sábado, 31 de março de 2018

A dor de 540 milhões

Esse é número estimado de pessoas no mundo afetadas por problemas lombares. E o pior: uma em cada três recebe o tratamento errado

Crédito: Gilaxia
DIAGNÓSTICO Ouvir o paciente pode ser mais eficaz do que exames por imagem (Crédito: Gilaxia)
Considerada um das condições mais incapacitantes, a dor lombar pode ser ainda pior quando os sintomas são negligenciados. É o que aponta o estudo publicado recentemente pela revista científica “The Lancet”, segundo o qual 540 milhões de indivíduos sofrem com dor nas costas – e a maioria dos pacientes recebem tratamento errado. A pesquisa foi conduzida por cientistas de 12 países e revelou que taxa de incapacidade causada pela dor lombar aumentou 50% desde a década de 1990.
Não existe um fator específico que desencadeia o problema, considerado mais um sintoma do que uma doença. Emoções como estresse e ansiedade podem hipersensibilizar o sistema de alarme da dor e isso faz com que a percepção de desconforto e incapacidade seja exacerbada em pacientes com lombalgia, que atinge principalmente os adultos. “A chave para o tratamento é uma conversa profunda”, diz Lucíola Menezes Costa, doutora em fisioterapia e líder da pesquisa no Brasil pela Unicid. Um dos erros mais comuns, segundo ela, é solicitar de forma excessiva exames por imagens, que não vão mudar a conduta terapêutica do doente. Os cuidados que ele terá não serão alterados pelo resultado. Além disso, faltam medidas eficientes para investigar os sintomas e o uso de opioides (drogas que atuam no sistema nervoso central para aliviar dores fortes) e cirurgias cresce desenfreadamente. “Precisamos desafiar o paciente a uma nova educação. A intervenção cirúrgica não pode ser a primeira opção”, afirma. Para a especialista, porém, o poder de escolha sobre como lidar com a dor muitas vezes não é acertado com o paciente.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a dor nas costas é a maior causa de afastamento do trabalho em pessoas com menos de 45 anos. O estudo publicado na semana passada mostrou que a maioria das crises de dor lombar é de curta duração. Porém, quando acontecem de maneira recorrente, um terço dos pacientes terá dor novamente em menos de um ano – condição que pode ser classificada como duradoura. Os pesquisadores também chamaram atenção para os sistemas públicos de saúde, que deveriam oferecer terapias mais eficazes e acessíveis à população. Com isso, o prognóstico e a eficácia nos tratamentos seria muito mais eficiente. Segundo o estudo, o descanso é frequentemente recomendado em países de menor poder aquisitivo, onde os recursos para melhorar a ergonomia nos locais de trabalho são escassos.

quinta-feira, 29 de março de 2018

Depressão: qual médico ou especialista devo procurar?

Saiba onde buscar ajuda e com quem se consultar para diagnosticar essa doença e ter o melhor tratamento possível – é o psiquiatra, o psicólogo ou nenhum?

 
A depressão é tratada principalmente por médicos e psicólogos. No entanto, o ideal é procurar um psiquiatra (médico com foco em transtornos mentais) para que ele diagnostique o problema e sua severidade e, então, recomende os tratamentos mais adequados para cada caso.

Como saber se eu tenho depressão

Há sintomas suspeitos, como cansaço extremo, fraqueza, irritabilidade, angústia, tristeza, falta de interesse por atividades que antes davam prazer, pensamentos negativos ou que envolvem a morte e até disfunção sexual. E ainda existem testes e questionários.
Mas só uma avaliação apurada do médico de fato vai diagnosticar a depressão e diferenciá-la de outros problemas. Nesse sentido, o psiquiatra é o melhor especialista, porque está habituado a lidar com esse distúrbio no seu dia a dia.
No entanto, é possível que, durante sessões de psicoterapia, o psicólogo perceba a presença da depressão.
Quando procurar a ajuda do médico? Em especial nos momentos que sentir que os sintomas acima – e tantos outros – estão afetando sua vida, parecem não ir embora ou surgem sem motivo aparente. Depressão não é frescura.

E quem faz o tratamento

Em geral, os especialistas mais importantes são o psiquiatra e o psicólogo. Enquanto o primeiro ajuda, entre outras coisas, com antidepressivos e outros remédios, o segundo trabalha, via de regra, com sessões de psicoterapia. Esses encontros podem ajudar a descobrir as causas psíquicas por trás da doença e auxiliar a desmontá-las.
No mais, questões secundárias podem ser lidadas com outros experts. Um nutricionista, por exemplo, contra-ataca eventuais compulsões alimentares ou, por outro lado, enfrenta a falta de vontade de comer.
Um médico do sono, por sua vez, contribuiria para melhorar a qualidade das horas dormidas. E um profissional de educação física pode ajustar o ritmo e a frequência de exercícios físicos, que contribuem para dar ânimo e bem-estar.

quarta-feira, 28 de março de 2018

O que é mal súbito e quais as suas causas

O produtor musical Miranda morreu após ter esse problema. Entenda o que é essa condição e quais os motivos por trás dela

A morte do produtor musical Carlos Eduardo Miranda aos 56 anos pegou todos de surpresa. Ele estava com a família quando teve um mal súbito. Mas o que é isso e por que pode ser tão grave?
“Na verdade, o mal súbito não é uma doença, e sim um sintoma de diversos problemas”, ensina o cardiologista Helio Castello, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. “Em resumo, trata-se de uma perda repentina de consciência”, completa.
Às vezes, não é mais do que um desmaio provocado por desidratação ou queda de pressão. Aliás, como anexo, o desmaio é uma síncope transitória e rápida que ocorre por falta de fluxo sanguíneo no cérebro.
Porém, essa perda de consciência pode ser a manifestação de quadros sérios, como o AVC, infarto, arritmias cardíacas ou aneurismas. Não raro, o mal súbito também dá as caras após o consumo excessivo de drogas ou álcool. São, enfim, muitíssimas causas.
No caso de Miranda, ainda não se sabe o que motivou o problema. Ele teria sofrido fortes dores de cabeça antes do prolapso, o que sugeriria um derrame. No entanto, é impossível cravar qualquer coisa no momento.
Embora essa encrenca não necessariamente apresente sintomas prévios, talvez a pessoa sofra, momentos antes, incômodo no peito, batimentos cardíacos acelerados, mal-estar, enjoo, dor de cabeça, falta de ar…
Só não confunda mal súbito com morte súbita, que é quando de fato a pessoa falece repentinamente. “Problemas cardiovasculares são a principal causa de morte súbita”, revela Castello.

