sexta-feira, 27 de abril de 2018

Vírus da zika pode ser usado para eliminar câncer cerebral, aponta estudo da USP

Crédito: Núcleo de Divulgação Científica da USP
Imagem mostra o tumor no cérebro do camundongo (Crédito: Núcleo de Divulgação Científica da USP)
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mostra que o vírus da zika é capaz de infectar e matar as células de tumores cerebrais com grande eficácia, sem causar danos às células saudáveis.
De acordo com os autores da pesquisa, os resultados sugerem que, no futuro, vários tipos de tumores agressivos do sistema nervoso central poderiam ser tratados com algum tipo de abordagem envolvendo o uso do vírus da zika, conhecido por sua preferência por atacar células do cérebro em formação.
Realizada por cientistas do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da USP, sob coordenação da geneticista Mayana Zatz, nesta quinta-feira, 26, na revista científica Cancer Research, da Associação Americana para a Pesquisa do Câncer.
Segundo Keith Okamoto, autor principal da pesquisa, estudos anteriores já haviam mostrado que o vírus da zika tem uma grande afinidade por células do sistema nervoso central, em especial as células-tronco neurais, que dão origem aos neurônios. Assim, quando um feto é infectado, o vírus ataca seu sistema nervoso e reduz drasticamente a quantidade de células-tronco neurais, gerando problemas como a microcefalia.
Por outro lado, segundo Okamoto, estudos feitos pelo grupo da USP sobre tumores do sistema nervoso central mostravam que as células que compõem esses tumores têm características semelhantes às das células-tronco neurais e estão ligadas ao processo de disseminação do câncer – a metástase.
“Essas células tumorais são especialmente resistentes aos tratamentos convencionais como quimioterapia e radioterapia. Por isso decidimos investigar se o vírus da zika, que infecta células-tronco normais, poderia também infectar e matar as células tumorais que têm características de células-tronco”, disse Okamoto ao Estado.
Para realizar a pesquisa, os cientistas infectaram com zika células humanas derivadas de dois tipos de tumores cerebrais que afetam especialmente crianças de até cinco anos de idade: meduloblastoma e tumor teratóide rabdóico atípico. O procedimento também foi feito com células de câncer de mama, de próstata e de intestino.
Em um dos experimentos, os pesquisadores utilizaram essas células tumorais humanas para induzir o crescimento de tumores cerebrais “humanos” em camundongos. Depois de desenvolver o câncer em estágio avançado, os animais receberam uma injeção com o vírus da zika. Os tumores regrediram em 20 dos 29 animais tratados com o vírus – em sete deles, a remissão foi completa e o tumor desapareceu. O vírus também bloqueou e reverteu metástases.
“O estudo mostrou que o vírus da zika de fato possui afinidade com as células do sistema nervoso central, infectando e matando as células tumorais de forma seletiva. O mesmo não ocorreu com os tumores de mama, próstata e intestino. As células-tronco tumorais se mostraram ainda mais suscetíveis a serem destruídas pelo vírus do que as células-tronco sadias. Observamos também que o vírus não foi capaz de infectar os neurônios maduros”, explicou Okamoto.
Segundo o cientista, o fato do vírus da zika não afetar os neurônios maduros é crucial do ponto de vista da segurança, já que a destruição de neurônios saudáveis seria uma barreira para o uso do vírus em uma futura terapia contra o câncer cerebral.
“Mostramos que o vírus tem propriedade oncolítica, isto é, ele é capaz de atacar preferencialmente as células tumorais, preservando as células normais do mesmo tecido. Essa linha de estudos é bastante nova e nosso estudo é o primeiro com o vírus da zika a mostrar resultados em células humanas”, disse o pesquisador.
Okamoto conta que as propriedades oncolíticas já haviam sido observadas em outros vírus e a estratégia do uso de vírus como “arma” contra o câncer já é uma realidade. Em 2015, a FDA – a agência americana responsável pela regulação de fármacos, terapias e alimentos – aprovou um tratamento que utiliza uma forma modificada do vírus da herpes para tratar melanoma.
No ano passado, quando os cientistas brasileiros já haviam enviado o novo artigo para publicação, um grupo de cientistas americanos publicou um estudo que também mostrou como o vírus da zika destrói células de glioblastoma – outro tipo de câncer cerebral -, mas o estudo foi feito sem o uso de células humanas.
“O estudo sobre o glioblastoma é importante, porque é um tipo de câncer agressivo que carece de tratamento. Mas o estudo não foi feito com células de tumores humanos – e sim com células de tumores de camundongos, que respondem de forma diferente”, disse Okamoto.
Como foram utilizadas células de tumores humanos nos camundongos, o estudo brasileiro conseguiu demonstrar não apenas que o vírus da zika consegue reduzir os tumores, mas também inibir a metástase. No caso do glioblastoma, a metástase é rara, já que o paciente costuma morrer antes que o tumor se alastre.
“Outra novidade importante do nosso estudo é que pela primeira vez foi feito um estudo de escalonamento da dose. Isto é, nós adicionamos quantidades crescentes do vírus às células tumorais para descobrir qual é a quantidade mínima capaz de promover a infecção. Verificamos que uma dose do zika 50 vezes menor que a utilizada pelos americanos já é suficiente para eliminar os tumores”, explicou Okamoto.
O estudo brasileiro também mostrou que depois de atacar as células-tronco tumorais, o vírus da zika não consegue se reproduzir com eficiência – o que evitaria que os pacientes tratados contra o câncer ficassem doentes com a infecção viral.
“Normalmente, quando um vírus infecta uma célula, ele sequestra sua maquinaria para se replicar e depois libera uma quantidade imensa de partículas virais que irão infectar outras células. Mas descobrimos que, por algum motivo, o vírus não consegue se replicar de forma eficiente na célula de câncer, porque as partículas virais produzidas são defeituosas, com pouca capacidade para destruir células normais.”

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Tudo sobre conjuntivite: o que é e como evitar o problema

O possível surto em 2018 dessa doença que atinge os olhos levanta questões sobre como ela é transmitida e prevenida e quais seus sintomas e tratamentos

 
Você já teve a sensação de estar com areia nos olhos, acordou com as pálpebras grudadas e inchadas e passou dias com os olhos ardendo e avermelhados? Pois são esses os principais sintomas de quem pega conjuntivite, uma inflamação na membrana que reveste a parte branca dos olhos.
Ela pode ser desencadeada por reação alérgica, exposição à produtos químicos e, principalmente, por vírus e bactérias. Aí, ganha o nome completo de conjuntivite infecciosa, que virou notícia nos primeiros meses deste ano, quando o sul de Minas Gerais, o Centro-Oeste, o Nordeste, o interior de São Paulo e o Sul registraram um número de casos maior do que o esperado para o período.
Na capital paulista, os casos triplicaram: de 82 entre janeiro e abril de 2017 para 327 no mesmo período de 2018. Entretanto, segundo Lísia Aoki, oftalmologista do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), trata-se de um fenômeno sazonal e, em certa medida, esperado. “Ela já é uma doença muito comum, que aumenta de incidência no verão, mas também em ocasiões que envolvem aglomerações de pessoas”, aponta.
Sem contar que, no outono, a baixa umidade do ar tende a ressecar as mucosas, o que pode abrir caminho para uma infecção. Via de regra, a conjuntivite não causa estragos muito sérios.

