quinta-feira, 31 de julho de 2014

UE libera 2 milhões de euros para combater ebola na África

Ajuda se soma aos 3,9 milhões de euros que bloco forneceu entre abril e junho

Enfermeira espalha desinfetante em um Hospital nas proximidades de Monrovia, na Libéria
Enfermeira espalha desinfetante em um Hospital nas proximidades de Monrovia, na Libéria (Ahmed Jallanzo/EFE/VEJA)
A União Europeia (UE) anunciou nesta quarta-feira uma nova ajuda de 2 milhões de euros para a luta contra o ebola nos países da África Ocidental. "O nível de contaminação é extremamente preocupante e devemos aumentar nossa ação antes que mais vidas sejam perdidas", afirmou em comunicado Kristalina Georgieva, responsável pelo setor de ajuda humanitária da UE.
A nova parcela se soma aos 3,9 milhões de euros que o bloco destinou à causa entre abril e junho. Três entidades vão coordenar a ajuda: Organização Mundial da Saúde (OMS), que fornece equipamentos e assessoria; Médicos Sem Fronteiras, responsável pelo apoio clínico para isolar e conter a epidemia; e Cruz Vermelha, encarregada das medidas preventivas.

A atual epidemia começou em março na Guiné e, em maio, espalhou-se para Libéria e Serra Leoa. Na semana passada foi confirmado o primeiro caso na Nigéria. Mais de 1.000 pessoas foram infectadas e pelo menos 660 morreram, entre elas o médico que liderava o combate à doença na Libéria, morto no sábado, e o que chefiava o combate à moléstia em Serra Leoa, na terça-feira.
Mundo — A OMS considera baixo o risco de contágio entre pessoas que viajam a regiões endêmicas, já que a transmissão do vírus acontece a partir do contato com fluidos corporais dos doentes, e não pelo ar.
Na terça-feira, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou que o governo brasileiro segue as recomendações da OMS — não há indicação para que pessoas deixem de viajar a países endêmicos. "A situação nesses países se agrava pois são regiões em conflito, aonde os profissionais de saúde muitas vezes têm dificuldades para chegar. Mas, pelas características de transmissão da doença, não há risco de disseminação global", afirmou Chioro.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Vírus do ebola mata especialista

Khan, saudado como um herói, morreu menos de uma semana de ser diagnosticado com a doença
Image-0-Artigo-1668964-1 FOTO: REUTERS
Freetown. O médico que liderava os esforços de Serra Leoa contra o pior surto de ebola da história morreu ontem após ser contaminado pelo vírus, disse a principal autoridade de saúde do país.
A morte de Sheik Umar Khan, que tratou mais de 100 pacientes, ocorre após o falecimento de dezenas de funcionários da saúde e a infecção de dois médicos norte-americanos na vizinha Libéria, destacando os perigos enfrentados pela equipe que tenta conter a propagação da doença na África Ocidental.
Acredita-se que o ebola tenha matado 672 pessoas em Guiné, Libéria e Serra Leoa desde que o surto começou, em fevereiro. A doença contagiosa, que não tem cura conhecida, tem sintomas que incluem vômitos, diarreia e hemorragia interna e externa.
Khan, de 39 anos, saudado como um "herói nacional", morreu na tarde de ontem, menos de uma semana depois que o diagnóstico foi anunciado.

Correr dez minutos por dia já traz benefícios para a saúde

Novo estudo indica que praticar o exercício menos de uma hora por semana protege a saúde cardíaca da mesma forma que correr por períodos mais longos

Corrida: Nem sempre, distância percorrida e tempo de exercício é o que importa
Corrida: Nem sempre, distância percorrida e tempo de exercício é determinante para beneficiar a saúde (Thinkstock/VEJA)
Os benefícios da corrida são bem conhecidos, como o controle do peso, a melhora do condicionamento físico e a prevenção de doenças cardíacas. No entanto, a velocidade, distância e frequência com que uma pessoa pratica o exercício nem sempre são determinantes para surtir esses efeitos positivos. O que parece fazer a diferença é manter o hábito de correr durante vários anos.
Essas são as conclusões de um novo estudo americano, que mostrou que correr por apenas dez minutos ao dia, e cinco vezes por semana, já é suficiente para reduzir o risco de morte precoce. Segundo a pesquisa, o maior benefício é observado não em quem corre maiores distâncias, mas sim entre aqueles que praticam o exercício por pelo menos seis anos.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Leisure-Time Running Reduces All-Cause and Cardiovascular Mortality Risk

Onde foi divulgada: periódico Journal of the American College of Cardiology

Quem fez: Duck-chul Lee, Russell Pate, Carl Lavie, Xuemei Sui, Timothy Church e outros

Instituição: Universidade do Estado de Iowa, EUA

Resultado: Correr de forma constante, mesmo menos do que 50 minutos por semana e uma distância menor do que 9 quilômetros, ajuda a reduzir o risco de mortalidade.
O estudo, feito na Universidade do Estado de Iowa, será publicado na edição de agosto do periódico Journal of the American College of Cardiology. Os pesquisadores acompanharam cerca de 55.000 adultos durante quinze anos.
Proteção Ao longo desse tempo, 3.413 participantes morreram, sendo que 1.217 das mortes ocorreram por doença cardíaca. Segundo os resultados, as pessoas que praticavam corrida, em comparação com as que não faziam o exercício, tiveram um risco 30% menor de morrer por qualquer causa ao longo da pesquisa e 45% menor de morrer por alguma doença cardíaca. Além disso, elas viveram, em média, três anos a mais do que as outras.
O estudo indicou que os benefícios da corrida sobre o risco de mortalidade foram observados mesmo em pessoas que corriam, na semana, uma distância de até 9 quilômetros, menos de 50 minutos e em uma velocidade menor do que 9 quilômetros por hora.
Segundo os autores, pessoas que correm até uma hora por semana, por exemplo, parecem ter benefícios semelhantes mesmo em comparação com aquelas que correm mais do que três horas semanais. "Aparentemente, após correr uma determinada distância e por um certo período de tempo, os benefícios se mantêm os mesmos. Não sabemos ao certo o motivo pelo qual isso acontece", disse à rede americana CNN Warren Levy, médica chefe do instituto de cardiologia Virginia Heart, nos Estados Unidos.
Estabilidade Segundo a pesquisa, os participantes que mantiveram a prática de corrida por pelo menos seis anos apresentaram maior proteção contra morte por problemas cardiovasculares. Eles tiveram um risco 50% menor de morrer por doenças cardíacas ou acidente vascular cerebral (AVC) em comparação com quem não corria.
"A maioria das pessoas diz que não tem tempo de se exercitar, mas mostramos que correr dez minutos por dia já proporciona efeitos positivos", afirma Duck-chul Lee, professor da Universidade do Estado de Iowa e coordenador do estudo.

terça-feira, 29 de julho de 2014

O sonho que pode tratar

A ciência começa a testar de que maneira sonhar pode ajudar no tratamento de pesadelos, dor crônica, estresse, doenças mentais como a esquizofrenia e até aprimorar o desempenho esportivo

