Ao emagrecer, Maryane Coan, que tinha 154 kg, se livrou da hipertensão.
No início, sonhava com comida e chorava de vontade de comer.
Maryane se enquadrava no perfil de pacientes com indicação para a cirurgia bariátrica: com índice de massa corpórea (IMC) acima de 50, a bacharel em direito já era considerada obesa mórbida. Desde julho de 2013, quando atingiu seu peso máximo, até fevereiro de 2015, ela emagreceu 82 kg com a ajuda do procedimento, feito em dezembro de 2013.
Mas não foi nada fácil, segundo a jovem de Braço do Norte, em Santa Catarina. Nos primeiros dias depois do procedimento, só podia tomar líquidos em quantidades muito pequenas de cada vez. “No período da dieta líquida, cheguei a ligar para a psicóloga porque sonhava que estava comendo, mas não podia comer, então chorava. Não era fome, era vontade de comer”, conta.
Cirurgia não é para todos
O endocrinologista Márcio Mancini, especialista da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-SP), explica que nem todos os pacientes obesos podem se submeter à cirurgia bariátrica. Primeiro, o paciente precisa ter IMC maior ou igual a 40 ou IMC maior ou igual a 35 no caso de pessoas que tenham doenças associadas que podem melhorar com a perda de peso, como hipertensão, diabete, apneia, entre outras.
A pessoa também tem de ter experimentado todas as alternativas de tratamento menos invasivas. “Não faz sentido uma pessoa que nunca tentou tratar a obesidade clinicamente com dieta, atividades físicas e medicamentos, partir direto para a cirurgia”, diz Mancini.
Dieta, remédio e terapia
Maryane – que sempre esteve acima do peso desde a infância e começou a engordar mais a partir dos 15 anos – já tinha experimentado dieta, remédio e terapia antes da decisão pelo procedimento cirúrgico. A dieta, indicada por uma nutricionista, levou à perda de 5 kg, mas ela não conseguiu levar a mudança alimentar adiante.
Ela teve a indicação de sibutramina, remédio para emagrecer que atua no sistema nervoso, mas não se adaptou. “Não cheguei a tomar nem a primeira caixa porque dava palpitação”, diz. Nem o tratamento com uma psicóloga a ajudou a perder peso, por isso decidiu se submeter à cirurgia bariátrica.
Paladar mudou
Maryane já gostava de comer saladas, legumes, frutas e alimentos integrais. Seus pontos fracos eram as quantidades excessivas e o gosto por comidas não tão saudáveis como pizzas, salgados, lanches e doces. Depois da cirurgia, o paladar mudou e ela deixou de ter vontade de comer itens muito calóricos. Quando pensa em um doce, por exemplo, se contenta com um iogurte natural com granola e fruta.
A jovem conta que tomou a decisão de fazer a cirurgia sozinha, sob a orientação do médico. O pai, a princípio, era contra o procedimento. A mãe e o marido acreditavam que a decisão deveria ser dela. Mas, pouco antes do procedimento, a família toda foi à consulta médica com Maryane e todos se sentiram mais confiantes no procedimento. Hoje, eles têm orgulho de sua mudança.
Apenas 15 dias depois da cirurgia, ela pôde deixar de tomar seus remédios diários para hipertensão, pois sua pressão voltou a níveis saudáveis.
Mancini observa que, depois de uma cirurgia bariátrica, o paciente tem que continuar sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar. “Ele troca um acompanhamento de um estado de má nutrição, que é a obesidade, onde os problemas são as doenças associadas à obesidade, por um outro acompanhamento que é a vigilância de desnutrição, que pode ser proteico-calórica ou de micronutrientes (de minerais e vitaminas).”
Com 72 kg, Maryane já atingiu sua meta e agora está economizando dinheiro para fazer as cirurgias plásticas necessárias para tirar o excesso de pele.
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