quinta-feira, 31 de março de 2016

Cientistas descobrem possível meio de entrada de zika em células-tronco neurais

De acordo com pesquisadores americanos, mecanismo pode explicar por que zika tem consequências tão devastadoras como a microcefalia e ajudar a desenvolver terapias

Mosquito Aedes aegypti, transmissor da Dengue
O receptor AXL, encontrado em abundância na superfície de células-tronco neurais, mas não nos tecidos neuronais maduros, pode ser usado como porta de entrada para o vírus, transmitido pelo mosquito 'Aedes aegypti'(Nelson Almeida/AFP)
Um grupo de cientistas americanos descobriu que a aparente atração do vírus zika por neurônios em formação pode ser resultado de sua afinidade por uma proteína encontrada na superfície das células-tronco neurais. O receptor AXL, encontrado em abundância na superfície dessas células, mas não nos tecidos neuronais maduros, pode ser usado pelo vírus como porta de entrada para a infecção. De acordo com pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco, nos Estados Unidos, danos nesse tipo de células são coerentes com vários dos sintomas associados ao zika nos fetos em desenvolvimento - incluindo a microcefalia.
O estudo, cujos resultados foram publicados nesta quarta-feira na revista científica Cell Stem Cell, revela como a proteína AXL - normalmente envolvida na divisão celular - está presente em grande quantidade nas células que dão origem aos tecidos do córtex e também da retina. Essas células-tronco, afirmam os cientistas, só estão presentes no organismo durante o segundo trimestre de gravidez. Além de ajudar a compreender a biologia do vírus, a descoberta pode ajudar no desenvolvimento de futuras terapias para a infecção em mulheres grávidas.
Porta de entrada - Logo que o surto de zika e microcefalia atingiu o Brasil, os pesquisadores resolveram aprofundar estudos que mostravam que vírus similares ao zika, como o da dengue, parecem usar a proteína AXL como mecanismo de entrada para as infecções. A equipe usou análises genéticas para verificar a presença desse receptor em diferentes células do cérebro de camundongos, furões, em organelas cerebrais derivadas de células-tronco (como os minicérebros desenvolvidos em laboratório) e tecidos humanos cerebrais em desenvolvimento.
Os cientistas perceberam que todos os modelos exibiam a proteína nas células gliais radiais, que são estruturas que, ao se desenvolverem, dão origem a diversos tipos de células, como os neurônios. Usando marcadores de anticorpos, os pesquisadores descobriram que a AXL se agrupa em locais dessas células-tronco que estão próximos a vasos sanguíneos ou ao fluido cerebroespinal - uma posição privilegiada para o vírus zika entrar em contato com a proteína e desenvolver a infecção.
"Ainda que não seja de maneira alguma uma explicação completa, acreditamos que a expressão de AXL por esse tipo de célula é uma importante pista para descobrirmos como o vírus zika é capaz de produzir casos tão devastadores de microcefalia. Os resultados se encaixam perfeitamente nas evidências disponíveis", disse um dos autores do estudo, Arnold Kriegstein, diretor do Centro de Pesquisa em Medicina de Regeneração Células-tronco Eli and Edythe Broad, da Universidade da Califórnia em São Francisco.
Próximas etapas - De acordo com os pesquisadores, a descoberta é um passo importante, mas outros receptores podem estar associados ao vírus. Por isso, o próximo passo do estudo deve ser verificar se o AXL pode ser explorado para terapias que possam impedir a infecção. Bloquear a proteína, fundamental para o desenvolvimento do cérebro do feto, não é uma opção, mas o conhecimento dos detalhes do mecanismo de entrada do zika nas células-tronco pode ajudar os médicos a encontrar meios para tratar as grávidas e evitar consequências nos bebês.
"Ainda não entendemos por que o vírus da zika, em particular, é tão virulento para o cérebro em desenvolvimento", afirmou Kriegstein. "Pode ser que o vírus se desloque mais facilmente pela barreira da placenta ou que o vírus entre nas células mais facilmente do que infecções relacionadas."

quarta-feira, 30 de março de 2016

Ministério libera vacinação antecipada contra gripe H1N1

Especialistas ouvidos pelo site de VEJA acreditam que o aumento no número de casos da gripe dois meses antes do previsto seja decorrente da importação do vírus de outras regiões do mundo

Por: Giulia Vidale
Influenza A: a epidemia do vírus entre 2009 e 2010 deixou mais de 18.000 mortos no mundo
Enquanto a campanha de vacinação contra o influenza não começa, especialistas recomendam recomendam que a população se previna redobrando os cuidados com a higiene (lavar as mãos constantemente e não compartilhar objetos de uso pessoal)e evitando aglomerações e o contato com muitas pessoas.(Thinkstock/VEJA)
O Ministério da Saúde anunciou na noite desta segunda-feira que vai permitir a antecipação da vacinação contra a gripe H1N1 para os Estados interessados em começar a imunizar grupos considerados de risco antes da campanha nacional, que terá início em 30 de abril. Em São Paulo, que requisitou a antecipação, o primeiro lote deve chegar nesta sexta-feira - nos demais Estados, a partir de segunda.Cada secretaria estadual deverá divulgar o calendário que adotará para vacianr a população.
O surto atípico de gripe H1N1 está lotando os pronto-socorros dos hospitais da capital e do interior de São Paulo. A situação é completamente incomum, já que o auge da infecção pelo vírus, em circulação no país desde 2009, costuma ocorrer no mês de junho, quando a temperatura começa a baixar. Diz o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo: "Em toda a história epidemiológica, sabemos que a influenza é uma doença do inverno, que deveria aparecer somente daqui a dois meses, não agora. É assustador ". De acordo com dados da Secretaria de Saúde de São Paulo, até o dia 22 de março foram contabilizados 260 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) -- relacionada a complicações do H1N1 -- e 38 óbitos. No mesmo período do ano passado, não havia nenhum registro confirmado. Atualmente, São Paulo concentra 85% dos casos em todo o país.
A principal hipótese levantada pelos especialistas para o número de casos é de que o vírus tenha sido importado por turistas que viajaram para regiões do hemisfério norte, como Europa, Canadá e Estados Unidos. A Flórida, por exemplo, enfrenta atualmente um surto de H1N1. O estado americano recebe cerca de 140 000 paulistas por mês. "Ao voltar infectada para o Brasil, uma pessoa pode transmitir o vírus para os outros pelo contato direto ou indireto a partir da secreção das vias respiratórias", explica Regia Damous, infectologista do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Frequentar lugares com aglomerações, como escolas ou empresas, ajuda a propagação do agente infeccioso.
É por isso que os hospitais de São Paulo adotaram medidas de emergência para controlar a infecção. Na capital, o Hospital Albert Einstein, o Hospital e Maternidade São Luiz e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, por exemplo, solicitam que os pacientes com sintomas de gripe utilizem máscara hospitalar desde o inicio do atendimento. Além disso, eles disponibilizaram uma área exclusiva destinada ao atendimento de casos suspeitos da doença.

H1N1 - O H1N1é um vírus da gripe do tipo A (associado a epidemias) que foi detectado pela primeira vez em abril de 2009 no México e, em pouco tempo, se transformou em uma pandemia mundial. Sua transmissão ocorre pelo contato direto (ao falar, espirrar, tossir ou beijar) ou indireto (pelas mãos) com as secreções das vias respiratórias de uma pessoa contaminada.
Após a infecção, os sintomas demoram entre 1 e 4 dias para se manifestar e incluem febre alta (acima de 38,5°C), tosse, irritação nos olhos e nos ouvidos, dor muscular, de cabeça, de garganta e no tórax, coriza, falta de ar e diarreia. O tratamento é feito com o medicamento Tamiflu. Se não tratada adequadamente, a gripe pode evoluir para um quadro mais grave, conhecido como Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Qualquer pessoa pode ser infectada pelo vírus H1N1 - ao contrário da gripe comum, que prioriza os idosos.Os grupos de risco incluem crianças menores de dois anos, grávidas, doentes crônicos e pacientes em tratamento de câncer.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Após sofrer 300 fraturas, homem com 'ossos de vidro' faz 2 faculdades no DF

Alexandre Abade só aprendeu a ler aos 17 anos e recusa imagem de vítima.
Ele vive em cadeira de rodas e tem baixa mobilidade dos braços e pernas.