Cilene Pereira (cilene@istoe.com.br)
O paulista Bruno Henrique do Carmo, 32 anos, sempre teve pavor de água. Um dos temas recorrentes em seus pesadelos eram tsunamis, afogamentos. O terror permaneceu até que um dia teve um sonho diferente. Sonhou que estava em alto-mar, mas, em vez de sucumbir ao medo, teve a clareza de perceber que estava apenas sonhando. “Resolvi aproveitar a liberdade de fazer o que quisesse”, lembra. “Mergulhei e nadei”, recorda-se. Depois do episódio, Bruno perdeu a aversão à água. Pesquisador da área de neurociências do Instituto do Cérebro, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, ele agora aproveita as praias da capital potiguar, surfa e veleja.
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O tipo de sonho que Bruno teve se chama sonho lúcido. Nele, o indivíduo sabe que está sonhando e pode até interferir no roteiro se desejar. O fenômeno é conhecido da ciência há tempos, mas nos últimos anos ganha atenção crescente. Isso porque ele apresenta um expressivo potencial para ajudar no tratamento de diversas condições – assim como foi decisivo para que Bruno perdesse o medo da água. Hoje, há centros de pesquisa pelo mundo avaliando sua eficácia contra pesadelos e dor crônica, entre outras enfermidades, e como um instrumento de promoção da melhora no desempenho motor e esportivo.
Contra os pesadelos, o objetivo é usar a consciência de que se está sonhando para interferir no conteúdo e mudar a história de forma a trocar o que dá medo por algo que conforta. No Instituto de Consciência e Pesquisa do Sono, na Áustria, esse trabalho vem sendo feito há sete anos. Os primeiros pacientes tinham pesadelos recorrentes, sem causa aparente. Depois, juntaram-se a eles vítimas de estresse pós-traumático, condição marcada por sonhos aterrorizantes a respeito do trauma que motivou o estresse. “Temos resultados significativos com os dois grupos”, disse à ISTOÉ a pesquisadora Brigitte Holzinger, uma das fundadoras da Associação Austríaca de Pesquisa em Sono.
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Os resultados da Áustria aproximam-se dos obtidos em outras partes do mundo. Na lista das melhores práticas para o tratamento dos pesadelos, publicada no “Journal of Clinical Sleep Medicine”, um dos principais no campo da medicina do sono, a terapia do sonho aparece com uma recomendação positiva. “Ela pode ser considerada uma opção”, explicou à ISTOÉ Sanford Auerbach, da Universidade de Boston (Eua) e um dos coordenadores das orientações.
Boas evidências do potencial dos sonhos lúcidos também são encontradas na área das habilidades motoras e performance esportiva. O que se quer é melhorar a precisão do chute, do arremesso, por exemplo? Use o sonho lúcido para treinar os movimentos. Um dos primeiros a apontar os benefícios da estratégia foi Daniel Erlarcher, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha. Um de seus trabalhos demonstrou como ter consciência do sonho auxilia na coordenação. Ele selecionou 40 voluntários, metade dos quais com histórico de ter sonhos lúcidos espontaneamente. Todos deveriam jogar moedas em um recipiente e tinham 20 chances de fazer isso. Os sonhadores foram orientados a tentar sonhar que acertavam a jogada. No dia seguinte, os sete indivíduos que conseguiram treinar durante o sonho mostraram melhor performance. “Ensaiar durante o sonho tem impacto positivo na performance real”, afirmou Erlarcher à ISTOÉ.
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CIÊNCIA
Dresler (à esq.), da Alemanha, mapeou o que ocorre no
cérebro durante os sonhos. Sérgio, do Brasil, quer criar
métodos para induzir esse tipo de experiência
Seu colega Tadas Stumbrys, também de Heidelberg, está ampliando as investigações. “Constatamos que o sonho lúcido pode melhorar o desempenho no esporte”, contou à ISTOÉ. Seus levantamentos revelaram que 5% dos atletas utilizam conscientemente esse poder. Dados semelhantes foram levantados por Melanie Schadlich, na mesma universidade alemã. Em uma pesquisa preliminar feita com os que costumam ter sonho lúcido e os utilizam para aprimorar as habilidades na música e nos esportes, ela colheu depoimentos interessantes. Muitos relataram que treinar no sonho os ajudou a realizar movimentos que antes não eram capazes de executar.
Nos EUA, o pesquisador Mauro Zappaterra, da Universidade da Califórnia, registrou o primeiro caso do mundo de alívio da dor crônica com o auxílio do sonho lúcido. O paciente, chamado apenas de Mr. S., sofria dores terríveis após uma cirurgia feita em 1991. Ao longo dos 22 anos seguintes, Mr. S. foi submetido a diversos tratamentos. No dia 2 de março de 2013 ele teve o sonho que interrompeu esse sofrimento. Consciente de que estava sonhando, ele viu formas como se fosse o DNA. E procurou entender o que estava vivendo. “Pareceu que meu cérebro desligou e foi ligado novamente”, contou. Quando acordou, a dor havia ido embora. Ela reapareceu 20 dias depois, mas com a metade da intensidade. Hoje, ele mantém o controle com medicação – menos do que antes – e terapia. Os cientistas não sabem ao certo o mecanismo que levou ao alívio. “Acredito que o trabalho multidisciplinar feito nos dois anos anteriores ao sonho tenha remodelado seu sistema nervoso. E o sonho funcionou como uma poderosa experiência de cura após todo o trabalho prévio”, disse à ISTOÉ Mauro Zappaterra.
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A possibilidade de tirar proveito do sonho é objeto de estudo de Peter Morgan, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale (EUA). “Esse recurso pode ter benefícios para uma variedade de condições físicas e mentais, na maioria das vezes como terapia coadjuvante”, afirmou à ISTOÉ. No Brasil, a psiquiatra cearense Natália Mota pesquisa o assunto no Instituto do Cérebro, em Natal. Um dos aspectos é a relação entre o sonho lúcido e a esquizofrenia. Entre os raciocínios que motivam a investigação está o de que, talvez, seja possível usá-lo para ajudar o paciente a perceber quando tem uma alucinação. “Teoricamente, se ele é treinado e fica apto a identificar quando está sonhando, talvez fique habilitado para saber quando está tendo uma alucinação”, explica a médica.
Acredita-se ainda que, a contar pelos resultados obtidos até agora na melhora das habilidades motoras, é possível que os sonhos sirvam como um meio útil para auxiliar na reabilitação física após lesões e acidente vascular cerebral. “Os exames de imagem cerebral mostram que a prática motora durante os sonhos ativa as mesmas regiões cerebrais acionadas na vigília”, disse o cientista Tadas Stumbrys.
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Há também o aprendizado sobre a própria consciência e o crescimento emocional que pode advir disso. Um dos que estão empenhados em descobrir como funciona o estado de lucidez durante os sonhos é o cientista Martin Dresler, do Instituto Max Planck, na Alemanha. Ele acaba de publicar um trabalho no qual descreve um mapa do que ocorre no cérebro durante esses sonhos. “Aprofundaremos os estudos para explorar mais os circuitos neurais envolvidos”, adiantou à ISTOÉ.
Diante de todo esse potencial, há esforços para encontrar maneiras de facilitar a ocorrência do sonho. Há técnicas que ajudam a ter esse tipo de experiência (leia quadro abaixo). Mas os cientistas pesquisam outras formas. É o caso do pesquisador Sérgio Mota Rolim, do Instituto do Cérebro, em Natal. “Queremos construir um dispositivo para induzir o sonho lúcido”, conta. Na J.W. Goethe-University Frankfurt, na Alemanha, a cientista Ursula Voss descreveu na revista científica “Nature” como fez isso por meio da aplicação de suaves estímulos elétricos em pontos do cérebro. “Acho que qualquer pessoa pode ter um ou mais desses sonhos”, disse Ursula à ISTOÉ.
Colaborou Mônica Tarantino
Fotos: Pablo Pinheiro/ Ag. ISTOÉ, Wolf Heider-Sawall; Pablo Pinheiro, TIAGO LIMA – Ag. IStoÉ

segunda-feira, 28 de julho de 2014

80% dos hospitais filantrópicos no país operam no vermelho

Dívidas chegam a 17 bilhões de reais. Tabela do SUS não cobre procedimentos, alega CMB

Pronto-Socorro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo parou atendimentos nesta semana por falta de recursos
Pronto-Socorro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo parou atendimentos nesta semana por falta de recursos (Leonardo Benassatto/Futurapress)
O acúmulo de dívidas não é exclusividade da Santa Casa de São Paulo. Pelo menos 83% dos 2.100 hospitais filantrópicos brasileiros operam no vermelho, segundo estimativas da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB). A dívida total das instituições já supera os 17 bilhões de reais, de acordo com José Luiz Spigolon, diretor-geral da CMB. Ele afirma que, mesmo com o aumento dos incentivos governamentais nos últimos anos, as unidades de saúde ainda não recebem o valor que gastam ao realizar procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
"Em média, a tabela SUS só cobre 60% do gasto real do procedimento", diz ele. "É verdade que temos incentivos governamentais. O problema é que os incentivos não estão disponíveis para todos os tipos de hospitais e, além disso, quando o hospital faz mais procedimentos do que o previsto em contrato, ele dificilmente recebe por eles", explica o diretor. De acordo com Spigolon, isso acontece porque os hospitais filantrópicos ganham por produção, mas têm um número limite de procedimentos pelos quais são remunerados. Se realizam mais procedimentos do que o previsto, podem ficar sem pagamento porque os valores ultrapassam o teto de verbas do gestor público. "Em 2012, os governos deixaram de pagar 334 milhões de reais em internações", diz.
Aos 471 anos e com dívida de 130 milhões de reais, a Santa Casa de Santos, a mais antiga do país, é uma das filantrópicas que passam por crise. "A Santa Casa não tem de dar lucro, mas deve ter equilíbrio nas contas, coisa praticamente impossível com a tabela SUS", diz a diretora financeira, Miriam Cajazeira Diniz, que, junto com o provedor Félix Alberto Ballerini, está disposta a mudar o perfil das finanças da instituição.
Dona de um patrimônio de 534 milhões de reais, a instituição já prepara a venda de imóveis e pretende reivindicar uma linha de crédito no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com prazo de pelo menos dez anos para pagamento. Para Spigolon, a solução para o endividamento dos filantrópicos passa por mudanças na gestão das entidades e aumento dos repasses. "Tem de acabar com o subfinanciamento. É preciso que o projeto de lei que prevê uso de 10% da receita bruta do país para a saúde seja aprovado. Com isso, o orçamento da saúde ficaria 30% maior", diz. No aspecto da gestão, ele diz que as entidades "devem entender" que nem sempre é possível que o atendimento seja totalmente público. "É preciso separar leitos para planos de saúde porque é o que vai ajudar a garantir as finanças."
(Com Estadão Conteúdo)

sábado, 26 de julho de 2014

Cinco maneiras de evitar gripes e resfriados no inverno

Incidência das duas doenças cresce de 5 a 7% nos meses mais frios do ano

Patricia Orlando
mulher com gripe
Gripe: doença debilita sistema imune e facilita a entrada de bactérias no organismo (George Doyle/Thinkstock)
Durante os meses de inverno, a incidência de gripe e resfriado aumenta de 5 a 7%, segundo o Departamento de Influenza e Virologia Clínica da Sociedade Brasileira de Infectologia. O crescimento se deve, principalmente, ao fato de que as pessoas se aglomeram em lugares fechados e sem ventilação para fugir do frio. "Os agentes transmissores permanecem no ambiente porque não se dissipam no ar, levados pelo vento", diz Fernando Gatti de Menezes, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Ao contrário da crença popular, o choque térmico e o frio não são capazes de desencadear resfriado ou gripe. O resfriado é causado por mais de 200 tipos de vírus, dos quais o rinovírus e o coronavírus são os mais comuns. A gripe é provocada por apenas um vírus, o influenza, que possui variações.

