sexta-feira, 29 de junho de 2018

Saiba o que os planos de saúde não podem cobrar do cliente

Usuário de convênios terá quatro atendimentos médicos por ano sem pagar mais

Por O Dia
Novas regras para planos de saúde passam a valer em 180 dias
Novas regras para planos de saúde passam a valer em 180 dias -
Rio - Consultas médicas, exames preventivos e tratamentos de doenças crônicas não podem sofrer cobrança adicional de até 40% do valor do serviço, a título de coparticipação e franquias. As novas regras da Agência Nacional de Saúde (ANS) permitem que usuários tenham quatro atendimentos com médicos generalistas (clínico-geral, médico da família, pediatra, ginecologista e geriatra) por ano sem ter que pagar nada além da mensalidade. Mamografia para mulheres de 40 a 69 anos (um exame a cada dois anos), papanicolau de paciente de 21 a 65 anos, glicemia de jejum para maiores de 50 anos e teste de HIV são exames preventivos que não terão cobrança extra. Ao todo, 250 procedimento estão isentos.
Nesta quinta-feira, a ANS publicou norma que permite que operadoras cobrem até 40% do valor de outros serviços de duas modalidades de convênios: coparticipação (quando o cliente arca com parte dos custos do atendimento sempre que usa o plano) e franquia (que funciona como nos casos de seguros de veículos). As regras só valem para contratos novos.
As operadoras poderão, no entanto, continuar vendendo planos sem franquia ou coparticipação, mas os produtos deverão ser de 20% a 30% mais baratos. A norma entra em vigor em seis meses, para as empresas se adaptarem.
Também estão na lista de isentos, tratamentos crônicos cobertos integralmente em qualquer circunstância como hemodiálise e oncológicos de radioterapia e quimioterapia. Ficam de fora exames solicitados durante pré-natal, dez consultas com obstetra e testes em recém-nascidos (pezinho).
Além disso, não entram na regra atendimentos feitos em pronto-socorro, que não terão incidência do limite de até 40% de coparticipação por procedimento. No entanto, o plano poderá cobrar valor fixo e único a cada atendimento, que ficará limitado à metade da mensalidade do beneficiário e não poderá ser superior ao valor pago pela operadora ao hospital ou clínica.
Segundo a Agência Estadão Conteúdo, todas as cobranças com franquia e coparticipação devem ter um valor máximo por ano. Assim, a parte que será paga pelo beneficiário no somatório de 12 meses terá como teto o mesmo que for desembolsado de mensalidade em um ano. Ou seja, se o total pago for de R$ 6 mil (mensalidade de R$ 500), este será o limite para gastos extras com franquia e coparticipação, diluídos ao longo dos meses.
O limite de cobrança pode ser aumentado em 50% no caso de planos coletivos empresariais (67% do mercado). Mas precisa ser acordado em convenção coletiva. O limite poderia chegar a R$ 9 mil por ano.

Teto vale para as franquias

O teto de 40% também deverá ser respeitado para os planos com franquia, mas a cobrança nesse caso será diferente, que poderá ser aplicada de duas formas: dedutível acumulada, quando a operadora não se responsabiliza pela cobertura das despesas até que seja atingido o valor previsto no contrato; limitada por acesso ao ser estipulado um valor de franquia por procedimento e não por ano.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) se diz preocupado pelo endividamento dos beneficiários. A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) acredita que o mercado de planos com coparticipação e franquia deve se expandir, com os produtos ficando mais baratos.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

O que o goleiro Alisson Becker tem na pele?

As manchas vermelhas na pele do jogador da seleção brasileira instigaram muita curiosidade. Conheça a rosácea, problema que é o provável causador das marcas

Saindo das quatro linhas do campo, um assunto que gerou bafafá nesta Copa do Mundo é o problema de pele apresentado por Alisson Becker, o goleiro da seleção brasileira. O jogador de 25 anos até brincou com o tema em uma coletiva de imprensa, dizendo que a vermelhidão no rosto seria resultado da “puberdade”. Apesar de as manchas e bolinhas no rosto lembrarem muito um quadro de acne, a coordenadora científica da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Denise Steiner, acha que provavelmente estamos diante de um caso de rosácea.
De acordo com a dermatologista, essa confusão é normal porque ambas as inflamações deixam a pele avermelhada. Porém, no caso da acne, a alteração ocorre apenas na área da espinha. Já a rosácea atinge uma extensão maior.
“Ele parece ter algumas cicatrizes de acne antigas, e elas tornam um pouco mais difícil a distinção de uma alteração da outra. Mas, por apresentar placas meio avermelhadas sempre iguais no rosto, tudo indica que seja rosácea mesmo”, afirma.

Saiba mais sobre a rosácea

O que é?
A rosácea é uma alteração inflamatória da pele e não tem uma causa definida precisamente. Os vasos ficam dilatados e, a face, mais avermelhada. É uma doença crônica e não infecciosa.

Quais são os sintomas?

O paciente sente ardência e a derme fica ressecada e bastante vermelha.

Quem são os mais afetados?

Mulheres e indivíduos de pele clara. “Normalmente, são pessoas um pouco mais velhas. Mas a rosácea também pode ocorrer nos mais novos. Já a acne é comum na população jovem”, explica a especialista.

Qual a diferença entre rosácea e acne?

Além de gerar vermelhidão em pontos específicos, a acne é uma inflamação ligada ao folículo pilosebáceo – e acontece quando há um acúmulo de sebo no local. Por isso, ela é considerada uma doença desse folículo e não da pele em si, diferente da rosácea.
“A dúvida pode acontecer porque, na rosácea, às vezes surgem pápulas [lesões elevadas] no rosto parecidíssimas com as da acne. Tanto que durante muito tempo ela foi chamada de acne rosácea, justamente por causa dessa dificuldade de fazer o diagnóstico”, lembra a dermatologista.

Por que ela acontece?

A rosácea é considerada uma doença psicossomática. Ou seja, fatores como o estresse e o cansaço podem levar a sua piora.
Questões ambientais, a exemplo de mudanças bruscas de temperatura ou exposição excessiva ao ar-condicionado, também pode desencadear uma crise. Além disso, o agravamento do quadro pode ocorrer com a ingestão de bebidas alcoólicas e alimentos picantes, já que eles causam dilatação dos vasos.
“No caso do Alisson, é possível que a Copa tenha sido um fator desencadeador de piora. E provavelmente ele não está sendo medicado para evitar problemas de doping na competição”, analisa Denise.

Como é feito o tratamento?