Dá para evitar o mal súbito?

Nem sempre, mas manter a saúde em dia, evitar o estresse e tomar bastante água pode evitar síncopes de maneira geral. Além disso, ao afastar a hipertensão, o diabetes, a obesidade e outros males que provocam ataques cardíacos e AVC, indiretamente você está combatendo o mal súbito.

Como socorrer alguém que perde a consciência

Via de regra, o atendimento precisa ser rápido. Se a pessoa não recobra a consciência em poucos segundos, contate os serviços de emergência e reportar os diferentes sinais para que o atendente ofereça um melhor suporte. O indivíduo parou de respirar? Seu coração está batendo?
Neste vídeo, o médico Agnaldo Píspico, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, ensina a socorrer uma pessoa que sofre um mal súbito por causa de uma parada cardíaca:

terça-feira, 27 de março de 2018

Dois argentinos morrem com suspeita de febre amarela após viajarem ao Brasil

Segundo o Ministério da Saúde da Argentina, desde o começo do surto da febre amarela no Brasil, foram registrados oito casos de pacientes com a doença. Todos haviam regressado recentemente do Brasil
As autoridades argentinas não têm exigido a vacina a quem viaja ao Brasil, mas vêm recomendando com ênfase ( Foto: Divulgação )
por Folhapress
Dois argentinos que viajaram recentemente ao Brasil sem tomar vacina contra a febre amarela morreram no último fim de semana, segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde da Argentina.
Ambos tinham mais de 60 anos. "Um deles residia em Río Negro (ao sul) e foi assistido por uma clínica privada em Neuquén. O outro, com residência em Lanús (província de Buenos Aires) também foi atendido por um hospital privado da capital."
Ainda segundo o ministério, desde que começou o surto de febre amarela no Brasil, foram registrados oito casos de pacientes com a doença que haviam regressado recentemente do país vizinho.
"Seis deles têm como antecedente comum terem visitado Ilha Grande (RJ), um outro esteve na cidade de Ouro Preto (MG) e o mais recente, um jovem de 24 anos que havia feito uma viagem até o Rio de Janeiro em um cruzeiro". A maioria deles se encontra com boa recuperação, apenas este último é o que está em estado mais grave, pois teve de se submeter a um transplante de fígado e continua internado, em Buenos Aires.
As autoridades argentinas não têm exigido a vacina a quem viaja ao Brasil, mas vêm recomendando com ênfase. As vacinas podem ser tomadas gratuitamente nos postos de saúdes públicos. "O Brasil está atravessando uma situação epidemiológica que parece não diminuir. Por isso insistimos tanto com a recomendação para quem vai a zonas afetadas que se vacinem ou que adiem a viagem", disse a Patricia Angeleri, diretora nacional de epidemiologia do ministério.
Segundo Angeleri, a vacina está sendo recomendada para quem viaja ao Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Bahia, principalmente.

segunda-feira, 26 de março de 2018

O coração artificial que bate mais forte

Implantado pela primeira vez no Brasil, aparelho da nova geração para casos de insuficiência cardíaca reduz praticamente a zero os riscos de trombose e AVC

Crédito: Gabriel Reis
OPERAÇÃO A médica Juliana participou da cirurgia para implantação do recurso, feita dia 13 de março (Crédito: Gabriel Reis)
Já bate forte dentro de um brasileiro o mais moderno coração artificial do mundo. Trata-se da terceira geração do HeartMate3, aparelho aprovado em agosto do ano passado pela Food and Drug Administration (FDA), a agência reguladora americana, e considerado um avanço de tecnologia pelo seu mecanismo de funcionamento e também um salto de qualidade de vida para o paciente em relação aos modelos anteriores. O primeiro implante do produto no Brasil foi feito na terça-feira 13 no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, pelas mãos do cirurgião cardíaco Fábio Jatene, com acompanhamento da cardiologista clínica Juliana Giorgi e do médico holandês Jaap Lahpor, consultor da empresa Abbott, que desenvolveu o dispositivo. O paciente é um homem de 72 anos.
Os aparelhos conhecidos como corações artificiais têm a função de dar assistência ao ventrículo esquerdo, onde se inicia a aorta, artéria responsável por distribuir, a partir do coração, sangue oxigenado para o restante do organismo. Por isso, ajudam a garantir o bombeamento adequado do sangue em pacientes com insuficiência cardíaca. A doença é caracterizada pela incapacidade de o músculo cardíaco realizar esse bombeamento corretamente. Calcula-se que trinta mil brasileiros apresentem a condição.
Pacientes em fase avançada da doença e que não têm mais resposta a tratamento com remédio ou cirurgia dispõem de duas opções: entram para a lista de espera por transplante ou são designados para receber esses corações artificiais — tanto para aguentarem a chegada de um novo órgão (ponte para transplante) quanto para solucionarem a questão para o resto da vida (terapia de destino). “Os casos nos quais os tratamentos convencionais não surtem mais efeito têm mortalidade muito alta”, afirma a cardiologista Juliana Giorgi. “As pessoas contam com cerca de um ano de sobrevida, tempo em que geralmente passam internadas, dependentes de balão de oxigênio e remédios”.
O problema em relação ao transplante é que muitos não têm tempo para a espera ou apresentam contra-indicações, como idade superior a 65 anos, caso do primeiro brasileiro a receber o HeartMate3. Ser portador do HIV, ter câncer ou manifestar alguma condição que debilite seu sistema de defesa também são impeditivos. Nessas circunstâncias, o coração artificial é a saída. “No Brasil, usa-se pouco esse recurso”, lamenta Juliana. Uma das razões é o desconhecimento da tecnologia. O custo também é alto: cerca de R$ 700 mil. Mas a terapia é reconhecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Associação Nacional de Saúde (ANS). Portanto, é coberta pelos convênios médicos. Ainda assim há menos de cinquenta brasileiros com corações artificiais.
O dispositivo que acaba de ser implantado pela primeira vez no Brasil teve sua superioridade confirmada em um estudo comparativo apresentado nos Estados Unidos dois dias antes da cirurgia no Sírio-Libanês. A análise foi feita usando como parâmetro o desempenho da geração anterior, a HeartMate2. O novo equipamento, que funciona com um bombeamento por indução magnética, reduziu a praticamente zero os riscos de trombose e de acidentes vasculares cerebrais (AVC). O antigo empurra o sangue de forma mecânica e apresentou índice de 17% de trombose e de 19% de AVC. Participaram do estudo 366 pacientes: 190 deles implantados com a terceira geração, que tiveram índice de sobrevida de 79,5%, 19 pontos percentuais acima do observado nos 176 implantados com a segunda geração (60,2%).
Próximo desafio
Além de ser um dispositivo menor do que os anteriores, sua técnica de implante é menos invasiva, o que reduz em até quatro horas o tempo de cirurgia. Isso porque o aparelho é fixado no tórax, acoplado ao ventrículo esquerdo. Antes era preciso abrir um espaço no abdome.
Embora a colocação do coração artificial custe caro, cerca de R$ 700 mil, o valor é coberto pelos planos de saúde
RAPIDEZ A pioneira cirurgia em São Paulo: quatro horas a menos (Crédito:Divulgação)
O HeartMate3 ainda não superou a necessidade de artefatos externos. O paciente precisa se adaptar a conviver com partes instaladas fora do corpo: o controle geral do equipamento e duas baterias externas. No caso da versão lançada agora, cada uma delas tem 17 horas de autonomia (antes eram 12). As engrenagens ficam conectadas ao dispositivo colocado dentro do coração por meio de um fio que atravessa a pele. O paciente pode tomar banho (existem capas protetoras), mas não pode mergulhar. O desafio é fazer com que todo o sistema seja instalado internamente, em uma conformação mais próxima da apresentada pelos marca-passos.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Qual é o melhor remédio para tratar o diabetes tipo 2?

