sábado, 29 de abril de 2017

As doenças que vão desaparecer

Um esforço coordenado pela Organização Mundial de Saúde - com apoio de empresas, inclusive uma brasileira - pretende erradicar pelo menos três enfermidades até 2020

Crédito: Roberto Schmidt / AFP
ALVOS Grande parte das vítimas são crianças de países pobres da África (Crédito: Roberto Schmidt / AFP)
Durante décadas, algumas dezenas de doenças foram esquecidas pelo mundo. Apropriadamente chamadas de “doenças negligenciadas”, elas deixam sequelas, definitivas ou não, e em casos mais graves matam. Ainda há muitas assim fazendo vítimas no planeta, grande parte em países pobres da África, mas um esforço capitaneado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) deixará para os livros de história pelo menos três dessas enfermidades. Duas têm nomes estranhos e são pouquíssimo conhecidas: a bouba e a dracunculíase. A outra é a poliomielite. O mais recente gesto em direção à erradicação dessas doenças foi dado há duas semanas, quando a empresa farmacêutica EMS anunciou a doação do antibiótico azitromicina na forma oral para ser usado no combate à bouba. “É uma boa notícia, principalmente para as crianças que sofrem por causa da enfermidade e que podem ser completamente curadas com um único tratamento”, afirmou Dirk Engels, diretor do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS. “Com esta doação, queremos envolver e incentivar os países onde a transmissão ainda está ocorrendo para erradicar a doença.”
AJUDA Sanchez, da EMS, diz que o primeiro lote doado de antibióticos terá 40 milhões de doses
AJUDA Sanchez, da EMS, diz que o primeiro lote doado de antibióticos terá 40 milhões de doses (Crédito:Roberto SCHMIDT/afp)
Uma dose só

A bouba é causada pela bactéria Treponema pallidum subespécie pertenue e se caracteriza por lesões de pele, nos ossos e nas cartilagens. Até 2012, seu tratamento se baseava em uma única dose de injeção intramuscular de penicilina benzatina. Naquele ano, porém, um estudo realizado na Papua Nova Guiné, na Oceania, mostrou que uma dose da forma oral de azitromicina também a curava. Bastaram seis meses para que a OMS formulasse uma estratégia de erradicação até 2020, que inclui a distribuição do remédio. “A expectativa é que apenas no primeiro ano de parceria com a Organização Mundial de Saúde a EMS forneça 40 milhões de comprimidos da azitromicina”, afirma Carlos Sanchez, presidente do Conselho de Administração do Grupo NC, do qual o laboratório é a principal empresa. “Estão previstos três anos de trabalho em conjunto.”
Até hoje a única doença erradicada é a varíola. O último caso registrado foi em 1980. A bouba será a primeira a ser erradicada por meio de antibiótico. A dracunculíase, a primeira provocada por um parasita a desaparecer. Ela causa lesões na pele e artrite. A polio, a exemplo da varíola, é causada por um vírus e pode ser prevenida com vacina. Em quase trinta anos, o número de casos foi reduzido em 99%. Apenas três países ainda registram transmissão do vírus: Afeganistão, Nigéria e Paquistão.
Perto do fim
As doenças em fasede erradicação
Bouba
• É causada pela bactéria Treponema pallidum subespécie pertenue
• Transmitida pelo contato com a pele de pessoa para pessoa
• Crianças entre 6 e 10 anos de idade são as principais vítimas
• Atinge a pele (provoca feridas) mas pode chegar aos ossos
• A detecção precoce pode evitar a desfiguração
Poliomielite
• Doença altamente infecciosa causada pelo vírus polio
• Invade o sistema nervoso e pode levar à paralisia
•Menores de 5 anos são os mais vulneráveis
• Não tem cura, mas é prevenida por vacina
• Desde 1988, o número de casos caiu 99%
Dracunculíase 
• Causada pelo parasita Dracunculus medinensi
• Deixa lesões na pele e artrite incapacitante
• A contaminação ocorre por água contaminada
• Não há cura
• Em 2016, 25 casos foram notificados no mundo
• Será a primeira doença provocada por parasita a ser erradicada

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Exame de sangue pode prever retorno de câncer de pulmão

Ainda em estudo, 'biópsia líquida' poderá abrir espaço para a intervenção precoce e para o desenvolvimento de tratamentos específicos

Cientistas do Cancer Research, do Reino Unido, desenvolveram um exame de sangue capaz de identificar o reaparecimento do câncer de pulmão em até um ano antes de ser detectado por meio de tomografias e exames de raio-X. A recente descoberta poderá antecipar o tratamento em caso de recidiva, aumentando sua eficácia.

A pesquisa

O estudo, chamado de TRACERx, identificou as causas da recidiva do câncer e como ele se dissemina. A pesquisa, que é a primeira do gênero, utilizou uma ‘biópsia líquida’ capaz de traçar a evolução do câncer em tempo real, desde o diagnóstico até a cura.
Para o experimento, os médicos do centro de pesquisa Francis Crick Institute, em Londres, analisaram tumores de 100 pessoas portadoras de câncer de pulmão. Eles identificaram nas amostras os cromossomos instáveis’, que causam uma espécie de caos genético, permitindo a evolução de tumores. De acordo com os achados, as pessoas com grandes quantidades desse tipo de cromossomo tinham quatro vezes maior risco de uma recidiva.

Células tumorais no sangue

Em outra parte do estudo, que utilizou resultados de 96 desses pacientes, cientistas rastrearam amostras de sangue para encontrar células tumorais circulantes – traços de DNA que ‘se soltam’ de tumores já existentes e circulam pelo sangue. O objetivo era descobrir se haviam ‘defeitos’ presentes no câncer desses pacientes. Eles então utilizaram as informações para analisar amostras de 24 pacientes que haviam passado por cirurgias e conseguiram identificar mais de 90% de casos de recorrência, quase um ano antes dos outros métodos clínicos de diagnóstico, como tomografias e exames de raio-X.
Neste estudo, publicado na revista Nature, os pesquisadores também compararam os níveis de células tumorais circulantes no sangue de pacientes antes e depois da quimioterapia. Eles descobriram que o câncer retornava quando os níveis dessas células não reduziam com o tratamento, mostrando que o tumor teria se tornado parcialmente resistente à quimioterapia.
“Usando as células circulante do tumor, podemos identificar os pacientes a tratar, mesmo que não tenham sinais clínicos de doença, e também monitorar como as terapias estão funcionando”, disse o médico Christopher Abbosh, um dos autores do estudo, ao jornal britânico Telegraph.

Novos tratamentos

O câncer de pulmão é um dos tipos de câncer que mais causa mortes, em homens e mulheres, no Reino Unido, representando 20% dos casos de acordo com o Cancer Research UK. No Brasil, só em 2011, esse tipo de câncer foi responsável por 22.424 mortes.
Segundo a líder do Cancer Research, do Reino Unido, Karen Vousden, o novo exame poderá abrir portas para os tumores no pulmão. “Essas descobertas também podem nos ajudar a identificar como o câncer de pulmão responde aos medicamentos, construindo um cenário maior da doença e, potencialmente, apontando o caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos e, consequentemente, salvar mais vidas”.
O exame ainda está em fase de testes. No entanto, empresas farmacêuticas esperam ter uma versão para o mercado até 2018.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Oferta de vacinação para influenza é ampliada - Ce