Depende do tipo de rosácea. Quando a derme está só avermelhada, o paciente pode aplicar cremes calmantes – de preferência com lipídeos, ceramida ou ácido hialurônico na fórmula – e anti-inflamatórios, além de fazer tratamentos a laser para amenizar o tom da pele. Porém, se ela for do tipo pápula pustular (quando as lesões são parecidas com espinhas), devem ser receitados antibióticos.
“A pele com rosácea precisa ser constantemente hidratada com cremes e protegida com filtro solar. Afinal, toda vez que ela é agredida, a inflamação piora”, finaliza a médica.
Fonte: Dra. Denise Steiner, dermatologista e coordenadora científica da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Vírus Influenza Número de mortes por gripe no CE é o maior em 10 anos


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As pessoas que têm fatores de risco são mais propícias a desenvolver a forma grave da doença, que evolui muito rápido e pode levar a óbito, por isso a Sesa tem reforçado a vacinação desse grupo ( FOTO: REINALDO JORGE )
Os números não são positivos para o Ceará no que diz respeito à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). De acordo com os dados divulgados pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) no início desta semana, por meio do boletim epidemiológico de influenza, 68 óbitos provocados por esse vírus foram contabilizados até o dia 19 de junho. O número é superior ao total de mortes por influenza registradas no Estado de 2009 a 2017.
Em um âmbito mais abrangente, a quantidade de óbitos por SRAG contabilizados no Ceará em 2018 também é alarmante: 130 casos, o que representa um aumento considerável em comparação ao ano de 2016, que registrou 40 mortes, o maior número até então.
"A influenza ocorre sazonalmente, mas em intervalos regulares, ela pode resultar em formas graves da doença. Cada cenário pode ser modificado pela chegada de um novo vírus, já que o vírus da influenza tem um grande potencial de mutação", explica Daniele Queiroz, coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesa. Segundo ela, as mudanças sofridas pelo agente causador da gripe faz com que a população perca sua imunidade, uma vez que o vírus passa a ser diferente.
A coordenadora ressalta que as alterações são monitoradas através de pesquisas realizadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, para onde as amostras do Ceará estão sendo encaminhadas. A partir da análise, é possível averiguar a diferença entre o vírus que circulava antes e o atual. "As pessoas que têm fatores de risco são mais propícias a desenvolver a forma grave da doença, que evolui muito rápido e pode levar a óbito, por isso reforçamos tanto a vacinação desse grupo", diz.
Alerta
"É preciso lembrar que a influenza está em grande evidência, e isso faz com que os profissionais de saúde fiquem mais alertas para cada ocorrência e, por isso, notifiquem casos o ano inteiro", destaca Daniele Queiroz. O mesmo não ocorria em outros anos, quando a influenza não tinha o mesmo destaque.
Em relação aos 68 óbitos pela gripe registrados no Estado, 75% destes foram causados por influenza A (H1N1), 5,8% por influenza A H3/sazonal, 4,4% por influenza A não subtipado, e 14,7% por influenza B.
De acordo com o infectologista Robério Leite, não há muita diferença clínica entre os vírus, mas a influenza A H3N2 tende a ser um pouco mais grave. "Para pessoas de maior risco, como bebês, gestantes e idosos, ou pessoas com doenças crônicas, esses pacientes tendem a ter casos mais graves, mas a maioria dos quadros de influenza A ou B tendem a ser mais leves", explica.
Ainda conforme o boletim epidemiológico, 2018 apresentou o maior número de casos de SRAG notificados desde 2009, um total de 1.297, bem como o maior número de casos de influenza, que chegou a 419. Foi também incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave por influenza, com 4,67 casos por 100 mil habitantes. "Na época do ano em que o vírus circula mais, se o médico avaliar e o paciente tiver um quadro de tosse, coriza, febre e desconforto respiratório, ele está caracterizando a SRAG, e se não tem um diagnóstico claro, deve ser tratado como se fosse uma infecção por influenza", afirma Robério.

evolução

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Morte súbita é a principal preocupação da epilepsia. Veja como prevenir

Episódios acontecem durante a noite, quando o indivíduo está dormindo. Mas algumas medidas básicas diminuem o risco

A epilepsia é uma desordem neurológica marcada por uma desregulação no sistema elétrico do cérebro. Durante a crise, as células nervosas começam a se comportar de forma anormal e exagerada, o que leva à perda de consciência, movimentos involuntários dos músculos, náuseas e vômitos.
Felizmente, as medicações disponíveis são capazes de manter a enfermidade sob controle em pelo menos dois terços dos casos. É vital obedecer as recomendações do médico e não abandonar o tratamento de jeito nenhum. Durante o Congresso Cérebro, Comportamento e Emoções, realizado na cidade gaúcha de Gramado, especialistas apresentaram estratégias para evitar a morte súbita, um dos maiores temores nessa doença. 
“O sujeito tem uma vida normal, vai dormir e, no outro dia, é encontrado morto em sua cama”, caracteriza o neurologista Philippe Ryvlin, da Universidade de Lyon, na França. Isso geralmente acontece em decorrência de uma crise convulsiva generalizada, que toma todo o cérebro e surge ao longo das horas de sono.
Ter mais de três episódios convulsivos durante um ano já eleva o risco de morte súbita em mais de 50%. “Nos momentos seguintes ao quadro, regiões neurais que regulam a respiração não funcionam direito e a falta de oxigênio leva ao óbito”, completa o expert.

Então, o que fazer?

Esse cenário terrível mantém muitas pessoas com o transtorno num eterno estado de tensão. Mas é possível minimizar esse perigo ao colocar em prática algumas recomendações. “A regra número um é reduzir o máximo possível os episódios de convulsão por meio da terapia medicamentosa mais indicada para aquele paciente”, esclarece o neurologista André Palmini, do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Manter um membro da família de sobreaviso é outra atitude inteligente. Se esse parente não dormir no mesmo quarto, é possível instalar nos dois cômodos aquelas babás eletrônicas, comumente utilizadas para monitorar recém-nascidos. Caso algum barulho estranho soe nos aparelhos de comunicação, vale checar se está tudo bem.
Muitas vezes, um pequeno chacoalhão ou um toque nos ombros da pessoa logo após a crise já ajuda a despertar e voltar às funções normais. Converse também com o médico que acompanha o caso sobre a possibilidade de deixar um tubo de oxigênio por perto para alguma eventualidade.