Fácil de transmitir, mas dá para prevenir

Além dos sintomas descritos acima, a visão pode ficar embaçada ou sensível à luz e os olhos, lacrimejando constantemente. São as lágrimas, aliás, que transmitem o agente infeccioso: a pessoa passa a mão no olho, encosta-a em algum lugar e lá o bacilo espera até pegar carona em um desavisado.
Quando os sinais aparecem, o ideal é procurar o médico. “O risco de contágio é alto, por isso recomendamos o afastamento do trabalho e outras atividades externas até que o quadro se resolva”, explica Lísia.
Esse período dura em média sete dias. Durante ele, a pessoa deve tomar medidas preventivas para que o outro olho não seja infectado. Sim, isso pode acontecer – aí a chatice demora mais para ir embora.
“Quem está com conjuntivite deve lavar as mãos constantemente com água e sabão, separar toalhas para uso individual e limpar com álcool tudo o que outras pessoas puderem tocar, como computador e telefone”, ensina a oftalmologista.
Para a população, em períodos de maior incidência, assim como para as outras doenças virais, vale reforçar a higiene e ter um álcool gel por perto. Ou seja, cuidado redobrado nos próximos tempos.

Como tratar o incômodo Compressas de água fria aliviam a queimação, mas o soro fisiológico gelado deve ser evitado. “Em excesso, o sal da mistura pode irritar a pele”, orienta Lísia. Óculos de sol ajudam a reduzir a sensibilidade à luz, enquanto os colírios do tipo lágrima artificial lubrificam os olhos e amenizam os sintomas.
Para evitar a reincidência da conjuntivite, o ideal é que os lenços utilizados para limpar a secreção que escorre dos olhos sejam descartáveis. Pelo mesmo motivo, o colírio não deve encostar na conjuntiva quando for aplicado. Já coçar os olhos, embora às vezes seja tentador, piora o problema.
Geralmente, o quadro regride sozinho. Mas, em alguns casos, o médico prescreve colírios específicos com antibióticos ou anti-inflamatórios. Tais remédios, contudo, devem ser indicados pelo especialista. Tanto porque a conjuntivite possui origens diferentes que só ele saberá distinguir, quanto porque, em situações raras, sintomas se intensificam e demoram até um mês para ir embora.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Avatar do câncer

Médicos recriam, em animais, os tumores dos pacientes. O modelo é usado para testar os remédios mais eficazes para cada caso

Crédito: Divulgação
Uma experiência pioneira no Brasil está sendo conduzida no Hospital A C Camargo Cancer Center, em São Paulo. Lá, pacientes começam a ter adicionado ao tratamento um recurso que vem sendo chamado de “avatar do câncer”. Uma amostra do tumor de cada um é reproduzida e cresce implantada em um camundongo, sob a pele ou no órgão correspondente do animal, funcionando como um espelho da doença. Em casos difíceis, a estratégia é valiosa. Por meio dela, os médicos podem experimentar contra aquele tumor específico remédios que podem ser mais eficazes e observar seu comportamento, inclusive agressividade, mas de forma que o corpo do paciente fique preservado de eventuais prejuízos que as tentativas possam trazer.
A aplicação clínica no A C Camargo começou há cerca de um ano e meio, em pacientes com tumores tradicionalmente mais agressivos, como melanoma (tipo de câncer de pele) e algumas variedades de tumor de rim. “O trabalho é inicial, mas os resultados são muito interessantes”, afirma a cientista Vilma Regina Martins, superintendente de pesquisas da instituição, referência no combate à enfermidade no País.
“Os resultados obtidos até agora são muito interessantes” Vilma Martins, cientista do AC Camargo Cancer Center
O que anima os médicos são especialmente as respostas que podem ser observadas em relação aos medicamentos. No avatar são testadas medicações novas, em geral com tempo de uso mundial insuficiente para conclusões definitivas sobre sua eficácia de maneira generalizada. Além disso, em muitos casos esses remédios funcionam muito bem para um paciente, mas não dão resultado, ou pelo menos não tão bons, para outro, apesar de o tipo de tumor ser o mesmo. “Os mini-tumores fazem parte da oncologia de precisão. Quanto mais personalizado o tratamento, melhor”, explica Luiz Henrique Araújo, presidente da Regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e  pesquisador do Instituto Nacional do Câncer. Em trabalho recente, o médico George Vlachoginannis, do Instituto de Pesquisa do Câncer, de Londres, atestou a eficácia do recurso. “Os modelos em animais funcionam como o tumor do humano. Por isso, são muito eficientes para que possamos estimar as reações dos pacientes”, disse à ISTOÉ. C.P.
Espelho perfeito
Como são feitas as amostras
São extraídas células do tumor do paciente
São injetadas em camundongos, de preferência no órgão correspondente ao atingido no paciente
Após um período variável, o animal desenvolve tecido tumoral bastante semelhante ao registrado no doente

terça-feira, 24 de abril de 2018

Em 10 anos, CE soma 351 casos de H1N1 e 63 óbitos

De acordo com a Sesa, o total representa média de 80% das ocorrências positivas para Influenza com agravamento
por Lêda Gonçalves - Repórter
Entre 2009 e abril deste ano, o Ceará somou 439 casos confirmados da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Influenza, desse total, 351 pelo subtipo H1N1, com 63 óbitos, aponta o Boletim Epidemiológico da doença divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa).
Os dados foram disponibilizados desde a última sexta-feira, quando o Ceará iniciou a Campanha de Vacinação, que prossegue até junho próximo, e destacados durante evento que reuniu, na sede do órgão estadual, secretários da Pasta do Estado, Henrique Javi, e do Município, Joana Maciel, além de coordenadores de imunização, técnicos e infectologistas. Entre janeiro e 14 de abril passado, 27 ocorrências da doença foram comprovadas pelo Laboratório Central (Lacen), sendo 24 pelo H1N1, com quatro mortes.
O objetivo do encontro foi esclarecer à população de que não existe motivo para pânico ou correria para as unidades básicas de saúde em busca da vacina Trivalente, que combate três subtipos da Influenza, mais presentes no Ceará, o H1N1, o H3N2 e a B. De acordo com Henrique Javi, nos últimos três anos, a sazonalidade do vírus influenza ocorreu no primeiro semestre de cada ano.
Prevenção
"Em 2016, tivemos o maior número de casos, com 103 confirmações e 17 óbitos. Naquele ano, assim como estamos fazendo agora, a imunização, principalmente dos grupos prioritários, é uma das ações importantes", afirma, acrescentando que os cuidados com a prevenção mais importantes são lavar as mãos frequentemente, usar álcool gel e, no agravamento dos sintomas da gripe, ir rapidamente a uma das unidades básicas de Saúde.
Doses
Segundo a coordenadora de Imunização de Fortaleza, Vanessa Soldatelli, em apenas três dias, na sexta-feira, sábado e domingo, mais de 80 mil doses foram aplicadas na Capital, de um total de 630 mil a serem encaminhadas pelo Ministério da Saúde. "São 110 postos de saúde, alguns que funcionam no fim de semana. Temos tempo para que todos os grupos prioritários se vacinem", frisa.
Somente no posto do Meireles, de competência estadual, mais de quatro mil pessoas foram imunizadas no último fim de semana, em apenas dois dias.
"É importante dizer que não vai faltar vacina no Ceará. São mais de 850 mil doses, o suficiente nesse primeiro momento. Queremos atingir 90% da população prioritária ou mais de 2,3 milhões de pessoas", garante a coordenadora de Imunização da Sesa, Ana Vilma Leite Braga.
Prioridade
Os grupos prioritários são: idosos a partir de 60 anos, crianças de seis meses a cinco anos, trabalhadores de saúde, professores das redes pública e privada, povos indígenas, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), pessoas privadas de liberdade - o que inclui adolescentes e jovens de 12 a 21 anos em medidas socioeducativas - e os funcionários do sistema prisional. Os portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais também devem se vacinar.
Mais informações
Secretaria da Saúde do Estado do Ceará; Av. Almirante Barroso, 600, Praia de Iracema; (85) 3101.5123

