quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Ministério da Saúde anuncia medidas para sanar dívidas e ampliar recursos das Santas Casas

Pacote inclui a concessão de uma moratória de quinze anos para dívidas tributárias e previdenciárias. Rombo chega a 15 bilhões de reais

Marcela Mattos, de Brasília
Médico com estetoscópio
Mais recursos: número de cirugias feitas pelo SUS deve aumentar em 236 000 (Thinkstock)
O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira uma série de medidas para fortalecer a atuação das Santas Casas e hospitais filantrópicos, e ajudá-los a desafogar as dívidas, que hoje chegam a 15 bilhões de reais. Entre as medidas, está a concessão de uma moratória de quinze anos para dívidas tributárias e previdenciárias, a criação de uma linha de financiamento para dívidas bancárias e ainda um maior incentivo financeiro em procedimentos complexos, o que representa um incremento de 1,7 bilhão de reais para as entidades em 2014.
A injeção de recursos está na elevação de 25% para 50% do incentivo pago a procedimentos de média e alta complexidade, o que pode resultar em um aumento de 236 000 cirurgias por ano. O valor dos partos normais, por exemplo, vai passar de 443,40 para 835,19 reais. Já no tratamento de acidente vascular cerebral (AVC), os repasses passarão de 463,21 para 1 997,46 reais.   
De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o aumento do incentivo é uma das maneiras para fugir do "modelo perverso" estabelecido pela tabela SUS, que fixa valores para os procedimentos. "Esse modelo forçava as Santas Casas a buscarem um tipo de especialidade com maior rentabilidade financeira”, explicou. Para o ministro, a medida vai estimular as entidades a se reorganizarem para oferecer serviços que melhor atendam as necessidades da região.
Para garantir que esses recursos cheguem aos estabelecimentos de saúde, o governo estipulou que as secretarias estaduais, municipais e do Distrito Federal efetuem o pagamento referente aos serviços até o quinto dia útil do mês. Caso o prazo não seja cumprido, o Ministério da Saúde pode creditar os recursos em outra fonte – hoje eles são repassados ao Fundo Estadual, Distrito Federal e Municipal de Saúde, que encaminham o montante.
As Santas Casas e os hospitais filantrópicos são um importante auxílio ao Sistema Único de Saúde. Eles representam 37% do total de leitos ofertados e são responsáveis por cerca de 41% das internações – foram 4,6 milhões registradas em 2012.
Dívidas – As entidades apontam para o risco na qualidade no atendimento por causa das altas dívidas. Por meio do Prosus, um programa do governo que visa fortalecer as Santas Casas e os hospitais filantrópicos, será concedida uma moratória de quinze anos das dívidas tributárias e previdenciárias, com isenção para aqueles que pagarem os tributos correntes em dia. A estimativa é que 5,4 dos 15 bilhões de reais em débito sejam correspondentes à divida com a União – valor que pode ser quitado em até 15 anos.
Para ter o benefício, as entidades de saúde têm de apresentar um plano de estabilidade financeira e aumentar em 5% a oferta de atendimento na rede pública.
Já em relação às dívidas bancárias, o ministro Alexandre Padilha anunciou nesta manhã que as linhas de financiamento da Caixa Econômica Federal vão ser ampliadas de 80 para 120 meses, com taxa de juros de 1% ao mês.
Emendas – Com o Congresso Nacional se mobilizando para aprovar o Orçamento Impositivo, que prevê o repasse de 50% do valor das emendas parlamentares para a saúde, o ministro Padilha antecipou nesta quinta-feira que está em processo de elaboração uma portaria que abre a possibilidade de essas emendas serem utilizadas no custeio e na manutenção das Santas Casas. Atualmente, os recursos oriundos de deputados e senadores somente podem ser aplicados em equipamentos e em obras nas entidades. De acordo com Padilha, a previsão é que a saúde receba pelo menos 3,6 bilhões de reais a mais já no próximo ano com a destinação de metade do valor das emendas para o setor.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Cientistas desenvolvem exame para sete tipos de câncer de mama

Pesquisadores britânicos afirmam que teste pode estar disponível em dois anos.

Da BBC
Exame de imagem ajuda a ver câncer (Foto: BBC)
câncer de mama  (Foto: BBC) Cientistas britânicos afirmam que um novo exame que identifica sete tipos de câncer de mama poderá estar disponível dentro de dois anos. Atualmente, em testes para detectar esse tipo de tumor, apenas dois marcadores biológicos são procurados.
Mas, no ano passado, pesquisadores revelaram que o câncer de mama pode ter dez tipos diferentes, dependendo da genética da paciente. Essas variações só podem ser identificadas a partir de um exame genético detalhado, que custa caro e não é prático para a maioria das pacientes.
Agora, a equipe da Universidade de Nottingham desenvolveu um método que avalia dez proteínas importantes que identificam sete tipos diferentes da doença.
Em artigo publicado na revista especializada "British Journal of Cancer", os cientistas dizem que a descoberta vai ajudar os médicos a personalizar os tratamentos e aumentar as taxas de sobrevivência das pacientes, que variam de acordo com o tipo de câncer.
Andy Green, que liderou o estudo, afirma que, com o aumento das opções de tratamento para o câncer de mama, a decisão sobre a escolha do tratamento mais adequado está ficando cada vez mais complexa.
"Melhorias no tratamento e no resultado para pacientes com câncer de mama vão envolver a melhoria das metas de terapias apropriadas para as pacientes. (Mas) deve ser igualmente importante o aprimoramento de estratégias paralelas para evitar tratamentos desnecessários ou impróprios e efeitos colaterais", disse.
'Assinatura'
No estudo, os cientistas procuraram pela "assinatura" de cada tipo de câncer em 1.073 amostras de tumores, recolhidas em um banco de tecidos. Os autores descobriram que 93% dessas amostras se encaixavam bem em um dos sete tipos, enquanto as 7% restantes foram mais difíceis de se encaixar em uma categoria.
Outros exames das amostras revelaram que os sete tipos de câncer de mama são definidos por combinações e níveis diferentes de dez proteínas encontradas nessas células cancerosas. Elas incluem duas proteínas que já são identificadas rotineiramente em células de câncer de mama – o receptor de estrogênio (ER) e o gene HER2, além de outras que não são testadas atualmente, como a p53, HER3, HER4a e a citoqueratina.
Apesar do otimismo dos pesquisadores, Emma Smith, do departamento de informação científica da ONG britânica Cancer Research UK, afirma que são necessárias mais estudos nessa área.
"A pesquisa e as novas tecnologias estão começando a nos dar uma ideia do que está por vir nessa área. Mas não está claro se essa série de marcadores dará aos médicos mais informações úteis do que os exames que já são feitos", disse.
"Vamos precisar de resultados de outros estudos ou testes clínicos para afirmar com certeza se essa abordagem pode ser boa para identificar tratamentos diferentes e melhorar a sobrevivência para as mulheres com câncer de mama."

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Exames que identificam o câncer de mama

Um exame que mede a densidade do osso da bacia e outros métodos para prever o risco de tumores e flagrar o câncer em fase muito inicial

 Adriana Toledo
Exame de mamas
Ilustração: Sandro Castelli

Incansáveis, cientistas mundo afora vivem no encalço de pistas que levem ao tumor de mama. Não à toa. Esse é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres e a segunda maior causa de morte, entre elas, em todo o planeta. A investigação árdua, que não costuma desprezar nenhum indício de perigo, agora aponta o osso da bacia como mais um parâmetro para avaliar a suscetibilidade à doença.
 
Os desbravadores desse caminho promissor são daUniversidade do Arizona, nos Estados Unidos. Durante oito anos, eles avaliaram a densidade óssea de cerca de 10 mil voluntárias na pós-menopausa. E constataram que as donas de ossos extremamente fortes corriam um risco 25% maior de adoecer. Ou seja, se por um lado até poderiam comemorar a ausência de osteoporose, por outro precisariam ficar ainda mais alertas para o risco do câncer em sua fase silenciosa, isto é, quando não dá sinais visíveis nem é palpável. 
 
