Especialistas ouvidos pelo site de VEJA acreditam que o aumento no número de casos da gripe dois meses antes do previsto seja decorrente da importação do vírus de outras regiões do mundo
O surto atípico de gripe H1N1 está lotando os pronto-socorros dos hospitais da capital e do interior de São Paulo. A situação é completamente incomum, já que o auge da infecção pelo vírus, em circulação no país desde 2009, costuma ocorrer no mês de junho, quando a temperatura começa a baixar. Diz o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo: "Em toda a história epidemiológica, sabemos que a influenza é uma doença do inverno, que deveria aparecer somente daqui a dois meses, não agora. É assustador ". De acordo com dados da Secretaria de Saúde de São Paulo, até o dia 22 de março foram contabilizados 260 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) -- relacionada a complicações do H1N1 -- e 38 óbitos. No mesmo período do ano passado, não havia nenhum registro confirmado. Atualmente, São Paulo concentra 85% dos casos em todo o país.
A principal hipótese levantada pelos especialistas para o número de casos é de que o vírus tenha sido importado por turistas que viajaram para regiões do hemisfério norte, como Europa, Canadá e Estados Unidos. A Flórida, por exemplo, enfrenta atualmente um surto de H1N1. O estado americano recebe cerca de 140 000 paulistas por mês. "Ao voltar infectada para o Brasil, uma pessoa pode transmitir o vírus para os outros pelo contato direto ou indireto a partir da secreção das vias respiratórias", explica Regia Damous, infectologista do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Frequentar lugares com aglomerações, como escolas ou empresas, ajuda a propagação do agente infeccioso.
É por isso que os hospitais de São Paulo adotaram medidas de emergência para controlar a infecção. Na capital, o Hospital Albert Einstein, o Hospital e Maternidade São Luiz e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, por exemplo, solicitam que os pacientes com sintomas de gripe utilizem máscara hospitalar desde o inicio do atendimento. Além disso, eles disponibilizaram uma área exclusiva destinada ao atendimento de casos suspeitos da doença.
Após a infecção, os sintomas demoram entre 1 e 4 dias para se manifestar e incluem febre alta (acima de 38,5°C), tosse, irritação nos olhos e nos ouvidos, dor muscular, de cabeça, de garganta e no tórax, coriza, falta de ar e diarreia. O tratamento é feito com o medicamento Tamiflu. Se não tratada adequadamente, a gripe pode evoluir para um quadro mais grave, conhecido como Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Qualquer pessoa pode ser infectada pelo vírus H1N1 - ao contrário da gripe comum, que prioriza os idosos.Os grupos de risco incluem crianças menores de dois anos, grávidas, doentes crônicos e pacientes em tratamento de câncer.
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