A Campanha de Vacinação contra a Influenza começou dia 17 de abril, e se estende até o dia 26 de maio
A partir do dia 29, além do Posto de Saúde Paulo Marcelo, o atendimento em regime de plantão passa a acontecer também na unidade localizada em Messejana. O objetivo é atingir 90% da meta de 650 mil pessoas imunizadas ( Foto: Agência Diário )
por Karine Zaranza - Repórter
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Fortaleza já registrou três óbitos por influenza em 2017. Diante do alerta que a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) emitiu para os profissionais de saúde para a Síndrome Gripal em pacientes com fatores de risco, desde o início do mês, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) amplia a oferta de imunização durante os fins de semana. A partir do dia 29, além do Posto de Saúde Paulo Marcelo, o atendimento em regime de plantão passa acontecer também na unidade localizada em Messejana.
De acordo com a coordenadora de imunização da SMS, Vanessa Soldatelli, a abertura de mais um posto de saúde para vacinação faz parte da estratégia para atender uma demanda crescente, sobretudo, aos sábados e domingos. "A procura está muito grande nesses dias, principalmente, porque é quando a população tem mais tempo. A demanda está muito grande tanto para a vacina da gripe, quanto febre amarela e raiva. Todas estarão disponíveis em Messejana", explica. A escolha do local levou em conta a estrutura da unidade de saúde, equipe e localização". O posto de Messejana é sempre ponto para novas estratégias".
A Campanha de Vacinação contra a Influenza deste ano começou um pouco mais cedo em relação ao ano passado, tendo início no último dia 17, e se estende até o dia 26 de maio. De acordo com Vanessa Soldatelli, com um tempo maior de mobilização, espera-se atingir 90% da meta de 650 mil pessoas imunizadas. "Em 1999, a meta era vacinar 70%. Em 2012, foi para 80%, quando a resistência da população começou a diminuir, e, neste ano, subiu para 90%. Epidemiologicamente falando, a cada pessoa vacinada, conseguimos proteger 11. É o que chamamos vacinação em rebanho. O vírus já está circulando desde fevereiro. Já iniciou a campanha. Tem um prazo maior porque nossa meta aumentou", explica.
Os postos de Fortaleza já recebeu cerca de 30% do repasse total para a campanha. Até o dia 13, que é quando se comemora o Dia D, o restante chegará. Nesta data, cerca de 3 mil pessoas estarão trabalhando para garantir o atendimento em massa.
Historicamente, a vacina da gripe tem muita resistência da população. A coordenadora de imunização da SMS argumenta que o efeito vem diminuindo porque as reações adversas também se tornaram mais fracas. "Tínhamos muito mais rejeição. Mas de 1999 pra cá, muito mudou e temos mais tecnologia. Hoje ela protege para três contra os tipos mais graves de influenza que são: A­H1N1, A­H3M1 e B e causa menos efeito adverso". Soldatelli argumenta que é necessário imunizar os grupos prioritários, que são mais suscetíveis à agravamento da gripe.
O público-alvo da campanha envolve indivíduos com 60 anos ou mais de idade, crianças na faixa etária de 6 meses a menores de 5 anos (4 anos, 11 meses e 29 dias), gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), trabalhadores da saúde, professores da rede pública e privada, povos indígenas, grupos portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais. Participam ainda adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas, a população carcerária e os funcionários do Sistema Penitenciário.
Com 17 casos por influenza e três óbitos confirmados, a Capital registra um número relativamente baixo, conforme avalia a pasta municipal. "Temos uma população de 2, 5 milhões. Uma cidade que recebe muitos turistas. E uma doença que circula o ano inteiro. Sempre teremos casos de influenza. Portanto, é necessário a vacinação, que pode proteger de seis meses a um ano", reforça Vanessa.
Ameno
Ao contrário de 2016, conforme a Sociedade Brasileira de Imunização (SBI), quando o maior número de registros foi do H1N1, neste ano a maior circulação tem sido do tipo H3N2. A coordenadora também explica que, mesmo que uma pessoa vacinada pegue a doença, o efeito será mais ameno.
A influenza é uma doença respiratória infecciosa de origem viral, que pode levar ao agravamento e ao óbito, especialmente nos indivíduos que apresentam fatores ou condições de risco para as complicações da infecção. A transmissão ocorre por meio de secreções das vias respiratórias da pessoa contaminada ao falar, tossir, espirrar ou pelas mãos, que, após contato com superfícies recém-contaminadas por secreções respiratórias, podem levar o agente infeccioso direto à boca, olhos e nariz. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que a influenza acomete de 5% a 10% dos adultos e 20% a 30% das crianças, causando 3 a 5 milhões de casos graves e 250.000 a 500.000 mortes todos os anos, no mundo.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Autismo: o que é mais importante, a natureza ou o meio ambiente?

Cada dia um número maior de pessoas com autismo é atendido por médicos geneticistas. Por que isto está acontecendo?

Uma das condições clínicas que mais desafia profissionais da área de saúde atualmente é o Transtorno do Espectro do Autismo. O número de casos vem aumentando ano a ano de forma exponencial no mundo todo, sem que alguém possa explicar o porquê.
Em um primeiro momento se atribuiu o aumento explosivo à mudança do critério diagnóstico e à maior atenção dada aos sinais precoces de autismo, já que na classificação de “espectro” se encaixam casos de diferentes gravidades e condições clínicas, incluindo algumas que há pouco tempo atrás nem seriam chamadas de autismo, como dificuldades de comunicação e interação social, atitudes peculiares e comportamentos repetitivos e restritos, podendo inclusive estar associados a outros problemas psiquiátricos e neurológicos como epilepsia, déficit de atenção, hiperatividade, dificuldade intelectual, até a anomalias físicas.
Porém, nota-se que mesmo agora, anos após a mudança no critério de classificação que passou a entender o autismo como um espectro, o número de casos continua aumentando de forma impressionante, sugerindo que a explosão da prevalência não se deve unicamente ao critério de classificação mais amplo.
Nos Estados Unidos, aonde existem estatísticas confiáveis, dados apontam que um em cada 42 meninos e uma em cada 189 meninas apresenta diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (de fato afeta mais os meninos na proporção de 4,5 meninos para uma menina). Devemos levar em conta que estes números de prevalência podem variar em diferentes contextos populacionais e ambientais, mas, não bastasse o aumento do número de casos, até a presente data, pouco se sabe sobre suas causas, apesar de muito investimento em pesquisa em mais de um século de conhecimento da condição.

A história da pesquisa do autismo está ligada à Áustria

Interessante, cinco austríacos estão entres os nomes mais importantes da história do conhecimento do autismo: Freud, Breuer, Kanner, Bettleheim e Asperger. O termo “autismo” já é conhecido desde a época em que o famoso médico neurologista austríaco Sigmund Schlomo Freud lançou ao mundo sua visão biopsicossocial do ser humano, e seu colega austríaco médico Josef Breuer descreveu pela primeira vez o termo “autismo”. Porém, naquela época, relacionando-o muito mais como um sintoma da esquizofrenia infantil do que com o que conhecemos hoje como Transtorno do Espectro do Autismo.
Décadas depois, outro austríaco, o psiquiatra infantil Leo Kanner, usou o temo “autismo” descrevendo-o como um quadro diferente da esquizofrenia infantil e chamando a atenção para o prejuízo severo na interação social que era muito evidente desde o início da vida desses pacientes.
Mais um austríaco, o pediatra Hans Asperger descreveu, em 1944, um padrão de comportamento que incluía falta de empatia, baixa capacidade de formar amizades, conversação unilateral, intenso foco em um assunto de interesse especial e movimentos descoordenados. Mas, talvez, seu maior mérito foi destacar que muitos tinham habilidades impressionantes. Chamou estes meninos de “Psicopatas Autísticos”.
O reconhecimento destes talentos especiais acabou dando mais tarde o nome à “Síndrome de Asperger”, que até pouco tempo era classificada dentre os Transtornos do Espectro do Autismo. Porém, atualmente, o termo técnico aplicado à Síndrome de Asperger é Desordem do Espectro Autista de Nível 1, ou seja, grau leve, sem a presença de prejuízos intelectuais ou verbais.

Múltiplas causas levam ao Transtorno do Espectro do Autismo

Apesar entendermos, desde longa data, que o transtorno é causado por múltiplos fatores, ainda não os conhecemos de forma clara. Este hiato de conhecimento permite que teorias sobre causas e curas mirabolantes sejam historicamente “empurradas” sobre as famílias dos afetados.
Estas tentativas ineficientes de identificar as múltiplas causas do autismo se tornaram mais notórias com a divulgação no mundo todo da “teoria da mãe geladeira”, proposta pelo próprio Leo Kanner em 1949, culpando as mães pela falta de atenção e cuidados destas crianças. Esta ideia foi reforçada por outro austríaco, o psicólogo Bruno Bettleheim. Porém, apesar da enorme contribuição, todos ignoraram o simples fato concreto que estas mesmas “mães geladeiras” têm outros filhos que nasceram antes e depois do filho autista, e que, na grande maioria das vezes, não têm autismo.
Teriam estas mães se “refrigerado” só nos cuidados ao filho autista e “se aquecido” nos cuidados dos outros filhos, incluindo os que nasceram antes do autista? Certamente não. Teorias inverossímeis persistem até os dias atuais, como “intoxicação por mercúrio”, “sequelas das vacinas”, “intolerâncias alimentares”, entre outras falácias sem nenhuma comprovação científica, mas que trazem grande prejuízo à saúde do autista, e expectativas falsas aos pais e familiares, já tão aturdidos com a complexa condição de seus filhos.

