terça-feira, 26 de agosto de 2014

Mapa mostra onde estão os médicos cubanos no Brasil

Site de VEJA obteve com exclusividade a localização dos 14.462 médicos do programa carro-chefe da campanha de Dilma Rousseff para a Saúde

Felipe Frazão
Programa Mais Médicos
MÉDICOS A MAIS – Integrantes do programa de Dilma Rousseff para a área da saúde: prefeituras do PT são destino preferencial (Claiton Dornelles/CBR/Divulgação/VEJA)
Uma das principais bandeiras eleitorais do PT em 2014, o programa Mais Médicos é um exemplo de demagogia em estado puro. Lançado em 2013, ele partiu do diagnóstico de uma carência verdadeira, a falta de médicos em muitas cidades brasileiras. A solução encontrada para esse problema foi escabrosa do ponto de vista institucional: a importação de médicos estrangeiros, principalmente de Cuba, cujo governo autoritário recebeu até agora 1,5 bilhão de reais – um aditivo assinado neste mês estabelece que o Ministério da Saúde pagará mais 1,17 bilhão de reais pelos cubanos que estão no Brasil. O programa não é a solução mais racional para o problema do atendimento médico, não é o mais sustentável a longo prazo, nem sequer aceitável do ponto de vista dos valores democráticos. Mas, apesar desses vícios gravíssimos de origem, a dinâmica da política é tal que torna-se quase impossível para um prefeito não aderir ao programa. Por meio da Lei de Acesso à Informação, o site de VEJA obteve a localização no território brasileiro de cada um dos 14.462 médicos de 48 nacionalidades – 79% de Cuba – distribuídos em 3.771 municípios. O Ministério da Saúde nunca tornou essas informações públicas.
Os dados mostram que prefeitos de todos os partidos, especialmente os do PT – com 79% das prefeituras contempladas –, obtiveram altos índices de adesão, de acordo com o cálculo proporcional do número de prefeitos eleitos por cada sigla em 2012. Ainda que com taxa de adesão de até 25 pontos percentuais inferior, municípios governados por partidos de oposição também aderiram ao programa. Era o esperado: em cidades pobres dos rincões do país, rejeitar um médico, independentemente da nacionalidade, pode ter alto custo eleitoral. É o caso da pequena Sagres, no interior paulista. “Teve uma boa repercussão para mim, porque evitava o deslocamento dos moradores da cidade [2.395 habitantes] para a Santa Casa de Oswaldo Cruz, hospital mais próximo que fica a 15 quilômetros”, diz o prefeito Brandio Pereira Filho, filiado ao DEM.
É esse o problema final do Mais Médicos: a adesão maciça dá a ele um arremedo de legitimidade. "O programa é politiqueiro e eleitoreiro. O prefeito prefere pagar um médico ou investir o dinheiro em outra coisa e deixar o governo federal pagar? A população precisa ter mais acesso aos serviços de saúde, isso é fato, mas com qualidade. Quando não sabemos se quem está atendendo é qualificado ou não, não podemos dizer que tem qualidade. Não posso dizer que ocorre sempre, mas em muitas situações a população está sendo enganada", diz Florentino Cardoso, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB).
Os dados obtidos por VEJA confirmam a finalidade do programa: empregar os médicos da ilha dos irmãos Castro – 11.442 estão hoje em solo brasileiro — e repassar recursos à ditadura cubana. A matemática não mente: dos pouco mais de 10.482,93 reais pagos a cada um dos cubanos que desembarcaram no Brasil, apenas 1.245 dólares (cerca de 3.000 reais) chega ao bolso dos profissionais. O restante é retido no país deles. Mas, para o governo brasileiro, nem o regime de contratação nem o fato de a medicina cubana estar flagrantemente atrasada – no ano passado, era a 68º no ranking de qualidade da América Latina — parecem um grande problema.
Ichiro Guerra/Divulgação/VEJA

Dilma Rousseff com a médica cubana Hilda, em visita à Unidade Básica de Saúde (UBS) de Jaci, Guarulhos (SP)
Além de pagar salários, no valor de 10.482,93 reais, o ministério banca os deslocamentos de estrangeiros para as capitais dos estados e uma ajuda de custo para a instalação dos médicos – esse benefício, pago uma única vez, varia de 10.000 a 30.000 reais, de acordo com as condições da região. No caso dos cubanos, essa ajuda de custo tampouco foi paga aos médicos. As prefeituras arcam com despesas de alimentação e moradia com orçamentos próprios.
Para aderir ao programa, os prefeitos têm de se inscrever no site do Ministério da Saúde para participar. A quantidade de médicos destinada varia de acordo com a população, nível econômico e as equipes de saúde sem médico já existentes. A maior parte das cidades — 43% — recebeu apenas um médico. O programa concluiu a sua quinta fase, destinada a contemplar cidades de alta vulnerabilidade social que ainda não haviam aderido. 
O número de médicos recebido por cada partido é proporcional ao eleitorado que eles governam, porque o Ministério da Saúde incluiu a população a ser atendida entre as variáveis que condicionam a quantidade de profissionais distribuídos nas cidades. "A seleção foi totalmente impessoal, não houve discriminação", diz o secretário de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do ministério, Hêider Pinto.
Mapa dos Médicos Cubanos
​Na segunda-feira passada, a presidente-candidata Dilma Rousseff foi questionada em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, se avaliava a saúde pública brasileira como  “minimamente razoável” depois de doze anos de administração do PT. Treinada por um time de marqueteiros experientes, Dilma respondeu o óbvio, sem recorrer a novos adjetivos: Não.

