quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Desafios para melhorar o cenário do câncer de mama no Brasil

A conscientização sobre essa doença melhorou com o Outubro Rosa, mas o país ainda está distante de cumprir recomendações básicas de prevenção e tratamento

Desde o início da década de 1990, a campanha Outubro Rosa promove a conscientização sobre o câncer de mama. Tivemos inúmeros avanços desde então: hoje, quando diagnosticada precocemente, a chance de cura da doença é de aproximadamente 95%.
Mas ainda precisamos quebrar vários tabus e vencer alguns desafios no nosso país. Para sintetizar as discussões que aconteceram ao longo do mês, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) reuniu as principais informações e recomendações sobre câncer de mama abaixo.
A maneira mais eficaz de detectar essa doença é por meio da mamografia, capaz de identificar lesões pequenas e até mesmo não palpáveis. Apesar de todos os alertas e informações disponíveis, só 24% das mulheres brasileiras realizam o exame conforme a indicação médica (anualmente ou a cada dois anos), seja por questões individuais ou pela baixa disponibilidade de mamógrafos na rede pública.
Resultado: 70% dos casos de câncer de mama no sistema público no Brasil ainda são detectados em estágio avançado, de acordo com levantamento feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em 2018.
Outro fator preocupante são os atrasos no início do tratamento das pacientes, que podem chegar até 200 dias, segundo dados divulgados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A demora no diagnóstico e no início de tratamento no sistema público compromete as taxas de cura e o tempo de sobrevida da mulher.
Para que seja possível reduzir a mortalidade por câncer de mama no país como um todo, é necessário ter uma aderência ao exame de rastreamento de pelo menos 70% da população elegível. Me refiro às mulheres entre 50 e 69 anos, de acordo com a recomendação do Ministério da Saúde, ou a partir dos 40 anos, sem limite superior, segundo a SBOC e a Sociedade Brasileira de Mastologia.
A boa notícia é que alimentação, controle do peso e atividade física reduzem em até 28% o risco de a mulher desenvolver esse tipo de tumor. Não tem jeito: os exames de prevenção e uma rotina saudável são as melhores formas de preservar a saúde como um todo.
Além disso, segundo estudo publicado pela revista científica The Lancet, o ato de amamentar diminui a probabilidade de sofrer com o câncer de mama em 4,3% a cada 12 meses de duração da amamentação.
São muitos os desafios para melhorar o cenário brasileiro dessa enfermidade, mas os avanços virão com mudanças nos hábitos da população, nas políticas públicas do governo e no engajamento da sociedade civil.
Em relação às políticas de acesso a medicamentos, a SBOC vem exercendo um papel muito importante, contribuindo com melhorias significativas para o tratamento de pacientes. Em 2017, ela foi uma das responsáveis pela incorporação de dois remédios fundamentais para mulheres com tumores de mama avançados — que representam a maioria dos casos no país.
Continuaremos buscando, o ano todo, meios de reverter o cenário atual de diagnóstico avançado e início de tratamento tardio, a fim de garantir melhores tratamentos para proporcionar maior chance de cura e qualidade de vida para todos os pacientes com câncer.
*Por Dr. Sergio Simon, presidente da gestão 2017-2019 da SBOC

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Caso Bruno Covas: o que trombose venosa e erisipela têm a ver com câncer

O prefeito de SP foi diagnosticado com tumor do trato digestivo após ir ao hospital por causa da erisipela, uma infecção de pele, e descobrir uma trombose

O diagnóstico de câncer do aparelho digestivo em Bruno Covas, prefeito de São Paulo de apenas 39 anos, surpreendeu a todos. Além da idade, chamou a atenção o fato de que ele chegou ao hospital inicialmente para tratar uma erisipela (um tipo de infecção de pele). Posteriormente, os médicos descobriram a presença de um quadro de trombose venosa — e então chegaram ao tumor. Há um elo entre esses quadros?
De modo curto e grosso: sim. “O câncer libera substâncias inflamatórias que, na circulação, favorecem a trombose venosa”, revela Marcos Belotto, gastrocirurgião do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Em resumo, essas moléculas congestionam o tráfego de sangue nas veias, contribuindo para a formação de coágulos. Os sintomas vão de dores na perna a embolia pulmonar.
E aqui chegamos à erisipela do prefeito Bruno Covas. Em determinadas situações, a trombose venosa gera um acúmulo de líquidos (edema) logo abaixo da pele. Essa alteração, por sua vez, dificulta o controle de certas bactérias que circulam pela região. Com isso, elas se multiplicam além da conta e começam a causar estragos.
Dor, inchaço, febre e mal-estar estão entre os sintomas da erisipela. Outro sinal é a celulite. “Sempre precisamos descobrir o que causou a erisipela e a trombose venosa”, afirma Belotto.
Se, ao notarem a infecção de pele, os doutores tivessem só receitado um antibiótico e despachado o prefeito, seu câncer poderia passar despercebido por mais algum tempo. Claro que nem sempre esses quadros são sinal de um tumor, mas eles exigem sempre uma investigação minuciosa.
“A trombose venosa também pode ocorrer após ficarmos longos períodos sentados, pelo uso de anticoncepcionais, pelo tabagismo”, lista Belotto.
Aliás, há cânceres especialmente associados à trombose venosa. Mieloma múltiplo, tumor de pâncreas e os que atingem a junção entre esôfago e estômago (a cárdia, como dizem os médicos) estão entre eles, segundo Belotto. Esse último caso é justamente o de Bruno Covas.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Lentes de contato com grau que escurecem no sol chegam ao Brasil

