segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Olimpíadas Rio-2016: operação limpeza

Com poucos ajustes ainda por fazer, o sistema antidoping brasileiro tem enfim um laboratório de padrão internacional preparado para o desafio de 2016

Por: Cecília Ritto
TUDO NOVO - No prédio recém-construído, o laboratório conta com equipamentos muito mais modernos e eficientes
TUDO NOVO - No prédio recém-construído, o laboratório conta com equipamentos muito mais modernos e eficientes(Andre Valentim/VEJA)
O Rio de Janeiro segue firme na corrida para a Olimpíada de 2016, mas o percurso tem obstáculos razoavelmente altos. O mais recente veio da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), que pôs o Brasil numa lista de seis países em "estado de alerta" por atrasos no cumprimento de algumas normas. O puxão de orelha faz parte do esforço renovado da agência para organizar o sistema antidopagem, abalado por um devastador relatório da própria Wada que incriminou dirigentes, técnicos e órgãos do governo da Rússia na prática de contrafação sistemática dos astros do atletismo. Apesar dos tropeços apontados, o Brasil apresenta nesse quesito uma significativa e indispensável melhora de desempenho: tem um laboratório novo em folha preparado para detectar de modo confiável a presença, no sangue e na urina dos esportistas, de substâncias que turbinam artificialmente seus resultados. Ligado ao departamento de química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o prédio no câmpus da Ilha do Fundão já está credenciado para análises rotineiras e em processo de habilitação para atuar na Olimpíada.
Os entraves, de cunho burocrático, precisam ser solucionados até março de 2016, segundo a Wada. Um deles é o prazo de tramitação de processos na Justiça Esportiva, que a agência quer ampliar por considerar o atual limite de sessenta dias insuficiente para atender aos padrões internacionais. A Wada pede mais tempo para recorrer de decisões locais. A solução passa por uma mudança na legislação, que o governo se prepara para encaminhar ao Congresso. O outro entrave é a efetivação da recém-criada Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) como entidade capacitada a lidar com o assunto. Isso levará a uma unificação de todo o processo, atualmente pulverizado pelas diversas confederações. O clima geral, porém, é de justificado alívio. O Brasil estava sem laboratório antidoping desde 2013, quando o único existente, espremido em uma saleta na mesma UFRJ, não tinha sequer condições de coletar sangue e teve o desfecho esperado: depois de falhar em uma bateria de testes, foi descredenciado.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Religião e espiritualidade previnem doenças mentais

De acordo com documento da Associação Mundial de Psiquiatria, a falta da espiritualidade ou uma visão distorcida dela pode piorar quadros depressivos e aumentar o risco de transtornos mentais e abuso de substâncias ilícitas

meditação
Estudos mostram que a religiosidade e a espiritualidade trazem melhorias na qualidade de vida e no ganho social do indivíduo, o que pode ajudar no combate ao stress causado por perdas, à depressão, na prevenção do suicídio e na recuperação de suicidas(Thinkstock/VEJA)
Religião e espiritualidade têm implicações significativas na prevalência, diagnóstico, tratamento e até na prevenção de doenças mentais. É o que diz a Associação Mundial de Psiquiatria (WPA, na sigla em inglês).
De acordo com um documento assinado pela WPA, nas últimas décadas houve uma crescente conscientização sobre a relevância da espiritualidade e da religião nas questões de saúde mental. Os mais de 3.000 estudos analisados sobre o assunto indicam que a religião e a espiritualidade impactam na qualidade de vida e na sociabilidade, o que ajuda no combate ao stress causado por perdas, à depressão, na prevenção do suicídio e na recuperação de pessoas que tentaram o suicídio.
Por outro lado, a falta da espiritualidade ou uma visão distorcida dela pode piorar quadros depressivos e aumentar o risco de transtornos mentais e abuso de substâncias ilícitas.
Os recursos espirituais e religiosos avaliados nos estudos variaram - crer ou não em Deus ou em um poder superior e participar de programas de meditação e de perdão espiritual.
(Da redação)

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Vale é acusada de crimes ambientais por moradores de cidade mineira

Na cidade de Nova Lima, uma mineradora que pertence à multinacional brasileira está envolvida em denúncias de despejo de rejeito e emissão de gases tóxicos desde 2007