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Perda de peso não intencional pode indicar um câncer, diz estudo

O emagrecimento sem explicação foi associado a dez tipos de tumores em uma pesquisa gigantesca

Manter-se no peso ideal é um fator protetor contra o câncer, mas emagrecer sem querer é um sinal de alerta importante para a doença, avisa estudo conduzido pelas Universidades Oxford e Exeter, ambas da Inglaterra. A pesquisa, publicada recentemente no jornal científico British Journal of General Practice, é a primeira investigação profunda sobre o assunto.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas revisaram 25 trabalhos, que envolveram informações de nada menos do que 11,5 milhões de indivíduos com idades variadas. Eles notaram que o registro de perda de peso não intencional era o segundo maior preditor de tumores colorretais, de pulmão, pâncreas e rins, além de estar associado a outros tipos de câncer.
Para ter ideia, em mulheres acima de 60 anos, a queda repentina no ponteiro da balança aumentou em 6,7% o risco de encarar um tumor. Nos homens, o perigo aumentou mais de 14%. Segundo os protocolos da saúde pública britânica, um risco acima de 3% já é considerado um fator de ‘investigação urgente’.

A importância do clínico geral

“Nós sempre soubemos que o emagrecimento não-planejado pode significar câncer, mas esse estudo reúne toda a evidência publicada e demonstra que a investigação disso deve ser um foco de esforço para salvar vidas”, comentou o microbiologista e expert em diagnóstico de câncer Willie Hamilton, da Universidade de Exeter, coautor do estudo, em comunicado à imprensa.
O trabalho chama a atenção para a necessidade de analisar bem os indivíduos, especialmente após os 60 anos, que reportam peso perdido e outros sintomas não-específicos no consultório do clínico geral – que costuma ser a porta de entrada desses casos.
O próximo passo dos experts é estabelecer qual a quantidade de quilos perdidos que deveria ligar o sinal de alerta, algo que não está claro nessa primeira pesquisa, já que os estudos avaliados utilizaram medidas diferentes. De qualquer maneira, fica o recado: enxugar as medidas sem explicação merece um olhar mais apurado.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Número de óbitos por H1N1 sobe para 4 no CE

Casos confirmados passaram de 7 para 24. Sesa orienta que municípios iniciem vacinação hoje
por Vanessa Madeira - Repórter
Subiu para quatro o número de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pelo vírus influenza A H1N1 no Ceará, neste ano. A informação foi divulgada ontem (19), em boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Aumentaram também os casos confirmados da doença no Estado, que chegam a 24. Diante da preocupação dos cearenses em relação ao vírus, que tem provocado corrida às clínicas particulares em busca da vacina, a Sesa orientou que os municípios iniciem hoje (20) a imunização dos grupos prioritários, inicialmente prevista para começar na próxima segunda (23).
Ainda segundo o boletim da Sesa, o Ceará também registrou um caso de SRAG causada pelo vírus A H3/Sazonal, e dois pelo vírus influenza B. Em nota técnica lançada na última terça-feira (17), o órgão havia confirmado oito casos de SRAG por influenza (sendo sete por H1N1 e um por influenza B) e 3 óbitos (todos por H1N1).
Vítimas
De acordo com a Sesa, sete municípios cearenses contabilizaram casos de SRAG por influenza dos subtipos A H1N1, A H3/Sazonal e influenza B. Já os óbitos foram confirmados em 4 cidades: Fortaleza (1), Eusébio (1), Iracema (1) e Solonópole. Destes, dois ocorreram em pacientes do sexo masculino e dois em pacientes do sexo feminino.
A superintendente de redes hospitalares e ambulatoriais da Sesa, Tânia Coelho, afirma que o órgão está acompanhando a evolução de casos no Estado e recomendando às unidades de saúde que notifiquem as ocorrências graves da doença. Segundo a gestora, embora os registros de SRAG por influenza em 2018 sejam inferiores ao total contabilizado em 2017 (36), a população deve se manter atenta às medidas de prevenção, uma vez que a quantidade de ocorrências é maior nesta época do ano.
"Sabemos que nessa época há um aumento de casos de doenças relacionadas à estação. As pessoas têm de ficar atentas, reforçar medidas de higienização e evitar aglomerados", acrescenta a superintendente.
Tânia ressalta que a doença é comum e apresenta registros todos os anos. Em geral, casos mais graves são observados entre os chamados grupos de risco, dos quais fazem parte crianças menores de cinco anos, idosos com mais de 60 anos, pacientes com doenças crônicas, gestantes, puérperas e outros públicos. Para evitar alarme, ela orienta que a população acompanhe os dados somente a partir dos boletins do órgão.
"A população tem que acompanhar o boletim e não informações vagas que vêm aparecendo em grupos e que só assustam as pessoas", acrescenta.
Ontem (19), a Sesa autorizou que os municípios iniciassem a vacinação contra a influenza nesta sexta-feira. Conforme a superintendente, grande parte das cidades já possui doses da vacina em estoque e, por isso, deve antecipar a imunização, que estava prevista para começar na segunda-feira (23). A ação será voltada para os grupos prioritários. Caso haja saldo de vacinas após o fim da campanha, marcado para 1º de junho, a imunização poderá ser disponibilizada para a população em geral.
Vacina
Tânia Coelho explica que a vacina encontrada nos postos de saúde é trivalente, oferecendo cobertura para três cepas do vírus influenza. Em relação à vacina tetravalente, ofertada em algumas clínicas da Capital, ela observa que ambas oferecem proteção contra o H1N1. "A cobertura das vacinas incluem os vírus que estão circulando. Não tem problema ser tri ou tetravalente, todas cobrem e não há contraindicação", afirma.
No Ceará, 2,28 milhões de pessoas devem se vacinar. A imunização será disponibilizada nos postos de saúde com salas de vacina, hospitais, postos volantes e instituições de idosos.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Não existe vírus H2N3 da gripe no Brasil

Na verdade, ele não circula em nenhum lugar e não deve preocupar quem pretende se vacinar, esclarecem o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde

Você já recebeu uma mensagem de áudio ou texto informando sobre o vírus da gripe H2N3, uma variação do influenza A H1N1? Segundo a mensagem, ele estaria circulando por aí e teria alto grau de letalidade. Pior: a vacina não protegeria contra essa perigosa cepa. Pois saiba que tudo não passa de uma notícia falsa.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa, inclusive, que o tal “vírus H2N3” não circula em lugar nenhum do mundo. Ou seja, ele não existe.
Quem também se mobilizou para desmentir essa história foi o Ministério da Saúde. De acordo com ele, os vírus de influenza que atualmente provocam estragos em nosso país são o influenza A/H1N1pdm09, A/H3N2 e influenza B. E a vacina contra a gripe protege justamente contra esse trio. Vale lembrar que a campanha de vacinação começa em alguns dias.
Na mesma nota, o Ministério frisou que se mantém vigilante quanto à circulação de vírus influenza no Brasil. “O país possui uma rede de unidades sentinelas para vigilância da influenza, distribuídas em serviços de saúde em todas as unidades federadas”, informou.
No site da Organização das Nações Unidas no Brasil, é ressaltado ainda que a melhor maneira de evitar a infecção por influenza é a vacinação, que estará disponível por meio da campanha de 2018 nos postos de saúde para alguns públicos, como as gestantes, as crianças, os professores e os profissionais da saúde.