Autismo não tem cura, mas tem tratamento

Uma doença tão complexa e enigmática, que tem múltiplas causas, dificilmente será curada por uma única intervenção “mágica”. Mas não ter cura não significa que não tenha tratamento, e o mais aceito é baseado na teoria comportamental, cientificamente comprovada que, quanto mais precocemente for iniciada, melhor o prognóstico a médio e longo prazo.
Existe uma “janela de oportunidade” para início do tratamento, janela esta que diminui muito depois dos três anos de idade, e que, portanto, não pode ser desperdiçada por medo, mitos e ignorância.
Existem muitas iniciativas de pesquisa com o intuito de permitir que o diagnóstico seja feito cada vez mais cedo na vida. Uma delas vem dos esforços de décadas de um dos mais renomados cientistas mundiais em autismo, o psicólogo brasileiro Mauro (Amir) Klin, que mora nos Estados Unidos e lá desenvolveu uma metodologia científica que permite monitorar o movimento dos olhos de crianças desde os primeiros meses de vida, captando o padrão já reconhecido dos autistas de evitar o contato visual, em especial com humanos.
A segunda iniciativa trouxe seus melhores frutos este mês, baseada na dosagem de algumas substâncias no sangue das crianças, metabólitos envolvidas em processos como o estresse oxidativo e mecanismos epigenéticos (metilação do DNA). Um artigo científico que acaba de ser publicado na revista científica PLoS Comput Biol por pesquisadores do Rensselaer Polytechnic Institute in Troy, de Nova York, liderados pelo Juergen Hahn, demonstra que analisando ao mesmo tempo mais de um metabólito específico no sangue destas crianças (FOCM e TS), um alto índice de suspeição pode ser alcançado.
Estas novas ferramentas ainda não substituem, mas devem se somar aos métodos tradicionais de diagnóstico. A grande vantagem delas é que abrem a possibilidade de trazer a suspeita à tona em um momento mais precoce da infância, quando a janela de oportunidades ainda estará aberta por mais tempo, permitindo mais eficácia nas intervenções.
Um diagnóstico precoce, ou mesmo uma suspeita precoce, seguida do início imediato de terapia comportamental já no primeiro ano de vida, é o que de melhor existe no conhecimento atual para dar uma chance a uma criança autista de ter um futuro melhor e mais adaptável às exigências da sociedade em que vivemos.

Avanços na compreensão do componente genético do autismo

Há muitos anos já se acumulavam evidências de que a participação da genética entre os múltiplos fatores causais do autismo era maior do que historicamente se atribuía:
  • Estudos científicos demonstravam que entre gêmeos idênticos (aqueles que compartilham o mesmo DNA), quando um tinha autismo a chance do outro ter Autismo é de 36-95%. Quando a mesma comparação era feita entre gêmeos não idênticos (não têm o mesmo DNA), quando um tinha autismo, a chance do outro ter autismo é menor, cerca de 0-31% Estes dados sugerem forte componente genético no autismo;
  • Pais de um filho com autismo têm uma chance maior de ter um segundo filho com autismo, do que aquela esperada se não houvesse componente genético;
  • Autismo tende a ocorrer com maior frequência em pessoas que têm uma entre centenas de condições genéticas, como nos indivíduos com Síndrome de Down, Síndrome de Rett, Esclerose Tuberosa, Síndrome de Angelman e Síndrome do X-Frágil;
  • Familiares de autistas têm, com maior frequência do que a população geral, sinais mais leves do espectro do autismo.
Mas foram nos últimos 10 anos, com o fabuloso avanço das técnicas de investigação do material genético, que um número crescente e irrefutável de informações científicas aponta para uma contribuição genética em uma fração importante dos casos. Centenas de estudos genéticos se acumularam, e hoje se sabe que testes genéticos podem detectar a causa do componente genético em 10% a 40% dos casos de autismo, com taxa maior de detecção nos casos em que tecnologias de análises genéticas mais modernas são utilizadas e em casos onde o autismo está presente associado a outros problemas de saúde e sinais físicos como parte de síndromes.
O mais amplo, moderno e aprofundado estudo deste tipo acaba de ser publicado na revista científica Nature Neuroscience. Foi realizado pelo grupo de pesquisa conhecido como The Autism Speaks MSSNG Project, uma colaboração entre ONGs de pacientes e familiares (Autism Speaks), geneticistas liderados pelo Dr. Stephen Scherer (Hospital for Sick Children de Toronto, Canadá) e informatas do Google, naquele que já é considerado o maior programa de estudos genéticos em autismo no mundo. O nome do grupo – MSSNG – com a falta proposital das letras “I” que formariam a palavra de significado “desconhecido” sinaliza justamente a necessidade de se compreender as causas do autismo, acima descritas.
Este estudo demonstrou que, apesar da estimativa que variações em centenas dos 20.000 genes possam estar implicados na causa do autismo, este número ainda não é definitivo e a busca ainda não se esgotou. Analisando o DNA de 5.2015 pessoas com autismo, com a tecnologia mais profunda e moderna que a genética conhece, identificaram 18 novos genes que ainda não se sabia serem relacionados ao autismo.
Hoje podemos afirmar que existem no nosso genoma ao menos 71 genes relacionados ao autismo, e 736 genes são “candidatos” que necessitam de mais confirmação. Este número enorme de genes, confirmados e candidatos, demonstra que o Transtorno do Espectro do Autismo não é uma única entidade, mas sim, inúmeras entidades que alteram um número finito e menor de vias metabólicas e acabam causando uma síndrome composta de sinais variáveis, mas não tão heterogêneos.
Cada vez mais os pesquisadores acreditam que, ao invés de tentar corrigir os milhares de genes, um caminho menos ambicioso parece ser desenvolver medicamentos e/ou atitudes que alterem o comportamento e o meio ambiente e consigam impactar estas vias metabólicas.

O papel do médico geneticista nos cuidados do autista e seus familiares

Hoje, mais de um século depois que Breuer descreveu pela primeira vez o termo “autismo”, podemos considerar o Transtorno do Espectro do Autismo como uma desordem multifatorial do neurodesenvolvimento, com forte influência genética. Esta influência pode ser bastante diferente para cada indivíduo.
Compreender o componente genético de caso a caso pode trazer informações sobre prognóstico, conduta médica personalizada e aconselhamento genético para os familiares que pretendem ter mais filhos. Por exemplo, se um determinado casal tem um filho com autismo pela Síndrome do X-frágil, as chances de que outro filho homem venha a ter a Síndrome do X-frágil é de 50%.
Se um casal tem dois filhos com autismo não-sindrômico, a chance de um terceiro vir a ser afetado aumenta para algo em torno de 32%. Se um casal tem um filho com autismo por um erro inato do metabolismo como a Fenilcetonúria, as chances de virem a ter outros filhos com Fenilcetonúria serão de 25% em cada nova gestação.
Já se as principais causas genéticas de autismo até hoje conhecidas forem afastadas, o risco de repetição para casais que têm um único filho autista passa a ser aquele de estudos empíricos populacionais, em torno de 20%. Enfim, o papel do médico geneticista é cada vez maior nos cuidados da equipe multidisciplinar que deveria atende um autista.
No futuro, esta estratificação genética ajudará a tornar mais homogêneo os grupos de pacientes que se submeterão a pesquisa de medicamentos que possam melhorar a qualidade de vida dos autistas.

O papel do Meio Ambiente no Autismo

Caracterizar o componente genético poderá trazer luz sobre a interação entre os efeitos combinatórios entre mais de um gene conferindo predisposição ao autismo, assim como facilitar os estudos que certamente virão decifrar o papel do meio ambiente, neste que é um dos maiores enigmas da medicina atual.
Importante ressaltar que nesta definição (“desordem do neurodesenvolvimento com forte influência genética”), será fundamental decifrar a influência do meio ambiente. Mesmo não havendo ainda provas irrefutáveis de quais são as causas ambientais, estão sendo citadas cada vez mais frequentemente condições ambientais que poderiam ser responsabilizadas, ao menos em parte, pelo aumento na prevalência do Transtorno do Espectro do Autismo, tais como disfunções metabólicas da gestante (diabetes, diabetes gestacional e obesidade) e uso de determinadas drogas na gestação (antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina, etc.).

Nem Nature, nem Nurture: O futuro das pesquisas do autismo está na epigenética!