Placa da Vale S.A na entrada da mina Fábrica Nova, em Mariana, Minas Gerais
Placa da Vale S.A na entrada da mina Fábrica Nova, em Mariana, Minas Gerais(Ricardo Moraes/Reuters)
Uma associação de moradores de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte (MG) e a 50 quilômetros de Mariana, está em guerra há pelo menos oito anos com a companhia Vale S/A, que responde pela ITM Vargem Grande, que faz parte de um complexo de mineradoras. As obras para a construção do empreendimento e também do seu funcionamento estão acompanhadas de denúncias envolvendo crimes ambientais, principalmente a emissão de gases tóxicos e o despejo de rejeitos no corpo hídrico da região. A Vale nega as acusações e afirma que cumpre medidas de preservação ao meio ambiente.
O presidente da Associação dos Proprietários do Solar da Lagoa (Assproa), Luiz Begazo, diz que vem denunciando a companhia desde que começaram as obras da ITM. Ele e a família tiveram de abandonar a casa por causa do barulho. "Depois disso, passei a estudar profundamente assuntos envolvendo mineração e descobri uma série de irregularidades que passei a denunciar nos órgãos ligados à Secretaria Estadual do Meio Ambiente e também no Ministério Público", contou.
A denúncia mais recente foi registrada em abril. Begazo estava andando próximo da Lagoa das Codornas quando viu uma mancha na água. Ele registrou queixa na Polícia Militar Ambiental que, posteriormente, constatou que eram rejeitos de mineração que atingiram uma área de 2.000 metros quadrados, sem contar uma parte que ficou submersa. No boletim de ocorrência, o representante da Vale, Genilton Crispim dos Santos, afirmou que houve "falha no sistema de concentração e parte do minério transbordou".
Segundo Begazo, a Vale não tinha nem autorização para operar. A licença só foi concedida pelo governo de Minas Gerais 23 dias depois, na 82ª Reunião Ordinária da Unidade Regional Colegiada Rio das Velhas do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Ele encaminhou um e-mail para a secretaria em 4 de novembro, na véspera da tragédia de Mariana, reforçando as denúncias contra a companhia que não teria apresentado, sete meses depois do acidente, um plano para a remoção dos rejeitos.
Na queixa, ele lembra que a Usina de Pelotização Vargem Grande, que faz parte do complexo, já teve as atividades suspensas duas vezes. A primeira, em julho do ano passado, por emissão de gases tóxicos; a segunda suspensão aconteceu em outubro, por causa de irregularidades no sistema de tratamento de efluentes (águas residuais).
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente disse que a denúncia não foi apurada porque foi encaminhada para o setor errado. E diz que tem "todo um procedimento para denúncias disponível no site do Meio Ambiente de Minas Gerais". E ficou de encaminhar corretamente o caso. Já a Vale S/A informou que o acidente de abril foi um vazamento de polpa de minério, mas que foram adotadas medidas de contenção e não houve prejuízo ao meio ambiente. "É importante salientar que se trata de um material inerte."
CPI das barragens - O Senado e a Justiça vêm apliando o cerco à mineradora Samarco. Nesta quarta-feira, o Senado deve criar a CPI das Barragens, com o objetivo de investigar possíveis irregularidades na fiscalização e na manutenção das barragens da Samarco e apurar a responsabilidade pelo desastre ambiental. Outras barragens do país também podem ser alvo dos senadores.
O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), leu na noite desta terça-feira o pedido de criação da comissão parlamentar, apresentado pela senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), que contava com o apoio de 47 senadores. Os senadores tinham até a meia-noite para retirar as assinaturas. A CPI precisa de ao menos 27 assinaturas, um terço da Casa para ser criada.
De acordo com o requerimento de criação, a CPI terá prazo de 120 dias para fazer as investigações, tendo onze titulares e sete suplentes. Essa comissão também deve analisar a situação de outros locais em que haja exploração de mineração, a fim de saber se há riscos ambientais semelhantes.
Para Rose de Freitas, é preciso investigar a fragilidade do processo de fiscalização. "O fiscal de uma empresa não pode fiscalizar a própria empresa. A estrutura do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) é zero", afirmou a senadora referindo-se ao fato de que, com pouca estrutura, o órgão usa a "autofiscalização" como método. Segundo a senadora, os parlamentares querem discutir as falhas do processo, para verificar se há riscos em outros barragens de mineradoras espalhadas pelo Brasil.
Quanto ao Judiciário, nesta terça-feira a Justiça do Espírito Santo deu 72 horas para que a Samarco apresente apólices de seguro para a cobertura dos prejuízos causados pelo rompimento da barragem de Fundão. A decisão, em caráter liminar, é do juiz Menandro Taufner Gomes, da 1.ª Vara da Fazenda Pública Estadual, Registros Públicos e Meio Ambiente de Colatina, norte do Estado, em ação do Ministério Público do Espírito Santo. Para o magistrado, "o risco à não recuperação da biosfera local é concreto e objetivo", disse.
Caso não apresente as apólices, a empresa terá de pagar multa diária de 1 milhão de reais. Por força de multas e acordos, a Samarco já contabiliza mais de 1 bilhão de reais em prejuízos. Procurada, a empresa reiterou que está cumprindo as determinações e acordos feitos com a Justiça e Ministério Público.
Ainda nesta terça, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e a Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH) declararam emergência na Bacia do Rio Doce. Na segunda-feira, o presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Marcio Lacerda (PSB), prefeito de Belo Horizonte, se reuniu com representantes de quinze municípios atingidos pela lama. Além de compensações financeiras para as prefeituras, foi discutida a reconstrução de Bento Rodrigues.
(Com Estadão Conteúdo)

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Mosquito transgênico pode ajudar a combater a malária

Cientistas americanos criaram em laboratório insetos com genes que bloqueiam a ação da doença, usando a CRISPR/Cas9, uma técnica revolucionária de edição de DNA. Contudo, ainda são necessários testes com os insetos antes de soltá-los na natureza