Em maio do ano passado, quando o Mais Médicos preparava seu lançamento no Brasil, o jornal espanhol El País publicou reportagem na qual relatava que a formação rápida de um grande número de médicos e seu envio ao exterior por meio de parcerias com outros países era o maior produto de exportação de Cuba. Nos últimos 50 anos, a ditadura dos Castro trocou ajuda médica por empréstimos e acordos comerciais com 107 países. Há dois anos, tomando o exemplo da Venezuela chavista, Cuba embarcou mais de 40.000 profissionais da área de saúde para Caracas, entre médicos, enfermeiros e terapeutas, em troca de 105.000 barris de petróleo por dia, segundo o diário espanhol. Medicina, em Cuba, é negócio. Mas eleição e negócios não combinam. E a saúde, conforme admitiu a própria presidente-candidata, não está sequer “minimamente razoável”.
PARTIDOPREFEITURAS*PREFEITOS NO MAIS MÉDICOSENGAJAMENTO
PT 64350979%
PP47033271%
PSD49434470%
PSB44030770%
PDT31021268%
PR26718168%
PMDB101967566%
PSDB69942761%
PTB29917659%
DEM28315454%
Fonte: Ministério da Saúde (agosto de 2014) e Tribunal Superior Eleitoral *inclusive Brasília e Fernando de Noronha


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

OMS declara epidemia de ebola emergência sanitária internacional

Países afetados terão que vigiar fronteiras, aeroportos e portos.
A OMS também pediu ajuda à comunidade internacional.

Do G1, em São Paulo
Diretora-geral da OMS, Margaret Chan. (Foto: Alain Grosclaude / AFP Photo)Diretora-geral da OMS, Margaret Chan. (Foto: Alain Grosclaude / AFP Photo)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta sexta-feira (8) a epidemia de ebola no oeste da África uma emergência pública sanitária internacional.
O comitê de urgência da OMS, que se reuniu na quarta e quinta-feira em Genebra, "considera de forma unânime que são dadas as condições" para declarar "uma emergência de saúde pública de alcance mundial", indicou em um comunicado.
Com isso, os países afetados pela epidemia vão ter que adotar, entre outras medidas, exames para detectar o vírus em aeroportos, portos e postos de fronteira, em todas as pessoas que apresentarem febre e outros sintomas semelhantes aos do ebola.
Diante de uma situação que se agrava, "uma resposta internacional coordenada é essencial para frear e fazer retroceder a propagação internacional do ebola", acrescentou o comitê.
A epidemia de ebola, que já deixou desde o início do ano até esta sexta 961 mortos e mais de 1.700 supostos casos detectados, é a "mais importante e mais severa" em quatro décadas, ressaltou Chan.A OMS não decretou, no entanto, quarentena nos países afetados - Guiné, Libéria, Serra Leoa e, em menor medida, Nigéria - para não agravar sua situação econômica, mas pediu fortes medidas de controle em seus pontos de saída.
Este dispositivo de emergência é o terceiro da OMS depois do decretado em 2009 pela epidemia de gripe aviária na Ásia, e em maio pelo desenvolvimento da poliomielite no Oriente Médio.
A diretora estimou que os países do oeste da África afetados pela epidemia não podem enfrentá-la sozinhos e convocou a comunidade internacional a fornecer o apoio necessário.
Embora o comitê tenha excluído impor restrições às viagens ou ao comércio internacional, indicou que os "Estados devem se preparar para detectar e tratar os casos de doentes" e "facilitar a evacuação de seus cidadãos, em particular as equipes médicas, expostas ao ebola".
“Este é um claro chamamento à solidariedade internacional com os países afetados que não têm capacidade para enfrentar um surto deste tamanho e desta complexidade”, disse Chan.
A OMS disse estar preparada para que o surto permaneça em alto nível pelos próximos meses, e afirmou que é provável que a situação piore antes de melhorar.
Após este anúncio, a União Europeia classificou de risco muito fraco a propagação do ebola no continente europeu e ressaltou que no caso - pouco provável - de que o vírus alcance o continente europeu, estão preparados para enfrentá-lo.
Já o departamento de Estado americano recomendou na quinta-feira que os americanos adiem qualquer viagem não essencial à Libéria devido ao ebola.
Recomendações da OMS
O comitê ressalta que os chefes de Estado dos países afetados têm que decretar estado de emergência e "se dirigir pessoalmente ao país para fornecer informação sobre a situação".
Keiji Fukuda, vice-diretor-geral da OMS encarregado da epidemia, explicou que as pessoas atingidas precisam ficar 30 dias em quarentena porque o tempo de incubação do vírus é de 21 dias.
As pessoas que estão em contato com os doentes - com exceção das equipes médicas, que têm uma roupa de proteção - não devem viajar, indicou Fukuda, pedindo também que a tripulação dos voos comerciais receba informação e material médico para se proteger e proteger os passageiros.
O comitê da OMS também recomenda que todos os viajantes procedentes dos países afetados façam um check-up, respondendo a um questionário e medindo a temperatura nos aeroportos, portos e nos principais postos fronteiriços.
Uganda isolou nesta sexta no aeroporto de Entebbe um passageiro, que apresentava os sintomas do ebola, à espera dos resultados, mas finalmente eles deram negativo.
Dois países em estado de emergência, Libéria e Serra Leoa, colocaram em quarentena três cidades na zona contaminada.
A Europa recebeu na quinta-feira um primeiro doente com ebola repatriado, um missionário espanhol contaminado na Libéria, dias depois da repatriação aos Estados Unidos de dois pacientes americanos.
Nos Estados Unidos, onde seu alerta de saúde encontra-se em nível máximo, a agência de medicamentos (FDA) levantou parcialmente as restrições sobre um tratamento experimental contra o ebola da empresa canadense Tekmira.
O vírus ebola é transmitido por contato direto com sangue, líquidos biológicos ou a pele de pessoas ou animais infectados e provoca uma febre caracterizada por hemorragias, vômitos e diarreia. Seu índice de mortalidade varia entre 25% e 90%.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Libéria declara estado de emergência por ebola