Mãozinha da tecnologia

Uma novidade na área são dispositivos vestíveis que ajudam a detectar a crise epiléptica em seus estágios iniciais. “Eles estão aprovados nos Estados Unidos desde o ano passado e monitoram os movimentos, a contração dos músculos e as alterações em condutores que temos na pele” explica Ryvlin. A invenção se comunica com algum familiar ou amigo e emite o alerta de que algo está errado.
“Apesar de já ser possível importar alguns desses produtos, nós também estamos desenvolvendo aparelhos deste tipo aqui no Brasil”, revela o médico Fernando Cendes, professor titular de neurologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em breve, as versões internacionais e nacionais devem estar a venda em nosso país.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Gota: da prevenção ao tratamento

Saiba tudo sobre essa doença inflamatória que afeta as articulações, causando inchaço e muita dor

Inchaço e dores intensas nas juntas, sobretudo no dedão do pé, são os principais sinais da gota, doença inflamatória causada por uma sobrecarga de ácido úrico no sangue – condição que os médicos chamam de hiperuricemia. Quando o excesso de produção dessa substância não é eliminado pelos rins, ela acaba se acumulando nas articulações. Nesses pontos, o depósito dá origem a cristais de urato, despertando os surtos dolorosos da doença, um tipo de artrite.
O DNA está por trás da encrenca. Algumas pessoas produzem ácido úrico aos montes ou não conseguem eliminá-lo adequadamente pelos rins – daí porque ele aparece em alta concentração no sangue, contribuindo para o surgimento da gota.

De onde vem tal ácido úrico?

Ele surge no organismo a partir da decomposição de uma substância chamada purina. Esta, por sua vez, tem duas fontes. A primeira, interna, deve-se a um processo natural de renovação das células. Quando uma delas morre, seu DNA se desintegra, dando origem a moléculas de purina. Esse mecanismo responde por 80% do ácido úrico no corpo. Os outros 20% vêm dos alimentos ricos na substância, entre eles carnes vermelhas, anchovas, aspargos, cogumelos e pães doces.
Hábitos que levam à obesidade e à síndrome metabólica – quadro marcado por problemas como hipertensão, colesterol alto e diabetes – elevam o risco de ter gota. O abuso de medicamentos como diuréticos e ácido acetilsalicílico são outros fatores desencadeadores do sofrimento.

Onde a dor pega

A gota, em geral, afeta uma articulação por vez, começando preferencialmente pelo dedão do pé e se expandindo para as juntas do joelho, tornozelo e atingindo até mão, punho e cotovelo.
A frequência e a duração dos episódios variam de pessoa para pessoa. Algumas podem ter uma crise súbita que desaparece para nunca mais voltar. Mas, na maioria das vezes, o problema tem início com surtos de curta duração – uma semana, em média – e que demoram a reaparecer. Se a gota não for tratada, as dores e o inchaço vão ficando cada vez mais corriqueiros, com impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes.

Sinais e sintomas

– Dor nas articulações, sobretudo no dedão do pé
– Inchaço
– Vermelhidão na pele
– Rigidez nas articulações
– Elevação de temperatura

Fatores de risco

– Homens são mais propensos a ter gota do que mulheres
– O distúrbio aparece, em geral, entre os 40 e os 50 anos de idade
– Excesso de carne, peixes e frutos do mar na dieta aumentam o risco da doença
– Ingestão exagerada de álcool (sobretudo cerveja, que tem alta concentração de purina)
– Alto consumo de refrigerante
– Abuso de medicamentos como diuréticos e ácido acetilsalicílico
– Obesidade
– Colesterol alto
– Predisposição genética

A prevenção

Como cerca de 20% do ácido úrico no corpo vem da alimentação, quem tem predisposição à gota deve pegar leve na ingestão de itens que aumentam a formação da substância, como carnes, peixes e frutos do mar, embutidos, feijão e grão-de-bico.
O álcool também deve ser evitado, porque reduz a eliminação do ácido úrico pelos rins. A cerveja é uma das bebidas que mais exigem moderação nesse caso: além de álcool, ela tem cevada, cereal repleto de purina, a molécula cuja decomposição estimula a produção do ácido.
A melhor sugestão é optar por um menu equilibrado, farto em vegetais e não tão carregado desses itens perigosos. Refrigerantes e sucos industrializados integram a lista dos malfeitores.
A atividade física também é bem-vinda, porque ajuda na manutenção do peso e na prevenção das desordens que intensificam o risco de aparecimento das dores nas juntas – durante as crises, claro, é preciso suspender a malhação.

O diagnóstico

Em primeiro lugar, é bom esclarecer: nem todo mundo com alto nível de ácido úrico no sangue vai necessariamente ter gota. A carga genética que atua na capacidade de eliminação do excesso pela urina determina o aparecimento (ou não) da doença. Além disso, os problemas nas articulações podem ser consequência de outros distúrbios, como reumatismo e artrose.
Na consulta, o reumatologista vai levantar a história clínica do paciente, informando-se de eventuais casos de gota na família – este, sim, um fator de risco relevante. Um exame de sangue apontará se as taxas de ácidos úrico estão altas. A questão é que, algumas vezes, mesmo durante as crises, os índices estão dentro da faixa normal. Então o médico pode solicitar que seja colhido o líquido da articulação alterada. O material será analisado para detectar a presença de cristais, achado que contribui para fechar o diagnóstico.

O tratamento

Não há cura para a gota, mas a doença pode ser controlada. Repouso e uso de bolsas de gelo no local afetado são providências bem-vindas para atenuar as dores, normalmente bastante intensas. Também como forma de reduzir o martírio, o médico receita anti-inflamatório e analgésico.
Para direcionar o tratamento com foco na prevenção de novas crises, o reumatologista investigará se a doença é causada pela hiperprodução de ácido úrico, forma mais rara do distúrbio. Nesse caso, ele vai prescrever remédios para baixar a síntese da substância pelo organismo.
Se o acúmulo de ácido úrico se deve a falhas na sua eliminação pela urina, causa mais frequente da gota, a receita indicará um medicamento capaz de estimular esse processo.
Em ambos os casos, os comprimidos devem ser tomados diariamente, e surtos graves e frequentes exigem que o tratamento se estenda pela vida toda – sempre com acompanhamento do especialista para ajustar a dosagem e contornar efeitos colaterais dos medicamentos.
Aos remédios se juntam as recomendações sobre dieta, com ênfase na moderação de alimentos repletos de purina. Pacientes acima do peso serão orientados ainda a adotar hábitos capazes de eliminar os quilos extras, apostando em cardápios mais leves e aderindo a um programa de exercícios físicos adequado ao seu perfil.

terça-feira, 19 de junho de 2018

Inverno é a melhor época para realizar alguns tratamentos na pele

Peelings e procedimentos a laser devem ser feitos preferencialmente na época mais fria do ano

 
Quando falamos de cuidados com a pele no inverno, a necessidade de combater o ressecamento é a primeira coisa que vem à mente. Porém, essa estação não combina somente com o uso de produtos hidratantes. Trata-se da melhor época para investir em procedimentos estéticos, como peelings químicos, ultrassom microfocado, luz pulsada e tratamentos feitos com lasers, como depilação e remoção de tatuagem e olheiras.
“Quando fazemos esse tipo de procedimento, a pele é destruída como um todo e, por isso, fica muito sensível. Evitar a exposição ao sol auxilia em sua reconstrução”, explica a dermatologista Tatiana Gabbi, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Como a incidência dos raios solares é menor no inverno, fica mais fácil seguir essa orientação. Além disso, os resultados das intervenções estéticas são potencializados, já que a temperatura ambiente ajuda na recuperação.
Mas algumas técnicas realizadas com radiofrequência – como as que prometem combater celulite e flacidez – podem ser feitas em qualquer estação do ano.