Além do agente infeccioso, as duas doenças se diferenciam pela intensidade dos sintomas e sua duração. O resfriado dura, no máximo, uma semana e manifesta três sinais: coriza, mal-estar e espirro. A gripe, por sua vez, demora de uma a duas semanas para passar e, em acréscimo aos sintomas do resfriado, causa febre acima de 38 graus Celsius, tosse e dores no corpo. A disparidade se deve à ação do influenza, que cai na corrente sanguínea e compromete o pulmão e os músculos, enquanto os vírus causadores do resfriado circulam apenas nas vias aéreas do paciente.

​Um resfriado não causa consequências sérias à saúde de uma pessoa. A gripe, por sua vez,  debilita o sistema imunológico e facilita a entrada de bactérias no organismo — abre caminho para uma pneumonia, por exemplo. Por isso, o repouso é recomendado nos dias em que os sintomas da gripe estão mais intensos. Como medida preventiva, o Ministério da Saúde recomenda a vacina da gripe a pessoas com imunidade baixa, como grávidas, crianças de seis meses a cinco anos de idade, idosos com mais de 60 anos, doentes crônicos e mulheres até 45 dias depois do parto.
O tratamento da gripe e do resfriado é focado na medicação dos sintomas. "As duas doenças são combatidas pelo organismo de forma eficiente", afirma o clínico geral Paulo Olzon, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Analgésicos, como a dipirona, e antitérmicos são recomendados apenas na presença de fortes dores musculares e de febre acima de 38 graus Celsius.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Programas de prevenção e imunização podem erradicar a hepatite, diz OMS

Segundo especialistas da entidade, para combater a doença, são necessárias as mesmas estruturas existentes na luta contra a aids

A hepatite é caracterizada por uma inflamação do fígado
A hepatite é caracterizada por uma inflamação do fígado (Thinkstock)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu nesta quinta-feira, durante uma conferência em Genebra, na Suíça, que países desenvolvam programas de prevenção de hepatite e reforcem as campanhas de imunização, a fim de reduzir a incidência dos tipos de hepatite A e B, que já possuem vacinas.
Anualmente, a doença causa 1,4 milhão de mortes. Cerca de 500 milhões de pessoas no planeta estão infectadas com algum dos vírus causadores da moléstia. "Estamos pedindo aos líderes do mundo para perceberem que esse é o momento de aplicar as medidas necessárias para acabar com a hepatite. Agora podemos realmente eliminá-la", diz Samuel So, médico, diretor do Centro Asiático do Fígado e especialista da OMS. Segundo o diretor do Programa Mudial de Hepatite da OMS, Stefan Wiktor, os remédios já provaram que podem curar 90% dos casos.
Em maio deste ano, a Assembleia Mundial da Saúde aprovou uma resolução que pede o desenvolvimento e implantação de políticas públicas destinadas a reduzir a incidência e mortalidade da hepatite. Stefan Wiktor explicou que as orientações já surtiram efeito em países como Brasil, Egito, Indonésia e Ucrânia, que estão estendendo ou criando programas para lutar contra a doença.
A doença — A hepatite é uma inflamação no fígado, causada na maioria dos casos por uma infecção viral. Ela é gerada por cinco vírus principais: A, B, C, D e E. Os mais perigosos são os tipos B e C, que desencadeiam cirrose e câncer de fígado. Aproximadamente 240 milhões de pessoas no mundo têm o vírus B e dois terços não sabem que são portadores da doença.
Em 80% dos casos, a medicação evita câncer de fígado. "O problema é que não basta ter remédios. É necessário, também, serviços clínicos, equipes capacitadas e laboratórios equipados", diz Wiktor.
As hepatites A e E são contraídas pela ingestão de água ou comida contaminadas, enquanto os vírus B, C e D são transmitidos por fluidos corporais — seringas compartilhadas, transfusão de sangue ou relações sexuais. Há vacinas para os tipos A e B. "Cerca de 55% das mortes são causadas pelo vírus vírus B e 35% pelo C. Os 10% restantes são dos tipos A e E. A hepatite mata anualmente quase o mesmo número de pessoas que a aids e, no entanto, não tem os fundos necessários para sua erradicação",  diz Samuel So.
Os especialistas sugerem que sejam usadas as mesmas estruturas para combater a hepatite já estabelecidas para lutar contra a aids, como o Fundo Global de Luta Contra AIDS, Tuberculose e Malária.
(Com agência EFE)

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Médico que lidera combate ao ebola na África contrai a doença

Segundo a OMS, desde fevereiro a moléstia causou 632 mortes no oeste africano — 50 delas entre profissionais de saúde

Vírus Ebola: Epidemia na África já causou mais de 600 mortes neste ano
Vírus Ebola: Epidemia na África já causou mais de 600 mortes neste ano (Reprodução)
O médico que lidera o combate à epidemia do vírus ebola em Serra Leoa contraiu a doença, informou nesta quarta-feira a presidência do país. O virologista Sheik Umar Khan, de 39 anos, está internado em um hospital de Kailahun, cidade que concentra grande parte da epidemia.
Descoberto em 1976, na atual República Democrática do Congo, o vírus do ebola é muito contagioso e o índice de mortalidade pode atingir 90%. Não existe cura ou vacina contra a febre do ebola, que se manifesta com hemorragias, vômitos e diarreia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, desde fevereiro deste ano, quando começou o surto em três países no oeste da África — Serra Leoa, Libéria e Guiné —, houve 632 mortes pela doença. No início do mês, a OMS considerou o surto como "a maior epidemia em termos de pessoas afetadas, de mortos e de extensão geográfica".
Em comunicado, o governo de Serra Leoa se referiu a Khan como um "herói nacional". Segundo a nota, ele tratou mais de cem pacientes infectados pelo ebola e recentemente foi transferido para um centro médico coordenado pela instituição de caridade Médicos Sem Fronteiras. Não foram divulgados detalhes sobre o estado de saúde do virologista ou sobre de que forma ele contraiu o vírus.
Há três dias, três enfermeiras que trabalhavam no mesmo centro médico que Khan morreram em decorrência da moléstia. Segundo a OMS, 100 profissionais de saúde já foram infectados pelo ebola nos três países endêmicos desde o início do surto, sendo que cinquenta morreram.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Cientistas conseguem 'desalojar' HIV para combatê-lo fora de 'refúgio'

Pacientes receberam medicamento que fez vírus aumentar e ser localizado.
Próximo passo é descobrir como matar célula que abriga vírus.

Da AFP
Cientistas conseguiram fazer HIV sair de 'esconderijo' para combatê-lo (Foto: SKU/Science Photo Library)Cientistas conseguiram fazer HIV sair de 'esconderijo'
para combatê-lo (Foto: SKU/Science Photo Library)
Um grupo de cientistas conseguiu desalojar o vírus da Aids das células onde se refugia quando os pacientes são tratados com antirretrovirais, em um novo avanço no combate à doença, apresentado nesta terça-feira (22) na Conferência Internacional sobre Aids, realizada em Melbourne, na Austrália.
A experiência, feita com seis voluntários, tem como objetivo desalojar e eliminar (uma abordagem conhecida como "kick-and-kill") o vírus, uma das estratégias testadas pelos cientistas para encontrar um medicamento.
Tomar medicação antirretroviral reduz a quantidade de vírus no sangue a níveis indetectáveis e permite aos pacientes levar uma vida quase normal. No entanto, estes medicamentos devem ser tomados todos os dias, são caros e têm efeitos colaterais.
Se o paciente parar de tomar os remédios, o vírus ressurge em questão de semanas e volta a infectar as células imunológicas, deixando o indivíduo vulnerável a muitos microorganismos, alguns deles fatais.
Por isso, os cientistas tentam há três anos desalojar o vírus de seu refúgio e matar as células onde se esconde quando o paciente está tomando antirretrovirais.
Na Conferência Mundial sobre Aids, realizada em Melbourne, um grupo de cientistas da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, apresentou suas conclusões. Seis pacientes tratados com antirretrovirais, também tomaram romidepsina, um anticancerígeno que faz a quantidade do vírus aumentar entre 2,1 e 3,9 vezes no sangue.
Em cinco dos seis pacientes, o vírus se tornou localizável. Os cientistas terão agora que determinar se todos os vírus escondidos foram "revelados" e encontrar uma forma de matar as células de refúgio, onde o vírus se multiplica assim que se interrompe o tratamento com antirretrovirais.
"Demonstramos que, com a romidepsina, podemos ativar um vírus que hiberna", declarou Ole Schmeltz Sogaard, chefe da equipe de cientistas. "É um passo na direção certa, mas o caminho ainda é longo e os obstáculos são muitos antes de que possamos falar de uma cura da Aids", acrescentou.
Destruir as células refúgio
Quando vai para o sangue, o vírus "reativado" deixa uma marca na parte externa das células imunológicas infectadas CD4, que pode ser vista em microscópio.
Os cientistas esperam que esta marca, similar às impressões digitais, possa ser rastreada pelas células T, que combatem as infecções. A equipe de cientistas quer combinar a romidepsina, que "desperta" o vírus da imunodeficiência humana (HIV), com uma vacina chamada vacc-4x, para incitar as células T a identificar e em seguida destruir as células onde o vírus se refugia.
Os seis voluntários do experimento não sofreram efeitos colaterais importantes ao tomar romidepsina e este medicamento anticancerígeno não interferiu no efeito do tratamento com antirretrovirais.
Decepção
A Conferência Internacional sobre Aids, que reúne a cada dois anos especialistas do mundo todo, foi marcada dias antes de sua abertura pela decepção do caso da "menina do Mississippi".
Trata-se de uma menina americana, nascida com HIV de mãe soropositiva e que não tinha sido tratada. A menina recebeu ao nascer fortes doses de medicamentos durante 18 meses, antes de os médicos perderem o rastro do vírus.
Cinco meses depois, os médicos não conseguiram encontrar traços do vírus, uma descoberta assombrosa, já que o HIV invariavelmente aumenta menos de um mês depois de suspenso o tratamento.
No entanto, há alguns dias descobriu-se que, após viver 27 meses sem HIV nem remédios, o vírus tinha voltado a aparecer.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Neto que largou faculdade e cuidou da avó com Alzheimer publica livro

Fernando Aguzzoli, 22 anos, acompanhou de perto a doença de dona Nilva.
História está em “Quem, eu?”, que chega às livrarias brasileiras.

