sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Silicone tem prazo de validade

Nas clínicas de cirurgias plásticas do Brasil, a colocação de implantes de silicones é o procedimento mais pedido pelas pacientes. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) mostram que das cerca de 700 mil intervenções estéticas feitas no país em 2010, pelo menos 144 mil foram para colocação de silicone nas mamas – material que possui um prazo de validade de aproximadamente dez anos. Mesmo que isso não signifique que as pacientes precisem se submeter a uma nova cirurgia exatamente ao passar de uma década, os médicos deixam claro e fazem o alerta: o material não dura para sempre.

Dentro do organismo, os implantes sofrem com o envelhecimento ocasionado pela ação de líquidos ácidos e também pela temperatura corporal. “Garantias vitalícias não são verdadeiras. Por conta desta degradação, nenhum implante é definitivo e alguns podem durar menos do que a validade dada pelos fabricantes”, esclarece o cirurgião da clínica Sculpture, dono de uma fábrica de implantes em Curitiba e membro titular da SBCP, Jorge Wagen­führ Júnior.

A garantia significa que neste período o produto não deve apresentar problemas. “Este é o tempo médio de validade fornecido pelos fabricantes do material, mas não é regra. Algumas mulheres podem ter a prótese há mais de 10 anos sem incômodos que indiquem a necessidade de troca”, explica o presidente da SBPC, Sebastião Guerra.

Ressonância

Segundo a cirurgiã plástica, professora adjunta do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro da SBPC e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASAPS, em inglês,) Ruth Graf, após dez anos, porém, os implantes começam a apresentar pequenas rupturas diagnosticadas por exames (ver quadro) como a ressonância magnética. Essas alterações podem evoluir lentamente para rupturas maiores causando dor e desconforto. “Isto pode demandar a troca do material, mas a cirurgia pode ser programada com calma, não precisa ser vista como emergência”, esclarece.

De acordo com os médicos, o próprio corpo costuma dar sinais de que chegou a hora de trocar o material. Entre os principais alertas estão a flacidez, coceiras, latejamento das mamas, ocorrência de mastite (inflamação das glândulas mamárias) e cistos. “A mulher que possui silicone precisa de um controle anual do implante e diante de qualquer desconforto deve procurar um médico”, declara Sebastião

Avaliação

Exames que devem fazer parte da rotina de quem tem implante de silicone:

Mulheres até 30 anos

Ecografia

Verifica a situação da cápsula do implante e detecta possíveis lesões ou perfurações no material;

Acima dos 30 anos

Mamografia

Exame complementar à ecografia, ajuda a detectar o aparecimento de tumores nas mamas. Deve ser realizada de forma preventiva por todas as mulheres.

Após cinco anos da colocação dos implantes

Ressonância magnética

Detecta o aparecimento de rupturas.

Fonte: Ruth Graf, cirurgiã plástica e professora do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR), membro da SBPC e da ASAPS.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Desenvolvido protótipo de vacina contra aids com eficácia de 95%

Uma equipe de pesquisadores espanhóis criou um protótipo de vacina contra o HIV "muito mais potente" que os desenvolvidos até agora ao redor do mundo e que conseguiu uma resposta imune para 90% das pessoas sadias que foram expostas ao vírus.

A descoberta foi apresentada nesta quarta-feira, 28, em entrevista coletiva pelos responsáveis pela pesquisa, Mariano Esteban, do Centro Nacional de Biotecnologia do Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha (CSIC); Felipe García, do Hospital Clínic de Barcelona, e Juan Carlos López Bernaldo de Quirós, do Hospital Gregorio Marañón de Madri.

Após manifestarem uma grande eficácia em ratos e macacos, os testes começaram a ser aplicados em seres humanos há cerca de um ano. Nesta primeira fase, a vacina foi aplicada em 30 pessoas sadias, escolhidas entre 370 voluntários.

Durante o teste, seis pessoas receberam placebo e 24 a vacina. Estas últimas apresentaram "poucos" e "leves" efeitos secundários (cefaleias, dor na zona da injeção e mal-estar geral). Por isso, é possível afirmar que "a vacina é segura para continuar com o desenvolvimento clínico do produto", ressaltou Quirós.

Em 95% dos pacientes, a vacina gerou defesa (normalmente atinge 25%) e, enquanto outras vacinas estimulam células ou anticorpos, este novo protótipo "conseguiu estimular ambos", destacou Felipe García. Para completar, em 85% dos pacientes as defesas geradas se mantiveram durante pelo menos um ano, "que neste campo significa bastante tempo", acrescentou.

Na próxima etapa, os pesquisadores realizarão um novo teste clínico, desta vez com voluntários infectados pelo HIV. O objetivo é saber se o composto, além de prevenir, pode servir para tratar a doença.

"Já provamos que a vacina pode ser preventiva. Em outubro, vacinaremos pessoas infectadas com HIV para ver se serve para curar. Geralmente, os tratamentos antirretrovirais (combinação de três remédios) devem ser tomados rigorosamente, algo insustentável em lugares tão afetados pela Aids como a África", apontou García.

O protótipo da vacina, batizado como MVA-B, recebe o nome do vírus Vaccinia Modificado Ankara (MVA, na sigla em inglês), um vírus atenuado que serve como modelo na pesquisa de múltiplas vacinas

Até agora, o único teste de vacina contra o HIV que chegou à terceira fase foi realizado na Tailândia. As duas primeiras fases testam a toxicidade do composto e sua eficácia, enquanto a terceira e a quarta examinam a posologia do remédio.

O protótipo da vacina, patenteado pelo CSIC espanhol, está sendo elaborado para combater o subtipo B do vírus da Aids, de maior prevalência na Europa, Estados Unidos, América Central e do Sul, além do Caribe. Na África e Ásia, o vírus mais comum é o subtipo C.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cérebro em ponto de ebulição

O mal-estar costuma ser súbito, mas os sinais de alerta do cérebro, que sofre um acidente vascular cerebral (AVC) – ou derrame –, são bem claros, quando se manifestam no organismo. Alterações na fala, dor de cabeça forte, tontura, incômodos na visão, perda da sensibilidade e dos movimentos de braços ou pernas significam necessidade de socorro rápido. A Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que os AVCs causam cerca de 5 milhões de mortes no mundo por ano. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), em 2010, mais de 6 mil pessoas morreram desse mal no estado.

“A suspeita é fácil de ser percebida, mas cada sintoma depende da região cerebral afetada pelo problema. O AVC acontece de repente e evolui rápido”, alerta o vice-presidente da Academia Brasileira de Neurologia (ABNeuro), Rubens José Gagliardi.

De acordo com o diretor do Instituto de Neurologia de Curitiba e professor de Neuroanatomia do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Murilo Meneses, um terço dos casos de AVCs é fatal e 50% dos sobreviventes ficam com sequelas graves após o problema.

“Nem todos os casos apresentam sequelas. O AVC transitório, em que a pessoa manifesta os sintomas, mas se recupera, é um aviso para que o paciente procure atendimento e se previna de um AVC definitivo”, explica Murilo.

De acordo com os médicos, existem dois tipos de AVCs (ver quadro), o hemorrágico – como o sofrido pelo técnico do Vasco Ricardo Gomes, no final do mês de agosto –, e o isquêmico. “Nas duas situações não há sangue novo para nutrir os tecidos cerebrais”, explica Gagliardi.

Influência

Fatores genéticos podem influenciar a predisposição a esses acidentes vasculares, no entanto, são os hábitos de vida que mais contribuem para que o AVC aconteça. Diabéticos, hipertensos e fumantes precisam estar alertas, assim como pessoas com colesterol elevado e com problemas de coração.

“A realização de uma entrevista detalhada com o paciente, exames clínicos e físicos são fundamentais para que os fatores de risco e as doenças que podem ocasionar um AVC sejam identificados e tratados”, diz o hematologista do Frischmann Aisengart Selmo Minucelli.

O AVC tem, ainda, relação direta com a idade – quanto mais velho, maior o risco. Apesar de ser mais comum em pessoas acima de 50 anos, o problema também acomete jovens. “Nesses casos, é obrigatório investigar as causas genéticas que desencadeiam o derrame, como anomalias na corrente sanguínea, o que não é tão comum”, afirma Minucelli. Em mulheres, o problema costuma se manifestar também após a menopausa

Risco

AVC é a maior causa de morte em adultos

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte e de sequelas incapacitantes em adultos. As principais sequelas causadas pelo derrame são motoras, com perda da força em um lado do corpo; de linguagem, com dificuldades na fala e na compreensão de mensagens; visuais; cognitivas, afetando a memória e até a capacidade para fazer cálculos; e também prejuízo na capacidade de orientação e equilíbrio do paciente. Ainda que, na maioria das vezes, o problema seja repentino, os médicos afirmam que é possível evitá-lo. “A melhor solução é a prevenção em conjunto com mudanças de hábitos”, diz o neurocirurgião Murilo Meneses. (DT)

Como evitar

Hábitos simples para prevenir um AVC:

- Não fumar; diminuir o consumo de gorduras; praticar atividades físicas; diminuir o estresse; ter um sono regular.

Cuidados médicos para prevenir um AVC:

- Verificar o estado das artérias, verificar a presença de doenças metabólicas, controlar a pressão arterial, o colesterol e os níveis de glicemia no sangue.