Apesar de todos estes avanços da genética nos últimos anos, não se tem ideia dos fatores que levam a maioria dos indivíduos a ter autismo. Os genes não mudam durante a vida de uma pessoa, mas a produção de certas proteínas pelos genes pode variar de acordo com estímulos do meio ambiente, o que conhecemos por epigenética. Avanços nas pesquisas de epigenética devem ser a nova fronteira a ser desvendada, quando em breve a análise de fatores presentes no DNA já não trouxer tanta informação como ainda traz hoje.
Na busca frenética por uma melhor compreensão, esperamos que os pesquisadores encontrem um equilíbrio entre e a resposta para uma pergunta milenar: O que é mais importante, a natureza (nature, genética) ou o meio ambiente (nurture, psicologia)? Tudo indica que a resposta para esta pergunta é justamente compreender que a pergunta foi inicialmente mal formulada: são duas vias de uma mesma estrada chamada epigenética.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Um robô contra o autismo

Criado na Inglaterra, Kaspar estimula as crianças a superarem desafios típicos do transtorno, como a dificuldade de interagir com outras pessoas

Um robô contra o autismo
FORMA O robô tem o tamanho de um jovem de quatro anos. Ele ajuda pacientes a expressar alegria e tristeza
Kaspar tem o tamanho de uma criança de quatro anos e responde a estímulos táteis. Quando o toque é apropriado, reage com animação e empatia. Se passa do limite, afasta-se e se recolhe. Esta é uma das habilidades do robô criado na Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, para ajudar no tratamento de meninos e meninas autistas. Nos Estados Unidos, no último episódio da temporada de Vila Sesamo, exibido há duas semanas, Garibaldo e sua turma foram apresentados à Júlia, portadora da síndrome. No clima descontraído do programa, os velhos personagens aprendem a conhecer a nova amiga e a fazer dela mais uma parte da divertida gangue.
A chegada de Kaspar e de Julia ao tratamento do autismo faz parte do esforço para preparar cada vez mais as crianças para dividirem os ambientes familiares, sociais e profissionais com todos os que não apresentam a condição. A inclusão estimula melhoras e contribui para reduzir o estigma, mas não é algo simples. O Transtorno do Espectro Autista é composto por diversos distúrbios de desenvolvimento, caracterizado por uma ampla variedade de sintomas e de intensidade desses sinais. Alguns dos mais marcantes são justamente a pouca ou nenhuma habilidade de reconhecer as respostas alheias a gestos ou expressões faciais e de interagir com as pessoas. Limitações assim podem prejudicar seriamente a capacidade da pessoa autista de manter vínculos emocionais e sociais.
Nos testes feitos até hoje na Universidade de Hertfordshire com quase duas centenas de crianças, o robô Kaspar mostrou que cumpre bem seu papel de treinar a criança para interagir em situações cotidianas. “Brincar de alimentá-lo ajudou uma delas a relaxar e fazer pela primeira vez uma refeição junto com os amigos da escola”, contou à ISTOÉ Ben Robins, um dos criadores do robô. “Outra aprendeu a comunicar melhor os sentimentos após explorar as funções ´triste´e ´feliz´de Kaspar.”
Vila sésamo

Os cientistas tomaram cuidados especiais na confecção do robô. O objetivo era deixar claro para as crianças que se tratava de um brinquedo, e não de uma pessoa. Por isso, tem formas muito parecidas com as humanas – nariz, olhos, boca – , mas também óbvios componentes não-humanos. Entre eles, peças visíveis de metal e sons audíveis de motores. “Acreditávamos que isso facilitaria o contato físico das crianças como ele, especialmente o toque e o olhar direto”, explicou Robins.
O robô começará a ser testado no Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde, órgão do governo inglês que tem por objetivo estudar tecnologias com potencial para serem incorporadas na rede de atendimento. Serão dois anos acompanhando cerca de 250 crianças entre 5 e 10 anos. No Brasil, ainda não há nada parecido. A informação sobre o recurso, no entanto, entusiasma quem lida no dia a dia com as dificuldades de inclusão enfrentadas por autistas. “Ajuda as crianças e também pais e professores”, afirma Ana Maria Mello, superintendente da Associação Brasileira de Autismo.
Júlia, a boneca de Vila Sésamo, apresenta reações muito típicas. Demora a responder quando chamada pelos amigos, não se engaja de primeira na brincadeira do esconde-esconde e tem uma crise quando escuta o som alto de uma sirene. Os amigos estranham, mas entendem que Júlia é assim. E aos poucos encontram uma forma de integrar a nova companheira ao grupo.
O NÓ DO DIAGNÓSTICO
Um dos principais obstáculos ao tratamento é a identificação do transtorno, de sintomas amplos e de intensidade muito variável. Alguns dos principais
1. Comportamentos repetitivos
2. Concentrar atenção em movimentos como mover objetos ou parte deles
3. Ter interesse em assuntos específicos (números ou fatos históricos, por exemplo)
4. Reagir negativamente à mudança de rotina
5. Não responder ou demorar a reagir quando chamado
6. Repetir palavras ou sons
7. Apresentar dificuldade para entender a reação das outras pessoas
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Novo teste
Um exame criado no Instituto Politécnico Rensselaer (EUA) mostrou 98% de eficácia na determinação do risco de desenvolvimento do transtorno
Como funciona
Analisa a concentração no sangue de 24 substâncias associadas ao transtorno
Foi checado em 83 crianças entre 3 e 10 anos com autismo e 76 não portadoras
O método detectou corretamente 98% das autistas e 96% das que não manifestavam a síndrome

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Cachorroterapia

Ter um cão por perto deixa as crianças mais resistentes contra alergias e também reduz o risco de ficarem obesas

Cachorroterapia
Quer aumentar a resistência de seu filho e ainda reduzir a chance de que ele seja obeso? Tenha um cachorro. É o que se conclui a partir de uma experiência realizada na Universidade de Alberta, no Canadá, demonstrando que a exposição de bebês a animais de estimação diminui o risco de desenvolvimento de alergias e de acúmulo de peso. Na pesquisa, foram usados cães e gatos. Os primeiros representaram 70% do grupo.
A explicação é de que o contato com os animais estimula o aumento da concentração de bactérias positivamente associadas às duas condições: a Ruminococcus e a Oscillospira. A primeira está vinculada a maior proteção contra alergias e a segunda, à obesidade.
O vínculo entre as alergias e a exposição a bichos de estimação é mais conhecido. Resulta da teoria de que a proximidade com cães e gatos contribui para a criação precoce de imunidade. A conexão com a obesidade é novidade. São recentes os estudos mostrando a associação entre a composição da flora intestinal e a perda ou ganho de peso. O mecanismo pelo qual isso ocorre ainda não está totalmente decifrado, mas a relação é incontestável.
Janela Imunológica

No trabalho conduzido pela pediatra Anita Kozyrskyj, ficou demonstrado que o benefício imunológico para a criança de ter um cão por perto pode começar ainda na gestação ou se estender pelos três primeiros meses. Se por alguma razão o pet não estiver mais por perto até essa época, a ajuda já foi dada. “A presença das duas bactérias nos bebês é incrivelmente elevada quando expostos”, explica Anita. Além disso, a proteção ocorre mesmo em situações nas quais tipicamente pode haver prejuízo da imunidade: parto cesariana, mãe tomando antibiótico no momento do parto e bebês não amamentados. “As crianças também ficam mais protegidas contra bactérias que causam doenças como a pneumonia”, afirma a médica.
Como os pets ajudam 

A exposição dos bebês aos animais ainda durante a gestação ou até 3 meses após o nascimento promove:
O aumento da concentração de duas bactérias
• Ruminococcus
• Oscillospira
Ambas estão associadas a menor chance de alergia e de excesso de peso

sábado, 22 de abril de 2017

O pilates é benéfico para o corpo e a mente

Os exercícios aplicados nas aulas de pilates são adaptados conforme as necessidades de cada um dos praticantes
O pilates trabalha diferentes músculos, como demonstram o instrutor Sérgio Borges e a aluna Bárbara Ronchi. Entre os resultados favoráveis, estão controlar as emoções, evitar o estresse e garantir uma vida saudável ( Fotos: Douglas Paiva )
Mais do que um exercício aliado à manutenção de um corpo saudável, o pilates proporciona saúde e bem-estar para quem opta pela modalidade.
A correção da coluna é uma das funções realizadas pela atividade física. Isso acontece porque essa parte do corpo fica alinhada e alongada durante todos os exercícios, comenta o educador físico da Pure Pilates, Douglas Paiva. "Quando a atividade é praticada com frequência, a melhora da postura é perceptível", confessa o educador físico.
Os exercícios propostos durante a aula promovem o fortalecimento muscular e são eficientes em aumentar a flexibilidade do praticante. Segundo o educador físico, a prática é muito importante para prevenir a rigidez das articulações e a falta de mobilidade na terceira idade.
Circulação
Desde a respiração à circulação do sangue, ou seja, todo o organismo é beneficiado pelas aulas de pilates. Isso ocorre porque, durante a sessão, são trabalhados diferentes músculos que ajudam a manter ativas diversas partes do corpo.
"Os exercícios garantem que a circulação sanguínea das áreas exercitadas sejam ativadas, algo importante para prevenir a hipertensão", complementa o expert Douglas Paiva.
A prática do pilates ajuda no emagrecimento porque contribui para a perda de gorduras localizadas. "Quando a atividade é associada a um exercício aeróbico, com mais gasto de calorias, o resultado é reforçado", diz Douglas Paiva. Além disso, o especialista afirma que, com o pilates, é possível trabalhar todos os músculos do corpo e deixar os membros melhor definidos. Uma das áreas mais exploradas é o abdômen. "Por isso, esta é uma excelente prática para quem deseja secar a barriga", ressalta o profissional.
Qualidade do sono
A atividade esportiva aumenta o bem-estar, a sensação de tranquilidade e faz com que a mente se mantenha longe das preocupações. Todos esses fatores contribuem para que a pessoa tenha horas de sono com mais qualidade. Outro benefício do pilates está relacionado à melhora da respiração. Primeiro, ele ajuda a deixar a mente mais leve, livre da ansiedade e do estresse. Depois, porque, durante a prática, a respiração precisa entrar em sincronia com os movimentos.
"Esse exercício faz com que o aluno trabalhe a musculatura respiratória e, consequentemente, passe a respirar muito melhor. O pilates também ajuda a controlar as emoções e afasta o estresse, garantindo uma vida mais saudável", afirma o educador físico Douglas Paiva.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Duas drogas capazes de frear avanço da demência são descobertas

