos usadospara pacientes com lesão completa. Consistem de exer-cícios de alongamento e fortalecimento muscular, treinocardiovascular, proprioceptivo e adaptativo.24-26Pujol et al.27demonstraram que lesões parciais do LCA podem ter capaci-dade de cicatrizac¸ão, ao contrário do que se pensava.O tratamento conservador, quando bem indicado, tem bonsresultados, com mínima reduc¸ão no nível de atividade e semprejuízo da estabilidade.21,23,24Outros autores têm sugeridoque lesões parciais seriam funcionalmente equivalentes àslesões completas e que o tratamento conservador implica-ria piores resultados clínicos e funcionais.26,27Pujol et al.27descreveram série com 25% dos pacientes com lesão parcial do LCA que evoluiu com instabilidade funcional a médioe longo prazo. Avaliac¸ões seriadas seriam necessárias paramonitorar a reabilitac¸ão e a frouxidão residual, o que permiti-ria a avaliac¸ão da manutenc¸ão do tratamento conservador oua mudanc¸a para abordagem cirúrgica.17,21,26-28
Tratamento cirúrgico
Indicac¸ãoO tratamento com reconstruc¸ão seletiva do LCA, quandode lesões parciais, pode ser justificado por diferentes fato-res. O primeiro deles é clínico: grande número de lesõesparciais progride para lesões completas com aumento daTAD e consequente possibilidade de lesões meniscais econdrais.9,16,17,28O segundo é biológico: as fibras cen-tes do LCA proporcionam adequado suprimento vasculare nervoso ao novo ligamento. Mecanoceptores presentesnos remanescentes são responsáveis pela preservac¸ão erestaurac¸ão da estabilidade e do equilíbrio articular.3,4,7,27Avaliac¸ão histológica dos remanescentes do LCA demonstrouque eles têm capacidade de acelerar a proliferac¸ão celu-lar, a revascularizac¸ão e,consequentemente, a integrac¸ão doenxerto em reconstruc¸ões seletivas.27-31O terceiro é epide-miológico: o risco de lesões degenerativas após lesões parciaisainda não é estabelecido, apesar de Kannus e Jarvinen25teremrelatado 15% de lesões degenerativas após oito anos de segui-mento em lesões parciais.
O tratamentoA reconstruc¸ão seletiva tem pontos semelhantes com areconstruc¸ão anatômica do LCA: opc¸ões de enxerto, programade reabilitac¸ão e tempo de retorno às práticas físicas. Adiferenc¸a primordial reside no conceito biológico existente.Outras, no posicionamento e na fresagem dos túneis, bemcomo no diâmetro e na passagem dos enxertos. As opc¸õespara o tratamento cirúrgico das lesões parciais do LCA incluemmedidas térmicas, reconstruc¸ão clássica e reconstruc¸ões sele-tivas. As medidas térmicas e a reconstruc¸ão clássica não serãoabordadas nesta revisão.
A avaliac¸ão artroscópica é iniciada pelos portais clássi-cos: anteromedial e anterolateral. Alguns autores propõem acriac¸ão do portal acessório anteromedial, o que facilitaria avisualizac¸ão do enxerto e dos footprints. Sonnery-Cottet et al.29propõem a confecc¸ão discretamente proximal do portal ante-rolateral para melhor visualizac¸ão e menor necessidade dedesbridamento da gordura de Hoffa. Após inventário de todosos compartimentos o tratamento das lesões associadas é feitoe, no fim, avaliam-se as fibras remanescentes do LCA. Essaavaliac¸ão é visual (com confirmac¸ão da presenc¸a de fibras con-tínuas ligando footprints) e mecânica, feita tanto na posic¸ão desemiflexão quanto na posic¸ão de figura de 4, quando a tensãoé avaliada por meio da palpac¸ão e de testes clínicos sob visãoartroscópica.32,33
Selec¸ão do enxertoA escolha do enxerto deve seguir a rotina do cirurgião. Diver-sos autores têm descrito cada vez mais o uso dos tendõesflexores, que poderiam ser triplos ou quádruplos, livres ou
mantidos na sua inserc¸ão tibial.3,4,9,13A presenc¸a de blo-cos ósseos poderia dificultar a passagem pelos túneis feitos.O espac¸o existente no intercôndilo associado à preservac¸ãodo maior número dos remanescentes faz com que enxertosde 8 mm de diâmetro sejam os mais adequados.5,9,12,13O con-ceito de que quanto maior o diâmetro do enxerto melhor eleseria conflita com conceitos anatômicos de preservac¸ão dosremanescentes e com a biologia da cicatrizac¸ão entre rema-nescentes e enxerto.32,33
Detalhes técnicos
Reconstruc¸ão da banda AM
O procedimento artroscópico se inicia pelo desbridamentocomedido dos remanescentes da banda AM com preservac¸ãoda banda PL. Siebold e Fu34recomendam uso do guia tibial em60?de angulac¸ão e entrada a cerca de 1,5 cm medial à tuberosi-dade anterior da tíbia. A posic¸ão do túnel femoral deve seguira presenc¸a dos remanescentes no fêmur em posic¸ão anatô-mica. Para sua confecc¸ão podem ser usados guias inside-outou outside-in. Quando da fresagem, a perfurac¸ão em baixavelocidade ou de forma manual deve ser usada para evitarlesão dos remanescentes do LCA.
Reconstruc¸ão da banda PL
A posic¸ão do túnel tibial é mais medial e inicia-se cerca de3,5 cm medial à tuberosidade anterior da tíbia. A porc¸ão intra--articular é localizada na parte posterior da inserc¸ão tibiale 5 mm medial à eminência intercondilar lateral. O uso dosremanescentes femorais é a forma mais confiável de achar olocal do túnel femoral. A confecc¸ão do túnel femoral é feitapelo portal anteromedial ou outside-in. Para túneis confecci-onados pelo portal medial, atenc¸ão deve ser dada para o riscode lesões iatrogênicas no côndilo femoral medial no momento Fixac¸ão do enxerto
A fixac¸ão vai depender da técnica usada. Para aqueles queusam a técnica inside-out preconiza-se o uso de parafusos deinterferência ou Endobutton®para a porc¸ão femoral e para-fusos de interferência para a porc¸ão tibial. Para aqueles queusam a técnica outside-ino uso de parafusos de interferênciase dá em ambos os túneis. É discutido se a fixacão deveriaser feita sem ou após o pré-tensionamento, o que teorica-mente garantiria melhor adaptac¸ão do enxerto.28,29,34Para areconstruc¸ão seletiva da banda PL a fixac¸ão se dá com flexãoentre 0?e 10?, enquanto para a reconstruc¸ão da banda AMo ângulo de fixac¸ão é mais variável. Alguns autores descre-vem fixac¸ão entre 50?-60?, enquanto outros preconizam 20?deflexão.9,21,23,34Após a fixac¸ão, todo o arco de movimento deveser testado, com atenc¸ão especial à extensão, que, quando nãoatingida, pode ser fonte de dor e/ou perda de movimento.
Avaliac¸ão clínica
Mott foi o primeiro autor a propor com resultados clíni-cos satisfatórios reconstruc¸ão seletiva após lesão aguda doLCA.9,21,23Adachi et al.3,35e Ochi et al.4,36publicaram sériede pacientes e compararam reconstruc¸ão seletiva e clás-sica do LCA com menores TAD encontradas no primeirogrupo. Tal observac¸ão talvez se deva à melhor vascularizac¸ãoe reinervac¸ão quando da reconstruc¸ão seletiva. Em 2009,Ochi et al.36publicaram nova série de 45 pacientes subme-tidos à reconstruc¸ão seletiva com seguimento de dois anos.Demonstraram TAD inferior a 0,5 mm, melhor propriocepc¸ãoe cicatrizac¸ão efetiva demonstrada no pós-operatório porRM. Tais achados corroboram estudo de 2002 que demons-trou associac¸ão entre presenc¸a de mecanoceptores nas fibrasremanescentes e melhor propriocepc¸ão.4,36
Buda et al.5avaliaram 47 pacientes submetidos à recons-truc¸ão seletiva. Resultados clínicos bons ou excelentes foramvistos em 95,7% dos casos. Bons resultados clínicos foram correlacionados à integrac¸ão do enxerto aos remanescentese ao sinal à ressonância magnética. Chamam atenc¸ão parao fato de que em procedimentos de reconstruc¸ão seletiva oenxerto deve ter entre 7 e 8 mm, o que evita o excesso de fibrasentre remanescentes e enxerto.5,32Sonnery-Cottet et al.37ava-liaram 36 pacientes submetidos a reconstruc¸ão da banda AMe observaram TAD inferior a 0,8 mm. Chouteau et al.,38emseguimento de pacientes tratados com reconstruc¸ão seletivade lesões parciais, demonstraram similaridade da estabilidadee da propriocepc¸ão em relac¸ão ao joelho normal.
Existem poucas publicac¸ões que comparam reconstruc¸õesclássicas do LCA e procedimentos de reconstruc¸ão sele-tiva com remanescentes funcionais e não funcionais. Maiornúmero de estudos seria útil para avaliar o ambiente criadopelos remanescentes e seus efeitos na cicatrizac¸ão do enxerto.A reconstruc¸ão seletiva é encorajadora, embora ainda carec¸ade evidências que comprovem seu real benefício.39
Considerac¸ões finais
Lesões parciais do LCA são cada vez mais diagnosticadas.Representam 10% a 27% de todas as lesões. Sua definic¸ãona literatura não é única. O diagnóstico pode ser feito comassociac¸ão do exame clínico ao exame de imagem e con-firmado pelo exame artroscópico. O teste do pivot-shift sobanestesia, o teste de Lachman parada dura, achados à res-sonância magnética, o nível e o tipo de atividade esportiva,o aspecto artroscópico dos remanescentes e suas propri-edades mecânicas são elementos usados pelo ortopedistapara decidir entre o tratamento conservador, o tratamentocirúrgico com reforc¸o do LCA nativo (reconstruc¸ão seletiva)ou a reconstruc¸ão clássica (anatômica) do LCA. Quando daindicac¸ão cirúrgica, a preservac¸ão das fibras remanescentes éparte fundamental, a fim de preservar a capacidade mecânica,vascular e proprioceptiva do joelho.
Conflitos de interesse
Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
Agradecimentos
Ao Grupo do Joelho/Ortopedia e Traumatologia do Hospi-tal Madre Teresa/Belo Horizonte/Brasil, ao Centre OrthopédiqueSanty/Lyon/Franc¸a.r e f e r ê n c i a s
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sexta-feira, 27 de março de 2015