Corrida contra o relógio

Para uma pessoa que sofre um Acidente Vascular Cerebral (AVC), cada minuto faz diferença. O acesso rápido ao atendimento hospitalar pode conter a destruição dos tecidos cerebrais, que param de receber sangue por conta do derrame. “Quanto mais o tempo passa, mais células se degeneram. Se o atendimento for rápido, o risco de lesões definitivas será menor”, explica o vice-pre­­sidente da Academia Brasi­leira de Neuro­­logia (ABNeuro), Rubens José Gagliardi.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Fortaleza caiu de 5º para 32º lugar em saneamento básico

Um estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil revela que Fortaleza, mais uma vez, caiu de posição no ranking do saneamento, com avaliação dos serviços nas 81 maiores cidades do Brasil referentes ao ano de 2009. Em 2003, quando a pesquisa começou a ser realizada, a Capital cearense ocupava a quinta colocação. Em 2009, Fortaleza caiu para a 32ª. O levantamento tem base no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), divulgado pelo Ministério das Cidades.

As informações são fornecidas pelas empresas prestadoras de serviços de cada cidade. Para fazer o ranking, o Trata Brasil leva em consideração várias informações, tais como tratamento de esgoto por água consumida; população atendida com água tratada e com rede de esgoto e índice total de perda de água tratada. No estudo, são considerados somente os municípios com população superior a 300 mil habitantes.

O diretor de operações da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), André Facó, reconhece a importância do estudo do Instituto Trata Brasil. Porém, entende que o levantamento, pelo fato de abranger cidades de médio e grande porte, dificulta a elaboração de uma avaliação mais consistente.

"Quando você coloca todo mundo em um mesmo ranking, parece que Fortaleza está entre as piores. No entanto, quando você seleciona, neste estudo, as 14 cidades com mais de 1 milhão de habitantes, a Capital aparece na oitava posição", justifica Facó.

De acordo com o levantamento, 66 das 81 cidades analisadas informaram atender 80% ou mais da população com água tratada. Destas, 20 garantiram possuir cobertura de 100%, denotando a universalização no atendimento.

Por outro lado, 15 cidades apresentaram um atendimento inferior a 80% da população. Já em relação ao atendimento em esgoto, o índice médio foi de 57%, sendo que 28 cidades apresentaram coleta acima de 80% da população, 53 abaixo de 80% e três informaram ter 100% de coleta.

No estudo de 2009, por exemplo, Fortaleza aparece acima da média nacional no que se refere ao abastecimento de água, com 83% da população contemplada. No atendimento de esgoto, contudo, a cidade está abaixo da média, com 46% das pessoas beneficiadas. Nos dois itens, a Capital está, respectivamente, nas 64ª e 46ª colocações.

Atualmente, segundo André Facó, esses números estão melhores em Fortaleza. Ele informa que o índice de abastecimento de água já chegou a 98% e o índice de tratamento de esgoto a 52%. No Ceará, os índices chegam a 98% e 37%.

"A Cagece está investindo em obras para expandir, principalmente, a rede de esgoto, o nosso grande desafio. Porque o abastecimento de água está praticamente universalizado no Ceará", afirma Facó.

O Instituto Trata Brasil considera que o levantamento de 2009 apresenta sinais de avanços no setor de saneamento quando comparado aos anos anteriores. A evolução do atendimento voltado à água e ao esgoto, entretanto, ocorre lentamente, principalmente nas cidades mais carentes do Brasil.

NORDESTINAS

Cidade se destaca entre as capitais

Instituto reconhece investimentos da Cagece, mas afirma que a companhia pode fazer ainda mais

Embora venha apresentando constantes quedas no ranking, Fortaleza continua sendo a primeira capital do Nordeste quando o assunto é saneamento, seguida de Salvador, João Pessoa, Aracaju, Natal, São Luís, Recife, Maceió e Teresina.

O presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, reconhece que os investimentos da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) na área têm sido importantes para que a cidade se destaque entre as outras capitais nordestinas. Todavia, ressalta que a empresa tem como investir ainda mais.

Segundo o Instituto Trata Brasil, em relação aos investimentos de 2009 das nove capitais nordestinas, Fortaleza aparece na 7ª posição, ganhando apenas de Natal e Aracaju. No que diz respeito às 81 cidades analisadas, Fortaleza foi a 46ª que mais investiu.

Ele explica que a nossa cidade tem condições de estar entre as mais bem colocadas do Brasil, como era em 2003, por exemplo, quando ocupava a 5ª posição no ranking. O que ocorreu, afirma, foi que vários municípios, tanto de médio quanto de grande porte, investiram mais do que a Capital cearense e conseguiram melhores avanços.

"A Cagece vem evoluindo bastante, mas não pode se contentar em ser apenas a melhor do Nordeste. O desafio é pular da melhor do Nordeste para estar entre as mais bem colocadas do Brasil", comenta Carlos.

O que ainda deixa a desejar na Capital, de acordo com o presidente do Instituto Trata Brasil, são os índices de atendimento de esgoto, um problema que, segundo explica, afeta vários municípios brasileiros. Para exemplificar, ele diz que, em 2009, mais da metade da população de Fortaleza, ou seja, 54% não tinha acesso à rede de esgoto. "É algo bastante grave porque acarreta várias doenças para as pessoas que moram na cidade", argumenta.

Sobre a afirmação do diretor de operações da Cagece, André Facó, de que o fato de o Instituto Trata Brasil colocar cidades de médio e grande porte em um único ranking seria prejudicial à avaliação, Édison Carlos afirma que o estudo é justo, sim, pois reúne cidades com perfis parecidos e que enfrentam problemas semelhantes, embora algumas apresentem mais habitantes do que outras.

"É claro que nas grandes metrópoles os desafios são maiores, tendo em vista os grandes conglomerados que se formam de forma desordenada, mas, nesses lugares, os ganhos das empresas que prestam serviços também são maiores e as condições de investimentos também", avalia.

Sobre os avanços do Ceará na área de saneamento, Édison Carlos destaca o baixo nível de perda de água, o que, de acordo com ele, é um grande progresso, pois várias cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro, ainda não conseguem lidar com esse problema.

Em 2009, por exemplo, Fortaleza desperdiçou apenas 27% de água. Os outros 73% foram reaproveitados.

Investimentos

Conforme André Facó, 27 bairros de Fortaleza passam, atualmente, por obras de saneamento. Em todo o Estado, explica, a Cagece está investindo R$ 320 milhões em obras de execução. Deste total, 120 milhões são referentes a obras que ainda serão licitadas.

O diretor também adianta que o Governo do Estado do Ceará procura conseguir mais R$ 170 milhões junto ao Governo Federal, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Os recursos serão destinados, principalmente, para a expansão da cobertura de esgoto, para que, até o fim de 2014, o serviço também esteja universalizado no Ceará. "O custo de implantação de uma obra de esgoto é cerca de 30% mais caro do que uma obra de água", diz.

Um dos objetivos da Cagece é também educar a população cearense para interligar suas casas às redes de esgoto, tendo em vista que, de cada 100 casas do Estado, 20 não são interligadas e utilizam o sistema de fossa.

Para os interessados em se integrar à rede de esgoto, ressalta André Facó, precisam entrar em contato com a Cagece.

Melhorias

27 bairros de Fortaleza passam, atualmente, por obras de saneamento, segundo a Cagece. A companhia diz investir R$ 320 milhões em obras de execução em todo o Ceará.

300 MIL HABITANTES

Caucaia é incluída em estudo pela primeira vez

Como são consideradas, no estudo, apenas as cidades que possuem mais de 300 mil habitantes, em relação ao ano de 2008, na lista de 2009 foi excluída a cidade de Caruaru, em Pernambuco, por ter ficado abaixo desse número, e incluído o município de Caucaia, que faz parte da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

É a primeira vez que a cidade aparece no ranking e já está na frente de 13 municípios, ocupando a 68ª colocação geral. Em relação aos índices de abastecimento de água e atendimento de esgoto, Caucaia aparece, respectivamente, nas 73ª e 63ª posições.

Motivos

Com os avanços na oferta dos serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos foram muitos baixos, os principais motivos para as alterações de posição entre as dez cidades melhores posicionadas no novo ranking foram o volume de investimentos, a redução de perdas de água tratada e pequenos aumentos na tarifa média cobrada.

Em comparação entre 2009 e 2008, oito das primeiras cidades se mantiveram nesse grupo que, agora, conta com as cidades de Curitiba e Londrina, ambas do Paraná.

O estudo também revela que, no conjunto dos indicadores avaliados, estão entre as dez cidades do Brasil mais bem posicionadas: Santos (SP); Uberlândia (MG); Franca (SP); Jundiaí (SP); Curitiba (PR); Ribeirão Preto (SP); Maringá (PR); Sorocaba (SP); Niterói (RJ) e Londrina (PR).

Já entre as dez piores colocações, aparecem as cidades de Porto Velho (RO); Duque de Caxias (RJ); Belford Roxo (RJ); São João de Meriti (RJ); Belém (PA); Nova Iguaçu (RJ); Anandideua (PA); Macapá (AP); Jaboatão dos Guararapes (PE) e Canoas (RS).

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Mudança de hábitos previne diferentes tipos de câncer

A aceleração das pesquisas sobre o funcionamento do câncer nos últimos 15 anos permitiu que a ciência avançasse na compreensão de como é possível prevenir a doença. Cerca de 20% dos casos podem ser evitados com medidas simples, como a mudança de hábitos alimentares, segundo uma pesquisa da organização não governamental World Cancer Research Fund (WCRF). Os outros 80% estão relacionados à interação e comportamento dos genes e a fatores ainda não estudados.