Testes clínicos em humanos devem mostrar resultados dentro de três anos

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Se os resultados dos testes em humanos forem positivos, uma nova porta será aberta para o tratamento de doenças como Alzheimer e Parkinson ( Foto: Divulgação )
Em 2013, uma equipe de cientistas identificou um mecanismo que leva células cerebrais à morte, e agora, os encontraram duas drogas capazes de bloquear esse mecanismo, prevenindo a neurodegeneração. Em experimentos com camundongos, os medicamentos provocaram danos colaterais mínimos, e a expectativa é que os testes clínicos em humanos demorem entre dois e três anos.
Caso os resultados sejam positivos, uma nova porta será aberta para o tratamento de doenças como o Alzheimer e o Parkinson.
A líder dos estudos, Giovanna Mallucci, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, explica que várias doenças neurodegenerativas, incluindo as demências, têm como fator importante o acúmulo de proteínas malformadas. Na pesquisa anterior, os cientistas descobriram que esse acúmulo dispara um mecanismo natural de defesa, fazendo com que as células cerebrais suspendam a produção de proteínas vitais, e morram.
Na ocasião, eles descobriram uma droga capaz de retornar com a produção proteica, mas ela era muito tóxica e inadequada para testes em humanos.
Ao longo dos últimos três anos, a equipe testou 1.040 compostos, primeiramente em uma espécie de verme que possui sistema nervoso funcional e serve como modelo experimental. O experimento filtrou algumas drogas, que então foram testadas em camundongos com doenças neurodegenerativas. Com isso, foram identificadas duas drogas capazes de restaurar a produção de proteínas pelas células cerebrais dos camundongos: o cloridrato de trazodona, medicamento antidepressivo licenciado; e o dibenzoilmetano, composto que está sendo testado para o tratamento do câncer.
Resultados 
Nos modelos com camundongos, as duas drogas preveniram o surgimento de sinais de danos às células cerebrais e restauraram a memória de animais, além de reduzirem o encolhimento do cérebro, uma das características das doenças neurodegenerativas. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira, no periódico “Brain”.
"Nós sabemos que o cloridrato de trazodona é seguro para uso em humanos, então um teste clínico agora é possível para analisar se os efeitos protetivos que notamos nas células cerebrais de camundongos com neurodegeneração também se aplicam a pessoas em estágio inicial do Alzheimer e outras demências", disse Mallucci.
De acordo com a pesquisadora, o cloridrato de trazodona já é usado no tratamento dos sintomas em pacientes com estágio avançado da demência. Os testes clínicos vão determinar se o medicamento é capaz de frear o desenvolvimento da doença quando em estágio inicial.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Veja alguns cuidados para prevenir doenças durante viagens

viagemUso de repelente é essencial para evitar insetos transmissores de doenças
para prevenir doenças passadas por insetos como a malária, assim como as endemias transmitidas pelo Aedes aegypti, alguns cuidados são essenciais ( Foto: Divulgação )
O ano de 2017 é ideal para quem gosta de viajar. Dos doze feriados nacionais, cinco são prolongados, ou seja, caem em segundas ou sextas-feiras. Porém, alguns cuidados são fundamentais para prevenir doenças passadas por insetos como a malária, transmitida pelo mosquito Plasmodium vivax, assim como as endemias dengue, zika vírus e as febres amarela e chikungunya, transmitidas pelo Aedes aegypti.
O primeiro passo da viagem é elaborar um roteiro, já que a escolha do destino é um fator decisivo na hora de definir o tipo de prevenção que será tomado. No caso de turismo ecológico, por exemplo, o Programa Nacional de Imunização recomenda a vacinação contra a febre amarela pelo menos 10 dias antes da viagem.
Outro pronto importante a ser observado antes de viajar é se o local aonde você irá se hospedar conta com ferramentas que evitam as picadas de insetos, como telas de proteção nas portas e janelas. Ventiladores e ares-condicionados também são barreiras de proteção contra os mosquitos.
Prevenção
- Independente do destino, é importante que o viajante adote medidas para reforçar a proteção contra endemias. Algumas dicas de cuidados a serem tomados para garantir uma viagem tranquila:
- Sempre que possível, proteja o corpo com roupas de mangas longas, calças, meias e sapatos fechados ou use repelentes nas áreas expostas da pele.
- O zika vírus também pode ser transmitido por meio das relações sexuais, portanto, prevenção nessas horas são sempre essenciais.
- O viajante deve estar com a carteira de vacinação em dia e se atentar quanto à necessidade de alguma vacina específica para o seu destino.
- Grávidas devem usar apenas repelentes específicos para gestantes. Além disso, é recomendado que elas evitem lugares com maior incidência do zika vírus e da malária.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Chikungunya: CE tem o maior índice no País; e o 4º de dengue

Neste ano, já foram notificadas 10.778 ocorrências de dengue e 8.250 de febre chikungunya

por Vanessa Madeira - Repórter
O Ceará possui a maior taxa de incidência de febre chikungunya e a quarta de dengue do País. Conforme revelou o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, referente ao período de 1º de janeiro a 27 de março, o Estado atingiu proporção de 92 casos de chikungunya para cada 100 mil habitantes, número quase quatro vezes superior ao registrado em igual período do ano passado (19,5). Já em relação à dengue, a taxa de incidência chegou a 120,2 casos por 100 mil habitantes, perdendo apenas para as dos estados de Tocantins (224,0), Goiás (210,6) e Acre (149,5).
Conforme o dado mais recente, neste ano já foram notificadas 10.778 ocorrências de dengue e 8.250 de febre chikungunya. Os dois números representam aumento em relação ao cenário de 2016. Entre janeiro e março do ano passado, segundo o Ministério, foram registrados 8.228 e 1.747 casos suspeitos das doenças, respectivamente.
No boletim da pasta federal, os municípios cearenses de Aracoiaba, Baturité, Caucaia e Fortaleza aparecem na lista das cidades com as maiores taxas de incidência acumulada de febre chikungunya no Brasil. Dentre os 5.261 municípios brasileiros com população inferior a 100 mil pessoas, Aracoiaba e Baturité aparecem na 2ª e na 3ª posição, respectivamente, com incidências de 1.660,1 e 1.635,7 casos por 100 mil habitantes. Caucaia atingiu o 5º lugar na lista das maiores taxas em cidades com população de 100 mil a 499 mil pessoas. A incidência na localidade é de 370,2 casos por 100 mil habitantes.
Já Fortaleza teve destaque negativo dentre os municípios com mais de 1 milhão de moradores, com taxa de incidência igual a 113,2 casos por 100 mil habitantes, a maior do grupo.
Segundo a coordenadora de promoção e proteção à saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Daniele Queiroz, a evolução dos casos de febre chikungunya segue a tendência prevista para este ano, uma vez que se trata de uma doença nova no Ceará para a qual a maioria da população não está imune. Em relação à dengue, ela afirma que o número de casos notificados e registrados até o momento, embora altos, estão abaixo da curva esperada e ainda não caracterizam uma epidemia, a exemplo do que ocorreu no ano passado.
Chuvas
Daniele explica que dois fatores podem ter influência nas elevadas taxas de incidência das doenças no Ceará. O primeiro, conforme ela, está ligado à ocorrência de chuvas no Estado. "Nós sofremos com a falta de água, por conta do acondicionamento irregular, e com o período de chuvas, porque, quando chove, facilita a formação de criadouros e o mosquito se prolifera com maior facilidade", diz.
A mudança de gestores municipais entre o fim do ano passado e o início deste ano também contribuiu para o aumento, explica Daniele. Conforme ela, em muitas cidades cearenses, a transição prejudicou a execução dos trabalhos de controle vetorial em um período crítico. "Cerca de 81% dos municípios tiveram novos gestores. As ações devem ser contínuas, mas tiveram um impacto entre dezembro e janeiro, época em que a curva de casos tem ascendência", observa.
Segundo a coordenadora, a Sesa tem prestado apoio técnico aos municípios em situação mais grave, capacitando profissionais da saúde, formando brigadas de combate ao mosquito transmissor, auxiliando no trabalho de mobilização da população e, quando necessário, fornecendo equipamentos para controle vetorial a partir do uso do fumacê.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Contaminação de alimentos- Ceará registra 14 surtos de DTA