Raquel MoraisDo G1 DF
O brasiliense Alexandre Abade, que tem 'ossos de vidro', e amiga (Foto: Alexandre Abade/Arquivo Pessoal)O brasiliense Alexandre Abade, que tem 'ossos de vidro', e amiga (Foto: Alexandre Abade/Arquivo Pessoal)
Eu me considero uma pessoa normal, mesmo com minha deficiência física. Tive relacionamentos amorosos e decepções como qualquer outra pessoa, mas, como um homem de fé e que sempre acredita que tudo é possível quando buscamos a Deus, eu sei também que realizarei a mais esse sonho que é constituir família"
Alexandre Abade,
consultor motivacional
A aparência frágil do consultor motivacional Alexandre Ferreira Abade, que por ter "ossos de vidro" vive sobre uma cadeira de rodas motorizada e tem mobilidade mínima nos braços e pernas, esconde uma personalidade agitada e persistente: o brasiliense tem duas graduações, uma pós, vários cursos profissionalizantes e uma agenda cheia de palestras a dar. O primeiro contato com letras e números só pôde ocorrer aos 17 anos, depois de ele superar a baixa expectativa de vida dada pelos médicos por causa das mais de 300 fraturas sofridas na infância e adolescência. Duas décadas depois, o homem segue recusando a imagem de "vítima" e se prepara para lançar o segundo livro sobre sua trajetória.
O diagnóstico de osteogênese imperfeita só veio aos 2 anos. "Tinha duas fraturas [nas pernas, desde o nascimento], mas os médicos não sabiam, só souberam em uma consulta que tive e o médico notou uma pequena diferença entre uma perna e outra e assim foram investigar a causa. Qualquer tipo de movimento [provocava fratura]. Eu não poderia sair para outros lugares de ônibus ou carro, pois os movimentos já ocasionavam fraturas, meus ossos eram muito frágeis, se quebravam facilmente, eram como vidro", lembra.
A família tentou lidar com a situação com naturalidade, mas acatou as recomendações dos profissionais que passaram a acompanhar Abade. Ele nunca pôde experimentar tentar andar, e os médicos achavam que ele viveria no máximo até o início da adolescência. O consultor motivacional, que tem quatro irmãos, afirma nunca ter questionado as razões de ser o único a ter as limitações.
O brasiliense Alexandre Abade, que tem 'ossos de vidro' (Foto: Alexandre Abade/Arquivo Pessoal)O brasiliense Alexandre Abade, que tem 'ossos de
vidro' (Foto: Alexandre Abade/Arquivo Pessoal)
"Segundo previsões médicas eu viveria até os 12 anos de idade. Devido as minhas constantes fraturas, eu corria o risco de quebrar a coluna e o medo dos médicos era esse. Mas após os 12 anos, contrariando suas previsões e principalmente com a fé que os meus pais tiveram, esse diagnóstico foi mudado, eu superei mais essa previsão e fui vivendo dia após dia e cada vez mais, com a ajuda de Deus, superando e vivenciando cada momento, acreditando que Deus me ajudaria até na cura das minhas fraturas, como de fato aconteceu", afirma. "Dos 17 anos até hoje eu não tive mais nenhuma fratura e nenhum problema de saúde, sigo minha vida normalmente."
Prestes a completar a maioridade, Abade decidiu experimentar o que já era parte da rotina de todo mundo: estudos e trabalho. Ele foi matriculado no Centro de Ensino Especial de Sobradinho e depois passou para uma escola regular. Colegas colocavam folhas de carbono sob os papéis dos cadernos e assim lhe garantiam cópias das anotações. As provas eram feitas em salas de uso individual, com a ajuda dos professores.
A dedicação do consultor motivacional o ajudou inclusive a combater preconceitos. "Tinha colega que não se aproximava de mim porque imaginava que eu era uma pessoa que não poderia sair, me divertir, ou seja, que eu era uma pessoa que não teria muita alegria para fazer amizade. Mas, com o passar do tempo, esses colegas me viam em festas da escola, eventos, e então logo mudaram a forma de pensar e viram que eu era capaz, que independente das minhas deficiências eu posso ter uma vida normal, e foram aprendendo através de mim que outras pessoas com deficiência são tão capazes quanto."
Abade passou então a dar palestras contando a própria história. Ele também fez diversos cursos profissionalizantes e se formou em gestão em marketing e gestão em administração de empresas. Depois, o homem fez pós-graduação em recursos humanos. O consultor motivacional diz que os estudos o ajudaram a se aperfeiçoar na área e a prosseguir com os projetos de palestras e educação inclusiva.
Visto como exemplo para colegas e professores, Abade percebeu como conseguia mudar os conceitos dos outros sobre deficiência e escreveu o primeiro livro há quatro anos. Ele trabalha atualmente em uma nova obra e conta com a ajuda da amiga Sarah Sena.
"O tema é um pouco da minha história, das conquistas atuais. E falamos também sobre pessoas com deficiência, que independente das limitações todos somos capazes de estar inseridos no mercado de trabalho, escolas, faculdades e principalmente temos o direito de ter o nosso lazer e os nosso direito garantidos", explica.
Futuro
O consultor motivacional diz sonhar em crescer profissionalmente por meio dos projetos sobre educação e inclusão de pessoas com deficiência. "[Quero] Cada vez mais contribuir para que a inclusão não seja apenas uma teoria, mas uma prática constante na vida da nossa sociedade, que precisa muito abraçar essa causa e ter uma nova visão de pessoas com algumas limitações e não só pessoas com deficiência, mas também pessoas idosas, que também precisam ter o seu direito garantido e principalmente o seu respeito e atenção merecidamente, porque um dia todos nós vamos ficar velhos, um dia podemos ficar deficientes."
Abade, que recentemente ganhou a cadeira motorizada, diz ter ganhado com o equipamento maior independência. Entre os próximos objetivos estão deixar a casa da mãe e formar a própria família.
O brasiliense Alexandre Abade, que tem 'ossos de vidro', junto com amigos (Foto: Alexandre Abade/Arquivo Pessoal)O brasiliense Alexandre Abade, que tem 'ossos de vidro', junto com amigos (Foto: Alexandre Abade/Arquivo Pessoal)
"Eu me considero uma pessoa normal, mesmo com minha deficiência física. Tive relacionamentos amorosos e decepções como qualquer outra pessoa, mas, como um homem de fé e que sempre acredita que tudo é possível quando buscamos a Deus, eu sei também que realizarei a mais esse sonho que é constituir família."
"Não me vejo incapaz, sei que sou diferente, mas com as minhas diferenças faço a diferença", completa o homem. "Com toda a minha trajetória passada tive meus momentos para me preparar para romper todas os paradigmas e preconceitos, encarando a vida de frente e aceitando-a como eu sou, e em nenhum momento tive questionamento por causa das minhas limitações. Pelo contrário, busquei na minha deficiência um lado positivo em viver, estudar, trabalhar e tenho um bom relacionamento com as pessoas que passam em minha vida."

sábado, 26 de março de 2016

Incidência de tuberculose teve redução discreta no Estado -Ce

Especialistas dizem que a redução na taxa de incidência não pode ser comemorada por que o percentual de cura caiu
Levi de Fretas/Renato Bezerra - Repórteres
O abandono é preocupante, por gerar resistência medicamentosa no paciente, sendo um dos atuais focos do enfrentamento à doença no Estado ( Foto: Alex Costa )
O Estado do Ceará teve um declínio nos casos de tuberculose durante 14 anos. Enquanto que em 2001 a taxa de incidência para cada grupo de 100 mil habitantes era de 46,1, em 2015, embora com dados ainda preliminares, a taxa reduziu para 38,4 casos. As informações constam no boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), divulgado no último dia 22 de março.
Apesar da discreta melhora, não há o que comemorar, por enquanto, se levada em consideração a piora das taxas de cura registrada em dez anos. Em 2004, 73,2% dos acometidos pela doença conseguiram se curar, mas este percentual caiu para 59,2% em 2014.
Dados preliminares de 2015 revelam uma taxa ainda menor, de 20,5%. Vale ressaltar que a meta recomendada pela Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) é de 85%.
Abandono
Outro dado preocupante é o da taxa de abandono do tratamento, que em 2015 ficou em 8,7%, enquanto o recomendado pela OPAS/OMS é abaixo de 5%. Neste mesmo ano, 209 pessoas morreram no Estado vítimas da tuberculose, de acordo com o boletim epidemiológico.
"A taxa de cura é baixa e há um alto índice de abandono, então a mortalidade aumenta. O que ocorre é que se trata de uma doença curável, de tratamento gratuito, mas que pela não adesão ao tratamento, evolui para óbito", explica a coordenadora do Programa de Tuberculose do Estado, Sheila Santiago.
O abandono, segundo a médica, é preocupante, por gerar uma resistência medicamentosa no paciente, sendo um dos atuais focos de trabalho no enfrentamento à doença no Estado. "O tratamento é de seis meses com medicação diária. Mesmo que melhorem os sintomas, deve-se continuar com a medicação até a cura. Muitas vezes, no segundo, terceiro, quarto mês, com a melhoria dos sintomas, é uma tendência nossa deixar a medicação, achar que está bom, e aí mora o perigo de ficar resistente ao medicamento", explica.
Outro foco no trabalho de enfrentamento à doença, diz Sheila Santiago, é a identificação do sintomático respiratório, considerada a pessoa com tosse há mais de três semanas, e que geralmente é confundida com gripe ou tosse alérgica e, portanto, não sendo valorizada.
A especialista orienta, estando com este perfil, que a pessoa procura uma unidade de saúde para realização do exame. No caso de constatação, o tratamento é inteiramente gratuito, realizado na rede básica de saúde, com os medicamentos necessários sendo disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Na média nacional
De acordo com a especialista, a taxa de 38,4 casos para 100 mil habitantes, registrada em 2015, se refere ao número de casos confirmados e está dentro da média nacional. Contudo, segundo explica, existem, ainda, os não detectados, ou seja, pessoas doentes sem que estejam notificados pela unidade de saúde, e que podem estar transmitindo o vírus. "O Ceará tem boa detecção, mas é preciso que todos os municípios tenham esse foco na detecção precoce em busca de sintomático respiratório", destaca.
Ainda conforme Sheila Santiago, a educação sanitária e a informação são as melhores formas de prevenção. "O sol do Ceará é excelente meio de matar o bacilo. Temos que ter o hábito de abrir a janela. Ao tossir e espirrar, cobrir, além de investigar todos que tiveram contato com os sintomáticos respiratórios. São maneiras de biosegurança administrativa que servem de prevenção.
Mas a maior prevenção é a informação. Ainda é uma doença com muito preconceito, algumas pessoas não se acham, não se colocam em pauta de discussão, apesar de ser uma doença antiga, tem uma discriminação. Ela precisa ser socializada, conversada, para que a população não se envergonhe de ter ou conviver com tuberculose", avalia.
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sexta-feira, 25 de março de 2016

Pular o café da manhã não prejudica a dieta

Um novo estudo americano mostrou que a primeira refeição não está associada ao ganho de peso

Bandeja de café da manhã
De acordo com o estudo, pular o café da manhã não aumenta a fome ao longo do dia nem faz engodar. No entanto, comer de manhã está associado a um aumento de energia e maior gasto calórico durante o dia(Getty Images/Thinkstock/VEJA)
Pular o café da manhã não fará com que você engorde, como ainda ditam muitos estudos sobre o assunto. No entanto, fazer a primeira refeição do dia pode dar mais energia. É o que diz uma pesquisa publicada recentemente no periódico científico American Journal of Clinical Nutrition.
Pesquisadores da Universidade de Bath, na Grã-Bretanha, fizeram um experimento com 23 adultos para entender o real papel do café da manhã no ganho de peso. Durante seis semanas os participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro precisava ingerir 700 calorias no café da manhã, enquanto o segundo poderia apenas beber água até o almoço.
Os resultados mostraram que, embora o grupo do jejum tenha comido mais no almoço, o aumento calórico não foi suficiente para superar o déficit de 700 calorias ingeridas pelos outros participantes. Os autores concluíram também que pular essa refeição também não aumentou a fome dos participantes ao longo do dia nem afetou seus níveis de gordura ou fez com que eles ganhassem mais peso.
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No entanto, os integrantes do grupo que tomava café da manhã queimaram mais calorias ao longo do dia, principalmente devido à maior prática de atividade física. O que sugere que essa refeição pode ajudar as pessoas a ficarem mais ativas.
"Apesar de muitas pessoas opinarem se você deve ou não tomar café da manhã, ainda faltam evidências científicas rigorosas mostrando o impacto dessa refeição na saúde. Nossos estudos destacam que se o objetivo for a perda de peso, pouco importa. No entanto, se for para ser mais ativo, o café da manhã pode ajudar", disse James Betts, principal autor do estudo.
(Da redação)

quinta-feira, 24 de março de 2016

Australiano acorda do coma falando apenas mandarim

Ben McMahon acordou do coma causado por um acidente de carro falando mandarim e sem lembrar de sua língua materna. Ele havia estudado na infância o idioma, mas não era fluente