É consenso que mudanças de hábito são capazes de diminuir o número de ocorrências e há linhas de estudo que trabalham com o desenvolvimento de vacinas e sequenciamento genético, que podem ser capazes de evitar o aparecimento de células cancerígenas.

Pesquisas científicas mostram que existe relação entre alguns cânceres e hábitos, os mais citados são o fumo e a obesidade. O tabagismo, por exemplo, está ligado ao aparecimento de um terço dos tumores. Segundo a WCRF, todos os anos 2,8 milhões de novos casos estão ligados à falta de atividade física, dieta incorreta e sobrepeso. E o número deve aumentar consideravelmente na próxima década.

Apesar disso, se houver mudanças no comportamento, aliadas às descobertas científicas, o câncer poderá deixar de ser, no futuro, uma doença com significativo grau de mortalidade. É provável que muitos sejam evitáveis e que nos demais haja ampla sobrevida aos pacientes.

“O câncer é uma doença da vida moderna. O ser humano se tornou sedentário, ficou estressado, vive por mais anos e passou a ter uma dieta rica em carboidratos e comida processada”, diz o médico do Hospital Albert Einstein, Antônio Macedo, especialista em cirurgia oncológica gástrica. Ele conta que há dez anos a taxa de câncer de esôfago era de 4 a cada 100 mil, valor que hoje chega a 24.

Com ajuda da ciência, se descobriu que a atividade física pode auxiliar a diminuir a ocorrência de câncer de intestino e que carnes vermelhas e processadas podem, ao contrário, aumentar o risco. Também há comprovações de que gordura corporal amplia o número de tumores de esôfago, pâncreas, mama, rim e endométrio.

Futuro

Hoje o câncer é a doença mais estudada no mundo e produz o maior número de artigos científicos em revistas especializadas. O tempo entre as descobertas científicas e suas aplicações na população em geral diminui cada vez mais.

Um exemplo claro de como isso ocorre é a prevenção do HPV. O médico Júlio César Teixeira, da Unicamp, coordena um estudo sobre vacinas contra o HPV. Ele afirma que o vírus está relacionado 100% ao câncer do colo do útero, 90% ao do canal anal e 40% aos tumores de pênis, vulva e vagina, além de relação com tumores de mama e leucemia.

Em 2008, um grupo de cientistas de vários países criou o Con­sórcio Internacional do Genoma do Câncer para auxiliar no sequenciamento genético de mais de 50 tipos de cânceres. O objetivo é comparar o DNA das cé­­lulas doentes e sadias de uma mesma pessoa para verificar o que de­­sencadeou o tumor. Ano passado, eles anunciaram na revista Na­­ture que o objetivo é ter 25 mil ge­­nomas diferentes até 2018. Na in­­ternet, o grupo tem um portal com acesso livre a dados de 2, 8 mil tumores.

Além do fator genético, questões ambientais (estresse, condições de vida, alimentação, etc.) podem ser o grande definidor no aparecimento ou não do câncer. Balancear todos estes fatores para fazer um diagnóstico correto é o grande desafio para o futuro

Dicas

Conheça alguns hábitos que devem ser adotados para prevenir o câncer:

- Mantenha o peso e o Índice de Massa Corporal dentro da média. Isso ajuda a prevenir câncer de esôfago, cólon e pâncreas, além de evitar outras doenças, como diabete e problemas cardíacos.

- Faça atividade física por pelo menos 30 minutos diariamente, o que mostra-se eficiente na prevenção de câncer de intestino, mama e endométrio. O exercício ajuda a fortalecer o sistema imunológico.

- Evite fast food e bebidas açucaradas. Prefira refeições mais leves. Alimentos de alto teor calórico contêm mais gordura e açúcar, o que auxilia no ganho de peso.

- Diminua o consumo de carne vermelha e carne processada. A indicação é comer menos de 500g por semana de carne vermelha, associada ao desenvolvimento de câncer de intestino.

- Reduza bebidas alcoólicas. Para quem tem o hábito, homens não de­­vem tomar mais de duas doses por dia e mulheres apenas uma. Há rela­ção do álcool com câncer de boca, faringite, laringite, esôfago e mama.

- Não fume. Até um terço dos cânceres pode estar relacionado com o tabagismo. O tabaco é responsável por cerca de 90% dos cânceres de pulmão.

- Limite o consumo de sal. O sódio pode ser uma das causas prováveis do câncer de estômago.

- Faça check-up anual. Quanto mais cedo é detectado o câncer, maiores as chances de cura. Estima-se que a sobrevida chegue a 90% quando a doença é descoberta no início. Exames de rotina podem ser o primeiro indicador.

Fontes: World Cancer Research Fund (WCRF), Antônio Macedo, Luiz Antônio Negrão Dias e Murilo de Almeida Luz.

Depoimento

“O mais difícil foi contar para a família”

Descobri que tinha câncer de mama em setembro de 2000. No final de um dia de trabalho, fui tomar banho e percebi que minha roupa estava manchada de sangue. Segundo o médico, tive sorte porque é muito incomum a mama sangrar. No dia seguinte, marquei uma consulta e depois a mamografia.

Nessa época eu já trabalhava como voluntária junto a uma equi­pe que apoiava pacientes com cân­­cer, mas, como ia ao médico anualmente, não dava atenção para o autoexame. Na clínica onde eu era voluntária, um dos médicos pediu para acompanhar o caso e, após uma biópsia, descobrimos que o câncer estava em um estágio avançado. Fiz cirurgia para retirar a mama e recebi o “kit” completo: fiz quimioterapia e radioterapia, além de sequelas, como perda dos cabelos.

O diagnóstico foi difícil. O mundo desaba e não sabemos que caminho tomar. O mais difícil foi contar para a família, porque a doença ainda é um tabu.

A maior mudança depois do câncer foi a minha percepção da vida. Como a doença era sinônimo de morte, comecei a enxergar a vida diferente. Passei a dar mais atenção a mim mesma, me cuidar e me ouvir mais. Vi que não precisava trabalhar 16 horas por dia, poderia viver com mais vontade e alegria.

Maria Cecília Palma, advogada.

domingo, 25 de setembro de 2011

São Carlos (SP) registra terceiro caso suspeito de doença desconhecida

Uma moradora de São Carlos, de 28 anos, está internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa com os mesmos sintomas da doença desconhecida que matou dois irmãos que moravam no município.

Os sintomas são febre, manchas pelo corpo, tosse, dor de garganta e dificuldades respiratórias --exatamente os descritos nos casos de André Brisolari, 31, e Alessandra Brisolari, 39, mortos no início deste mês.

Segundo o secretário da Saúde de São Carlos, Artur Pereira, o estado da paciente, que não teve o nome revelado, é grave, porém, estável.

Ela respira sem a ajuda de aparelhos e ficará em observação. No município, todos os serviços de saúde foram avisados para alertar sobre outros casos.

A Vigilância Epidemiológica encaminhou exames realizados na mulher para o Instituto Adolfo Lutz --o diagnóstico deve ser apresentado em até 30 dias.

Ela está sendo medicada com antibióticos e drogas indicadas para o vírus H1N1 --que causa a gripe A.

Sobre as mortes, Pereira disse que exames iniciais já descartaram meningite, dengue hemorrágica, hantavirose, febre amarela, febre maculosa, leptospirose e o próprio vírus H1N1. Novos exames serão feitos, no entanto.

A prefeitura orienta que as pessoas evitem ambientes pouco ventilados, que lavem constantemente as mãos e que redobrem as medidas de higiene pessoal.

Proteína de tubarão contra a hepatite B

Uma das proteínas que só o tubarão possui, a squalamina, pode ser a solução para doenças virais como a hepatite B. Pesquisa da Universidade de Georgetown, nos EUA, mostra que ao se alterar a carga elétrica da membrana das células, a squalamina pode blo­­quear o ciclo do vírus sem causar danos ao organismo.
Outra boa notícia é que os tubarões não correm risco: essa proteína pode ser pro­duzida em laboratório.

sábado, 24 de setembro de 2011

Centro de queimaduras do IJF atendeu mais de 1,6 mil pessoas em 2011

Mais de 1,6 mil pessoas buscaram o Centro de Tratamento a Queimados (CTQ) do Instituto Dr. José Frota (IJF) em Fortaleza somente nos seis primeiros meses do ano. A maioria dos pacientes é formada por crianças, quase sempre com queimaduras causadas por acidentes domésticos, mas os acidentes de trabalho também figuram em alta escala nas estatísticas.

Este ano foram 1.674 casos encaminhados ao CTQ do Frotão no primeiro semestre. No ano passado, durante o mesmo período, foram 2.889 pessoas. O alto número de pacientes atendidos é relacionado a vários tipos de acidentes com superfícies aquecidas, líquidos quentes, choques elétricos e produtos químicos, entre outros.

Os cuidados para evitar queimaduras são simples, mas a negligência pode levar a sequelas irreparáveis ou mesmo à morte.

Crianças são vítimas em potencial

Um descuído da mãe e uma panela com café fervendo foram responsáveis pela queimadura de aproximadamente 50% do corpo do pequeno Caique Xavier, de um ano de dois meses. O tipo de acidente e a idade do paciente fazem parte do perfil principal dos queimados encaminhados ao Frotão. Na manhã desta sexta-feira (23) ele e a mãe, Regina Silva, voltavam ao hospital para continuar o tratamento.