O mosquito Anopheles stephensi
A malária é uma doença infecciosa propagada pela picada da fêmea do mosquito “Anopheles”, infectada por protozoários do gênero “Plasmodium”, transmitidos ao homem pelo sangue.(Jim Gathany/CDC/Reprodução)
Cientistas americanos criaram em laboratório centenas de mosquitos geneticamente modificados incapazes de transmitir malária. Usando uma técnica revolucionária, chamada CRISPR/Cas9, os pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, inseriram nas células reprodutivas dos insetos Anopheles stephensi (que transmitem a doença na Ásia e são responsáveis por mais de 10% dos casos na Índia), genes que bloqueiam a ação da doença. Assim, cruzando com outros membros da espécie, esses mosquitos geram descendentes que não transmitem a malária e que poderiam combater a doença que atingiu 214 milhões de pessoas em 2015, causando 438 000 mortes.
O estudo foi publicado na edição desta terça-feira (24) do periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas). De acordo com os cientistas, os insetos modificados passaram a produzir anticorpos bloqueadores que foram repassados ​​para 99,5% da prole, um imenso sucesso. Para conseguir identificar quais mosquitos carregam o gene bloqueador, os pesquisadores ligaram a esse gene um outro, que dá aos mosquitos olhos vermelhos fluorescentes.
O objetivo da pesquisa é que esses mosquitos possam, no futuro, ser soltos na natureza para acasalarem com os mosquitos selvagens. Assim, os genes de bloqueio poderão entrar na cadeia e, eventualmente, cobrir toda a população do inseto, anulando a capacidade das espécies de infectar as pessoas com o parasita Plasmodium falciparum, que causa a malária
"Linhagens baseadas nessa tecnologia podem sustentar o controle e a eliminação como parte das ações de erradicação da malária", escrevem os autores no estudo.
Edição genética - Apesar de o resultado ter sido bastante positivo, os autores do estudo afirmam que é preciso cautela, pois o procedimento ainda precisa ser aperfeiçoado para funcionar fora dos laboratórios. Antes de liberarem os mosquitos transgênicos na natureza, são necessários testes com os insetos para que não aconteça nenhum imprevisto que cause desequilíbrios ecológicos.
Grande parte da preocupação está ligada à técnica que a equipe norte-americana usou para editar os mosquitos. A CRISPR/Cas9 ganhou fama em 2013 e foi usada com sucesso no ano seguinte para criar macacos transgênicos. Esse método possibilita que partes do genoma sejam recortadas, deletadas e substituídas como se fossem arquivos digitais de computadores. O sistema usa moléculas de RNA como guias que levam os cientistas até as sequências específicas do DNA que precisam ser modificadas. Por usar esse princípio, ele é o mais simples, preciso e eficiente editor de genomas já desenvolvido.
Entretanto, as pesquisas em modelos animais sugerem que usar o método nesses tipos de células levaria a mutações inesperadas em várias outros trechos do genoma - o que foi comprovado por um estudo chinês com genes de embriões humanos. A CRISPR/Cas9 ainda não é tão segura ou eficiente a ponto de ser testada de forma ampla. Além disso, há a preocupação ética de que intervir em estágios iniciais do desenvolvimento de espécies possa trazer consequências desconhecidas para as gerações futuras.
Em agosto, um grupo de pesquisadores publicou na Science um artigo pedindo cautela com a criação e liberação de organismos geneticamente modificados - um dos autores desse artigo, Anthony A. James, é um dos principais autores do novo estudo sobre o vetor da malária.
A doença - A malária é uma doença infecciosa propagada pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos ao homem pelo sangue. É raro, mas a transmissão também pode ocorrer quando o sangue de uma pessoa infectada entra em contato com o de outra sadia, em situações como o compartilhamento de seringas, transfusão de sangue ou até mesmo de mãe para feto, na gravidez. A doença, que tem como principal sintoma a febre alta, tem tratamento.
(Da redação)

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Donas do Botox e Viagra anunciam fusão e criam maior farmacêutica do mundo

Negócio está avaliado em US$ 155 bilhões; após fusão, operação da Pfizer deve sair dos EUA para pagar menos impostos

Estadão Conteúdo
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A Pfizer, fabricante do Viagra, e a Allergan, que produz o Botox, afirmaram nesta segunda-feira que realizarão uma fusão, em um chamado acordo de investimento de cerca de US$ 155 bilhões. O negócio criará a maior farmacêutica do mundo em vendas.

A fusão também mudará um dos principais nomes das corporações dos Estados Unidos para um país estrangeiro. Acordos como esse permitem que uma companhia norte-americana se mude para o exterior e com isso pague impostos menores em outro país. As iniciativas do tipo permanecem populares, mesmo diante de esforços dos EUA para contê-las.

Para ajudar a garantir impostos mais baixos, o acordo será estruturado tecnicamente como uma fusão reversa, com a Allergan, sediada em Dublin, que é menor, comprando a Pfizer, sediada em Nova York. As empresas disseram que a nova companhia terá o nome de Pfizer PLC e será negociada na bolsa sob o símbolo PFE, símbolo usado atualmente pela Pfizer na New York Stock Exchange (Nyse).

Pelos termos do acordo, as companhias trocarão 11,3 ações da Pfizer por cada ação da Allergan. O negócio envolve ainda entre US$ 6 bilhões e US$ 12 bilhões em dinheiro.

O executivo-chefe da Pfizer, Ian Read, liderará a companhia resultante, com o executivo-chefe da Allergan, Brent Saunders, assumindo a função de diretor de operações. Read é um crítico dos impostos cobrados às companhias norte-americanas, que segundo ele colocam essas empresas em desvantagem ante rivais de outros países.

A taxa de impostos da Pfizer está em 25%, a maior entre as principais do setor, segundo a Evercore ISI. Com o negócio com a Allergan, a Pfizer reduzirá essa taxa para abaixo de 20%, estimam analistas. A Allergan paga cerca de 15% atualmente.

O Departamento do Tesouro divulgou na semana passada novas regras para evitar esses acordos de investimento com o objetivo de reduzir o pagamento de impostos.

Analistas disseram que as regras não parecem ser capazes de conter a fusão da Pfizer e da Allergan, ainda que exista um risco de uma ação do governo dos EUA para impedir o negócio. Para o acordo ir adiante, as empresas necessitarão de aprovação de reguladores antitruste pelo mundo.

sábado, 21 de novembro de 2015

Sensor detecta câncer de mama seis meses antes de nódulo aparecer

Dispositivo criado pela Unicamp tem o tamanho de uma moeda.
No Brasil surge um novo caso da doença a cada nove minutos.