A essa altura, você deve estar traçando a seguinte linha de raciocínio: se o cálcio deixa os ossos duros de roer e se é verdade que um esqueleto em dia pode até predispor à doença, não seria melhor abolir o leite, o queijo e outros alimentos ricos no mineral? Mude o rumo do seu pensamento já! "O mecanismo em discussão é o da retenção de cálcio, e não o da ingestão", tranquiliza Makdissi. "É bom lembrar que a atividade física também fortalece os ossos e jamais será acusada de causar a doença", frisa a radiologista Suzan Goldman, da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. 
 
Outra coisa que pode causar confusão nessa história é o fato de os exames preventivos de imagem muitas vezes mencionarem a expressão microcalcificações nos resultados. Sim, as tais microcalcificações nas mamas podem ser o prenúncio de um câncer lá longe - nem sempre, mas podem. No entanto, elas não têm relação com a densidade óssea. 
 

Quando fazer exames?

"É essencial que todas as mulheres acima de 40 anos se submetam a uma mamografia uma vez por ano. Ela é o principal exame para detectar a doença", destaca a mastologista Maira Caleffi, presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama, a Femama. Jovens com alto risco devem iniciar esse controle mais cedo, a partir dos 30. “Quem tem parentes de primeiro grau com a doença deveria, em alguns casos, fazer um teste genético para avaliar seus riscos", sugere a médica. "Aquelas que fazem reposição hormonal há mais de cinco anos, as que tomam anticoncepcional, as que menstruaram pela primeira vez antes dos 12 ou tiveram menopausa tardia e, por isso, ficaram mais tempo expostas à ação do hormônio estrogênio também integram o grupo de risco e não devem se descuidar", alerta o oncologista Auro del Giglio, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. 
 
Em caso de qualquer alteração ser encontrada, torna-se fundamental discutir as possibilidades de intervenção com o médico. Alguns tipos de calcificação não devem preocupar. Outros precisam de acompanhamento semestral até se ter certeza de que não há nada de ruim por trás das partículas de cálcio aglomeradas. Quando o risco de ser encrenca é alto, alguns especialistas preferem tirar a lesão. Uma medida radical, a mastectomia profilática, consiste na retirada das mamas e na colocação de próteses.
 
Quando os exames flagram de fato um câncer, não se deve perder tempo. "Enquanto o tumor tiver até 1 centímetro, a possibilidade de cura é enorme e os procedimentos, mais simples. Depois disso, a chance de sobrevida começa a diminuir, e a doença vai exigir tratamentos mais agressivos, como a quimioterapia", avisa Maira Caleffi. Examinar e investigar, portanto, são palavras de ordem para prevenir e, se for o caso, arrancar o mal do peito.
 
Opções para o futuro 
Duas novas apostas para o diagnóstico são experimentadas nos Estados Unidos. A primeira é um aparelho chamado Z-Tech Scan. Cientistas do Medical College of Georgia já o testaram com sucesso em mulheres de 40 a 50 anos. O método consiste na colocação de eletrodos em volta de cada mama para obter a imagem. "Sua vantagem é dispensar a radiação e a compressão dos seios, que sempre gera reclamações", diz a SAÚDE uma das pesquisadoras, Charlene Weathers. A outra técnica é o CT Scan, a popular tomografia computadorizada, que está sendo usada na Universidade da Califórnia para checar a saúde mamária. "Ela fornece imagens que possibilitam uma avaliação muito precisa, mesmo em casos de mama densa ou presença de calcificações", comenta John Boone, que acompanha os testes para medir a eficácia do tomógrafo na luta para prevenir a doença.
 

Flagra no tumor 

Teste genético 
Em casos específicos de alto risco familiar, o especialista pode solicitar um teste de sangue para checar se os genes BRCA 1 e 2 são perfeitos. "Eles são responsáveis por reparar o material genético, o DNA das células", explica o oncologista Auro del Giglio. Em outras palavras, consertam falhas, suprimindo ordens para a multiplicação desenfreada típica de uma célula maligna. "Quem tem duas familiares que ficaram doentes com menos de 50 anos deve se submeter ao exame", opina Maira Caleffi . "Ou basta ter uma mulher na família que teve o câncer nas duas mamas ou, ainda, em uma mama e nos ovários." Último alerta: homens também podem ser vítimas de câncer de mama, embora neles isso seja raro. Portanto, parentes do sexo masculino com a doença também levam à sugestão do teste genético. 
 
Ressonância magnética 
Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária há poucos meses, o aparelho Mammotome MRI acaba de chegar ao Brasil, trazido pela empresa Johnson & Johnson. "Trata-se de um exame de imagem ideal para detectar tumores em mulheres que têm um tecido da mama muito denso ou próteses", explica Suzan Goldman. Também permite uma técnica de biópsia minimamente invasiva. Muitas vezes, esse procedimento evita a cirurgia aberta ou a facilita, localizando e determinando a extensão do tumor de forma muito precisa. Porém, ainda há poucos profissionais aptos a fazer essa ressonância no país. Por ser mais sensível que a mamografia e o ultrassom, não raro apresenta resultados falsos-positivos. Então, só é indicada em casos específicos. Nos Estados Unidos, no entanto, a Sociedade Americana de Câncer já a recomenda como método de diagnóstico de rotina. 
 
Mamografia 
Insubstituível, ela ainda é a número 1 no rastreamento do mal. Por meio da compressão dos seios, emite raios X para vasculhar o tecido mamário em busca de alterações mínimas. Um dos avanços recentes é a versão digital. Mas, cá entre nós, tanto ela quanto o método convencional fornecem resultados satisfatórios. "Os demais exames ajudam no diagnóstico, mas a mamografia anual é que não pode faltar", garante Maira Caleffi . Lembre-se: qualquer recurso de imagem depende da interpretação de um radiologista experiente. Procure um centro de diagnóstico cadastrado no Colégio Brasileiro de Radiologia, que regulamenta a atividade (www.cbr.org.br). 
 
Ultrassonografia 
O médico se vale de um aparelho que emite ondas sonoras, conduzidas com o auxílio de um gel, que voltam e formam imagens em um computador. Elas são capazes de entregar anomalias. "A técnica é eficaz para diferenciar um nódulo sólido de um cisto. Ou seja, é um exame complementar da mamografia", esclarece Maira Caleffi . "A mamografia, feita em mamas densas ou com próteses, costuma confundir o especialista em 20% dos casos. Aí, o ultrassom entra em cena para evitar enganos", completa Suzan Goldman. 
 
Biópsia 
Há casos em que nenhum exame de imagem afirma com clareza se é mesmo um tumor de mama. Aí não tem outro jeito a não ser colher uma amostra do tecido suspeito para análise em laboratório. "Atualmente, é possível fazer a coleta por meio de uma agulha fina", tranquiliza Suzan Goldman. Se o resultado é positivo, a retirada do tumor é obrigatória.
 

Cistos, nódulos e calcificações

Muita gente, ao ler um desses termos no resultado de um exame de imagem, fica sem entender nada. É o seu caso? Vamos à tradução: 
 
Cisto
É uma alteração inofensiva do tecido, preenchida por líquido. Em apenas alguns casos, precisa ser drenado. 
 
Nódulo 
É uma formação sólida que, na maioria das vezes, é benigna, mas, sim, pode ser um câncer. 
 
Calcificação 
Pode ser comparada ao dedo-duro de um tumor, mas nem sempre sua presença acusa a doença. "As células mamárias produzem leite e, para isso, precisam de cálcio", explica a mastologista Fabiana Makdissi. "Em algumas mulheres, o mineral se esparrama no tecido uniformemente, sem provocar alarme. O problema é quando ele se acumula de um jeito estranho, irregular. Aí, possivelmente, ele está grudado em uma cicatriz, em um cisto ou, sim, em um tumor."