O acidente aconteceu na última segunda-feira (19) e a família mora em Ocara, a 104 quilômetros de Fortaleza.

"Já viemos três vezes para que o Caique possa tomar banho e trocar os curativos. O hospital de Ocara não realizada esse atendimento. Por isso fazemos o deslocamento para o Fortaleza", diz Regina Silva. Caique está sendo acompanhado desde o início da semana pelos médicos do Frotão.

Mais de 50 pacientes por dia

Por dia o atendimento no CTQ chega a 50 pacientes, entre consultas e retornos. Pacientes vindos de todo o Estado recebem atendimento. O número é considerado alto pelos médicos. Fazer campanhas de educação para o cuidado com os risco de queimaduras é uma das formas encontradas pelo centro para dimunir as estatísticas. Em relação ao mesmo período do ano passado foi registrada uma diminuição de mais de 1225 casos.

Acidentes com adultos também dão a tônica do trabalho do CTQ. Entre os atendidos atualmente está a cozinheira Ana Patrícia Justino, 26, com queimaduras de terceiro grau após se acidentar com uma panela com calda de açucar. O líquido atingiu parte do braço e pescoço da vítima.

"Estou em processo de recuperação. A cada dois dias venho trocar os curativos", relata.

Acidentes de trabalho e domésticos são os principais casos atendidos pela emergência do hospital. Segundo a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), Maria Cira Melo, os acidentes domésticos são mais comuns com crianças. "Infelizmente a área de lazer de muitas crianças em casa é a cozinha. Procuramos educar as mães para os riscos das crianças na cozinha", afirma

Além de acidentes na cozinha, os choques elétricos também figuram a lista dos mais comuns. "Devemos nos atentar a nossa rotina. O que fazemos é reproduzido pela criança", alerta a médica.

Apesar de proibido desde de março de 2010 para a venda, o álcool líquido de uso doméstico continua sendo comercializado e ainda é reponsável por vários casos de antendimento à queimados no Ceará. O Centro de Tratamento à Queimados continua a receber pacientes com queimaduras de álcool líquido.

Os períodos de São João e de Final de Ano colaboram para o aumento dos número de queimados. "Os acidentes acontecem quando as pessoas estão com alto teor de bebida alcoólica e soltam fogos. Basta seguir as orientações que estão na caixa dos fogos", aponta Maria Cira.

CTQ é referência

O Ceará conta com um centro de tramamento à queimados que é referência no Brasil, o CTQ do Frotão, e atende pacientes de várias localidades do Estado. A média de atendimento mensal ultrapassa 300 casos. Somente em maio foram atendidos mais de 350 pacientes vítimas de queimaduras no hospital.

Os dados do CTQ apontam um diminuição no número de óbitos por pacientes que sofreram grandes queimaduras. "Existem casos que não conseguem serem tratados. Nossos óbitos são pessoas mais idade, infectadas ou com mais de 80% da área queimada. Mas já conseguimos mudar o diagnóstico e salvar, uma verdadeira vitória".

Como evitar acidentes

Na lista de cuidados e prevenções de acidentes está a indicação de nunca aplicar gelo, óleo, pasta de dente, clara de ovo e demais agentes que podem irritar ainda mais os tecidos expostos.

Se houver roupa grudada na região da queimadura, não remover; apenas cortar a mesma ao redor da lesão. Não é recomendado furar as bolhas. Em casos de dúvida, sempre procure o hospital. Quanto mais tardio for o início do tratamento, pior. Queimaduras na face, genitália, mãos e pés são sempre consideradas mais graves, devendo ser procurado atendimento hospitalar imediatamente.

Em queimaduras elétricas retire o fio da tomada. Nunca toque na vítima enquanto ela estiver em contato com a eletricidade. A vítima deve ser levada ao Hospital.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

2011 tem a pior epidemia de dengue da história do Ceará

No Ceará, 2011 já figura como o ano de maior epidemia de dengue em número de casos em 25 anos, desde quando a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) deu início à série histórica da doença. Os registros passaram de 47.789, em 1994, para 49.017, em 2011. No último boletim epidemiológico da dengue, a Sesa confirmou 47.763 casos da doença em 175 dos 184 municípios do Ceará, mas com os casos de Fortaleza, que foram 1.254 nesta semana, esse número vai para 49.017 registros.

Entre a semana passada e esta, a Capital passou de 28.240 para 29.494 dos totais confirmados, independente dos registros mensais. As informações foram retiradas da comparação entre os boletins da Sesa, do dia 16 de setembro, e o relatório da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), desta semana. Os números não querem dizer, no entanto, que sejam casos novos, mas os que só agora foram confirmados, já que o laudo de comprovação da doença demora entre 30 e 60 dias para sair. Foram 24 óbitos em Fortaleza.

O coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonseca, esclarece que, em 2011, o Ministério da Saúde mudou a notificação dos casos, que hoje não é feita apenas com a sorologia positiva, mas a confirmação é também feita por critério epidemiológico, daí o aumento no número de casos.

O coordenador afirma que Fortaleza contribui com mais de 50% dos casos do Estado por causa do maior contingente populacional. Fonseca explica que toda vez que um novo sorotipo é introduzido existe o risco de epidemia, que foi o caso do Ceará este ano com a entrada do dengue tipo 1. "Isso acontece, então de três em três anos". Em 2008, aconteceu a última epidemia.

Segundo o coordenador da Sesa, a epidemia vai continuar sendo notificada até o fim do ano. "Quando a gente soma os meses de março, abril e maio, que foram os mais críticos, temos os números elevados que configuram a epidemia".

De acordo com o gerente de Vigilância Epidemiológica da SMS, Antônio Lima, esta semana foram registrados 32 casos. No mês, foram 51. Ele explica que os registros responsáveis pelo total de 1.254 são casos antigos que entram no sistema com atraso. "Com isso, a gente tem a impressão de que há uma epidemia que, na verdade, já está controlada. Hoje, o que temos são casos residuais. Estamos na fase de queda no número de registros que estão regredindo a cada mês", explica.

Vulnerabilidade

Porém, o gerente destaca que o Município já está construindo o mapa da vulnerabilidade dos bairros, que será concluído em outubro próximo, para preparar a cidade para uma possível nova epidemia quando da chegada da quadra chuvosa.

"A partir da semana que vem vamos preparar o Plano de Contingência que prevê ações setoriais de controle do vetor que deve ser elaborado e enviado ao Ministério da Saúde para aprovação", conta. Antônio Lima aponta a orientação à saúde, a modificação de práticas de atendimento, como reforçar plantões para reduzir os casos graves, e notificar precocemente como ações importantes.

O gerente informa que o Município já conta com um sistema de monitoramento para saber as casas que estão positivas em focos do mosquito. "Essa é uma grande ferramenta que ajuda muito no combate ao vetor".

Manoel Fonseca acrescenta que o risco de casos graves aumenta a cada epidemia. Em 1994, considerado ano de epidemia, o perigo era de um caso grave para três mil notificados, em 2000, a proporção caiu de um para 300 e este ano o risco é de um para 58 casos. "Com isso, o perigo de morte aumenta significativamente, apesar dos esforços da Sesa no controle da doença, como a capacitação de médicos". O coordenador aponta a vacina como solução.

O QUE ELES PENSAM
Situação pode piorar no próximo ano

O que vemos, hoje, já era esperado, pois existem vários sorotipos do vírus da dengue circulando em nosso Estado. Um deles é o retorno do sorotipo 1, que pode atingir toda uma geração que não foi infectada nos anos 80. Além disso, o número de crianças e adolescentes agora acometidos pela doença é muito grande, antigamente apenas os adultos sofriam com isso. Ainda existe a possibilidade de que no próximo ano esse número de infectados possa aumentar. Pois já temos a circulação do sorotipo 4, na Capital, e com isso a chance de uma epidemia se torna grande.
Roberto da Justa
Presidente da Sociedade Cearense de Infectologia

Esse grande número de casos de dengue é fruto da falta de medidas mais efetivas, no combate à doença, por parte dos gestores. Em consequência, existe pouco esclarecimento da população, e isso acaba gerando falta de maiores ações também por parte das pessoas. Além disso, a lotação das emergências faz com que os fortalezenses fiquem desacreditados em relação ao atendimento e, com isso, é retardado o primeiro atendimento, o que pode gerar consequência para o cidadão. Todos esses problemas fazem com que a saúde não seja promovida.
Ricardo Madeiro
Presidente da comissão de saúde da OAB-CE

ALTA INCIDÊNCIA
Doença assusta e preocupa famílias

"Assustado", é assim que o comerciante Tobias Alves Filho, 37 anos, descreve como se sentiu ao receber o diagnóstico médico de que fora contaminado pelo Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.

Durante sete dias, Tobias Filho teve que ir ao hospital receber cuidados médicos, já que as unidades de saúde, segundo conta, não realizaram internação. Conforme o comerciante, as dores no corpo e as dores de cabeça eram os sintomas que mais incomodavam.

"No primeiro exame não deu nada. Mas os sintomas só pioravam e eu ficava cada vez mais preocupado. Só no segundo exame que a dengue foi realmente constatada", explica.

Tobias Filho comenta que ser diagnosticado com a dengue o assustou, principalmente, devido à gravidade do problema, aos altos índices registrados e à sua situação em particular, já que as suas plaquetas demoraram a normalizar. "Até hoje não sei onde fui contaminado, já que não vejo muitos casos acontecendo no Mucuripe, bairro onde moro", diz.

De acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), na região citada já foram confirmados 147 casos da doença.