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As infecções são causadas pela ingestão de alimentos ou água contaminados ( Foto: Agência Diário )
Entre janeiro e março deste ano, o Ceará registrou 14 surtos das chamadas Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs), infecções causadas pela ingestão de alimentos ou água contaminados por bactérias, fungos, vírus e outros parasitas. Os dados são do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), responsável pela realização de análises em amostras com risco de presença de microrganismos e a notificação de casos suspeitos. O surto caracteriza-se pela ocorrência de dois ou mais casos de DTA a partir do consumo de alimentos ou água de mesma origem.
De acordo com o Lacen, nos três primeiros meses do ano, foram analisadas 642 amostras com sinais de contaminação e notificadas 33 suspeitas de surto de DTA. Fatores como a falta de higienização e a má conservação de alimentos são algumas das principais causas de infecção. A ocorrência de chuvas, conforme o Laboratório, também favorece a proliferação de bactérias.
Segundo o Ministério da Saúde, existem hoje mais de 250 tipos de Doenças Transmitidas por Alimentos. A maioria das infecções é provocada por bactérias, em especial as dos gêneros Salmonella e Escherichia coli. Dentre os sintomas frequentes das DTA, estão falta de apetite, náusea, vômito, diarreia, dores abdominais e, em alguns casos, febre. Manifestações mais graves das doenças incluem infecções em diferentes órgãos e sistemas, como no fígado e em terminações nervosas periféricas.
Conforme o Ministério, o tratamento para as DTA depende do tipo de microrganismo causador da doença. No entanto, o órgão destaca que a reposição de líquidos é necessária em todos os casos. Nas ocorrências com registro de diarreia aguda, a recomendação é a ingestão de soluções para reidratação.
Prevenção
Como forma de prevenção contra as DTA, o Lacen orienta que frutas e verduras sejam lavadas antes da ingestão e que a população faça a higienização das mãos antes do preparo de qualquer alimento. Outra recomendação é não misturar alimentos crus e cozidos, assim como os utensílios usados em cada tipo de preparo. Alimentos perecíveis devem ser armazenados na geladeira ou no freezer, da mesma forma que sobras de comidas. Por mim, o órgão aconselha não guardar alimentos e produtos de limpeza no mesmo local.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Vacinação contra gripe começa nesta segunda-feira

A campanha deste ano inclui, pela primeira vez, os profissionais de educação no grupo prioritário

 
Começa nesta segunda-feira a mobilização nacional de vacinação contra a gripe. A campanha deste ano inclui, pela primeira vez, os profissionais de educação no grupo prioritário. Cerca de 2,3 milhões de professores de escolas das redes pública e privada devem ser imunizados nos postos de saúde de todo o país.
Nos dias 2 e 3 de maio, os docentes serão vacinados nas escolas. Idosos, trabalhadores do setor de saúde, crianças de 6 meses até 5 anos, gestantes, mulheres no pós-parto, indígenas, população privada de liberdade, inclusive os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, e pessoas com doenças crônicas continuam como público-alvo da vacinação.
A vacina permite a proteção contra os vírus A(H1N1), H3N2 e influenza B. Como os vírus são mutantes, a composição da vacina é feita somente depois da indicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre as cepas (variações dos vírus) que circularam com mais frequência nos últimos meses na região. Segundo a OMS, em 2016 a cepa do vírus A(H1N1) foi alterada, o que levou à produção de uma nova composição para a campanha deste ano.
Cerca de 60 milhões de doses serão distribuídas aos postos da rede pública de saúde. O Ministério da Saúde espera que pelo menos 54 milhões de pessoas sejam imunizadas até o dia 26 de maio, prazo final da campanha. O dia D da mobilização será em 13 de maio.
O principal objetivo da campanha é reduzir as hospitalizações e a ocorrência de mortes relacionadas à influenza. Segundo o Ministério da Saúde, estudos demonstram que a vacinação pode reduzir entre 32% e 45% o número de internações por pneumonia e de 39% a 75% a mortalidade por complicações da gripe. Em 2016, o país registrou a maior incidência dos casos de gripe desde a pandemia iniciada em 2009. Mais de 2.200 pessoas morreram no ano passado por problemas relacionados à gripe. De janeiro a abril deste ano ocorreram 48 mortes.
Apesar de a incidência de casos estar num ritmo bem menor do que o registrado no ano passado, o Ministério da Saúde alerta para a necessidade de se vacinar o quanto antes e garantir que a proteção seja efetiva no período de maior vulnerabilidade, o inverno. Além de buscar a imunização, o Ministério recomenda que a população lave as mãos várias vezes ao dia, cubra o nariz e a boca ao tossir e espirrar, evite tocar o rosto, não compartilhe objetos de uso pessoal, mantenha os ambientes bem ventilados e evite a permanência em locais com aglomeração.
(Com Agência Brasil)

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Espera por prótese no Into dura até 10 anos

Pacientes reclamam da falta de materiais. Servidores da saúde festejam prisão de ex-secretário

Rio - Enquanto fraudes em licitações para a compra de próteses são investigadas pela Polícia Federal na operação Fatura Exposta, pacientes do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) chegam a esperar 10 anos por uma prótese. No hall do prédio onde funciona a Secretaria estadual de Saúde, no Centro, servidores festejaram a prisão do ex-secretário Sérgio Cortes com bolo, refrigerante e bolas, usando guardanapos nas cabeças.
É a segunda vez este ano que o guarda municipal Luiz Carlos Almeida, de 54 anos, tem a cirurgia remarcada e não consegue realizar por falta da prótese no Into. Há três anos ele aguarda pelo procedimento na bacia. Com dificuldades para caminhar e apoiado em muletas, Luiz Carlos conta que é preciso ter paciência e muita força de vontade para ser atendido.
Servidores da secretaria festejaram com guardanapos na cabeça (acima), em alusão à farra em Paris Divulgação
“Estou sem comer desde domingo para fazer essa cirurgia e hoje o médico vem dizer que não tem a prótese. Até brincou dizendo que roubaram, vê se pode?! A gente se prepara, controla a ansiedade pra não subir a pressão, mas aí não tem prótese. E ainda descobre que tem gente que ganha dinheiro com isso. É triste demais”, disse, citando a prisão do ex-diretor do Into, Sérgio Côrtes.
Acompanhado da mãe e da filha adolescente, Luiz Carlos disse que no domingo retorna com a promessa dos médicos de que terá a sua prótese. “Hoje só saí de lá de dentro (do Into) depois de falar com a assistente social: ‘Se não tiver prótese me avisa que nem venho de novo’”, contou o guarda, que mora em Duque de Caxias.
Diferente de Luiz Carlos, o morador de Belford Roxo Marcio Bernardo, 32, conseguiu realizar sua cirurgia. No entanto, levou 10 anos para corrigir a deficiência que tinha na perna direita.
Ex-secretário de Saúde, Sérgio Cortes (esq) em Mônaco com Cabral Reprodução
“Aos nove anos sofri um acidente de carro e fiquei com uma diferença na altura das pernas. Não aguentava carregar peso, nem fazer esforço. Por causa disso não conseguia emprego. Aí decidi fazer a cirurgia. Mas, além de ter que esperar na fila, quando chegava a minha vez os médicos diziam que não tinha o fixador (aparelho que usa na perna direita)”, explica Marcio, que hoje visita a unidade a cada 15 dias para acompanhamento.
“A prisão representa o fim da impunidade e o respeito com a coisa pública. Se esses recursos não tivessem sido desviados certamente salvariam mais vidas”, disse André Ferraz, conselheiro da Associação dos Servidores da Vigilância Sanitária (Asservisa).
O que dá para fazer com R$ 300 milhões desviados
- Cinco hospitais
O valor seria suficiente para construir novas unidades públicas hospitalares, cada uma delas com capacidade para 120 leitos

- 36 aparelhos

Número de aparelhos de ressonância magnética de alta complexidade que poderiam ser comprados pelo poder público com o total desviado
- 330 milhões de luvas
Quantidade de pares de luvas cirúrgicas que poderiam ser compradas com o valor desviado, tendo como comparação a última compra do tipo no Portal Transparência do Governo do Estado.
- 8 meses de salários

Período em que servidores, ativos e inativos, da rede estadual de saúde teriam seus salários pagos em dia. Atualmente, a folha de pagamento da pasta gira em torno de R$ 37 milhões mensais

terça-feira, 11 de abril de 2017

O resgate do movimento

Duas novas experiências devolvem a pacientes paralisados a possibilidade de executar funções perdidas, como a de se alimentar sozinho e ficar de pé