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Brasileiros criam teste rápido para detectar leucemia

GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

Pesquisadores da USP de São Carlos desenvolveram um método que usa nanopartículas para fazer um diagnóstico rápido da leucemia.
O câncer no sangue é mais trabalhoso de ser identificado porque não há a formação de um tumor sólido. As células cancerosas ficam em circulação. Hoje, apesar de rotineiro e bem estabelecido, o processo é longo e envolve uma série de componentes laboratoriais importados e de alto custo.
"Um dos principais gargalos ao atendimento de saúde no Brasil é o diagnóstico. Se nós criarmos estratégias para que ele seja mais rápido e barato, poderemos salvar vidas", diz Valtencir Zucolotto, do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia da USP de São Carlos.
Hoje, há diversos testes de diagnóstico de leucemia, com maior ou menor grau de complexidade. Além de detectar as células cancerosas, exames mais específicos podem informar ainda o subtipo da doença. Quanto mais detalhada for a análise, mais caro o exame. Alguns ultrapassam os US$ 2.000.
Segundo o Zucolotto, o método poderia ser uma alternativa para um diagnóstico rápido para pacientes com suspeita da doença, uma primeira abordagem para ver se há necessidade de fazer exames mais completos.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
Para realizar o teste, os cientistas se aproveitaram de uma característica das células cancerosas: a produção excessiva de açúcares.
A partir daí, o grupo isolou em laboratório uma proteína, a jacalina --que, como o próprio nome indica, é extraída da jaca--, que é fortemente atraída por esses açúcares.
"Usando uma proteína de origem vegetal se simplifica mais o processo. Não há necessidade, por exemplo, de usar cultura de bactérias", explica Valeria Maragoni, doutoranda da USP e autora principal do trabalho, que foi publicado na revista especializada "Colloids and Surfaces B: Biointerfaces".
A proteína foi usada então como revestimento em uma nanopartícula: uma bolinha de ouro cerca de mil vezes menor do que a própria célula cancerosa.
Para fazer o teste, os cientistas retiram uma amostra de sangue do paciente e a deixam em contato com as nanopartículas por três horas. Depois, o material é enxaguado e passa por centrifugação.
Por fim, ele é analisado em um microscópio de fluorescência simples.
No microscópio, as células cancerosas são então facilmente identificadas porque, após a ligação com as nanopartículas, elas passam a ter uma coloração fluorescente, enquanto as células saudáveis não têm modificação.
Por enquanto, o trabalho está restrito a pequenas escalas em laboratório, mas os cientistas buscam parceiros para transforma-lo em uma opção real de diagnóstico.
O grupo já fez o pedido de patente da técnica.
LONGO CAMINHO
Para Fernando Augusto Soares, diretor de Anatomia Patológica do A.C. Camargo Cancer Center, o estudo dos açúcares das células cancerosas é um caminho muito promissor. Ele ressalta, porém, que o estudo do grupo da USP ainda é muito inicial.
"É um ambiente controlado de laboratório, diferente do diagnóstico 'da vida real'. Isso ainda me parece distante de uma aplicação."
O hematologista Carlos Chiattone, professor de medicina da Santa Casa de São Paulo, diz que não basta identificar se o paciente tem ou não leucemia. É importante investigar as características do câncer em cada indivíduo.
"Conhecendo isso podemos fazer um tratamento mais individualizado, cada vez mais efetivo e com menos efeitos colaterais."

domingo, 27 de outubro de 2013

Muito açúcar no sangue pode levar a problemas de memória

Estudo alemão mostrou que mesmo níveis de glicose acima do normal, mas abaixo do considerado um risco à saúde, prejudicam a cognição

Açúcar: Segundo estudo alemão, níveis elevados de glicose no sangue são prejudiciais à memória
Açúcar: Segundo estudo alemão, níveis elevados de glicose no sangue são prejudiciais à memória (Thinkstock)
Um novo estudo alemão concluiu que taxas elevadas de açúcar no sangue estão associadas a um maior risco de problemas de memória. De acordo com a pesquisa, essa chance existe mesmo quando os níveis de açúcar estão abaixo do que é considerado como um quadro de diabetes ou pré-diabetes. Os resultados foram publicados nesta semana na revista Neurology.
A taxa de açúcar na corrente sanguínea de uma pessoa corresponde à quantidade de glicose por mililitro de sangue. Para controlar os níveis de glicose no organismo, o corpo conta com a ajuda da insulina, hormônio que tira o açúcar da corrente sanguínea e o leva para dentro das células. A ação da insulina é insuficiente em diabéticos, que precisam de medicações para que possam controlar a taxa de glicose no sangue.
A nova pesquisa, feita na Charité–University Medicine, em Berlim, avaliou 141 pessoas de 50 a 80 anos que não tinham diabetes e nem problemas de memória. Elas foram submetidas a exames de sangue e de imagem do cérebro depois de passarem 10 horas sem comer. Os participantes também realizaram um teste de memória. Nele, ouviram 15 palavras e, depois, precisaram repeti-las várias vezes.
Os cientistas observaram que as pessoas que apresentaram os maiores níveis de açúcar no sangue em jejum, no geral, se saíram pior no teste de memória do que aquelas que tinham as menores taxas de açúcar. Isso ocorreu mesmo quando os participantes apresentavam níveis de açúcar no sangue acima do normal, mas abaixo do que é considerado como um quadro de diabetes tipo 2.

sábado, 26 de outubro de 2013

Dengue tipo 5 é descoberta na Ásia

Novo sorotipo do vírus pode estar circulando entre macacos. Doença também já atinge países não-tropicais
Bangcoc. Cientistas descobriram um novo tipo do vírus da dengue na Ásia, segundo a revista "Science". Os dados sobre o suposto vírus de tipo 5 da doença foram apresentados numa conferência realizada esta semana, em Bangcoc, na Tailândia. A descoberta pode tornar ainda mais difícil o desenvolvimento de uma vacina contra a doença.

Principal vetor, mosquito Aedes aegypti se reproduz preferencialmente em ambientes com água parada e limpa, embora possa se adaptar a outros hábitats. Daí, a importância de se cobrir objetos que possam acumular o líquido FOTO: REUTERS

Pesquisadores encontraram o vírus por acaso em amostras recolhidas durante um surto na região de Sarawak (Malásia), em 2007. O micro-organismo era diferente dos quatro sorotipos conhecidos da dengue, o que foi confirmado por sequenciamento genético. O anúncio foi feito pelo virologista Nikos Vasilakis, da Universidade Texas Medical Branch, nos EUA.

A dengue 5 tem sido associada a um surto em seres humanos. Mas Vasilakis suspeita que ela está circulando, possivelmente entre os macacos, nas florestas malaias.

De acordo com o especialista da NUS Graduate Medical School Duke (Cingapura), Duane Gubler, "a descoberta pode mudar a maneira como pensamos a evolução do vírus".

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde, disse que está acompanhando os estudos sobre a dengue, incluindo a do tipo 5, e que a descoberta do novo vírus não vai trazer impactos para as pesquisas já em curso para o desenvolvimento de uma vacina.

Contudo, ainda não existe nem medicamento contra a doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Os sintomas são febre e dores musculares e nas articulações. Normalmente, o próprio organismo enfrenta e supera a doença. Eventualmente, a dengue progride para a forma hemorrágica, o que acontece com mais frequência quando a pessoa é infectada pela segunda vez, mas com um tipo diferente de vírus.

Com isso em mente, os desenvolvedores de vacinas têm se esforçado para proteger contra os quatro tipos simultaneamente, mas a descoberta de outro sorotipo aumenta o risco de complicações e desafia os pesquisadores da doença.

Dengue se espalha

Apesar de programas de controle lançados na década passada, os casos de dengue estão aumentando no mundo. A incidência global é estimada em 390 milhões de casos por ano, segundo um estudo publicado em abril na "Nature". O número de mortes, no entanto, ainda é considerado baixo, no geral, porque o acompanhamento e tratamento de casos graves melhorou.

A doença, tida como tropical, está se tornando uma ameaça mais generalizada, na medida em que as temperaturas médias mundiais aumentam.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Maioria das pessoas com psoríase sofre de outro problema de saúde

Pesquisa brasileira revela que a psoríase, uma inflamação crônica da pele, está relacionada a condições como obesidade, hipertensão e depressão

Psoríase: lesões podem cobrir de 3% a 10% do corpo
Psoríase: lesões podem cobrir de 3% a 10% do corpo (Thinkstock)
Uma pesquisa inédita revelou que 70% dos brasileiros que têm psoríase — uma doença inflamatória crônica da pele — apresentam ao menos um problema de saúde relacionado à doença, como obesidade, hipertensão e depressão. A psoríase afeta de 1,5% a 3% da população mundial e se caracteriza pela formação de placas vermelhas principalmente nos joelhos, cotovelos e couro cabeludo. Em alguns casos, há também inflamação nas articulações.