A resposta depende do seu metabolismo e do seu DNA. E a ciência quer descobrir essas pistas para indicar tratamentos mais certeiros e efetivos

 
Na minha humilde opinião, em pleno 2018 a medicina ainda está longe de ser personalizada e individualizada. Ora, usamos os mesmos medicamentos e doses semelhantes desses remédios para pessoas de sexo, idade e composição corporal diferentes. Calma que já chego no diabetes.
Não sabemos se determinado tipo de exercício físico será tão bom para um indivíduo quanto foi para outro. Tampouco conseguimos dizer se uma orientação alimentar específica trará benefícios duradouros para todos os membros de uma mesma família.
Mais recentemente, porém, estamos começando a ver os esboços de uma medicina efetivamente individualizada na seleção de tratamentos para alguns tipos de câncer e até mesmo para alguns transtornos depressivos.
No campo de estudo do diabetes, já podemos vislumbrar os primeiros esforços nesse sentido. Pesquisadores da Eslováquia e da República Tcheca, por exemplo, avaliaram há pouco se a presença de uma determinada mudança no código genético de pessoas com diabetes tipo 2 promoveria respostas diferentes aos remédios usados. Na experiência, foram testados dois dos medicamentos antidiabéticos mais prescritos no mundo: a vildagliptina e a sitagliptina.
A análise acompanhou por seis meses 137 pacientes europeus fazendo uso desses fármacos. Quando se avaliaram as curvas de resposta às medicações, observou-se que a presença de uma discreta mudança genética — tão sutil a ponto de não podermos chamá-la de “mutação” — foi capaz de reduzir o efeito do medicamento em algo próximo a 50%.
Em paralelo a esse estudo, cientistas britânicos investigaram se o grau da resistência à insulina — quando o hormônio não consegue liberar a entrada da glicose para as células — também interferia na resposta a esses mesmos remédios. A conclusão foi parecida: pessoas com maior grau de resistência insulínica apresentam pior resposta a esse tipo de medicação.
Achados como esses indicam que, muito em breve, poderemos escolher o remédio para tratar o diabetes tipo 2 dependendo do perfil metabólico e genético do paciente. Aí, sim, conseguiremos dizer que entramos na era da medicina personalizada e individualizada.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Trombose venosa é bem mais comum em quem vê TV demais

O excesso de horas em frente à televisão foi associado a casos de tromboembolismo, que causa de inchaço nas pernas à perigosa embolia pulmonar

Não são só as longas viagens de carro ou avião que promovem a formação de trombos (coágulos) nas veias. Segundo um estudo das universidades de Minnesota, Vermont e da Carolina do Norte (todas nos Estados Unidos), passar muito tempo vendo televisão quase dobra o risco do chamado tromboembolismo venoso, que pode deflagrar dor e inchaço na perna – ou uma embolia pulmonar, que pode até matar.
Os pesquisadores começaram identificando a quantidade de casos de tromboembolismo venoso entre 15 158 pessoas de 45 a 64 anos. Foram, no total, 691 episódios ao longo do experimento.
A partir daí, esses dados foram cruzados com as repostas de um questionário que, entre outras coisas, perguntava sobre a assiduidade com a qual os participantes viam televisão. Eles poderiam responder “nunca ou raramente”, “às vezes”, “frequentemente” ou “muito frequentemente”.
Pois bem: em comparação com quem quase nunca ligava o televisor, os mais aficionados pela telinha apresentaram uma probabilidade 71% maior de sofrer com trombose nas veias. É uma diferença considerável.
“Infelizmente, o estudo não permite traçar um limite máximo de TV por dia, porque não avaliou a quantidade exata de horas que as pessoas ficavam no sofá”, diz o angiologista Breno Caiafa, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ). “Mas ele alerta para a necessidade de não passarmos longos períodos imóveis em quaisquer situações do dia a dia”, completa.
Ou seja – e como você já deve imaginar –, não é que a televisão de alguma forma emite ondas maléficas para as veias. Longe disso. O que ela faz é nos deixar hipnotizados, sem mexer as pernas por horas a fio. E a imobilidade é um grande fator de risco para a trombose.
“O ideal é dar uma caminhadinha pelo menos a cada hora”, sugere Caiafa. “Mas, se a pessoa estiver no cinema, por exemplo, pode ao menos mexer os dedos dos pés, contrair a panturrilha e mudar a posição das pernas de tempos em tempos”, completa.

O que a trombose venosa causa Quando o trombo se forma dentro de uma veia, ela provoca uma inflamação na região e dificulta a passagem de sangue. Com isso, surgem inchaço, vermelhidão, dor…
“Geralmente, esses sintomas são mais comuns nas pernas e atingem um só lado do corpo”, ensina Caiafa. A obstrução de uma veia também pode estar por trás das varizes – e vice-versa.
Entretanto, é comum que o tromboembolismo sequer apresente sinais claros. “Muitas vezes, a primeira manifestação do problema é a embolia pulmonar, que é quando o trombo se desprende e vai parar nos pulmões”, diz Caiafa. Cerca de 30% das pessoas com trombose desenvolvem esse quadro, que chega a ameaçar a vida.
Daí porque é tão importante prevenir o problema. Como? Além de mexer as pernas, beba bastante água, pare de fumar, emagreça… No fim, uma boa conversa com um médico dá conta do recado.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Alisantes de cabelo são vetados por terem substância cancerígena

Produtos de quatro marcas apresentaram formol na composição, uma substância que causa câncer e outras doenças – e foram proibidas em decorrência disso

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização de quatro alisantes de cabelo. E o motivo é sério: segundo análises laboratoriais, eles continham formol, uma substância que reconhecidamente causa câncer e outros problemas de saúde.
Todos os lotes de Maxxdonna Profissional Matutinha e Ingel Maxx Premium Forever Liss Professional não podem mais ser vendidos ou divulgados. Lotes específicos de Forever Liss Btox e Bio Amazônia também foram vetados.
Cada caso teve suas particularidades, mas todos foram reprovados na análise para formol, conduzida pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco.

