Médica alerta para o crescimento no número de casos de doença renal crônica, condição que abala a saúde e a qualidade de vida
Diante dessa epidemia, a sociedade médica
internacional vem tentando chamar a atenção da população para essa
dupla de órgãos tão vital à saúde e, no entanto, frequentemente
esquecida. Além de remover resíduos e fluidos extras do sangue, os rins
têm a tarefa de controlar o equilíbrio químico do corpo, ajudar no
balanço da pressão arterial, conservar os ossos saudáveis e produzir o
hormônio eritropoietina, necessário para manter os níveis dos glóbulos
vermelhos e evitar a anemia.
O grande desafio da doença renal é que,
em suas fases iniciais, ela é assintomática. Uma pessoa pode perder 90%
das funções desses órgãos sem sentir nada. Somente em estágio avançado é
que alguns sinais costumam aparecer, caso de inchaço, fadiga, diminuição de apetite, soluços, redução do volume de urina, entre outros.
Falamos de um problema que, a rigor, não
tem cura, o que faz com que os pacientes necessitem de cuidados pela
vida toda. Embora a qualidade do tratamento tenha avançado muito nos
últimos anos, uma diálise individualizada e de qualidade ainda não é
acessível a todos aqueles que precisam, assim como nem todos conseguem
usufruir de um transplante de rim.
Como a prevalência da doença renal está
aumentando drasticamente, o custo de tratamento dessa epidemia crescente
representa enorme carga nos sistemas de saúde de todo o mundo. Na
Inglaterra, o valor desembolsado no tratamento da condição já supera o
custo dos cânceres de mama, pulmão, cólon e pele
juntos. Na Austrália, o custo de tratar todos os casos atuais e novos
até 2020 está estimado em 12 bilhões de dólares. Nos Estados Unidos, por
sua vez, a despesa com o tratamento deve exceder 48 bilhões de dólares
por ano.
A melhor estratégia para redução de
custos e danos aos pacientes é a prevenção. O alerta é para que os
países invistam mais nesse aspecto e tornem o rastreio de doenças renais
um cuidado primário com a saúde, incluindo acesso a exames de sangue
(creatinina) e urina (EAS). O diagnóstico e o tratamento precoces podem
evitar ou retardar que as doenças renais evoluam para estágios mais
graves, que necessitam de diálise ou transplante.
Pessoas com hipertensão e diabetes
devem ter atenção especial, já que esses problemas são as principais
causas da doença renal hoje. Portanto, proteger-se delas e manter uma
dieta equilibrada e um estilo de vida saudável também é uma forma de
cuidar bem dos rins.
* Dra. Ana Beatriz Barra é nefrologista, mestre pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro e gerente médica da Fresenius Medical Care
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