Em testes com animais, composto químico melhorou a comunicação entre células nervosas, evitando o comprometimento da cognição, memória e aprendizado
Vivian Carrer Elias
Síndrome de Down: Pesquisa abre caminho para tratamentos que melhores a cognição de pessoas com a condição
(Getty Images)
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SÍNDROME DE DOWNA síndrome de Down é um distúrbio genético e ocorre em um de cada 700 bebês nascidos vivos em todo o mundo. O risco de ter um bebê com síndrome de Down - que ocorre quando uma criança tem três cópias do cromossomo 21, em vez das duas normais - aumenta com a idade da gestante. O risco incorrido quando a mãe tem 40 anos é 16 vezes maior que o de uma mãe de 25. Crianças com a síndrome tendem a ter a cabeça pequena, rosto largo e achatado, nariz curto, olhos amendoados, língua grande e orelhas pequenas. Há atraso no desenvolvimento físico e mental.
Alvo certo — Nesse novo estudo, os cientistas testaram a ação do composto químico RO4938581. "Esse composto foi feito para bloquear receptores específicos do neurotransmissor GABA, o qual atua em regiões do cérebro associadas ao processo cognitivo. Tais receptores acabam inibindo a comunicação entre as células nervosas nessas áreas cerebrais", disse Maria Hernandez ao site de VEJA.
Ao testar a ação do RO4938581 em camundongos com Síndrome de Down, os pesquisadores esperavam que o composto atacasse esse grupo específico de receptores e evitasse que a atividade do GABA fosse inibida, "especialmente em sistemas cerebrais importantes para cognição, aprendizado e memória", segundo Hernandez. De acordo com os resultados da pesquisa, o RO4938581 foi eficaz em atuar no bloqueio desses receptores sem causar maiores efeitos adversos. "Além disso, o tratamento com esse composto melhorou anormalidades na quantidade e na função de células nervosas no cérebro de camundongos adultos", disse Hernandez.
"Esses resultados basicamente demonstram que a modulação seletiva dos receptores de GABA em regiões chaves do cérebro pode estimular percursos de memória e aprendizado, além de levar a melhoria de cognição e comportamento", disse Hernandez. "Os resultados do estudo ainda colaboram com a 'hipótese de inibição excessiva' estabelecida ao longo de muitos anos de pesquisa por vários grupos acadêmicos."
"Até agora, nenhuma abordagem clínica atua sobre as limitações na função cognitiva associada à Síndrome de Down. Nosso objetivo é desenvolver uma opção terapêutica para pessoas que têm a condição melhores as suas habilidades cognitivas e comportamentais e, assim possam ter uma vida ainda mais independente", disse Hernandez. A pesquisadora lembra que esses resultados fazem parte de um estudo pré-clínico e que, portanto, ainda não podem ser aplicados na prática.
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