Preço dos remédios pode subir até 7,7% a partir do dia 31. Confira lista

Reajuste vale para cerca de 20.000 itens; porcentuais estão bem acima do que os autorizados no ano passado

Pílulas de remédio
Remédios: reajustes dependem da classificação das drogas(Creatas RF/Getty Images/VEJA)
A partir do dia 31 de março, o preço dos remédios vendidos no Brasil poderá sofrer um reajuste de 5% a 7,7%, segundo definiu a Câmara de Regulação de Medicamentos (CMED) nesta quinta-feira. Os porcentuais estão bem acima do que os autorizados no ano passado, quando o reajuste foi de 1,02% a 5,68%.
O governo deverá anunciar nos próximos dias as taxas oficiais de aumento, mas dificilmente haverá mudança em relação aos cálculos do CMED. As regras valem para cerca de 20.000 itens comercializados.
A variação no preço dos medicamentos dependerá da classificação de cada um - se nível 1, 2 ou 3. As três faixas são determinadas pela CMED de acordo com a concorrência enfrentada pelo produto no mercado. Quanto maior a concorrência, maior o reajuste.
Para remédios do nível 1, o reajuste permitido será de, no máximo, 7,7%. Nesta categoria estão incluídas drogas como omeprazol, a metformina, a sinvastatina, a dipirona e a amoxicilina. Para medicamentos do nível 2, considerados de concorrência mediana, como o risedross, o aumento será de 6,35%. Já os de menor concorrência ou aqueles ainda protegidos por patentes, como a ritalina, o buscopan e o aerolin, o porcentual máximo de aumento será de 5%.
No site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma lista de 2014 permite saber a classificação de cada remédio, e, portanto, o possível aumento no preço de cada um. Para a maioria dos medicamentos, a classificação não será alterada.
(Da redação)

quinta-feira, 26 de março de 2015

Método simples de preparo pode cortar calorias do arroz em até 60%

Pesquisadores descobriram que colocar óleo de coco na água do arroz e resfriar o grão após o cozimento diminuem suas calorias

Arroz
Arroz: próximo passo do estudo é estudar quais variedades de arroz podem passar a ter menos calorias com o método de cozimento(Thinkstock/VEJA)
Uma xícara de arroz tem cerca de 240 calorias. Não é tão pouco, considerando que o grão é a base da alimentação brasileira e costuma ser ingerido em grande quantidade. Na segunda-feira, cientistas anunciaram um novo e simples modo de cozimento que pode reduzir seu número de calorias entre 50% e 60%.
O arroz possui dois tipos de amido: o digestível, absorvido pelo organismo, e o resistente, que não conseguimos digerir. Como o amido resistente não é quebrado em açúcar e absorvido pela corrente sanguínea, cientistas da Faculdade de Ciências Químicas do Sri Lanka buscaram formas de transformar o amido digestível em resistente, de modo a diminuir a quantidade de calorias do arroz.

Os pesquisadores desenvolveram um método de preparo que consiste em adicionar 1 colher de chá de óleo de coco à agua em ebulição e, somente em seguida, adicionar o arroz. Quando o grão cozinhar, ele deve ser refrigerado por 12 horas. "O resfriamento é essencial para transformar o amido digestível em resistente", afirma o líder do estudo, Sudhair A. James, que apresentou a descoberta no Encontro e Exposição Anual da Sociedade Americana de Química. "O ato de reaquecer o arroz não afeta os níveis de amido resistente", diz ele, cujo estudo ainda não foi publicado.
O próximo passo é estudar quais variedades do grão podem ser mais adequadas para este processo de redução de calorias. A equipe também investigará quais óleos, além do de coco, ajudam a transformar o amido.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Quem é o mocinho e quem é o bandido nesta história?

Leandro Narloch

O Caçador de Mitos

Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia
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No dia 12 de março, um grupo de homens armados entrou num depósito de medicamentos no bairro do Jabaquara, em São Paulo. Os homens renderam o segurança e levaram centenas de caixas de remédios para Aids e hepatite C, além de antialérgicos, colírios e antivirais.
Não eram remédios comuns, e sim produtos importados, caríssimos e difíceis de encontrar. Alguns deles, que custam mais de 20 mil dólares, já estavam pagos pelos pacientes que os utilizariam e logo seriam entregues a médicos e clínicas especializadas.
Os homens também levaram computadores e documentos que consideraram ter algum valor. Também exigiram que o estabelecimento quitasse dívidas que teria contraído com a organização da qual eles fazem parte, apesar do dono do estabelecimento não concordar com a dívida.
O estranho é que, depois de levarem as caixas de medicamentos, os homens não tentaram fugir nem se esconderam. Pelo contrário: anunciaram o feito pela internet. Lançaram até mesmo uma nota à imprensa, que dizia assim:
Operação Addison combate comércio ilegal de medicamentos
A Polícia Federal e a Receita Federal colocaram em curso, nessa quinta-feira (12), esquema para combater o comércio e a importação irregular de medicamentos. Uma pessoa foi presa e, assim como os demais investigados, poderá responder pelo crime de importar medicamento sem o devido registro.
Durante a investigação, Polícia e Receita descobriram uma empresa que realizava compras no exterior sem autorização necessária da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e sem o devido recolhimento de tributos. No depósito da empresa, localizado no Jabaquara, zona sul de São Paulo, um homem foi preso em flagrante.
De acordo com a Receita Federal, entre os remédios importados irregularmente estão drogas utilizadas para o tratamento de doenças como Aids e hepatite C, além de antialérgicos, colírios, antivirais e hormônios.
Ah, sim, é bom dizer que aqueles homens armados não se consideram criminosos – na verdade são agentes do estado brasileiro. Combateram o que a Receita Federal entende como um crime: fornecer remédios a pessoas com doenças graves que, por causa da burocracia da demora da Anvisa ou dos impostos de importação sobre medicamentos, não teriam uma forma mais simples de obtê-los.
Difícil decidir quem é mocinho e quem é bandido nesta história.
@lnarloch