Saiba mais

PSORÍASE
A psoríase é uma doença autoimune, crônica e não contagiosa que afeta de 1,5% a 3% da população mundial. Ela se caracteriza por inflamações na pele manifestadas por manchas vermelhas, espessas e descamativas, que aparecem, em geral, no couro cabeludo, cotovelos e joelhos. Em outros casos, pode se espalhar por toda a pele e também atingir as articulações.
A enfermidade atinge igualmente homens e mulheres, e costuma surgir antes dos 30 e após 50 anos. As causas não são exatas, mas a doença tem um forte componente genético e pode ser desencadeada por infecções, medicamentos anti-inflamatórios, obesidade, clima (mais comum em lugares frios), stress e consumo de cigarro e álcool.
O tratamento pode ser feito com cremes, medicamentos orais e fototerapia. Há também a opção dos imunossupressores, mas estes são muito caros (o tratamento pode custar até 100 000 reais por ano) e não cobertos pelo SUS para pessoas com psoríase. Os imunossupressores são recomendados a pacientes que não responderam às outras abordagens.
Ainda não se sabe ao certo por que a psoríase está associada a outras doenças. Para especialistas, uma possível causa é a mudança de comportamento do paciente ao ser acometido pela psoríase.
"A pessoa se sente envergonhada com as lesões na pele, fica mais retraída e desenvolve um comportamento depressivo ou hábitos que levam à obesidade", diz Ricardo Romiti, dermatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e um dos autores do estudo, divulgado nesta quinta-feira.
Outra possível explicação é que a lesão cutânea ajuda a desencadear processos inflamatórios no resto do organismo, aumentando o risco de doença coronariana, por exemplo.
Alto risco — De acordo com o estudo, feito pelo laboratório Janssen, dentre as pessoas com psoríase que apresentam alguma enfermidade associada, a maioria (75%) tem sobrepeso ou obesidade. Outras associações comuns são hipertensão (32%), colesterol alto (25%) e diabetes (17%), fatores de risco para cardiopatias.
A pesquisa também forneceu evidências de que pessoas com psoríase apresentam um risco maior de desenvolver problemas emocionais, como ansiedade (39%), depressão (26%) e alcoolismo (17%).
"Isso não significa que uma pessoa com uma lesão decorrente de psoríase vai enfartar, mas sim que pacientes com formas graves da doença correm um maior risco de ter algum problema cardíaco ou psicológico", diz Romiti.
Os dados foram baseados em um levantamento com 877 pacientes atendidos em 26 centros especializados em psoríase localizados em dez estados brasileiros. Os participantes tinham, em média, 48 anos. Metade deles apresentava um grau leve da doença, ou seja, as feridas cobriam até 10% do corpo – para efeito de comparação, a palma da mão cobre 1%. O restante manifestava formas moderada ou grave da condição.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cientistas japoneses apresentam aparelho para detectar câncer de mama em casa

O dispositivo, produzido após oito anos de pesquisas, aumenta as probabilidades de cura ao detectar a doença no estágio inicial

AFP
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Cientistas japoneses apresentaram nesta quinta-feira um dispositivo para detectar o câncer de mama na casa da paciente, um aparelho que pode revolucionar a detecção da doença no estágio inicial.

O dispositivo, produzido após oito anos de pesquisas pelo laboratório de engenharia medica Newcat da Universidade Nihon, tem a forma de uma bola que cabe na palma da mão.

O aparelho possui um mecanismo captor de diodo emissor de luz LED e um fototransistor que, ao entrar em contato com o seio, detecta um eventual acúmulo de sangue, o que pode estar relacionado com um tumor cancerígeno, explicou o professor Mineyuki Haruta.

Este pequeno instrumento permite a detecção prematura do câncer de mama, um fator decisivo que aumenta as probabilidades de cura. "O aparelho está pronto, mas somos uma universidade e não temos possibilidades de fabricá-lo e vendê-lo. Estamos buscando uma empresa que possa produzi-lo e comercializá-lo", disse Haruta. "Esperamos que as mulheres possam utilizar algum dia este aparelho, a um preço inferior a 20.000 ienes (150 euros)", completou.

Governo concede registro a 650 profissionais do Mais Médicos

Lei sancionada na última terça-feira tirou dos conselhos regionais de medicina a excluvidade de conceder os registros provisórios aos intercambistas

Médicos estrangeiros do programa "Mais Médicos", visitam a Casa de Apoio à saúde Indígena
Médicos estrangeiros do programa "Mais Médicos", visitam a Casa de Apoio à saúde Indígena (Ueslei Marcelino/Reuters)
O Ministério da Saúde divulgou nesta quinta-feira a lista dos primeiros médicos intercambistas – brasileiros e estrangeiros formados no exterior – que receberam registro para atuar no Programa Mais Médicos. A portaria, publicada no Diário Oficial da União, traz mais de 650 nomes autorizados a trabalhar no país.
A medida estava prevista pela Lei do Mais Médicos, sancionada na última terça-feira pela presidente Dilma Rousseff. O texto que entrou em vigor deu ao Ministério da Saúde a competência de conceder os registros provisórios aos intercambistas. Até então, essa prerrogativa era exclusiva dos conselhos regionais de medicina. Desde o início do programa, os profissionais enfrentavam dificuldades para obter os registros.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 1 300 médicos já estão atuando no programa. A meta é atingir 3 500 até o fim do mês e 13 000 em abril do ano que vem. A vinda dos médicos estrangeiros – a maioria de Cuba – é uma das apostas da presidente para garantir sua reeleição em 2014.
Em seu pronunciamento durante a cerimônia que sancionou a lei, Dilma reafirmou o "dever de atender a todos os brasileiros que demandam os serviços de saúde pelo Brasil afora". Na ocasião, ela pediu desculpas ao médico cubano Juan Delgado, vaiado por médicos cearenses ao desembarcar no Brasil.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

No Brasil, 34% dos diabéticos não sabem se têm tipo 1 ou 2 da doença

A maioria da população desconhece as causas mais comuns da moléstia, que afeta 13,4 milhões de brasileiros

Vivian Carrer Elias
Diabetes: Cirurgia bariátrica ajuda a manter a doença sobre controle, apontam pesquisas
Diabetes: Enquanto o tipo 1 é uma doença autoimune, o tipo 2 é consequência principalmente do sobrepeso (Thinkstock)
O diabetes é uma doença cada vez mais prevalente no mundo. Só no Brasil afeta cerca de 13,4 milhões de pessoas — o país é o quarto no mundo com o maior número de diabéticos, ficando atrás somente da China, Índia e Estados Unidos. Mesmo assim, muitas características da moléstia ainda são pouco conhecidas – e muitas vezes compreendidas de forma errada. Um estudo da Sociedade Brasileira de Diabetes revelou que 34% das pessoas diagnosticadas com a doença não sabem se sofrem de diabetes tipo 1 ou 2 – um dado muito preocupante, já que ambos os problemas têm causas, complicações e tratamentos diferentes um do outro. Além disso, a maior parte dos entrevistados revelou desconhecer que o risco e o agravamento do diabetes tipo 2 estão relacionados ao sedentarismo e ao tabagismo. A maioria das pessoas associa a enfermidade apenas ao consumo de açúcar.
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, isto é, que acontece quando o corpo passa a atacar o próprio organismo. Nele, o pâncreas deixa de produzir quantidade suficiente de insulina, o hormônio que ajuda a controlar a taxa de açúcar no sangue. Pessoas com a condição precisam medir seus níveis de glicose várias vezes ao dia e repor a insulina por meio de injeções.
O tipo 2 da doença, por outro lado, não é um defeito do sistema imunológico, mas sim consequência principalmente do excesso de peso. O fator genético, ou seja, o histórico da moléstia na família, também aumenta o risco da condição. Segundo Luiz Turatti, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, manter um peso saudável, praticar atividades físicas e não fumar são as melhores formas tanto de diminuir o risco da enfermidade quanto de evitar que ela se agrave.
"Não existem alimentos que provocam diretamente a doença. O principal causador é a obesidade, que é uma consequência do consumo de alimentos calóricos", disse Turatti. "O açúcar sozinho não causa o diabetes, mas sim o hábito de consumir muitas calorias", disse Balduino Tschiedel, presidente da sociedade, durante a apresentação da pesquisa, nesta terça-feira.
Falta de conhecimento — No levantamento, foram entrevistadas 1.106 pessoas de 18 a 60 anos que moravam em seis capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Recife. Entre os participantes, 9% disseram ter diabetes. Quando questionados sobre qual tipo da doença tinham, 37% afirmaram sofrer do tipo 1; 29%, do tipo 2; e 34% não souberam responder. "Seguramente os pacientes estão fazendo uma confusão. O diabetes tipo 2 representa cerca de 90% de todos os casos", disse Tschiedel.
A maior parte dos entrevistados (85%) disse acreditar que o diabetes tipo 2 tem prevenção. Para eles, a principal forma de evitar a doença é reduzir o consumo de açúcar: 87% consideram que cortar o alimento diminui o risco da condição. Em seguida, foi apontado o menor consumo de gordura com forma de prevenir o diabetes tipo 2, mas somente 37% das pessoas se lembraram dessa medida. Os entrevistados também listaram praticar atividade física (30%), manter um peso saudável (21%), seguir uma dieta rica em fibras (13%) e não fumar (11%).
Somente 28% dos participantes consideraram que os exercícios físicos podem controlar o diabetes em pessoas que já têm a enfermidade – e nenhum deles se lembrou do tabagismo como um dos fatores capazes de piorar o quadro do diabetes tipo 2. "Manter o peso saudável e praticar exercícios deveriam estar no topo da lista dos principais fatores que previnem o diabetes e ajudam a tratar a doença", disse Tschiedel. O médico lembra que reduzir o peso não cura a doença, mas sim ajuda a melhorar a resistência à insulina, o que impede que a moléstia se agrave e evita o uso de mais medicações.

