Regime criado por cientistas americanos rejuvenesce o cérebro em até oito anos
Cilene Pereira (cilene@istoe.com.br)
Uma pesquisa
patrocinada pelo Instituto Nacional do Envelhecimento dos Estados Unidos
demonstrou que um regime batizado de MIND diet tem o poder de
rejuvenescer o cérebro em até oito anos. Conduzido por pesquisadores da
Rush University Medical Center, também nos EUA, o trabalho provou que a
dieta retarda o declínio cognitivo que acontece com o passar dos anos e
tem alto índice de adesão. O artigo sobre o modelo de alimentação foi
publicado na última edição da revista da Associação Americana de
Alzheimer.
A MIND diet é uma combinação de alimentos
presentes na dieta mediterrânea, considerada uma das mais saudáveis, e
na Diet Approaches to Stop Hypertension, cuja sigla é DASH e que tem
como objetivo a adoção de parâmetros alimentares que previnam e tratem a
hipertensão. Da associação entre as duas surgiu o acrônimo MIND
(Mediterranean-DASH Intervention for Neurodegenerative Delay, algo como
intervenção Mediterrânea-DASH para atrasar o processo
neurodegenerativo).
O regime consiste na inclusão no cardápio
de alimentos com benefícios cientificamente comprovados para o
funcionamento cerebral. O primeiro item é o de folhas verde escuro. O
espinafre, por exemplo, é rico em ácido fólico, composto importante para
a regeneração celular. Nozes, amêndoa e amendoim devem ser consumidos
todos os dias por sua alta concentração de vitamina E, que ajuda a
proteger os neurônios. Feijão e lentilha contêm L-tirosina, aminoácido
que contribui para a fabricação de substâncias que elevam a
concentração.
O menu deve apresentar ainda grãos
integrais, compostos por carboidratos complexos, responsáveis por
garantir energia ao funcionamento das células de maneira mais uniforme.
Os carboidratos simples, ao contrário, ocasionam picos de glicose, o que
obriga a produção concentrada e elevada de insulina (hormônio que
possibilita a passagem do açúcar presente no sangue para dentro das
células). Também não podem ficar de fora vinho, azeite de oliva e frutas
vermelhas. Elas possuem flavonóides (substâncias que ajudam a preservar
os neurônios). É permitido comer, com moderação, opções como carne
vermelha e frituras.
PROVA
A cientista Martha desenvolveu o menu com alimentos que têm poder
comprovado para melhorar o funcionamento dos neurônios
Os pesquisadores vêm trabalhando na
confecção da dieta há dois anos. Em março, eles já tinham publicado um
trabalho no qual comprovaram sua eficácia para reduzir a chance de uma
pessoa desenvolver a doença de Alzheimer, caracterizada pela perda
progressiva da memória e demência. O trabalho divulgado agora amplia o
escopo de benefícios. De acordo com a pesquisa, a adesão à MIND diet
melhora de maneira significativa as memórias episódica (lembrança
pessoal de um evento), de trabalho (usada para reter a informação por
pouco tempo e, depois, se for importante, armazenada por longo prazo) e a
semântica (guarda informações de conhecimento comum, como nome de
cores). Também aprimora as habilidades visuais e a percepção de
velocidade nos movimentos.
As conclusões foram obtidas após o
acompanhamento de 960 idosos ao longo de quase cinco anos. Anualmente
eles foram submetidos à avaliação de suas habilidades cognitivas e
também responderam a questionários sobre seus hábitos alimentares. Isso
permitiu aos cientistas associar a adesão da dieta à evolução do
funcionamento do cérebro dos participantes. No final da pesquisa,
aqueles que seguiram a dieta com fidelidade apresentaram capacidade
cerebral de alguém em média 7,5 anos mais jovem em comparação aos que
não aderiram ao regime com rigor.
Na opinião da coordenadora do experimento,
Martha Clare Morris, diretora da Seção de Nutrição da Rush University, a
eficácia do regime resulta do fato de ele conter ingredientes
específicos para a saúde cerebral. “Diferentemente da dieta mediterrânea
e da DASH, a MIND diet foi criada para conter nutrientes que se
mostraram cientificamente importantes para proteger o cérebro de doenças
neurodegenerativas”, disse à ISTOÉ. “E é fácil de ser adotada.”
Fotos: Rush Photo Group; Shutterstock
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