terça-feira, 24 de março de 2015

Novo remédio ajuda a barrar a progressão do Alzheimer

O aducanumab foi testado em um pequeno estudo clínico com 166 pacientes em estágio inicial da doenç

Memória: Homens com baixos níveis de determinado hormônio correm maior risco de serem diagnosticados com algum problema cognitivo, inclusive com Alzheimer
O Alzheimer é causado pelo depósito de placas de proteínas beta-amiloides e tau no cérebro(Thinkstock/VEJA)
Um novo medicamento para Alzheimer apresentou benefícios para pacientes em estágio inicial da doença. O aducanumab foi testado em um pequeno estudo clínico com 166 pacientes, e os resultados foram apresentados na sexta-feira, na Conferência Internacional de Doença de Alzheimer e Parkinson e Doenças Neurológicas Relacionadas, na França.
Forma mais comum de demência senil, o Alzheimer é causado pelo depósito de placas de proteínas beta-amiloides e tau no cérebro e não tem cura. De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), a doença afeta 35,6 milhões de pessoas no mundo, das quais 1,2 milhão no Brasil. Com o aumento da longevidade, o número de pacientes deve dobrar até 2030 e triplicar até 2050. Nos Estados Unidos, já é a sexta maior causa de morte na população.
Os participantes do estudo foram divididos em cinco grupos. Quatro receberam doses diferentes do remédio e um quinto tomou placebo. O tratamento diminuiu as placas de proteína beta-amiloide no cérebro dos pacientes. O efeito foi mais intenso quanto maior a dose que os pacientes receberam.

A farmacêutica Biogen Idec, responsável pelo desenvolvimento do produto, vai começar o estudo clínico de fase III, mais amplo, ainda este ano. George Scangos, diretor da empresa, disse em entrevista que os participantes do estudo foram selecionados cautelosamente, para excluir outras formas de demência diagnosticadas erroneamente como Alzheimer.
Resultado - Pacientes que receberam 3, 6 ou 10 miligramas do remédio por quilograma de peso mostraram uma redução nas placas com 26 semanas de tratamento. A queda foi ainda mais acentuada nos pacientes com doses de 3 e 10 miligramas depois de 54 semanas. Os dados sobre o grupo de 6 miligramas com 54 semanas não foram obtidos, porque esses voluntários começaram o tratamento mais tarde. O quarto grupo, medicado com 1 miligrama, não apresentou melhoras.
O estudo também usou testes cognitivos para avaliar o desempenho da droga. Em um deles, o desempenho dos pacientes do grupo de controle caiu 3,14 pontos depois de um ano, enquanto os pacientes tratados com 3 miligramas do medicamento apresentaram um declínio de 0,75 ponto e os com 10 miligramas, 0,58 ponto.
(Da redação)

segunda-feira, 23 de março de 2015

Novas vítimas contam como foram contaminadas, de propósito, pelo HIV

Fantástico revela detalhes do 'clube do carimbo', grupo formado por pessoas que transmitem o vírus da Aids de propósito.

Domingo passado (15), o Fantástico revelou detalhes do "clube do carimbo"', um grupo formado por pessoas que transmitem o vírus da Aids de propósito. Nesta semana, o programa encontrou novas vítimas desse grupo que age de forma criminosa. E perguntou às autoridades o que está sendo feito para identificar os chamados carimbadores.
Depois da confissão, a revolta de quem viu a reportagem de domingo (15) e foi vítima de um "carimbador": de uma pessoa que transmite o vírus da Aids de propósito.

Uma dessas vítimas é vendedor, tem 32 anos e descobriu que era portador do HIV há quatro meses.

“Toda hora ia no médico, toda hora sentindo muito cansaço. Cheguei a perder em dois meses coisa de 13 a 14, 15 quilos”, conta o vendedor, que não quis se identificar.

Ele diz que frequentava uma sauna no centro de São Paulo e lá encontrou um homem, que não falou que tinha a doença. Eles não usaram camisinha.

“Eu fui carimbado contra a minha vontade. Não mudou só a minha vida. Mudou a vida de todo mundo que está a minha volta. Você acha que, de repente, encontrou uma pessoa bacana. Na verdade, essa pessoa está ali só pra te prejudicar”, diz o vendedor.

No domingo, o Fantástico mostrou como os carimbadores agem.
O Ministério Público já conseguiu identificar um dos carimbadores e nos próximos dias deve chamá-lo para prestar depoimento. Além de lesão corporal grave, os dois homens que confessaram transmitir o vírus de propósito também podem responder por outro crime: participar de organização criminosa.

É que os carimbadores costumam trocar mensagens em grupos secretos nas redes sociais. Também há páginas na internet que incentivam as pessoas a transmitir o vírus de forma intencional e ensinam como fazer isso sem o parceiro desconfiar.

“Vamos tentar localizar os administradores, os proprietários desses blogs, desses sites e vamos tentar tirar esses sites do ar, além de responder por incitação ao crime”, afirma o delegado Ronaldo Tossunian.

Vítimas de carimbadores já estão procurando a polícia para denunciar.

“Estamos localizando os autores através de vítimas que têm nos procurado e a partir delas vamos atrás dos autores pra tentar provar que aquele indivíduo foi responsável por passar, transmitir o vírus para aquela vítima”, conta Ronaldo Tossunian.

O Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, é um hospital de referência no tratamento da Aids. Atende hoje 6,5 mil portadores do vírus.

“A maior parte dos pacientes portadores de HIV são extremamente conscientes e preservam não só a saúde própria como dos próximos”, explica Jean Gorinchteyn, médico do Instituto Emilío Ribas.

O médico diz que os carimbadores fazem parte de um grupo restrito.

“Clube do carimbo acaba acontecendo principalmente pra aqueles indivíduos que não fazem o tratamento e que ainda mantém o estigma de revolta dizendo: ‘Como eu fui contaminado sem ser informado, assim eu vou fazer para outras pessoas’", conta Jean Gorinchteyn.

Um militar, de 33 anos, tem certeza que contraiu o vírus do ex-namorado.

“Eu falava que eu tinha medo de ser contaminado. Ele falava: ‘não, eu não tenho nada’”, lembra o militar, que não quis se identificar.

Ele diz que duas pessoas também foram infectadas de propósito pelo seu ex-parceiro.

“Essa pessoa age na região, desta forma, usando as pessoas, passando o vírus sem qualquer pudor, sem qualquer medo de punição”, afirma o militar.

“Nunca tirem o preservativo das relações antes que ambos tenham feito realmente um teste sorológico para garantir que não haja positividade seja de um, seja de outro”, diz Jean Gorinchteyn.

