Pacientes reclamam da falta de materiais. Servidores da saúde festejam prisão de ex-secretário
Rio
- Enquanto fraudes em licitações para a compra de próteses são
investigadas pela Polícia Federal na operação Fatura Exposta, pacientes
do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) chegam a
esperar 10 anos por uma prótese. No hall do prédio onde funciona a
Secretaria estadual de Saúde, no Centro, servidores festejaram a prisão
do ex-secretário Sérgio Cortes com bolo, refrigerante e bolas, usando
guardanapos nas cabeças.
É a segunda vez este ano que o guarda municipal Luiz Carlos Almeida, de 54 anos, tem a cirurgia remarcada e não consegue realizar por falta da prótese no Into. Há três anos ele aguarda pelo procedimento na bacia. Com dificuldades para caminhar e apoiado em muletas, Luiz Carlos conta que é preciso ter paciência e muita força de vontade para ser atendido.
Diferente de Luiz Carlos, o morador de Belford Roxo Marcio Bernardo, 32, conseguiu realizar sua cirurgia. No entanto, levou 10 anos para corrigir a deficiência que tinha na perna direita.
- Cinco hospitais
O valor seria suficiente para construir novas unidades públicas hospitalares, cada uma delas com capacidade para 120 leitos
- 36 aparelhos
Número de aparelhos de ressonância magnética de alta complexidade que poderiam ser comprados pelo poder público com o total desviado
- 330 milhões de luvas
Quantidade de pares de luvas cirúrgicas que poderiam ser compradas com o valor desviado, tendo como comparação a última compra do tipo no Portal Transparência do Governo do Estado.
- 8 meses de salários
Período em que servidores, ativos e inativos, da rede estadual de saúde teriam seus salários pagos em dia. Atualmente, a folha de pagamento da pasta gira em torno de R$ 37 milhões mensais
É a segunda vez este ano que o guarda municipal Luiz Carlos Almeida, de 54 anos, tem a cirurgia remarcada e não consegue realizar por falta da prótese no Into. Há três anos ele aguarda pelo procedimento na bacia. Com dificuldades para caminhar e apoiado em muletas, Luiz Carlos conta que é preciso ter paciência e muita força de vontade para ser atendido.
“Estou sem comer desde domingo para fazer essa
cirurgia e hoje o médico vem dizer que não tem a prótese. Até brincou
dizendo que roubaram, vê se pode?! A gente se prepara, controla a
ansiedade pra não subir a pressão, mas aí não tem prótese. E ainda
descobre que tem gente que ganha dinheiro com isso. É triste demais”,
disse, citando a prisão do ex-diretor do Into, Sérgio Côrtes.
Acompanhado
da mãe e da filha adolescente, Luiz Carlos disse que no domingo retorna
com a promessa dos médicos de que terá a sua prótese. “Hoje só saí de
lá de dentro (do Into) depois de falar com a assistente social: ‘Se não
tiver prótese me avisa que nem venho de novo’”, contou o guarda, que
mora em Duque de Caxias. Diferente de Luiz Carlos, o morador de Belford Roxo Marcio Bernardo, 32, conseguiu realizar sua cirurgia. No entanto, levou 10 anos para corrigir a deficiência que tinha na perna direita.
“Aos nove anos sofri um acidente de carro e
fiquei com uma diferença na altura das pernas. Não aguentava carregar
peso, nem fazer esforço. Por causa disso não conseguia emprego. Aí
decidi fazer a cirurgia. Mas, além de ter que esperar na fila, quando
chegava a minha vez os médicos diziam que não tinha o fixador (aparelho
que usa na perna direita)”, explica Marcio, que hoje visita a unidade a
cada 15 dias para acompanhamento.
“A prisão representa o fim da impunidade e o
respeito com a coisa pública. Se esses recursos não tivessem sido
desviados certamente salvariam mais vidas”, disse André Ferraz,
conselheiro da Associação dos Servidores da Vigilância Sanitária
(Asservisa).
O que dá para fazer com R$ 300 milhões desviados- Cinco hospitais
O valor seria suficiente para construir novas unidades públicas hospitalares, cada uma delas com capacidade para 120 leitos
- 36 aparelhos
Número de aparelhos de ressonância magnética de alta complexidade que poderiam ser comprados pelo poder público com o total desviado
- 330 milhões de luvas
Quantidade de pares de luvas cirúrgicas que poderiam ser compradas com o valor desviado, tendo como comparação a última compra do tipo no Portal Transparência do Governo do Estado.
- 8 meses de salários
Período em que servidores, ativos e inativos, da rede estadual de saúde teriam seus salários pagos em dia. Atualmente, a folha de pagamento da pasta gira em torno de R$ 37 milhões mensais
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