Por que métodos como a acupuntura, a ioga e a meditação alteram o funcionamento do organismo e promovem benefícios cada vez mais valorizados nos tratamentos tradicionais
Além de ser usada contra o câncer, a medicina integrativa está incorporada ao tratamento de doenças cardiovasculares, reumatológicas (artrite reumatóide, por exemplo), ansiedade, depressão e dor crônica, entre outras. A adoção das técnicas por centros de referência do Ocidente demorou décadas para acontecer porque, durante anos, perduraram o antagonismo e desconfiança mútuas de um lado em relação ao outro. Os médicos não acreditavam em seus efeitos e os terapeutas rejeitavam os conceitos por trás da medicina ocidental. Por isso, a prática de coisas como a meditação ou a ioga era considerada alternativa. Ou seja, substituía, e não complementava.
Atração de opostos
Ainda há muito o que descobrir sobre o tema, mas está claro que a conexão entre a mente e o corpo é mais forte do que se imaginava. Pensamentos, sensações, atitudes diante do estresse promovem alterações na forma de o organismo operar. “A cabeça cura o corpo de maneira bem eficiente”, afirma o médico Liaw Chao, um dos coordenadores do novo serviço da Beneficência Portuguesa .
A acupuntura é a técnica com maior evidência científica de benefícios. Há vários mecanismos fisiológicos que os explicam, mas o principal é seu impacto no cérebro. Está comprovado que a colocação das agulhas nos pontos certos equilibra o funcionamento de algumas áreas, como o sistema límbico, onde dor e emoções são processados. Por isso, além do efeito analgésico, o método auxilia no combate à ansiedade e à depressão e até na diminuição dos sintomas do autismo, como demonstrou investigação da Hong Kong Baptist University feita com crianças afetadas pela síndrome. Sintomas como dificuldade de interação social e elevada sensibilidade à luz e ao barulho foram atenuados com a técnica.
A comprovação dos benefícios permite que os pacientes tenham acesso ao que realmente funciona, sem risco de serem seduzidos pelo charlatanismo. E torna menos problemático um assunto antes evitado nos consultórios. “Grande parte dos pacientes tinha vergonha de contar que usava as técnicas no tratamento”, afirma o oncologista Ricardo Caponero, coordenador do Centro de Medicina Integrativa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. “Agora, a relação está mais transparente.”
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