Danos que o formol causa

São muitos os efeitos. Na pele, ele provoca irritações, dores e até queimaduras. Isso, claro, também vale para o couro cabeludo.
Em contato direto com os olhos – ou quando vira vapor por causa da chapinha –, pode gerar conjuntivite ou incômodos severos.
Mas a maior preocupação envolve as vias respiratórias. Quando inalado, ele irrita toda a mucosa de nariz, boca, faringe e até pulmão… Isso acaba alterando células da região, o que abre as portas para o câncer nessas regiões.
Para evitar tudo isso, vá atrás de alisantes confiáveis e converse com seu cabeleireiro sobre o assunto. E nunca – nunca mesmo – aceite utilizar formol nos cabelos.

terça-feira, 20 de março de 2018

Por que estamos dormindo tão mal?

Segundo a OMS, a insônia já afeta 40% dos brasileiros. E cerca de 11 milhões dependem de remédios para pegar no sono

Crédito: Kandrade
OPÇÕES A médica Dalva,no Instituto do Sono da Unifesp: tratamentos ajudam no descanso (Crédito: Kandrade)
Dormir uma noite inteira e por pelo menos oito horas diárias tornou-se uma tarefa quase impossível para grande parte dos brasileiros. A rotina agitada, o acesso permanente aos celulares e redes sociais e o estresse diário são fatores que estão piorando a qualidade do sono e ocasionando cada vez mais insônia. O número é alarmante. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% da população sofre com o problema.
O distúrbio ocorre com mais frequência em mulheres e pode piorar após a menopausa. Além disso, as mudanças no comportamento da sociedade estão acontecendo cada vez mais cedo, não há rotina na hora de ir para a cama e trocar o dia pela noite está virando um hábito. “Há muitos estímulos. Contas a pagar, compromissos de trabalho. As pessoas ficam em alerta o tempo todo”, explica a médica Dalva Poyares, especialista em tratamentos de distúrbios do sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O problema é que, mesmo assim, muita gente protela a busca de ajuda. A demora é um dos principais fatores que favorecem o uso excessivo de remédios para pegar no sono. Mais de 11 milhões de brasileiros, o equivalente a 7,6% da população, usam medicamentos para dormir.
Foi o caso da coordenadora administrativa Keitch Gonçalves, 41 anos. Ela recorria a relaxantes musculares (um de seus efeitos colaterais é dar sono) para tentar ter algumas noites de descanso. No dia seguinte, os efeitos: dor de cabeça, irritação, cansaço. Durante uma semana, ela chegou a dormir apenas uma hora por noite. “Tinha medo de ir para cama. Olhava e ia ficando nervosa”, diz.
Há um mês, Keitch procurou o Instituto do Sono da Unifesp. Ela já voltou a dormir sete horas todas noites. Seu tratamento é baseado em terapia cognitivo-comportamental, na qual o indivíduo é estimulado a mudar comportamentos. No caso da insônia, o objetivo é eliminar rotinas como assistir TV ou ficar no celular antes de dormir e diminuir o uso de cafeína ao longo do dia, entre outras.
Em alguns casos, como o de Keitch, indica-se ainda o uso da melatonina (hormônio que regula o ciclo circadiano e que tem por finalidade sinalizar ao cérebro que é necessário diminuir a atividade física e mental). Nesse campo, a novidade é a autorização, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, da produção da ramelteona. A medicação estimula o sistema nervoso central a produzir mais melatonina. O remédio, já usado nos Estados Unidos e na Europa, tem ação rápida. “Ele é muito potente”, afirma a médica Andrea Bacelar, presidente da Associação Brasileira do Sono. Espera-se que a droga esteja disponível até o fim do ano.

quinta-feira, 15 de março de 2018

ELA, a doença que Stephen Hawking desafiou por décadas

ELA, a doença que Stephen Hawking desafiou por décadas
A ELA é uma enfermidade neurodegenerativa paralisante rara - AFP/Arquivos
O astrofísico britânico Stephen Hawking, que morreu nesta quarta-feira, aos 76 anos, depois de passar décadas em uma cadeira de rodas com o auxílio de um respirador artificial, sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA). A ELA é uma enfermidade neurodegenerativa paralisante rara, com a média de dois novos casos a cada 100.000 pessoas por ano, mais frequentemente entre pessoas com idades de 55 a 65 anos.
Hawking teve a doença diagnosticada aos 21 anos.
A doença integra um grupo de neuropatias motoras, que provocam uma degeneração física progressiva: as vítimas perdem o controle de seus músculos. No caso de Hawking, por exemplo, ele era capaz de controlar apenas um músculo do corpo, o da bochecha.
Começa com a perda da capacidade de movimentar os braços e as pernas. Quando a paralisia alcança os músculos do diafragma e a parede torácica, os pacientes perdem a capacidade respiratória e precisam de assistência artificial.
Apesar da doença, Hawking desafiou as previsões que, em meados dos anos 1960, davam mais dois anos de vida e continuou trabalhando por décadas, em sua cadeira de rodas e conectado a um respirador artificial.
O único músculo que ele conseguia movimentar servia para sua comunicação por meio de um computador que interpretava seus gestos faciais e os traduzia para uma voz eletrônica, que virou sua marca registrada.
Os médicos consideram sua longevidade um mistério porque a doença não tem cura.
De acordo com as estatísticas, a morte acontece geralmente entre 24 e 36 meses depois do diagnóstico, provocada pela incapacidade de respirar.

terça-feira, 13 de março de 2018

Revelada a maior causa de morte em quem tem artrite reumatoide

Esses pacientes ainda falecem mais cedo que indivíduos saudáveis. Veja os motivos por trás disso e como se precaver

A artrite reumatoide é uma doença de origem autoimune marcada pela destruição progressiva de uma membrana que recobre as articulações. Estima-se que 2 milhões de brasileiros sejam afetados por essa condição, a maioria mulheres entre 30 e 50 anos. E uma pesquisa enorme da Universidade de Toronto, no Canadá, acaba de avaliar os principais motivos de morte entre esses indivíduos.
Dados de 87 mil acometidos pelo problema foram comparados com as informações de 348 mil pessoas saudáveis. As conclusões mostram que as maiores causas de óbito não variaram: doenças cardiovasculares, pneumonia e câncer ficaram nas três primeiras posições nos dois grupos.
Mas o que chama a atenção é a alta mortalidade entre aqueles com artrite reumatoide. Durante o acompanhamento de 13 anos, 14% deles morreram, enquanto 9% da outra turma teve o mesmo destino.
“Estamos falando de uma doença que não se limita às juntas, mas atinge todo o organismo de maneira sistêmica”, ressalta o médico Fernando Neubarth, diretor da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Estudos anteriores já haviam demonstrado que indivíduos com esse quadro apresentam com mais frequência colesterol alto e hipertensão, outros fatores que patrocinam piripaques no coração e nos vasos, por exemplo.