12 formas evitar o diabetes tipo 2

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Perca a barriga

Um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2 é o acúmulo da gordura visceral, ou seja, a gordura acumulada na região abdominal que também se concentra no fígado e entre os intestinos. “Essa gordura obriga o pâncreas a produzir cada vez mais insulina para que a glicose consiga entrar nas células. Esse excesso estimula uma série de mudanças no metabolismo, como aumento da pressão arterial e das taxas de colesterol no sangue”, explica Carlos Alberto Machado, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Portanto, o ganho de peso pode significar o aumento da gordura visceral e, consequentemente, do risco de diabetes tipo 2.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Dilma sanciona lei do Mais Médicos em cerimônia no Planalto

Presidente disse que considera programa 'dos mais importantes' do governo
Ela pediu desculpas a médico cubano que foi hostilizado em Fortaleza.

Juliana Braga Do G1, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff sancionou nesta terça-feira (22) a medida provisória que institui o Mais Médicos, programa do governo federal que tem o objetivo de levar profissionais brasileiros e estrangeiros para atender a população em áreas carentes das periferias de grandes cidades e no interior do país. O texto foi aprovado por Câmara e Senado no início do mês.
"É um programa que eu considero dos mais importantes do meu governo. E eu quero manifestar aqui publicamente o meu agradecimento à Câmara e ao Senado que, mais uma vez, demonstraram sua sensibilidade aos grandes problemas nacionais e também uma capacidade de compartilhar decisões que são cruciais e que são importantes para o país com o Executivo", afirmou.
A presidente Dilma Rousseff cumprimenta médicos antes da sanção da lei que institui o Programa Mais Médicos, em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)A presidente Dilma Rousseff cumprimenta médicos antes da sanção da lei que institui o Programa Mais Médicos, em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
O Ministério da Saúde poderá, a partir desta quarta (23), quando a lei for publicada no "Diário Oficial da União", emitir registros provisórios para profissionais estrangeiros que ainda não obtiveram o documento. A possibilidade de o ministério conceder os registros foi incluída no texto da MP porque médicos estrangeiros contratados pelo programa estavam com dificuldades para conseguir os registros nos conselhos regionais de medicina. De acordo com o governo, em alguns casos os conselhos estavam exigindo dos profissionais estrangeiros documentos para obter o registro além daqueles exigidos pela MP.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, atualmente 196 médicos estrangeiros contratados pelo Mais Médicos estão no país sem poder atuar por falta do registro.
Antes de começar seu discurso no evento, a presidente fez um pedido de desculpas ao médico cubano Juan Delgado, presente à cerimônia, que foi hostilizado em Fortaleza durante um ato contra o Mais Médicos. Na ocasião, em agosto, os estrangeiros que tinham chegado recentemente ao país foram xingados de “escravos” e "incompetentes" por manifestantes contrários ao programa.
"Primeiro eu quero cumprimentar o Juan, não apenas pelo fato de ele ter sofrido um imenso constragimento quando chegou ao Brasil, porque do ponto de vista pessoal e em nome do governo, eu tenho certeza, do povo brasileiro, eu peço nossas desculpas a ele", afirmou.
Presidente Dilma Rousseff, o médico cubano Juan Delgado e o Ministro da Saúde Alexandre Padilha durante sanção da lei que institui o Programa Mais Médicos.  (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)Presidente Dilma Rousseff, o médico cubano Juan Delgado e o Ministro da Saúde Alexandre Padilha durante sanção da lei que institui o Programa Mais Médicos. (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Ela ainda dirigiu um agradecimento a todos profissionais que vieram de fora do país. Para ela, eles demonstram "imenso carinho" com o povo brasileiro.
"Mais uma vez finalizo agradecendo aqueles que não trouxeram sua família, que estão com saudade e que demonstram imenso carinho ao povo brasileiro. Eles vieram nos apoiar, nos ajudar. Esse país vai ficar eternamente grato a vocês. Talvez essa participação de vocês seja a mais perfeita, a mais completa, não só forma de integração da América Latina e dos outros países, mas também é um atestado de cidadania brasileira", disse Dilma.
Manifestantes ligados ao Sindicato dos Médicos do Ceará realizam protesto durante a saída do grupo de 79 médicos cubanos de aula inaugural (Foto: Jarbas Oliveira/Folhapress)Em agosto, manifestantes ligados ao Sindicato dos Médicos do Ceará hostilizaram grupo de 79 médicos cubanos contratados pelo Mais Médicos (Foto: Jarbas Oliveira/Folhapress)

Confira dicas para reduzir o desconforto em viagens de avião

Inchaço nas pernas e ressecamento de pele e olhos são comuns.
Cuidados para diminuir incômodos começam antes da decolagem.

Do G1, em São Paulo
Corredor de avião
(Foto: Creative Commons/Uggboy)
Corredor de avião (Foto: Creative Commons/Uggboy) Inchaço nas pernas, barriga estufada, pressão no ouvido, ressecamento dos olhos e da pele... Incômodos como esses são comuns durante viagens de avião, principalmente nas de longa duração, mas podem ser evitados ou, ao menos, reduzidos.
Confira a seguir dicas elaboradas a partir da sugestões da presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial, Vânia Melhado, e da “Cartilha de Medicina Aeroespacial”, do Conselho Federal de Medicina:
1- AlimentaçãoOs cuidados devem começar antes do voo. A partir do dia anterior ao embarque, evite bebidas gasosas, comidas ricas em fibras e que fermentem (como feijão, repolho e pepino), pois isso vai piorar a sensação de inchaço na barriga, comum entre os passageiros.

Evite, também, bebidas alcoólicas, pois o álcool diminui a capacidade de as células cerebrais utilizarem o oxigênio –que está diminuído a bordo da aeronave.
As mesmas recomendações alimentares valem durante o voo. Evite os alimentos acima e prefira comer massas e beber água e sucos de frutas.
Para manter a hidratação, recomenda-se beber um copo de água ou suco a cada duas horas de voo.
2) EnjoosQuem costuma ter enjoos durante a viagem deve tentar se sentar em uma poltrona na janela, preferencialmente perto da asa.

Também vale evitar a ingestão excessiva de líquidos, comida gordurosa, condimentos e refrigerantes.
3) Inchaço nas pernasÉ um dos sintomas mais comuns durante o voo, e surge devido ao grande tempo sentado. É possível evitar o problema mesmo sem sair da poltrona: movimente a batata da perna e faça exercícios de rotação com os pés.

