Não propriamente, mas as reações adversas à comida também se manifestam longe da barriga. Entenda os sintomas e aprenda a diferenciá-los da rinite comum
Isso ocorre porque, quando o corpo do alérgico entra em contato com um agente específico, como o leite ou o ovo, o sistema imune reage exageradamente para tentar se defender do suposto “agressor”. Que é, na verdade, inofensivo.
Pois bem: esse alarme falso libera tropas de defesa para o corpo todo – por isso a repercussão pode ser geral. “Os sintomas mais comuns são os gastrointestinais, como vômito, diarreia e cólicas, e os da pele”, explica Victor Nudelman, pediatra e alergologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. “Mas o indivíduo pode ter coriza, espirro e até tosse e chiados no peito”, completa.
A situação, vale frisar, não é frequente. “Para se ter ideia, só 8% das manifestações de alergia alimentar são respiratórias”, destaca Ana Paula Moschione Castro, alergista e imunologista do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.
Se pensarmos que 4% da população adulta tem alguma dessas alergias, dá para calcular que um público relativamente pequeno descobrirá por causa das vias aéreas um transtorno do tipo. Já a rinite alérgica, que tem um processo até parecido de resposta imunológica, mas por conta de outros fatores, é bem abrangente – o estudo mais robusto sobre o assunto aponta uma média de 25% de acometidos no Brasil.
Como saber se foi a comida
Fique atento ao horário do acesso de tosse ou da espirradeira. “As alergias alimentares do tipo IgE mediadas, como a do leite de vaca e do ovo, manifestam sintomas até duas horas depois da ingestão do alimento”, aponta Ana Paula.Se o intervalo confere, é preciso fazer uma investigação para saber qual ingrediente será limado do cardápio. Além da proteína do leite e do ovo, que são os gatilhos mais comuns do Brasil, outros itens desencadeiam reações, como amendoim e demais oleaginosas, camarão, trigo e soja.
“Com a chegada de mais produtos importados que não comíamos antes, podem-se descobrir ainda novos alergênicos, como o gergelim e o kiwi”, comenta a médica. Na dúvida, melhor procurar um especialista para determinar a causa do incômodo.
Se a pessoa já sabe que é alérgica e percebe que, fora inchaço, pele vermelha e coceira, algo está errado com a respiração, melhor ficar especialmente atento. “Esses sintomas estão relacionados com a gravidade da crise e podem caracterizar o princípio de uma anafilaxia, quadro que exige atendimento imediato”, diferencia Ana Paula.
E a intolerância à lactose?
Primeiro, vale reforçar que alergia à proteína do leite e intolerância à lactose são problemas distintos. A primeira provoca uma reação desmedida das defesas do corpo, enquanto a intolerância é uma dificuldade na digestão da lactose, açúcar presente no leite.Até por isso, os transtornos desse último quadro ficam mais restritos ao sistema gastrointestinal. “Alguns estudos tentam relacionar, por exemplo, sinusite à intolerância, mas o elo não está confirmado”, aponta Ana Paula.
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