Do G1 Campinas e Região
Uma pesquisa inédita da Unicamp desenvolveu um equipamento que pode detectar a formação do câncer de mama seis meses antes de algum nódulo aparecer. O dispositivo, que tem o tamanho de uma moeda, possui 64 sensores. Segundo os pesquisadores, quando ele recebe sangue, transforma reação química em corrente elétrica e a partir de gráficos, ele mostra a concentração de uma proteína que se multiplica quando a doença aparece: a HER2.
A gente tentou criar um dispositivo que fosse capaz de detectar essa proteína em concentrações bem baixas"
Cecília de Carvalho e Silva, pesquisadora
"Meses antes de desenvolver o câncer de mama, essa proteína começa a ser liberada no sangue. Baseada nessa proposta, a gente tentou criar um dispositivo que fosse capaz de detectar essa proteína em concentrações bem baixas", afirma a pesquisadora Cecília de Carvalho e Silva.
Grafite de lápis
Normalmente, um microchip é feito de silício, mas para desenvolver a tecnologia, os pesquisadores da Unicamp utilizaram um outro material, o grafeno, que é basicamente grafite de lápis.
O método permite detectar a formação do câncer de mama seis meses antes da formação do nódulo e também poderia ajudar no tratamento, monitorando o nível da proteína durante a realização da quimioterapia.
"Para saber qual estágio do câncer essa mulher se encontra", afirma a pesquisadora.
Nanotecnologia
Foram quatro anos de pesquisa do departamento de química da Unicamp em parceria com a equipe de engenharia elétrica para que o microchip pudesse ter contato com um líquido sem provocar o curto-circuito dos componentes. A nanotecnologia empregada é de fácil adaptação a outros equipamentos, como um smartphone, por exemplo.
Segundo o pesquisador Lauro Tatsuo Kubota, a tecnologia pode ser utilizada fora dos laboratórios. "Pode ser no próprio consultório médico ou em casa", explica.
O equipamento pode se tornar uma prevenção ao tipo de câncer que mais mata mulheres no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. São mais de 8 milhões de mortes todo ano.
No Brasil surge um caso a cada 9 minutos e metade dos diagnósticos acontece em estágio avançado, onde o tratamento é mais difícil.
"O ideal é que nos façamos o diagnóstico da doença antes dela ser palpável, antes dela ser percebida pela paciente", afirma Cássio Cardoso Filho, vice-diretor clínico do Caism, Hospital da Mulher da Unicamp.
No entanto, antes de ser feito teste em sangue humano, o dispositivo tem que ser aprovado pelo Conselho de Ética da Unicamp e não existe previsão de data para isso acontecer.
Pesquisadores desenvolvem dispositivo para detectar câncer de mama (Foto: Reprodução/ EPTV)Pesquisadores desenvolvem dispositivo para detectar câncer de mama (Foto: Reprodução/ EPTV)
 

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Governo vê 'relação provável' entre microcefalia e zika

Número de casos da anomalia que prejudica o desenvolvimento cerebral dos bebês disparou para 399 apenas neste ano, segundo o Ministério da Saúde

O diretor de vigilância de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, divulga o boletim epidemiológico sobre os casos de microcefalia no país - 17/11/2015
O diretor de vigilância de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, divulga o boletim epidemiológico sobre os casos de microcefalia no país - 17/11/2015(Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
O Ministério da Saúde confirmou nesta terça-feira ter identificado a presença do vírus zika em exames coletados em dois fetos com microcefalia. Os resultados indicam uma possível relação entre o súbito aumento nos casos da anomalia e a entrada do zika no Brasil, a partir do início deste ano.
"Não podemos ser categóricos. Mas a presença do vírus não é apenas uma coincidência", disse o diretor do Departamento de Doenças do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, em entrevista coletiva nesta terça. "Estamos sendo extremamente cautelosos nessa relação, porque a situação é nova no mundo. Até agora, não havia nenhum relato entre o vírus zika com malformação congênita. Por isso falamos de uma relação provável."
Cláudio Maierovitch informou ainda que os testes realizados com a retirada de líquido amniótico não são feitos rotineiramente por apresentarem riscos. Outras possíveis causas, de acordo com o diretor, seguirão sendo pesquisadas. O zika vírus é transmitido pelo mosquito da dengue, o Aedes aegypti.
Número de casos dispara - A microcefalia é uma anomalia que prejudica o desenvolvimento do cérebro dos recém-nascidos e se caracteriza pela circunferência cefálica inferior a 33 centímetros. O número de casos no país, que costumava fica em dez ao ano, disparou em 2015 para 399. Os casos foram registrados em Pernambuco (268), Sergipe (44), Rio Grande do Norte (39), Paraíba (21), Piauí (10), Ceará (9) e Bahia (8). A maior parte deles foi identificada nos últimos três meses.
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Diante do avanço, o ministério tornou compulsória a notificação de casos da anomalia em todo território nacional. Dessa forma, o protocolo para identificação de bebês com o problema, desenvolvido em Pernambuco, deverá ser usado em todo o país.
A Organização Mundial da Saúde foi comunicada sobre os resultados dos exames divulgados nesta terça. Ao fazer o anúncio, o diretor convidou cientistas de todo o Brasil e do mundo a ajudar na comprovação de uma eventual relação entre a infecção por zika e o aumento de casos de microcefalia.
Maierovitch afirmou que a situação é extremamente preocupante. "Embora ainda não haja confirmação, os resultados demonstram a necessidade de se reforçar ainda mais as medidas de combate ao mosquito transmissor da doença", disse. O diretor admitiu que a tarefa não é fácil. A própria história da dengue no Brasil demonstra os entraves. O vírus da dengue chegou no país na década de 80 e, desde então, foram sucessivas as epidemias provocadas pela doença.
(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Estado prevê recorde em novembro -Ce