Cuidados necessários

Ainda que a incidência da luz natural seja menor no inverno, não significa que você não deva prestar atenção em outros comportamentos. Cada técnica tem recomendações específicas após sua realização, mas, em todos os casos, a dermatologista aconselha usar sabonetes suaves, algum produto hidratante que tenha a proposta de cicatrizar a pele e, claro, o filtro solar.
“Uma outra coisa que ajuda na recuperação é aplicar compressas geladas e água termal logo depois do procedimento, sempre protegendo com uma toalha”, acrescenta Tatiana.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Criminosos roubam R$ 1 milhão em remédios para tratamento de câncer em clínica na Barra

Nenhum suspeito foi preso

Por O Dia
Centro de Excelência Oncológica
Centro de Excelência Oncológica -
Rio - Criminosos invadiram o Centro Excelência Oncológica da Unimed, na manhã desta quinta-feira, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. De acordo com a Polícia Militar, os assaltantes, que conseguiram fugir, roubaram medicamentos para tratamento de câncer avaliados em R$ 1 milhão. 
Ainda segundo a PM, os militares do 31º BPM (Recreio) foram acionados pela Central 190 por denúncia de roubo a uma clínica de oncologia localizada na Avenida das Américas. No local a equipe foi informada pelo responsável pela empresa que quatro criminosos renderam os funcionários, roubaram medicamentos e fugiram em um veículo.
Os policiais militares realizaram buscas dos criminosos, porém sem sucesso. Nenhum suspeito foi preso. A ocorrência foi registrada na 16ª DP (Barra).
Em nota, o Centro de Excelência Oncológica lamentou o incidente ocorrido nesta manhã e informa que já comunicou as autoridades competentes, que conduzirão a investigação.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Teste genético se torna decisivo no tratamento do câncer

Trabalhos apresentados no evento de oncologia mais importante do mundo reforçam importância de vasculhar o DNA antes de escolher o melhor remédio

Foi-se o tempo em que o local inicial de um câncer era o único fator que o médico levava em conta na hora de prescrever a terapia para o paciente. A chegada de testes genéticos modernos e baratos mudou de vez o combate a diferentes tipos de tumores. A estratégia, já discutida há alguns anos, foi um dos temas de destaque do Congresso da Associação de Americana de Oncologia Clínica (Asco), que ocorreu em Chicago, durante a semana passada.
Vamos dar um exemplo: cientistas do MD Anderson Cancer Center, que também fica nos Estados Unidos, acompanharam mais de 1 300 pacientes com a doença. Aqueles em que o teste genético havia encontrado alguma mutação tiveram o dobro de sobrevida em relação ao grupo que não fez exames do tipo.

Não é só teoria

“No último congresso, coroamos o conceito de que esses métodos de diagnóstico e análise vão definir claramente a estratégia e o manejo daquele tumor e se tornarão cada vez mais uma necessidade para realizar uma boa medicina”, comenta o oncologista Stephen Stefani, membro da Asco e do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre.
Esse movimento todo só foi possível graças à chegada de novos remédios, principalmente os integrantes da classe dos imunoterápicos. Algumas dessas drogas já estão aprovadas para certos tipos de tumores que apresentam determinadas características genéticas, independentemente do lugar onde o problema se iniciou. “Isso abriu muito as nossas possibilidades e escolhas, além de permitir adicionar e misturar diversas opções terapêuticas, como incluir a quimioterapia ao longo do tratamento”, acrescenta Stefani.
O uso de exames que vasculham o DNA já é realidade para alguns dos tumores mais comuns entre a população. É o caso do câncer de mama, de pulmão e o colorretal. “Em alguns casos, está demonstrado até que é possível evitar determinadas opções de tratamento que não beneficiariam aquele paciente com certas características”, finaliza o expert.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Exame de sangue poderá detectar câncer de pulmão em estágio inicial

Estudo mostra que um simples teste sanguíneo seria capaz de identificar fragmentos de DNA do tumor na circulação

Pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute, nos Estados Unidos, divulgaram recentemente um estudo que mostra a possibilidade de detectar o câncer de pulmão na sua fase inicial por meio de um simples exame de sangue. A descoberta foi apresentada no Encontro Anual da Asco (American Society of Clinical Oncology), em Chicago, e representa um grande avanço na medicina.
O diagnóstico funcionaria da seguinte maneira: ao se instalar no pulmão, o tumor pode liberar pequenos fragmentos de DNA na circulação. O exame de sangue avaliaria a expressão gênica desses pedaços usando o sequenciamento do genoma – que é uma espécie de assinatura do código genético. Dessa forma, o médico seria capaz de flagrar a presença do câncer na leitura do resultado.
“Diagnósticos prematuros são a chave para aumentar a taxa de sobrevida desses pacientes. E um simples exame de sangue que pode ser analisado no consultório médico teria um grande impacto nesse índice”, afirmaram os pesquisadores em um comunicado à imprensa.
“É um grande sonho dos médicos e dos pacientes conseguir identificar a doença na fase inicial. Isso só está sendo possível devido ao avanço tecnológico”, analisa Jacques Tabacof, oncologista do Grupo Oncoclínicas. “Quem sabe um dia possamos usar esse exame para achar tumores na população em geral”, imagina o médico. De acordo com ele, essa é uma tecnologia que, a princípio, ajudaria a detectar outros tipos de câncer.
Apesar de os resultados serem animadores, os estudos ainda estão em fase inicial e, portanto, longe de serem implantados nas clínicas. “Antes de ser amplamente utilizado, é necessária uma validação adicional usando um conjunto de dados maiores e estudos envolvendo pessoas que não foram diagnosticadas com a doença”, avisam os experts.

Saiba mais sobre a pesquisa

O estudo contou com a participação de mais de 12 mil voluntários de 141 lugares dos Estados Unidos e do Canadá, sendo que 70% deles tinham câncer de vários tipos. Porém, na fase inicial, foram avaliados apenas 1 700 participantes – 127 acometidos pelo tumor no pulmão.
Os primeiros achados mostraram que o exame de sangue poderia detectar a doença com uma baixa taxa de falsos positivos (menos de 1%). Esse nome diz respeito aos resultados que indicam que uma pessoa tem um tumor quando, na verdade, não apresenta a doença.
Esse é um problema enfrentado no diagnóstico do câncer de pulmão hoje em dia. “Atualmente, o rastreamento é feito com tomografia com baixa dose de radiação apenas nos fumantes ou ex-fumantes. Porém, essa metodologia ocasiona uma alta taxa de falsos positivos. A maioria dos pequenos nódulos encontrados no pulmão através desse exame não são tumores. Podem ser cicatrizes e até tuberculose”, ensina Tabacof.
O estudo constatou ainda que mais de 54% das mutações somáticas (ou seja, não herdadas) detectadas em amostras de sangue eram derivadas de glóbulos brancos e não de tumores. Isso significa que algumas células que poderiam ser identificadas como nódulos malignos eram, na realidade, mutações geradas provavelmente por processos naturais de envelhecimento (os cientistas chamam isso de clones hematopoiéticos).
Segundo Geoffrey R. Oxnard, líder da investigação, esses dados precisam ser levados em conta ao desenvolver testes sanguíneos para a detecção precoce de cânceres no sangue.