Epidemia representa ameaça à segurança do país, diz presidente.
Estado de emergência deve durar 90 dias.

Do G1, em São Paulo
Grupo de mulheres ora para que o ebola deixe a Libéria em área próxima a campo de tratamento da doença em Monrovia (Foto: Zoom Dosso/AFP)Grupo de mulheres ora para que o ebola deixe a Libéria em área próxima a campo de tratamento da doença em Monrovia (Foto: Zoom Dosso/AFP)
 
A presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, declarou nesta quarta-feira (6) estado de emergência para combater um surto de ebola, dizendo que a escala da epidemia representa uma ameaça à segurança do país.
“O governo e povo da Libéria requerem medidas extraordinárias para a sobrevivência do nosso Estado e a proteção das vidas da nossa população”, disse em comunicado oficial, informa a agência Reuters.

“Eu aqui declaro efetivo estado de emergência em toda a República da Libéria a partir de 6 de agosto de 214 por um período de 90 dias.”
Pelo menos 932 pessoas morreram vítimas do vírus ebola desde março na África Ocidental, em um total de 1.711 casos registrados, segundo divulgou a OMS. A doença pode ser transmitida pelo contato direto com fluidos de uma pessoa infectada. Os sintomas incluem febre, diarreia, vômitos, ou sangramento.

Libéria, Serra Leoa e Guiné são os três países mais afetados pelo surto na África Ocidental. O alarme global com a propagação da doença aumentou quando o norte-americano Patrick Sawyer morreu na Nigéria no mês passado depois de passar pela Libéria.

Neste país o saldo de mortos cresce mais rápido e o governo está com dificuldades para lidar com o problema. Muitos moradores estão em pânico e, em alguns casos, abandonam os corpos de familiares nas ruas de Monróvia para evitar quarentenas, segundo a Reuters.
Nesta quarta e quinta-feira, o Comitê de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS) organiza uma reunião sobre a epidemia de febre hemorrágica do ebola para decidir se o problema representa uma "emergência de saúde pública de alcance mundial".
O comitê anunciará a conclusão na manhã de sexta-feira (8).
A OMS também disse que deverá promover um encontro de especialistas em ética médica na próxima semana, para discutir as implicações de tornar tratamentos com droga experimental acessíveis mais amplamente.

Diferentes veículos da imprensa americana noticiaram nesta segunda que os dois americanos infectados pelo ebola na África Ocidental, -- o médico Kent Brantly e a missionária  Nancy Writebol -- teriam recebido uma droga experimental chamada ZMapp, produzida por uma pequena empresa californiana, para combater a doença mortal.

Três dos maiores especialistas mundiais em ebola exortaram a OMS a também oferecer drogas experimentais às pessoas no oeste africano, mas a agência afirmou que “não irá recomendar qualquer droga que não passou pelo processo normal de licenciamento e testes clínicos”.

O presidente doa Estados Unidos, Barack Obama, declarou nesta quarta acreditar que não há informações suficientes para liberar uma droga promissora para tratar o vírus mortal e que a resposta inicial deve se concentrar em medidas de saúde pública para conter o surto.