Rafaella Fraga Do G1 RS
História de Fernando e da avó, dona Nilva, ganhou a internet e as páginas de um livro (Foto: Carlos Castilho/Divulgação)História de Fernando e da avó ganhou a internet e as páginas de um livro (Foto: Carlos Castilho/Divulgação)
Ao olhar-se no espelho, dona Nilva enxergava uma mulher com idade bem mais avançada do que na verdade pensava que tivesse. No dia em que completou 79 anos, em fevereiro de 2013, foi surpreendida com uma pequena festinha preparada pela família em sua casa, em Porto Alegre, com direito a bolo e os versos de parabéns a você. Ao ser avisada que estava de aniversário, perguntou: “Quem, eu?”.
O enredo da vida real, que ganhou destaque na imprensa e comoveu pessoas em todo o país, agora está disponível em livro. A história de Nilva de Lourdes Aguzzoli, que passou os últimos meses de vida sob os afetuosos cuidados do neto, o porto-alegrense Fernando Aguzzoli, 22 anos, está na obra “Quem, eu? – Uma avó. Um neto, Uma lição de vida”. Publicado pela editora Belas Artes, o volume tem lançamento em Porto Alegre na próxima segunda-feira (28). Depois, percorre outras cinco cidades brasileiras.
É a última homenagem que eu podia fazer para a minha avó"
Fernando Aguzzoli, 22 anos
“É muito mais do que um livro para mim. É a última homenagem que eu podia fazer para a minha avó”, diz Fernando, em entrevista ao G1. “Era um título provisório, mas acabou ficando. E não poderia ser outro. Hoje, se a minha avó visse a foto dela na capa do livro, ia virar para mim e dizer, com certeza: ‘Quem, eu’?”, brinca o neto, ao justificar o nome dado ao livro.
Diagnosticada com mal de Alzheimer em 2008, a matriarca da família Aguzzoli, descendente de italianos e natural de Caxias do Sul, na serra gaúcha, passou a sofrer lapsos de memória e comprometimento de funções motoras. O caso se agravou a ponto de ela não conseguir mais realizar sozinha tarefas comuns do dia a dia e de não reconhecer amigos e familiares. Nem a si mesma.
Livro "Quem, Eu?" tem lançamento em seis cidades brasileiras (Foto: Editora Belas Letras/Divulgação) Então estudante de filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e aspirante a pequeno empresário, o neto trancou a faculdade, largou emprego e as festas com os amigos para se dedicar em tempo quase integral para cuidar daquela que fez o mesmo por ele quando criança. Era o momento de retribuir o cuidado quase materno da avó, assumindo uma espécie de papel de pai.
Livro "Quem, Eu?" tem lançamento em seis cidades
brasileiras (Foto: Belas Letras/Divulgação)
“Existem algumas doenças do novo século. Acho que o Alzheimer é uma delas. Antigamente, isso não tinha nome, Alzheimer era só caduquice, coisa de velho”, avalia. O mal de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa ainda sem cura, mas a chance de controlá-la é maior se ela é detectada precocemente. A incidência maior é na terceira idade e seu sintoma mais comum é a perda da memória, mas compromete ainda o comportamento e pensamento do paciente.
Para enfrentar os dias que viriam e dividir a experiência de cuidar da avó enferma, Fernando levou o assunto às redes sociais. Com bom humor, criou a página Vovó Nilva, no Facebook, um espaço que serviu para compartilhar as experiências de se conviver com alguém com Alzheimer.
Os textos descrevem situações engraçadas, aventuras até fantasiosas – características de um paciente com Alzheimer – e, ao mesmo tempo, cheias de sensibilidade e amor. E foi a partir de pedidos dos internautas que surgiu a idéia de transformar esses momentos em livro. “A ideia partiu dos leitores da página do Facebook. Os internautas que incentivaram a escrever o livro. Em momento algum eu havia pensando em escrever sobre isso”, revela.
Fernando, 22 anos, largou faculdade e emprego para ajudar nos cuidados com a avó (Foto: Carlos Castilho/Divulgação)Fernando, 22 anos, largou faculdade e emprego
e cuidou da avó (Foto: Carlos Castilho/Divulgação)
Dona Nilva se foi em dezembro de 2013, quando não resistiu a uma infecção urinária, pouco antes de completar 80 anos de idade. Na mesma época, a primeira etapa do livro havia sido concluída. “Depois disso eu adicionei outros capítulos. Escrevi sobre o período de perda, sobre a ajuda que tive dos internautas para suportar tudo. Mas não queria que fosse só um livro biográfico. Por isso entrevistei 25 profissionais para darem seus pareceres mais científicos, digamos assim”, sustenta.
Tratam-se de esclarecimentos de psicólogos, psiquiatras, neurologistas, geriatras e até advogados e arquitetos. “Todos falam sobre questões bem pertinentes para o paciente a para a família. Ao arquiteto questionei, por exemplo, quais modificações a casa tem que receber para acomodar um idoso. O advogado fala sobre quais são os direitos de um portador do Alzheimer”, exemplifica.
Para Fernando, a maior recompensa é saber que sua história pessoal está ajudando muitas famílias a lidar com casos semelhantes. “O Brasil tem vergonha de envelhecer. E tem, com razão, medo de envelhecer, já que é uma tarefa muito difícil no país. Estou recebendo um retorno bem gratificante do público até agora. Realmente, espero que ajude”, conclui.
Serviço
Lançamento de “Quem, eu? – Uma avó. Um neto, Uma lição de vida”

- 28/7: Porto Alegre, na Livraria Saraiva do Praia de Belas Shopping.
- 29/7: Belo Horizonte, na Livraria Leitura do Shopping BH
- 30/7: Rio de Janeiro, na Travessa de Ipanema
- 31/7: São Paulo, na Livraria Cultura da Paulista
- 05/8: Caxias do Sul, na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi
- 11/8: Curitiba, na Livraria Curitiba no Shopping Estação
Fernando segura foto da avó ao lado dos país (Foto: Carlos Castilho/Divulgação)Fernando segura foto da avó ao lado dos país (Foto: Carlos Castilho/Divulgação)

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Enfermaria eletrônica

Empresa cria microchip para ser implantado sob a pele e que libera medicações por até 16 anos

Cilene Pereira (cilene@istoe.com.br)
Um microchip colocado sob a pele promete se transformar na maneira mais cômoda para o tratamento de doenças crônicas como a hipertensão ou condições que exijam a administração cotidiana de medicações, como é o caso dos anticoncepcionais. O pequeno aparelho é programado para liberar medicamentos na dose e no tempo indicados pela necessidade e também pode ser controlado por médico e paciente por sistema wireless.
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A novidade foi criada pela empresa americana MicroChip, que conta em seu quadro com especialistas do prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT). É feita para ser implantada sob a pele das nádegas, da parte superior do braço ou do abdome. O primeiro teste foi realizado para a verificação da eficácia no controle da osteoporose, doença caracterizada pelo enfraquecimento ósseo. Sete mulheres com idade entre 65 e 70 anos antes medicadas com uma injeção diária receberam o implante, preenchido com remédio contra a enfermidade. Ficou comprovado que o aparelho foi capaz de administrar o medicamento da forma correta, controlando a doença.
Agora, os pesquisadores da empresa se preparam para iniciar um novo estudo clínico, dessa vez para examinar a eficácia do implante na liberação de um anticoncepcional. “O microchip contém doses mensais do remédio”, informou à ISTO­É Robert Farra, da MicroChip. “O controle wireless do produto permitirá à mulher ligar ou desligar o aparelho. Se ela quiser ter um filho, pode simplesmente desativá-lo”, explicou. De acordo com a empresa, essa versão preparada com o anticoncepcional pode ficar implantada por até 16 anos. 

domingo, 20 de julho de 2014

Frutas vermelhas para o cérebro

Pesquisas comprovam que o consumo regular de alimentos como amoras, morangos e mirtilo melhora o raciocínio, a memória e protege os neurônios