“Conheça com quem você está. Um minuto da sua vida, você pode se arrepender para o resto da sua vida. Porque não é fácil conviver com o vírus”, alerta o militar.

domingo, 22 de março de 2015

A ciência contra a incerteza

A busca pelas melhores evidências levou a uma explosão no número de metanálises nos últimos anos. Esses estudos que reúnem os resultados de outras pesquisas têm levado a uma medicina cada vez mais precisa

Por: Guilherme Rosa
De acordo com a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, cerca de 90% dos laboratórios foram prejudicados pela greve da Anvisa
Estudo científico: número de pesquisas cresce entre 8% e 9% ao ano no mundo(Thinkstock/VEJA)
O volume de estudos científicos publicados ao redor do mundo cresce de 8 a 9% ao ano. É por isso que, cada dia mais, surgem pesquisas que confundem a cabeça das pessoas. Num dia comer ovo faz mal à saúde, no outro faz bem. Hoje os suplementos vitamínicos protegem contra várias doenças, amanhã não é bem assim. Um dos responsáveis por essas divergências é a má qualidade de diversos estudos, publicados em revistas de baixa qualidade, sem metodologias confiáveis ou simplesmente enviesados. Para ajudar os pesquisadores - e, por consequência, a população em geral - a navegarem nesse oceano de informações, foram criadas as metanálises: estudos estatísticos que combinam o resultado do maior número de pesquisas independentes em busca da melhor evidência possível.
"Se você olhar no dicionário, metanálise quer dizer análise da análise. De modo simples, ela é a somatória dos resultados de estudos que tentam responder à mesma pergunta", diz Álvaro Nagib Attalah, professor da Unifesp e chefe da disciplina de medicina baseada em evidências, dedicada a promover o uso dos melhores dados científicos no atendimento médico. Ele também é diretor do Centro Cochrane do Brasil, focado em publicar revisões da literatura científica e metanálises para ajudar nas decisões médicas.
Segundo o pesquisador, o uso da metanálise vem crescendo em diversas áreas da ciência, como a agricultura, veterinária e até o direito. Mas é na medicina e nos consultórios médicos que tem se destacado. Elas servem, muitas vezes, para corroborar ou ir contra tratamentos receitados em todo o mundo. Uma metanálise publicada no ano passado, por exemplo, confirmou que o uso de estatinas realmente ajuda a salvar a vida de pacientes com o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Foram analisados 19 estudos, com mais de 56 000 voluntários no total, e foi possível constatar uma redução da mortalidade com o tratamento. De cada mil que receberam o medicamento, 18 conseguiram prevenir o aparecimento dessas doenças.
Ao mesmo tempo, um estudo publicado pela revista Annals of Internal Medicine em 2013 analisou 27 pesquisas sobre a eficácia dos suplementos de vitaminas que muitas vezes são receitados pelos médicos. Somados, avaliaram mais de 400 000 participantes, e chegaram à conclusão que não havia nenhuma evidência estatística significativa de sua eficácia no aumento do tempo de vida e na incidência de câncer ou doenças cardiovasculares.
Por unificar o número de amostras analisadas em vários estudos, muitas vezes as metanálises ajudam a trazer à tona informações que poderiam passar despercebidas num primeiro momento. Por exemplo, em estudos pequenos, com dezenas de casos analisados, uma diferença de 3% pode não fazer diferença. Mas quando se juntam várias pesquisas, e a soma dos voluntários pode atingir a casa dos milhares, essa diferença se torna estatisticamente significante. "Hoje em dia, as diferenças na eficácia dos tratamentos tende a ser cada vez menor. Mas essas diferenças ainda são importantes, pois ajudam a salvar vidas. Por isso, daqui para a frente, precisaremos de amostras cada vez maiores. E esse é um dos papéis das metanálises", diz Atallah.

sábado, 21 de março de 2015

Exame de sangue rápido pode diminuir o uso desnecessário de antibiótico

Cientistas desenvolveram um exame que fica pronto em até duas horas e detecta se a infecção foi causada por vírus ou bactéria

Teste sanguíneo: novo exame ajuda a prever quais os riscos de calcificação em pacientes com problemas renais
Atualmente o diagnóstico clínico de infecções causadas por vírus e bactérias é impreciso e os exames laboratoriais são demorados, levando ao mal uso de antibióticos(Thinkstock/VEJA)
Cientistas desenvolveram um novo exame sanguíneo capaz de detectar, em até duas horas, se uma infecção é causada por vírus ou bactéria. De acordo com os pesquisadores, atualmente o diagnóstico clínico destas infecções é impreciso e os exames laboratoriais são demorados, levando ao mal uso de antibióticos. Feito em parceria com a empresa israelense MeMed, o estudo foi publicado na terça-feira, na edição online do periódico Plos One.
Conheça a pesquisa
  • Título original:
    • A Novel Host-Proteome Signature for Distinguishing between Acute Bacterial and Viral Infections
  • Onde foi divulgada:
    • periódico Plos One
  • Quem fez:
    • Kfir Oved , Asi Cohen, Olga Boico, Roy Navon, Tom Friedman, Liat Etshtein, Or Kriger, Ellen Bamberger, Yura Fonar, Renata Yacobov, Ron Wolchinsky, Galit Denkberg, Yaniv Dotan, Eran Eden e outros
  • Instituição:
    • MeMed Diagnostics, em Israel, Technion-Israel Instituto de Tecnologia, em Israel, e outras
  • Resultado:
    • Um exame de sangue realizado em laboratório conseguiu detectar, em até duas horas, se uma infecção foi causada por vírus ou bactéria
Para desenvolver o exame, os pesquisadores analisaram amostras de sangue de mais de 1 000 pacientes. Inicialmente, eles procuraram identificar proteínas do sistema imune cuja produção é desencadeada exclusivamente por vírus ou bactérias. Em seguida, foram desenvolvidos marcadores, utilizados no novo exame de sangue, que identificam estas proteínas e detectam com precisão as causas da infecção. Este exame é realizado em laboratório, mas os cientistas já estão trabalhando em uma forma de transformá-lo em um dispositivo portátil.
Embora os resultados da pesquisa tenham mostrado que o novo exame acertou na maioria dos diagnósticos, a MeMed afirma que o teste não dispensa a avaliação clínica de um médico nem outros exames de apoio. No entanto, para os cientistas, a rapidez deste método pode ajudar a evitar o uso inapropriado de antibióticos e melhorar a rapidez e prescrição de um tratamento adequado.
O uso excessivo de antibióticos é uma preocupação para médicos e para a Organização Mundial da Saúde (OMS), pois a prática contribui para a disseminação da resistência ao medicamento. De acordo com um relatório da instituição divulgado no ano passado, essa condição é uma ameaça global à saúde pública. Por outro lado, a demora na prescrição de antibióticos para tratar infecções bacterianas coloca em risco os pacientes e aumenta os custos no tratamento.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Médicos discordam do diagnóstico de câncer de mama em 25% dos casos

Estudo comparou opinião dos médicos que detectaram os casos com a de um grupo de especialistas