Após acidente de carro, jovem australiano esqueceu temporariamente o inglês e só se expressava em mandarim
Após um grave acidente de carro, o jovem australiano Ben McMahon esqueceu temporariamente o inglês - sua língua materna - e só se expressava em mandarim. Atualmente ele fala os dois idiomas com perfeição(VEJA.com/Reprodução)
O australiano Ben McMahon, de 24 anos, acordou de um coma falando apenas mandarim e, pior, passou dias sem conseguir se expressar em inglês, sua língua materna. Segundo o jovem, embora tivesse estudado o idioma na escola, ele nunca chegou a falar com fluência. Agora já recuperado, ele fala as duas línguas perfeitamente. As informações são da BBC Brasil.
Em 2012, Ben sofreu um grave acidente de carro, que o deixou em coma por uma semana. "Daquela manhã (da batida), eu me lembro de tomar café na cama. Mas nada além disso", disse à BBC. Logo que acordou, havia esquecido o inglês e falava apenas mandarim.
Segundo cientistas, embora não se saiba com exatidão o lugar do cérebro onde se desenvolve a capacidade de aprender idiomas, o lóbulo frontal do hemisfério esquerdo, conhecido como área de Broca, é a área normalmente associada à linguagem. Os especialistas acreditam que sua lesão tenha sido justamente nessa região.
"No caso de Ben, foi observado que a área do cérebro que armazena e utiliza sua língua materna, o inglês, estava mais afetada que a que era usada para aprender o mandarim quando era mais jovem,", disse Yvonne Wren, especialista em linguagem.
De acordo com pesquisadores, quando há lesões, diferentes partes do cérebro podem assumir a responsabilidade de outras, o que pode causar síndromes como essa e a do sotaque estrangeiro. Isso faz com que a pessoa fale sua língua materna com um sotaque diferente do habitual.
Felizmente, no caso de Ben, o dano cerebral melhorou logo após o acidente e ele recuperou sua capacidade de falar inglês. Teoricamente, isso poderia ter colocado um fim em seu domínio do chinês. Mas não foi o que aconteceu e ele manteve sua capacidade de falar mandarim com perfeição.
Essa nova capacidade ajudou sua vida amorosa, inclusive. Ben acaba de começar a namorar uma jovem australiana de origem chinesa que conheceu em um programa de TV chinesa que promove encontros. A jovem se inscreveu no show justamente para praticar seu mandarim natal.
Outros casos - Na literatura há outros casos semelhantes. Em 2010, uma jovem croata de 13 anos acordou de um coma incapaz de se expressar em seu idioma natal, falando alemão. Assim como Ben, ela havia estudado a língua na escola, mas nunca falou fluentemente. Em 2013, o americano Michael Boatwright acordou falando sueco.
(Da redação)

quarta-feira, 23 de março de 2016

Vegetarianismo melhora qualidade de vida, indica estudo

Segundo pesquisa publicada na 'PNAS', a redução no consumo de carne ajuda o meio ambiente e pode diminuir entre 6% e 10% a mortalidade global até 2050

Salada
Além dos benefícios na saúde, a dieta vegetariana ou vegana ainda pode cortar a emissão dos gases de efeito estufa entre 29% e 70% em 34 anos(Thinkstock/VEJA)
O vegetarianismo e o veganismo (dieta que exclui qualquer derivado animal) melhoram a qualidade de vida, reduzem mortes e contribuem para o meio ambiente. É o que sugere um estudo, publicado na última edição da publicação Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). De acordo com o líder da pesquisa, Marco Springmann, da Universidade de Oxford, os novos dados podem ajudar na criação de políticas públicas que levem em consideração os benefícios da dieta vegetariana ou vegana.
Segundo o estudo, o baixo consumo de carne pode reduzir entre 6% e 10% a mortalidade global até 2050. Além dos benefícios na saúde, a dieta vegetariana ou vegana ainda pode cortar a emissão dos gases de efeito estufa entre 29% e 70% em 34 anos. Considerando que o sistema alimentício é responsável por um quarto de toda a produção de gases de efeito estufa no globo, os especialistas sinalizam que cerca de 80% dessa parcela é relacionada apenas à pecuária.
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A equipe projetou quatro cenários possíveis para o consumo da proteína animal na dieta das pessoas em 2050, e analisou os impactos de cada tipo de consumo na saúde e no meio ambiente. Springmann apontou que, ao modificar os padrões dos costumes alimentares ao redor do globo, a economia anual seria de 1 trilhão de dólares com a prevenção de problemas de saúde e redução da mortalidade. "Os benefícios projetados devem incentivar os pesquisadores e políticos a melhorarem os padrões de consumo da sociedade", disse o líder da equipe no estudo.
Na projeção da equipe, em 2050 as regiões que mais seriam beneficiadas - em questão de saúde - com a redução do consumo de carne seriam o Leste da Ásia, América Latina e países ocidentais com alta renda. Já as regiões como Sul da Ásia e a África subsaariana (a Sul do Deserto do Saara) seriam as mais beneficiadas com o aumento do consumo de frutas e vegetais.
(Da redação)

terça-feira, 22 de março de 2016

Até o momento, 'fosfo' não pode ser considerado medicamento, diz médico

'É panaceia', diz presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia.
MCTI divulgou primeiros resultados de testes com fosfoetanolamina.

Mariana LenharoDo G1, em São Paulo
JH_fosfoetanolamina (Foto: TV Globo)Fosfoetanolamina está sendo testada por estudos coordenados pelo MCTI (Foto: TV Globo)
Até o momento, a fosfoetanolamina não pode ser considerada um medicamento, alerta o oncologista Robson Moura, presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, diante dos primeiros resultados de testes com a substância feitos sob a coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
 
"Neste momento, a fosfoetanolamina ainda não pdoe ser considerada um medicamento. Não estou dizendo que isso nunca vá acontecer, mas hoje não existem estudos clínicos feitos com critério científico que demonstrem que pode ser uma droga eficaz", diz. "Se estudos futuros encontrarem mais uma droga para ajudar no arsenal de combate ao câncer, ela vai ser muito bem-vinda. O que não queremos é um produto químico como uma panaceia para curar o câncer."
Os testes demonstraram que os componentes cápsula tem baixa atividade citotóxica e antiproliferativa. "Ela não foi capaz de matar, destruir a célula cancerígena. Isso está claro", diz Moura.
Para o especialista, também chamou a atenção a baixa concentração de fosfoetanolamina contida na cápsula. O relatório aponta que, apesar de a informação contida no rótulo ser "fosfoetanolamina sintética, 500 mg", as cápsulas pesavam entre 233 mg e 368 mg. A porcentagem de fosfoetanolamina presente nas cápsulas era de apenas 32,2%. "A avaliação química mostra que o produto não é puro, o que não é incomum em medicações. Porém, apenas um terço do protudo é o que se esperaria da droga ativa. Isso nos chama a atenção e nos preocupa."
A boa notícia é o fato de os testes terem mostrado que a substância tem um bom limite de segurança, ou seja, mesmo doses altas não têm potencial de fazer mal
Testes devem continuar
Apesar dos resultados iniciais não apontarem para a eficácia da substância contra o câncer, Moura afirma que novos testes futuros podem revelar que ela funciona para tipos específicos de tumor, em circunstâncias determinadas. "Para cada tipo de câncer, é preciso fazer uma pesquisa específica. Esses estudos começaram há poucos meses. Não será em seis meses que se obterá uma resposta suficiente para jogar fora ou descobrir uma pílula do câncer", diz.
A boa notícia dos resultados preliminares, segundo Moura, é o fato de os testes terem mostrado que a substância tem um bom limite de segurança, ou seja, mesmo doses altas não têm potencial de fazer mal aos pacientes.
Pesquisas paralelas
O MCTI coordena, ao lado do Ministério da Saúde, uma iniciativa federal para pesquisar a substância, anunciada em outubro de 2015. Na ocasião, foi anunciado que o projeto teria um financiamento de R$ 10 milhões por parte do MCTI.
Três laboratórios estão participando dessa etapa inicial do estudo: o Centro de Inovação e Ensaios Pré-clínicos (CIEnP), em Santa Catarina, o Laboratório de Avaliação e Spintese de Substâncias Bioativas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASSBio-UFRJ) e o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (NPDM/UFC)
Está em curso ainda uma outra iniciativa para pesquisar a substância, esta financiada pelo governo do estado de São Paulo e coordenada Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp).
Moura considera importante que a droga esteja sendo pesquisada em mais de uma iniciativa "Quanto mais gente estiver trabalhando nisso, mais facilmente se poderá chegar a um resultado."

segunda-feira, 21 de março de 2016

Homens não sabem cuidar da própria saúde, diz urologista

Sexo, envelhecimento, fertilidade, músculos e tratamento hormonal do homem. Esses estão entre os principais assuntos abordados pelo urologista paulista Aguinaldo Nardi em entrevista ao site de VEJA. Nardi é autor do livro 'A Fragilidade do Sexo Forte', que acaba de ser lançado