Câncer de pulmão é o tumor maligno mais letal

Associado ao consumo de derivados de tabaco em 90% dos casos, o tumor de pulmão é o que mais mata – além de figurar como um dos mais comuns. Segundo informações do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), a doença foi responsável por 24 490 mortes em 2013 no Brasil. De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), estima-se que surjam 18 740 novos casos entre homens e 12 530 nas mulheres em 2018.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Chá de salsa é bom para quem tem hipertensão?

Há quem diga que ele ajuda a controlar os níveis de pressão arterial. Investigamos essa história

A hipertensão atinge cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo sem distinguir sexo, etnia, religião ou classe social. Por ser uma doença extremamente comum, é normal que surjam crendices populares sobre remédios naturais e tratamentos que supostamente ajudariam a controlar a pressão. Um deles é o chá de salsa. O leitor Bruno Alves trouxe esse questionamento: será que a bebida faz bem para quem tem pressão alta?
Quem nos responde é Valeria Arruda, diretora do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). “Não existe embasamento científico expressivo para confirmar isso. Os poucos estudos que mostram esse efeito foram realizados com animais e utilizaram apenas o extrato da semente da salsa”, afirma a nutricionista.
De acordo com ela, existem diversos compostos bioativos sendo estudados para auxiliar no controle de várias doenças, mas o chá de salsa não faz parte desse grupo. Ainda assim, você não precisa excluir a planta do seu prato. A salsa é rica em vitaminas A, B1, B2 e C e também é fonte de minerais como cálcio, potássio, fósforo, enxofre, magnésio e ferro. Pode recrutá-la como tempero – e sem medo!

O que dá para mudar à mesa

Em termos de alimentação para auxiliar no controle da hipertensão, não tem jeito: o principal recado é ficar muito atento ao consumo de sódio, mineral presente no sal de cozinha e em muitos produtos industrializados. Em excesso, ele contribui para o aperto dos vasos sanguíneos e a subida da pressão.
Dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada pelo IBGE no período de 2008 a 2009 em 55 970 domicílios, mostraram uma ingestão de 4,7 gramas de sódio por pessoa ao dia (considerando o consumo diário de 2 000 calorias). Esse número excede em mais de duas vezes o consumo máximo recomendado do nutriente, que é de 2 gramas ao dia.
Em 2014, na pesquisa Vigitel, conduzida pelo Ministério da Saúde, outro dado chamou a atenção: apenas 15,5% das pessoas entrevistadas relataram reconhecer um conteúdo alto ou muito alto de sódio nos alimentos. “Isso nos preocupa bastante, ainda mais porque que a população vem aumentando o consumo de itens industrializados, que são ricos no mineral”, aponta Valeria.
E o alerta para maneirar no sódio vale para todo mundo, já que uma porção de gente convive com a hipertensão e nem sabe – ou está em risco para desenvolver o problema.
Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), um em cada quatro adultos no Brasil são hipertensos. A doença é responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal no país.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Chikungunya: o pior ainda está por vir

Presidente da Sociedade Brasileira de Virologia acredita que, em um ou dois anos, doença que pode causar dor crônica durante meses terá um pico de infestações

Rio - Não é fake news para alarmar a população. O alerta vem do presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Maurício Lacerda Nogueira. "Nós já vivemos a tempestade perfeita da zyka. Nós ainda vamos viver a tempestade perfeita da chikungunya. Não há nada que a gente possa fazer para evitar, mas podemos mitigar", garante.
Para Nogueira, que é professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), o pico da epidemia da doença que se caracteriza por espalhar dores fortes por todo o corpo deve ser atingido no ano que vem. "Ou é isso, ou será no próximo ano", garante. Ele delimita os locais que serão mais atingidos: o Nordeste e a faixa de litoral de toda a Região Sudeste, inclusive, claro, o Estado do Rio. A estimativa é que, no Brasil, até 75 milhões de pessoas vivam em áreas classificadas pelos especialistas como de alto risco para a propagação da doença.
Sem a propensão de levar à morte, como acontece com a dengue, a chikungunya se manifesta em uma fase aguda rápida, que provoca febre alta e dor nas juntas, seguida por uma fase crônica que pode se tornar ainda mais torturante. As dores no corpo se estendem por meses - em alguns casos, até por dois anos - e, nos momentos mais críticos, podem impedir os portadores de exercer atividades cotidianas e profissionais.
Uma das dificuldades para o combate à chikungunya é a própria dificuldade do diagnóstico, já que a moléstia se assemelha muito à dengue e à zika que, ao lado da febre amarela, formam o time principal das arboviroses - as enfermidades transmitidas por mosquitos. "São doenças febris agudas, parecidas com a gripe. As pessoas apresentam exantemas (vermelhidão na pele), cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular). Só o diagnóstico molecular permite diferenciar um caso do outro. Mas esse exame é caro. Então, temos que tratar todos os pacientes como se fosse dengue, porque a dengue mata, e mata rápido, o que não é o caso do zyka e da chikungunya", alerta Nogueira.
O especialista lembra que há a tendência entre os médicos de tentar identificar a chikungunya com base na avaliação dos sintomas (diagnóstico clínico). "Isso não funciona", adverte. No entanto, ele diz que o surto epidemiológico das doenças causadas por mosquitos entre 2015 e 2017 no país levou a um aprendizado que vai ser útil no novo surto que prevê "A gente pode ter dificuldades, algumas demoras, mas o sistema de Saúde do Brasil já sabe tratar dessas doenças".
DORES CRÔNICAS
As dores crônicas ligadas à chikungunya ainda precisam ser estudadas com a devida profundidade, como afirmou a pesquisadora Gabriella Maria Pitt Gameiro Sales em artigo recente publicado sobre o tema na Revista da Associação Médica Brasileira. "Quando as manifestações da chikungunya se tornam crônicas, quanto mais tempo duram, mais complicações surgem", advertiu.
A poliartralgia bilateral, como é chamado o mal que acomete os portadores da chikungunya na fase crônica, vem sendo tratada com anti-inflamatórios (esteroides ou não), imunossupressores e homeopatia. O uso de fisioterapia também é indicado em muitos casos.
O surgimento ou ressurgimento da chikungunya e de outras doenças transmitidas por mosquitos pode estar relacionados com a mudança climática global. Mas também são condicionados por variáveis como a adequação de instalações sanitárias, a disponibilidade ou não de água canalizada e o destino do lixo produzido nas comunidades. No fim, a única estratégia eficiente continua sendo tentar impedir os mosquitos de se reproduzirem.

