Novo remédio e experimentos com terapia genética reduzem os riscos de óbito por insuficiência cardíaca, uma das principais causas de internações e mortes no mundo
Até há pouco tempo, as opções de tratamento não tinham se diversificado. Recentemente, o avanço no conhecimento da enfermidade permitiu o surgimento de novas possibilidades. Uma delas é o medicamento Entresto, da farmacêutica Novartis. É a primeira novidade em remédios depois de vinte anos. A medicação associa uma substância já usada, a valsartana, a uma molécula nova (sacubitril), inaugurando uma nova classe de drogas contra a insuficiência.
Disponível há um ano no Brasil, o remédio faz diferença na vida do engenheiro José Luis Matheus, 57 anos. O fôlego e a disposição de Matheus ficaram frágeis por causa da insuficiência cardíaca que surgiu após dois infartos. Voltaram depois que começou a usar o remédio. “Agora consigo caminhar ao menos uma hora todos os dias”, diz Matheus. Infartos são responsáveis por cerca de 30% dos casos. Entre as outras causas estão a hipertensão, a diabetes, cardiomiopatias de origens diversas e, no caso do Brasil, a doença de Chagas.
Os estudos demonstraram que a droga reduziu em 20% o risco de morte por causa cardiovascular em comparação ao tratamento padrão (com apenas um remédio), diminuiu em 21% as internações decorrentes de complicações e melhorou a qualidade de vida. Responsável pela indicação do remédio a cerca de 60 pacientes, o cardiologista Paulo Bertini, de São Paulo, está entusiasmado. “A melhora clínica é impressionante”, afirma.
O Entresto foi aprovado pela FDA — agência americana responsável pela liberação de remédios — em regime de fast-track, no qual drogas com potencial para suprir necessidades não atendidas têm seu processo de revisão acelerado. Um artigo publicado pelo cientista Arthur Feldman, da Temple University (EUA), porém, sugeriu que a medicação elevaria a chance de desenvolvimento de Alzheimer, doença neurodegenerativa, e de degeneração macular relacionada à idade, uma das principais causas de cegueira. “Os médicos estão prescrevendo sem saber dos riscos”, escreveu. A Novartis afirma que as chances são teóricas, sem comprovação clínica. E que se comprometeu com a agência a incluir testes de cognição em pesquisas futuras, assegurando que, em estudos com cobaias e humanos saudáveis não encontrou associações.
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