E isso sem contar o fato de que alguns dos medicamentos que combatem a doença estão relacionados a efeitos colaterais em longo prazo. Para evitar muitos desses eventos adversos, é essencial procurar o especialista quanto antes. “A detecção precoce nos permite atuar com melhor qualidade, o que evita muitas dessas repercussões indesejadas”, completa Neubarth.

Nada de esperar

Portanto, caso você sinta dores, inchaços e inflamações nas articulações de qualquer parte do corpo que perduram por mais de seis semanas, marque já uma consulta com o médico. Esse profissional conseguirá analisar a situação e indicar os melhores exames.
Se a artrite reumatoide for confirmada, a boa notícia é que os medicamentos evoluíram e estão cada vez mais seguros e efetivos. Ou seja, dá pra evitar a limitação de movimento, a deformação das juntas e por aí vai.
Para aqueles que já receberam o diagnóstico, vale seguir as recomendações do reumatologista e fazer um acompanhamento de perto com o cardiologista. Os checkups ajudam a flagrar alterações cardiovasculares no início para, assim, revertê-las antes que causem um estrago mais sério no futuro, como infarto ou AVC.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Revolução contra a depressão

Usada originalmente como anestésico, a ketamina trata os sintomas mais graves em duas horas. É considerada o maior avanço contra a doença desde o Prozac

Crédito: ljubaphoto
Um anestésico usado desde a década de 1960 é a grande aposta da medicina no tratamento da depressão. Na maior parte dos estudos realizados até agora, a ketamina tirou os pacientes de crises graves com rapidez impressionante. A última das pesquisas, feita sob o comando do Instituto Nacional de Saúde (NIH), dos Estados UNidos, revelou que em apenas duas horas a droga reduz sinais graves, como ideias suicidas, e atinge o pico em 24 horas. As medicações tradicionais demoram em média quinze dias para sutir efeito. Por isso, a Ketamina é considerada a maior revolução contra a enfermidade desde o Prozac, lançado em 1986.
Por enquanto, o remédio, que existe nas versões oral, intravenosa, nasal e subcutânea, não foi liberado para uso como antidepressivo por agências regulatórias, incluindo a brasileira. Essa indicação é considerada off-label (fora da indicação original). No entanto, uma de suas derivações, a esketamina, já recebeu, nos EUA, o status de “breakthrough therapy” para uso em indivíduos com risco iminente de suicídio. A classificação significa que, nesses casos, a droga pode ser oficialmente indicada.”Queremos regulamentar seu uso”, escreveu Carlos Zarate, coordenador do levantamento do NIH. “Ela é uma mudança de paradigma.” Nesse momento, a droga é estudada em centros do mundo todo, como no Warneford Hospital, na Inglaterra, onde mais de 40% dos participantes melhoraram de forma significativa. No Brasil, uma das instituições a pesquisá-la é a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os resultados observados são bem animadores. “É uma grande mudança”, afirma o psiquiatra José Alberto del Porto, professor da Unifesp. “Não tínhamos nada parecido.”
Alguns médicos, tanto aqui quanto em outros países, também estão receitando o remédio mesmo fora dos estudos clínicos. Desde que haja supervisão médica rigorosa, não há problemas nisso. Há, porém, questões a serem esclarecidas. Entre elas, os efeitos da utilização da ketamina a longo prazo e o risco de dependência que isso pode trazer.

sábado, 10 de março de 2018

Doenças intestinais aumentam em até nove vezes o risco de infarto

Estudo revela que Crohn e retocolite ulcerativa podem patrocinar o surgimento de males cardiovasculares

 
Dor, queimação, diarreia… As doenças inflamatórias intestinais (DII) são um tormento para milhões de pacientes ao redor do globo. E uma pesquisa recém-lançada mostra que suas repercussões não se limitam ao aparelho digestivo: o problema também está relacionado com o ataque cardíaco.
A descoberta vem do Hospital Universitário do Centro Médico de Cleveland, nos Estados Unidos. Os experts analisaram os prontuários médicos de 17,5 milhões de pacientes e descobriram que 211 mil deles (o equivalente a 1,2% do total) tinham sido diagnosticados com Crohn ou retocolite ulcerativa.
Quando os dados foram comparados aos de indivíduos saudáveis, as taxas de infarto eram 23% maiores naqueles com algum desses distúrbios intestinais. Pior: entre os sujeitos mais jovens, a probabilidade de um piripaque no coração era nove vezes superior. E olha que eles descartaram a influência de outros componentes decisivos nesse processo, como colesterol alto, diabetes e hipertensão.
Informações tão contundentes motivaram os autores da pesquisa a considerar que as doenças inflamatórias intestinais são, por si só, um fator de risco para males cardiovasculares. O levantamento será apresentado no domingo, dia 11 de março, durante as Sessões Científicas Anuais do Colégio Americano de Cardiologia, um dos mais importantes congressos da área.
Segundo o médico José Luiz Aziz, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo e professor da Faculdade de Medicina do ABC, essa relação entre os dois problemas pode ser explicada pela inflamação. “Do mesmo modo que ela ataca as paredes do intestino, também prejudica o revestimento das artérias”, afirma. “Isso dá início a um processo de aterosclerose e a uma posterior interrupção do fluxo de sangue”, completa. Se esse bloqueio ocorrer no coração, é o infarto que dá as caras.