"Temos que deixar que a ciência nos guie e eu não acho que exista toda a informação sobre se esta droga é útil", disse o presidente em entrevista coletiva. "O vírus ebola, atualmente e no passado, é controlável se você tem uma forte infraestrutura de saúde pública em vigor."

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Ministério da Saúde decide monitorar portos e aeroportos para evitar contaminação do ebola no Brasil

O órgão também reforçou a rede de hospitais de referência junto às secretarias municipais e estaduais

Agência Brasil
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O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse hoje (5) que não há nenhum caso suspeito do vírus ebola no Brasil, e assegurou que todas as entradas de pessoas no país estão sendo monitoradas.

Segundo ele, o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica está atento às recomendações e aos boletins diários fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O órgão também reforçou a rede de hospitais de referência junto às secretarias municipais e estaduais de Saúde, estabelecendo critérios de diagnóstico e prevenção.

“Já tínhamos, na semana passada, aumentado o nível de alerta para nossas equipes que atuam nos portos e aeroportos. Não temos nenhum caso suspeito, mas todos os tripulantes e passageiros que chegam são submetidos a rigorosa avaliação e, se for identificado alguém com sintomas, vai imediatamento para o isolamento e coleta de exames”, disse ele.

Chioro explicou que, de acordo com regulamento internacional, sempre que um passageiro apresenta algum sintoma, a tripulação é obrigada a comunicar imediatamente e a dar prioridade no desembarque.

O surto de ebola é o maior registrado até agora e, segundo dados da OMS, já infectou 1.603 pessoas, das quais 887 morreram nos países africanos de Serra Leoa, da Guiné, Libéria e Nigéria. Este com apenas um caso.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Serviços de saúde do Brasil estão em alerta para possíveis casos de ebola

Médicos encaminham pacientes vindos da África a serviços de referência.
Nenhum caso até agora preencheu os requisitos para ser suspeito de ebola.

Mariana Lenharo Do G1, em São Paulo
Agentes da saúde se preparam para trabalhar no lado de fora de uma unidade de isolamento, em Lofa, na Libéria, em julho  (Foto: Reuters/Ahmed Jallanzo/Unicef)Agentes da saúde se preparam para trabalhar no lado de fora de uma unidade de isolamento, em Lofa, na Libéria, em julho (Foto: Reuters/Ahmed Jallanzo/Unicef)
Os serviços de saúde brasileiros já estão em alerta para identificar pacientes que possam ter tido contato com o vírus ebola, de acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. Segundo ele, já houve casos de pacientes que vieram da África com sintomas variados e que foram encaminhados para serviços de referência para verificar o risco de ser ebola.
 
“Tem casos de pessoas que vêm de países onde nem tem ebola e os sintomas nem são parecidos”, diz Barbosa. Para ele, isso mostra que os profissionais e o sistema de saúde em geral estão “muito sensíveis” para identificar esses casos. “Isso é bom, desde que não se caia no exagero de não observar de onde a pessoa veio, o que pode sobrecarregar os serviços de referência.”
Nenhum dos casos apresentados até o momento no país preencheu os requisitos para ser considerado suspeito de ebola.  “Um era malária e o outro era infecção urinária. Como a pessoa tinha vindo da África, pensaram que poderia ser ebola. Mas no hospital de referência, essa possibilidade é descartada.”
Probabilidade baixa
A probabilidade de o ebola chegar ao Brasil é muito baixa, de acordo com Barbosa. “O ebola não se transmite pelo ar, diferentemente de outros vírus. Só transmite se a pessoa tiver contato direto com sangue ou fluidos corporais de pessoas doentes”, diz. Outra característica que dificulta a propagação da doença para outros continentes é que o paciente tem mais probabilidade de transmitir a doença quando aparecem os sintomas.
“Todo caso de ebola é grave, não tem casos com sintomas leves ou assintomáticos”, diz o secretário. Dessa forma, é mais fácil identificar o paciente que pode transmitir o vírus. Além disso, pacientes nesse estado provavelmente não conseguiriam fazer uma viagem internacional.
Voos
Barbosa observa que não há voos diretos dos países afetados – Serra Leoa, República da Guiné e Libéria – para o Brasil. Mas caso um passageiro apresente sintomas durante um voo, a equipe de bordo deve seguir as regras determinadas pela Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata).
Entre outras medidas, a tripulação deve contatar o aeroporto de destino, onde uma equipe de vigilância sanitária deverá avaliar o paciente e encaminhá-lo para um serviço de referência, se necessário. Até o momento, a OMS não fez restrições a voos nem orientou o fechamento de fronteiras por causa da epidemia.
Detecção
Segundo Barbosa, como os sintomas do ebola são sempre graves, a doença é de fácil detecção. “O ebola, junto com outras febres hemorrágicas, é de notificação compulsória e imediata. O profissional da saúde que atendeu um paciente e que suspeite de ebola deve comunicar a secretaria municipal ou estadual da Saúde, ou Ministério da Saúde.”
Ele afirma que os serviços de referência brasileiros estão preparados para lidar com casos da infecção. “A doença é gravíssima, mas tem outras doenças que precisam de isolamento até maior. Os procedimentos adequados são conhecidos. Em casos suspeitos, os profissionais dos hospitais de referência sabem como proceder.”