Preocupação

Pai de dois filhos, o comerciante diz estar bastante preocupado com os números crescentes de incidência da dengue, doença que pode levar à morte. "Na minha família, eu já fui o segundo caso. Um tio que mora em Sobral também teve dengue. Temos que ficar atentos, porque a doença é grave", alerta.

Tobias Filho foi acometido pela dengue em julho deste ano. Conforme a SMS, no mês em questão, 476 casos de dengue foram confirmados na Capital cearense.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Nova técnica aumenta chances de transplante medular incompatível

O uso de uma nova técnica de transplante de medula permitiu o tratamento do menino João Antônio, 2, que tem um tipo raro de leucemia infantil e não encontrou doador compatível na família, na rede de doadores de medula nem nos bancos de sangue de cordão umbilical.

O procedimento ainda está sendo avaliado em pesquisas, mas pode, no futuro, aumentar as chances de encontrar doadores para mais pacientes que precisam de transplante e não encontram um doador compatível.

Internado no Hospital Sírio-Libanês há dois meses, o menino passou primeiro por um transplante de células-tronco de cordão umbilical de um doador parcialmente compatível.

Mas, como conta o médico Vanderson Rocha, coordenador da Unidade de Transplante de Medula Óssea do hospital, o transplante não deu resultado. "A medula dele parou de produzir todas as células sanguíneas", diz Rocha.

O último recurso foi fazer o transplante de medula da mãe, mesmo que só 50% compatível.

Esse procedimento é de alto risco porque as células doadas podem atacar as do paciente, causando graves efeitos colaterais, que podem levar à morte.

Esse efeito, que é uma espécie de rejeição ao contrário, é chamado pelos médicos de doença do enxerto (as células doadas) contra hospedeiro (o paciente).

Para evitar esse risco, a solução foi adotar um novo procedimento, em que o paciente recebe doses de quimioterapia depois do transplante para matar os glóbulos brancos do doador (que podem causar a "rejeição") e ficar só com as células-tronco, que vão povoar a medula e começar a produzir novas células sanguíneas sadias.

"Todo mundo achava uma loucura fazer a químio depois do transplante, porque se acreditava que isso mataria todas as células doadas. Mas o que se viu nos primeiros estudos é que as células-tronco resistem", diz Rocha.

A técnica permitiu recuperar o fracasso do primeiro transplante, com as células de cordão umbilical. João Antônio, que tem leucemia mielomonocítica crônica juvenil, câncer do sangue que responde por só 2% dos casos de leucemia infantil, deve ter alta na próxima semana.

O médico diz que seu maior receio era que a dose extra de quimioterapia, que também é necessária antes do transplante, causasse efeitos colaterais graves. "O tratamento pode afetar a bexiga e o coração. Mas ele não teve nada."

Ele lembra que, apesar dos bons resultados iniciais, ainda não há dados de longo prazo sobre a técnica.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Câmara aprova nova estatal para administrar hospitais universitários

A Câmara aprovou na noite desta terça-feira (20) o projeto de lei 1749/11, que cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para administrar hospitais universitários federais. Em plenário, os deputados aprovaram o substitutivo [texto alternativo] por 240 votos a favor, 112 contra e 4 abstenções.

O Executivo já havia enviado ao Congresso medida provisória no começo do ano com o conteúdo da matéria, mas ele perdeu a validade em 1º de junho porque não foi votada pelo Senado. O novo projeto deve agora seguir novamente para o Senado.Segundo líderes governistas, a nova estatal vai resolver problemas na contratação de funcionários para esses hospitais. Atualmente, as contratações geralmente ocorrem por intermédio das fundações de apoio das universidades.

Para o governo, o uso de fundações apresenta "vulnerabilidade jurídica" e servidores são recrutados sob formas muitas vezes irregulares. Com o projeto, a nova empresa contratará sob regime de CLT, com aprovação de funcionários em concurso público.

Pela proposta, a Ebserh,sediada em Brasília, será uma sociedade anônima de direito privado, vinculada ao Ministério da Educação, com capital social integralmente de propriedade da União.

Após a votação do texto-base, os deputados analisavam destaques [mudanças pontuais] no projeto.

Estudo mostra que cerveja hidrata igual à água após prática esportiva

BRUXELAS - Um estudo apresentado nesta terça-feira, 20, em Bruxelas comprova que o consumo moderado de cerveja após exercícios físicos é tão eficaz quanto a água para a hidratação, segundo especialistas médicos.

Esta é uma das conclusões apresentadas no "VI Simpósio Europeu de Cerveja e Saúde", onde participaram especialistas em medicina, nutrição e alimentação da União Europeia.


O pesquisador Manuel Castillo, da Universidade de Granada, expôs os resultados de um estudo que consistiu em medir a reação do corpo à ingestão de água ou cerveja após a realização de esforço físico intenso. "Realizamos o estudo para comprovar se o costume de tomar cerveja depois do exercício era recomendável", explicou Castillo.


A conclusão foi de que uma quantidade moderada de cerveja "não prejudica a hidratação após o exercício". Tomar cerveja seria "a mesma coisa que tomar água", por isso é recomendado o consumo da bebida fermentada a todas as pessoas que não tenham nenhuma contraindicação.


"Não foi encontrado nenhum efeito negativo que pudesse ser atribuído à ingestão de cerveja em comparação com a ingestão de água", disse Castillo, que também afirmou que durante as conferências será apresentado outro estudo que descarta que exista "qualquer relação" entre o consumo da bebida e a tendência a desenvolver "barriga de chopp".

O médico Ramón Estruch, do Hospital Clínico de Barcelona, afirmou que os resultados dos estudos mostram que o consumo moderado de cerveja "ajuda na prevenção de acidentes cardiovasculares, graças aos efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios das artérias". Além disso, proporciona proteção contra fatores de risco cardiovascular, como diabetes, melhora a pressão arterial, regula o colesterol e previne a arterioesclerose, segundo a pesquisa.


Estruch informou que atualmente estão sendo feitas pesquisas para determinar se os benefícios da cerveja com álcool são maiores que os da cerveja "sem", embora haja indícios de que a primeira tem efeitos mais positivos. De qualquer forma, Estruch ressaltou a importância de "consumir a cerveja dentro de um padrão de alimentação saudável, preferencialmente a dieta mediterrânea".

Maria Teresa Fernandez Aguilar, pesquisadora da Agência da Saúde de Valência, informou sobre os efeitos benéficos da cerveja sem álcool para as mães lactantes. Ela citou o estudo que demonstrou que crianças amamentadas por mães que consumiram duas cervejas sem álcool durante a lactação têm menos possibilidades padecer de doenças como câncer e arteriosclerose, devido à transmissão dos componentes antioxidantes de bebida.


"Os resultados nos surpreenderam", afirmou Maria Fernandez, acrescentando que a cerveja sem álcool seria mais recomendável que outras bebidas gasosas com base química.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Mortalidade do alcoolismo no Brasil é quase tão grande quanto a do crack

O índice de mortalidade entre dependentes de álcool no Brasil está próximo do registrado entre usuários de crack. Pesquisa inédita feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que, em cinco anos, 17% dos pacientes atendidos em uma unidade de tratamento da zona sul de São Paulo morreram. "É um número altíssimo. Na Inglaterra, o índice não ultrapassa 0,5% ao ano", diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do estudo.

O trabalho, que será publicado na próxima edição da Revista Brasileira de Psiquiatria, segue uma linha de pesquisa de Laranjeira sobre morte entre dependentes de drogas. O estudo feito entre usuários de crack demonstrou que 30% morreram num período de 12 anos. "Naquela mostra, a maior parte dos pacientes morreu nos primeiros cinco anos. Podemos dizer que os índices estão bastante próximos."

O estudo sobre dependência de álcool procurou, depois de cinco anos, 232 pessoas que haviam sido atendidas num centro do Jardim Ângela, zona sul, em 2002. Desse grupo, 41 haviam morrido - 34% por causas violentas, como acidentes de carro ou homicídios. Outros 66% foram vítimas de doenças relacionadas ao alcoolismo. "Os resultados estampam a falta de uma rede de assistência para esses pacientes. Todas as fases do atendimento são deficientes: desde o serviço de urgência, para o dependente em crise, até a rede de assistência psicossocial", diz Laranjeira.

Violência. Os altos índices de mortalidade são explicados por Laranjeira. Entre dependentes de álcool, principalmente nos casos mais graves, pacientes perdem o vínculo com a família, com o trabalho e adotam atitudes que os expõem a riscos, como sexo sem preservativo ou brigas.

A velocidade desse processo é maior entre pessoas de classes menos privilegiadas, avalia Laranjeira. "Como em qualquer outra doença, pessoas que têm acesso a um serviço de melhor qualidade têm mais chances de controlar o problema. Daí a necessidade de equipar melhor a rede pública", comparou.

O grupo avaliado na pesquisa da Unifesp ilustra esse processo. A totalidade dos pacientes atendidos era de classe E e D - 52,2% estavam desempregados. A idade média dos entrevistados era de 42 anos. "Debilitados e sem dinheiro, esse grupo dificilmente consegue se inserir novamente na sociedade", completou.

A ligação com a violência também está clara. O trabalho mostra que entre sujeitos que consumiram álcool, o risco de estar envolvido com crime era 4,1 vezes maior que entre os abstêmios.

Laranjeira lembra que o Jardim Ângela é bairro de periferia. "Mas os baixos indicadores dos pacientes analisados na pesquisa estão longe de refletir a população do bairro. Ali há economia, pessoas estão empregadas."