INFESTADO DE MOSQUITOS

Maurício Lacerda Nogueira - SBV
Coordenadora do Projeto Aedes Transgênico (PAT), Margareth Capurro lembra que o convívio com o Aedes aegypti e a dengue nas cidades vem de longe. "O que mudou nos anos recentes foi que entraram dois vírus novos: o zika e a chikungunya. E, no país, nenhum humano havia tido contato anteriormente com esses vírus. A situação era favorável para que houvesse uma explosão de ocorrências da doença e, em seguida, uma diminuição - que foi exatamente o que aconteceu", diz a professora no Departamento de Parasitologia da Universidade de São Paulo (ICB-USP).
No entanto, a chikungunya ainda não chegou a contaminar tantas pessoas para que aconteça um refluxo mais duradouro. "Hoje, vivemos uma situação em que todos os lugares do mundo se tornaram muito próximos. Milhões de pessoas estão indo e vindo a todo momento. E, eventualmente, algumas delas chegam doentes. No caso, chegaram trazendo vírus que encontram uma situação extraordinária para se propagar: uma população ainda não atingida e um país infestado de mosquitos", diz Maurício Lacerda Nogueira, para explicar o mecanismo que ele afirma que vai se repetir com a chikungunya em breve.
Controlar o Aedes aegypti ainda é um desafio enorme. "São necessárias políticas públicas, engajamento da população e adoção de várias estratégias de combate: inseticidas e introdução de mosquitos transgênicos", diz Jayme Augusto de Souza-Neto, professor da Unesp.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

O guia dos pés saudáveis (e sem dor)

Aprenda a conhecê-los direito, respeitá-los e, claro, conservá-los sem aperto

Se tem alguém que vai aguentar você o resto da vida é ele. Ou melhor, eles. Acontece que nem sempre damos bola aos nossos pés. E há várias características e situações que merecem ser conhecidas para não descuidarmos deles — o que pode servir de pontapé inicial para dores, cansaço, má postura…
Para começar: você sabia que é comum ter um pé maior que o outro? É o que mostra uma pesquisa realizada pelas Pés Sem Dor, fabricante de palmilhas que analisou as medidas de 37 mil brasileiros. Mais de 90% das pessoas tinham uma diferença ao menos milimétrica entre os pés esquerdo e direito, sendo que em quase 30% a variação era mais significativa — até 2 centímetros.
Isso não é motivo de alarde, mas deveria pesar na hora de escolher o sapato, por exemplo. E não é só tamanho. O formato dos pés, o tipo de sola, a pisada… Em tese, essas características individuais têm de ser levadas em conta para os pés (e você) não penarem depois.

Tamanho é documento

Os pés esquerdo e direito podem ter comprimentos discretamente diferentes por razões genéticas ou mesmo traumas. Se isso não for significativo, não vai alterar a mecânica do movimento. Ainda assim, o número do calçado influencia no conforto das pisadas. “Ocorre que geralmente compramos o calçado de acordo com o pé menor, o que pode causar incômodo e, no longo prazo, favorecer problemas como joanetes”, aponta Mateus Martinez, diretor de fisioterapia da Pés Sem Dor.
Descubra o tamanho correto para cada tipo de calçado:
Sapato Social: O correto é que ele seja 0,7 cm maior que o pé, tendo um espacinho entre a sua ponta e o dedão. A flexibilidade também é importante. Se for duro e apertado, é quase certo que vai gerar dor, bolhas e calos.
Tênis: O modelo ideal tem 1,5 cm a mais que o pé. Essa folga permite que ele se acomode e absorva impactos. Mas cuidado com os modelos largos, que afetam a estabilidade e favorecem lesões. E evite aqueles com amortecedores gigantes.

Cada um com a sua pisada

O jeito que o pé toca no chão é determinado por estruturas normalmente consolidadas na infância — e influenciadas por um estilo de vida mais ou menos ativo. “Pisadas pronadas ou supinadas demais nos preocupam, pois afetam não só os pés, mas também as articulações dos tornozelos, joelhos e quadril”, observa o educador físico Júlio Serrão, professor de biomecânica da Universidade de São Paulo. Calçados e palmilhas visam corrigir os desequilíbrios e prevenir problemas futuros.
 (Ilustração: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital)

Com a manutenção em dia

Nossos meios naturais de transporte precisam de cuidados constantes. Entra na lista não só a higiene básica como também estímulos para que a musculatura e a circulação sanguínea fiquem devidamente ativas. Permanecer um tempinho descalço ajuda a manter o pé firme para suportar impactos por mais tempo, sem contar que o hábito dá uma arejada na região, que costuma viver presa na umidade e na escuridão dos calçados.
Alguns cuidados básicos que você deve ter:
Unhas aparadas: O certo é cortá-las em formato reto, sem que os cantos, especialmente os do dedão, fiquem arredondados, e sempre preservar a cutícula ao redor.
Lava e seca: Depois da água e do sabão, certifique-se de que os dedos estão bem secos passando a toalha entre eles. Se o pé sua demais, dá para recorrer a talcos.
Sessão de massagem: Pressionar os pés com os dedos das mãos facilita o retorno do sangue para o coração. Bolinhas massageadoras completam a tarefa trabalhando a musculatura local.

Os cuidados devem começar na infância

A genética explica em parte por que algumas pessoas pisam torto ou têm o arco do pé mais ou menos proeminente. Mas o estilo de vida e os estímulos contam muito nessa história — desde a infância! Um bom exemplo disso é o pé chato, situação em que o arco do pé, desenhado quando somos crianças, tem uma curvatura muito tímida. Segundo os especialistas, o quadro vem se tornando cada vez mais comum.
“Hoje as crianças brincam menos tempo descalças e usam calçados antes mesmo de começar a andar, o que prejudica o desenvolvimento natural dos pés”, avalia o professor. Uma das recomendações para prevenir ou corrigir o pé chato da infância é andar descalço na areia, no gramado, em casa…
Estímulos de mais ou de menos também impactam a vida adulta. O uso constante de saltos altos, calçados inadequados e o do próprio sedentarismo tendem a repercutir nos nossos pilares de sustentação, explicando a presença de dores, fadiga e outros chabus que não se restringem aos pés. Como dá para perceber, hábitos e escolhas diárias fazem total diferença.
Estar ciente disso é importante para as próximas escolhas na loja de tênis e sapatos — especialmente se você já tem algum incômodo ou problema ao pisar. “Mas nem sempre o calçado, por mais caro que seja, vai resolver as coisas”, adverte Serrão. O ideal é buscar aconselhamento com um profissional para saber que modelo faz sentido no seu caso. Até porque às vezes parte da solução está numa palmilha, em sessões de fisioterapia…
Investir nessa avaliação e orientação — em vez do último lançamento do tênis do mercado — ajuda a flagrar e contornar alterações ortopédicas que podem virar problemas crônicos e afetar até a coluna e aí o tratamento fica muito mais complicado”, avisa Serrão. Pois é, o cuidado começa mais embaixo.