O resgate do movimento
PROGRESSO Depois de oito anos, Bill Kochevar conseguiu se alimentar sozinho, ganhando certa autonomia
Dois experimentos divulgados com apenas uma semana de diferença são os mais recentes exemplos de como a medicina avança no tratamento das paralisias. Na semana passada, médicos da Clínica Mayo e da Universidade da Califórnia descreveram como a associação de um implante eletrônico e intensa atividade física devolveu algum movimento a um paciente paralisado há três anos. E, há 15 dias, pesquisadores da Case Western Reserve University publicaram as imagens do americano Bill Kochevar, paralisado há oito anos, movendo seu braço direito.
A estratégia que une esses dois avanços é o uso de eletrodos que permitem a restauração, ao menos parcialmente, da condução de sinais elétricos prejudicada por causa das lesões. Esses estímulos são imprescindíveis para que o corpo se movimente. Gerados no cérebro, são enviados para o resto do organismo por meio das fibras nervosas abrigadas na coluna espinhal. Qualquer lesão nesse caminho interrompe o fluxo e as consequências podem ir da perda total de movimento ao prejuízo em funções como o controle da bexiga. Por essa razão, o foco da medicina é encontrar meios de restabelecer a comunicação elétrica ao longo do sistema nervoso central.
Efeito surpreendente
No caso do paciente da Clínica Mayo, o eletrodo foi implantado na altura da 16ª vértebra, onde ocorreu a lesão após um acidente. Além da colocação do recurso, os médicos associaram uma intensa atividade física, antes e depois da ativação do equipamento. A reabilitação muscular, acreditavam os cientistas, seria vital para que o corpo respondesse às ordens enviadas pelo cérebro. Eles estavam certos. Ao final do programa, o paciente manifestou controle voluntário de músculos em intensidade suficiente para permitir que ficasse de pé, com apoio dos braços, em uma barra de apoio. “Estamos animados”, comemorou o neurocirurgião Kendall Lee, diretor do Laboratório de Engenharia Neural da Clínica Mayo. “Os resultados foram além do que esperávamos.” De acordo com os cientistas, é a primeira vez que um indivíduo controla intencionalmente funções paralisadas apenas duas semanas após estimulação.
O vídeo de Bill Kochevar levando bebida e alimentos à boca correu o mundo. Mostrou, pela primeira vez, ser possível devolver a alguém com paralisia completa a capacidade de alcançar e segurar objetos. Foi um longo trajeto. Primeiro, os médicos da Case Western Reserve University implantaram sensores no córtex motor de Bill. Ele passou quatro meses treinando comandos, usando na experiência um braço virtual 3D. Em seguida, 36 eletrodos foram instalados na mão e braço direitos. O sistema contou ainda com um decodificador, responsável pela transformação dos sinais elétricos cerebrais produzidos por Bill a partir de suas intenções de movimento em coordenadas para que os eletrodos funcionassem.
O ciclista americano ficou exultante com o que realizou. “Fiz os movimentos sem precisar me concentrar muito neles”, contou. “Apenas pensava e eles aconteciam.” Ter de volta alguma autonomia é o maior ganho para pessoas na situação de Bill. Ainda não há previsão sobre quando ambos os procedimentos estarão disponíveis. No planejamento da Clínica Mayo, está a identificação de quais os pacientes serão os mais beneficiados. Na Case Western University, o objetivo é aprimorar o sistema desenvolvido para Bill e testá-lo em outros indivíduos.
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segunda-feira, 10 de abril de 2017

O impacto da atividade física no funcionamento do intestino

Praticar atividades regularmente ajuda na movimentação do trânsito intestinal, evitando a sensação de intestino “preso”, e uma futura constipação

  A prática regular de atividade física traz muitos benefícios à saúde e isso não é mais novidade. A Organização Mundial da Saúde, recomenda a prática de 30 minutos por dia para adultos saudáveis, para redução do risco de doenças cardiovasculares. Já a Sociedade Brasileira de Cardiologia, defende 30 minutos, no mínimo por cinco dias da semana, abre também a possibilidade de dividir o tempo diário em dois momentos de 15 minutos cada.

Constipação

Mas seus benefícios não param por aí ela também pode ajudar no bom funcionamento do intestino.  A constipação intestinal, conhecida popularmente como intestino “preso”, é uma das queixas mais comuns, sendo responsável por 2,5 milhões de consultas medicas no ano de 2014 nos Estados Unidos. Em termos gerais sabemos que a constipação atinge o sexo feminino em maior escala e é uma das queixas frequente em consultas com ginecologistas.
A alimentação está diretamente ligada em seu tratamento e prevenção, a introdução e aumento no consumo de fibras ajudam em sua diminuição. Mas, além de comer adequadamente, a atividade física também é uma grande aliada quando o assunto é o bom funcionamento do intestino.
Outro alimento, muito utilizado no tratamento da constipação intestinal é o probiótico. Na verdade, muito mais que alimento, é um dos famosos alimentos/medicamentos, os nutracêuticos. Os probióticos são bactérias relacionadas à produção de substâncias benéficas, à prevenção do câncer intestinal, ao funcionamento adequado do intestino e à redução da absorção de gorduras e açúcar.

O papel da atividade física

Praticar atividades regularmente ajuda na movimentação do trânsito intestinal, evitando a sensação de intestino “preso”, e uma futura constipação. Outro benefício está relacionado com a prevenção de doenças como inflamações e câncer de intestino. Alguns estudos demonstram que mulheres e homens mais ativos apresentam menores riscos de desenvolver estas doenças.
A combinação perfeita está na hidratação abundante, entre 1,5 a 2 litros por dia, ingesta de fibras, em torno de cinco porções do reino vegetal por dia e atividade física.

sábado, 8 de abril de 2017

Maneiras de clarear e rejuvenescer a pele

Com o passar dos anos, a delimitação dos contornos faciais fica consideravelmente comprometida
Camila Lima
A blogueira Camila Lima utiliza o peeling combinado para manter a pele limpa, estimular a formação de colágeno, elastina, prevenir o aparecimento de manchas, oleosidade, brilho e melhorar a textura da pele ( Fotos: Reinaldo Jorge )
Leds
O leds é um procedimento de alta tecnologia que atua na modulação das funções metabólicas para estimular a produção de colágeno e o rejuvenescimento
Rugas, cicatrizes de acne, sardas ou manchas solares. Essas irregularidades, causadas pelo envelhecimento ou lesões que surgem com o passar do tempo, podem ser corrigidas com tratamentos específicos e modernos.
Entre os mais eficazes para clarear, nutrir, rejuvenescer e melhorar o aspecto da pele de forma geral estão a radiofrequência, o peeling combinado, o microrroler e o leds, segundo indica a fisioterapeuta dermatofuncional Anna Christina Henriques.
A radiofrequência age por meio da geração de calor. Sobre a pele limpa e preparada, o aparelho emite ondas em correntes de alta frequência, a uma tensão aproximada de 30.000 a 40.000 Volts, que atingem camadas mais profundas da derme. A ação do método induz a produção de  colágeno, melhora o aspecto da pele, devolve a elasticidade, firma o contorno do rosto e suaviza as linhas de expressão da testa, em volta dos olhos e as rugas da boca.
O peeling de cristal é realizado com um aparelho que faz uma sucção na pele e por uma ponteira específica, libera óxidos de alumínio, (microcristais), responsáveis pela esfoliação da epiderme.
A máquina lança os cristais na pele, que esfoliam e removem as impurezas e as células mortas de toda a parte externa da pele. "O tratamento é indicado para pessoas que desejam tratar lesões de acne, manchas, rugas superficiais, e flacidez da pele", revela a dermato.
Associado
Já o peeling combinado estimula a formação de uma nova camada celular, a formação de colágeno e elastina, que são as fibras responsáveis pela sustentação, tratando progressivamente as cicatrizes de acne, manchas, poros, oleosidade, brilho e a textura da pele, promovendo uma limpeza segura e eficaz do rosto.
Nesse procedimento, há associação de dois agentes esfoliantes com objetivo de promover ação mais profunda, sem agressão à pele. Primeiro aplica-se o peeling de cristal para diminuir a camada córnea. "Após esse lixamento, é usado um composto químico de ácidos, retinóico, fitico, glicólico para estimular a descamação mais intensa corrigindo as cicatrizes e manchas mais profundas", explica Anna Christina.
Outra sugestão é o microrroler, um pequeno cilindro com agulhas de diâmetro finíssimo que desliza várias vezes e em diversas direções sobre a pele, com leve pressão, provocando microlesões que também induzem à produção de colágeno.
O processo envolve inflamação, proliferação e remodelação do tecido. A técnica pode ser otimizada pela aplicação de vitamina C. Por ser um poderoso antioxidante, melhorar a síntese de colágeno e reduzir a flacidez e cicatrizes de acne, ele é mais indicado para os casos de envelhecimento.
O procedimento deixa a região tratada sensível e avermelhada de dois a três dias, sendo possível utilizar maquiagem após o segundo dia. A exposição solar por pelo menos uma semana deve ser evitada. "A formação de tecido novo leva de seis a oito semanas, por isso o intervalo entre as sessões deve respeitar esse intervalo", alerta.
Pele aveludada
O leds deixa a pele macia, suave, com mais elasticidade, reduz linhas de expressão, rugas e clareia a pele.
"A fototerapia com o leds atua diretamente nas células de forma não agressiva, sem referências de dor, marcas ou cicatrizes", destaca a dermato Anna Christina Henriques.
Frases
"A evolução na área da estética é capaz de prevenir e amenizar os sinais do envelhecimento causados pelo tempo"
Anna Christina Henriques
Fisioterapeuta dermatofuncional
Fisioterapeuta dermatofuncional