Mônica Tarantino (monica@istoe.com.br)
As falhas de memória e o declínio gradual de outras habilidades cognitivas associados ao envelhecimento estão no alto da lista de prioridades de institutos de pesquisa em saúde. Por isso, países como os Estados Unidos e o Canadá estão investigando novas abordagens para preservar o cérebro desse desgaste. Uma das estratégias mais eficientes pode ser adicionar porções de frutas vermelhas à mesa, de modo que passem a fazer parte da rotina alimentar. Grandes estudos sobre os efeitos dessa escolha estão em andamento pelo mundo. E se os primeiros trabalhos preocupavam-se em comprovar os benefícios das amoras, dos morangos e de outras frutas vermelhas ou arroxeadas (como o açaí e a jabuticaba), os que estão sendo executados agora procuram compreender os mecanismos moleculares pelos quais elas conseguem defender o cérebro. Uma das linhas de pesquisa mais recentes e promissoras busca desvendar a ação das antocianinas, substâncias pertencentes à família dos flavonoides. Eles são alguns dos compostos encontrados nessas frutinhas, com ação no combate ao processo de inflamação crônica que prejudica as funções cognitivas e acelera o envelhecimento do corpo todo. “As antocianinas atravessam a barreira hematoencefálica e, desse modo, penetram até o núcleo das células. Ali modificam a atividade de genes que regulam a produção de enzimas anti-inflamatórias, entre outros”, explica Franco Lajolo, diretor do Núcleo de Apoio à Pesquisa de Alimentos e Nutrição da Universidade de São Paulo (USP) e o pesquisador principal do Food Research Center, projeto da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo voltado à inovação. A barreira mencionada por Lajolo é uma membrana que restringe a passagem de substâncias da corrente sanguínea para as estruturas cerebrais, o que garante a função metabólica normal do órgão.
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AÇÃO
O cientista canadense Weber investiga como mirtilos
protegem os neurônios de danos após lesões
Recentemente, estudos sobre o papel das berries (nome dado ao conjunto das frutinhas vermelhas mundo afora) capturaram a atenção dos especialistas. Um deles está em andamento na Harvard Medical School, em parceria com o Brigham and Women’s Hospital, duas instituições americanas. A equipe avaliou dados obtidos por um levantamento iniciado em 1976 sobre a saúde e o estilo de vida de 121,7 mil enfermeiras com idade entre 30 e 55 anos. Entre 1995 e 2001, a função cognitiva de 16.010 dessas mulheres, selecionadas por, àquela altura, terem idade superior a 70 anos, foi medida a cada dois anos. O grupo concluiu que as participantes que consumiam uma a duas porções de morangos e mirtilos por semana tinham taxa mais lenta de decréscimo da memória. E que as que comiam mais do que isso apresentavam menor declínio. “Ricas em flavonoides, especialmente antocianinas, as berries melhoram a cognição em estudos experimentais”, afirma a epidemiologista Elizabeth Devore, que lidera pesquisas nesse campo nas duas instituições americanas e organiza um seminário para 2015 sobre essas frutas.
No Canadá, John Weber, da Memorial School of Pharmacy, investiga o potencial de amoras e mirtilos para preservar da morte as células neuronais de pessoas que sofreram traumatismo. De acordo com Weber, o cérebro contém compostos antioxidantes para combater os radicais livres, mas a produção dessas substâncias nocivas aumenta após lesões cranioencefálicas ou acidente vascular cerebral e pode levar a danos rapidamente. Sua esperança é que o consumo de quantidades adequadas de flavonoides funcione como uma espécie de escudo protetor das células cerebrais. “Em laboratório, vimos que o dano celular foi drasticamente reduzido ao ministrarmos extratos de várias frutas vermelhas”, diz.
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BENEFÍCIO
Composto presente na cereja ajuda no combate à inflamação
Os flavonoides têm ação em todas as células do corpo. Está previsto para o início de 2015, por exemplo, um estudo de pesquisadores canadenses e da USP para avaliar o impacto dos flavonoides na produção de insulina, o hormônio que conduz a glicose do sangue para dentro das células. “Temos projetos para investigar esses compostos nas cascatas de sinalização do pâncreas”, diz Lajolo. O pâncreas é o órgão onde estão as células que produzem a insulina. Resta ainda o desafio de definir a quantidade necessária à mesa todos os dias para preservar o cérebro. Estudos sugerem que pequenas quantidades já produzem efeitos. Lajolo, porém, é cauteloso. “Sugiro comer, diariamente, cinco porções de vegetais e frutas variadas para o maior aproveitamento de substâncias protetoras”, diz o cientista.
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Fotos: TPG-Images/AGB Photo; Rafael Hupsel

sábado, 19 de julho de 2014

EUA confirmam primeira transmissão de chikungunya dentro do país

Doença foi detectada em homem que não viajou ao exterior. Casos anteriores envolveram pessoas que estiveram em países com circulação do vírus

Mosquito 'Aedes aegypti', transmissor da dengue, também passa o vírus chikungunya
Mosquito 'Aedes aegypti', transmissor da dengue, também passa o vírus chikungunya (André Lucas Almeida/Futura Press)
Autoridades de saúde dos Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira o primeiro caso de transmissão do vírus chikungunya em território americano. Até então, o vírus havia sido detectado somente em pessoas que viajaram para países onde há circulação da doença.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), órgão oficial de saúde dos Estados Unidos, a doença foi detectada em um homem da Flórida que não viajou ao exterior recentemente. A agência afirmou que está acompanhando a possível aparição de novos casos na região. Segundo o órgão, Os Estados Unidos identificou o vírus em 243 indivíduos que viajaram ao exterior em 2014.
No Brasil, já foram registrados 20 casos de febre chikungunya neste ano. Todos os pacientes viajaram ao exterior recentemente e não foi confirmado nenhum caso de transmissão local. Entre as pessoas que apresentaram o vírus, uma esteve na República Dominicana; 17 são militares e missionários que retornaram de missão no Haiti; e as outras duas são haitianos que visitaram o Brasil, mas que já retornaram a seu país de origem.
A doença — A febre chikungunya apresenta sintomas similares aos da dengue – febre alta, mal estar e dores nos músculos, ossos e articulações – e é transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. A doença começa a se manifestar três a sete dias depois de o paciente ser picado. E se o paciente for novamente picado nos primeiros cinco dias dos sintomas, ele passa o vírus para o mosquito, que pode retransmiti-lo a outras pessoas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2004 o vírus chikungunya já foi identificado em 19 países da África, Ásia e Caribe. No Caribe, há um surto da doença atualmente: segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), de dezembro de 2013 a maio de 2014, foram registrados 61 864 casos, entre suspeitos e confirmados.
Nesta terça-feira, a OMS considerou como grave a situação epidemiológica da febre Chikungunya no continente americano. O número de infectados na região já supera os 5 000 — a maioria dos casos foi registrada no Caribe (4 518).

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Especialistas: aids cresce por país não focar jovens e gays

Aumento de 11% dos casos da doença no Brasil nos últimos 8 anos reflete falta de estratégias para grupos específicos, que incluem profissionais do sexo

HIV: Estima-se que 0,4% da população brasileira viva com o vírus da aids
HIV: Estima-se que 0,4% da população brasileira viva com o vírus da aids (Thinkstock)
Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta quarta-feira mostrou que os novos casos de infecção pelo HIV caíram 38% nos últimos doze anos no mundo, mas cresceram 11% nos últimos oito anos entre os brasileiros. De acordo com dois especialistas ouvidos pelo site de VEJA, os dados referentes ao Brasil merecem atenção.
"Os jovens hoje não viram a epidemia que aconteceu há trinta anos e se esqueceram da importância de usar o preservativo. Precisamos trabalhar com eles, especialmente com os homossexuais, e fazer com que a sociedade permita que eles exerçam sua sexualidade de forma segura", diz Georgiana Braga, diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids).
Para o infectologista Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da USP e médico do Hospital Sírio-Libanês, as estratégias de combate à aids sempre podem melhorar. "Uma campanha de camisinha no carnaval não atinge todos os públicos. É preciso ter políticas para grupos específicos, como homens que fazem sexo com outros homens e profissionais do sexo", afirma.
Crescimento relativo — Com relação à comparação com o resto do planeta, os dois especialistas concordam que os dados devem ser relativizados. "A queda global aconteceu principalmente em regiões como a África Subsaariana, que estava atrasada em relação à redução da epidemia de aids. O Brasil já havia apresentado essa diminuição entre o fim dos anos 1980 e o começo dos anos 1990", afirma Georgiana Braga.
Já Esper Kallás diz que, enquanto alguns países africanos têm prevalência de infecção por HIV de 12%, no Brasil a estimativa é de 0,4%. "O nosso combate mais efetivo contra a doença aconteceu há mais tempo, então não podemos dizer que o Brasil vai de mal a pior, mas sim que a epidemia enfrenta diferentes fases de acordo com cada país".

Público de risco — Estima-se que, atualmente, cerca de 720.000 brasileiros vivam com infecção pelo vírus da aids, número que representa quase metade dos casos da América Latina e 2% do total registrado no mundo. Em 2013, aproximadamente 15.000 pessoas morreram no Brasil por complicações da doença, 7% a mais do que em 2005.

De acordo com o relatório da ONU, a maior prevalência de novas infecções pelo HIV na América Latina aconteceu entre os homossexuais. No Brasil, 11% dos homens gays vivem com o vírus da aids.

Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que homossexuais passem a tomar antirretrovirais para prevenir o contágio do vírus. De acordo com a entidade, esse grupo tem um risco dezenove vezes maior de ser infectado do que o resto da população. A indicação de antirretrovirais para evitar a doença ainda não é permitida no Brasil. Segundo Esper Kallás, mais estudos são necessários para que a abordagem seja incluída na prática clínica.
Atitude Abril — No Brasil, a campanha Atitude Abril, idealizada pela Editora Abril, usa a informação como estratégia para combater o crescimento da epidemia de infecção pelo vírus da aids. Por meio de revistas, sites e redes sociais, a campanha discute com o público específico de cada veículo diversos aspectos da doença, do científico ao social. A iniciativa também inclui a campanha publicitária “Desinformação tem cura”, que conta com o apoio de personalidades como Neymar e Anderson Silva.

A campanha realizará uma pesquisa sobre o conhecimento da população brasileira em relação à aids, o comportamento sexual das pessoas no país e as principais barreiras que a doença impõe aos doentes atualmente. O levantamento está sendo feito pela internet e qualquer pessoa pode participar.