Mas outras medidas podem ajudar, como lavar as mãos com regularidade, principalmente ao chegar em casa, no trabalho ou na escola. Ao tossir ou espirrar, cubra o nariz e a boca com o antebraço (ora, é a mão que você com mais frequência, certo?). Além disso, mantenha os ambientes bem arejados e evite o contato próximo com indivíduos doentes.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Sete casos confirmados e três mortes no Ceará por H1N1

Em nota técnica divulgada ontem (17), a Sesa orienta notificação de todos os casos internados e óbitos
A campanha nacional de vacinação contra a influenza terá início no próximo dia 23. No Ceará, a expectativa é vacinar 2 milhões de pessoas ( Foto: Natinho Rodrigues )
por Thatiany Nascimento e Vanessa Madeira - Repórteres
Sete casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) provocada pelo vírus influenza A H1N1 foram confirmados no Ceará neste ano. Segundo nota técnica divulgada ontem (17) pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), deste total, três pessoas morreram em virtude da doença. Ainda conforme o documento, cujos dados se referem ao período entre 1º de janeiro e 14 de abril, o Estado contabiliza uma ocorrência de SRAG ocasionada pelo vírus influenza B. Além da vacina, medidas como lavar as mãos ou utilizar álcool em gel, usar lenços descartáveis e evitar aglomerações se estiver com alguns dos sintomas são formas de se prevenir da doença.
Em todo o ano passado, de acordo com a Sesa, o Ceará registrou 36 casos de SRAG por influeza. A nota técnica não especifica quais tipos de vírus foram responsável pela doença. No entanto, os dados apontam que, do total de casos confirmados, cinco evoluíram para óbito.
Diante do cenário observado, a Sesa reforçou a orientação para que profissionais de saúde das redes pública e privada notifiquem todos os casos internados ou que tenham culminado na morte dos pacientes "para que sejam implementadas medidas de prevenção e controle".
Síndrome Respiratória Aguda Grave
Neste ano, a campanha nacional de vacinação contra a influenza deve ter início no próximo dia 23. A exceção é o estado de Goiás, que devido à quantidade de óbitos registrados - 13 até o momento -, antecipou a mobilização. Serão imunizados grupos prioritários, como crianças com até cinco anos de idade, idosos, portadores de doenças crônicas, gestantes, puérperas, trabalhadores da área da Saúde e população indígena. No Ceará, a expectativa é vacinar cerca de 2 milhões de pessoas.
Ocorrência
A influenza pode ocorrer durante todo o ano, porém sua propagação cresce rapidamente em algumas estações. O Ministério da Saúde aponta o período de junho a agosto, por ser mais frio, como o mais propício para a ocorrência de epidemias de gripes.
No Estado, assim como no restante do Nordeste, segundo o infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Robério Leite, todos os anos há uma discussão sobre a necessidade de antecipação das vacinas em virtude das condições climáticas, que fazem o período de maior propagação da influenza ser entre os meses de fevereiro e maio.
A vacina contra gripe, que será liberada para os grupos de risco na próxima semana, protege contra estes três tipos de vírus influenza (A, B e C). Conforme o infectologista Robério Leite, o vírus é muito variável. "Ele é um vírus muito diferente. A medida que os anos vão passando a gente vai tendo contato, e o impacto dele já é diferente do que quando foi introduzido em 2009".
De acordo com ele, a expectativa é que em Fortaleza, este ano, haja uma predominância de circulação da influenza tipo A H3N2, mas os registros ainda não confirmam essa projeção. "Não temos ainda dados oficiais. O que se sabe é que neste momento estão circulando as três cepas do vírus". Questionado sobre a suposta gravidade do H1N1 em relação aos demais tipos de vírus da influenza, Robério informa que o cenário mais complicado foi em 2009, quando o H1N1 ainda era desconhecido. No atual momento, afirma ele, os três tipos de vírus "podem evoluir e causar óbitos. No entanto, a situação não está fora de controle. Então não há motivo para pânico". Outro fator importante, reforça o médico, é que a vacina é mais eficaz contra a influenza B e influenza A (H1N1).
Imunização
Robério reitera que em relação à sazonalidade da doença, o Brasil inteiro é tratado de "maneira única". Isto, segundo o infectologista, não deveria ser assim. Pois, no Nordeste, por exemplo, o ideal é que a vacinação tivesse início entre fevereiro e março já que o efeito de imunização adequado é alcançado um mês depois da aplicação. "Se começar a vacinar semana que vem, já é um período de maior circulação do vírus. O melhor momento seria fevereiro", diz.
Outra ponderação do médico é que é preciso diferenciar a influenza (incluindo a H1N1) do resfriado. Na primeira, o vírus provoca febre alta, tosse, coriza e dor no corpo. Já os resfriados limitam-se a sintomas no trato respiratório com coriza e febre baixa. De acordo com ele, os sintomas são muito semelhantes. Só quando se faz os exames clínicos é possível distinguir.
No tratamento, explica o infectologista, a norma técnica prevê que as pessoas que tiveram contato com alguém suscetível à doença devem fazer a profilaxia, com uso do antiviral, em até 48 horas. Embora a comprovação aconteça via exames laboratoriais, Robério informa, que a conduta de iniciar o tratamento é clínica. "Se você for esperar sair o resultado, pode demorar muito e ser um risco. Tem que orientar para o tratamento. Não se espera o resultado do exame laboratorial, que é mais para saber o que está circulando", reforça.

sábado, 14 de abril de 2018

Remédio moderno para mieloma múltiplo ganha aprovação inédita

Brasil é o primeiro país do mundo a autorizar o uso de uma droga de última geração nas primeiras fases do tratamento dessa doença – só tem um porém

Acredite se quiser, o Brasil é o primeiro país do mundo a aprovar a utilização de um medicamento moderno entre pacientes recentemente diagnosticados com mieloma múltiplo – um tipo de câncer de sangue – que não podem fazer o transplante autólogo de medula óssea. O remédio se chama daratumumabe e pertence à farmacêutica Janssen.
“Ele já era prescrito no país para pessoas com essa doença que haviam passado por outros tratamentos”, introduz o hematologista Breno Moreno Gusmão, da BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo. “Mas, agora, a droga também entra na primeira linha do arsenal terapêutico”, diferencia.
Dito de outra maneira, o fármaco se torna uma opção logo após a descoberta do mieloma, o que amplia consideravelmente seu uso. Isso desde que o indivíduo não possa fazer o transplante autólogo de medula, no qual os médicos colhem parte da medula óssea do próprio paciente e, após uma bomba de remédios que visa controlar a enfermidade, reintroduzem-na.
A técnica é usada para repovoar essa fábrica de células sanguíneas – imprescindível para nossa sobrevivência – após a fase mais agressiva do tratamento padrão. “O problema é que, por envolver efeitos colaterais consideráveis, muitos pacientes não podem se submeter ao transplante”, explica Breno.
Se você considerar que, em média, as vítimas do mieloma múltiplo tem mais de 60 anos – e, por isso, tendem a apresentar a saúde um pouco fragilizada –, fica claro que uma parcela considerável poderá se beneficiar da nova aprovação da Anvisa.