Quem costuma sentir mais desconforto pode também usar meias elásticas em viagens acima de quatro horas, o que reduz bastante o problema.

4) AlergiaPessoas com rinite ou outro tipo de alergia devem levar soro ou hidratante para o nariz, além de medicamentos específicos, caso estejam usando.

Antes do pouso, vale usar descongestionante nasal para evitar a dor causada pelo aumento da pressão no interior da orelha média.
Quem estiver em fase de crise deve conversar com o médico para obter orientações antes de viajar.
5) Olhos e peleLeve na bagagem de mão um hidratante e passe nas mãos, no rosto e em outros áreas do corpo que fiquem ressecadas.

O ideal é viajar sem lentes de contato, para evitar um ressecamento ainda maior do que ocorre normalmente com os olhos durante o voo. Se o passageiro estiver de lente durante a viagem, deve levar uma solução para umedecê-la durante o voo.

6) Incômodo no ouvidoNa hora do pouso, ocorre um aumento da pressão na região da orelha média, e é por isso que se sente uma sensação de semi-surdez no ouvido. Mascar chicletes ou apertar o nariz e depois soprar são dois truques para reduzir essa sensação.

No caso de bebês ou crianças muito pequenas, dê mamadeira ou chupeta um pouco antes do pouso. Isso também ajuda a reduzir essa pressão.

7) RemédiosNão se esqueça de levar na bagagem de mão medicamentos de uso contínuo.

Tomar remédios para dormir não é recomendado e pode ser perigoso. Se houver qualquer intercorrência e for necessário desembarcar rapidamente, o passageiro ficará prejudicado.

8) Doenças pré-existentes
Pessoas com doença cardíaca ou pulmonar crônica, mesmo que estiverem com o problema controlado, devem consultar o médico antes de viajar, para ver se é necessário fazer algum ajuste no tratamento.

9) "Jet lag" A diferença de fuso-horário pode causar, ao chegar ao destino, cansaço, dificuldade para dormir, irritabilidade e incompatibilidade entre a fome e os horários das refeições. Segundo um cálculo básico, para cada hora de fuso-horário a mais ou a menos, é necessário um dia para se adaptar.

Se sua viagem for durar poucos dias, o ideal é começar essa adaptação quatro ou cinco dias antes de embarcar. A recomendação dos médicos é tentar se aproximar o máximo possível do horário do destino. Se a diferença for de duas horas a mais, por exemplo, tente dormir e comer duas horas mais tarde do que está habituado. Se não for possível seguir exatamente o fuso, aproximar-se mais dele já ajuda.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Planos de saúde terão de ofertar 37 novos tratamentos para o câncer

Ministério da Saúde anunciou 87 novos procedimentos, incluindo exames e medicamentos, os quais as operadoras de saúde serão obrigadas a oferecer a partir de 2014

Marcela Mattos, de Brasília
Colesterol: pacientes que fazem cirurgia cardíaca deixam de tomar medicamento
Câncer: A partir de janeiro, usuários de planos de saúde poderão contar com mais 37 medicamentos contra a doença (Thinkstock)
O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira uma ampliação obrigatória dos serviços ofertados pelos planos de saúde. A partir de janeiro, os beneficiários vão ter direito a 87 novos procedimentos, entre exames e remédios. Desse total, 37 são medicações orais específicas para o tratamento domiciliar de câncer. As operadoras que não cumprirem a determinação estarão sujeitas a punições.
Poderão ser tratados em casa pacientes com tumores de grande incidência na população, como estômago, fígado, intestino, rim, testículo, mama, útero e ovário. De acordo com a pasta, a terapia domiciliar promove maior conforto ao paciente e reduz os casos de internação em clínicas e hospitais. “Com o avanço do tratamento do câncer, cada vez mais temos medicamentos orais que podem ser administrados fora do ambiente hospitalar. Essa é uma mudança importante no paradigma que passa a ser obrigatória para os planos de saúde”, explicou o ministro Alexandre Padilha.
O ministro ressaltou que esses tratamentos ultimamente são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Esse paciente pode optar por receber pela operadora e deixar de receber pelo SUS. Mas, no momento em que quiser obter o medicamento pela operadora, a oferta do SUS será suspensa a ele. E, se o paciente quiser o tratamento pela rede pública, vamos cobrar da operadora o ressarcimento”, explicou Padilha. Entre 2011 e 2013, as operadoras pagaram ao SUS quase 239 milhões de reais em reembolso.
Os outros novos procedimentos contemplam a cobertura obrigatória com fisioterapeutas e ainda aumentam de seis para doze a quantidade de sessões com especialistas nas áreas de fonoaudiologia, psicologia, nutrição e terapia ocupacional. Para situações que exigem um acompanhamento maior, como no caso de autismo ou retardo mental, os pacientes podem ter direito a até 48 sessões com fonoaudiólogos.
Também foram incluídos 28 novos tipos de cirurgia por vídeo, como para a retirada de cálculos na vesícula biliar e do útero e colo. O procedimento por meio de vídeos é considerado menos invasivos e podem reduzir os riscos ao paciente e o tempo de internação. Também será obrigatório, a partir do próximo ano, o tratamento de dores nas costas utilizando radiofrequência.
Veja também:
A lista dos procedimentos que serão oferecidos pelos planos de saúde
A lista dos remédios para tratamento do câncer que serão oferecidos pelos planos
Com a ampliação de exames e medicamentos ofertados, a expectativa do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é beneficiar 61 milhões de consumidores de planos de saúde e odontológicos.
Custos — A ampliação dos serviços pode acarretar um aumento no valor cobrado pelos planos de saúde. No entanto, a diferença não poderá chegar ao bolso do consumidor no próximo ano. “ANS somente vai calcular o impacto nos preços em 2015, quando o procedimento de aferição será feito a partir da observação da frequência de utilização e do impacto ao longo de 2014”, explicou André Longo, diretor-presidente da ANS. “Historicamente, é um impacto insignificante em relação a outros índices, como inflação e reajuste de honorários”, explicou o ministro Alexandre Padilha.
A agência e o Ministério da Saúde acreditam ainda que a possibilidade de adquirir os medicamentos em larga escala e de substituir as terapias venosas podem levar, inclusive, à diminuição dos custos, já que a expectativa é diminuir a quantidade de internações.
Punições — As operadoras que não ofertarem os novos procedimentos estão sujeitas a punições que vão de multas à suspensão dos planos. Atualmente, 246 planos de 26 operadoras estão com a comercialização de seus produtos suspensa por terem descumprido os prazos de atendimento ou negado algum tipo de cobertura. Desde 2011, quando a ANS passou a monitorar a atuação das concessionárias, 618 planos, de 73 delas, tiveram a comercialização temporariamente suspensa.

