Dos 119 bairros da Capital, 109 têm alto risco epidemiológico ou sinal de alerta, segundo levantamento da SMS
Fortaleza
enfrenta um estado de pré-epidemia de dengue. A afirmação é do
coordenador da Célula da Vigilância Epidemi-ológica da Secretaria
Municipal de Saúde (SMS), Antônio Lima, baseado no alto índice de
infestação predial da Cidade. Segundo ele, apenas dez bairros possuem o
índice de infestação dentro do aceitável pelo Ministério da Saúde, que é
de até 1% dos imóveis com foco do mosquito da Aedes aegypti.
Entre
os dias 9 e 13 de abril, a SMS realizou o Levantamento de Índice
Amostral Rápido (Lira) nos 119 bairros da Capital. Destes, 70 se
encontram em sinal de alerta, com índice de infestação predial entre
1,1% e 3,9%. Outros 39 bairros têm alto risco epidêmico, com índice
maior que 3,9%, o que significa que 109 bairros estão em sinal de alerta
ou em alto risco epidemiológico.
Ainda de acordo com Antônio
Lima, a média de infestação predial de todos os bairros é de 3,23%. Ele
ressalta que as regiões onde há um alto índice epidemiológico são as
Regionais IV e VI, onde estão localizados os bairros do Montese,
Serrinha Messejana, Barroso, Aerolândia e Jardim das Oliveiras. No
entanto, Lima preferiu não divulgar os lugares onde a infestação predial
ficou acima de 3,9%.
Diante disso, uma equipe do Ministério da
Saúde se reunirá amanhã, em Fortaleza, com a SMS e a Secretaria da Saúde
do Estado (Sesa), para fazer uma avaliação epidemiológica da Capital,
além de providenciar a liberação de novos carros fumacê, a fim de
realizar uma operação em todos os bairros de Fortaleza.
O
coordenador explica que a análise epidemiológica para liberação do
fumacê em toda a Cidade é feita através da média de infestação predial; a
qual Antônio Lima classifica como bastante alta, e a incidência de
casos que, a partir de 300 por 100 mil habitantes, já é considerado
epidemia. Entretanto, conforme o último boletim, divulgado no dia 26 de
abril, a incidência em Fortaleza é de 150 por 100 mil, índice bem abaixo
do recomendado pelo Ministério da Saúde, levando em conta os 3.684
casos confirmados.
Soluções
O coordenador
da epidemiologia acredita que a liberação de novos carros pelo
Ministério da Saúde e a borrifação de inseticida em todos os bairros,
hoje, é a solução mais urgente para conter o processo de transmissão
ascendente da dengue. Porém, segundo ele, a Secretaria da Saúde do
Estado ainda não possui veículos suficientes para realizar a ação na
Capital.
Antônio Lima explica ainda que somente o fumacê não é
suficiente para acabar com a infestação predial, pois o inseticida mata
apenas o mosquito adulto. Segundo ele, a visita dos agentes de endemias
nas residências é fundamental.
"É preciso que a população fique
atenta para a visita desses profissionais. O larvicida, veneno colocado
em caixas d´água, ralos e em outros recipientes que acumulam água
parada, é essencial para o controle da infestação", diz Lima.
Necessidade
De
acordo com o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria
da Saúde do Estado (Sesa), Manuel Fonsêca, o órgão dispõe de seis
veículos fumacê na Capital. Outros 25, pertencentes ao Ministério da
Saúde, estão guardados para uma emergência em casos de epidemia.
Acrescenta também que mais 21 veículos fazem a borrifação de inseticida
no interior do Estado.
Contudo, Fonsêca destaca que não há um
necessidade de uma operação em todos os bairros da pois, apesar da
infestação predial ser considerada alta, a incidência de casos ainda não
atinge o nível de uma epidemia que, como dito anteriormente, é de 300
casos a cada 100 mil habitantes. "Apesar de termos comprovados muitos
focos de mosquito, não há motivos para borrifar veneno em toda a
cidade", analisa.
SAIBA MAIS
O que é Lira?Levantamento de Índice Amostral Rápido. Mapeamento rápido dos índices de infestação por Aedes aegypti
Critérios do levantamento
Municípios com mais de 100 mil habitantes e com grande fluxo de turistas e de fronteira
Vantagens
Identifica os criadouros predominantes e permite o direcionamento das ações
Como é feito?
O município é dividido em grupos de nove mil a 12 mil imóveis semelhantes. Em cada grupo, são pesquisados 450 imóveis
Índices de infestação predial:Inferiores a 1%: condições satisfatórias
De 1% a 3,9%: situação de alerta
Superior a 4%: há alto risco de surto de dengue
População teme terrenos baldios
Em
Fortaleza, existem cerca de 30 mil terrenos baldios, de acordo com
dados da Célula de Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde
(SMS). Nesta época do ano, em que as chuvas aumentam e o número de
casos de dengue cresce, esses locais deixam a população e o poder
público preocupados.
Na Avenida Rogaciano Leite, no cruzamento
com a Rua Jornalista Cesar Magalhães, no bairro Luciano Cavalcante, é
possível encontrar um grande terreno baldio. Próximo ao lugar, existem
muitos estabelecimentos comerciais e também casas e apartamentos, onde
as pessoas temem focos de larvas do Aedes aegypti. No terreno, há
matagal alto e lixo, o que contribui para o acúmulo de água.
Próximo
a este ponto, na Rua José Otoch, há dois terrenos baldios, cada um em
um dos lados da via, acumulam mato e lixo. Além das residências das
proximidades, muitos prédios ainda estão sendo construidos.
Os
moradores da Rua Vale Formoso, no bairro Tancredo Neves, temem as
consequências que o terreno abandonado, que fica na via, podem trazer.
Além de atrair vários tipos de animal, a dengue assusta a população.
Na
Avenida José Leon, na Cidade dos Funcionários, os moradores colocaram
até uma placa proibindo a colocação de lixo no terreno baldio. "A gente
fica com medo porque as pessoas não cuidam nem um pouco. Por isso, tenho
certeza que aqui tem foco de dengue", comentou o comerciante João Lima.
Ele
disse ter notado um aumento de pessoas infectadas com a doença no
último mês. "O poder público tem que fazer a parte dele e a gente, a
nossa. Somente dessa forma a situação vai melhorar", acredita.
Pontos críticos
Segundo
o coordenador da Célula de Vigilância Ambiental Epidemiológica, João
Urânio Nogueira, terrenos baldios, sucatas, oficinas e construções são
alguns dos pontos críticos onde órgão trabalha para combater a
proliferação do mosquito.
O órgão realiza visitas quinzenais
nesses locais para verificar se existem os focos de larvas do Aedes
aegypti. Se for confirmado, é feita a borrifação.
Se o problema
continuar, é realizada uma blitz, com a ajuda da vigilância sanitária e
outros órgãos. Com isso, o proprietário é identificado e o trabalho de
inspeção é realizado. Depois, se os focos forem encontrados novamente, a
vigilância sanitária deverá notificar o dono.
"Em vários
terrenos, encontramos materiais onde a água pode ser acumulada como,
tambores, copos descartáveis, tampas de garrafas e até árvores. Tudo que
está exposto e acumula água o que pode ajudar a proliferar o mosquito",
afirmou Nogueira.
KARLA CAMILA/THIAGO ROCHAREPÓRTER/
terça-feira, 1 de maio de 2012
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