O que é mieloma múltipla e como funciona o novo remédio

De um jeito bem resumido, trata-se de um câncer que atinge células específicas do sistema imunológico: os plasmócitos. Estima-se que mais de 7 mil brasileiros manifestem a doença por ano.
O mieloma múltiplo pode avançar silenciosamente ou trazer, como sintomas, dor nos ossos, problemas renais e infecções recorrentes. Ao suspeitar do quadro, o médico pede exames que acusam sua presença.
Infelizmente, essa encrenca não tem cura. “Mas, com os novos tratamentos, estamos conseguindo fazer os pacientes viverem bem por muito mais tempo”, diz Gusmão. De acordo com ele, os indivíduos chegam a sobreviver 15 ou 20 anos em casos menos agressivos – de novo, lembre-se de que estamos falando de pessoas que costumam possuir mais de 60 anos.
E como o daratumumabe funciona? Aplicado na veia numa frequência que variam de pessoa para pessoa, ele mira diretamente as células malignas que estão circulando pelo corpo, ajudando as próprias defesas do indivíduo a identificarem e atacarem os inimigos. A esse tipo de tratamento se dá o nome de imunoterapia.
Segundo os estudos que foram usados para garantir a aprovação junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o daratumumabe – aplicado em conjunto com outros fármacos – diminuiu em 50% o risco de progressão do mieloma múltiplo. Isso em comparação ao coquetel de medicamentos normalmente empregado nessa situação.
“O mieloma múltiplo é como um vulcão. Ele entra em erupção, mas, com o tratamento, volta a se acalmar. Nosso objetivo é, cada vez mais, estender o período de remissão”, contextualiza Gusmão.

O lado chato da história Não é legal terminar uma matéria com uma má notícia, porém aqui vamos nós: hoje, todos esses benefícios não passam nem perto do Sistema Único de Saúde (SUS). Aliás, na rede pública o paciente com mieloma múltiplo sequer tem acesso à lenalidomida, outra arma importante contra essa enfermidade que foi aprovada no início de 2018.
“Nesse quesito, estamos dez ou 15 anos atrasados. É uma tragédia”, lamenta Gusmão.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Vírus da gripe H3N2, que causou surto nos EUA, está no Brasil. O que fazer

O tipo do vírus influenza que ocasionou várias mortes nos Estados Unidos já está no nosso país. Saiba como se proteger - a vacina é fundamental

Com a chegada dos dias mais frios, é esperado que  o vírus influenza, causador da gripe, comece a circular com mais intensidade em 2018. Além do tipo H1N1, também chamado de gripe suína, alguns estados já registraram os primeiros episódios de infecção pelo H3N2, uma versão que, só nos Estados Unidos, infectou mais de 47 mil pessoas no último surto e provocou diversas mortes, principalmente de crianças e idosos.
Segundo o último informe epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, 13 estados brasileiros já registraram um total de 57 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave causado pelo influenza H3N2. Do total, dez pacientes morreram, sendo três em São Paulo.
A circulação do H3N2 no Brasil não é novidade. Segundo a diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, a biomédica Regiane de Paula, esse vírus da gripe trafega pelo país há bastante tempo. Ela reforça ainda que a vacina que será distribuída na campanha deste ano protege contra ele. “Ela já tem o H1N1, o H3N2 e também um subtipo do influenza B na composição.

O surto de gripe brasileiro será igual ao americano?

Para a biomédica Regiane de Paula, não é possível afirmar que a incidência no H3N2 será igual  no nosso território. “Há um inverno muito mais intenso na América do Norte. Estamos em um país tropical e ainda não esfriou tanto. Por outro lado, vivemos em em mundo globalizado”, ressalta.
Ela ainda destaca que não há mudança significativa na incidência do vírus H3N2 no Brasil. “Ao compararmos os boletins epidemiológicos do ano passado com os dados de 2018, no estado de São Paulo, vemos que eles são semelhantes”. A meta é seguir monitorando os casos de gripe para ver como essa doença vai evoluir por aqui.

O H3N2 exige prevenção especial?

Não. Como já foi dito, a vacina contempla esse vírus – e será distribuída gratuitamente para idosos acima de 60 anos, crianças com mais de 6 meses e menos de 5 anos, gestantes, mulheres até 45 dias após o parto, trabalhadores de saúde, povos indígenas, portadores de doenças crônicas (como as cardiovasculares) e professores.
Na rede privada, a versão quadrivalente da vacina pode ser adquirida por qualquer um.
Além disso, siga aquela etiqueta de higiene. “Coloque sempre o braço na frente da boca ao tossir, lave as mãos, evite circular em locais fechados com pessoas infectadas e, aos primeiros sinais de sintomas, procure um médico”, destaca Regiane.
Este conteúdo foi publicado originalmente na Agência Brasil.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Quem deve tomar a vacina da gripe?

A campanha de vacinação contra os vírus influenza começa nas próximas semanas. Confira quem precisa visitar o posto de saúde em breve

A maioria dos brasileiros pode tomar a vacina que protege contra a gripe. Porém, como não há imunizantes disponíveis para toda a população, o governo define alguns públicos que são mais suscetíveis à doença, correm um risco maior de sofrer complicações após a infecção inicial ou têm contato diário com várias pessoas e, assim, transmitiriam o vírus para muita gente. São eles os que recebem gratuitamente a vacinação durante a campanha:
  • Crianças de 6 meses a 5 anos
  • Gestantes
  • Mulheres que deram à luz nos últimos 45 dias
  • Profissionais da saúde
  • Professores da rede pública e particular
  • População indígena
  • Portadores de doenças crônicas, como diabetes, asma e artrite reumatoide
  • Indivíduos imunossuprimidos, como pacientes com câncer que fazem quimioterapia e radioterapia
  • Portadores de trissomias, como as síndromes de Down e de Klinefelter
  • Pessoas privadas de liberdade
  • Adolescentes internados em instituições socioeducativas, como a Fundação Casa
A campanha de imunização promovida pelo Ministério de Saúde começa no dia 23 de abril e vai até 1 de junho. Se você faz parte dos grupos listados acima, basta ir até a unidade de saúde mais próxima de casa para tomar a sua dose. Assim, você se resguarda e ainda diminui a probabilidade de repassar o vírus influenza, causador da gripe, para seus familiares e amigos.
Caso você não se encaixe em nenhum desses perfis e quiser se vacinar, é possível obter a sua dose em clínicas privadas. A Sociedade Brasileira de Imunizações, por exemplo, indica o imunizante para todas as pessoas com mais de 6 meses de vida – e que não tenham contraindicações.
Na rede privada, a vacina custa entre 100 e 200 reais e tem a mesma ação do produto disponibilizado na rede pública. Em alguns estabelecimentos, é oferecida uma versão quadrivalente, que imuniza contra quatro cepas diferentes de vírus (geralmente o H1N1, o H3N2 e os influenzas do tipo B da linhagem Victoria e Yamagata).
Nos postos de saúde públicos, só existe o produto trivalente, que protege contra três tipos: o H1N1, o H3N2 e uma linhagem do tipo B (Victoria ou Yamagata). Ele já é suficiente para evitar a grande maioria dos casos.