Para Georgiana Braga, fazer com que informações sobre a doença cheguem ao público ajuda a combater o HIV por melhorar a conscientização sobre formas de prevenção da infecção; incentivar as pessoas a fazerem o teste que diagnostica o vírus, ampliando o acesso ao tratamento; e ajudar a reduzir o preconceito da sociedade em relação à doença. "O mais interessante da campanha Atitude Abril é falar com um público-alvo específico, pois a linguagem usada por um adolescente é diferente da de uma dona de casa. Isso ajuda as pessoas a entenderem melhor a doença e a mudar comportamentos", diz Georgiana.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

EUA: casos de AVC caíram 50% desde a década de 1980

Taxa de mortalidade por derrame cerebral também está menor, principalmente em pessoas com menos de 65 anos, devido ao controle de fatores de risco

Derrame: Especialistas acreditam que controle de fatores de risco à saúde ajudou a reduzir taxa de AVC nos EUA
Derrame: Especialistas acreditam que controle de fatores de risco à saúde ajudou a reduzir taxa de AVC nos EUA
A incidência de acidente vascular cerebral (AVC) entre os americanos caiu nas últimas duas décadas, assim como a taxa de mortalidade da doença. É o que aponta um estudo realizado na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e publicado nesta terça-feira no Journal of the American Medical Association (Jama).
Segundo a pesquisa, o número de pessoas que sofreram um derrame pela primeira vez nos Estados Unidos caiu 50% entre 1987 e 2011. Em relação às mortes subsequentes ao AVC, a queda foi de 40%.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Stroke Incidence and Mortality Trends in US Communities, 1987 to 2011​

Onde foi divulgada: Journal of the American Medical Association (Jama)​

Quem fez: Silvia Koton, Andrea Schneider, Wayne Rosamond, Eyal Shahar, Yingying Sang, Rebecca Gottesman e Josef Coresh

Instituição: Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos

Resultado: Entre 1987 e 2011, a taxa de AVC nos Estados Unidos caiu 50%. A taxa de mortalidade por derrame também caiu, especialmente entre pessoas de 45 a 64 anos.
O levantamento indicou que tal redução ocorreu especialmente em indivíduos com mais de 65 anos — entre aqueles de 45 a 64 anos, a prevalência de AVC permaneceu estável durante o período. A queda na taxa de mortalidade por derrame ao longo desses anos no país aconteceu principalmente entre pessoas com menos de 65 anos.
Na opinião dos pesquisadores, essa redução ocorreu devido ao maior controle de fatores de risco à saúde cardiovascular, que inclui prevenção à pressão alta, o fim do tabagismo e o uso de estatinas para diminuir o colesterol.
Melhoras — "Nós podemos nos parabenizar porque estamos indo bem, mas o AVC continua sendo a quarta causa de mortalidade nos Estados Unidos. Essa pesquisa aponta as áreas que precisam ser melhoradas", diz Josef Coresh, professor de epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Johns Hopkins e um dos autores do estudo. Segundo ele, os especialistas devem focar em prevenir o derrame em pessoas com menos de 65 anos e diminuir a taxa de mortalidade por AVC entre maiores de 65.
"Ainda há muitos fatores que ameaçam aumentar a taxa de derrame cerebral novamente, e se nós não resolvermos esses problemas, as nossas conquistas podem ser perdidas", afirma Coresh. Em sua opinião, uma das preocupações dos especialistas na área são as consequências da atual epidemia de obesidade, uma vez que o excesso de peso pode levar ao diabetes e à hipertensão, ambos fatores de risco para o AVC.
Análise — A nova pesquisa se baseou nos dados de 15.792 americanos de 45 a 64 anos que começaram a ser acompanhados a partir de 1987 e até 2011. No início do estudo, nenhum deles havia sofrido um AVC. Durante esse período, 7% tiveram um derrame cerebral, sendo que 10% morreram um mês após o episódio e 21%, após um ano.
A cada década, a taxa de mortalidade por AVC diminuiu em oito óbitos a cada cem casos de derrame. Essa queda foi mais acentuada em pessoas com menos de 65 anos.
A enfermidade — As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no mundo e no Brasil. Entre as moléstias do sistema cardiovascular, a mais fatal aos brasileiros é o AVC: segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, cerca de 100.000 pessoas morreram devido à doença em 2011.
O estudo internacional Interstroke, realizado em 22 países, entre eles o Brasil, e publicado em 2010, mostrou que 90% dos casos de AVC são associados a fatores de risco evitáveis. São eles: hipertensão, diabetes, sedentarismo, colesterol alto, obesidade, tabagismo, abuso de álcool, problemas cardiovasculares e dietas ricas em gordura e em sal. Os outros 10% podem estar relacionados a fatores como genética e idade.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Farmacêutica vai produzir lentes de contato inteligentes do Google

Dispositivos têm duas finalidades médicas diferentes: ajudar no controle da taxa de glicose em diabéticos e restaurar a visão de pessoas com vista cansada

Lentes de contato inteligentes do Google para diabéticos têm sensor de glicose e chip que recebe e envia esses dados
Lentes de contato inteligentes do Google para diabéticos têm sensor de glicose e chip que recebe e envia esses dados (Google)
A Novartis anunciou nesta terça-feira que concluiu um acordo com o Google para produzir lentes de contato inteligentes com fins médicos desenvolvidas pelo grupo americano. A tecnologia foi criadoa para ajudar o diabético a controlar a taxa de glicose pela lágrima e para restaurar a visão de pessoas com presbiopia, ou vista cansada, que é a perda progressiva da capacidade de focalizar objetos.
"Estamos ansiosos para trabalhar com o Google e combinar a tecnologia avançada deles com nosso amplo conhecimentos em biologia para responder a necessidades médicas não supridas", disse, em comunicado, Joseph Jiménez, diretor geral da Novartis. As lentes deverão ser produzidas pela Alcon, filial do laboratório dedicada à oftalmologia.
As lentes de contato do Google desenvolvidas para auxiliar pessoas diabéticas contêm um pequeno sensor capaz de detectar a glicose nas lágrimas a cada segundo, além de um chip que recebe e transmite via wireless as informações. A ideia é que elas substituam a necessidade de agulhadas nos dedos para que essa taxa seja medida em uma gota de sangue. Em janeiro deste ano, o Google anunciou que os testes clínicos do método já estavam em andamento.
Já as lentes destinadas auxiliar pessoas com presbiopia exercem uma função semelhante à do foco automático de uma câmera fotográfica, uma vez que restaura a capacidade de o olho do paciente focalizar e enxergar objetos de perto com nitidez.
Os detalhes financeiros do acordo entre a farmacêutica e o Google não foram divulgados.
(Com agência Reuters)

terça-feira, 15 de julho de 2014

Um em cada três casos de Alzheimer pode ser evitado

Pesquisa concluiu que parte da doença é provocada por fatores de risco modificáveis, como obesidade, tabagismo e baixos níveis de escolaridade

Demência: Alzheimer tem prevenção em parte dos casos, afirma pesquisa
Demência: Alzheimer tem prevenção em parte dos casos, afirma pesquisa (Getty Images/Ingram Publishing)
Um terço dos casos de Alzheimer no mundo tem prevenção, já que é desencadeado por fatores que podem ser evitados. São eles: sedentarismo, tabagismo, diabetes, hipertensão, obesidade, depressão e baixos níveis de educação. A conclusão faz parte de uma pesquisa publicada nesta segunda-feira na revista médica The Lancet Neurology.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Potential for primary prevention of Alzheimer's disease: an analysis of population-based data​

Onde foi divulgada: The Lancet Neurology

Quem fez: Sam Norton, Fiona E Matthews, Deborah Barnes, Kristine Yaffe e Carol Brayne

Instituição: Universidade de Cambridge e King's College London, Grã-Bretanha, e Universidade da Califórnia, EUA

Resultado: Um terço dos casos de Alzheimer é desencadeado por fatores de risco que podem ser evitados ou que têm prevenção, como diabetes, obesidade e baixos níveis de educação.
O estudo, feito por especialistas americanos e britânicos, foi conduzido no Instituto de Saúde Pública da Universidade de Cambridge. A estimativa apontada pelo trabalho é menor do que a de um estudo anterior feito pelos mesmos pesquisadores, que havia indicado que metade dos casos de Alzheimer poderia ser evitada.
Acredita-se que 44 milhões de pessoas no mundo tenham Alzheimer e que esse número chegue a 106 milhões de casos até 2050. Segundo pesquisa de Cambridge, no entanto, se a população mundial diminuir em 10% cada um dos fatores de risco modificáveis da doença, será possível evitar cerca de 9 milhões de casos de Alzheimer até 2050.
O novo estudo se baseou em estatísticas sobre a doença nos Estados Unidos e na Europa e relacionou esses dados com a prevalência de fatores de risco à saúde, como obesidade e diabetes, nessas regiões.
"Embora não exista uma forma única de prevenir o Alzheimer, talvez nós possamos dar alguns passos para reduzir o nosso risco de demência em idades mais avançadas. Praticar atividade física, por exemplo, diminui os níveis de obesidade, hipertensão e diabetes, e pode evitar demência em algumas pessoas, além de melhorar a saúde em geral com o envelhecimento", diz Carol Brayne, professora da Universidade de Cambridge e coordenadora do estudo.
"A nossa esperança é que essas estimativas ajudem a traçar estratégias para prevenir e lidar melhor com essa condição", diz Deborah Barnes, especialista do Departamento de Epidemiologia da Universidade da Califórnia em São Francisco, Estados Unidos, e uma das autoras da pesquisa.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Os falsos magros

Novo exame de imagem começa a ser usado para medir a composição corporal e revela muitos casos de pessoas com peso normal, mas com quantidade de gordura suficiente para colocar a saúde em risco