Religião. Além da alta mortalidade, a pesquisa conclui que atividades religiosas exercem um efeito protetor sobre os dependentes. Entre os que pertenciam a algum grupo, incluindo os de autoajuda, os índices de participação em crimes eram menores que entre os demais. Dos entrevistados que faziam parte de algum grupo religioso, 30,6% não tiveram participação em crime. Entre os que não estavam ligados a nenhum grupo religioso, 18% conseguiram se manter afastados de crimes.

"Num cenário de total desassistência, é ali que o grupo conseguiu apoio", diz Laranjeira. Um resultado que, na avaliação do pesquisador, é muito importante de ser considerado. "Numa doença que apresenta um índice de mortalidade de 17%, qualquer fator protetor deve ser estimulado, sem preconceito." Justamente por isso ele não hesitaria em recomendar para os pacientes procurarem grupos de apoio, incluindo os de natureza religiosa.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Brasileiros não recebem tratamento cardíaco adequado, diz pesquisa

Menos da metade dos pacientes que dão entrada em centros médicos devido a problemas cardiovasculares recebe prescrição para todos os medicamentos recomendados – o que poderia evitar um novo infarto. O dado alarmante foi revelado pelo primeiro registro cardiovascular já feito no Brasil. De autoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o levantamento mapeou tratamentos, atendimentos e o cumprimento de diretrizes em centros médicos no Brasil.

Divulgada no 66º Congresso Brasileiro de Cardiologia, em Porto Alegre, que termina nesta segunda-feira, a pesquisa aponta ainda uma discrepância significativa entre as regiões do país. Norte, Nordeste e Centro-Oeste registraram 7,8% de mortes no total de atendimento a pacientes com problemas no coração, enquanto Sul e Sudeste, 3,2%. De acordo com Jorge Ilha Guimarães, presidente da SBC, o levantamento mostra que as diretrizes estabelecidas pela sociedade não são seguidas. "Em alguns casos, isso acontece porque a estrutura não permite que o médico cumpra as diretrizes; em outros, porque ele não as conhece ou não foi treinado para segui-las", diz.

As diretrizes – procedimentos que servem de modelo para o atendimento – são o norte da prática de um cardiologista. Desvios no cumprimento das normas podem significar mau atendimento ou mesmo a morte de pacientes. Segundo o levantamento, isso acontece pela falta de investimento financeiro e humano em saúde. Enquanto algumas regiões detêm não só os maiores investimentos, mas também os profissionais mais qualificados, outras precisam lidar com a precariedade da saúde pública local.

"Há uma elite na cardiologia, que é reconhecida internacionalmente. Mas, infelizmente, há também a base da pirâmide, e esse levantamento mostra isso", diz Guimarães. Com os dados, a SBC pretende agora dar início a cursos de capacitação profissional, em parceria com 65 centros espalhados pelo Brasil. “Há um projeto para o treinamento de 70.000 funcionários do governo envolvidos no atendimento cardiovascular”, diz.

Infartos – Entre os procedimentos analisados no levantamento, está a reperfusão coronária, feita para desobstruir as artérias após um infarto. Na região Sul, os índices de realização do método chegam a 85,3%, enquanto no Nordeste, que detém a menor taxa, é de 61,2%. "Os procedimentos após um infarto são essenciais para que não aconteça uma segunda ou terceira vez", diz Guimarães.

A prescrição de betabloqueadores e inibidores da IECA (um medicamento para o controle da hipertensão) também se mostrou inferior ao recomendado. Como esses remédios podem ser usados para o tratamento e para evitar a recorrência de novos infartos, a baixa indicação é motivo de preocupação. Mas há ainda pontos positivos, como a prescrição elevada de estatinas na admissão, uma droga de referência no controle dos níveis de colesterol – um fator de risco ao infarto.

Dados – O levantamento da SBC analisou dados de 2.498 pacientes, divididos em 45 centros espalhados em todas as regiões do país – a prevalência, no entanto, foi no Sudeste, com 59,3% das amostras. O estudo foi feito em centros que atendiam apenas pacientes do Sistema Único de Saúde (28%), saúde suplementar (40,8%) ou a ambos (31,2%). Dos hospitais analisados, 59% atendiam o SUS.

domingo, 18 de setembro de 2011

Ricardo Gomes deixa hospital e médico fala em retomada da carreira

Foram 21 dias marcados por um misto de emoções. Inicialmente medo e apreensão. Depois tensão com momentos de incerteza. A cada passo dado vinha alívio e esperança. E, na manhã deste domingo, veio a notícia que todos esperavam: Ricardo Gomes recebeu alta e vai continuar o tratamento do acidente vascular cerebral (AVC) em sua casa. Com isso, o sentimento é um só: alegria. Por volta das 11h (de Brasília), o treinador do Vasco deixou o Hospital Pasteur, na Zona Norte do Rio de Janeiro, com a família. Segundo o neurocirurgião José Antônio Guasti, que operou Ricardo e acompanhou sua evolução, a recuperação é a melhor possível.

Guasti afirmou que Ricardo Gomes está perfeitamente lúcido, recuperando cada vez mais os movimentos do lado direito do corpo - atualmente ele está em três numa escala na qual o cinco é o ideal - e melhorando também a questão da fala. As sessões de fisioterapia e fonoaudiologia continuarão sendo feitas na casa do treinador, que irá contar com uma estrutura médica sempre monitorando cada passo da evolução. A recuperação tem sido tão favorável que até mesmo o retorno aos gramados é visto como uma possibilidade real.

Tanto Guasti como o clínico Fábio Guimarães Miranda disseram que a decisão de voltar a trabalhar como treinador do Vasco depende apenas da evolução em sua recuperação e do desejo do próprio Ricardo Gomes e de seus familiares. Clinicamente e neurologicamente não há qualquer contra-indicação, mas não há ainda um prazo para que isto possa ser discutido.

- Não existe prazo ou previsão que possamos medir neste momento. Cada caso tem o seu tempo. Ele pode levar um mês ou dois meses... Mas seu retorno ao trabalho só depende da vontade e do nível de recuperação dele. Por enquanto não houve manifestação nem dele e nem da familia quanto a isso até porque ele ainda ainda não tem condições. Neste primeiro momento é comemorar esta bela vitória que foi a sua alta e ter na cabeça que ainda existe longos dias de trabalho pela total recuperação pela frente - afirmou o doutor Fábio, que revelou que Gomes assistiu apenas aos gols da vitória sobre o Grêmio no último sábado.

- Ele não assistiu ao jogo inteiro, mas abriu um largo sorriso assim que ficou sabendo da liderança. Tudo isso é uma vitória para nós que vivenciamos este caso nas últimas semanas - disse.

Emocionado, Dinamite agradece e já projeta retorno

O presidente do Vasco, Roberto Dinamite, chegou logo cedo no hospital para acompanhar todo o processo de alta. Ele esteve ao lado da família durante todos os momentos desde que Ricardo Gomes foi internado e deu um fraternal abraço no treinador antes de ele ir para casa. Emocionado ao lados dos médicos durante a estrevista coletiva, o mandatário fez questão de agradecer todas as mensagens de apoio que recebeu até mesmo de clubes rivais e já projeta o retorno de Ricardo Gomes aos campos.

Assim como os próprios médicos, Dinamite não estipulou qualquer prazo. No entanto, o presidente reafirmou que vai esperar o tempo que for e respeitar qualquer que seja a decisão de Ricardo Gomes. Mas ele acredita que, assim como foi durante os últimos 21 dias, o treinador vai surpreender muita gente.

- Vivemos um momento único. Foi uma conquista de um ser humano fantástico como é o Ricardo Gomes. Sei que ele vai surpreender muita gente e logo logo estará ao nosso lado. Na verdade, ele nunca deixou de estar. O trabalho foi plantado e sua filosofia já está implementada no Vasco. A decisão é médica e da família, mas sinto que ele quer e vai estar ao nosso lado ainda este ano. Ele se sente útil. E se isso acontecer, as mensagens de apoio que recebi de todos os cantos do mundo foram fundamentais - afirmou.

Controle da hipertensão agora é obrigação

Assim que Ricardo Gomes sofreu o AVC, logo veio o questionamento do estresse da profissão. Junto com isso, todas as vezes que se fala em seu retorno, surge a dúvida se não seria melhor evitar novamente a carga de tensão e nervosismo que envolve o trabalho de treinador de futebo. No entanto, os médicos afirmaram que isto poderia ter acontecido em casa e que a questão chave neste momento é o controle da hipertensão arterial.

- Isto é algo que todos deveriam prestar atenção. É um mal silencioso e algo que o Ricardo vai ter de controlar via medicamentos o resto de sua vida. Com este controle, ele poderá realizar qualquer tipo de atividade que seja de seu desejo - afirmou o clínico Fábio Miranda.

Cientistas descobrem nova causa para o Parkinson

Uma nova causa genética da Doença de Parkinson, identificada por um extenso grupo de pesquisadores de vários países, está relacionada à inabilidade das células do cérebro de lidarem com o stress biológico. O estudo, conduzido pela Clínica Mayo, na Flórida, foi publicado na edição de setembro do American Journal of Human Genetic, periódico da The American Society of Human Genetic, dos Estados Unidos, e contribui para entender a doença como um complexo distúrbio influenciado por vários genes.