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Médico dos EUA contaminado pelo ebola apresenta melhora

Avião equipado com tenda portátil de isolamento irá retornar à Libéria para buscar outra americana que contraiu o vírus durante trabalho voluntário

Kent Brantly apresenta melhora no estado de saúde após contrair o vírus ebola
Kent Brantly apresenta melhora no estado de saúde após contrair o vírus ebola (Jony Biker/AFP)
O médico americano Kent Brantly, contaminado pelo vírus ebola na África Ocidental, mostrou sinais de melhora, afirmou neste domingo Tom Frieden, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC). Ele está em tratamento em uma sala de isolamento no Hospital Universitário de Emory, na cidade de Atlanta, no sul dos Estados Unidos. "Sabemos como deter o ebola, já tentamos e há mecanismos que funcionam", disse Frieden em entrevista ao canal de notícias americano Fox.
Não há vacina contra o vírus e o tratamento consiste em estabilizar o paciente compensando a perda de fluidos até que seu sistema imunológico consiga combater a doença.
Brantly foi infectado durante trabalho voluntário na Libéria e é o primeiro paciente a ser tratado com o vírus ebola nos Estados Unidos. Nos próximos dias, é esparada a chegada ao mesmo centro hospitalar da missionária Nancy Writebol, que também contraiu o vírus na Libéria, um dos três países da África Ocidental atingidos pelo maior surto da doença na história. Os outros dois países são Guiné e Serra Leoa para onde as autoridades americanas subiram para o nível máximo o alerta de viagens.
O jato privado equipado com uma tenda portátil especialmente projetada para pacientes com doenças altamente infecciosas, que buscou Brantly na Libéria, deve retornar ao país africano nos próximos dias para levar Writebol ao mesmo hospital universitários nos Estados Unidos.
Surto – Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o surto do vírus ebola na África já matou 729 pessoas e 1.323 casos foram confirmados.  A doença, transmitida por contato direto com o sangue ou outros fluidos corporais de pessoas ou animais infectados, causa hemorragias graves e sua taxa de mortalidade chega aos 90%.
(Com agência EFE)

domingo, 3 de agosto de 2014

A guerra dos remédios para emagrecer

Depois de três anos, drogas à base de anfetaminas indicadas para perder peso podem voltar ao mercado brasileiro. Médicos e pacientes se dividem quanto à sua eficácia e segurança. Enquanto isso, a ciência prepara uma nova safra de medicações