Por: Giulia Vidale
Doutor Aguinaldo Nardi, Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)
Para o urologista Aguinaldo Nardi, o grande erro do homem é considerar-se indestrutível e não aceitar sua própria fragilidade(VEJA.com/VEJA)
Para o urologista paulista Aguinaldo Nardi, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia e diretor da Clínica Integra e Fertility, em Bauru (SP), ao contrário da mulher, os homens ainda não incorporaram a prevenção e os cuidados com a saúde em seu dia a dia. "Eles se consideram indestrutíveis e por isso não aceitam sua própria fragilidade", disse em entrevista ao site de VEJA. Resultado: os homens adoecem mais. Em seu livro recém-lançado "A Fragilidade do Sexo Forte", o especialista propõe uma reflexão sobre as principais doenças urológicas que podem afetar o homem ao longo da vida. Nardi também esclarece alguns mitos relacionados à saúde masculina, como andoprausa, reposição hormonal e disfunção erétil.
Qual é o principal ponto fraco do homem no trato da saúde? É imaginar ser o sexo forte. O homem é mais fraco e há provas estatísticas. A cada cinco mortes no Brasil, três são de homens. Além disso, os homens vivem 7,6 anos menos que as mulheres. Esses dados são brasileiros, mas em relação ao mundo desenvolvido, a saúde masculina no Brasil também deixa muito a desejar. O homem não aceita sua própria fragilidade e, com isso, deixa de procurar ajuda. Eles vão menos aos médicos também. Não se preocupam com prevenção.
A mulher é fundamental no papel de levar o homem ao médico... Sem dúvida. Uma pesquisa recente feita pela Sociedade Brasileira de Urologia com o Datafolha mostrou que 80% dos homens que vão aos médicos, o fazem porque foram influenciados pela família, em especial pela esposa. Por consequência, criam-se inúmeros mitos em relação à saúde masculina.
A andropausa, de fato, existe? Sim. Mas não existe a parada de produção do hormônio masculino, como muitos imaginam. O que ocorre é um "distúrbio androgênico do envelhecimento masculino ou hipogonadismo". Significa a diminuição das taxas do hormônio masculino, a testosterona. Não há parada da produção, repito. A partir dos 40 anos de idade, a redução é de em torno de 1% ao ano. Os sintomas relacionados ao hipogonadismo são: perda da libido, impotência ou disfunção erétil, irritabilidade, alterações cognitivas, diminuição da massa muscular e óssea, aumento da gordura visceral.
A reposição hormonal para o homem é benéfica, afinal? Quando há o conjunto dos sintomas acima citados e a dosagem hormonal mostrar que a queda é maior que o normal, pode haver essa possibilidade, sim. Aliás, há aqui outro mito referente à saúde masculina: a reposição de testosterona não causa câncer de próstata, como se imagina. O que pode acontecer o tumor de próstata já existente crescer com a reposição. Então podemos dizer que o tratamento de reposição hormonal no homem é muito eficaz e com pouquíssimos efeitos colaterais. É importante lembrar que, quando os sintomas citados aparecem e estão relacionados aos hormônios, eles surgem de maneira gradual e contínua, nunca abrupta. Quem passa por um stress intenso também pode apresentar estes sintomas e, nesse caso, não é suficiente para fazer reposição hormonal. O tratamento com testosterona só deve ser feito em homens cuja baixa dosagem hormonal for comprovada por exames laboratoriais.
O homem se torna infértil com o passar da idade? Não. Estudos recentes mostram que após os 40 anos há um declínio gradual dos índices de fertilidade masculina. Mas ele produz espermatozoides a vida toda. Diferentemente do que ocorre com as mulheres. Elas param de produzir óvulos.
A disfunção erétil acomete todos os homens ao longo da vida? Estima-se que 50% dos homens acima dos 40 anos sofre de disfunção erétil, em graus diferentes. A situação se agrava com o passar do tempo. Aos 40 anos, estima-se que 5% dos homens não consigam ter ereção. Já aos 70 anos, essa porcentagem sobre para 15%. Os principais fatores de risco para a impotência sexual são doenças cardiovasculares, tabagismo, vida sedentária e obesidade. Muitas vezes a disfunção erétil é um sintoma que antecede, por exemplo, uma doença coronariana. Isso porque a artéria que irriga o pênis tem um terço do calibre da coronária (a artéria do coração). Então, se a coronária está por entupir, a do pênis pode entupir antes. Por isso, homens que têm disfunção erétil devem procurar um médico porque isso pode ser indicativo de um problema ainda mais grave.
Em quais situações as pílulas para disfunção erétil podem prejudicar a saúde? Os remédios para disfunção erétil podem ser fatais para homens com problemas de angina e que utilizam nitritos ou nitratos. Para eles, o medicamento pode levar a uma redução abrupta da frequência cardíaca. Então, antes de qualquer tratamento medicamentoso, é fundamental haver uma avaliação médica adequada.
É possível ganhar massa muscular depois dos 50 anos? Sim, desde que se faça exercícios. Os homens perdem massa muscular após os 40 anos e isso está associado, sobretudo, aos níveis baixos de testosterona. Nestes casos, além da massa muscular, também há perda da massa óssea. Ainda assim, é bom lembrar que, independentemente das taxas de testosterona, o músculo precisa ser estimulado a crescer, então aqueles homens que levam uma vida sedentária, mesmo se tiverem a dosagem normal do hormônio, podem ter diminuição da massa muscular.
O homem, de fato, pode consumir mais calorias que a mulher? Sim. Mas é claro que isso depende do metabolismo individual. Homens obesos ou que têm o metabolismo baixo devem seguir uma dieta mais rigorosa. Mas, em geral, o homem realmente precisa de mais calorias do que a mulher porque seu metabolismo é mais rápido e ele gasta mais energia.

domingo, 20 de março de 2016

Envelhecer no século XXI

O Brasil será, em poucas décadas, um dos países com maior número de idosos do mundo, e precisa correr para poder atendê-los no que eles têm de melhor e mais saudável: o desejo de viver com independência e autonomia

