Estudo mostra que um simples teste sanguíneo seria capaz de identificar fragmentos de DNA do tumor na circulação
O diagnóstico funcionaria da seguinte maneira: ao se instalar no pulmão, o tumor pode liberar pequenos fragmentos de DNA na circulação. O exame de sangue avaliaria a expressão gênica desses pedaços usando o sequenciamento do genoma – que é uma espécie de assinatura do código genético. Dessa forma, o médico seria capaz de flagrar a presença do câncer na leitura do resultado.
“Diagnósticos prematuros são a chave para aumentar a taxa de sobrevida desses pacientes. E um simples exame de sangue que pode ser analisado no consultório médico teria um grande impacto nesse índice”, afirmaram os pesquisadores em um comunicado à imprensa.
“É um grande sonho dos médicos e dos pacientes conseguir identificar a doença na fase inicial. Isso só está sendo possível devido ao avanço tecnológico”, analisa Jacques Tabacof, oncologista do Grupo Oncoclínicas. “Quem sabe um dia possamos usar esse exame para achar tumores na população em geral”, imagina o médico. De acordo com ele, essa é uma tecnologia que, a princípio, ajudaria a detectar outros tipos de câncer.
Apesar de os resultados serem animadores, os estudos ainda estão em fase inicial e, portanto, longe de serem implantados nas clínicas. “Antes de ser amplamente utilizado, é necessária uma validação adicional usando um conjunto de dados maiores e estudos envolvendo pessoas que não foram diagnosticadas com a doença”, avisam os experts.
Saiba mais sobre a pesquisa
O estudo contou com a participação de mais de 12 mil voluntários de 141 lugares dos Estados Unidos e do Canadá, sendo que 70% deles tinham câncer de vários tipos. Porém, na fase inicial, foram avaliados apenas 1 700 participantes – 127 acometidos pelo tumor no pulmão.Os primeiros achados mostraram que o exame de sangue poderia detectar a doença com uma baixa taxa de falsos positivos (menos de 1%). Esse nome diz respeito aos resultados que indicam que uma pessoa tem um tumor quando, na verdade, não apresenta a doença.
Esse é um problema enfrentado no diagnóstico do câncer de pulmão hoje em dia. “Atualmente, o rastreamento é feito com tomografia com baixa dose de radiação apenas nos fumantes ou ex-fumantes. Porém, essa metodologia ocasiona uma alta taxa de falsos positivos. A maioria dos pequenos nódulos encontrados no pulmão através desse exame não são tumores. Podem ser cicatrizes e até tuberculose”, ensina Tabacof.
O estudo constatou ainda que mais de 54% das mutações somáticas (ou seja, não herdadas) detectadas em amostras de sangue eram derivadas de glóbulos brancos e não de tumores. Isso significa que algumas células que poderiam ser identificadas como nódulos malignos eram, na realidade, mutações geradas provavelmente por processos naturais de envelhecimento (os cientistas chamam isso de clones hematopoiéticos).
Segundo Geoffrey R. Oxnard, líder da investigação, esses dados precisam ser levados em conta ao desenvolver testes sanguíneos para a detecção precoce de cânceres no sangue.
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