Cilene Pereira (cilene@istoe.com.br) e Mônica Tarantino (monica@istoe.com.br)
Falta muito pouco para que os remédios de emagrecimento à base de anfetaminas voltem ao mercado brasileiro. Com sua fabricação e comercialização proibidas desde 2011 por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), resta apenas uma votação, no Senado, para que eles possam novamente ser consumidos por pacientes brasileiros. Trata-se da última etapa de tramitação do projeto de decreto legislativo apresentado pelo deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) que susta a proibição da agência.  Ele já foi aprovado na Câmara e na Comissão de Constituição e Justiça. Dos 27 senadores,  apenas seis se posicionaram contrários à liberação dos medicamentos. E a presidenta Dilma Rousseff não poderá se interpor, já que um decreto legislativo não pode ser vetado pela Presidência da República. No mesmo projeto está também o fim das restrições impostas à venda da sibutramina, outro medicamento usado no tratamento da obesidade. Desde a resolução da Anvisa, a droga só pode ser comercializada se houver, entre outras exigências, a apresentação de um termo de responsabilidade assinado pelo médico e pelo paciente.
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O provável retorno desses remédios está dividindo os médicos em um debate acalorado. De um lado estão os que apoiam a proibição e que, por isso, se encontram preocupados. Eles têm uma lista de argumentos para sustentar suas posições. Em relação aos derivados de anfetamina, o primeiro deles é o de que, por se tratar de medicações antigas, não há estudos confiáveis, feitos no chamado padrão ouro da ciência, que ratifiquem sua eficácia e segurança. “Não são pesquisas capazes de formar evidência científica, especialmente no que diz respeito à eficiência a longo prazo e à segurança”, afirma o cardiologista Flávio Fuchs, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Entre os problemas elencados, estão o risco de dependência e de surgimento de doenças cardiovasculares e hipertensão pulmonar.
Outra crítica é a de que a perda de peso seria insignificante e temporária. “A efetividade a longo prazo dos inibidores de apetite é na melhor das hipóteses questionável”, afirma o pesquisador Francisco Paumgartten, da Fundação Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro. “E na maioria dos casos o emagrecimento é revertido quando a droga é interrompida.” Na opinião da nutricionista funcional Luciana Harfenist, do Rio de Janeiro, nesse aspecto há outro agravante. “Pacientes que consomem inibidores de apetite, na sua maioria, não aprendem a comer, não nutrem adequadamente seu organismo”, diz.
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LIBERAÇÃO
Os endocrinologistas Maria Edna e Alfredo Halpern lutam para
que os derivados de anfetamina e a sibutramina sejam acessíveis.
Eles consideram as medicações importantes para parte dos pacientes
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Em relação à sibutramina, os críticos ressaltam que a droga, bem mais moderna do que os anfetamínicos,  foi objeto de estudos, mas o problema é que uma das principais investigações concluiu que não vale a pena usá-la. Eles se referem ao levantamento Scout (Sibutramine Cardiovascular Outcome Trial). Foram acompanhados cerca de dez mil pacientes por cinco anos. As perdas de peso registradas foram modestas. Pior do que isso, a pesquisa apontou risco mais elevado de infarto e acidente vascular cerebral entre obesos que utilizavam o remédio do que entre os que não o tomavam.
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Em favor da liberação advogam os especialistas no tratamento da obesidade, especialmente os endocrinologistas. “Nós, especialistas em obesidade, discutimos a questão a fundo e fornecemos dezenas de argumentos sobre a necessidade desses remédios”, relata o endocrinologista Alfredo Halpern, da Universidade de São Paulo (USP). O resultado da compilação de estudos e razões dos médicos foi consolidado em um documento assinado pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). “Porém a agência não nos deu ouvidos e tomou uma decisão autoritária. Agora, um projeto de decreto legislativo irá passar por cima da decisão da Anvisa”, pontua Halpern.
Exageros na dose
O médico é um dos pesquisadores mais experientes na avaliação do desempenho de drogas contra obesidade, muitas testadas no serviço que dirige na USP. “Há trabalhos suficientes mostrando seus benefícios quando bem indicadas e ministradas na dose certa”, afirma. Segundo ele, há obesos que só respondem aos derivados de anfetamina, conhecidos por proporcionar perda de peso rapidamente. Halpern diz ainda que reações indesejáveis como euforia, delírios ou surtos de esquizofrenia paranoide, como menciona a Anvisa, são vistas apenas em pessoas com histórico de doença psiquiátrica ou de abuso de substâncias. Nesse aspecto, outro problema são os exageros na dose cometidos em formulações aviadas em farmácias magistrais e o uso recreacional desses remédios, dois fatores que também teriam influenciado a sua retirada do mercado. “Neste item, o problema foi, e continua sendo, a falta de uma fiscalização efetiva”, diz Halpern. A proibição, aliás, não encerrou o assunto. Ainda existem o comércio ilegal de antigos estoques e farmácias magistrais que aviam fórmulas com anfetamínicos clandestinamente.
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Necessidade vital Uma das observações contrárias aos remédios que mais incomodam os especialistas é a de que eles seriam dispensáveis. “A obesidade é uma doença crônica. E para algumas pessoas o controle alimentar é muito difícil sem medicamentos”, diz a endocrinologista Maria Edna de Melo, da diretoria da Abeso. O endocrinologista Tércio Rocha, do Rio de Janeiro, partilha da mesma opinião. “A volta da comercialização no Brasil dessas medicações é imensamente necessária, pois vários pacientes precisam delas”, diz. Concorda com ele o endocrinologista João Lindolfo, especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. “Tem de haver controle, mas as restrições precisam diminuir”, defende.
Na opinião de Maria Edna, a compreensão desatualizada e limitada das características e consequências da doença está também na origem da ausência de drogas para tratar o problema na rede pública. “Não há nenhum remédio aprovado com essa finalidade para quem é atendido no SUS. A Anvisa acredita que somente a mudança na alimentação e atividade física já são suficientes”, diz.