domingo, 20 de outubro de 2013

Quem dança seus males espanta

“Não é só chegar e dançar. Também não é apenas um exercício físico. Dançar é colocar o coração em harmonia com a música e sentir o contato com a alma.” A explicação de Miriam Galeano, bailarina e professora de flamenco do Instituto Flamenco Brasileiro de Arte e Cultura, mostra que a dança não se restringe a uma opção de atividade física para quem não gosta de academia. Além de tonificar os músculos e dar mais flexibilidade, ela faz com que o corpo crie conexões com os outros e consigo mesmo. Além disso, arriscar alguns passos faz com que as aulas transformem-se em momentos de relaxamento e, até mesmo, de terapia, completa Shara Kadosh, psicóloga e professora da escola de dança do ventre Kadosh Arte e Movimento.
São essas qualidades que têm atraí­­do cada vez mais gente às aulas de dança. “Ultimamente tenho visto que, não sei se por causa da vida agitada, do estresse ou do trabalho, as pessoas querem se desconectar do mundo e se conectar com a música”, explica Miriam. Quando chega à aula, com os problemas rondando a cabeça, a administradora Rúbia Mora dos Santos não permite que as preocupações tomem conta. Ela sabe que depois dos 90 minutos as dificuldades não parecerão mais tão intransponíveis. “Durante a aula, você não consegue pensar em outra coisa senão nos passos, no ritmo, no movimento. É uma válvula de escape, porque você acaba exteriorizando os sentimentos”, conta Rúbia.
Da euforia ao relaxamento, a importância da música
Antes mesmo dos movimentos se iniciarem, a música está presente. Seja qual canção estiver tocando, as alunas de flamenco não parecem mais estar na sala de aula, mas talvez em alguma calle (rua) da Andalucía. “Cada música traz uma sensação e um sentimento diferente, e varia muito para cada pessoa. Uma música acelerada, por exemplo, pode causar uma sensação de euforia, alegria, tensão ou um sentimento de relaxamento. Depende muito do estado de ânimo da pessoa naquele momento”, explica Miriam Galeano, do Instituto Flamenco Brasileiro de Arte e Cultura. “Uma aula falada não é tão boa quanto uma aula que você pode usar a música. Aqui temos o hábito de ter música ao vivo, o que também muda a percepção, deixa mais real”, explica Shara Kadosh.
A busca pela perfeita sincronia com o colega, o respeito aos movimentos e a convivência são etapas da dança que contribuem com as transformações individuais. “Ao longo do curso, percebemos as mudanças nos alunos. Eles ficam mais espontâneos, menos tímidos e fazem amigos. Vi alunos chegando sérios, sem permitir uma abertura, e saindo bem mais tranquilos”, relata Shara.
A professora do curso de dança da Faculdade de Artes do Paraná e co-criadora do Fórum de Dança de Curitiba, Marila Velloso, explica que os detalhes dos movimentos, como o toque e o olhar, fazem a diferença. “Nas danças de salão, ao pegar no braço de alguém, ou na dança circular, você sente a presença do companheiro ao lado, forma-se um vínculo, um contato visual que gera uma relação mais íntima”, comenta.
Para Walmir Secchi, proprietário do Centro de Dança Latina, as danças de salão têm forte conotação de resgate de si. “É o momento para interagir consigo mesmo e, conhecendo a si mesmo, passa a conhecer o outro”, comenta Secchi.
A alegria da era disco - Escondida em um pequeno estúdio na Rua Alferes Ângelo Sampaio, no bairro do Batel, a Disco Dance Company mantém viva a alegria das discotecas, com muitos alunos prontos para saírem do século 21 e voltarem à década de 1970. Há dois anos, duas vezes por semana, o empresário Marcel Luiz Bubniak dança, especialmente a disco, por recomendação médica. Tive um enfarte há três anos e meu médico me indicou a dança porque sou muito ansioso, aqui eu consigo esquecer de tudo. Ela faz o papel da acupuntura, da terapia. Estou bem desde que comecei a dançar, conta. Quem trouxe o administrador Marcos Carvalho pela primeira vez à aula de disco foi a esposa, a bancária Diocélia Carvalho, mas quem o manteve nas aulas nos últimos cinco anos foi a alegria. Sinto uma satisfação em vir dançar. Você esquece o mundo, esquece o trabalho e conseguimos formar uma turma muito legal. Nos reunimos sempre, conta Marcos que, inclusive, vai à caráter para a aula, com calça boca de sino e camisa estampada de bolinha; Após um enfarte, há três anos, o empresário Marcel Luiz Bubniak buscou na dança disco uma forma de reduzir a ansiedadeHugo Harada / Gazeta do Povo

SUS paga 201 consultas no mesmo dia para paciente

NATÁLIA CANCIAN
ENVIADA ESPECIAL AO MARANHÃO
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
Em um único dia, um paciente "conseguiu ser atendido" 201 vezes em uma clínica de Água Branca, no Piauí. A proeza não parou por aí -o valor das duas centenas de consultas foi cobrado do SUS. O mesmo local cobrou tratamentos em nome de mortos.
Casos assim explicam como, em cinco anos, cerca de R$ 502 milhões de recursos públicos do SUS foram aplicados irregularmente por prefeituras, governos e instituições públicas e particulares.
Esse meio bilhão, agora cobrado de volta pelo Ministério da Saúde, refere-se a irregularidades identificadas em 1.339 auditorias feitas de 2008 a 2012 por equipes do Denasus (departamento nacional de auditorias do SUS) e analisadas uma a uma pela Folha.
Um dos problemas mais frequentes são os desvios na aplicação de recursos -quando o dinheiro repassado a uma área específica da saúde é aplicado em outro setor, o que é irregular.
Também há casos de equipamentos doados e não encontrados, cobranças indevidas, problemas em licitação e prestação de contas, suspeitas de fraudes e favorecimentos.
Com o valor desviado, por exemplo, poderiam ser construídas 227 novas UPAs (unidades de pronto atendimento) ou, ainda, 1.228 novas UBS (unidades básicas de saúde). O orçamento do ministério em 2012 foi de R$ 91,7 bilhões.
Para burlar as contas do SUS, gestores falsificam registros hospitalares ou inserem em seus cadastros profissionais "invisíveis".
Em Nossa Senhora dos Remédios, também no Piauí, de 20 profissionais cadastrados nas equipes do Programa Saúde da Família, 15 nunca haviam dado expediente.
Em Ibiaçá (RS), remédios do SUS foram cedidos a pacientes de planos de saúde.

Felix Lima/Folhapress
Pacientes aguardam atendimento no hospital municipal de Miranda do Norte (MA)
Pacientes aguardam atendimento no hospital municipal de Miranda do Norte (MA)
As íntegras desses e de outras centenas de auditorias estão disponíveis no site do Denasus. Mas, para ter acesso às fiscalizações, a Folha pediu dados ao governo federal via Lei de Acesso à Informação.
A maior parte dos desvios foi constatada em auditorias cuja principal responsável pela gestão dos recursos era a prefeitura (73% do valor), seguido dos Estados (15%). O restante é dividido em clínicas particulares, instituições beneficentes e farmácias.
Das 1.339 auditorias analisadas pela Folha, 113 têm o ressarcimento calculado em mais de R$ 1 milhão cada.
Para o Ministério da Saúde, a soma das irregularidades das auditorias pode ser ainda maior, devido a novos relatórios complementares dos últimos meses.

sábado, 19 de outubro de 2013

Número de meninas com autismo pode ser maior do que o estimado

Pesquisadores acreditam que meninos, por serem mais propensos a 'problemas comportamentais', vão ao médico com maior frequência para serem avaliados. Consequentemente, têm mais chances de receber o diagnóstico

autismo
Autismo: Diagnóstico do transtorno é quatro vezes mais frequente entre meninos do que meninas (Thinkstock)
O autismo é um distúrbio quatro vezes mais prevalente no sexo masculino do que no feminino – é o que apontam os estudos epidemiológicos sobre o assunto. Os especialistas no assunto ainda não sabem ao certo o motivo dessa diferença, mas acreditam que ela pode ser explicada pelo fator genético. Um time de pesquisadores australianos, porém, acredita que é mais difícil fazer o diagnóstico de autismo em meninas do que nos meninos. Por esse motivo, talvez existam muitas jovens autistas sem o diagnóstico do distúrbio. 
“Os meninos costumam ter mais problemas de comportamento, como hiperatividade, do que as meninas, então eles são levados ao médico para serem avaliados com mais frequência do que elas”, diz Tamara May, pesquisadora da Universidade Monash, na Austrália, e coordenadora de um estudo sobre o assunto.
A pesquisa de Tamara, publicada na edição deste mês do periódico Journal of Autism and Developmental Disorders, analisou 56 crianças de 7 a 12 anos diagnosticadas com autismo e outras 44 crianças da mesma idade que não tinham o distúrbio.
O estudo não encontrou, entre as crianças autistas de ambos os sexos, diferenças significativas nos sintomas relacionados à condição. No entanto, os autores observaram que os meninos são mais propensos do que as meninas a apresentar outros distúrbios comportamentais não específicos do autismo, como a hiperatividade. E, consequentemente, são levados com mais frequência a consultas com médico ou psicólogo. "Trata-se de problemas comportamentais que os pais observam e dizem: ‘Tem algo de errado com essa criança, vamos levá-la a um psicólogo ou médico para ela ser avaliada'", diz Tamara.
Ou seja, embora o quadro de autismo seja semelhante entre meninos e meninas, o estudo concluiu que garotos têm mais problemas de comportamento que facilitam o contato com um especialista e o diagnóstico correto.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

