Queijo ralado e macarrão instantâneo são os com maior quantidade de sal; excesso pode gerar hipertensão e diabetes
AE
Pesquisa feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) identificou alto teor de sódio em alimentos vendidos no País. O
trabalho foi feito com base na análise de 26 tipos de produtos, como
bolachas e frios. Dos grupos analisados, apenas cinco apresentaram
níveis do ingrediente considerados adequados.
O produto campeão em teor de sódio, de acordo com a pesquisa da
Anvisa, é o queijo parmesão ralado: uma média de 1.981 miligramas por
100 gramas do produto. Em seguida está o macarrão instantâneo, com 1.798
miligramas por 100 gramas do produto. "O que nos preocupa é que boa
parte dos alimentos com alto nível de sal é muito consumido por
crianças", diz a gerente-geral de alimentos da Anvisa, Denise de
Oliveira Resende.
O excesso de sódio na dieta é considerado fator de risco de
problemas como hipertensão e diabete. Por isso, a Organização Mundial de
Saúde (OMS) recomenda que o nutriente seja usado com parcimônia: no
máximo 2 gramas diárias de sódio, o equivalente a 5 gramas de sal. Para
se ter uma ideia, 100 gramas de parmesão conteria a quantidade. O
brasileiro consome 12 gramas de sal por dia, mais do que o dobro do
recomendado pela OMS.
O macarrão, assim como bolachas e salgados de milho, integram o
programa de redução de sódio de produtos processados no País, feito pelo
Ministério da Saúde e Associação Brasileira de Indústrias de
Alimentação. O acordo, anunciado em 2011, prevê a retirada gradual do
sódio de alimentos processados. Até agora foram anunciadas reduções para
13 classes de alimentos. A meta é retirar até 20 mil toneladas de sódio
até 2020.
A redução programada, porém, é considerada tímida por
nutricionistas e entidades ligadas ao direito do consumidor. "Mesmo com a
mudança, produtos vão continuar com alto teor de sódio. Em outras
palavras: o brasileiro continuará consumindo muito mais do que o
recomendado", diz o gerente do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec),
Carlos Tadeu de Oliveira. Ele cita como exemplo o macarrão: "A meta é
1.920 miligramas de sódio. Quase a necessidade de um adulto para o dia
todo".
Denise afirma que uma redução drástica traria problemas para
empresas e afastaria o consumidor. "As pessoas poderiam estranhar o
sabor. Além disso, há um problema técnico: o sódio é importante para
conservar os alimentos." Pelo cronograma, a partir de 2013 alguns
produtos já devem ser comercializados com menos sódio em sua composição.
"Pelas análises que fizemos, alguns produtos já apresentam uma média
menor do que a foi acordada, como a maionese", afirma Denise. A meta é
que o produto tenha, no máximo, 1.283 mg/100g. A média encontrada pela
Anvisa está em 1.096.
Fiscalização
A gerente diz que o controle sobre o cumprimento do acordo começará
a ser feito a partir de 2013. "Se números revelarem que a adesão está
baixa, não está descartada a possibilidade de criar metas obrigatórias."
Para Oliveira, no entanto, medidas mais ousadas poderiam ser adotadas
rapidamente. "O acordo tentou abrandar as discussões sobre uma
regulamentação mais severa. Autorregulamentação pode ser benéfica, mas
os padrões têm de ser adequados."
Denise destaca que várias amostras de um mesmo produto apresentam
teores diferentes de sódio, como o queijo parmesão: a diferença entre
produtos chega a ser de 13,7 vezes. "Daí a importância de a população
checar nos rótulos a composição." Denise afirmou que foram encontrados
produtos com teores de sódio distintos da embalagem. As empresas, diz,
foram autuadas. Procurada, a Associação Brasileira das Indústrias da
Alimentação (Abia) afirmou não conhecer os dados, o que a impediria de
fazer uma avaliação do trabalho.
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