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CRÍTICOS
Para o cardiologista Flávio Fuchs (acima), não há evidência científica da eficácia
e segurança do uso dos derivados de anfetamina. Já o pesquisador Paumgartten
afirma que a perda de peso proporcionada pelos remédios é pequena e temporária
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Certamente é urgente encontrar métodos mais eficientes de combate à obesidade. No Brasil, metade da população está acima do peso e os que já atingiram a classificação de obesos somam 30 milhões de pessoas. Trata-se de um contingente extremamente preocupante, considerando que o excesso de peso está por trás da alta incidência de doenças como a diabetes tipo 2, de infartos e de acidentes vasculares cerebrais.
O difícil neste debate é apontar com certeza quem de fato se beneficiaria da volta das medicações. Ao longo da reportagem, por exemplo, é possível ler histórias de quem se deu muito bem, de quem se deu muito mal e para quem os remédios não fizeram diferença na briga contra o peso. Parte dos médicos defende que os medicamentos, na verdade, quaisquer que sejam eles, são coadjuvantes, e não protagonistas nessa batalha. “O tratamento medicamentoso da obesidade deve ser precedido por modificação do estilo de vida. Isso deve ser sempre a pedra fundamental da terapia”, afirma o clínico geral André Salgado, do Rio de Janeiro. Os endocrinologistas, porém, afirmam que há pacientes que não emagrecem sem remédio.
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Paralelamente à discussão sobre a necessidade de utilização das medicações, há outro aspecto que chama a atenção nesse assunto. Em Brasília, onde trafega o projeto que propõe sua liberação, pairam suspeitas sobre a iniciativa. Estranha-se, por exemplo, a celeridade com que o projeto está sendo analisado, algo incomum mesmo em tempos normais, que dirá em época pré-eleitoral, quando o Congresso normalmente para. Enquanto milhares de proposições demoram quatro anos, em  média, para passar pelo crivo do plenário da Câmara, o projeto de decreto legislativo do parlamentar Beto Albuquerque precisou de apenas oito meses para ser estudado.
Existe a suposição de que por trás da urgência está o interesse da indústria farmacêutica e das farmácias magistrais em explorar o rentável mercado dos medicamentos antiobesidade. O segmento farmacêutico acompanha de perto os movimentos referentes ao projeto e aciona seus principais interlocutores no Congresso para derrubar a resolução da Anvisa o mais rápido possível. Nos bastidores, congressistas contam que foram procurados por emissários de empresas farmacêuticas condicionando doações para a campanha eleitoral deste ano à rapidez da votação do projeto. “Respeito a opinião dos profissionais que consideram essencial a comercialização desses remédios. Mas pergunto: até que ponto não existe também o interesse de grandes conglomerados farmacêuticos que querem expor a saúde dos brasileiros?”, diz o senador Humberto Costa (PT-PE), contrário ao retorno dos medicamentos.
Situação no mundo
Por enquanto, ainda sem a data da votação definida, a Anvisa adota a cautela. A agência comunica que não decidiu quais medidas tomará se o projeto for aprovado, como tudo indica. Porém, de antemão, afirma que a medida desconsidera a atribuição primária da agência, que é justamente a de arbitrar e decidir quais produtos de saúde podem ou não entrar e permanecer no mercado.
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Em outras partes do mundo, a oferta de anfetamínicos e da sibutramina parece mais bem resolvida do que no Brasil. Nos Estados Unidos, é permitida a venda de derivados de anfetaminas como a anfepramona e a fentermina. Eles são aprovados para serem usados para perda de peso rápida, em poucas semanas. Em 2011, inclusive, a fentermina foi o remédio mais prescrito para emagrecimento naquele país, segundo a Food and Drug Administration (FDA), a agência americana responsável pela liberação de remédios. Já a sibutramina foi retirada do mercado pelo fabricante, o laboratório Abott, após recomendação do FDA. Na Europa, a situação em relação aos anfetamínicos é um pouco diferente. “Alguns desses medicamentos antigos ainda são comercializados em escala reduzida em determinados países europeus”, explica Francisco Paumgartten, da Fiocruz. “A European Medicines Agency tentou retirá-los do mercado com a fundamentação de ‘falta de eficácia’ mas a tentativa foi frustrada”, diz ele. Em relação à sibutramina, a agência europeia que regula medicamentos informou à ISTOÉ que recomendou a suspensão das autorizações para venda de produtos contendo a substância nos Estados membros em 2010, após concluir que os riscos são maiores do que os benefícios. No fim, a Abott decidiu tirar o remédio de todo o mercado mundial. Hoje, em lugares como o Brasil, a substância é encontrada em drogas genéricas ou em medicações manipuladas.
A discussão ferrenha sobre a oportunidade de usar os anfetamínicos e a sibutramina evidencia quanto a medicina busca desesperadamente uma solução, uma pílula capaz de emagrecer e produzir pouco ou nenhum efeito colateral. Trata-se de uma das maiores ambições da ciência atualmente. Há várias opções em estudo (leia mais no quadro ao lado), mas mesmo os mais otimistas sabem que o caminho será longo até que uma delas seja finalmente disponibilizada.
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Indicação informal
Enquanto isso, médicos e pacientes recorrem principalmente a medicamentos desenvolvidos para outras finalidades, mas que, na prática, mostraram-se eficazes também no controle de peso. É o chamado uso off label (fora do rótulo). É assim, por exemplo, com o topiramato, aprovado contra enxaqueca e compulsão, mas que ajuda a conter o impulso de comer em uma parcela dos obesos. A mesma situação ocorre com alguns antidiabéticos de última geração que tornam mais lento o esvaziamento gástrico e agem na sinalização da saciedade enviada ao cérebro. São, sem dúvida, esforços válidos para tentar conter o avanço de um dos maiores perigos à saúde já conhecidos.
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Colaborou Josie Jerônimo
Foto: Nicolas Bets/Getty Images, Kelsen Fernandes, Gustavo Scatena – AG.ISTOÉ; Stefano Martini, Marcos Nagelstein; Bruno Poppe, Pedro Dias/ag. istoé; Marcos Nagelstein