Por: Fernanda Allegretti
A melhor idade
(Luiz Maximiano/VEJA)
Ninguém é tão velho para não acreditar que poderá viver por mais um ano." A máxima, apresentada pelo político, jurista e pensador romano Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.) em Saber Envelhecer, tem, ela mesma, se mostrado imune ao tempo. Pudera: homens e mulheres estão vivendo cada vez mais. Em 2050, nada menos que 64 milhões de brasileiros - o equivalente a 30% da população - estarão com 60 anos ou mais. Hoje, são 25 milhões, pouco mais de 12%. A expectativa de vida saltará de 75 para 81 anos, acima da média mundial, que, estima-se, estará em 76. Só no Estado de São Paulo, o número de centenários será dez vezes maior. O país ocupará, então, no ranking internacional, o nono lugar na proporção de idosos na população, à frente, por exemplo, de Estados Unidos, México e Rússia. Com famílias menores, casais optando por não ter filhos e o chamariz da emigração, muitos dos jovens adultos de agora terão de encarar a longevidade sozinhos. Diante desse cenário, e da vida "por mais um ano" celebrizada pelo velho Cícero, o desafio que se apresenta a todos - médicos, governantes e cidadãos comuns - é atender à principal e mais saudável ambição dos idosos de hoje e de amanhã: manter uma vida autônoma e independente.
O mantra da velhice no século XXI é "envelhecer no lugar", o que os americanos chamam de aging in place. O conceito que guia novas políticas e negócios voltados para os longevos tem como principal objetivo fazer com que as pessoas consigam permanecer em casa o maior tempo possível, sem que, para isso, precisem de um familiar por perto. Não se trata de apologia da solidão, mas de encarar um dado da realidade contemporânea: as residências não abrigam mais três gerações sob o mesmo teto e boa parte dos idosos de hoje prefere, de fato, morar sozinha, mantendo-se dona do próprio nariz. Atul Gawande, professor de medicina e saúde pública da Universidade Harvard, enfatiza em seu livro Mortais (editora Objetiva): "A modernização não rebaixou a posição dos mais velhos. Rebaixou a posição da família. A veneração aos idosos desapareceu, mas não foi substituída pela veneração aos jovens. Foi substituída pela veneração à independência".
Perfeita tradução desses novos tempos, e já bastante difundidos em países desenvolvidos, são os condomínios residenciais pensados exclusivamente para a terceira idade. Embora existam por aqui muitos residenciais que buscam atender às necessidades dos idosos, nenhum condomínio brasileiro se encontra completamente adaptado a eles, nos moldes vistos no exterior. O primeiro chegará ao país em 2018. Nele, o morador terá à disposição serviços que o ajudam a manter sua autonomia ao mesmo tempo que reduzem o risco de acidentes, especialmente as quedas, que são uma das principais causas de morte nas faixas etárias acima de 60 anos. No projeto da construtora Tecnisa, que será erguido na Zona Oeste da capital paulista, todos os 384 apartamentos terão portas mais largas que as usuais, botões de emergência e banheiros planejados para oferecer maior conforto aos usuários. Haverá uma equipe de profissionais residentes, serviço de limpeza, restaurante, lavanderia e uma série de atividades para incentivar a socialização, como cinema, terapia ocupacional e oficina de culinária. O aluguel mensal é muito elevado: girará em torno de 15 000 reais.
Em todo o mundo, os maiores temores das pessoas diante do envelhecimento têm relação direta com a perda de autonomia. Foi o que revelou um recente levantamento da consultoria Nielsen realizado com 30 000 indivíduos em sessenta países, incluindo o Brasil. Não conseguir cuidar das necessidades básicas, perder a agilidade física e mental, ser um fardo para a família e não ter condições de viver com conforto foram os medos mais citados pelos entrevistados. Se pensarmos que mais da metade dos idosos vive sem um cônjuge e que os casais estão tendo menos filhos, parece um contrassenso que os adultos de hoje poupem menos para a aposentadoria do que no período da Grande Depressão. "Isso acontece porque, em geral, ninguém quer imaginar como passará os últimos anos; porém essa é, claro, uma reflexão fundamental", pondera o médico carioca Alexandre Kalache. Ele é o maior pesquisador do país na área do envelhecimento. Presidiu o Programa Global para o Envelhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) e lecionou nas universidades de Oxford e Londres por duas décadas.
Com o avanço da ciência e a familiarização cada vez maior da sociedade com o envelhecimento, a tendência é que essa fase da vida seja encarada com mais naturalidade. Como é improvável que um dia a maioria dos cidadãos possa arcar com os custos de uma residência de alto padrão, a alternativa, insistem os especialistas, é oferecer treinamento a trabalhadores comuns para que possam desempenhar, com propriedade, o papel de cuidadores. A profissão de cuidador, aliás, ainda nem foi regulamentada. Desde 2012, arrasta-se na Câmara um projeto de lei para regular a atividade. Com o vácuo da normatização, é comum que empregados domésticos acabem exercendo essa função, uma irregularidade que, muitas vezes, vai parar na Justiça. "Por outro lado, proliferam cursos, em todas as áreas, com a finalidade de transmitir a trabalhadores de diferentes setores a consciência gerontológica, ou seja, uma melhor compreensão do envelhecimento humano. Isso certamente nos ajudará lá na frente", acredita o médico João Toniolo Neto, um dos fundadores do curso de geriatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, em 1985. O especialista administra, junto com a irmã, o local que os pais criaram em 1974 para receber idosos de maneira digna e atraente, longe dos antigos e depressivos asilos e casas de repouso. Hoje, Dirceu, o pai, é um dos moradores do Residencial Toniolo.
"O idoso que preserva sua independência, vivendo na sua comunidade e perto da família, se mantém mais saudável", sublinha a jornalista Marleth Silva em seu livro Quem Vai Cuidar dos Nossos Pais? (Viva Livros, um selo da editora Record). Criado em 2010, o programa Porteiro Amigo do Idoso já capacitou mais de 1 700 porteiros no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. A ideia partiu de Alexandre Kalache. Quando voltou a sua cidade natal depois de uma temporada no exterior, Kalache decidiu investigar em quem os idosos que moravam sozinhos em Copacabana - o bairro brasileiro com o maior número de pessoas nessa faixa etária - mais confiavam. Resultado: os porteiros. Diz Kalache: "Enquanto a França levou mais de um século para ver sua população acima dos 60 dobrar de 7% para 14%, o Brasil levará dezenove anos. Os programas de treinamento serão importantíssimos porque não teremos tempo hábil para formar profissionais exclusivamente voltados para as questões senis".
A OMS estabelece como ideal a proporção de um geriatra para cada 1 000 idosos. Aqui, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia estima que haja um para cada 24 000. O número de médicos dessa especialidade aumenta discretamente no país, mas em descompasso com o crescimento da população idosa. A geriatria não é uma especialidade qualquer. As consultas são longas, o que diminui a possibilidade de fazer muitas delas por dia. Mais: é preciso ir devagar com o paciente, que, por seu turno, raramente tem uma queixa principal. Tem várias. Diz o médico Toniolo Neto: "Muitas vezes, o geriatra se sente sobrecarregado e frustrado com a impossibilidade de remediar problemas que apareceram anos atrás e dificilmente desaparecerão agora, sob seus cuidados".
A despeito de todo o progresso, os médicos se veem às voltas com um efeito colateral do desenvolvimento de sua área de atuação. É a hipercompartimentação, por assim dizer, do indivíduo. "O geriatra acabou ocupando o lugar do clínico geral, que praticamente desapareceu", atesta Wilson Jacob Filho, professor titular de geriatria da Universidade de São Paulo (USP) e diretor de geriatria do Hospital das Clínicas. Para tentar atenuar esse problema, desde o ano passado a Faculdade de Medicina da USP inseriu em seu currículo a disciplina ciclo de vida, que abrange desde a concepção até a morte, reunindo preceitos que vão da pediatria à geriatria. Essa abordagem holística será cada vez mais importante porque, daqui em diante, os indivíduos envelhecerão acumulando doenças. "Mas isso não deve ser uma angústia", acredita Jacob Filho. "Ninguém precisa ficar chateado quando descobre que está com osteoporose, e sim se descobrir a osteoporose só no dia em que um osso se quebrar."
O envelhecimento em grande escala é uma preocupação recente da humanidade. No fim do século XVI, quando boa parte da população não chegava a completar quatro décadas de vida, o filósofo francês Michel de Montaigne (1533-1592) observou: "Morrer de velhice é uma morte rara, singular e extraordinária. Muito menos natural do que outras mortes: é o último e mais extremo dos tipos de morte". A longevidade era tão inusitada que as pessoas queriam parecer mais velhas e mentiam a idade - isso as fazia parecer extraordinárias. Os demógrafos inventaram, então, complexos sistemas para corrigir esses desvios nos censos, e foram eles que, no século XVIII, perceberam que a direção das mentiras estava começando a se inverter: as pessoas queriam, agora, parecer mais jovens. O espetacular avanço no tempo de vida dos cidadãos se deu principalmente nos últimos 100 anos, com a evolução da medicina, a urbanização, a melhor nutrição. De modo que envelhecer não é doença. É a bênção dos que têm a sorte de viver uma vida longa. E, embora as adaptações, no Brasil e no exterior, requeiram criatividade e rapidez, trata-se de um bom problema. Talvez o melhor deles.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Vacina contra a dengue do Instituto Butantã é testada nos EUA

Uma pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos revelou que a vacina oferece proteção completa contra o vírus

Vacina que curou ratos pode servir como modelo para futuras terapias de combate ao câncer sem efeitos colaterais.
De acordo com o estudo,100% dos voluntários que receberam a vacina contra a dengue ficaram completamente protegidos da infecção e não apresentaram qualquer sintoma da doença(Thinkstock/VEJA)
Um teste feito pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) revelou que a vacina contra a dengue desenvolvida em parceria com o Instituto Butantã oferece proteção completa contra o vírus. Os resultados do estudo foram publicados quarta-feira na revista Science Translational Medicine.
O estudo, feito por pesquisadores do NIH e da Universidade Johns Hopkins, também nos Estados Unidos, baseia-se em um modelo conhecido como "desafio em humanos", no qual os voluntários são imunizados e depois recebem uma forma amenizada do vírus para avaliar a eficácia da vacina.
Participaram do teste clínico 41 voluntários que nunca tiveram dengue. Destes, 21 receberam a vacina e 20 o placebo. Seis meses depois, todos eles foram infectados com uma variante atenuada do sorotipo 2 do vírus - aquele cuja prevenção por vacinas é considerada a mais difícil entre os quatro sorotipos.
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A autora principal do estudo, Anna Durbin, da Universidade Johns Hopkins, afirma que o vírus amenizado, produzido pelos americanos, é capaz de infectar uma alta porcentagem dos voluntários sem causar sintomas mais graves da doença. Em geral, os pacientes apresentam apenas manchas na pele, mas não chegam a ter febre.
Os resultados mostraram que os voluntários que receberam o placebo tiveram sintomas moderados da doença. Entre os que receberam a vacina, 100% ficaram completamente protegidos da infecção e não apresentaram qualquer sintoma.
Segundo o diretor do Butantã, Jorge Kalil, o teste é bem-vindo e corrobora os resultados obtidos na fase 2 dos testes clínicos, feita pelo instituto. "É um estudo interessante e importante porque dificilmente as autoridades sanitárias brasileiras permitiriam que fizéssemos um desafio do tipo, usando o vírus vivo", disse.
Agora os autores esperam desenvolver o modelo de desafio em humanos para outros vírus, incluindo o zika. "Acreditamos que um teste-desafio em humanos pode ser desenvolvido para zika. Ele seria uma ferramenta para acelerar o desenvolvimento de uma vacina contra essa doença.", afirmou Anna.
De acordo com Stephen Whitehead, do Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas do NIH e um dos autores do artigo, os dados obtidos no estudo já haviam sido considerados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quando o órgão aprovou a realização da terceira fase dos testes clínicos, que começou em fevereiro. Os testes incluem a imunização de 17 mil voluntários humanos, que serão acompanhados ao longo de alguns anos.
Registros de dengue - Cerca de 58 mil casos de dengue no Estado de São Paulo estão fora das estatísticas oficiais. Um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo encontrou a divergência após comparar o número de casos autóctones da doença registrados pelos municípios com os dados publicados no site do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), da Secretaria Estadual da Saúde.
A maior diferença foi encontrada na cidade de São Paulo, que confirmou 100.431 casos em 2015, dos quais apenas 45.359 estão registrados pela pasta estadual. Neste ano, a capital registrou 1.983 casos, mas o CVE aponta apenas 67.
De acordo com a Secretaria Estadial de Saúde e as prefeituras dos munícipios, as falhas no sistema federal de notificação da doença e a demora na atualização dos registros no sistema estadual seriam os culpados.
Para Eduardo Massad, Epidemiologista da área de doenças transmissíveis e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a diferença pode interferir no planejamento de ações e políticas públicas.
(Com Estadão Conteúdo)

quinta-feira, 17 de março de 2016

Memória perdida por Alzheimer pode ser recuperada, diz estudo

Pesquisa sugere que doença não destrói memória, mas a torna inacessível.
Estudo que dá esperança para pacientes foi publicado na revista 'Nature'.