Os pesquisadores iniciaram o estudo ao analisarem uma família numerosa do norte da França com histórico da doença de Parkinson. Os cientistas descobriram que havia uma mutação no gene EIF4G1 nos integrantes da família e identificaram uma relação direta entre essa mutação e a morte cerebral que resulta na doença de Parkinson e em outros distúrbios neurodegenerativos.

"Esse gene é diferente dos outros descobertos que causam a doença de Parkinson na medida em que controla os níveis de proteínas que ajudam as células do cérebro a lidarem com diversas formas de stress comuns com a idade", explica Justus Daechsel, neurocientista da Clínica Mayo e um dos coordenadores da pesquisa. Portanto, as células que não conseguirem reagir adequadamente ao stress biológico morrem. Foi esse o problema encontrado na família francesa e, posteriormente, em famílias de outros lugares, como dos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Itália.

Apesar de poucas famílias terem sido identificadas com essa forma da doença, os cientistas acreditam que essa descoberta abrirá uma nova área de pesquisa sobre o Parkinson e também sobre outras doenças neurodegenerativas. "Os conhecimentos adquiridos a partir de como as mutações no EIF4G1 levam à morte cerebral podem nos ajudar a desenvolver novas terapias para tratar ou desacelerar a doença de Parkinson", explica o coautor do estudo e neurocientista da Mayo, Owen Ross. "Essas últimas descobertas contribuem com mais uma peça para o complexo quebra-cabeça é essa doença."

sábado, 17 de setembro de 2011

Corrupção na Saúde desviou R$ 2,3 bilhões em nove anos

O governo federal – que tem defendido a necessidade de haver novas fontes de financiamento para a saúde – perdeu nos últimos nove anos, devido à corrupção, R$ 2,3 bilhões que deveriam ser destinados ao setor (R$ 255 milhões anuais, em média). O Ministério da Saúde responde sozinho por um terço (32,38%) dos recursos federais que se perderam no caminho, considerando 24 pastas e a Presidência da República, segundo levantamento do Tri­­­bunal de Contas da União (TCU). Ao todo, a União perdeu R$ 6,89 bilhões em desvios.

O montante é o somatório de irregularidades encontradas pelo TCU, entre janeiro de 2002 e 30 de junho de 2011, em procedimentos de investigação – as chamadas Tomadas de Contas Especiais.

Embora sejam números ex­­pressivos, os desvios na Saúde refletem tão-somente as 3.205 fraudes ou outras irregularidades identificadas pelo Ministério da Saúde ou pela Controladoria-Geral da União (CGU). Ou seja, não incluem casos não identificados de corrupção – o que pode elevar o valor desviado. Tampouco está incluído o dinheiro que não foi bem aplicado devido a problemas de má gestão.

Lentidão

Para o Ministério Público Federal (MPF), recuperar esse dinheiro é tarefa difícil. Mais complicado ainda é criminalmente quem embolsou o dinheiro. Na maioria dos casos, são prefeitos, secretários de Saúde ou donos de clínicas e hospitais que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS).

A procuradora Eliana Torelly, da Procuradoria Regional da República da 1.ª Região, avalia que é difícil punir porque os processos, tanto administrativos quanto judiciais, demoram a serem encerrados.

Apenas entre janeiro e junho de 2011, a União encaminhou ao TCU o resultado de 193 processos, que totalizam um passivo de R$ 562,3 milhões. A expressiva maioria é de casos antigos. Na lista, há cobranças até de 1991, como uma tomada de contas que aponta o governo do Piauí como responsável pela aplicação irregular de R$ 258,5 milhões, em valores corrigidos.

Outro exemplo da lentidão em julgar casos de corrupção é o de uma auditoria de 2004 do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), que levantou uma série de desvios em Paço do Lumiar (MA), município de 100 mil habitantes na região metropolitana de São Luís (Maranhão). O processo aponta saques milionários da conta da Saúde, entre 2001 e 2003, que jamais se reverteram em ações à população. Mas só no ano passado o processo administrativo chegou ao TCU. Em valores corrigidos em 2010, a fraude soma R$ 27,92 milhões.

Outro caso de demora nas ações de controle do dinheiro aplicado na saúde é o que envolve as irregularidades descobertas pela Operação Sanguessuga, iniciada em 2006 pela Polícia Federal. Só neste ano o TCU decidiu sobre o assunto. Entre as irregularidades encontradas em 2006 estavam o superfaturamento na aquisição de ambulâncias, ausência de pesquisa de preços em licitações e erros em notas fiscais.

O outro lado

Em nota, o Ministério da Saúde informou que, desde 2002, o orçamento federal da Saúde somou R$ 491,1 bilhões. “Deste modo, o valor apontado corresponde a 0,045% desse montante. Todas estas medidas administrativas foram solicitadas pelo próprio ministério aos órgãos de controle, tanto interno quanto externo”. O ministério cita ainda a realização de 692 auditorias, economia de R$ 600 milhões na compra de medicamentos e aperto no controle dos repasses a estados e municípios.

Opinião de Dilma

Solução exige mais do que conter desvios

A presidente Dilma Rousseff reconheceu na última quarta-feira que é preciso combater a corrupção na área da saúde. Mas disse que só isso não vai melhorar o atendimento da população e que será preciso mais dinheiro. “O que não é possível é a tese de que é possível ter saúde de qualidade sem mais di­­nheiro per capita. Não é”, disse Dilma.

O número com o qual o Planalto e a base aliada vêm trabalhando para melhorar a saúde seriam R$ 40 bilhões adicionais por ano para o setor. Esse é o montante que foi perdido pelo governo com a extinção em 2008 da CPMF – imposto criado para financiar a saúde, mas que acabou não indo para a área.

“Não sei se são os R$ 40 bilhões da CPMF. Talvez não precise disso de uma forma imediata. Mas eu acho que é necessário recurso para a saúde”, disse Dilma na ocasião. De qualquer modo, mesmo que a corrupção na saúde fosse totalmente estancada – R$ 255 milhões por ano, segundo dados do TCU – não seria possível atender à demanda do setor.

Diagnóstico

Estrutura de controle do setor é deficitária e desorganizada, dizem especialistas

Especialista em financiamento do setor público de saúde, o pediatra Gilson Carvalho diz que o dinheiro da área é desviado pela falta de protocolos e rotinas, falta de informatização do controle financeiro, de pessoal e de transporte de pacientes.

A presidente da União Nacional dos Auditores do Sistema de Saúde Único (SUS), Solimar da Silva Mendes, reconhece que a estrutura de controle do dinheiro da área é mínima em comparação com o volume de recursos. Ela contabiliza cerca de 500 auditores na ativa, e a metade está para se aposentar. Para Solimar, seriam necessários outros mil servidores.

Para Alcides Miranda, um dos titulares do Conselho Nacional de Saúde e vice-presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, a discussão sobre a necessidade de mais fontes de recursos para o setor precisa passar pela transparência e garantia da aplicação dos recursos, sejam os já existentes ou outros que eventualmente surjam.

Além dos desvios de recursos apontados por órgãos de controle, Miranda lembra mais uma fonte de desperdício no setor, o Cartão SUS. “Já foram gastos pelo menos R$ 500 milhões desde o governo Fernando Henrique, e esse projeto de informatização [criando um sistema com o número de identificação dos usuários do SUS] não anda”, diz ele.

Mais de mil casos de dengue registrados esta semana no Ceará

Mais de mil novos casos de dengue foram registrados no Ceará nesta semana. De acordo com o boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), foram confirmados 1.098 casos desde a última sexta-feira (9) até esta sexta (16).

Em 2011 já foram registrados 47.763 casos da doença em 175 municípios. Este é o segundo maior número desde que a doença começou a ser registrada no Ceará, perdendo somente para 1994, quando foram registrados 47.784 casos. A diferença atualmente para o recorde ser batido é de 21 casos.

Semanalmente são registrados cerca de mil novos casos. Em Fortaleza já são 28.240 casos confirmados e mais 3.297 casos em investigação.

Óbitos

Ao todo, já foram registrados 55 mortos pela doença no estado. Mais sete óbitos estão sendo investigados.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Mortes por meningite aumentam 250% no Ceará

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), foram confirmados neste ano, 51 casos de meningite no Ceará. Quatorze pessoas morreram: doze em Fortaleza, uma em Maranguape e outra em Moraújo, na região Norte.

O número, que refere-se ao período de janeiro a 2 de setembro de 2011, já é mais do que o triplo registrado no ano passado, quando quatro pessoas morreram vítimas da doença.

Neste momento, nove pacientes estão internados com meningite no Hospital São José, unidade referência em tratamento de doenças infecciosas.

Dos 51 casos de meningite registrados em 2011 no Ceará, 34 são de Fortaleza. Outros municípios cearenses que mais registraram casos foram: Camocim (3), Pacatuba (3), Maracanaú (2) e Quixeramobim (2).

A doença acomete pessoas de todas as idades, mas ocorre com maior incidência em crianças menores de 5 anos, especialmente em lactentes entre 3 e 12 meses.

Na Bahia, a Secretaria de Saúde do estado reconheceu, no último domingo (11), a existência de um surto da doença em Sauípe, a 70 quilômetros de Salvador. O caso foi verificado durante uma festa em um resort, em que três funcionários do hotel morreram vítimas de meningite meningocócica, a forma mais grave da doença.

Causas da doença

A meningite é uma doença expressa pela inflamação na meninges (membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal). Pode ser causada por bactérias ou por vírus e fungos. A maioria dos casos registrados são de meningite bacteriana. Os casos mais letais são provocados pelas variações B e C do tipo meningocócica, causada por bactérias.

