Cresce o uso de células retiradas dos próprios pacientes para tratar doenças como artrose, lesões articulares, câncer e incontinência urinária
O tratamento ao qual Lucas foi submetido é um dos exemplos de um caminho seguido pela medicina que visa achar a cura dentro dos próprios recursos do organismo. Chama-se terapia celular. Em seu caso, foram extraídos condrócitos (células produtoras de colágeno), cultivados em laboratório e novamente injetados em seu joelho. Dessa forma, tornam-se peças de reposição para substituir as que estão lesadas, sem funcionar ou funcionando precariamente. “Os resultados são bem animadores”, afirma o ortopedista Moisés Cohen, do Albert Einstein.
Outros meios utilizam células-tronco adultas (capazes de se transformar em células de vários tecidos) extraídas do paciente ou retiradas de tecidos doados por outras pessoas. O objetivo é cultivar as células-tronco em laboratório e estimulá-las a se especializarem nas células desejadas. Por exemplo, em células sanguíneas, ósseas ou musculares. No Grupo de Joelho do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Universitário Cajuru, no Paraná, os médicos estão usando células-tronco do cordão umbilical doadas como matéria-prima do tratamento para artrose no joelho ou perda da cartilagem da articulação. “Após análise em laboratório e multiplicação das células em laboratório, elas são implantadas na lesão da cartilagem do joelho, promovendo seu reparo”, explica o ortopedista Fabiano Kupcizik, chefe do serviço.
Realizado em conjunto com especialistas da Universidade Federal de São Paulo e do Laboratório Stemcorp, especializado em célula-tronco, e iniciado há cinco meses, o tratamento foi aplicado até agora em dez mulheres. As células-tronco são extraídas da medula óssea das participantes. Cultivadas em laboratório, são posteriormente injetadas na uretra. A ideia é que a reintrodução das células-tronco, agora em número muito maior, contribua para a restauração de músculos, nervos e vasos, estruturas que podem estar danificadas principalmente em razão de partos vaginais ou lesões no assoalho pélvico. As primeiras observações indicam que está dando certo. “A primeira paciente não está mais perdendo urina”, afirma o ginecologista Rodrigo Castro, do Hospital Albert Einstein.
REPOSIÇÃO DE PEÇAS
O estudo dos efeitos da terapia celular avança no tratamento de diversas enfermidades. Entre elas:
Condrócitos (células produtoras de colágeno) ou células-tronco (passíveis de serem transformadas em diversos tecidos) extraídas dos pacientes são multiplicadas em laboratório. Depois, são novamente injetadas para tratar lesões em articulações
GINECOLOGIA
Células-tronco são retiradas de pequena amostra de músculo da coxa da paciente e cultivadas em laboratório. Injetadas na região do assoalho pélvico, podem reduzir episódios de incontinência urinária
ONCOLOGIA
Melanoma (tipo mais agressivo de tumor de pele)Linfócitos de pacientes com a doença são colocados, em laboratório, em contato com tecido tumoral. Dessa forma, ficam estimulados a identificar e atacar o tumor com maior eficiência quando reinjetados
Linfócitos T são extraídos do paciente e alterados geneticamente para reconhecerem e destruírem as células tumorais assim que forem reintroduzidos
NEFROLOGIA
Está em montagem no Hospital Albert Einstein estudo sobre a eficácia de células-tronco na recuperação de rins
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