Acusada de matar pacientes na UTI que comandava, Virgínia de Souza se gabava de seu poder de vida e morte
Leslie Leitão, de Curitiba
HORROR EXPOSTO - Virgínia, a Doutora Morte: nos
depoimentos de testemunhas, os detalhes do esquema montado para "girar
leitos" tirando a vida dos doentes
(Rodrigo Felix Leal/AFP)
Numa manhã, em meados de 2010, Virgínia Soares de Souza, médica
responsável pela unidade de terapia intensiva para casos de clínica
geral do Hospital Evangélico, o segundo maior de Curitiba, avisou seu
pessoal que um grave acidente de trânsito acabara de fazer várias
vítimas e que eles se preparassem para recebê-las. Uma das enfermeiras
presentes alertou para um problema: todos os catorze leitos estavam
ocupados. Ouviu como resposta que fosse ao pronto-socorro apressar os
procedimentos de internação, porque as vagas seriam criadas. "Desci para
o pronto-socorro com a UTI lotada. Quando voltei, em menos de meia
hora, seis pacientes tinham morrido. Fiquei apavorada", conta a VEJA a
enfermeira, que não quer ser identificada por temer represálias. Ela
ainda perguntou ao colega Claudinei Machado Nunes o que havia
acontecido. Ele disparou: "Você é ingênua ou burra?". A moça narrou sua
história de terror à Polícia Civil do Paraná - um dos oito depoimentos
estarrecedores sobre a repugnante máquina de execuções instalada na UTI
do Hospital Evangélico aos quais VEJA teve acesso. Um conjunto também
ainda inédito de 21 prontuários é contundente quanto ao modus operandi
da doutora Virgínia: todos os pacientes cujos casos estão sendo
investigados receberam um mesmo coquetel de medicamentos, a que a
polícia se refere como "kit morte".
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