sábado, 2 de agosto de 2014

Emirates suspende voos à Guiné por surto de ebola

Empresa é a primeira grande companhia aérea a tomar medida.
Voos devem ser suspensos a partir deste sábado até nova ordem.

Da Reuters
 
A Emirates decidiu suspender seus voos para a Guiné devido ao ebola, tornando-se a primeira grande companhia aérea internacional a impor restrições em resposta ao surto do vírus mortal na África Ocidental.
Os voos devem ser suspensos a partir deste sábado até nova ordem, disse a companhia aérea em comunicado em seu site. "A segurança dos nossos passageiros e tripulantes é da mais alta prioridade e não será comprometida", disse.
O surto de ebola, que começou na Guiné e se espalhou para Libéria e Serra Leoa, já matou mais de 700 pessoas, a pior epidemia desde que o vírus foi descoberto há quase 40 anos. Serra Leoa declarou estado de emergência na quarta-feira.
Em linha com as diretrizes da Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), várias das principais companhias aéreas e aeroportos internacionais começaram a inspecionar passageiros procedentes da África Ocidental.
Mas a Iata afirmou na quinta-feira que a OMS não estava recomendando restrições de viagens ou fechamento de fronteiras e que haveria baixo risco para outros passageiros caso uma pessoa infectada estivesse a bordo.
A maior companhia aérea da Nigéria, a Arik Air, que voa para um número limitado de destinos internacionais, incluindo Londres, suspendeu voos para Libéria e Serra Leoa.
A companhia aérea pan-africana Asky foi suspensa pelas autoridades de aviação civil da Nigéria por levar o primeiro caso de ebola à maior cidade do país, Lagos.
Os líderes da África Ocidental concordaram na sexta-feira a tomar medidas mais fortes para tentar controlar o surto de ebola e evitar a sua propagação fora da região.
A Emirates, que não opera voos para Libéria ou Serra Leoa, disse que quaisquer novas ações relacionadas ao surto serão "guiadas pelos conselhos e as atualizações do governo e autoridades internacionais de saúde".

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Governo brasileiro reforça vigilância contra vírus ebola

Passageiros que desembarcarem no país com sintomas da doença, como febre, diarreias ou hemorragias, devem ser encaminhados a agentes sanitários

Agente de saúde verifica um passageiro na saída do aeroporto de Conacri, na República da Guiné. As medidas fazem parte de um programa de ações contra a propagação do vírus Ebola em todo o continente africano
Agente de saúde verifica um passageiro na saída do aeroporto de Conacri, na República da Guiné. As medidas fazem parte de um programa de ações contra a propagação do vírus Ebola em todo o continente africano (Cellou Binani/AFP/VEJA)
O governo brasileiro reforçou recomendações às equipes de saúde encarregadas de atender passageiros que apresentaram problemas como febre, diarreias ou hemorragias durante viagem ao Brasil. A medida, na avaliação do Ministério da Saúde, é suficiente para identificar de forma rápida casos de uma eventual contaminação por ebola nos viajantes. O vírus, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, é responsável por epidemia que até agora atingiu 1.300 pessoas e provocou 729 mortes na África Ocidental.
Medidas mais drásticas, como a suspensão de voos, não estão sendo analisadas. Pela rotina, a tripulação é orientada a encaminhar passageiros que apresentem sintomas de doenças cuja causa não é identificada a agentes sanitários instalados em portos e aeroportos brasileiros. Depois do desembarque, o viajante é encaminhado para uma área remota, quando é avaliado por profissionais de saúde. "A atenção é praxe, e é dada para sintomas de voos procedentes de todos os locais, não apenas de regiões africanas", afirmou o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.

Nesta quinta-feira, a Organização Mundial de Saúde anunciou um plano de 100 milhões de dólares para combater a epidemia do ebola. O governo brasileiro deverá enviar na próxima semana dez kits para Libéria e Serra Leoa, com itens usados em catástrofes. No início do mês, um conjunto com os mesmos produtos foi encaminhado para Guiné. Cada kit é suficiente para atender necessidades de 500 pessoas por três meses.

Risco de contágio — O secretário de Vigilância do Ministério da Saúde disse não concordar com as afirmações feitas por um integrante do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), Stephan Monroe, de que a doença possa se espalhar como "rastro de pólvora." Para Jarbas Barbosa, o maior risco de contágio ocorre para parentes de pessoas contaminadas e profissionais de saúde que tenham contato com paciente sem medidas de proteção necessárias.

"O vírus é transmitido pelo contato com sangue e secreções do doente. E, ao contrário de outras doenças, o contágio ocorre quando os sintomas da infecção – que são fortes desde o início – já estão presentes", disse. Tais características, avaliou, reduzem o risco de transmissão. "Mas para isso é preciso que pessoas adotem medidas necessárias de cuidado", afirmou. "Você não vai ver um paciente com ebola andando na rua, ou pegando avião sem ter sintomas notados."