E quem não pode?

Não há muitas contraindicações em tomar a vacina da gripe. Ela está proibida somente para quem tem alergia grave ao ovo, uma condição rara. Isso se deve ao fato de os antígenos que são colocados no imunizante serem cultivados dentro da casca e utilizarem a gema e a clara para se replicarem durante o processo de fabricação. Se você estiver em dúvida, melhor conversar com seu médico.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

O que causa câncer e quais seus sintomas e tratamentos

No Dia Mundial de Combate ao Câncer, entenda como um tumor maligno surge, cresce e afeta a saúde – e quais os remédios e métodos de prevenção que temos

O que causa câncer? Ora, ele surge quando uma célula do corpo sofre um conjunto de mutações que a fazem se proliferar desordenadamente, invadir locais onde não deveria estar e escapar de mecanismos de defesa do organismo que a destruiriam. Esse crescimento descontrolado pode acontecer em diferentes áreas – pulmão, cólon, mama, cérebro, pele, ossos, nervos, estômago, intestino…
Aos poucos, as células tumorais tomam o lugar das saudáveis e abalam o funcionamento do órgão afetado. Quando a doença avança, pode se espalhar pelo corpo, fenômeno conhecido como metástase. Aí o tratamento fica mais complexo.
O desenvolvimento anormal da célula acontece por um defeito no DNA. Essas alterações podem ser herdadas dos pais, pipocar de modo espontâneo ou decorrer de agentes externos, como cigarro, vírus, exposição excessiva ao sol, obesidade e consumo de certos alimentos. Esses são os fatores cancerígenos.
Essa doença pode atingir células sanguíneas (são os cânceres líquidos, assim por dizer) ou órgãos (os sólidos). No primeiro caso, por exemplo, enquadram-se as leucemias, que dão as caras na medula óssea – nossa fábrica de unidades sanguíneas – e os linfoma, formados nos gânglios linfáticos.
Os tumores sólidos, por sua vez, englobam os sarcomas, que atingem músculos, ossos e cartilagens e são mais prevalentes em pessoas jovens. Ou os carcinomas, que atingem o tecido epitelial – que recobre a pele e a maioria dos órgãos – e são mais comuns com a avançar da idade.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), estima-se que, em 2018, ocorrerão no Brasil cerca de 600 mil novos casos de câncer.

Sintomas e sinais

– Nódulos
– Dores
– Lesões
– Manchas
– Coceira
– Perda de peso
– Fadiga
– Febre frequente
– Sangue nas fezes ou na urina (câncer anal ou de bexiga)
– Rouquidão e dificuldade de fala (câncer de boca e garganta)
– Tosse persistente e sangramento nas vias respiratórias (câncer de pulmão)
– Anemia (leucemia)
– Dificuldade para urinar ou fazer xixi diversas vezes por dia (câncer de próstata)
– Confusão mental, distúrbios visuais, convulsões (câncer no cérebro)
Dependendo da localização e da agressividade, os sintomas podem demorar mais a aparecer. Isso, claro, impacta na precocidade do diagnóstico e nas chances de sucesso do tratamento.
Fora que esses sinais muitas vezes são confundidos com outros problemas de saúde – um indicativo de que podem sinalizar algo grave é o tempo. Ou seja, se o sintoma não tem motivo aparente e não desaparece após alguns dias, possivelmente está atrelado a alguma doença.

Fatores de risco

– Tabagismo
– Excesso de ingestão de bebida alcoólica
– Obesidade
– Alimentação desregrada: por exemplo, o consumo excessivo de alimentos industrializados ou embutidos, com substâncias como nitritos e nitratos, favoreceria tumores
– Sexo sem proteção
– Exposição a poluentes ou substâncias tóxicas, como amianto, arsênio e níquel
– Exposição prolongada aos raios solares sem proteção
– Radiação
– Remédios à base de hormônios
– Idade: o risco de sofrer de câncer duplica a cada cinco anos após os 25 anos de idade
– Infecções virais a exemplo de HPV e hepatite B
– Doenças inflamatórias como colite ulcerativa
– Herança genética

A prevenção

Embora o componente hereditário tenha participação importante no desenvolvimento de tumores, é possível se cercar de cuidados para reduzir o risco da doença.
Evitar a exposição ao sol entre as 10 e as 16 horas, assim como passar protetor, diminui bastante a probabilidade de câncer de pele, por exemplo. Não fumar afasta inúmeros tumores, dos de pulmão aos de intestino. Maneirar no álcool resguarda a boca e a garganta.
Já o HPV, responsável por praticamente todos os tumores de colo de útero, pode ser prevenido com uma simples vacina. Outras infecções cancerígenas, como a hepatite B, são preveníveis com uso de camisinha.
A dieta também tem peso importante. Um cardápio equilibrado, com frutas, legumes e verduras, abastece o corpo de nutrientes antioxidantes, que formam uma barreira contra os radicais livres, moléculas que podem danificar o DNA e originar uma célula tumoral.
Isso sem contar um considerável efeito indireto: quem opta por esse tipo de alimentação costuma ter mais facilidade em controlar o peso. E a obesidade promove processos inflamatórios e alteração dos níveis de certos hormônios, entre outras coisas que servem de estopim para a enfermidade.
Para ter ideia, estudos apontam ainda que uma alimentação com baixo teor de gordura diminui o risco de aparecimento de tumores de mama, intestino e próstata. Por outro lado, comidas gordurosas, embutidos, produtos processados cheios de conservantes e açúcar demais devem ter seu consumo restrito.

O diagnóstico

O ideal é que o câncer seja flagrado antes mesmo de o paciente apresentar sintomas. Quanto mais cedo o problema for detectado e tratado, maiores as chances de ser contido.
Pessoas com história de tumores malignos na família devem relatar esses casos ao médico. Para mulheres que tiveram mãe, tias ou avós com câncer de mama, por exemplo, o especialista poderá antecipar a solicitação de exames de ultrassom ou mamografia, em geral recomendado a partir dos 40 ou 50 anos de idade na população. E, independentemente do histórico familiar, o autoexame da mama é recomendado a partir dos 18 anos.
O ideal é conversar com um profissional para checar qual o acompanhamento mais adequado no seu caso. Se alguma alteração for observada, o passo seguinte será a realização de exames específicos para cada tipo de suspeita: ultrassom, testes de sangue, de fezes, biópsias.
De olho no diagnóstico precoce, os médicos costumam solicitar exames em consultas de rotina, a partir de determinada idade. Exemplo: acima dos 50 anos, homens e mulheres devem fazer exame para detecção de sangue de fezes, o que pode indicar câncer de intestino.
O toque retal é indicado anualmente para homens a partir dos 50 anos – ou antes, em certas situações –, assim como o teste de sangue para medir o PSA, substância produzida pela próstata e que, em níveis elevados, sugere que a glândula sexual masculina está sob ameaça.
E por aí vai.