Câncer de mama: características étnicas aumentam riscos da mulher latina para a doença
Pesquisa levanta preocupações quanto a um diagnóstico exagerado do câncer, assim como a perda de oportunidades de identifica-lo precocemente(Thinkstock/VEJA)
Um novo estudo mostra que nem sempre os médicos concordam com os resultados de biópsias para câncer de mama. Publicada na terça-feira no periódico Jama, a pesquisa revela que os médicos que detectam o problema inicialmente só concordam em 75% das vezes com especialistas que não estão ligados ao caso.
Conheça a pesquisa
  • Título original:
    • Diagnostic Concordance Among Pathologists Interpreting Breast Biopsy Specimens
  • Onde foi divulgada:
    • periódicoJama
  • Quem fez:
    • Joann G. Elmore, Gary M. Longton, Patricia A. Carney, Berta M. Geller, Tracy Onega e outros
  • Instituição:
    • Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e outras
  • Resultado:
    • Médicos que diagnosticam câncer de mama através de biópsias só concordam em 75% das vezes com especialistas que não estão ligados ao caso.
No estudo, 115 patologistas - médicos que analisam exames e diagnosticam o câncer - dos EUA avaliaram imagens de 240 biópsias de câncer de mama e fizeram diagnósticos. Suas respostas foram confrontadas com as de um grupo de referência, formado por três especialistas no assunto, que determinaram as análises corretas.
Quando se tratava de um câncer invasivo, aquele que já atinge outras camadas celulares do órgão afetado e tem capacidade de se disseminar para outras partes do corpo, houve um bom consenso: os patologistas concordaram com o diagnóstico determinado pelos especialistas em 96% dos casos. Quando se tratava de biópsias não cancerígenas, a concordância caiu para 87% dos casos.
Casos complexos - Em situações de diagnóstico mais complexo, como atipia, quando as células são anormais mas não cancerosas, os patologistas e o painel de referência só entraram em consenso em 48% dos casos. No caso do chamado carcinoma ductal in situ (CDIS), quando as células anormais ficam dentro dos ductos das mamas, o veredito dos médicos foi o mesmo em 84% das vezes. Na totalidade dos casos, a porcentagem de concordância foi de 75%.
O índice de discordância foi maior em biópsias de mulheres com maior densidade mamária. O estudo não analisou o impacto clínico de diagnósticos incorretos, mas as descobertas levantaram preocupações quanto a um diagnóstico superestimado do câncer, assim como a perda de oportunidades de identificá-lo precocemente.
(Da redação)

quinta-feira, 19 de março de 2015

Consumo de refrigerante diet aumenta a gordura abdominal

Segundo estudo, ao longo de dez anos, a circunferência abdominal de idosos que consumiam a bebida diariamente mais do que dobrou, em comparação às medidas daqueles que não tomavam refrigerante diet

Obesidade: Entre 2006 e 2009, quatro milhões de brasileiros atingiram o estágio da obersidade mórbida, segundo o Ministério da Saúde
O acúmulo de gordura abdominal pode elevar o risco de desenvolvimento de síndromes metabólicas, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares(Creatas Images/ThinkStock/VEJA)
​ O consumo frequente de refrigerante diet está diretamente associado ao aumento da circunferência abdominal em adultos com 65 anos ou mais. A descoberta eleva a preocupação sobre o consumo crônico de refrigerante, que pode elevar o risco de síndromes metabólicas e doenças cardiovasculares, já alto em pessoas dessa faixa etária.
Pesquisadores americanos analisaram dados de 749 adultos com mais de 65 anos, que foram acompanhados por uma década. Ao longo deste período, a circunferência abdominal dos que bebiam refrigerante diet diariamente cresceu duas vezes mais do que daqueles que não ingeriam a bebida: 2,11 centímetros, ante 0,77 centímetro. Já entre consumidores ocasionais de refrigerante diet o crescimento foi de 1,83 centímetro.
Surpreendentemente, não foram encontradas evidências significativas entre o consumo de refrigerante "normal" e a expansão da gordura abdominal.
O dado é preocupante porque a gordura localizada no abdomen, chamada viceral, está associada ao aumento de doenças cardiovasculares, inflamações e diabetes tipo 2. A pesquisa foi publicada na terça-feira no periódico Journal of the American Geriatrics Society.
Os autores recomendam que adultos que consomem refrigerante diet diariamente tentem diminuir e, de preferência, cessar seu consumo. Obesidade no mundo - A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que no ano passado 1,9 bilhão de adultos estavam com sobrepeso, isto é, índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 25. Destes, 600 milhões estavam obesos (IMC igual ou maior que 30).

quarta-feira, 18 de março de 2015

Aspirina diminui risco de câncer colorretal — mas não para todos

Estudo revela que o uso do remédio reduz em 30% a incidência desse tumor. Benefício não vale, porém, para pessoas com uma variação genética nos cromossomos 12 e 15

...
Aspirina: entre os efeitos adversos do remédio estão o sangramento intestinal(Divulgação/VEJA)
Tomar aspirina ou ibuprofeno tende a reduzir o risco de desenvolver câncer de cólon para a maioria das pessoas, mas não funciona em uma minoria que possui algumas variações genéticas. A revelação é de um estudo publicado nesta terça-feira no periódico Jama.
Pesquisadores revisaram dez estudos da Austrália, Canadá, Alemanha e Estados Unidos que reuniram, no total, mais de 16.000 pessoas. Os dados confirmaram que o uso regular de aspirina e outros anti-inflamatórios não-esteroides, como o ibuprofeno, diminui em 30% a probabilidade de desenvolver câncer colorretal para a maior parte das pessoas. O benefício preventivo, no entanto, não foi observado em indivíduos com variantes incomuns em genes nos cromossomos 12 e 15.
Uma vez que o uso de aspirina e outros anti-inflamatórios têm efeitos adversos como sangramento intestinal, os médicos devem avaliar junto aos pacientes os potenciais perigos e benefícios do seu consumo. "O estudo sugere que o perfil genético de uma pessoa pode ajudar na tomada desta decisão", afirmou Andrew Chan, coautor da pesquisa e professor da Escola de Medicina de Harvard.
Teste genético - Chan ressalva que ainda é cedo para o mapeamento genético guiar os cuidados clínicos, uma vez que as descobertas precisam ser validadas em grupos mais heterogêneos de pacientes. A pesquisa não incluiu negros, por exemplo, que têm taxas elevadas de câncer colorretal.
Em um editorial associado à pesquisa, Richard Wender, da Associação Americana de Câncer, afirma que, em futuro não muito distante, testes genéticos eficientes e baratos poderão ajudar a definir intervenções que diminuem os riscos de doenças. "A habilidade de traduzir o mapeamento genético em tratamentos preventivos personalizados ainda está um pouco longe, mas, com estudos como este, o caminho fica mais iluminado", afirmou.

terça-feira, 17 de março de 2015

Vitamina D não diminui a pressão sanguínea, diz estudo

Em alguns casos, a suplementação de vitamina D é usada no combate à hipertensão

Multicomprimido: a droga contém duas substâncias para o controle da �pressão arterial, uma atua sobre o colesterol e a outra evita o entupimento dos vasos do coração
Segundo os autores do estudo, ainda é possível a vitamina D possa de fato reduzir os riscos de ataque cardíaco e AVC em algumas pessoas ao agir em outros processos biológicos. No entanto, estudos sobre o assunto ainda estão em andamento(Thinkstock/VEJA)
Um artigo publicado nesta segunda-feira na versão online do periódico JAMA Internal Medicine afirma que, ao contrário do que algumas pessoas acreditam, o uso de vitamina D não diminui a pressão arterial. Por isso, sua suplementação não deve ser utilizada no combate à hipertensão.
Pesquisadores da Universidade de Dundee, na Escócia, revisaram 46 estudos clínicos, com um total de 4 541 participantes, em busca de dados que comprovassem a relação entre a suplementação de vitamina D e a diminuição da pressão arterial. Destas pesquisas, 27 continham dados individuais de 3 092 pacientes e os demais traziam informações sobre grupos populacionais. Nenhum estudo, individual ou coletivo, apresentou evidências de que a vitamina D diminui a pressão arterial.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Tomografia e teste de esforço são igualmente eficazes para detectar doença cardíaca

Estudo conclui, porém, que a tomografia tem uma ligeira vantagem para evitar cateterismos

