Forma moderna de consumir nicotina atrai cada vez mais pessoas e pode ressuscitar a indústria do tabaco. Apesar de menos nocivos que os cigarros de papel, a extensão completa de seus malefícios ainda é desconhecida
Um dos grandes trunfos do cigarro eletrônico é oferecer a nicotina sem outros compostos mais abrasivos que existem nos cigarros comuns, como substâncias cancerígenas e alcatrão. O estudante de engenharia ambiental Lucas Magno foi um que migrou do papel para o eletrônico pela ausência de cheiro e por não deixar mau hálito. Ele argumenta: “se a humanidade consome nicotina há tanto tempo, por que não usar a tecnologia para fazer disso o menos nocivo possível?” Leonardo, também engenheiro, pesquisou bastante antes de comprar seu gadget de nicotina e o fez como um substituto para o uso contínuo de cigarro convencional. “Coloquei na balança a composição do cigarro eletrônico contra os montes de substâncias que fazem mal do de papel e fiquei com o primeiro”, explica.
Ambos entendem o impacto da nicotina no organismo, e contam que os dispositivos eletrônicos chamam bastante atenção no ciclo de amigos. Lucas, inclusive, evita iniciar curiosos na substância através do E-cigar. “Geralmente quem pede é fumante, quem não é, eu não deixo”. A consciência dos problemas do consumo dessas substâncias que há entre eles não é observada em muitos jovens. Nos Estados Unidos, o cigarro eletrônico já foi declarado como epidemia. No Brasil, um estudo do Programa Nacional de Tabagismo do SUS apurou que 30% dos usuários menores de 30 anos já experimentaram um vape. Muito do apelo ao uso vem de questões estéticas, além dos diferentes sabores, e há também a crença de que o cigarro eletrônico “é mais saudável”, o que não é necessariamente verdade. O presidente da comissão de tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Luiz Fernando Pereira, é categórico quanto aos novos dispositivos: “não há dúvidas que há menos substâncias que fazem mal à saúde do que nos cigarros normais”. Segundo ele, o problema está nos efeitos ainda desconhecidos a médio e longo prazo do uso desses gadgets de nicotina. Ele cita casos de convulsões, de baterias que podem explodir e até de mortes. Na sexta-feira 23, o Centro de Controle de Doenças dos EUA reportou o primeiro óbito decorrente de doenças respiratórias adquiridas pelo uso de cigarros eletrônicos, e há outros 193 casos sob as mesmas suspeitas.
Interesses financeiros
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