Por baixo de tudo

O arco plantar, que dá a curvatura da sola, termina de se desenvolver aos 12 anos de idade e atua como um amortecedor. Toda vez que pisamos no chão, a curva se deforma para distribuir melhor a carga pelo resto do aparelho locomotor. Da mesma maneira que ocorre com a pisada, alterações extremas aqui são prejudiciais. A estrutura tende a sofrer com o avançar da idade e por influência de outros fatores, como excesso de peso.
 (Ilustração: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital)

O que fazer diante das chateações mais comuns lá nas bandas dos pés

Unha encravada: O corte influencia, mas alguns azarados estão predispostos a sofrer mais com ela. Nesse caso, é melhor resolver direto com um especialista.
Micose: Vários fungos vivem e aprontam nos pés, causando de manchas nas unhas a frieiras. Todos adoram a umidade dos calçados fechados. Procure arejar as coisas.
Calos: Surgem como defesa contra o atrito entre osso, pele e superfícies externas. São inofensivos, mas exigem um olhar médico se afetarem a pisada.
Chulé: Manter os pés limpos e arejados já ajuda a reduzir o odor, produzido pela mistura entre bactérias e suor. Para casos graves, existem produtos específicos.
Joanete: A deformação é provocada por décadas de calçados apertados. Dá para amenizar o risco preferindo pares mais macios e deixando os pés livres às vezes.
FONTES CONSULTADAS: Ana Paula Ribeiro, fisioterapeuta e coordenadora do Laboratório de Biomecânica e Reabilitação Musculoesquelética da Universidade de Santo Amaro, em São Paulo; Roberto Rached, médico fisiatra do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo; Tatiana Gabbi, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Atividade física ajuda a evitar e a combater o câncer

Além de proteger contra o surgimento de tumores, o exercício contribui para o sucesso do tratamento da doença

A carga genética de um indivíduo não é, na maioria dos casos, o que mais influencia no surgimento de um câncer. Já está claro que muitos outros fatores contribuem para a doença se manifestar (ou não). Nessa lista, está a atividade física, como ficou evidente em uma apresentação que acompanhei no congresso anual do Colégio Americano de Medicina do Esporte, nos Estados Unidos.
E o bacana é que ser ativo não só reduz o risco de um tumor aparecer como também favorece a recuperação das pessoas diagnosticadas com a doença.

terça-feira, 5 de junho de 2018

Fortes, mas em risco: o perigo dos suplementos alimentares para os jovens

Esses produtos seduzem jovens com a promessa de acelerarem o ganho de massa muscular. Só que o uso por conta própria pode ter consequências sérias à saúde

Adolescentes, ainda mais os nascidos na era digital, querem tudo para ontem. Não é à toa que muitos deles desejam trocar o corpo infantil por uma versão mais musculosa ou definida no menor prazo possível. Pisando na academia, eles são público fácil para os suplementos esportivos, especialmente aqueles que aumentam a massa muscular, caso de whey protein, BCAA e creatina.
“Percebo nas consultas que é muito grande a demanda por esse tipo de produto. O adolescente é invariavelmente vaidoso e quer ficar forte logo”, observa a pediatra Mônica Moretzsohn, do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Estudos recentes endossam a constatação da médica. Uma pesquisa realizada em Fortaleza com 85 frequentadores de academia de 18 a 58 anos mostrou que gente abaixo dos 30 é a que mais recorre a suplementos. Quanto mais jovem, maior o apelo da categoria. Mas o que deixa mesmo os especialistas de cabelo em pé é o uso dessas substâncias por conta própria – sendo que, em geral, elas são indicadas a atletas.
Outro levantamento, este feito com 30 adolescentes de Campo Mourão, no Paraná, revelou que um terço deles ingeria suplementos sem orientação. Só 10% ouviram um médico ou nutricionista. O fenômeno, claro, não se restringe ao Brasil. Na Eslovênia, cientistas da Universidade de Liubliana, a mais antiga do país, identificaram um cenário parecido ao avaliar 1 500 jovens de 14 a 19 anos. Dos adeptos da suplementação, 40% não eram acompanhados por profissionais de saúde. Detalhe: 30% se aconselhavam com familiares.
“Sem consultar um especialista, o adolescente pode ultrapassar a dose recomendada e combinar substâncias que interagem entre si”, alerta a pediatra Flavia Meyer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O estudo paranaense chegou a apontar um dos efeitos desse consumo sem supervisão: falta de carboidratos e excesso de proteína no cardápio.
“E temos visto muitos casos de jovens internados para fazer diálise por sobrecarga dos rins em razão do abuso proteico”, conta a médica Leda Lotaif, chefe da Nefrologia do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo. Ela ressalta que as complicações surgem em quem já possui predisposição a problemas renais – algo que praticamente ninguém sonha ter.
Pela legislação, suplementos de proteína, como o whey protein, são considerados alimentos e não remédios, o que favorece a venda e o consumo sem critério. Atenta aos riscos disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu revisar as regras na área. O objetivo é tornar o mercado mais seguro – hoje, parte dele está na ilegalidade.
“Há muita divergência de informações entre rótulos de produtos semelhantes, promessas de benefícios sem comprovação científica, itens com problemas de qualidade”, enumera Rodrigo Vargas, especialista da Gerência Geral de Alimentos da Anvisa. “Já houve casos de adição de anabolizantes em algumas marcas. Os riscos disso vão desde alterações hormonais e sexuais até cardiopatia e câncer“, alerta a médica Flavia Meyer, que é doutora em nutrição e exercício físico infantil.
Ainda que as normas fiquem mais claras, não dispensam a visita ao médico ou nutricionista. Para adolescentes, o recado é especialmente importante. Quem pula essa etapa corre o risco de apresentar um desequilíbrio nutricional, o que compromete o desenvolvimento ósseo e muscular.
Há relatos também de espinhas, dor de cabeça, insônia e até agressividade e taquicardia entre usuários dessas substâncias. Como se não bastasse, suplementos com proteína isolada contribuiriam para manifestações alérgicas. Nada disso, porém, foi estudado a fundo. “Faltam pesquisas específicas sobre os efeitos colaterais desses produtos”, diz a nutricionista Luciana Rossi, do Centro Integrado de Saúde da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.