Insuficiência cardíaca
Doenças cardiovasculares: tomografia e teste de esforço são métodos de diagnóstico(Thinkstock/VEJA)
A tomografia computadorizada e o teste de esforço com eletrocardiograma são igualmente eficazes para diagnosticar doenças cardiovasculares, revelou um estudo apresentado no Congresso Anual do Colégio Americano de Cardiologia (ACC, na sigla em inglês), no fim de semana, na Califórnia.
A pesquisa foi realizada com 10 000 pacientes com idade média de 60 anos, sendo 53% mulheres, examinados nos Estados Unidos e no Canadá. Os pacientes selecionados nunca haviam recebido um diagnóstico de doença nas artérias coronárias, mas apresentavam sintomas que podiam estar relacionados a enfermidades cardiovasculares, como falta de ar ou dor no peito.
Quase todos os participantes tinham pelo menos um fator de risco, como hipertensão, diabetes, ou tabagismo. Metade foi selecionada de forma aleatória para se submeter a um exame de tomografia, que mostra imagens tridimensionais das artérias coronárias. A outra metade fez um teste de esforço com eletrocardiograma. Esses testes são usados há bastante tempo, mas nunca haviam sido comparados durante um período de monitoramento.
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Resultado - O estudo não mostrou nenhuma diferença significativa durante os dois anos de acompanhamento dos voluntários em termos de taxas de cirurgia, complicações, infartos e morte. "Antes desse estudo, a escolha do método de diagnóstico - a tomografia ou teste de esforço - era feita sem se ter uma ideia do que realmente era melhor para a avaliação de sintomas cardiovasculares", disse Pamela Douglas, líder do estudo e pesquisadora do Centro de Pesquisa de Doenças Cardiovasculares da Universidade Duke.
Observou-se, porém, que a tomografia tem uma ligeira vantagem para evitar cateterismos cardíacos (introdução de um tubo na artéria umeral) desnecessários. Ela também utiliza doses de radiação mais baixas do que os exames de medicina nuclear que injetam pequenas quantidades de material radioativo no sangue para obter imagens do coração e das artérias.

sábado, 14 de março de 2015

USP inaugura a mais potente ressonância magnética da América Latina

O novo aparelho tem um ímã com potência de 7 tesla, cerca de 140 000 vezes o campo magnético da Terra

Ressonância magnética: Três pessoas morreram após serem submetidas ao exame em Campinas
O alto nível de refinamento das imagens geradas pelo aparelho irá permitir a realização de detalhadas autópsias virtuais(Thinkstock/VEJA)
Começou a operar nesta sexta-feira na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FUMSP) o mais potente aparelho de ressonância magnética da América Latina.
O equipamento, segundo em todo o Hemisfério Sul, será utilizado em ensino e pesquisa e contribuirá para o aperfeiçoamento do diagnóstico por imagem em doenças como o câncer. O novo aparelho tem um ímã com potência de 7 tesla, cerca de 140 000 vezes o campo magnético da Terra, enquanto as demais contam com 3 tesla.
O alto nível de refinamento das imagens geradas pelo aparelho permitirá a realização de detalhadas autópsias virtuais e um avanço no diagnóstico por imagem, que ganhará em precisão. Assim, tumores de menos de 0,5 centímetro podem ser identificados e o tratamento pode começar mais cedo. O aparelho foi adquirido por 7,6 milhões de dólares, com recursos da USP e da Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Fundação Faculdade de Medicina e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

sexta-feira, 13 de março de 2015

Médicos sul-africanos fazem primeiro transplante de pênis do mundo

Cirurgia foi realizada em dezembro e durou nove horas.
Jovem teve órgão amputado após problema em um ritual de circuncisão.

Da Reuters
Cirurgiões são vistos durante cirurgia de transplante de pênis realizada em dezembro na África do Sul (Foto: Divulgação/Stellenbosch University)Cirurgiões são vistos durante cirurgia de transplante de pênis realizada em dezembro na África do Sul (Foto: Divulgação/Stellenbosch University)
Médicos da África do Sul realizaram com sucesso o primeiro transplante de pênis do mundo, em um jovem que teve seu órgão amputado após problema em um ritual de circuncisão, informou o hospital responsável nesta sexta-feira (13).
O transplante de nove horas de duração, que aconteceu em dezembro do ano passado, foi parte de um estudo piloto do hospital Tygerberg, na Cidade do Cabo, e da Universidade Stellenbosch para ajudar muitos homens que perdem seus pênis em rituais de circuncisão mal-feitos todos os anos.
A cirurgia só foi divulgada nesta sexta, meses após sua realização, depois que os médicos verificaram que o paciente se recupera bem.
"Esta é uma situação muito séria. Para um jovem de 18 ou 19 anos a perda do órgão pode ser profundamente traumática", disse em nota Andre van der Merew, chefe da unidade de urologia da universidade, que comandou a operação.
O jovem paciente teve recuperação total do órgão, disseram os médicos, adicionando que o procedimento eventualmente pode ser ampliado para homens que perderam o pênis por conta de câncer ou como última alternativa para problemas de disfunção erétil.
Achar um doador de órgão foi um dois maiores desafios para o estudo, disse a universidade em nota. O doador foi um falecido que doou seus órgãos para transplante.
Outros nove pacientes vão receber transplantes penianos como parte do estudo, de acordo com os médicos, mas ainda não está definido quando as operações vão acontecer

quinta-feira, 12 de março de 2015

Número de casos de dengue cresce 162% no Brasil

De janeiro a março deste ano foram registrados 224 000 casos da doença no país, ante 85 000 no mesmo período do ano passado

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, durante coletiva de imprensa sobre a dengue
Os dados indicam que 340 municípios brasileiros estão em situação de risco para epidemias de dengue e outras 877 cidades estão em alerta para a doença(Agência Brasil/VEJA)
O Ministério da Saúde divulgou nesta quinta-feira que, de 1.º de janeiro a 7 de março, o país registrou 224 100 casos de dengue. Trata-se de uma elevação de 162% em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve 85 400 casos.
De acordo com o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), 340 municípios brasileiros estão em situação de risco para epidemias de dengue. Outras 877 cidades estão em estado de alerta. Embora o número de casos tenha aumentado, houve uma redução de 32% no número de óbitos e de 9,7% nos registros graves em relação ao mesmo período de 2014.
A situação de um município é considerada de risco quando se encontram larvas do mosquito em mais de 3,9% dos imóveis pesquisados. Entre 1% e 3,9%, o estado é de alerta, e abaixo de 1%, satisfatório.
O Nordeste concentra a maioria dos municípios de risco (171); seguido do Sudeste (54); Sul (52); Norte (46); e Centro-Oeste (17). Cuiabá é a única capital em situação de risco, enquanto dezoito estão em situação de alerta: Aracajú, Belém, Belo Horizonte, Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Macapá, Maceió, Manaus, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo e Vitória.
São Paulo - De acordo com o último Boletim Epidemiológico da Dengue e da Febre Chikungunya, o Estado de São Paulo teve 123 738 casos de dengue notificados até a última segunda-feira. A cidade de Sorocaba está em estado de alerta com 12 780 registros. O município também notificou doze óbitos suspeitos, dos quais cinco foram confirmados até agora.
Limeira tem 9 551 casos suspeitos da doença. Destes, 3 473 foram confirmados e 5 739 aguardam resultados. Segundo a prefeitura, há nove mortes suspeitas pela doença, das quais uma foi confirmada. Na cidade de Marília houve 7 240 notificações, sendo 4 063 confirmadas por exame laboratoriais, e seis mortes. Catanduva notificou 10 330 casos, dos quais 7 707 foram confirmados e 1 741 estão aguardando resultado.
(Da redação)

terça-feira, 10 de março de 2015

Ministério divulga esta semana diretrizes para tratamento do transtorno bipolar

O novo protocolo vai unificar a atenção dada à doença em todo o país e, com isso, facilitar a sua identificação por médicos da atenção básica