O tratamento

A decisão sobre a estratégia de combate do câncer é complexa e envolve sua localização, o estágio da doença e as características moleculares dela. O próprio estado geral de saúde do paciente é importante, uma vez que certas medicações e os procedimentos podem provocar efeitos colaterais e abalar o organismo.
Muitas vezes, a terapêutica envolve a combinação de diferentes estratégias:
Quimioterapia
O paciente recebe remédios, em geral injetáveis, dotados de alta toxicidade. Eles vagam pela circulação e atacam praticamente toda célula que se reproduz de forma rápida e desordenada.
Mas, por essa mesma característica, o tratamento afeta também unidades saudáveis do corpo, gerando efeitos adversos como falha na imunidade, queda de cabelo, náusea, perda de apetite e de peso. Verdade que, hoje, as drogas são menos tóxicas do que antes e existem alternativas à disposição para controlar as reações indesejadas.
A quimioterapia é feita em sessões distribuídas num período de tempo após o qual o paciente é reavaliado. A depender do resultado, novas rodadas podem ser indicadas.
Radioterapia
O método se vale de raios de alta energia capazes de matar as células que formam o tumor, reduzindo seu tamanho e evitando sua disseminação. Como é quase impossível focar esses raios apenas na área doente, eles acabam prejudicando células sadias.
Atualmente, as máquinas emitem raios que contornam o tecido saudável sem atingi-lo em cheio. Com isso, lesões em órgãos próximos ao tumor são minimizadas ao mesmo tempo que a potência da radiação sobe, tornando o tratamento ainda mais letal contra a doença.
Reações como lesões na pele, náusea e perda de peso também podem acontecer. Assim como na quimioterapia, o tratamento é feito em sessões por um determinado tempo, com reavaliações periódicas.
Cirurgia
Esse tipo de intervenção pode ser escolhido para dar cabo de tumores mais localizados. Por exemplo: um câncer em estágio inicial nas mamas ou na próstata. Com o bisturi, o médico extrai a área afetada pela doença.
O paciente é acompanhado meses depois a fim de comprovar que não existem mais resquícios do problema. E talvez tome remédios para destruir eventuais células malignas escondidas. Com o avanço tecnológico, hoje tumores como os de próstata já são extirpados em cirurgias guiadas por robôs.
Também é possível que a cirurgia entre em cena para reduzir os estragos de um tumor já espalhado pelo organismo.
Terapia-alvo
Em resumo, são uma espécie de míssil teleguiado. Em vez de atacar o corpo todo, como a químio, esses remédios miram características únicas do câncer, impedindo que ele se prolifere ou matando-o de fome, assim por dizer.
Como se focam em alterações específicas, muitas vezes é necessário checar, por meio de exames laboratoriais, se o tumor do paciente em questão apresenta essas particularidades ou não. O desenvolvimento desse arsenal terapêutico acelerou muito o que se chama de individualização do tratamento oncológico.
Imunoterapia
A ideia é fazer com que o próprio sistema imune da pessoa seja capaz de reconhecer e atacar o tumor. O tratamento é feito com moléculas que instigam o nosso próprio sistema imunológico a reconhecer e atacar a doença.
Nos últimos anos, ela tem ganhado cada vez mais importância na oncologia. Hoje, já é usada contra cânceres de pele, rim, pulmão e por aí vai.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Gestante pode tomar vacina da gripe?

As mulheres grávidas não só podem como devem participar da campanha de vacinação de 2018 contra o vírus influenza – saiba o que fazer

A grávida deve tomar a vacina da gripe – ela inclusive tem direito à versão gratuita, que será oferecida na campanha de 2018 do Ministério da Saúde a partir do dia 23 de abril. Ao se imunizar contra essa doença, a mãe protege tanto a si própria como ao bebê.

Benefícios da vacinação na mulher grávida

Os diversos subtipos do vírus influenza podem causar mais estragos na gestação. “Durante a pandemia de gripe em 2009, vi muitas grávidas com quadros sérios da doença”, reitera a infectologista Rosana Richtmann, do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo.
Nelas, é mais comum que, além dos sintomas clássicos (febre, coriza, dor, indisposição), surjam complicações como pneumonia e outras infecções respiratórias. Em situações extremas, isso chega a levar à morte.
“Há uma hipótese de que isso ocorra porque a flutuação hormonal piora a resposta imunológica da paciente a vírus e bactérias”, explica Rosana. A distribuição de líquidos pelo corpo, que se altera nos nove meses, também teria a ver com a maior severidade.
Ao se vacinar, portanto, a futura mamãe evita a gripe e suas complicações. Não à toa, as últimas campanhas incluem as gestantes no grupo de risco, que tem direito à imunização gratuita.
Aliás, há um subtipo do vírus influenza – o H1N1 – que seria especialmente danoso às grávidas. A boa notícia é que a vacina de 2018 foi produzida para também nos proteger contra ele.

E as vantagens para o bebê

Quando recebe sua dose do imunizante, a mãe diminui inclusive a probabilidade de parto prematuro, uma situação que coloca ela e o filho em risco. “A principal causa de prematuridade são as infecções em geral”, relata Rosana.
Claro que, aí, não estamos falando apenas da gripe. Mas o fato é que o processo inflamatório decorrente da invasão do vírus pode, sim, antecipar o parto.
Além disso, os anticorpos produzidos pelo organismo da mãe a partir da vacinação passam para o feto através da placenta. Em outras palavras, a proteção contra a gripe vai se estender para o filho.
E por que isso é tão importante? Ora, antes dos 6 meses de vida, a criança não pode receber essa injeção. Logo, se a mãe não foi atrás de sua dose, o bebê fica suscetível às agressões do vírus influenza. Cabe ressaltar que o sistema imune do pequenino ainda é frágil nessa fase – se ele é infectado, corre maior risco de sofrer problemas graves.
“Até por isso, pedimos para que, dentro do possível, as pessoas que convivem com a criança também se vacinem”, reforça Rosana.
Veja: o imunizante não garante 100% de proteção, inclusive porque os diversos subtipos do vírus influenza estão sempre sofrendo mutações e circulando por lugares diferentes do planeta. Estima-se que 70% das pessoas que aplicam a dose de fato se resguardam contra esses inimigos da saúde.
Assim, pedir para todo mundo que está ao redor da gestante ou da criança aplicar a vacina é uma ótima maneira de afastar qualquer chance de a gripe atingi-las. Quanto menos gente capaz de transmitir a doença na casa, melhor.

A vacinação é segura durante a gestação?

Certamente. Ao contrário da vacina da febre amarela, por exemplo, o vírus colocado na composição do imunizante para a gripe é inativado. Ou seja, não há qualquer risco de ele se espalhar pelo corpo e causar estragos.
Mas por que então algumas pessoas tomam a picada e, depois, relatam sintomas da infecção? Em primeiro lugar, o sistema imune demora dias para produzir os anticorpos – e pode ser que o sujeito tenha entrado em contato com o vírus no ambiente nesse meio termo. É por isso que os experts pedem para a população se proteger antes do inverno, a estação oficial da gripe.
Segundo: como já dissemos, a eficácia da vacina é de 70%. Pode ser, portanto, que a dose não tenha surtido o efeito desejado.
De reações à vacina, é possível que o indivíduo apresente uma alergia local na pele. Entretanto, isso é raro. Ela só está proibida para quem tem alergia severa ao ovo, o que está longe de ser algo frequente.