Entenda as DIIs

As doenças inflamatórias intestinais são um termo para designar dois problemas que atingem o tubo digestivo: a doença de Crohn e a retocolite. “A primeira pode ocorrer em qualquer trecho entre a boca e o ânus, enquanto a segunda está restrita ao intestino grosso e ao reto”, diferencia a proctologista Maristela Gomes, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, em São Paulo. Fatores genéticos, ambientais e comportamentais estão envolvidos na origem dos quadros.
Vale citar que a dupla costuma ser diagnosticada por meio de uma colonoscopia na faixa que vai dos 15 aos 30 anos, o que explicaria o maior número de prejuízos cardiovasculares entre a população mais jovem. Estima-se que, só em terras americanas, 3 milhões de indivíduos possuam uma das duas doenças. Além disso, 70 mil novos casos são identificados a cada ano. Infelizmente, não existem estatísticas brasileiras sobre o assunto.

Legal, mas o que devo fazer agora?

A pesquisa americana reforça um ponto essencial: a necessidade de o paciente com retocolite ou Crohn fazer um acompanhamento próximo de sua saúde. Ou seja: ele deve não apenas seguir o tratamento medicamentoso e marcar consultas regulares com o doutor, mas também fazer de tempos em tempos checkups com o cardiologista para evitar as chateações no peito. “Uma avaliação precoce ajuda a prevenir muitos desses eventos cardíacos”, garante Aziz.

sexta-feira, 9 de março de 2018

O que é o exame de papanicolau e para que ele serve

teste é usado na prevenção do câncer de colo de útero, o terceiro mais comum entre as mulheres brasileiras

O papanicolau é um exame simples e rápido que colhe células do colo do útero para análise em laboratório – seu principal objetivo é prevenir contra o câncer de colo de útero. Ele tem esse nome por causa de seu inventor, o médico romeno Georgios Papanicolaou, que o tornou célebre nos anos 1940.

Para que serve

Principalmente para encontrar cedo lesões ou alterações do tecido uterino que indiquem a presença do HPV, cuja infecção é responsável por praticamente todos os casos de câncer de colo de útero. Mas o papa, apelido carinhoso, também detecta algumas infecções sexualmente transmissíveis, como a candidíase.

Como é feito o papanicolau

A mulher se deita na posição ginecológica, com as pernas elevadas e apoiadas por um suporte, enquanto o ginecologista abre caminho com a ajuda de um espéculo, aparelho que lembra um bico de papagaio.
Depois, o especialista extrai células da parede vaginal e do colo do útero com uma espátula e uma cerda – é normal sentir um leve incômodo durante a coleta. A partir daí, o material é enviado para um laboratório, que faz a análise.

Os resultados

Após a avaliação minuciosa do patologista, que dura até semanas, o ginecologista recebe o laudo. O exame aponta os fungos e as bactérias encontrados na amostra e classifica as eventuais anormalidades observadas nas células.
Essas alterações podem ser benignas, prováveis tumores ou, ainda, lesões que, se não tratadas, podem originar um tumor maligno no futuro. Se o resultado levantar qualquer questão suspeita, testes mais detalhados devem ser solicitados.
Dito de outra forma, o papanicolau não fecha o diagnóstico de câncer. Pelo contrário: ele é um método que ajuda a prevenir a doença antes de ela surgir propriamente. Hoje em dia, também existe o mais modernos do HPV.

Periodicidade

O exame é válido para mulheres a partir dos 25 anos que já tiveram atividade sexual. Segundo o Ministério da Saúde, as duas primeiras coletas devem ocorrer anualmente e, se não houver alteração, as próximas provas são feitas de três em três em anos.
O rastreamento segue dessa forma até os 64 anos, desde que os últimos resultados não tenham acusado sinais suspeitos – aí, a periodicidade deve ser discutida com o médico.
Mas atenção: mulheres acima dos 64 anos que nunca colheram o papanicolau devem realizar dois exames com intervalo de até três anos. Se estiver tudo certo, aí sim estão liberadas.

Cuidados e contraindicações

Para fazer o exame, a mulher não pode ter feito sexo por 72 horas. Mais: a coleta deve ocorrer entre o décimo e o 20° dia depois do primeiro dia da última menstruação.
Fontes:
Ricardo Luba, ginecologista do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, em São Paulo.
Ministério da Saúde

quinta-feira, 8 de março de 2018

Gordura na barriga é mais perigosa para o coração das mulheres

Pesquisa indica que o risco da obesidade central (o acúmulo de gordura na barriga) causa um maior risco de infartos no sexo feminino do que no masculino

O estudo a seguir não chama a atenção só pela proximidade com o Dia Internacional da Mulher ou por atrelar a obesidade ao infarto – algo já conhecido. O que os pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, fizeram foi determinar se o local onde a gordura é acumulada no corpo faz mesmo diferença do ponto de vista cardiovascular. E, acima disso, qual o impacto da ameaça no sexo feminino e no masculino.
Então vamos por partes. Ao avaliar dados sobre a forma física e a saúde do coração de um grupo de 500 mil voluntários de 40 a 69 anos, os cientistas observaram que o aumento no peso, por si só, foi associado a uma probabilidade maior de infartar. Até aí, nada de novo.
No entanto, esse risco subia quando o excesso de gordura ia parar na barriga. Estamos falando daquelas pessoas que, ao ganhar muito peso, ficam com o corpo em formato de maçã.
Para ter ideia, a chance de infarto era de 10% a 20% maior entre mulheres com excessos gordurosos no abdômen. Isso em comparação a outras que apenas estavam acima do peso.
Além disso, o sexo feminino parece sofrer mais do que masculino com os efeitos deletérios de uma barriga avantajada. Mulheres que acumularam quilos de sobra nessa parte do corpo apresentaram uma probabilidade 35% maior de ter uma pane no coração, enquanto que, nos homens, o risco foi de 28%.
Tanto no Dia Internacional da Mulher como em qualquer outro, enfrentar a obesidade – sem gordofobia, é claro – é importante para baixar os altíssimos índices de doenças cardiovasculares.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Vitamina D na dose certa para o seu coração

O consumo adequado do nutriente pode reduzir o risco de morte, especialmente entre pessoas que já tenham uma doença cardiovascular

 
Já sofreu uma pane cardíaca? Pois manter o nível certo de vitamina D no corpo pode reduzir em 30% o risco de morte em decorrência dessa doença. É o que afirmam pesquisadores da Universidade de Bergen, na Noruega. “No entanto, doses altas ou baixas demais aumentam o perigo”, ponderou a professora Jutta Diekers, líder do trabalho, em comunicado ao site da instituição.
Para a pesquisa, a equipe de Jutta seguiu aproximadamente 4 mil pacientes diagnosticados com algum piripaque no coração durante 12 anos. Eles tinham, em média, 62 anos no início da investigação. Os resultados mostraram que o ideal seria apresentar entre 42 a 100 nmol/l de vitamina D no corpo. Nem mais, nem menos.
Mas, de acordo com Jutta, é complicado fazer uma recomendação geral de suplementação de vitamina D para a população. “A quantidade varia de uma pessoa para outra. Depende do local em que o indivíduo vive e do tipo de dieta consumida”, informou.
Para ter ideia, em países nórdicos se recomenda o consumo diário de 10 microgramas de vitamina D. Já nos Estados Unidos e também no Brasil, fala-se em 15 microgramas. Na Alemanha, por sua vez, são 20 microgramas.
“Ainda que os noruegueses tomem menos sol do que os alemães, a dieta deles tem mais peixe. E os pescados, assim como o óleo de fígado de bacalhau, são importantes fontes de vitamina D durante o inverno”, explicou Jutta.
No verão, as atividades físicas ao ar livre dão uma força na obtenção da substância. Ora, a exposição ao sol é a principal forma de garantir boas doses do nutriente.