Suplementação + vício por exercício, uma dobradinha perigosa

Não raro, a suplementação é ligada a outro comportamento: a dependência de exercícios físicos. E, quanto menor a idade, maior o risco de ficar fissurado nos treinos e abusar dos aceleradores da atrofia muscular. Foi o que Luciana Rossi descobriu na sua tese de doutorado, conduzida na Universidade de São Paulo (USP). Mais um ótimo motivo para prestar atenção e dar orientação à garotada.
Nessa turma, excessos de carga ou de ritmo na malhação podem acarretar lesões nos músculos e nos ossos, prejudicando inclusive o crescimento. Para ter ideia, alguns sintomas do vício em atividade física são semelhantes aos da abstinência de álcool, como alterações no padrão de sono e ansiedade. Sem falar na possibilidade de aparecimento de transtornos alimentares.
Mas, afinal, com supervisão médica, quando meninos e meninas realmente tiram proveito dos suplementos? A verdade é que esse tipo de produto só faria sentido para quem está iniciando uma carreira como atleta. “A princípio, a suplementação é contraindicada para adolescentes saudáveis que já seguem uma alimentação balanceada”, afirma Flavia.
Pois é: montar o prato com mais zelo já auxiliaria o organismo no ganho de massa muscular. Em termos de proteína, por exemplo, dois filés de frango ao dia são suficientes para quem está em fase de crescimento. “A conta é, em média, de 1 grama de proteína para cada quilo de peso. Um filé de frango tem cerca de 20 gramas do nutriente. Logo, uma porção no almoço e outra no jantar estão adequadas para um adolescente com 40 quilos”, contabiliza a pediatra Mônica, da SBP.
Ao começar os treinos, o jovem pode, com orientação, aumentar as porções e reforçar a ingestão de calorias e outros nutrientes, como carboidratos, cálcio e ferro. “Quando se fala em suplemento alimentar, há uma impressão de que ele é mais completo do que o alimento, o que nem sempre é verdade”, reforça Luciana.
Ela cita o caso do badalado whey protein. “Trata-se da proteína do leite isolada. Ou seja, a bebida em si já contém essa mesma proteína e ainda gordura, cálcio e outros componentes necessários ao organismo”, justifica. Para quem está em franco desenvolvimento, o melhor conselho a ser dado envolve bom senso, paciência e alguns copos de leite, ovos e bifes.

Passou do ponto

Segundo pesquisa da USP assinada pela nutricionista Luciana Rossi, quem utiliza suplementos alimentares tem 4,5% mais risco de se tornar dependente de exercícios físicos. Só que a obsessão por malhar ainda está atrelada a distúrbios alimentares, como anorexia ou bulimia. Para evitar esse desdobramento, veja indícios de que o gosto do adolescente por exercícios deixou de ser saudável:
– Ele vai à academia cinco vezes por semana ou mais.
– Chega a recusar viagens a locais onde não há possibilidade de puxar ferro.
– O menino ou a menina preferem malhar a se divertir com os amigos.
– Não deixa de se exercitar mesmo na presença de alguma lesão muscular.
– Demonstra desejo constante de modificar o corpo ou muita obsessão com a aparência.

Conheça os suplementos que estão em alta entre os jovens

Whey protein: Falamos da proteína do soro do leite. Tem rápida absorção e aproveitamento pelo corpo. Auxilia na formação de músculos e ossos.
BCAA: Combina três aminoácidos que formam as proteínas musculares. Não há evidências de que a ingestão sempre traga vantagens.
Creatina: Produto da transformação de aminoácidos, ajuda a reter água nas células. Daí, elas aumentam de tamanho e geram energia extra.
Cafeína: A substância que marca presença naturalmente no café é estimulante. Portanto, promete turbinar a resistência e o desempenho em exercícios intensos.

Quais são os pré-requisitos da malhação dos 12 aos 18 anos

Idade ideal: Varia. Mas o melhor é esperar o estirão de crescimento, que ocorre normalmente entre 11 e 13 anos.
Carga certa: É aquela que permite ao jovem repetir todo o movimento pelo menos umas oito ou nove vezes.
Supervisão: Um educador físico deve acompanhar a progressão de cargas, postura e execução dos exercícios.
Sem exagero: Morar na academia pode levar a lesões em músculos e ossos e prejudicar o crescimento.
Avaliação prévia: Uma ida ao médico cai bem para ver se a saúde como um todo está preparada para a malhação.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Eles não servem para nada

Crédito: ronstik

Uma revisão de mais de cem artigos científicos mostra que os quatro suplementos vitamínicos mais consumidos não têm efeito protetor

Um estuo que acaba de ser publicado no jornal do Colégio Americano de Cardiologia parece colocar um ponto final na discussão sobre a utilidade de recorrer aos suplementos vitamínicos em busca de mais proteção para o coração e o cérebro. Segundo o artigo, de modo geral eles não têm qualquer interferência sobre a saúde cardiovascular. Ou seja, nem ajudam nem atrapalham. As exceções ficam por conta dos complementos de ácido fólico, que apresentam pequeno benefício para o cérebro. Realizada pelos pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, a pesquisa também concluiu que suplementos de niacina (vitamina B3) e de antioxidantes na verdade estão associados ao aumento do risco de morte por doenças.
A análise da eficácia dos suplementos sempre foi pautada por conclusões discrepantes. Apesar dos desencontros de informações, o consumo desses recursos mantém-se alto. Nos EUA, por exemplo, mais de 50% dos adultos tomam algum tipo de suplemento. No Brasil, a indústria de suplementos cresce 15% ao ano desde 2010.
O trabalho apresentado propôs-se a analisar os resultados de 179 pesquisas realizadas entre 2012 e 2017. Os cientistas descobriram que os quatro suplementos mais consumidos (multivitamínicos, vitamina D, cálcio e vitamina C) não apresentaram evidências consistentes de benefícios na prevenção de infarto ou de AVC. “O único exemplo de eficácia foi o uso de ácido fólico”, afirmou à ISTOÉ o coordenador do trabalho, médico David Jenkins.
Deficiências
O resultado corrobora as orientações da força-tarefa de especialistas montada pelo governo americano para a área de nutrição e prevenção de saúde. O grupo afirmava que não há evidência nem dos benefícios nem dos prejuízos causados pelos suplementos. “A vitamina D, por exemplo, tornou-se popular, mas, surpreendentemente, não mostrou efeito contra doenças cardíacas ou para prolongar a vida”, diz Jenkins.
No Brasil, o presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Suplementos Nutricionais, Sinésio da Costa, diz que os produtos beneficiam grupos específicos. “Eles devem continuar sendo resposta para pessoas com deficiências”, diz. Ele cita como exemplo os esportistas, cujas atividades requerem do organismo desempenho superior ao normal.