Livro sobre presidiários famosos da penitenciária de Tremembé revela que o ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 181 anos de reclusão, fraudou exames para ganhar a prisão domiciliar. Exige-se, agora, uma resposta rápida da Justiça
O depoimento que embasa esse capítulo do livro foi dado por outro médico: Carlos Sussumu, que, por estar cumprindo a sentença em regime semiaberto, trabalhava em Tremembé cuidando da saúde de outros presidiários. Sussumu fora condenado por associação criminosa e extorsão, e coube a ele a tarefa aparentemente inacreditável de ensinar uma nova malandragem ao exímio malandro Abdelmassih. No livro em questão, Sussumu admite ter assinado diagnósticos e relatórios que “não condizem com a realidade” sobre a condição clínica de seu “paciente”, fato que levou Abdelmassih para casa. Diz mais: “A doença do Roger é uma fraude, foi fabricada e é artificial. Ele não tem nenhum problema de saúde que uma simples medicação não resolva”. As declarações de Sussumu foram corroboradas em uma acareação entre ele e Filló, ordenada pela juíza Sueli Zeraik. A magistrada foi alertada do golpe pelo próprio autor do livro que, prevendo a grande repercussão da publicação, pediu à Justiça o direito de conceder entrevistas. Ela também realizou audiências com outros presos de Tremembé que foram mencionados na publicação como Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos e Lindemberg Alves.
Remédio indevido
Sussumu afirma não ter prescrito medicação alguma, mas reconhece que ensinou a Abdelmassih o truque de se valer de remédios cujo efeito colateral é manter a pressão arterial instável, desde que utilizado inadequadamente – caso do hipertensor Effortil (medicamento descontinuado pelo laboratório Boehringer em dezembro de 2015, por razões comerciais). Abdelmassih tomava excessivamente água com sal (a pressão subia) e depois o Effortil (subia mais ainda). O médico especialista em fazer dolosamente da pressão arterial uma gangorra avalia que, se Abdelmassih de fato sofresse com o problema cardíaco que alega, não estaria respirando por conta própria dois anos após o diagnóstico – por causa de sua idade avançada de 75 anos – e necessitaria do auxílio de aparelhos para sobreviver.
“A doença de Abdelmassih é uma fraude, foi fabricada e é artificial. Ele não tem nenhum problema de saúde que uma simples medicação não resolva” Carlos Sussumu, médico presidiário que atuava no presídio
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