Secretaria da Saúde projeta captação superior às 22 doações efetivas alcançadas no mês de outubro



O Ceará já realizou, do início do ano até outubro, 1.183 transplantes, 20 procedimentos a mais do que no mesmo período de 2014
O Ceará pode registrar número recorde de doações neste mês de novembro. A afirmação se deve ao fato de o Estado ter atingido, na última semana, a média de três doações efetivas de órgãos e tecidos para transplantes a cada quatro dias do mês, no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), no Instituto Dr. José Frota (IJF) e na Santa Casa de Misericórdia, no município de Sobral.
De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), o número projeta captação superior às 22 doações efetivas alcançadas em outubro, o melhor índice do ano até o momento. Neste mês de novembro, já são nove doações efetivas e, neste ano, 163. Em 2014, foram efetivadas 220 doações de janeiro a dezembro.
O processo de doação e transplante no Ceará tem apresentado comportamento distinto a partir do mês de julho, em relação ao primeiro semestre de 2015. De janeiro a junho deste ano, o Ceará registrou 64 recusas familiares (43%) em 150 entrevistas para captação de doadores de órgãos e tecidos realizadas no semestre. No período, foram notificados 260 potenciais doadores. Desses, 84 (32%) tornaram-se doadores efetivos. Entre julho e outubro, foram 45 recusas familiares (36%) em 124 entrevistas. No segundo semestre, até outubro, foram notificados 179 potenciais doadores sendo 79 (44%) efetivados.
O resultado dessa mudança se reflete nos números de transplantes. O Ceará realizou mais procedimentos de janeiro a outubro deste ano que no mesmo período do ano passado. Em dez meses de 2015, foram 1.183, enquanto contabiliza 1.163 em 2014, ano em que ficou estabelecido o recorde de 1.399.
Em termos de doações efetivas, no ano passado, a média mensal foi de 18 doadores efetivos, com total de 220 no ano. Este ano, a média mensal no primeiro semestre ficou em 14 doadores efetivos e, entre julho e outubro, em 19,75.
Morte encefálica
A maioria dos transplantes é feita a partir de doadores com morte encefálica. Ainda assim, a decisão quanto à doação é da família desses pacientes. Por isso, a importância de quem pretende ser doador de órgãos de comunicar essa intenção à família.
Apesar da morte encefálica, o coração do doador deve permanecer batendo até o momento da cirurgia de retirada dos órgãos que serão transplantados. Se o coração parar de bater, só poderão ser doados alguns tecidos, como as córneas.
Vidas salvas
Pelos tipos de transplantes realizados no Ceará, um único doador tem a chance de salvar ou melhorar a qualidade de vida de pelo menos 11 pacientes que estão na fila de espera. Na doação, órgãos e tecidos que podem ser aproveitados para transplante são os dois rins, dois pulmões, coração, fígado e pâncreas, duas córneas e três valvas cardíacas.
Quando um doador é efetivado, com o sinal positivo da família para a doação, a retirada de órgãos e tecidos e o transplante devem obedecer em prazos estabelecidos, já que existe tempo máximo de preservação desses órgãos e tecidos fora do corpo.
Até outubro deste ano, foram realizados no Ceará 22 transplantes de rim, 5 de rim/pâncreas, 18 de coração, 158 de fígado, 3 de pulmão, 64 de medula óssea, 690 de córnea, 13 de esclera e 10 de valva cardíaca. Em novembro, até o dia 12, contabizam-se 8 transplantes de rim, 4 de fígado, 1 de medula óssea e 10 de córnea, totalizando 23 transplantes.
Doe de coração
A 13ª edição da campanha "Doe de Coração" foi iniciada em setembro. A ação é uma iniciativa da Fundação Edson Queiroz e é reconhecida pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. O gesto de solidariedade vem, há mais de uma década, contribuindo para o aumento do número de doadores no Ceará.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Quais os melhores exercícios para quem sofre de dor nas costas?

Segundo especialista, pilates, natação e pedalar são boas alternativas, mas antes é preciso buscar autorização médica.

Da BBC
 Dor nas costas não é motivo para ficar parado – muito pelo contrário  (Foto: Thinkstock/BBC) Dor nas costas não é motivo para ficar parado – muito pelo contrário (Foto: Thinkstock/BBC)
O hábito de ficar sentado o dia todo, muitas vezes em uma cadeira inadequada e inclinado em direção à tela do computador está entre as causas de um dos males do mundo moderno: a dor nas costas.
  
