O número alto de mortes devido à leptospirose, com 49 ocorrências positivas e dez óbitos, chamou a atenção
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Leda Gonçalves - Repórter
Somente a doença diarreica aguda (DDA) atingiu mais de 300 mil pessoas. Dengue, zika e chikungunya somaram 69,5 mil casos confirmados com 49 mortes. A microcefalia somou 150 ocorrências e 25 óbitos de bebês.
O que mais chamou atenção de infectologistas é o número alto de mortes devido à leptospirose, com 49 ocorrências positivas e dez óbitos. Fortaleza contabiliza 30 casos, com oito pessoas mortas. Caucaia teve dois óbitos pela doença que tem cura se tratada a tempo com medicamentos. Para especialistas, como o médico Anastácio Queiroz, para o controle da leptospirose são necessárias medidas ligadas ao meio ambiente, tais como obras de saneamento básico (abastecimento de água, lixo e esgoto), melhorias nas habitações humanas e o combate aos ratos. O que, aponta, ainda está longe de ocorrer de forma aceitável no Ceará.
Outra que alerta a área de saúde é o chamado acidente com animal peçonhento. Entre 2007 e 2016, o Estado somou mais de 28 mil vítimas. Somente no ano passado, foram quatro mil casos com nove fatais.
A maioria dos ataques foi de escorpiões, seguido de serpentes, abelhas e aranhas. Um dos problemas apontados para o aumento de casos no Brasil foi a suspensão do soro antiveneno (utilizados para o tratamento de mordidas de animais peçonhentos) pelo Ministério da Saúde em junho do ano passado. "Falta vacina para raiva, soro. Estamos em um momento bastante complexo e que reflete na saúde pública", lamenta Queiroz.
Índice alto
Segundo ele, é necessário rever algumas abordagens para a maioria dessas doenças. A tuberculose, por exemplo, são mais de três mil pessoas contaminadas e a maioria ainda se nega a fazer o tratamento. O índice de abandono é muito alto. "O combate ao Aedes aegypti também é problema, pois há mais de 30 anos que tentamos acabar com ele. E pior, temos as mesmas fontes de focos desde 1986, nos primeiros casos da dengue no Ceará", aponta Anastácio Queiroz.
Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), que foi procurada, não se pronunciou e nem encaminhou, via assessoria de comunicação, nenhuma resposta sobre o assunto.
Fique por dentro
Dados permitem monitorar as enfermidades
Uma doença de notificação obrigatória ou doença de notificação compulsória é qualquer doença que a lei exija que seja comunicada às autoridades de saúde pública. Os dados permitem às autoridades monitorar a doença e permitem antever possíveis surtos. Portaria do Ministério da Saúde define uma lista nacional de doenças e agravos de notificação compulsória a serem monitorados por meio da estratégia de vigilância em unidades sentinelas e suas diretrizes. A relação ajudará no estabelecimento de saúde estratégica para vigilância de morbidade e mortalidade das doenças, bem como acompanhamento de suas causas.
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