Particularidades também na hora de medir

Diante de seus achados, Jutta acha que todo mundo que sofreu com infarto, insuficiência cardíaca e afins deveria avaliar como anda a concentração de vitamina D circulando no organismo. Assim, dá para checar a necessidade de suplementação.
“No entanto, é essencial levar em conta a sazonalidade. Em países nórdicos, a medida em setembro, por exemplo, mostrará níveis diferentes dos obtidos em janeiro”, frisa.
No Brasil, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, é provável que essa variabilidade também ocorra, devido às diferenças significativas em termos de incidência de raios solares durante o verão e o inverno.

terça-feira, 6 de março de 2018

Chega ao Brasil novo remédio contra a esclerose múltipla

O tratamento é o primeiro que consegue frear um tipo mais agressivo da doença – a esclerose múltipla primária progressiva

Brasileiros com esclerose múltipla ganharam mais uma opção de tratamento. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o remédio ocrelizumabe, da farmacêutica Roche, para as duas versões da doença: a remitente recorrente e a primária progressiva, que é mais agressiva e até então não tinha tratamento específico.
Estudos mostraram que, para esse tipo mais intenso da doença, o medicamento reduziu em 29% o ritmo de avanço da incapacidade para caminhar ao longo de seis meses, em comparação com um placebo. O fármaco também aplacou um pouco a degeneração provocada pela enfermidade.
Já para a versão remitente recorrente, que representa 80% dos casos e surge em crises, o ocrelizumabe freou a progressão da doença e melhorou os problemas de marcha. Ele, portanto, se junta a outras terapias disponíveis para esses pacientes.

Como funciona o remédio

O ocrelizumabe age como um anticorpo que será injetado nos pacientes a cada seis meses para barrar uma classe de células imunológicas, conhecidas como células B. Quando essas células estão funcionando normalmente, ajudam o corpo a combater infecções. Quando estão desajustadas, porém, contribuem para danificar o sistema nervoso central, desempenhando um importante papel para a progressão da esclerose.

A esclerose múltipla

Trata-se de uma doença inflamatória crônica que acomete o sistema imunológico. Acontece quando as células de defesa do organismo atacam o sistema nervoso central, provocando dificuldades motoras e sensoriais.
Apesar de estar sendo estudada em vários países, as causas da esclerose ainda não são conhecidas. Mas, a partir de análises quantitativas de pacientes, sabe-se que é mais recorrente em mulheres jovens, entre 20 e 40 anos, e de pele branca.
A esclerose múltipla ainda não tem cura e os principais sintomas são fraqueza muscular, dores nas articulações, alterações na coordenação motora, depressão e disfunções na bexiga e no intestino.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Pesquisadora brasileira desenvolve iogurte com ômega-3

O produto derivado do leite ainda leva fitoesteróis. É um combo que agrada ao coração

Acrescentar ômega-3 aos alimentos não é tarefa simples. É que essa gordura boa, celebrada sobretudo pelos préstimos ao peito, geralmente vem dos peixes. Moral da história: o cheiro forte prejudica a receita.
Mas a pesquisadora Talita Aline Comunian encontrou maneiras de enriquecer um iogurte com o nutriente sem interferir no sabor. O projeto foi desenvolvido na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo.
O primeiro passo foi recorrer ao óleo da semente da planta echium, que não é encontrada no Brasil. “O ingrediente tem uma boa proporção de ômegas-3 e 6“, relata Talita. Depois, ela criou uma microcápsula formada por esse óleo e outros dois compostos: os fitoesteróis e o ácido sinápico. O primeiro é conhecido por baixar o colesterol, enquanto o segundo tem propriedades antioxidantes.
Ao protegê-los, a expert garantiu a eficácia das substâncias por muito mais tempo. “Se colocasse o óleo e os fitoesteróis no iogurte sem a cápsula, a degradação ocorreria rapidamente”, informa. No teste de sabor, o produto também fez bonito. Não à toa, já há empresas interessadas na fórmula.

Echium, quem é você?

Locais de origem
A planta marca presença na Europa, na África e na Ásia.
Onde tem ômega-3
Ele aparece no óleo retirado da semente da echium.
Formas de uso
Lá fora, o óleo é utilizado em alimentos e cosméticos.
Um diferencial
Ajuda vegetarianos a incluírem o ômega-3 na dieta.

sábado, 3 de março de 2018

Surto de febre amarela já é o mais mortal desde 1980. E agora?

O número de casos e óbitos superou o do surto anterior – o que devemos fazer para evitar o avanço da febre amarela?

Apesar de as pessoas estarem perdendo o interesse pela vacina, a febre amarela continua avançando. O novo boletim do Ministério da Saúde aponta, pela primeira vez, um maior número de casos e mortes entre a temporada 2017/2018 do que na 2016/2017.
De 1º de julho de 2017 a 28 de fevereiro de 2018, foram confirmados 723 casos da doença e 237 óbitos no Brasil. No mesmo espaço de tempo do período anterior, foram 576 episódios da infecção, com 184 falecimentos.
Os estados mais afetados seguem sendo Minas Gerais (314 casos e 103 mortes), São Paulo (307 casos e 95 mortes) e Rio de Janeiro (96 casos e 38 mortes). O Espírito Santo também acusou cinco episódios de febre amarela, enquanto o Distrito Federal confirmou um. Há ainda 785 casos suspeitos sendo avaliados do sul ao norte do país.
Para ter ideia, antes da onda de febre amarela dos últimos tempos, o ano 2000 era o com maior número de casos desde 1980, quando o governo começou a notificar os casos. Na época, foram 40 mortes – bem menos do que os 237 atuais.