Psiquiatria: com a publicação do DSM-5, o luto passará a ser considerado como um sintoma da depressão. Com isso, volta o debate sobre o que são os sentimentos naturais do homem e o que é uma doença mental
A publicação também deve trazer a incorporação de cinco medicamentos para o tratamento do transtorno bipolar(Thinkstock/VEJA)
O Ministério da Saúde deve publicar esta semana as diretrizes terapêuticas para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento do transtorno bipolar. A forma mais grave da doença, considerada um transtorno afetivo, afeta cerca de 2 milhões de brasileiros.
Segundo o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, o novo protocolo vai unificar a atenção dada à doença em todo o país e, com isso, facilitar a sua identificação por médicos da atenção básica, que deverão encaminhar o paciente para o tratamento adequado, oferecido nos centros de Atenção Psicossocial.
A doença se manifesta em fases que alternam a hiperexcitabilidade e a agitação com profunda tristeza e depressão. A duração de cada fase varia de pessoa para pessoa, podendo durar horas, dias, meses e até anos. Um complicador para a pessoa portadora do transtorno surge quando as duas fases se misturam, o chamado estado misto.
A publicação também deve trazer a incorporação de cinco medicamentos para o tratamento do transtorno bipolar. Clozapina, lamotrigina, olanzapina, quetiapina e risperidona são remédios usados para outros fins na rede pública, mas que até o fim do semestre devem estar disponíveis também para esse transtorno afetivo. A expectativa é que em 2015 cerca de 270 mil pessoas sejam beneficiadas com o tratamento. O investimento este ano será cerca de R$ 90 milhões com os medicamentos.
Segundo a professora de psiquiatria da Universidade de Brasília Maria das Graças de Oliveira, a incorporação dos remédios deve ser comemorada, já que o tratamento é essencial para que o paciente tenha qualidade de vida. "A falta desses medicamentos acaba fazendo com que os médicos prescrevam produtos mais antigos, menos específicos e que, portanto, têm mais efeitos colaterais".
A especialista explica que não há cura para o transtorno bipolar, mas, se o paciente seguir o tratamento de forma adequada, pode passar anos sem apresentar crise. Ela alerta que muitos deixam de tomar os remédios quando se sentem bem, correndo o risco de ter uma crise mais agressiva depois desse intervalo.
(Com Agência Brasil)

segunda-feira, 9 de março de 2015

Pesquisa afirma que passar o dia sentado pode aumentar risco de câncer e outras doenças

Os pesquisares recomendam que todos realizem pequenas doses de exercício regularmente, como alguns minutos de caminhada a cada 30 minutos

da Redação
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Que sedentarismo faz mal à saúde não é novidade, mas uma pesquisa concluiu que passar o dia sentado pode aumentar as chances de uma série doenças, mesmo que exercícios físicos sejam realizados diariamente. O estudo, realizado por diversas universidades do Canadá, analisou outras 41 pesquisas sobre saúde, que indicaram que um alto nível de sedentarismo aumentam em 15% a 20% as chances de desenvolvimento ou morte a partir de doenças cardíacas ou câncer e até 90% o risco de diabetes.
Apesar da conclusão, os autores do estudo não conseguem avaliar exatamente quanto tempo é considerado demais - para isso, eles afirmam que necessariam de mais dados e tempo de pesquisa. Mesmo assim, o doutor David Alter, um dos pesquisadores envolvidos, recomenda que todos realizem pequenas doses de exercício regularmente, como alguns minutos de caminhada a cada 30 minutos.
“Mais da metade do dia de uma pessoa normal é gasta sendo sedentária - sentada, assistindo televisão, ou trabalhando ao computador”, afirma Alter ao jornal canadense “The Globe and Mail”. “O resumo é que nós estamos tentando treinar as pessoas a levantarem conscientemente e andarem. Assim que elas estiverem engajadas em ‘eu tenho que levantar, eu tenho que me mover’, o resto é natural. As pessoas começam a pegas as escadas ao invés de elevadores”, ele conclui.

domingo, 8 de março de 2015

Superbactéria infecta pacientes de hospital de Los Angeles

Disco com bactérias
Os pacientes foram diagnosticados com enterobactérias resistentes a carbapenemos (ERC)(Thinkstock/VEJA)
O hospital Cedars-Sinai, um dos mais renomados de Los Angeles, anunciou na quarta-feira que quatro pessoas foram infectadas por uma superbactéria resistente a antibióticos, e que outros 70 pacientes podem estar contaminados.
Os pacientes foram diagnosticados com enterobactérias resistentes a carbapenemos (ERC). A bactéria CRE é resistente a tratamentos com a maioria dos antibióticos comuns, e é particularmente perigosa nos hospitais, onde os pacientes podem estar com o sistema imunológico comprometido ou se recuperando de cirurgias.
"Apesar de o Cedars-Sinai seguir meticulosamente as medidas de desinfecção, detectamos pacientes com ERC", informou o hospital. Diante desta situação e "por cautela", 68 pessoas que foram tratadas com duodenoscópios entre agosto do ano passado e fevereiro foram alertadas, assinalou o centro médico.
Há um mês, a ERC provocou a morte de dois pacientes no hospital Ronald Reagan UCLA de Los Angeles transmitida por duodenoscópios, instrumentos usados para o tratamento e o diagnóstico de problemas no pâncreas e na vesícula. Outras sete pessoas foram infectadas e 179 colocadas em alerta após as mortes no Ronald Reagan.

sábado, 7 de março de 2015

Mulheres demoram a procurar ajuda durante um ataque cardíaco

Demora no atendimento faz com que o índice de mortalidade seja mais elevado em mulheres do que em homens

Brasileiras ignoram os cuidados com a saúde do coração
Ataque cardíaco: quanto mais rápido o atendimento, menor a mortalidade(iStock/VEJA)
Mulheres correm mais risco de morrer por um ataque cardíaco do que homens. Isso acontece porque, em comparação com o sexo masculino, elas demoram mais para sinalizar que precisam de ajuda e para serem levadas ao hospital onde serão atendidas. A revelação é de um estudo que será apresentado em um encontro do American College of Cardiology, em San Diego.
Pesquisadores analisaram os dados de quase 7 500 europeus que sofreram ataques cardíacos entre 2010 e 2014. Enquanto as mulheres esperaram 1 hora para sinalizar que precisavam de ajuda, os homens levaram 45 minutos. Além disso, 70% delas demoraram mais de 1 hora para chegar ao hospital onde seriam atendidas, ante 30% dos homens.
O dado é preocupante porque a rapidez no atendimento é crucial para pacientes com doenças cardiovasculares. No estudo, o índice de mortalidade no hospital foi quase duas vezes superior entre mulheres do que homens (12%, ante 6%). Elas também passaram por menos procedimentos para desobstruir as artérias (76 versus 80%), mais eficientes na primeira hora após um ataque cardíaco. Não houve diferença no índice de mortalidade entre pacientes de ambos os sexos que chegaram ao hospital uma hora depois do episódio e foram rapidamente atendidos.