Dor no ciático, hérnia e rigidez no pescoço são alguns dos problemas que podem se tornar crônicos e trazem limitações na hora de fazer exercícios.
“Ficar sentado durante tanto tempo nos obriga a adotar uma postura que não é adequada para o corpo humano”, afirmou à BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC, Sebástian Pineda, diretor da Escola de Capacitação de Personal Trainers, que atua em países como México e Colômbia.
Há práticas que podem ser adotadas tanto para melhorar como para aliviar o quadro de dor nas costas, segundo o especialista. Atividades como pilates, natação e caminhada, além de exercitar o corpo, ajudam a criar o hábito de se manter em boa postura.
“Muitos de nós não mantêm uma rotina adequada de atividades físicas. Como os músculos sustentam o corpo e são acionados todo o tempo, eles vão começar a doer de alguma maneira se não forem exercitados”, explica.
Confira a seguir alguns dos exercícios indicados para quem sofre do problema.
Pilates
Pilates pode ser uma boa alternativa para quem sofre de dor nas costas (Foto: Thinkstock/BBC)Pilates pode ser uma boa alternativa para quem sofre de dor nas costas (Foto: Thinkstock/BBC)
Antes de tudo, é preciso que pessoas que sofrem de dor nas costas obtenham autorização médica antes de começar a se exercitar.
Isso porque há o risco de determinadas atividades piorarem sua condição. “A primeira coisa a se fazer é obter uma indicação médica ou a permissão de quem está tratando o problema”, diz Pineda.
O pilates, série de exercícios geralmente feitos em espaços fechados e realizados de maneira controlada, é uma das melhores formas de colocar o corpo em atividade sem pôr em risco os músculos das costas.
“O cinturão abdominal é a parte mais exercitada no pilates, e a maioria das pessoas que trabalha essa área do corpo não sofre de nenhuma doença nas costas”, explica Pineda.
Além disso, segundo o especialista, o pilates ajuda a pessoa a respirar melhor e obriga o corpo a adotar a postura adequada.
“O pilates é uma excelente maneira de melhorar e fortalecer as costas com alguns poucos exercícios selecionados. Uma pequena sessão, pouco a pouco, pode fazer uma grande diferença”, afirmou à revista Healthy Magazine a personal trainer norte-americana Lorraine Furmedge.
Natação
Natação é um dos exercícios mais recomendados para quem tem dores nas costas (Foto: Thinkstock/BBC)Natação é um dos exercícios mais recomendados para quem tem dores nas costas (Foto: Thinkstock/BBC)
É um dos exercícios mais recomendados pelos médicos a pessoas com problemas crônicos nas costas.
Uma das premissas para essa indicação é que as costas não sofrem com a posição exigida pelo exercício nem com o impacto dele, diferentemente de quando se corre, por exemplo.
“A natação é um esporte integral, que trabalha especialmente a parte superior do corpo. É um grande tonificador das costas”, diz Pineda.
Uma boa rotina de natação também pode ajudar a melhorar a respiração, o que é fundamental para se adotar uma boa postura.
“A maioria das dores sentidas nas costas tem a ver com a falta de disciplina do corpo. E a natação, com o movimento constante de braços e pernas, ajuda nisso.”
Pedalar
Bicicleta ergométrica também é uma boa alternativa (Foto: Thinkstock/BBC)Bicicleta ergométrica também é uma boa alternativa (Foto: Thinkstock/BBC)
Primeira advertência: pedalar na rua não é um bom exercício para as costas por causa da postura que obriga a pessoa a adotar.
O que se recomenda para pessoas com esse problema é ir à academia e ajustar a bicicleta ergométrica de forma que as costas fiquem em sua posição natural, não curvada, enquanto se pedala.
“A bicicleta é uma excelente alternativa por causa do movimento das pernas e do fortalecimento de alguns músculos do quadril. E ter um apoio obriga a pessoa a ficar nessa posição (benéfica) durante um grande período de tempo”, explica o treinador.
Há ainda outros exercícios de academia que podem ajudar a melhorar os problemas nas costas.
“Mas é preciso ter uma orientação adequada, pois muitas das dores no corpo são provocadas por práticas erradas na hora de se exercitar”, diz.
Em casa
Segundo Pineda, há várias maneiras de tonificar as costas sem ter de ir a uma academia ou a uma piscina.
"Para mim, os exercícios de alongamento são chave. Por isso, mais que o pilates ou a natação, recomendo a ioga, que ajuda a mover o corpo de acordo com a respiração”, afirma.
Também são indicadas atividades que podem ser feitas usando barras ou estruturas semelhantes.
“É possível realizá-los com uma barra em casa, ou mesmo com uma mesa. A ideia é fazer que o corpo se exercite de maneira suave e sem forçá-lo demais, para evitar que as costas se machuquem”, completa o especialista.

sábado, 7 de novembro de 2015

Pesquisadores de SC descobrem que flor de hibisco pode inibir câncer

Ratos que tiveram acesso à planta tiveram avanço da doença reduzido.
Pesquisadora sugere que substância poderia ser 'quimioterapia natural'.