O que o Ministério diz

Apesar desses números, o governo afirma que a incidência de febre amarela do atual surto é menor. Como assim?
Vamos explicar o argumento passo a passo: o vírus transmissor da doença atualmente está circulando por áreas metropolitanas do país que envolvem uma maior concentração de pessoas. A cidade de São Paulo, por exemplo, até pouco tempo atrás não registrava habitantes com a enfermidade.
Em resumo, o contingente de brasileiros que vivem em áreas suscetíveis à febre amarela é, hoje, de 32,3 milhões de pessoas, de acordo com o ministério. Fazendo as contas, isso dá 2,2 casos para cada 100 mil habitantes dessas áreas de risco.
Já na sazonalidade passada, a febre amarela se restringia a locais com muitas matas – que punham em risco 8 milhões de indivíduos. Isso dá 7,1 casos para cada 100 mil moradores.
Dito de outro jeito, o Ministério da Saúde alega que o surto do momento não é mais intenso dentro das áreas acometidas pela febre amarela. Mas, cá entre nós, ele é ao menos mais amplo – o que justificaria uma campanha de vacinação em todo o país, que já está sendo estudada.

O que eu devo fazer

Antes de tudo, se você está em uma região que faz parte das campanhas de vacinação com dose fracionada e não está imunizado, é fundamental que tome a injeção contra a febre amarela. São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia estão com campanhas em andamento.
Até agora, a adesão está baixa – um fato no mínimo curioso, uma vez que, no início do ano, as filas para conseguir as doses eram enormes. Além disso,
Se você mora ou vai visitar regiões com recomendação da vacina, precisa se vacinar. Tenha certeza: nesses casos, o risco da reação adversa é muito, mas muito menor do que o de sofre pra valer com a doença em si.
Um recado final: pense nas vacinas em geral como medidas preventivas. Elas até funcionam em casos de emergência, mas o seu verdadeiro potencial é evitar que os primeiros casos de quaisquer infecções surjam ou se alastrem. E, para isso, você precisa se antecipar e respeitar as recomendações de vacinação sempre.

sexta-feira, 2 de março de 2018

Ministério da Saúde confirma 723 casos e 237 mortes por febre amarela

Apesar do aumento no número de casos, incidência da doença caiu no período

Por Agência Brasil
Vacinação contra a febre amarela, posto no Bairro Jardim Meriti, São João de Meriti Baixada Fluminense , Severido  Silva Agencia O Dia
Vacinação contra a febre amarela, posto no Bairro Jardim Meriti, São João de Meriti Baixada Fluminense , Severido Silva Agencia O Dia -
Brasília - O Ministério da Saúde divulgou nesta quinta-feira os números atualizados de casos de febre amarela no país conforme informações repassadas pelas secretarias estaduais de saúde. Entre 1º de julho de 2017 e 28 de fevereiro de 2018, foram confirmados 723 casos da doença no país, que resultaram em 237 mortes. No período equivalente do ano anterior, entre julho de 2016 e 28 fevereiro de 2017, foram confirmados 576 casos e 184 óbitos.
Ao todo, 2.867 casos suspeitos foram notificados. Destes, 1.359 foram descartados e 785 ainda estão sendo investigados.
A febre amarela é uma doença sazonal, com maior número de casos no verão, e segundo o Ministério da Saúde, apesar de o número de casos no atual período de monitoramento ser superior à sazonalidade passada, a incidência da doença entre a população caiu. No período de monitoramento 2017/2018, a incidência da febre amarela foi de 2,2 casos para 100 mil/habitantes, enquanto na sazonalidade passada, 2016/2017, a incidência foi 7,1/100 mil habitantes.
“O vírus da febre amarela hoje circula em regiões metropolitanas do país com maior contingente populacional, atingindo 32,3 milhões de pessoas que moram, inclusive, em áreas que nunca tiveram recomendação de vacina. Na sazonalidade passada, por exemplo, o surto atingiu uma população de 8 milhões de pessoas, muito menor que a atual”, explicou o ministério, por meio de informe.
Recomendação
O Ministério da Saúde tem reforçado a importância da vacinação para a população da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo e recomenda que os estados “continuem vacinando até atingir alta cobertura”. Dados preliminares do ministério informam que, até 27 de fevereiro, 5,5 milhões de pessoas foram vacinadas nos três estados, 23,2% do público-alvo da campanha.
De acordo com o ministério, os estados receberam 20,2 milhões de doses da vacina em 2018 até o momento. Foram enviadas 15,7 milhões de doses para implementação da Campanha de Vacinação contra a Febre Amarela para a Bahia (300 mil), Rio de Janeiro (4.7 milhões) e São Paulo (10.7 milhões).

quinta-feira, 1 de março de 2018

Paris Saint-Germain confirma que Neymar passará por cirurgia

Crédito: AFP
Neymar se lesionou em jogo do campeonato francês (Crédito: AFP)
O Paris Saint-Germain confirmou na tarde desta quarta-feira que Neymar passará por cirurgia para correção de lesão no pé direito. De acordo com nota emitida pelo clube francês, o atacante brasileiro será operado no final de semana pelo médico da seleção brasileira, Rodrigo Lasmar, que será acompanhado por Gérard Saillant, cirurgião do PSG.
“Após um período inicial de tratamento com duração de três dias seguindo os protocolos médicos, a decisão foi tomada em acordo entre o departamento médico do Paris Saint-Germain e da seleção brasileira”, informou o comunicado.
Neymar machucou o quinto metatarso do pé direito na vitória sobre o Olympique de Marselha, domingo, pelo Campeonato Francês. Como é de praxe entre os clubes europeus, o Paris Saint-Germain não confirmou o tempo de afastamento previsto para o brasileiro.
Certo é que ele não entrará em campo no duelo de volta contra o Real Madrid, dia 6 de março, na França. A expectativa é que o craque brasileiro volte aos gramados apenas em maio, um mês antes da Copa do Mundo.
Assim, ele participaria apenas nas rodadas finais do Campeonato Francês. Ele também poderia estar disponível para as semifinais da Liga dos Campeões, caso o Paris Saint-Germain avance na competição.
Por conta da lesão de Neymar, a comissão técnica da seleção chegou a adiar em dez dias a convocação do Brasil para os jogos com a Rússia e Alemanha. Prevista para a próxima sexta-feira, 2, a lista será divulgada apenas no dia 12.
Segundo o coordenador de seleções, Edu Gaspar, há cinco selecionáveis que estão se recuperando de lesão no momento. No entanto, com a cirurgia, Neymar não terá condições de atuar nos amistosos contra Alemanha e Rússia, nos dias 23 e 27 de março, respectivamente.