Instituto Estadual do Cérebro realiza cirurgias que anulam sintomas da doença, como tremores e rigidez
Beatriz Salomão
Rio - Foi ampliado o acesso à qualidade de vida
para os portadores do Mal de Parkinson. Somente este mês, seis
moradores do Rio de Janeiro ficaram livres de temores e outros sintomas
típicos da doença. A boa notícia é que tudo foi feito gratuitamente, no
recém-inaugurado Instituto do Cérebro Paulo Niemeyer, no Centro,
primeiro hospital da rede estadual de Saúde a fazer as cirurgias que
corrigem o problema.
Conhecido por estereotaxia, o
procedimento tem um aspecto curioso: o paciente permanece acordado e
‘participa’ da operação, respondendo a perguntas dos médicos. Ao tocar
determinada área do cérebro, os profissionais verificam se a ação reduz
os sintomas da doença neurológica ou se traz danos como dormências e
distúrbios visuais. Já para ter certeza de que a intervenção não vai
alterar voz e movimentos, o paciente conta de um a cem diversas vezes,
com braços ou pernas levantados.
O
neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, diretor da unidade, explicou que o
paciente precisa ficar acordado durante a cirurgia, para poder
conversar com médicos
Foto: André Mourão / Agência O Dia
“Se o paciente relatar dormências,
contraturas, distúrbios visuais, é porque não está sendo estimulado o
local correto do cérebro. Por isso precisamos dele acordado. A anestesia
é local”, explica o diretor do Instituto, Paulo Niemeyer Filho. De
acordo com o neurocirurgião, a operação não cura o Parkinson, mas
resolve os sintomas. A cirurgia foi feita, pela primeira vez na América
Latina, na década de 1950, pelo pai do diretor do instituto.O
procedimento é indicado aos casos em que tremor e rigidez não são
resolvidos com medicamentos ou quando o próprio remédio traz efeitos
colaterais, como movimentos involuntários.
MEDICAMENTO MANTIDO
Ele alerta que o doente não deve procurar a
cirurgia antes do tratamento com remédio. E depois da operação o
medicamento é mantido. “O tremor leva o paciente a sofrer preconceito e a
não querer sair de casa. Já a rigidez causa dor e faz com que ele tenha
dificuldade de andar e se vestir. A operação devolve a qualidade de
vida”, disse, acrescentando que os resultados são melhores em pessoas
com menos de 75 anos. Clique na imagem abaixo para ampliar o
infográfico:
Funcionamento da cirurgia
Foto: Arte O Dia
O Mal de Parkinson é causado pela não
produção do neurotransmissor chamado dopamina no cérebro. A falta da
substância no organismo causa desequilíbrio responsável pelos sintomas
da doença. Ao ‘lesionar’ outro neurotransmissor cerebral durante a
cirurgia, o equilíbrio é recuperado. O acesso à unidade inaugurada em
julho é pela Central de Regulação da Secretaria estadual de Saúde. O
paciente precisa ser encaminhado por unidade municipal.
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