Joana Caldas Do G1 SC
Pesquisa foi apresentada no 13º Congresso  Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Foto: Epagri/Divulgação)Pesquisa foi apresentada no 13º Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Foto: Epagri/Divulgação)
Pesquisadores de Itajaí descobriram que uma espécie de hibisco pode inibir o avanço de câncer do colón. O experimento foi feito em ratos e apresentado no Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, em agosto. Os pesquisadores, agora, verificam os resultados de novas experiências, feitas com o chá da planta.
A pesquisa começou no final do ano passado, explica a professora Sandra Soares Melo, responsável pelo Laboratório de Nutrição Experimental (Lanex) da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Os estudantes, do curso de nutrição, trabalham com plantas medicinais e procuravam um novo objeto de estudo.
Em uma visita à unidade da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), os técnicos apresentaram a planta aos estudantes. "O vermelho intenso nos chamou a atenção como fonte de antioxidante", conta a professora. Segundo ela, os trabalhos científicos com a espécie hibiscus cannabinus são muito restritos e o grupo quis saber mais sobre a planta.
Pesquisa vai ser publicada em uma revista científica internacional (Foto: Epagri/Divulgação)Pesquisa vai ser publicada em uma revista científica internacional (Foto: Epagri/Divulgação)
Experimento
Como um dos pesquisadores já tinha um trabalho relacionado ao câncer de cólon, o grupo resolveu direcionar o estudo para essa linha. No início do ano, os estudantes induziram o câncer de cólon em dois grupos de ratos da linhagem Wistar.
Um conjunto de animais foi submetido a uma dieta normal e o outro teve a alimentação enriquecida com o extrato seco da flor. A conclusão do estudo é que os ratos que tiveram acesso ao hibisco tiveram inibição no avanço da doença.
A professora explica que isso ocorreu porque o hibisco fez com que diminuíssem alterações no DNA da célula, que causam mutações nela e fazem com que ela não funcione de forma normal. Também diminuiu o número de células alteradas.
Foco é no tratamento de pessoas já doentes (Foto: Epagri/Divulgação)Foco é no tratamento de pessoas já doentes (Foto: Epagri/Divulgação)
Estudos continuam
A equipa continua os estudos, e o objetivo agora é facilitar o uso dessa espécie hibisco pela população, por isso a ideia do chá. "Já começamos [a pesquisa], mas não terminamos, está em fase de leitura de lâminas", diz a professora.
Quando for certificado que não há nenhum risco para humanos, serão feitos testes com pessoas. Porém, as pesquisas com animais devem continuar por pelo menis mais um ano.
 "O foco não é muito a prevenção. Há vários alimentos que podem ser usados na prevenção do câncer, como o brócolis. A ideia é algo que possa ser usado contra a doença, quase uma quimioterapia natural", explica a pesquisadora.
Sandra acredita que o hibisco também poderia ser usado contra outros tipos de câncer.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Mulher morre 3 dias após passar mal e questionar alta de hospital no RJ

Elizangela chegou com dores no peito e plantonista alegou 'frescura'; ouça.
Técnica de enfermagem trabalhava no próprio hospital, que abriu inquérito.

Matheus Rodrigues Do G1 Rio
Ellizangela trabalhava como técnica de enfermagem (Foto: Reprodução / Internet)Ellizangela trabalhava como técnica de enfermagem (Foto: Reprodução / Internet)
A técnica em enfermagem Elizangela Medeiros Gonçalves, de 35 anos, morreu nesta segunda-feira (2), três dias após passar mal e buscar atendimento no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (HEAPN), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, mesmo lugar onde ela trabalhava. A família alega negligência no atendimento e a própria Elizangela havia questionado a alta médica em um áudio enviado por Whatsapp.
A mulher sentiu dores no peito e dificuldade para respirar na noite de 29 de outubro. O marido, Éder Gil Moreira, disse que chegou por volta das 5h30 do dia 30 no hospital, mas a mulher só foi receber atendimento duas horas depois. Segundo ele, o médico de plantão, identificado como Sebastião, teria alegado que ela “estava de frescura” e teria proibido que outros funcionários atendessem a paciente. “Na quinta-feira, ela passou mal em casa, ai [sexta] de madrugada levei para o hospital. Ela estava de folga. Quando chegamos lá, os recepcionistas foram ótimos. Quando o médico chegou, disse que ela estava de frescura, que ela estava tentando armar para pegar dias de atestado. Como uma pessoa de folga vai de madrugada procurar um atestado? O médico proibiu a equipe de colocar a mão nela, disse que quem botasse a mão nela ia para o livro e seria advertido pela coordenadora. Esperaram o plantão do médico virar para ela ser atendida. Eu cheguei 5h30 da manhã e ela só foi atendida 7h30 da manhã”, afirmou.
Foi negligência, falta de amor humano, falta de amor ao próximo, o médico que faz isso não está ali para salvar vidas, está ali pelo dinheiro"
marido de Elzângela, Éder Moreira
Após ser avaliada por outro médico, Elizangela recebeu alta e voltou para casa. Familiares contaram ao G1 que a técnica em enfermagem não conseguia andar, mesmo após ter sido liberada da unidade. Na segunda-feira (2), a ela foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) após passar mal novamente e morreu.
“A gente socorreu ela na UPA, ela teve um infarto e uma parada cardíaca. Tentaram reanimar, mas não adiantou nada. Já era tarde, não tinha muito o que fazer. Ela foi com a mãe e o pai porque eu estava no meio da Avenida Brasil, voltando do trabalho. O que tinha que ser feito, tinha que ser feito quando buscamos o primeiro atendimento. Ela dava a vida por aquele hospital, ela mesmo falava: ‘eu cuido dos meus pacientes porque quero ver eles bem'. Agora, na hora dela, acontece isso. Foi negligência, falta de amor humano, falta de amor ao próximo, o médico que faz isso não está ali para salvar vidas, está ali pelo dinheiro”, disse o marido.
Certidão de óbito mostra causa da morte indeterminada (Foto: Diego Medeiros / Arquivo Pessoal)Certidão de óbito mostra causa da morte indeterminada (Foto: Diego Medeiros / Arquivo Pessoal)
A certidão de óbito da técnica em enfermagem diz que a causa da morte é "indeterminada, hipertensão arterial sistêmica".