Sintomas - Os pesquisadores afirmam que mulheres não têm, necessariamente, os sintomas "clássicos" de ataque cardíaco. Em vez da forte dor no peito, elas podem manifestar falta de ar, náusea, vômito e dor nas costas, no pescoço e na mandíbula. Esses sinais podem ser confundidos com indigestão tanto pelas pacientes quanto pelos profissionais de saúde que as atendem.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Exercitar-se na meia-idade pode preservar o cérebro na velhice

Em estudo, pessoas que tinham bom condicionamento físico aos 40 anos apresentavam um cérebro mais rejuvenescido aos 60

Corrida
Pesquisa: hábitos da meia-idade podem impactar o envelhecimento no cérebro(Thinkstock/VEJA)
Uma nova pesquisa revelou que pessoas que não se exercitam na meia-idade têm um volume cerebral menor ao chegar aos 60 anos do que aquelas que praticam atividade física. O tamanho do cérebro é um indicador do envelhecimento.
Pesquisadores avaliaram dados de mais de 1 200 pessoas que fizeram um teste ergométrico em média aos 41 anos. O teste ergométrico é realizado na esteira e serve para avaliar a saúde cardiovascular do indivíduo. Nenhum dos participantes tinha doenças cardíacas ou problemas cognitivos no início do levantamento. Quando esses voluntários começaram a chegar aos 60 anos, foram submetidos a exames de ressonância magnética do cérebro, assim como a testes cognitivos.
O estudo descobriu que as pessoas que se saíram pior nos testes ergométricos tinham menor volume cerebral na velhice do que aqueles que tiveram resultados melhores. Além disso, o desempenho desses voluntários nos testes cognitivos foi mais fraco. A pesquisa foi apresentada em um encontro da Associação Americana do Coração na quarta-feira.
"Muitas pessoas só começam a se preocupar com a saúde mental na velhice, mas o estudo oferece mais uma evidência de que certos comportamentos e fatores de risco na meia-idade podem ter consequências no envelhecimento do cérebro", afirma a líder do estudo, Nicole Spartano, pesquisadora da Escola de Medicina da Universidade de Boston, nos Estados Unidos.

quinta-feira, 5 de março de 2015

OMS quer impostos sobre refrigerantes para reduzir consumo de açúcar

Objetivo da entidade é diminuir a incidência de problemas como obesidade, sobrepeso e cáries

Açúcar: Segundo estudo alemão, níveis elevados de glicose no sangue são prejudiciais à memória
Açúcar: para a OMS, o ideal é que o açúcar não represente mais de 5% do consumo diário de calorias de uma pessoa(Thinkstock/VEJA)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta quarta-feira, por meio de uma nova diretriz, que o açúcar não represente mais de 10% do consumo diário de energia de uma pessoa, sob o risco de causar problemas de saúde. Reduzir essa porcentagem para 5% proporciona efeitos positivos adicionais. Essa taxa equivale a 25 gramas de açúcar por dia (cerca de seis colheres de chá), ou 100 das 2 000 calorias diárias recomendadas para um adulto diariamente.
Para a entidade, governos precisam restringir a publicidade infantil e elevar impostos sobre produtos ricos em açúcar, como refrigerantes e alimentos processados. Outra medida sugerida é reforçar leis sobre a etiquetagem de produtos para incluir detalhes sobre o volume de açúcar. A OMS pede que governos e indústrias de alimentos negociem uma redução na quantidade de açúcar nos alimentos processados.

A proposta aos governos é fruto de um trabalho de doze meses que incluiu especialistas de todo o mundo, incluindo a Universidade de São Paulo (USP). "Temos evidências sólidas de que manter o consumo de açúcar abaixo de 10% do consumo de energia reduz os riscos de sobrepeso, obesidade e problemas dentários", disse Francesco Branca, diretor da OMS para Nutrição. "Fazer mudanças em políticas nessas áreas será fundamental se governos quiserem atingir suas metas de redução de doenças não-transmissíveis."
A recomendação da OMS não inclui o consumo de frutas e legumes em seus cálculos e nem o açúcar presente no leite. Ela se refere aos açúcares adicionados a bebidas e alimentos industrializados. De acordo com a entidade, grande parte do consumo está "escondida em alimentos processados e que não são vistos normalmente como doces".

quarta-feira, 4 de março de 2015

Por que a overdose de álcool pode ser fatal

A intoxicação por álcool, como a que matou o estudante Humberto Moura Fonseca, deixa o organismo tão lento que a pessoa pode parar de respirar

Por: Giulia Vidale
Humberto Moura Fonseca
Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, morreu devido a uma parada respiratória, causada pelo consumo excessivo de álcool(Reprodução/Facebook)
As mortes causadas pelo álcool costumam ser atribuídas ao consumo exagerado e frequente ao longo de anos, por prejuízos sobretudo ao fígado, cérebro e coração. Mas a bebida pode matar também por overdose. No fim de semana, um estudante da Unesp de Bauru, no interior de São Paulo, morreu e outros três ficaram em coma após ingerirem grandes quantidades de vodca. De acordo com testemunhas, Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, tomou 25 a 30 doses da bebida, ao participar de uma disputa para eleger quem bebia mais.
O envenenamento por álcool ocorre quando a quantidade ingerida é superior à capacidade de o organismo metabolizar a bebida. Em um homem com 70 quilos e 1,75 metro de altura, por exemplo, uma dose de álcool (um cálice de vinho ou uma dose de vodca ou uma lata de cerveja) é metabolizada em cerca de uma hora. Em um vídeo com imagens da festa da Unesp, uma pessoa diz que os participantes da competição tomavam uma dose de vodca por minuto. Humberto Moura Fonseca, assim, teria ingerido cerca de 1 litro e meio da bebida em 30 minutos.
O álcool inicialmente age no sistema dopaminérgico do cérebro, causando euforia e desinibição. Com a ingestão de mais doses, a bebida passa a comprometer o chamado sistema gabaérgico, responsável por funções vitais do corpo: controle da temperatura, respiração e batimentos cardíacos.
Intoxicação - No início da intoxicação, os sintomas são tontura, dificuldade de ficar acordado, fala enrolada e confusão mental, que começam a se manifestar em média 20 minutos após a ingestão de álcool. A esses sinais de embriaguez, seguem-se sintomas de maior gravidade: pulso fraco e rápido, pele fria e pálida, cheiro forte de álcool saindo da pele, respiração irregular, vômito, desmaio e coma. No caso de Fonseca, é possível que, quando os sintomas começaram a aparecer, ele já tivesse ingerido quantidade suficiente para colocá-lo em coma. Ele foi levado para o hospital, mas chegou sem vida.
"Em altas doses, o álcool intoxica o organismo a ponto de deixar as reações tão lentas que a pessoa para de respirar", afirma Zila van der Meer Sanchez, coordenadora do projeto Balada com Ciência da Unifesp e pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid).
Casos de morte por overdose de álcool não são comuns e a resistência à bebida varia de acordo com o organismo de cada um. Zila afirma que em um consumidor crônico - um alcoólatra ou alguém que esteja acostumado a beber bastante - a quantidade que matou o estudante não teria os mesmos efeitos. Outros fatores que interferem na capacidade de uma pessoa de metabolizar a bebida são genética, gênero, gordura corporal, peso, idade, alimentação e uso de medicamentos.
O fato de não haver uma ambulância com equipamentos e socorristas especializados no local da festa também foi um agravante. Segundo a médica, caso a ambulância tivesse equipamento para oxigenação e reanimação e um profissional treinado para lidar com casos de intoxicação alcoólica, Fonseca teria tido mais chances de chegar ao hospital com vida e lá receber tratamento adequado.
Álcool no Brasil - Os alunos da Unesp praticaram o que os especialistas chamam de beber em binge. Trata-se de, no período de duas horas, consumir pelo menos cinco doses de bebida alcoólica, no caso dos homens, ou quatro doses, no caso das mulheres. Um levantamento divulgado por pesquisadores da Unifesp em 2014 revelou que o binge é comum em 43% dos adolescentes brasileiros de até 17 anos, 55% dos jovens com até 21 anos e 61% daqueles com até 25 anos de idade. Além disso, o estudo mostrou que os brasileiros estão bebendo mais cedo e em maior volume. A idade média do começo da inserção da bebida na vida dos entrevistados foi de 15 anos.
Um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que o consumo de álcool no Brasil supera a média mundial. De acordo com dados da organização, a ingestão média no planeta entre pessoas acima de 15 anos em 2010 era de 6,2 litros por ano por indivíduo. Já no Brasil, uma pessoa dessa faixa etária ingere, em média, 8,7 litros de álcool por ano.