Da France Presse
 Imagem mostra uma célula de engrama, relacionada à memória, de modelo de camundongo para a doença de Alzheimer: uso de luz foi capaz de fazer animal recobrar memória  (Foto: Riken/Divulgação) Imagem mostra uma célula de engrama, relacionada à memória, de modelo de camundongo para a doença de Alzheimer: uso de luz foi capaz de fazer animal recobrar memória (Foto: Riken/Divulgação)
Pessoas que sofrem do mal de Alzheimer podem não ter "perdido" a memória e ter apenas dificuldade para recuperá-la. É o que sugerem pesquisadores que nesta quarta-feira (16) revelaram a possibilidade de um tratamento que pode algum dia curar os estragos da demência.
 O prêmio Nobel Susumu Tonegawa afirmou que estudos realizados em ratos mostram que estimulando áreas específicas do cérebro com luz azul, os cientistas podem conseguir que os animais lembrem experiências às quais não conseguiam ter acesso antes.
Os resultados fornecem algumas das primeiras evidências de que a doença de Alzheimer não destrói memórias específicas, mas as torna inacessíveis.
"Como seres humanos e camundongos tendem a ter princípios comuns em termos de memória, nossos resultados sugerem que os pacientes com a doença de Alzheimer, pelo menos em seus estágios iniciais, podem preservar a memória em seus cérebros, o que indica que eles têm chances de cura", afirmou Tonegawa à AFP.
Experimento
A equipe de Tonegawa usou camundongos geneticamente modificados para mostrar sintomas semelhantes aos dos seres humanos que sofrem de Alzheimer, uma doença degenerativa do cérebro que afeta milhões de adultos em todo o mundo.
Os animais foram colocados em caixas por cuja superfície inferior passa um baixo nível de corrente elétrica, causando uma descarga desagradável, mas não perigosa em seus membros.
Um rato que não tem Alzheimer que é devolvido para o mesmo recipiente 24 horas depois tem um comportamento medroso, antecipando, assim, a sensação desagradável.
Camundongos com Alzheimer não reagem da mesma forma, indicando que não guardam nenhuma memória da experiência.
Mas quando os pesquisadores estimulam áreas específicas do cérebro dos animais - as chamadas "células de engramas" relacionadas à memória - usando uma luz azul, lembram da sensação desagradável.
O mesmo resultado foi observado inclusive quando se colocavam os animais num recipiente diferente durante o estímulo, o que sugere que a memória teria sido retida e se ativou.
Conexões sinápticas
Ao analisar a estrutura física do cérebro dos camundongos, os pesquisadores mostraram que os animais afetados com a doença de Alzheimer tinham menos "espinhas dendríticas", através das quais as conexões sinápticas são formadas.
Com a repetição dos estímulos de luz, os animais podem incrementar o número de espinhas dendríticas atingindo o nível de ratos normais, então voltando a mostrar um comportamento de medo no recipiente de origem.
"A memória de ratos foi recuperada através de um sinal natural", disse Tonegawa, referindo-se ao recipiente que causava o comportamento de medo.
"Isto significa que os sintomas da doença de Alzheimer em camundongos foram curados, pelo menos em seus estágios iniciais", disse.
A pesquisa, patrocinada pelo Centro RIKEN-MIT para Genética de Circuitos Neurais, é a primeira a mostrar que o problema não é a memória, mas sua recuperação, disse o centro com sede no Japão.
Boa notícia para pacientes de Alzheimer
"É uma boa notícia para os pacientes de Alzheimer", disse Tonegawa por telefone à AFP desde seu escritório em Massachusetts. Tonegawa obteve em 1987 o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina.
O estímulo ótico das células cerebrais - técnica chamada "optogenética" - implica inserir um gene especial nos neurônios para fazê-las sensíveis à luz azul, e depois estimulam partes específicas do cérebro.
A optogenética foi usada anteriormente em tratamentos psicoterapêuticos para doenças mentais, como depressão mental e transtorno de estresse pós-traumático (PTSD).
Tonegawa disse que a pesquisa em ratos dá esperança para o tratamento futuro do mal de Alzheimer que afeta 70% das 4,7 milhões de pessoas no mundo sofrem de demência, um número que deve aumentar à medida que nos países desenvolvidos como o Japão as pessoas vivem cada vez mais tempo. Mas adverte que muito trabalho ainda é necessário.
"Os níveis iniciais de Alzheimer poderiam ser curados, no futuro, se conseguirmos uma tecnologia com ética e segurança para o tratamento de condições humanas", acrescentou. A pesquisa foi publicada na revista "Nature".

quarta-feira, 16 de março de 2016

Ceará- Microcefalia ligada ao zika causa 8 óbitos

Ranniery Melo - Repórter
Oito mortes de crianças com microcefalia ou alterações do sistema nervoso central causadas por infecção pelo vírus zika foram confirmadas ontem pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). Até o último boletim epidemiológico, divulgado no dia 7 de março, um único óbito havia sido verificado.
No total, foram 15 mortes causadas pela malformação. Além das oito em decorrência do zika, de acordo com o informativo, outras sete crianças vieram a óbito, vítimas da anomalia associada a outras infecções congênitas, já que a microcefalia pode ser resultado da ação não somente do vírus zika, mas de outros microrganismos, como causadores da sífilis, toxoplasmose, herpes simplex ou citomegalovírus.
Há ainda 13 mortes sob investigação. No total, ocorreram 28 óbitos por conta da condição, sendo quatro casos de natimortos, enquanto 24 evoluíram óbito após o nascimento.
De acordo com a Secretaria de Saúde, de outubro de 2015 até o dia 10 de março deste ano, 48 casos de microcefalia ou alterações no sistema nervoso central em decorrência de infecções congênitas, incluindo por zikavírus, foram confirmadas, de um total de 395 notificações. Mais 264 ocorrências estão sob investigação, enquanto 83 foram descartadas. Os números representam aumento em relação ao boletim de 7 de março, quando 363 casos haviam sido notificados, e destes, 41 confirmados.
Os casos suspeitos foram identificados em 81 municípios cearenses, sendo que 23 tiveram ocorrências confirmadas. Os 15 óbitos estão distribuídos por nove municípios, inclusive na cidade de Fortaleza.
Com relação ao número de mortes até o momento, o infectologista Anastácio Queiroz coloca que o índice está dentro do esperado diante da proporção do problema. "A microcefalia é uma condição que pode causar pouco comprometimento na criança, assim como se apresentar de modos mais graves. É esperado que algumas das crianças venham a óbito bem próximo do nascimento, seja antes ou depois do parto, isso as que estão mais graves", esclarece o especialista.
Medida
Para acelerar os diagnósticos definitivos de 4.976 crianças com suspeita da anomalia até o momento em todo o Brasil, o Ministério da Saúde e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome lançaram, nessa terça-feira (15), ação que repassará aos estados R$2,2 mil por cada criança submetida aos exames. O investimento total chega a R$10,9 milhões.
A intenção é que os estados intensifiquem as buscas ativas dos casos de microcefalia em investigação e aqueles já confirmados até agora, para que sejam encaminhados, até o dia 31 de maio, aos serviços de reabilitação adequados, além de prestar às crianças e às suas famílias proteção social e instrução para solicitação do Benefício de Prestação Continuada. O auxílio tem o valor de um salário mínimo, destinado a pessoas com deficiência comprovada e renda per capita de R$220.
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terça-feira, 15 de março de 2016

Bailarina amputada volta a dançar graças a prótese inédita

Melina Reis precisou amputar a perna após um acidente de carro. Agora, graças a uma prótese feita sob medida na posição de ponta, ela pôde voltar ao balé clássico

Bailarina com perna amputada volta a dançar balé em Campinas (SP)
Para desenvolver a prótese de Melina (a quarta, da esquerda para a direita), que fica na posição de ponta - essencial para os passos de uma bailarina de balé clássico -, foi preciso aplicar conceitos de biomecânica e cálculos matemáticos.(Reprodução/TV Globo)
Uma prótese específica para dançar balé clássico, feita sob medida, devolveu à Melina Reis (a quarta, da esquerda para a direita) o sonho de ser bailarina. Há 13 anos a jovem sofreu um acidente de carro e, devido a complicações, precisou amputar a perna esquerda. Apesar das circunstâncias, Melina não desistiu do sonho de ser bailarina e procurou o especialista em próteses José André Carvalho em busca de uma solução. As informações são do G1.
Carvalho, que é diretor do Instituto de Prótese e Órtese de Campinas, aceitou o desafio. "Eu fiz uma varredura na literatura e não há nada publicado em relação à confecção de pé para uso de sapatilha de ponta", conta o especialista.
Para desenvolver a prótese, que fica na posição de ponta - essencial para os passos de uma bailarina de balé clássico -, foi preciso aplicar conceitos de biomecânica e cálculos matemáticos. O pé direito de Melina foi utilizado como molde e a prótese foi feita a partir de uma mistura de resina, fibra de carbono e gesso.
Após alguns testes e ajustes a prótese ficou pronta e se encaixou perfeitamente dentro da sapatilha de balé clássico. De acordo com o médico, o desafio agora é Melina conseguir se manter equilibrada sobre a prótese usando apenas 1cm² como área de apoio.
Em menos de uma semana após o fim dos testes com o novo pé de bailarina, Melina já está de volta às aulas. "Foi maravilhoso. Eu me senti viva de novo. Parece que estou vivendo um sonho, nem parece que é verdade. A maior dificuldade é o nervosismo, a emoção, que não dá para controlar muito bem, além da questão do equilíbrio, claro", conta Melina.
(Da redação)

sábado, 12 de março de 2016

Zika pode estar associado a mais dois graves distúrbios neurológicos

Dois estudos publicados recentemente relacionaram o vírus ao desenvolvimento de mielite e meningoencefalite

Mosquito Aedes aegypti, transmissor da Dengue
Os estudos relatam casos de uma adolescente do Caribe que teria tido mielite – inflamação na medula –e de um idoso diagnosticado com meningoencefalite - inflamação das meninges e do cérebro – após serem infectados pelo zika vírus.(Paulo Whitaker/Reuters)
O zika vírus pode estar associado a outros dois distúrbios neurológicos graves. De acordo com dois estudos publicados recentemente nas revistas científicas Lancet e The New England Journal of Medicine, a infecção estaria relacionada ao desenvolvimento de mielite, uma rara e grave inflamação na medula e meningoencefalite, uma inflamação das meninges e do cérebro.
O primeiro estudo, publicado no Lancet relatou o caso de uma adolescente de 15 anos, moradora da ilha de Guadalupe, no Caribe. A jovem foi hospitalizada em janeiro deste ano com paralisia do lado esquerdo do corpo, fortes dores nos músculos e na cabeça e retenção urinária. Os exames confirmaram mielite, uma rara e grave inflamação na medula.
Após o diagnóstico, os médicos realizaram testes para identificar a causa da inflamação. Os resultados deram negativo para possíveis causas, como herpes, catapora, doença do legionário e pneumonia por micoplasma, mas positivo (e com altas concentrações) para zika. De acordo com os médicos, a paciente ainda está internada, mas se recupera bem.
"Este caso força a hipótese sobre a natureza neurotrópica do zika vírus", escreveram os autores.
Como este é o primeiro caso relatado da associação do distúrbio à infecção, os pesquisadores afirmam que ainda são necessários mais estudos sobre o assunto, mas ressaltam que esta pode, sim, ser mais uma doença grave associada ao vírus.
Meningoencefalite e zika - Já o estudo publicado no The New England Journal of Medicine relata o caso de um homem de 81 anos que foi infectado com zika durante um cruzeiro no Pacífico Sul e desenvolveu meningoencefalite, uma inflamação das meninges e do cérebro.
O paciente chegou ao hospital com febre e logo em seguida entrou em coma, quando foi transferido para uma unidade de tratamento intensivo (UTI). Exames de imagem diagnosticaram a meningoencefalite e testes sanguíneos identificaram a infecção por zika.
"Os médicos devem estar a par de que o vírus do zika pode estar associado com a meningoencefalite", advertem os autores.
De acordo com os autores, em apenas alguns dias o homem começou a melhorar e 38 dias após chegar ao hospital ele já estava completamente recuperado.
(Da redação)

sexta-feira, 11 de março de 2016

Anvisa tentará barrar liberação da "pílula contra o câncer"