Mônica Tarantino (monica@istoe.com.br)
Uma forma mais eficiente de avaliar a constituição corporal começa a revelar que alguns indivíduos com peso normal segundo o Índice de Massa Corporal (IMC) – usado para classificar peso normal, sobrepeso e obesidade – podem, na verdade, ter mais gordura escondida no interior do organismo do que os exames existentes conseguiam descobrir até agora. O novo teste, que está sendo chamado de densitometria de corpo total, já está disponível em países como Espanha, Grécia, Estados Unidos e também no Brasil.
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MUDANÇAS
Liat tinha mais gordura do que devia e reformulou seu
programa de exercícios e a dieta
Feito em até 20 minutos pelo densitômetro, mesmo aparelho usado para avaliar o risco de osteoporose (doença que leva ao enfraquecimento ósseo), o exame usa um software diferente. “Por meio da emissão de uma radiação muito baixa, mostra a presença de músculos e de gordura a cada meio centímetro do corpo”, descreve a endocrinologista Patrícia Dreyer, do Laboratório Fleury Medicina e Saúde, um dos centros que oferecem a avaliação no País. Hospitais de primeira linha também já o fazem.
Há mais opções para estimar a quantidade de gordura e músculos, como a bioimpedância (uma corrente elétrica de baixa intensidade que percorre os tecidos), a adipometria (medida das pregas cutâneas feita com uma pinça) e a medida da cintura abdominal. Em todos os casos, a informação obtida ajuda a estimar os riscos para a saúde de quem apresenta concentração de gordura acima ou abaixo do recomendado. “Porém, estudos mostram que os dados da densitometria de corpo inteiro não variam conforme a temperatura ambiente, se a mulher está no ciclo menstrual e com retenção de líquido, se comeu antes ou bebeu muito líquido. Tudo isso pode afetar o resultado dos outros meios de mensuração”, diz a endocrinologista Maria Fernanda Barca, de São Paulo.
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RETRATO
O teste emite radiação muito baixa e mostra a presença de músculos e
de gordura a cada meio centímetro do corpo
A médica começou a pedir o exame após ter assistido à apresentação de trabalhos em congressos internacionais. Um deles, feito na Espanha, mostrou que apenas um terço das pessoas com níveis elevados de gordura abdominal do tipo não aparente era tratado adequadamente. “Ao revelar a gordura mesclada aos músculos e escondida no abdome, por exemplo, esse teste permite identificar pacientes que, apesar de magros, podem ter maior risco de se tornarem diabéticos ou de ter síndrome metabólica”, explica Maria Fernanda. A síndrome a que se refere a médica é caracterizada pela presença dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como a hipertensão e a diabetes tipo 2.“Pessoas com mais gordura na cintura apresentam maior risco para doenças do coração e morte precoce”, diz a americana Mary Oates, do Marian Regional Medical Center, na Califórnia (EUA). Ela é uma das principais pesquisadoras da nova densitometria.
O exame também aponta obesos que possuem menos gordura do que se afere somente pela medida do IMC (calculado por meio de uma conta que considera o peso dividido pela altura ao quadrado). Seriam, portanto, mais saudáveis do que se imagina. “É um teste que precisa se tornar mais conhecido pelos benefícios que pode trazer”, diz a endocrinologista Patrícia Dreyer. “Mas ainda é necessário avançar em algumas definições. Os endocrinologistas se perguntam a partir de quais valores se pode diagnosticar síndrome metabólica. Isso ainda não está definido internacionalmente e por isso não inserimos essa conclusão no laudo”, pondera a médica. Outra boa aplicação do exame é indicar se há perda de massa muscular, um processo que avança com a idade. Mostra também fraturas ósseas que antes não eram visíveis com a densitometria tradicional.
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A precisão da nova densitometria surpreendeu a engenheira Liat Rubin, 29 anos, de São Paulo. Adepta dos exercícios de musculação, da corrida e da alimentação saudável, ela descobriu que, apesar do Índice de Massa Corporal normal e do corpo esguio, a quantidade de gordura escondida no organismo estava acima do aceitável para o seu caso. “O laudo da densitometria informou 27% de gordura na composição corporal. Uma avaliação anterior, feita com o adipômetro, havia indicado 19%!”, conta Liat. O dado foi usado para reformular o programa de treinamento e a dieta, com o objetivo de eliminar mais gordura. “Mantive a musculação para não perder massa magra, aumentei a atividade aeróbica para queimar mais gordura e passei a comer a cada três horas para acelerar o metabolismo”, conta Liat, que perdeu seis quilos. “Junto foi uma barriguinha que teimava em não desaparecer”, diz.
Fotos: Kelsen Fernandes; Science Photo Library

domingo, 13 de julho de 2014

Anvisa vai mudar regras para nomes de remédios

Agência votará em resolução para evitar confusão na compra de medicamento, como no caso de produtos com nome semelhante, mas indicações diferentes

Medicamento: Anvisa vai mudar regras para nome dos produtos para evitar confusão no momento da compra
Medicamento: Anvisa vai mudar regras para nome dos produtos para evitar confusão no momento da compra (Thinkstock)
As regras para nomes comerciais de medicamentos vão mudar. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve votar dentro de duas semanas o texto da nova resolução, que tem como principal objetivo criar estratégias para reduzir a confusão no momento da compra de remédios.
O presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, afirma que o erro geralmente é cometido em três situações típicas. A mais comum ocorre quando o remédio tem nome semelhante a outro produto que já está no mercado, mas que possui indicação diferente. A confusão também pode ser provocada quando o nome comercial faz referência a algum composto, que não está presente no medicamento ou sugere uma indicação diferente da que é apresentada pelo produto. "Essas são algumas possibilidades. Mas a criatividade é ilimitada", diz o diretor. Justamente por isso, os pedidos serão analisados caso a caso.
A resolução regulamenta uma lei criada em 2003. A maior polêmica em torno do assunto diz respeito à análise dos nomes já existentes. "É um tema muito delicado, que pode trazer uma série de prejuízos para o setor se as regras não forem muito bem conduzidas", afirma o presidente da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), Henrique Uchio Tada.
Mudanças — O receio era o de que marcas antigas tivessem de ser retiradas do mercado se Anvisa passasse a considerar o nome inadequado. Segundo Barbano, no entanto, a análise será feita no momento do registro de medicamentos novos. Para os que já estão no mercado, não há razão para que eles sejam reavaliados — exceto se houver relato de grande número de acidentes provocados por erros no momento da compra do produto.
A renovação do registro é feita a cada cinco anos. "Quando o medicamento traz algum risco, ele pode ser retirado do mercado a qualquer tempo, não precisamos aguardar o período da renovação do registro", diz Barbano.
A resolução também traz uma avaliação sobre "famílias" de medicamentos. Produtos que têm em sua composição o mesmo princípio ativo, mas com algumas variações. É o caso, por exemplo, de analgésicos que levam na fórmula apenas um princípio ativo e outros, com mesmo nome, que trazem combinação com outras substâncias. "A princípio não vejo problema para que sejam mantidos. Mas regras precisam estar definidas: a embalagem deve ser feita de forma a deixar claro para o consumidor que são medicamentos semelhantes, com mesma indicação, mas com composição um pouco diferente", afirma o presidente da Anvisa.
Barbano é favorável também em liberar que uma empresa tenha dois medicamentos registrados no mercado, com indicações para o mesmo fim mas com nomes distintos. A situação é comum em casos de fusão de empresas. "Não há risco sanitário, nem mesmo de cartelização", diz.

sábado, 12 de julho de 2014

Grupos de alto risco ameaçam controle da Aids

Agência disse que 50% das novas infecções ocorrem entre gays, prostitutas e usuários de drogas injetáveis

A Aids é o estágio mais avançado da doença que ataca o sistema imunológico. Saber precocemente da doença é fundamental para aumentar ainda mais a sobrevida da pessoa
Image-0-Artigo-1656814-1 FOTO: MELQUIADES JUNIOR
Genebra Cinco grupos-chave, incluindo os homossexuais, prostitutas e prisioneiros, têm significativamente altas taxas de HIV que estão ameaçando o progresso da luta mundial contra a Aids, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) ontem.
Essas pessoas têm maior risco de se infectar com o vírus da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, que causa a Aids, e mesmo assim são as menos propensas a adotar prevenções contra o HIV, realizar testes e tratamento, disse a agência de saúde das Nações Unidas com sede em Genebra.
"Globalmente estamos falhando com certas populações que têm o maior risco, ainda que saibamos que o acesso em geral aos serviços de saúde é precário. São os homens que mantêm relações sexuais com homens, profissionais do sexo, pessoas transexuais, especificamente homens transexuais, pessoas que usam drogas injetáveis e pessoas que estão em prisões ou outros estabelecimentos fechados", disse Gottfried Hirnschall, diretor de departamento na OMS, em uma entrevista coletiva.
"Nós estamos vendo explodir epidemias em algumas dessas populações-chave", disse ele, acrescentando que até 50% dos novos casos de infecção pelo HIV ocorrem nesses grupos.
A OMS disse que estudos estimam que as profissionais do sexo feminino são 14 vezes mais propensas a adquirir o HIV do que outras mulheres, os homens gays são 19 vezes mais propensos a ter o vírus da Aids do que a população em geral, e os homens transexuais têm quase 50 vezes mais probabilidade do que os outros adultos a ter a doença. Para os usuários de drogas injetáveis, os riscos de infecção pelo HIV podem ser 50 vezes maiores do que na população em geral.
Pela primeira vez a OMS disse que "recomenda fortemente" que os homens que mantêm relações sexuais com homens deveriam considerar tomar medicamentos antirretrovirais como uma forma extra de se proteger contra a infecção pelo HIV, ao lado do uso de preservativos.
Prevenção
Tal abordagem, conhecida como profilaxia pré-exposição ou PrEP, é uma forma de as pessoas que não têm o HIV, mas correm o risco de adquiri-lo, se protegerem tomando um único comprimido, geralmente uma combinação de dois antirretrovirais, diariamente. O PrEP, quando adotado de forma consistente, tem demonstrado reduzir o risco de infecção por HIV em pessoas de alto risco em até 92%.
Especialistas em Aids estimam que a incidência do HIV entre homens homossexuais poderia ser reduzida entre 20 a 25% com o PrEP, evitando até 1 milhão de novos casos de infecção nesse grupo em 10 anos.
Infectados
Cerca de 35,3 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas com o vírus da Aids. Em contrapartida, o número anual de mortos pela Aids está caindo, registrando 1,6 milhão de vítimas em 2012 de um pico de 2,3 milhões em 2005. Novas infecções por HIV estão também em constante declínio, uma queda de cerca de um terço em 2013 em relação a 2011.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Dependentes do sol