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Vacina da gripe reduz risco de morte em até 65%

Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) divulgaram novo estudo com base nos casos entre 2010 e 2014
vacina
A aplicação da dose reduz em 65% o risco de morte devido à doença em pessoas saudáveis que tenham entre 6 e 17 anos ( Foto: Divulgação )
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês) publicaram nesta semana um estudo sobre a eficiência da vacina da gripe na prevenção da morte de crianças. De acordo com os cientistas, a aplicação da dose reduz em 65% o risco de morte devido à doença em pessoas saudáveis que tenham entre 6 e 17 anos.
Crianças
Em crianças com condições médicas de alto risco (pneumonia e bronquite), a vacina reduziu o risco de morte em 51%. Os cientistas fizeram a estimativa da eficácia da vacina para prevenir os óbitos relacionados à gripe usando cruzamentos de dados relacionados à cobertura vacinal com dados de diferentes grupos de crianças. Esses grupos foram obtidos a partir de relatórios nacionais e uma base de dados particular.
O órgão norte-americano analisou os dados de quatro temporadas de alta da gripe entre os anos de 2010 e 2014. Das 358 mortes notificadas associadas à gripe com confirmação laboratorial, 291 tinham estado de vacinação conhecido, fosse negativo ou positivo.
Os resultados do estudo ressaltam a importância de que todas as crianças devem receber uma dose anual da vacina.
No Brasil, como as cepas dos vírus são diferentes, há um tipo diferente de vacina. É feita uma atualização anual das doses, assim como nos Estados Unidos. De acordo com o Ministério da Saúde, entre o dia 1º de janeiro e 18 de março deste ano, 31 pessoas morreram devido aos vírus influenza, 12% eram crianças.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Ceará é o Estado com maior índice de chikungunya no País

Segundo boletim do Ministério da Saúde, o Ceará registrou 4.735 casos prováveis da doença até 13 de março
Ontem, veículo com fumacê, nome popular para a Pulverização Espacial UBV, esteve no bairro Joaquim Távora. A medida é um procedimento que consiste na liberação aérea de gases para exterminar mosquitos adultos em voo ( Foto: Kid Júnior )
por Patrício Lima 
Clique para ampliar
O Ceará vive um panorama de alerta ocasionado pela iminência de uma epidemia da febre chikungunya. Segundo dados do boletim epidemiológico da semana 10 do Ministério da Saúde, com dados coletados até 13 de março 2017, o Ceará é o Estado de maior índice de casos prováveis do vírus com 4.735 registros. O cenário se torna ainda mais alarmante ao comparar este número ao de 2016, quando foram registrados 912 casos durante todo o ano. Já por extrato populacional, os municípios cearenses de Aracoiaba, Baturité, Caucaia e Fortaleza, capital com o maior número de casos no país em 2017, então entre os mais acometidos pelo vírus no cenário nacional.
Os números apresentados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Online (Sinan Online), por meio do Ministério da Saúde, apesar de diferentes, corroboram com os últimos boletins divulgados pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) sobre o aumento de casos de chikungunya no Estado. Na semana 12 deste ano, até 25 de março de 2017, o órgão registrou 8.667 casos de chikungunya. Destes, 21,5% (1.867/8.667) foram confirmados e 12,7% (1.106/8.667) descartados. Os casos confirmados concentraram-se nas faixas etárias de 20 e 59 anos e foi predominante no sexo feminino. Em 2016 foram 37 mortes ocasionadas pela chikungunya e um registro de óbito em 2017 relacionado ao vírus.
Já o boletim semanal de doenças compulsórias (PNS), da Sesa, referente a semana 13, registrou 2.677 casos confirmados de chikungunya. Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Sesa afirma que os números ainda não caracterizam uma epidemia de chikungunya e que estão sendo tomadas as devidas ações para o combate ao vetor. "A Sesa tem monitorado os municípios com maiores índices de infestação pelo mosquito Aedes aegypti e de incidência de casos de arboviroses no Ceará. O cenário de cada um deles está sendo avaliado e, a depender do caso, pode contar com medidas como visita técnica da equipe da Sesa e monitoramento do plano de ação para o combate ao mosquito", destaca a nota.
O texto afirma ainda que, entre as ações que cabem aos municípios, de acordo com o Plano Estadual de Vigilância e Controle das Arboviroses 2017/2018, está a inclusão de casos suspeitos de arboviroses como dengue, zika e chikungunya no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). "Já o assessoramento técnico de vigilância epidemiológica das Coordenadorias Regionais de Saúde (Cres) e municípios e o monitoramento dos dados do Sinan estão entre as atribuições que devem ser realizadas pelo Estado, segundo o Plano de Arboviroses".
Para Luciano Pamplona, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), é necessário uma atenção diferenciada por parte do poder público e da sociedade na luta contra a proliferação do vírus e o mosquito Aedes aegypti. "É o momento de reorganizar a assistência nas Upas e Unidades básicas, e tratar de forma supervisionada, dando ênfase a triagem. O período chuvoso, no nosso verão, torna a proliferação do mosquito ainda mais intensa. No caso da chikugunya, o vírus tem uma taxa de ataque alarmante. Enquanto a taxa de ataque da dengue é de 4 a cada 10 picadas, a chikungunya tem uma taxa de 7 a cada 10 casos. A tendência é que entre abril e maio, aumente ainda mais o número de registros do vírus", destaca médico, que é pesquisador no controle do mosquito do Aedes aegypti.
Fumacê
O fumacê, nome popular para a Pulverização espacial UBV, é um procedimento que consiste na liberação via aérea de gases, que agem por contato, atingindo os mosquitos adultos em voo. Ou seja, a ação do produto só é efetiva quando o inseticida está em suspensão no ar e só mata o mosquito adulto. A recomendação aos moradores é que abram portas e janelas das casas na passagem do fumacê para que o inseticida atinja o mosquito dentro das residências.
O procedimento não diminui a necessidade da eliminação dos potenciais focos do vetor. Por isso, os órgãos públicos de saúde indicam que as famílias devem também fazer sua parte no combate ao Aedes aegypti. Cerca de 90% dos focos do mosquito que transmite a dengue, zika e chikungunya são encontrados dentro de casa. O fumacê não mata as larvas do Aedes aegypti, que estão em caixas d'água, potes, baldes, pneus, lajes.
Manter os quintais sempre limpos, recolher, eliminar ou guardar longe da chuva todo objeto que possa acumular água, como pneus velhos, latas, recipientes plásticos, tampas de garrafas, copos descartáveis e até cascas de ovos, também são orientações repassadas pelo Estado. O lixo doméstico deve ser acondicionado em sacos plásticos e descartado adequadamente, em depósitos fechados.
A eliminação de criadouros deve ser realizada pelo menos uma vez por semana. Assim, o ciclo de vida do mosquito será interrompido.
De acordo com o assessor técnico da vigilância ambiental da Prefeitura de Fortaleza, Carlos Alberto, a Capital segue as diretrizes nacionais de combate a dengue, e as demais arboviroses ocasionadas pelo vetor como chikungunya e zika. Atualmente a capital cearense conta com cerca de 700 agentes que fazem visitas domiciliares bimestralmente. Só neste ano, foram mais de 500 mil visitas em residências e 12 mil focos eliminados, além de 5 mil denúncias.
Ações
"Trabalhamos em quatro eixos: controle vetorial, controle químico, visita em imóveis abandonados, além da mobilização da sociedade. As altas temperaturas elevadas e grande intensidade de chuvas favorece a longevidade dos mosquitos, que podem chegar à fase adulta em até 7 dias. Além disso, o índice de sobrevivência do mosquito também aumenta para cerca de 40 dias. E quanto mais velho o mosquito, maior o seu potencial transmissor. Conjunto Palmeiras, Jangurussu, Mondubim, Joaquim Távora e São João do Tauape são os bairros que necessitam de maior atenção. Intensificaremos nossas ações em mais 25 bairros", disse o assessor.
Saiba mais
A expressão "casos prováveis" foi utilizada para incluir todos os casos notificados, exceto os que já foram descartados. Os casos são descartados quando possuem coleta de amostra oportuna com diagnóstico laboratorial negativo ou quando são diagnosticados para outras doenças.
Os casos de dengue grave, dengue com sinais de alarme e óbitos por dengue, chikungunya e zika informados incluem somente os casos ou óbitos confirmados por critério laboratorial ou por critério clínico-epidemiológico