O marido de Elizângela não se conforma com o que aconteceu e contou ainda que a esposa iria se formar em dois anos e estava empolgada para se tornar enfermeira. “O sonho dela era terminar a faculdade dela, ia terminar em dois anos e estava animada. Nós tínhamos planos e acabou tudo. Tínhamos dois filhos e ela deixou duas sementes para mim”, lamentou Éder, que cogitou a possibilidade de levá-la ao Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, no Subúrbio do Rio, mas que depois achou melhor levá-la no hospital onde ela trabalhava.
A mãe de Elizângela, Luzia, disse que a filha comentava que o médico Sebastião ficava nervoso e reclamava quando tinha de ser acordado para atender pacientes. Segundo ela, ele só ficava dormindo.
O irmão de Elizângela, Diego, contou que acompanhou o martírio da irmã e que agora só espera que seja feita justiça e o médico Sebastião seja punido para que não faça com mais nenhum paciente o que fez com a técnica em enfermagem.
'Não quero morrer', revela áudio
Um áudio enviado pela técnica em enfermagem Elizangela Medeiros Gonçalves para seus amigos de profissão relata os momentos em que ela ficou no hospital onde trabalhava. No arquivo, Elizangela reclama do atendimento recebido e diz que não quer morrer. "Quando eu cheguei pela manhã, o doutor Sebastião me fez um Diazepam e disse que eu estava com uma crise nervosa e eu estava dispneica, cansada, pálida, sem conseguir falar. Eu era pra ter ido direto pra vermelha e ele botou DZP, um negócio assim. Foi como se eu não tivesse nada, fosse frescura. Não deixou ninguém me botar no O² e disse que se alguém me botar no O² que ele ia relatar no livro e a equipe toda ia levar ao superior. Renato da vermelha enfermeira foi lá e ele não deixou me tirar dali. Eu fiquei até as 7h esperando alguém para me colocar no oxigênio e eu vou te falar que foi Deus que me deu força para eu suportar porque mais um pouquinho eu não ia aguentar nesse intervalo esperando outro médico. Eu poderia morrer de falta de ar, de oxigênio, porque até para ir no raio X eu tive que ir de ‘bola de oxigênio’ e pra ir no banheiro eu já não estou conseguindo. E pra ficar internada para esses médicos fazerem pouco caso, me tratar como um lixo e eu trato os pacientes como prioridade. Eu não quero morrer. Para morrer ai, eu prefiro morrer em casa", disse Elizangela no áudio.
Elizângela morreu três dias após receber alta médica (Foto: Reprodução / Internet)Elizângela morreu três dias após receber alta médica (Foto: Reprodução / Internet)
Hospital apura episódio
A direção do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes informou que Elizangela deu entrada na unidade às 05h47 do dia 30, com queixa de dores no peito e falta de ar, sendo imediatamente acolhida e atendida. Já às 5h55 ela foi medicada, após exames clínicos, em que foram constatadas pressão arterial levemente alta e taquicardia discreta. Em seguida, solicitaram exames de eletrocardiograma e dosagem de enzimas cardíacas, permanecendo em observação clínica. Elizangela voltou a ser examinada pelo corpo clínico, às 7h30, passando por terapia com oxigênio e medicações para controle da dor. Ela ficou em observação até às 15h30, quando recebeu alta médica.
A direção informou ainda que deu início a uma apuração para avaliar se houve algum desvio de conduta dos profissionais que a atenderam. Caso as denúncias sejam comprovadas, serão estipuladas as punições cabíveis. A direção se solidarizou com a família e colegas de trabalho, se disponibilizando a esclarecer dúvidas sobre o atendimento à paciente.

Coren notificou enfermeiros
Em nota, o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro informou que fiscalizou, na tarde desta quarta-feira (4), as unidades de saúde por onde passou a técnica de enfermagem Elizângela Medeiros para apurar se houve alguma irregularidade no âmbito da enfermagem. Segundo o órgão, “os enfermeiros responsáveis técnicos foram notificados e deverão responder ao Coren-RJ sobre os fatos ocorridos”. Um parecer deverá ser emitido pelo Conselho após a investigação.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Um mês sem álcool faz muita diferença para o organismo. Confira os efeitos

Estudo mostrou que quatro semanas de abstinência de bebidas alcoólicas traz benefícios para o sono, concentração, fígado -- além de, claro, ajudar a perder peso

Mulher e álcool
Após um mês sem álcool é possível ver a redução da fibrose do fígado (condição que pode levar à cirrose), da pressão arterial e da resistência à insulina, o que reduz a probabilidade de desenvolvimento do diabetes(Thinkstock/VEJA)
Deixar de ingerir bebidas alcoólicas durante quatro semana traz benefícios mensuráveis para a saúde. É o que diz um estudo que deve ser apresentado durante a reunião anual da Associação Americana para o Estudo de Doenças do Fígado, realizada entre 13 e 17 de novembro, em São Francisco, nos Estados Unidos.
O estudo mediu o impacto da abstinência temporária de álcool em 102 pessoas. De acordo com informações do jornal britânico The Guardian, os resultados mostraram que, após um mês sem álcool, os voluntários tiveram uma redução da fibrose do fígado (condição que pode levar à cirrose), da pressão arterial e da resistência à insulina, o que reduz a probabilidade de desenvolvimento do diabetes.
Embora o estudo ainda não tenha sido publicado na íntegra, os resultados divulgados são coerentes a de outra pesquisa já realizada por pesquisadores do mesmo instituto - Instituto do Fígado e da Saúde Digestiva da Escola de Medicina da University College London (UCLMS, na sigla em inglês). Em 2013, dez membros da equipe da revista britânica New Scientist que ficaram um mês sem consumir bebidas alcoólicas tiveram uma redução de 15% na gordura do fígado. Além de relatarem melhor qualidade no sono e maior concentração, os participantes perderam, em média, 1,5 quilo.
(Da redação)