Pesquisa revela como a exposição aos raios solares pode se tornar um vício. Especialistas alertam para a necessidade da busca de auxílio psicológico para controlar a tendência

Mônica Tarantino (monica@istoe.com.br)
Você não sai da praia antes do último raio de sol? Responda rápido se faz isso porque deseja dourar a pele a qualquer preço ou porque os raios solares melhoram o seu humor e proporcionam bem-estar inigualável. Se escolher a segunda opção, saiba que cientistas da Escola Médica da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, estão estudando casos como o seu. Eles acreditam que esse comportamento reúne os ingredientes para ser considerado uma espécie de dependência química. O mais recente trabalho a esse respeito foi publicado pela revista americana “Cell”. “O estudo, feito com animais, tinha o objetivo de entender os mecanismos subjacentes a essa necessidade biológica por doses maiores de sol”, esclarece o pesquisador David Fisher, que liderou a pesquisa.
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O pesquisador e sua equipe expuseram cobaias à radiação ultravioleta por seis semanas. A intensidade dos raios foi calculada para simular a exposição de uma pessoa de pele clara por até 30 minutos ao sol do meio-dia da Flórida (EUA), durante o verão. “Já na primeira semana, constatamos um aumento dos níveis sanguíneos de endorfina”, conta o pesquisador. As endorfinas são hormônios naturais do organismo que atuam nas mesmas vias que as drogas opioides (como a morfina), gerando bem-estar e analgesia. Além disso, a exposição aos raios UV levou as caudas dos animais a enrijecer e levantar, uma reação conhecida como cauda de Straub e observada quando os ratos recebem drogas opioides. Ao final das seis semanas, os animais tomaram remédios para bloquear a liberação de endorfinas e permitir que os níveis da substância no organismo voltassem ao normal. Nesse período, tiveram sintomas de abstinência, como agitação e tremores.
Pesquisas anteriores já haviam revelado que a luz solar desencadeia a produção de endorfinas, assim como o exercício, sexo e chocolate. Mas ainda são necessários mais estudos para determinar o alcance do problema. “É uma informação nova que precisa ser aprofundada. Atualmente, estima-se que 10% da população apresenta predisposição a um comportamento de dependência do sol”, diz o dermatologista Omar Lupi, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e vice-presidente do Colégio Ibero-Latinoamericano de Dermatologia. Especula-se também sobre a possibilidade de haver mais de uma razão para o vício em sol. Existiriam tanto pessoas dependentes do aumento da endorfina como indivíduos com transtornos de imagem que recorrem ao bronzeamento excessivo para disfarçar falhas físicas (como a acne ou o tamanho das coxas).
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EXCESSO
Na visão dos estudiosos, Paris Hilton e Cristina Aguillera,
sempre bronzeadas, estão na categoria de risco
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Todos esses achados podem ter impacto nas campanhas educativas contra o câncer de pele. “Nossos resultados sugerem que a decisão de proteger a nossa pele ou a pele de nossos filhos pode exigir um esforço consciente”, alerta o americano Fisher. “Essas pessoas agem como adictos e talvez precisem de apoio para mudar de hábitos”, diz Lupi, do Rio de Janeiro.
De acordo com o Skin Cancer Foundation, mais de 3,5 milhões de cânceres de pele são diagnosticados em mais de dois milhões de pessoas a cada ano nos Estados Unidos. Aproximadamente 86% dos casos de tumores do tipo melanoma, o mais agressivo dos tumores de pele, são causados pela exposição aos raios solares ou à radiação de câmaras de bronzeamento. 
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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Sedentarismo é o maior vilão da epidemia de obesidade nos EUA

Estudo mostrou que aumento do peso da população foi acompanhado por redução na prática de exercícios, mas não por piora na alimentação

Sedentarismo: estudo aponta a falta de atividade física como principal causadora da epidemia de obesidade americana
Sedentarismo: estudo aponta a falta de atividade física como principal causadora da epidemia de obesidade americana (Thinkstock)
O principal culpado pela atual epidemia de obesidade nos Estados Unidos não é a má alimentação, mas sim o sedentarismo. É o que conclui uma nova pesquisa da Universidade Stanford, que analisou dados coletados durante vinte anos por um levantamento nacional de saúde.
Os pesquisadores observaram que, durante esse período, os americanos diminuíram significativamente os seus níveis de atividade física, ao passo que o índice de massa corporal (IMC) médio da população aumentou. Por outro lado, a quantidade de calorias consumidas permaneceu estável.
CONHEÇA O CASO

Título original: Move More, Eat Less:It’s Time for Americans to Get Serious about Exercise​

Onde foi divulgada: periódico The American Journal of Medicine​

Quem fez: Uri Ladabaum, Ajitha Mannalithara, Parvathi Myer e Gurkirpal Singh,

Instituição: Faculdade de Medicina da Universidade Stanford, Estados Unidos

Resultado: A epidemia de obesidade dos EUA ocorreu com o aumento do sedentarismo entre a população, e não com mudanças na alimentação.
Para se ter uma ideia, em 2010 mais da metade (51,7%) das mulheres adultas do país eram consideradas sedentárias, ou seja, não praticavam nenhuma atividade física nas horas vagas. É mais que o dobro da taxa de sedentarismo registrada em 1994, que foi de 19,1%. Os homens, embora se exercitem mais do que as mulheres, também apresentaram um aumento na prevalência de sedentarismo, de 11,4% em 1994 para 43,5% em 2010.
Durante esse intervalo de tempo, o IMC médio da dos americanos cresceu 0,37% ao ano, sendo que o aumento mais acentuado aconteceu entre mulheres mais jovens. Além disso, a circunferência abdominal da população feminina aumentou 0,37% por ano e a da masculina, 0,27%.
O total de calorias consumidas ao dia, no entanto, não teve alterações significativas ao longo desse tempo. “A nível populacional, encontramos uma relação significativa entre aumento do IMC e da circunferência abdominal e o sedentarismo, mas não a ingestão calórica”, diz Uri Ladabaum, professor da Faculdade de Medicina de Stanford e coordenador da pesquisa. Segundo ele, porém, isso não significa que uma má alimentação não provoca a obesidade, mas sim que o sedentarismo é o maior causador do aumento do problema nos Estados Unidos.
O estudo foi publicado nesta semana no periódico The American Journal of Medicine.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Número de casos de chikungunya no Brasil sobe para 20

Infecções pelo vírus da doença, cujos sintomas são semelhantes ao da dengue, ocorreram fora do país

Mosquito 'Aedes aegypti', transmissor da dengue, também passa o vírus chikungunya
Mosquito 'Aedes aegypti', transmissor da dengue, também passa o vírus chikungunya (Jardel da Costa/Futura Press)
Subiu para vinte o número de casos confirmados de febre chikungunya no Brasil em 2014, informou o Ministério da Saúde nesta segunda-feira. A doença é semelhante à dengue e também é transmitida pelo Aedes aegypti. Todas as infecções foram contraídas fora do país, em regiões onde há circulação do vírus causador da doença. Mais de metade dos casos (11) foram identificados no Estado de São Paulo e outros três, no Rio de Janeiro.
Entre as pessoas que apresentaram a condição, uma esteve na República Dominicana; 17 são militares e missionários que retornaram de missão no Haiti; e as outras duas são haitianos que visitaram o Brasil, mas que já retornaram a seu país de origem. A pasta informou que todos os pacientes apresentam quadro leve e estável de saúde e uma evolução clínica favorável.
De acordo com o Ministério da Saúde, existem outros dois casos que estão sob investigação com suspeita de febre chikungunya, de indivíduos que também estiveram nesses países.
A doença — A febre chikungunya apresenta sintomas similares aos da dengue – febre alta, mal estar e dores nos músculos, ossos e articulações – e é transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, também existente no Brasil. A doença começa a se manifestar três a sete dias depois de o paciente ser picado. E se o paciente for novamente picado nos primeiros cinco dias dos sintomas, ele passa o vírus para o mosquito, que pode retransmiti-lo a outras pessoas.
"O nome é complicado mas a prevenção é simples. Como na dengue, é preciso mobilizar as pessoas para erradicação de focos do mosquito", disse o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Sáude, Jarbas Barbosa.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2004 o vírus chikungunya já foi identificado em 19 da África, Ásia e Caribe. No Caribe, há um surto da doença atualmente: de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), de dezembro de 2013 a maio de 2014, foram registrados 61 864 casos, entre suspeitos e confirmados.
Casos importados — quando o paciente é infectado em viagem — foram já foram identificados nos Estados Unidos, Canadá e Guiana Francesa. No Brasil, houve três registros em 2010, também de pessoas contaminadas fora do país. Desde então, o Ministério da Saúde passou a monitorar a situação do vírus no país.