A falta de notificações oficiais do câncer de pulmão, o mais mortal no Brasil e no mundo, dificulta a adoção de políticas públicas
Além da subnotificação, os registros também não reportam com precisão os hábitos que podem ter contribuído para a doença. Somente metade deles (51,6%) tem dados sobre o tabagismo. É uma lacuna importante, já que o fumo é associado à maioria dos casos. Quando é conferida essa informação, a conexão é clara. 79,1% dos doentes são fumantes ou ex-fumantes, enquanto 20,9% nunca tiveram contato com tabaco.
Uma das razões para a alta taxa de mortalidade é o registro tardio. Em 86,2% dos casos apontados em 2016, a doença já estava em estágio avançado, o que compromete as chances de tratamento e cura. No entanto, os dados internacionais não desmentem o alto índice de letalidade no Brasil (92,3%). No mundo, dos 2 milhões de casos ocorridos em 2018, a mortalidade foi de 84,1%.
A melhor forma de combater a doença ainda é a prevenção: por exemplo, o combate ao tabagismo. “O Brasil está bem nisso. É um câncer evitável”, afirma Luciana. Ela aponta o risco de modismos como o uso de cigarros eletrônicos, que podem estimular o hábito nos jovens.
Em 86,2% dos casos apontados em 2006, a doença já estava em estágio avançado dificultando o tratamento
Uma notícia positiva para o combate à doença – assim como na luta os tumores de fígado, rim e ossos – vem do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). A instituição está desenvolvendo uma técnica que utiliza radiação eletromagnética de alta frequência (micro-ondas) para tratar lesões de forma menos invasiva e mais rápida. O método já demonstrou resultados semelhantes aos obtidos nas cirurgias, mas sem remoção de tecidos sadios. Ele é indicado para tumores de até 3 cm de diâmetro e não pode ser aplicado em regiões perto de brônquios grandes. É uma boa notícia para uma doença que ainda exige toda a atenção – pública e privada.
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