Quando tomar

A rede pública vai começar a disponibilizar a vacina trivalente – contra as cepas H1N1, H3N2 e do tipo B Yamagata – a partir do dia 23 de abril de 2018. Já as clínicas particulares oferecem a versão quadrivalente, que também afasta o risco de infecção pelo tipo B Victoria. Seu custo varia entre 100 e 200 reais, mais ou menos.
A injeção pode ser administrada em qualquer período da gestação. “Aliás, quem está amamentando e não se imunizou também deveria se vacinar”, completa Rosana.
E que fique claro: a vacinação é anual. Não adianta a mulher achar que, como se protegeu no ano passado, não deve se preocupar agora que está grávida. Como o vírus da gripe está sempre se modificando, as vacinas devem ser adaptadas anualmente.
Um recado final: o bebê pode se vacinar a partir dos 6 meses de vida, se o médico achar conveniente. Só cabe ressaltar que, na primeira vez que uma criança menor de 9 anos receber a picada contra a gripe, será necessária uma dose de reforço.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Exame de ácido úrico: para que serve e o que é

Conheça o teste que mede essa substância no sangue ou na urina e quais doenças ele denuncia – de gota a problemas nos rins

O exame de ácido úrico acusa a alta ou baixa concentração dessa substância no nosso corpo. Como? Basicamente a partir de uma amostra de sangue ou de urina do paciente.
A título de curiosidade, o ácido úrico é resultado do metabolismo das purinas, compostos encontrados principalmente nas células do corpo humano e em alguns alimentos.

Para que serve o exame

Para checar o excesso (hiperuricemia) ou a falta (hipouricemia) do ácido úrico no organismo. No primeiro caso, ele se deposita em alguns órgãos, como os rins, e lá causa a formação de cálculos renais (as dolorosas pedras) e até insuficiência.
Além disso, sua abundância afeta as articulações e é um sinal importante da doença conhecida como gota, que causa inflamação e dor intensa. Alguns estudos relacionam níveis altos de ácido úrico a um maior risco para o desenvolvimento de disfunções cardiovasculares.
Já a hipouricemia é uma condição mais rara. Ela está ligada a determinados males hepáticos e renais, assim como à exposição de substâncias tóxicas.

Como é feito o teste

Com uma coleta simples de sangue, realizada em poucos minutos. O ácido úrico também pode ser medido na urina, quando o alvo da análise são os cálculos renais.

Os resultados

Eles variam entre os laboratórios e necessitam de uma análise do médico. Contudo, normalmente são considerados saudáveis:
Para homens: entre 3,4 a 7 mg/dl de ácido úrico
Para mulheres: entre 2,4 e 6 mg/dl

Periodicidade

Costuma ser solicitado conforme a suspeita de gota ou outros distúrbios sistêmicos. As gestantes fazem o exame para investigar condições específicas, como a toxemia gravídica.
Ele também pode entrar em alguns exames de checkup. Porém, não há qualquer recomendação específica para a população saudável.

Cuidados e contraindicações

O jejum não é obrigatório, mas precisa ser debatido. Já a ingestão de analgésicos pode alterar o nível das purinas – que dão origem ao ácido úrico – no sangue. Por isso, o ideal é informar o uso de qualquer medicamento ao profissional que pediu o teste.
Fonte: Helio Magarinos Torres Filho, patologista e diretor do laboratório Richet Medicina & Diagnóstico, em São Paulo.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

A força que vem dos likes

Como as mensagens de apoio recebidas dos milhões de seguidores na internet ajudam a modelo Nara Almeida a enfrentar um câncer raro

Crédito: Divulgação
A carreira de modelo da maranhense Nara Almeida começava a decolar em meados de 2017 quando ela recebeu um diagnóstico desalentador. As fortes dores que ela sentia no estômago eram causadas por um câncer. Abalada, decidiu compartilhar a notícia com os milhares de seguidores que já a acompanhavam no Instagram. “A única coisa que conseguia fazer era chorar, mas não era um choro de tristeza”, escreveu. “Compartilharei tudo que servir de inspiração, tudo que faça com que vocês saiam do automático”. A decisão, ousada, fez com que um número cada vez maior de pessoas passasse a curtir e a apoiar a modelo a cada etapa do tratamento, mandando mensagens de força. Nara se tornou assim um grande exemplo da luta contra o câncer para a geração que está habituada a seguir influenciadores digitais e youtubers apenas para saber o que vestem, comem ou como se divertem. Desta vez foi diferente. “As pessoas têm a tendência a se mostrarem empáticas com aquelas que estão vivendo um momento mais complicado”, afirma o psicólogo Yuri Busin. Os números na conta de Nara no Instagram reforçam a ideia da empatia. Hoje, ela tem 3,2 milhões de seguidores — e suas postagens atingem cerca de 800 mil curtidas cada. Antes da doença, a média era de 7 mil. Ela recebeu também o apoio de diversas celebridades. A cantora Larissa Manoela, por exemplo, pagou uma viagem para que a mãe de Nara encontrasse a filha após quase 20 anos. Cada postagem sua recebe manifestações carinhosas de Adriane Galisteu, Sabrina Sato e outras famosas.
O grande alcance que a modelo tem nas redes sociais também ajuda a desmistificar a doença e serve de apoio para aqueles que enfrentam uma situação parecida. “Muitas pessoas buscam compensação emocional nas redes sociais para algo que estão sentindo”, diz Busin. Este é um caso em que essa busca tem um efeito benéfico. Segundo o psicólogo, muitos se sentem solitários após um diagnóstico como o de Nara. A rede que se formou em torno da modelo, que não esconde nenhuma etapa do tratamento e aborda temas como depressão e a gravidade dos tratamentos contra o câncer, pode oferecer informação e conforto.
Nara nasceu na pequena cidade maranhense de João Lisboa. Foi criada pelos avós e começou a trabalhar muito cedo. Mudou-se para Goiânia antes de se instalar definitivamente em São Paulo. Lançou uma confecção e vendia peças pela internet. Suas fotos começaram a atrair mais seguidores e ela chegou a firmar parcerias com algumas marcas. Foi nesse momento que descobriu o câncer no estômago, comum em mulheres idosas, mas bastante raro na idade de Nara. Ela vem passando por sessões de quimioterapia e radioterapia para conter o avanço do tumor. Atualmente, vive ao lado do namorado, o youtuber Pedro Rocha, e recebe o apoio da sogra e da mãe.
DIA A DIA Imagens de Nara na praia, internada e antes de receber o diagnóstico: cada momento é seguido por milhões
O risco da exposição
Evidentemente, redes sociais não amplificam apenas mensagens positivas. Logo no início do tratamento, Nara foi à praia e postou fotos em que aparecia de biquíni. Recebeu mensagens de pessoas perguntando sobre a dieta que estava fazendo. “Só eu sei o quanto estou debilitada. Não consigo me alimentar mais”, escreveu. “Uma mensagem pode mudar seu dia. Para melhor… ou pior”, disse ela em outra postagem.
“Muitos pacientes sentem necessidade de compartilhar suas histórias. Mas sempre avisamos que eles precisam estar preparados para encarar comentários negativos e críticas”, afirma o psicólogo Busin. Se a pessoa estiver ciente dessa possibilidade, o compartilhamento costuma ter mais benefícios do que contra-indicações.