CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
A lipoaspiração desbancou a prótese de silicone e voltou a ser a
cirurgia plástica mais popular no Brasil. Ela já tinha ocupado o posto
de campeã em 2004, caiu em 2007 e voltou a liderar em 2011.
DE SÃO PAULO
Em quatro anos, o número de cirurgias plásticas no país quase dobrou: passou de 629.287, em 2008, para 905.124, em 2011 --um aumento de 43,9%.
Os dados, obtidos com exclusividade pela Folha, são de pesquisa da Isaps (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética), em conjunto com a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), que será divulgada hoje.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Segundo Carlos Oscar Uebel, presidente da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, uma das razões pelas quais a lipo ultrapassou as cirurgias de mama foi a preocupação gerada pelos implantes de silicone rompidos das marcas PIP e Rofil.
"Essa retração aconteceu não só no Brasil mas também na França, Itália e Espanha, países onde essas próteses eram bastante usadas. As mulheres ficaram reticentes."
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MORTES
Ao mesmo tempo em que se populariza, a lipo também acumula mortes, muitas vezes atribuídas à imperícia profissional ou à falta de condições do local onde é feita.
Por ano, oito pessoas morrem no país durante o procedimento, segundo a Isaps. A SBCP ainda prepara um levantamento do número de mortes e das possíveis causas associadas a elas.
Para José Horácio Aboudib, presidente da SBCP, a banalização do procedimento é a principal responsável por mortes e outros problemas.
"A lipo é feita por muitos médicos que não são cirurgiões plásticos e que não receberam treinamento adequado. O local também é negligenciado. Você não vê paciente morrendo no Einstein, no Sírio ou em outros hospitais de ponta."
Para Carlos Uebel, as mortes preocupam mas são poucas em relação ao número de procedimentos realizados.
"Temos um dos menores índices do mundo, mas é um problema sério: 85% das denúncias [de mortes ou intercorrências] que chegam ao Cremesp [Conselho Regional de Medicina] são de médicos que não têm especialidade em cirurgia plástica."
Ele explica que a lipo tem limitações nem sempre respeitadas. "Eles podem ultrapassar os 5% [de retirada de gordura] do peso corporal, operam fora do ambiente hospitalar e sem a presença do anestesista. É uma técnica muito segura, desde que feita adequadamente."
VICE-CAMPEÃO
Em números absolutos, o Brasil é vice-campeão mundial em cirurgia plástica. Só perde para os Estados Unidos, que realizou 1,1 milhão de procedimentos em 2011.
"Se levarmos em consideração a população total dos dois países, veremos que o número de cirurgias per capita em ambos é muito próximo, apesar do poder aquisitivo dos americanos ser muito superior", afirma Aboudib.
Outra novidade da pesquisa ficou por conta da blefaroplastia (correção das pálpebras), que teve um aumento de 120%. "Os homens também têm feito muitas cirurgias de pálpebras. Elas começam a pesar e isso dificulta a leitura", diz Aboudib.
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