Com 170 kg, jovem gastou R$ 3,5 mil com exames, mas desistiu da cirurgia.
'Críticas aos obesos são duras', diz o autônomo Netão, de 31 anos.
"Em maio de 2014 resolvi fazer uma bariátrica e fui até Goiânia. Essa era, na minha opinião, a solução mais rápida. Cheguei a gastar R$ 3,5 mil com exames, o médico viu e não encontrou nenhuma alteração. Estava disposto a pagar R$ 21 mil para fazer a cirurgia, mas o médico disse que eu era jovem e me mandou pensar melhor", recorda.
A reflexão deu certo. Um mês depois, já de volta à capital acreana, Netão diz que começou uma dieta "maluca", se matriculou em uma academia e usou parte do dinheiro da cirurgia para comprar uma bicicleta.
"Comecei uma dieta por conta própria. Comia maçã o dia todo e fazia funcional. Emagreci 15 kg em um mês, mas não recomendo que ninguém faça isso, pois eu passava muito mal. Hoje passo por um acompanhamento nutricional com um especialista. Essa é a forma correta de alguém conseguir chegar ao peso ideal", alerta.
Hoje, com 62 quilos a menos, o autônomo relata o preconceito que sofreu quando era obeso. "As críticas aos obesos são duras, às vezes a pessoa não é gorda porque quer. Nos dias atuais, ninguém me olha mais como antigamente, as pessoas me julgavam com os olhos por eu ser gordo, e isso não é bom. Uma das coisas que mais me motivaram foram as críticas, a sociedade vê a pessoa gorda diferente", lamenta.
O ex-obeso afirma que hoje seu organismo é condicionado à dieta e exercícios físicos e garante que não passa nenhum dia sequer sem se exercitar. "Comecei devagar, respeitando os meus limites. Nunca pensei em desistir hoje sou viciado nisso aqui [academia] meu organismo é condicionado ao exercício físico, se eu não fizer, parece que perdi o dia", garante.
Netão conta que não foi obeso a vida toda. Ele aponta o comodismo, o sedentarismo, e o trabalho em uma lanchonete como os principais vilões para que ele aumentasse de peso.
"Não fui obeso na vida toda. Até os 20 anos tinha um peso bom para um homem saudável com a minha altura, 90 kg. Não é que eu esteja culpando o casamento, mas quando a gente casa relaxa um pouco. Além disso, comecei a trabalhar em uma lanchonete, onde atuo até hoje. Minha alimentação era desregrada, colocava culpa na correria do dia a dia para me alimentar de forma errada", diz.
Cardápio de um dia do Netão |
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Café da Manhã |
Uma tapioca (cinco colheres de sopa de massa) recheada com carne moída e ovo e um copo de café com leite |
Lanche da manhã |
Uma fruta |
Pré-treino |
Um shake |
Almoço |
Oito colheres de arroz integral, um pedaço de frango grelhado, salada à vontade (às vezes uma concha de feijão) e um copo de suco verde |
Lanche da tarde |
Uma fruta |
Jantar |
O mesmo do almoço |
O que deixou de comer |
Não ingere mais bebidas alcoólicas e não come frituras de nenhum tipo |
O educador físico Rodrigo Rodrigues, de 34 anos, acompanha Netão desde o início da etapa de emagrecimento. De acordo com o especialista, o mérito é todo do autônomo, que aliou força de vontade com a prática de exercícios físicos.
"O problema do Netão era o sedentarismo, ele chegou aqui com bem mais de 160 quilos. Quando vejo uma pessoa como ele, fico mais motivado em ajudar. Acredito que a preguiça aliada à falta de motivação foram os principais motivos que o levaram a ficar obeso", diz.
Rodrigues acrescenta ainda que se orgulha do desempenho do aluno, pois, segundo ele, não são todos que têm a iniciativa de procurar ajuda quando está tão acima do peso.
"Quando alguém procura uma academia nas condições que o Netão procurou ela quer apoio, precisa de ajuda. O mais difícil é colocar na cabeça das pessoas que elas precisam de ajuda, e isso o Netão teve desde o início. Até hoje ele liga perguntando se tem treino no sábado, se vou praticar algum tipo de exercício no domingo. O que eu faço é apenas transformar o exercício físico em uma coisa prazerosa", finaliza.
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