Para a agência, a recente liberação da fosfoetanolamina na Câmara dos Deputados pode abrir um precedente perigoso no país. Não há estudos sobre o composto

A fosfoetanolamina foi produzida no Instituto de Química de São Paulo da USP
O projeto de lei, que agora vai ao Senado, prevê que a fosfoetanolamina possa ser usada por paciente com câncer desde que o laudo médico comprove o diagnóstico e o paciente assuma a responsabilidade. (Marcos Santos/USP/Divulgação)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) declarou nesta quinta-feira (10) que tentará barrar o aval à autorização da produção e uso da fosfoetanolamina sintética, chamada de "pílula do câncer", sem o amparo de pesquisas. O projeto de lei, que agora vai ao Senado, prevê que a pílula possa ser usada por paciente com câncer desde que o laudo médico comprove o diagnóstico e o paciente assuma a responsabilidade.
Para Jarbas Barbosa, presidente da Anvisa, caso o projeto de lei aprovado terça-feira (08) pela Câmara dos Deputados vá adiante, serão colocados em risco a população, o sistema de regulação sanitária e a reputação da indústria farmacêutica no país.
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"É um precedente perigoso. A autorização do uso de remédios tem de ser precedida por pesquisa para comprovar sua eficácia e segurança. Não podemos encurtar caminho apenas recorrendo ao lobby no Congresso", disse Barbosa.
Especialistas entrevistados pelo jornal O Globo demonstram a mesma preocupação da agência e condenaram a aprovação do projeto alegando que a eficácia, dosagem e efeitos colaterais da substância são desconhecidos e ela poderia trazer riscos à saúde.
"Não sabemos se funciona, se é tóxico, se interfere no tratamento convencional. A bula deste remédio seria um papel em branco" disse Auro del Giglio, chefe da Oncologia Clínica do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer.
A fosfoetanolamina sintética não tem registro na Anvisa. Embora o produto tenha sido preparado pela primeira vez há 20 anos em um laboratório de química do Instituto de Química da USP de São Carlos, sua eficácia e segurança nunca foram alvo de pesquisas científicas.
Para Volnei Garrafa, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Bioética da UnB, o projeto de lei é "absolutamente irresponsável", uma vez que ignora exames fundamentais para o desenvolvimento de uma terapia, como a averiguação de tolerância do remédio em voluntários.
O presidente da Anvisa também chama atenção para o fato de os pesquisadores responsáveis pelos desenvolvimento da substância - e que celebraram a aprovação - nunca terem feito um pedido de análise do produto. Segundo Barbosa, caso esse pedido tivesse sido feito, a análise teria saído de forma rápida. "Ele preencheria precondições para estudo prioritário: é produto inovador, desenvolvido no Brasil e destinado a uma doença de grande impacto para saúde pública", observa.
Ainda segundo Barbosa, a preocupação em torno da aprovação pelo Senado é compartilhada pelo Ministério da Saúde. Juntos, farão um trabalho de convencimento de senadores, para tentar impedir a aprovação da proposta. "Essa substância não pode nem mesmo ser de uso compassivo. Pacientes terminais têm de ter seus direitos respeitados e, entre eles, está a perspectiva do uso de um produto com o mínimo de qualidade, de segurança", completa.
Exportação - Além de colocar em risco a saúde do paciente, a liberação do produto pelo Congresso poderia fazer com que o país tivesse seu sistema de regulação sanitária questionado no cenário internacional. "Se regras sanitárias podem ser colocadas de lado por ações de lobby, como garantir a qualidade de produtos exportados?"
(Da redação)

quinta-feira, 10 de março de 2016

Pernambuco confirma primeira morte por chikungunya

De acordo com a Secretaria de Saúde de Pernambuco, entre os dias 3 de janeiro e 5 de março deste ano foram notificados 9.160 casos suspeitos da doença

Mosquito Aedes aegypti, transmissor da Dengue
De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde de Pernambuco, 84 das 184 cidades do Estado estão correndo risco de surto de arboviroses por causa do alto índice de infestação por Aedes aegypti(Paulo Whitaker/Reuters)
Pernambuco confirmou a primeira morte causada por febre chikungunya no Estado. De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, a vítima é uma mulher de 88 anos que estava internada em um hospital particular do Recife e o óbito ocorreu em 21 de fevereiro.
Entre os dias 3 de janeiro e 5 de março deste ano, foram notificados 9.160 casos suspeitos de chikungunya em Pernambuco, dos quais 226 foram confirmados. Em 2015, ocorreram 2.605 notificações e 450 confirmações. Os dados foram registrados em 151 dos 184 municípios pernambucanos.
Outro dado impressionante do balanço: 84 das 184 cidades do Estado estão correndo risco de surto de casos diversos de infecções virais associados ao Aedes aegypti. Inclusive, 63 delas (80%) já ligaram o alerta.
Dengue e zika - Este ano, já foram notificados 31.481 casos de dengue em 179 cidades de Pernambuco, dos quais 4.210 foram confirmados. Isso corresponde a um aumento de 131,7%, em relação ao mesmo período do ano passado. Entretanto, houve uma redução no número de confirmações, que, no ano passado, chegou a 6.989.
Pernambuco também notificou 4.849 casos suspeitos de zika, mas até o momento nenhum foi confirmado. No ano passado, desde o início das notificações obrigatórias, o que aconteceu em dezembro, foram notificados 1.386 casos da doença, sendo 46 confirmados em 20 municípios.
Microcefalia - No mesmo período, o Estado notificou 1.722 casos de microcefalia. Destes, 241 foram confirmados e 267 descartados.
(Da redação)

quarta-feira, 9 de março de 2016

Câmara ignora ciência e autoriza 'pílula do câncer'

Sem qualquer comprovação científica de sua eficácia, fosfoetanolamina sintética poderá ser distribuída a pacientes que sofrem com tumores malignos

Por: Marcela Mattos, de Brasília
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - 25/02/2016
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - 25/02/2016(Alex Ferreira / Câmara dos Deputados/Divulgação)
Ignorando a série de testes científicos que antecedem a entrada de um medicamento no mercado, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira o projeto de lei que autoriza o uso da chamada pílula do câncer para pacientes diagnosticados com tumores malignos - sem qualquer comprovação científica de que a substância realmente funcione. A matéria foi aprovada em votação simbólica e agora segue para análise do Senado.
A fosfoetanolamina sintética foi desenvolvida pelo Instituto de Química da USP de São Carlos e, após uma decisão da Justiça, passou a ser distribuída a pacientes com câncer, mesmo sem a comprovação dos benefícios da substância no tratamento de tumores. Para ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seria necessário que a substância passasse por, pelo menos, três fases de estudos clínicos que visam avaliar a eficácia e segurança do composto. Para se ter uma ideia, a pesquisa sobre os efeitos da fosfoetanolamina sintética em humanos só terá início em abril no Estado de São Paulo. A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde (Conep) liberou na última sexta-feira os testes pela Secretaria de Saúde do Estado.
A grande procura - que levou à distribuição de senhas e o temor de que aumente ainda mais o número de interessados - fez com que a USP divulgasse um comunicado em que alega que não é indústria química ou farmacêutica e não tem condições de atender demanda em larga escala.
O projeto aprovado nesta noite permite a "produção, manufatura, importação, distribuição, prescrição, dispensação, posse ou uso da fosfoetanolamina sintética" independentemente de registro sanitário, em caráter excepcional, enquanto estiverem em cursos os estudos clínicos da substância. É exigido, no entanto, que os agentes estejam regularmente autorizados e licenciados pela autoridade sanitária competente.
O uso da pílula do câncer, conforme o texto, fica condicionado a apresentação de laudo médico que comprove o diagnóstico da doença e assinatura de termo de consentimento e responsabilidade pelo paciente ou seu representante legal.
Embora tenha recebido o apoio da maioria do plenário, o projeto encontrou ressalvas entre os deputados. Para o deputado Mandetta (DEM-MS), que é médico, a aprovação da matéria é uma irresponsabilidade. "Esta não é a maneira correta de fazer pesquisa nem liberação de registro de substância para uma doença tão grave. Politizar a cura do câncer me parece extremamente maldoso", afirmou.
O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), por outro lado, defendeu a proposta, atribuindo o tempo que a série de estudos necessários levaria para analisar os efeitos da substância à mera 'burocracia'. "Falta autorização porque o conhecimento científico já existe, embora a burocracia ainda não tenha sido superada. Nós estamos aqui dando um comando legal dizendo que é permitido e o paciente terá de declarar que ele tem ciência de que todas as etapas da burocracia não foram superadas."

terça-feira, 8 de março de 2016

Regra da Anvisa pode aumentar a venda de medicamentos sem prescrição

Uma nova norma em vista pela agência pode isentar alguns remédios tarja vermelha de receita médica