Quando acometido pela doença, o paciente fica em isolamento durante as primeiras 24 horas de tratamento, período após o qual é eliminado o risco de transmissão.

Sintomas

Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, vômitos, rigidez na nuca, sinais de irritação, convulsões e manchas vermelhas pelo corpo. A infecção também pode ser percebida pela dificuldade do paciente em dobrar o pescoço ou não conseguir dobrar a perna. Segundo o Sesa, em crianças com menos de 1 ano de idade, os sintomas podem não ser tão evidentes, sendo importante observar sinais de irritabilidade, choro persistende e sinais de afundamento da moleira.

A indicação é que, no início dos sintomas, o paciente procure um médico, uma vez que em 48h o quadro do paciente pode evoluir para estado grave.

A contaminação pode ocorrer por meio das vias respiratórias, gotículas e secreções, resultado de um contato próximo com alguém infectado.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, gratuitamente, a vacina para combater os dois tipos mais graves da doença.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

DIU reduz em 50% risco de tumores de colo do útero

Mulheres que usam o método contraceptivo DIU (dispositivo intrauterino) têm 50% menos risco de desenvolver câncer de colo do útero em comparação com quem nunca usou o implante.

As conclusões são do maior estudo já feito sobre o assunto, com dados de mais de 20 mil mulheres. A pesquisa, feita na Espanha, França e Holanda, foi publicada no periódico médico "Lancet".

Os médicos revisaram dez estudos e ajustaram fatores como número de exames Papanicolaou e de parceiros sexuais para excluir outras causas para os resultados.

Já se sabia que o DIU reduz o risco de câncer do endométrio, mas os resultados sobre a relação do dispositivo com tumores de colo de útero não eram claros até agora.

O efeito protetor do dispositivo contra o câncer de colo uterino foi observado depois de um ano de uso do DIU e não foi alterado mesmo depois de dez anos.

O implante, porém, não previne que a mulher seja infectada com o vírus HPV (causador do câncer) e tenha lesões. O que muda é a progressão dessas lesões.

EXPLICAÇÃO

A proteção conferida pelo DIU pode se dever ao fato de o implante causar uma inflamação na cavidade uterina, estimulando uma resposta imune do corpo. Isso aumenta as defesas da mulher em relação à progressão da lesão para o câncer.

"As hipóteses ainda são especulativas, porque esse é um achado novo, mas o mais relevante são os resultados em si", afirma César Eduardo Fernandes, presidente da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo).

Segundo ele, muitos ainda associam o dispositivo a um risco maior de doenças infecciosas, em grande parte por causa dos primeiros implantes, dos anos 70, que de fato aumentavam o risco de infecções bacterianas.

"O implante ainda carrega essa mácula do passado. Mas, agora, o estudo mostra que o DIU não causa mais infecções do HPV e ainda protege contra os tumores", afirma.

Os DIUs mais usados são o de cobre e o hormonal. A pesquisa não diferenciou qual tipo as mulheres usavam.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ataque brasileiro contra a leishmaniose

A leishmaniose deixou de ser uma doença de ocorrência apenas em áreas consideradas remotas. Nos últimos 30 anos, a mazela avançou sobre os centros urbanos e hoje se encontra fora de controle no Brasil e no mundo. Para se ter uma ideia de sua gravidade e do seu avanço no país, a enfermidade é um dos maiores problemas de saúde pública do estado do Pará e já chegou ao Sul — região antes considerada de difícil adaptação dos insetos transmissores, por conta das baixas temperaturas. Além da transmissão descontrolada, outro problema, talvez ainda mais grave, aflige a sociedade: a falta de um tratamento adequado e eficaz contra a doença. A saída, porém, pode estar na própria natureza, mais especificamente, nas costas de anfíbios. Uma pesquisa brasileira indica que uma substância encontrada na secreção desses animais tem ação potente contra o protozoário que provoca o mal.

A descoberta foi feita por José Roberto Leite, coordenador da equipe do Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia da Universidade Federal do Piauí (Biotec/UFPI), após testar a substância em células infectadas pela leishmania. “Entre dezenas de outras substâncias testadas, encontramos uma que pode dar origem a um fármaco muito mais eficaz que os existentes hoje”, afirma o pesquisador. A molécula se destacou contra a leishmaniose tegumentar, tipo da doença que se manifesta na pele.

A substância à qual Leite se refere é a dermaseptina 01, e foi extraída da secreção produzida pela Phyllomedusa nordestina, perereca de cerca de 5cm de comprimento muito comum no Delta do Parnaíba, no Piauí. Segundo o pesquisador, o líquido extraído do dorso do animal tem alto poder antimicrobiano, sendo capaz de protegê-lo de bactérias e fungos. O ambiente úmido e cheio de matéria orgânica em que os anfíbios estão imersos na quase totalidade de sua vida é ideal para a proliferação de bactérias comensais, que vivem na parte externa do corpo dos animais. Assim, o desenvolvimento de um sistema imunológico eficaz foi essencial para o sucesso evolutivo de espécies da ordem dos anuros — sapos, rãs e pererecas.

Sabendo disso, os cientistas focaram os estudos na identificação das substâncias presentes na secreção e na forma como elas atuam sobre micro-organismos patogênicos. “A ideia é conhecer essas substâncias antimicrobianas, sua estrutura molecular, e tentar mimetizar seus efeitos antibióticos contra bactérias patogênicas ao homem”, descreve Leite. Esse esforço de prospecção se iniciou em 2002, com anfíbios do Cerrado, quando o especialista integrava uma equipe de pesquisadores na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Pouco tóxica

Os anfíbios possuem em sua região dorsal uma série de glândulas granulares, especializadas na produção de veneno. Leite explica que essas estruturas produzem diversas classes de moléculas de interesse, principalmente peptídeos — biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos. No caso da Phyllomedusa nordestina, há mais de 20 substâncias no peptídeo que foram isoladas e estudadas uma a uma (veja quadro).

A identificação da ação da dermaseptina 01 foi feita depois de ser testada nas células infectadas pela leishmaniose. Em 24 horas, a substância conseguiu acabar com o protozoário da doença. “Essas moléculas têm se mostrado muito potentes contra a leishmaniose tegumentar, além de apresentar menos efeitos colaterais contra células humanas, ou seja, baixa toxicidade”, afirma o coordenador da Biotec.

A toxicidade é um dos gargalos no tratamento contra a leishmaniose no mundo. Os dois únicos remédios existentes contra a doença trazem efeitos colaterais extremamente prejudiciais ao homem. Para se ter uma ideia do nível tóxico de tais medicamentos, o índice de mortalidade de pacientes que fizeram uso do tratamento é entre 5% a 20%. “Por isso, a dermaseptina 01 tem nos dado a expectativa de que, a partir dela, possam surgir uma classe de medicamentos eficazes contra a doença”, acredita Leite.

Nanoestruturas

Para que essa substância se torne mais eficaz contra a doença, os pesquisadores criaram nanofilmes com espessuras semelhantes a uma membrana natural que, aplicada sobre a pele, libera aos poucos a dermaseptina 01. “Para atacar a célula, a dermaseptina 01 tem de atravessar a parede celular. Assim como nos nanofilmes artificiais, já podemos analisar como se dá o processo na membrana celular da leishmania”, explica Valtencir Zucolotto, professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e coordenador da rede Nanobiomed, que estuda plataformas nanotecnológicas aplicadas à medicina.

No Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia, no Piauí, os cientistas desenvolveram um tipo de nanofilme feito da goma de cajueiro, na qual a substância pode ser inserida para chegar à célula e combater o protozoário. “Pretendemos utilizar esse material de caráter regional como uma membrana antiparasitária em feridas de pacientes com leishmaniose cutânea, aproveitando, além das propriedades do peptídeo, os efeitos da goma de cajueiro purificada que possui atividade antimicrobiana e antioxidante, já comprovadas por outros trabalhos de nosso grupo”, completa Leite.

O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) e doutor em saúde pública pela Universidade de Harvard, Carlos Henrique Costa, mostra-se animado com os resultados da pesquisa e acredita que o estudo dos peptídeos possa originar novos medicamentos, sobretudo contra outras doenças tropicais. “Os anfíbios conseguiram sobreviver às grandes catástrofes, muito por conta dos peptídeos que eles produzem — inimigos naturais dos micro-organismos patogênicos.”

Costa ressalta a importância de pesquisas sobre a leishmaniose por causa da transmissão descontrolada, já que o inseto transmissor da doença se ada pta bem às condições urbanas. “Ele pode se transforma no novo Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue) muito mais rapidamente do que imaginamos”, alerta. “Toda pesquisa em busca de produtos farmacológicos traz esperança, pois não temos como combater a doença, que está se expandindo”, enfatiza o presidente da SBMT.

Tipos

A leishmaniose pode ser do tipo tegumentar e visceral. No primeiro caso, provoca lesões na pele e, em casos mais graves, ataca as mucosas do rosto, como nariz e lábios (leishmaniose mucosa). A manifestação visceral afeta os órgãos internos, causando febre, emagrecimento, anemia, aumento do fígado e do baço e imunodeficiência (diminuição da capacidade de defesa do organismo contra outros micróbios).

Essas moléculas têm se mostrado muito potentes contra a leishmaniose tegumentar, além de apresentar menos efeitos colaterais contra células humanas, ou seja, baixa toxicidade”

José Roberto Leite, autor da pesquisa