DIA DO MÉDICO



Pesquisa indica como detectar Alzheimer cinco anos antes dos primeiros sintomas

A descoberta pode auxiliar no desenvolvimento de medicamentos capazes de postergar ou evitar o surgimento da doença

Alzheimer
Alzheimer: Níveis de duas proteínas específicas presentes no fluido que envolve o cérebro podem prever Alzheimer (Thinkstock)
Cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriram uma forma de detectar se os problemas de memória apresentados por um paciente podem evoluir para a doença de Alzheimer. Em um estudo, a equipe concluiu que níveis específicos de duas proteínas presentes no fluido cerebrospinal (líquido que envolve e protege o cérebro contra lesões) ajudam a prever o surgimento da doença até cinco anos antes do início dos sintomas.
Para os autores, a descoberta, publicada nesta quarta-feira na revista Neurology, pode auxiliar no desenvolvimento de medicamentos capazes de postergar ou evitar o surgimento do Alzheimer — atualmente, não existem drogas com esse efeito. Os pesquisadores acreditam que os testes feitos até agora falharam por terem sido realizados em pessoas que apresentavam sintomas relacionados ao Alzheimer e que possivelmente já haviam sido afetadas de forma mais grave pela doença. Acredita-se que a moléstia se desenvolva no cérebro pelo menos dez antes dos primeiros sintomas clínicos aparecerem.
“Quando vemos um paciente com pressão ou colesterol altos, não esperamos até que ele tenha uma insuficiência cardíaca para tratá-lo. O tratamento precoce em pessoas com doenças do coração evita que o problema se agrave, então é possível que o mesmo ocorra com indivíduos com Alzheimer pré-sintomático”, diz Marilyn Albert, professora de neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins e coordenadora do estudo.
Análise — A pesquisa de Marilyn se baseou em amostras de fluido cerebrospinal coletadas de 265 adultos saudáveis, entre 1996 e 2005. Durante o período da pesquisa e até o ano de 2009, os voluntários foram submetidos a diversos exames físicos e neuropsicológicos.
Os pesquisadores conseguiram identificar quais são os níveis de duas proteínas presentes no fluido cerebrospinal relacionadas a uma maior possibilidade de o comprometimento cognitivo evoluir para a doença de Alzheimer. Essas duas proteínas são a Tau e a beta-amiloide. A equipe demonstrou que quanto maior o nível da proteína Tau e menor o da beta-amiloide no fluido cerebrospinal, maiores as chances de desenvolver a enfermidade.
Segundo os autores, porém, mesmo que uma pesquisa maior confirme esses achados, ainda não será possível evitar o surgimento do Alzheimer justamente pelo fato de ainda não existir um medicamento capaz de fazer isso.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Poluição do ar é classificada como cancerígena pela OMS

Conclusão é da Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer.
Segundo agência, o ar tem sido contaminado por 'mistura de substâncias'.

Do G1, em São Paulo
Cingapura registrou altos níveis de poluição nesta segunda-feira (17). Vários prédios do centro financeiro e cartões postais ficaram encobertos por uma densa neblina. (Foto: Edgar Su/Reuters)Poluição deixa prédios de Cingapura cobertos por intensa neblina. (Foto: Edgar Su/Reuters)
A Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), anunciou nesta quinta-feira (17) a classificação da poluição do ar exterior como cancerígena, de acordo com a AFP.
"O ar que respiramos tem sido contaminado por uma mistura de substâncias que provoca câncer", afirmou Kurt Straif, chefe da seção de monografias da IARC. "Agora sabemos que a contaminação do ar exterior não apenas é um risco maior para a saúde em geral, mas também uma causa ambiental de mortes por câncer".
"Os especialistas concluíram que existem provas suficientes de que a exposição à poluição do ar provoca câncer de pulmão. Também notaram uma associação com um risco maior de câncer de bexiga", destacou a IARC em um comunicado.

Apesar da possibilidade de variação considerável na composição da contaminação do ar e dos níveis de exposição, a agência destacou que suas conclusões se aplicam a todas as regiões do mundo. Os dados mais recentes da agência mostram que, em 2010, mais de 223 mil pessoas morreram de câncer de pulmão relacionado à poluição do ar.
Em nota divulgada após uma semana de reuniões entre especialistas que revisaram a literatura científica mais recente, a IARC disse que a poluição atmosférica ao ar livre e o material particulado - um importante componente da poluição - devem passar a ser classificados como agentes carcinogênicos do Grupo 1, segundo informações da Reuters.

Essa classificação abrange mais de cem outros agentes cancerígenos conhecidos, como o amianto, o plutônio, a poeira de sílica, a radiação ultravioleta e o cigarro.

A classificação já abrangia também muitas substâncias habitualmente encontradas no ar poluído, como a fumaça dos motores a diesel, solventes, metais e poeiras. Mas esta é a primeira vez que os especialistas classificam o próprio ar poluído dos ambientes externos como uma causa do câncer.

"Nossa tarefa foi avaliar o ar que todos respiram, em vez de focar em poluentes específicos do ar", disse Dana Loomis, subdiretora da seção. "Os resultados dos estudos revistos apontam na mesma direção: o risco de desenvolver câncer de pulmão é significativamente maior em pessoas expostas à poluição atmosférica."

Christopher Wild, diretor da agência, disse que a classificação da poluição atmosférica como um agente carcinogênico é um passo importante no sentido de alertar os governos sobre os perigos e os custos em potencial.

"Há formas muito eficientes de reduzir a poluição atmosférica e, dada a escala da exposição que afeta as pessoas no mundo todo, este relatório deveria passar um forte sinal à comunidade internacional para agir."

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Conheça três cuidados para manter a saúde dos ossos

Medidas devem ser redobradas após os 45 anos de idade

Conheça três cuidados para manter a saúde dos ossos Sabrina Silveira/Especial
Ao envelhecer, os exercícios de resistências são mais importantes Foto: Sabrina Silveira / Especial
A saúde óssea precisa de proteção, especialmente entre as mulheres. A fratura de ossos devido à osteoporose causa dor, perda de movimentos e qualidade de vida. Para mulheres acima de 45 anos de idade, a osteoporose representa mais dias de internação que muitas outras doenças, incluindo diabete, infartos e câncer de mama. Mas é possível antecipar-se a esse risco para prevenir e controlar a osteoporose.
Com uma expectativa de vida cada vez maior e uma população que está envelhecendo, a incidência da osteoporose aumentou nos últimos anos. Sem ações preventivas, as gerações futuras podem viver mais, mas sua qualidade de vida pode ficar comprometida.
De acordo com o reumatologista Cristiano Zerbini, a perda óssea acelera durante a menopausa. As mulheres maiores de 50 anos são especialmente suscetíveis aos efeitos da doença.
— Em qualquer idade, as estratégias de prevenção devem incluir uma combinação de exercícios específicos, uma dieta para manter a saúde óssea e ações para evitar fatores negativos em seu estilo de vida, identificando fatores de risco individuais com antecedência. As mulheres devem agir hoje para manter seus ossos e músculos fortes durante o resto das suas vidas — alerta o especialista.
A Fundação Internacional de Osteoporose (IOF) recomenda três estratégias essenciais para manter ossos e músculos fortes na vida adulta:
1) Faça de 30 a 40 minutos de exercício três ou quatro vezes por semana, intercalando exercícios de resistência e pesoAo envelhecer, os exercícios de resistências são mais importantes. Siga uma dieta saudável para os ossos, que inclui a ingestão de um volume suficiente de cálcio e proteínas, além de frutas e verduras para equilibrar a maior necessidade de proteína. Mantenha níveis suficientes de vitamina D - através de exposição solar, dieta e, se necessário, suplementos.
2) Evite hábitos negativos, como fumar e o consumo excessivo de álcool, e mantenha um peso saudável As mulheres com peso baixo correm um risco maior que as mulheres com a massa corporal normal
3) Conheça seus fatores de risco pessoais que podem aumentar o risco de osteoporoseOs fatores de risco mais comuns incluem a menopausa antes dos 45 anos de idade, o uso de glucocorticóides, antecedentes de artrite reumatoide, distúrbio de má absorção (como a doença de Crohn ou celíaco), fraturas em função de fragilidades anteriores e um histórico familiar de osteoporose e fraturas.