Antibióticos
Caso a nova regra seja aprovada, ela também poderá acelerar a entrada de novos medicamentos sem prescrição no mercado, já que a legislação prevê a aprovação do princípio ativo e os fabricantes de novos remédios não precisariam entrar com um novo pedido(Thinkstock/VEJA)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pode aprovar uma regra que facilita a transformação de medicamentos tarja vermelha - que exigem receita - em medicamentos isentos de prescrição (MIP).
Segundo Jonas Marques, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), a agência se comprometeu a resolver essa questão até o fim de março. "Estive com os diretores da Anvisa há algumas semanas e eles reconhecem que o Brasil precisa se modernizar em relação a regulamentação de medicamentos isentos de prescrição", contou o dirigente ao jornal Diário Comércio Indústria & Serviços (DCI).
A Abimip espera que a Anvisa se baseie nos modelos vigentes em outros países, como nos Estados Unidos. No mercado americano, um remédio que é comercializado por cinco anos e não tem nenhum evento adverso grave, passa automaticamente a ser isento de prescrição.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a busca por medicamentos sem receita só tem aumentado no país e esse mercado corresponde a um terço do total de vendas de medicamentos. Caso a regra seja aprovada, essa tendência deve aumentar ainda mais. A medida também poderá acelerar a entrada de novas medicações sem prescrição no mercado, já que a legislação prevê a aprovação do princípio ativo e os fabricantes de novos remédios não precisariam entrar com um novo pedido.
Atualmente, os medicamentos com tarja vermelha se dividem em duas categorias: com retenção da receita (remédios controlados, que podem causar dependência e trazer muitos efeitos colaterais e contra indicações) e sem retenção (remédios com diversas contra indicações e que podem acarretar alguns efeitos nocivos). Já os medicamentos isentos de prescrição são aqueles com pouquíssimos efeitos colaterais ou contraindicações, geralmente utilizados em problemas de pouca complexidade, como azia, resfriados, entre outros. Apesar de não necessitar de receita, a recomendação é que estes remédios sejam utilizados de acordo com a orientação de um farmacêutico.
(Da redação)

segunda-feira, 7 de março de 2016

Primeiro caso autóctone do vírus Zika é confirmado em São Paulo

Mosquito Aedes aegypti é retratado em uma folha em San Jose, na Costa Rica. O país intensificou as medidas preventivas contra o vírus Zika após registrar seu primeiro caso de infecção - 01/02/2016
Mosquito Aedes aegypti é retratado em uma folha em San Jose, na Costa Rica. O país intensificou as medidas preventivas contra o vírus Zika após registrar seu primeiro caso de infecção - 01/02/2016(Juan Carlos Ulate/Reuters)
O primeiro caso autóctone (quando a doença é contraída na própria cidade e não vem de pessoas que viajaram para regiões afetadas) do vírus Zika foi identificado na cidade de São Paulo. A informação foi confirmada na noite desta sexta-feira pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.
O vírus foi detectado em uma mulher, 28 anos, com 30 semanas de gestação. Ela é moradora do bairro Freguesia do Ó, na zona norte da capital. O caso foi notificado no dia 3 de fevereiro. Segundo a secretaria, o exame ultrassom morfológico apresentou normalidade no feto. Mesmo assim, a paciente foi encaminhada para fazer o pré-natal no Hospital Escola e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, por ser referência para gestação de alto risco.
A paciente, que não teve seu nome revelado, apresentou os primeiros sintomas no dia 30 de janeiro e disse não ter viajado para fora do estado. No dia 3 de fevereiro, foram coletados urina e sangue da paciente e, no dia 25 de fevereiro, o resultado foi confirmado como positivo para o vírus. No dia seguinte, foi feita uma nova coleta de sangue e novamente o resultado foi positivo. O local onde vive a gestante e todo o entorno foi visitado para exterminar criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus, informou a secretaria.
(Da redação)

domingo, 6 de março de 2016

Medula óssea Ceará alcança a marca de 276 transplantes

O Ceará tem aproximadamente 190 mil doadores cadastrados no banco de dados do Hemoce
O trabalho de localização dos doadores ainda é um desafio, no que pese as campanhas realizadas por órgãos como o Hemoce ( Foto: Kid Júnior )
O Ceará alcançou a marca de 276 transplantes de medula óssea realizados entre 2008, ano em que foi feito o primeiro procedimento, e ontem. De acordo com dados do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado (Hemoce), já foram realizados 11 transplantes em 2016, sendo cinco do tipo autólogo - quando a medula transplantada é do próprio paciente - e seis alogênicos - quando o tecido provém de outro doador. O 12º procedimento está marcado para acontecer na próxima semana.
Os dados revelam um crescimento constante no número de transplantes dessa espécie ao longo dos anos. No ano passado, foram 80 realizados, enquanto que, nos anos de 2014 e 2013, o Estado do Ceará realizou 62 e 56 procedimentos, respectivamente. Os transplantes são feitos pelo Hemoce, em parceria com o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC).
O Hemoce superou, ainda, a meta de cadastro de doadores de medula óssea em 2015. Foram mais de 20 mil pessoas cadastradas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), um sistema criado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), para registrar a informação de possíveis doadores. A cota estabelecida pelo Ministério da Saúde é de 15 mil voluntários por ano. Atualmente, o Ceará tem aproximadamente 190 mil doadores cadastrados no banco de dados do Hemoce e a taxa de sobrevida dos pacientes transplantados ultrapassa os 95%.
Desafios
Apesar do saldo positivo, a ampliação do número de leitos para a realização dos procedimentos e o trabalho de localização dos doadores ainda são um desafio, segundo informou o chefe de Hematologia e do Transplante de Medula do HUWC e coordenador do Banco de Medula Óssea do Hemoce, Fernando Barroso. A chance de encontrar um doador compatível é uma em 100 mil. "A busca desse doador é muito importante, pois, em 70% dos casos, a pessoa não encontra um doador na família", aponta.
Segundo o hematologista, estes estão entre os pontos de discussão do XX Congresso Brasileiro de Transplante de Medula Óssea, que acontece de 24 a 27 de agosto deste ano, no Hotel Gran Marquise. O encontro, realizado pela Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), reunirá cerca de 700 participantes entre onco-hematologistas, residentes e estudantes de todo o País, contando com a participação da Sociedade Internacional de Terapia Celular (siga em inglês ISCT).
Fernando Barroso ressalta, ainda, que outro ponto de discussão, e que será abordado no Congresso, se refere à qualidade de vida atual de ex-pacientes, procurando saber como vivem, hoje, e a inserção no mercado de trabalho, por exemplo. "É um evento único e com uma possibilidade muito abrangente. Como o Ceará tem um centro de referencia nacional e internacional em medula hoje, a gente acredita que é um momento muito importante e vai trazer uma grande discussão para a comunidade médica e para outras áreas", diz.
Fique por dentro
Cadastro para doação inclui exame de sangue
Para ser um doador de medula óssea é preciso ter entre 18 e 55 anos de idade, estar bem de saúde, não ter tido câncer e apresentar documento de identidade e comprovante de endereço. O cadastro será concluído com a assinatura de um Termo de Consentimento e a coleta de uma amostra de sangue (10 ml). Esta amostra será enviada para um laboratório especializado onde serão feitos os exames necessários.
Os resultados são enviados para o Redome, e se constatada a compatibilidade entre doador e receptor, o Hemoce e o Redome entram em contato com o voluntário para que sejam feitos os próximos exames e a doação de medula óssea possa acontecer, de fato.
Mais Informações:
As inscrições para o Congresso
Já estão abertas e podem ser realizadas por meio do site www.sbtmo2016.com.br

sábado, 5 de março de 2016

Aspirina reduz o risco de câncer, principalmente de estômago e intestino

Um estudo mostrou que tomar duas aspirinas por semana pode reduzir em 15% o risco de câncer de estômago e em 19% o de intestino

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Os resultados mostraram que as pessoas que tomavam aspirina duas vezes ou mais por semana, por, no mínimo, seis anos, tinham um risco 3% menor de desenvolver qualquer tipo de câncer(Divulgação/VEJA)
Tomar aspirina regularmente ajuda a reduzir o risco de câncer. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico cientifico JAMA Oncology, a ingestão regular de pequenas doses do medicamento pode diminuir a probabilidade de desenvolvimento de tumores em geral, sobretudo os cânceres de estômago e de intestino.
Para chegar a tais resultados, pesquisadores americanos acompanharam dados de saúde de 136.000 pacientes, ao longo de 36 anos. Os resultados mostraram que os voluntários que tomavam aspirina regularmente - duas vezes por semana ou mais - por, no mínimo, seis anos, tinham um risco 3% menor de desenvolver qualquer tipo de câncer. No que diz respeito a tumores de estômago e intestino, essa redução foi ainda maior: 15% e 19% respectivamente.
"Ainda não estamos no ponto em que podemos recomendar a aspirina para a prevenção do câncer. Mas as pessoas devem, sim, discutir o assunto com seus médicos, particularmente aquelas com fatores de risco, como histórico familiar para o câncer gastrointestinal", disse Andrew Chan, um dos autores do estudo.
Embora ainda não se saiba como a aspirina protege contra tumores, acredita-se que o efeito benéfico seja decorrente de sua ação na espessura do sangue. Muitas vezes o corpo tem dificuldade para eliminar células cancerosas porque as plaquetas do sangue podem se prender a elas e as esconder do sistema imunológico. Dessa forma, os autores suspeitam que o medicamento aja na luta contra a produção precoce de tumores.
Apesar dos resultados animadores, é preciso lembrar que muitas vezes o uso da aspirina pode trazer efeitos colaterais como sangramentos e úlceras estomacais.
(Da redação)

sexta-feira, 4 de março de 2016

Consumo de água pode ajudar a emagrecer

Um novo estudo mostrou que aumentar a ingestão diária do líquido pode trazer inúmeros benefícios dietéticos, inclusive a perda de peso

Consumo diário: ingestão de seis a oito copos por dia pode trazer riscos à saúde, segundo pesquisa
De acordo com o estudo, o aumento de um a três copos no consumo diário de água já ajuda a reduzir entre 68 a 205 calorias por dia. Os níveis de gordura saturada, sal, açúcar e colesterol consumidos também caíram(Thinkstock/VEJA)
Aumentar a quantidade de água ingerida diariamente pode trazer inúmeros benefícios dietéticos, inclusive perda de peso. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico Journal of Human Nutrition and Dietetics, o aumento de apenas 1% no consumo de água por dia já é suficiente para diminuir o consumo de calorias.
Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, analisaram dados de 18.000 pessoas, coletados entre 2005 e 2012, e que continham informações sobre os hábitos dietéticos. Os resultados mostraram que um aumento de um a três copos no consumo diário de água já ajuda a reduzir entre 68 a 205 calorias por dia. Os níveis de gordura saturada, sal, açúcar e colesterol consumidos também caíram.
"O impacto do consumo de água pura na mudança na dieta foi similar em diferentes etnias, níveis educacionais, renda familiar e peso corporal", escreveram os autores.Os pesquisadores esperam que o estudo ajude a convencer pessoas a trocarem bebidas açucaradas, como refrigerantes, por água.
(Da redação)