Com poucos ajustes ainda
por fazer, o sistema antidoping brasileiro tem enfim um laboratório de
padrão internacional preparado para o desafio de 2016
Por: Cecília Ritto
TUDO NOVO - No prédio recém-construído, o laboratório conta com equipamentos muito mais modernos e eficientes(Andre Valentim/VEJA)
O
Rio de Janeiro segue firme na corrida para a Olimpíada de 2016, mas o
percurso tem obstáculos razoavelmente altos. O mais recente veio da
Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), que pôs o Brasil
numa lista de seis países em "estado de alerta" por atrasos no
cumprimento de algumas normas. O puxão de orelha faz parte do esforço
renovado da agência para organizar o sistema antidopagem, abalado por um
devastador relatório da própria Wada que incriminou dirigentes,
técnicos e órgãos do governo da Rússia na prática de contrafação
sistemática dos astros do atletismo. Apesar dos tropeços apontados, o
Brasil apresenta nesse quesito uma significativa e indispensável melhora
de desempenho: tem um laboratório novo em folha preparado para detectar
de modo confiável a presença, no sangue e na urina dos esportistas, de
substâncias que turbinam artificialmente seus resultados. Ligado ao
departamento de química da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), o prédio no câmpus da Ilha do Fundão já está credenciado para
análises rotineiras e em processo de habilitação para atuar na
Olimpíada.
Os entraves, de cunho burocrático, precisam ser solucionados até
março de 2016, segundo a Wada. Um deles é o prazo de tramitação de
processos na Justiça Esportiva, que a agência quer ampliar por
considerar o atual limite de sessenta dias insuficiente para atender aos
padrões internacionais. A Wada pede mais tempo para recorrer de
decisões locais. A solução passa por uma mudança na legislação, que o
governo se prepara para encaminhar ao Congresso. O outro entrave é a
efetivação da recém-criada Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem
(ABCD) como entidade capacitada a lidar com o assunto. Isso levará a uma
unificação de todo o processo, atualmente pulverizado pelas diversas
confederações. O clima geral, porém, é de justificado alívio. O Brasil
estava sem laboratório antidoping desde 2013, quando o único existente,
espremido em uma saleta na mesma UFRJ, não tinha sequer condições de
coletar sangue e teve o desfecho esperado: depois de falhar em uma
bateria de testes, foi descredenciado.
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