Publicitário brasileiro ganha concurso de
acessibilidade do Google com projeto que instala câmeras em cadeiras de
rodas e mapeia as calçadas de São Paulo
Edson Franco
VIA-CRÚCIS
Cerca de 30 cadeirantes irão percorrer as calçadas
de São Paulo e flagrar os obstáculos à mobilidade
Numa tarde de setembro deste ano, o publicitário Eduardo Battiston
saiu para almoçar com a cabeça fervilhando por conta de um novo projeto.
Na verdade, um concurso. O Google havia lançado o desafio: crie um
sistema que use produtos da empresa e mostre como a “tecnologia e a
criatividade podem mudar a vida das pessoas”. Diante do restaurante, o
publicitário notou como era impossível a um cadeirante vencer sozinho
aquele labirinto de rampas e degraus. Isso inspirou Battiston a criar um
projeto para mapear todas as calçadas da cidade, com câmeras acopladas a
cadeiras de rodas. Um Google Street View para cadeirantes. Na semana
passada, foi anunciado como vencedor do concurso. Como parte do prêmio,
vai levar R$ 35 mil para colocar a ideia em prática.
Em janeiro, Battiston embarca para Palo Alto, na Califónia. Ali irá
se encontrar com executivos do Google para acertar os detalhes finais.
No início, 30 cadeirantes da AACD (Associação de Assistência à Criança
Deficiente) receberão o equipamento e passarão a percorrer as calçadas
paulistanas. “Será um trabalho demorado. Para fazer o Street View de
carro, foi preciso um ano e meio. Imagine fazer isso em cadeira de rodas
e passando duas vezes pela mesma rua, pois todas têm uma calçada de
cada lado”, diz Battiston. Apesar disso, ele calcula que pelo menos
parte do projeto pode estar na rede logo depois do Carnaval de 2013.
Isso porque, além do mapeamento feito por cadeirantes, o plano
contempla um aplicativo para celular por meio do qual todos poderão
colaborar. “Assim, qualquer pessoa poderá informar onde tem uma calçada
ruim, a falta de rampa ou outros problemas de acessibilidade.” A verba
recebida do Google não é suficiente para cobrir os custos de todo o
projeto. Battiston corre atrás de patrocínios e empresas que forneçam
equipamentos em troca de exposição. Ele diz que já tem um fornecedor de
câmeras. Além disso, associações de amparo a deficientes procuraram o
publicitário para conhecer e participar do projeto. “Quanto mais
iniciativas como essa, melhor. Sou fã da tecnologia e acho que ela pode
ajudar muito quem tem deficiência. Essa ideia é tão boa e útil quanto o
GPS para cegos”, diz João Felippe, coordenador de programas especiais da
Laramara – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual.
A meta final é que o trabalho vire no futuro um botão dentro da
página do Google Maps, o serviço de mapas da gigante americana de
tecnologia. “Aí, será a glória”, sonha Battiston.
Fotos: MARCIO FERNANDES/AE; Divulgação
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