A nova opção está disponível contra miopia e hipermetropia e usa a tecnologia dos óculos Transitions, que se adaptam a diferentes níveis de luminosidade

Regulamentada nos Estados Unidos desde abril de 2018, uma lente de contato com grau que se ajusta à luz do ambiente enfim desembarcou nas óticas do Brasil. Ela foi criada pela marca Acuvue, da Johnson & Johnson, e estava aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 27 de maio de 2019, mas só agora é possível comprá-la.
Segundo a assessoria de imprensa da empresa, foram necessários dez anos de pesquisa para criar essa lente que usa a tecnologia Transitions — a mesma dos óculos que escurecem em ambientes bem iluminados e clareiam nos mais escuros.
Por enquanto, o produto está disponível apenas para correção de miopia e hipermetropia. As lentes devem ser trocadas e descartadas a cada 14 dias.
Além de proteger contra os raios UVA e UVB, a novidade bloqueia em até 70% a luz visível (ou luz azul), emitida pelo sol e por telas de aparelhos eletrônicos. A exposição excessiva e desprotegida a esses fatores está associada a degeneração macular e lesões na córnea e retina.
Quando a lente foi aprovada nos Estados Unidos, nós fizemos uma reportagem com mais detalhes sobre o assunto. Você pode conferi-la clicando aqui.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Benefícios do óleo de hortelã para o esôfago

O extrato dessa planta pode aliviar a dor e a dificuldade para engolir alimentos

Já consagrada como tratamento auxiliar na síndrome do intestino irritável e na gastrite, a hortelã mostrou que também pode ser útil em instâncias superiores do trato digestivo. Um estudo da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, testou esse fitoterápico em formato de óleo em pacientes que não conseguem deglutir direito e sentem até fortes dores no peito com a passagem da comida pelo esôfago.
Dos 38 voluntários recrutados, 63% relataram uma melhora dos sintomas após tomarem extrato feito com as folhas antes das refeições. “Seu uso, porém, precisa ter o acompanhamento do profissional de saúde, pois o exagero nas doses tem o efeito contrário e chega a irritar as paredes desse órgão”, alerta a nutricionista Vanderli Marchiori, da Associação Paulista de Fitoterapia.
Ficha técnica da hortelã-pimenta
Nome científico: Mentha piperita
Parte usada: folhas
Forma farmacêutica: chá, extrato, óleo ou cápsula

Como cultivar a hortelã

Quatro premissas básicas para ter um pé de hortelã
Local: a palavra aqui é versatilidade: ela vai bem nos vasos, nas jardineiras e direto no chão.
Luz: a planta gosta de bastante sol, então selecione um lugar onde os raios incidam durante boa parte do dia.
Água: faça a irrigação ao menos a cada 24 horas. O solo precisa ficar sempre úmido, nunca encharcado.
Manutenção: como os ramos crescem rápido, faça podas frequentes e aproveite as folhas em chás e receitas.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

9 dicas para controlar a hipertensão fazendo exercício físico

A atividade física pode e deve integrar o dia a dia de quem tem pressão alta. Aprenda a ajustá-la para minimizar os riscos e potencializar os benefícios

“Pessoas com hipertensão são proibidas de se exercitar.” Se você já ouviu essa frase ou, pior, soltou-a por aí para justificar o próprio sedentarismo, saiba que cada vez mais surgem evidências científicas do contrário. Uma revisão recente de nada menos que 391 estudos publicada no British Journal of Sports Medicine (BJSM) indica, por exemplo, que o esforço físico tem o mesmo potencial dos remédios no controle dessa doença.
Então quer dizer que o pessoal ativo pode abandonar a medicação? De jeito nenhum! Os resultados dessa investigação, conduzida por instituições americanas e europeias, sugerem encarar as doses diárias de movimentação como parte central do tratamento, junto com os comprimidos.
Para entender o porquê, cabe lembrar que, na hipertensão, as artérias ficam mais contraídas do que o normal, dificultando a passagem do sangue. Esse aperto, por sua vez, faz a pressão decolar.
“Os exercícios regulam o sistema nervoso simpático [ordens do cérebro que incluem a constrição dos vasos] e aumentam a produção de óxido nítrico”, explica Claudia Forjaz, profissional de educação física da Universidade de São Paulo (USP). Essa molécula, para quem não a conhece, relaxa as artérias.
Entre as várias modalidades esportivas a serem escolhidas pelos hipertensos, cabe destacar as aeróbicas, que trabalham bastante o fôlego. “Elas promovem uma melhor distribuição sanguínea e a geração de substâncias vasodilatadoras. O óxido nítrico, por exemplo, é liberado em maior quantidade com esse tipo de prática”, observa André Fernandes, vice-presidente do Conselho Regional de Educação Física do Rio de Janeiro e Espírito Santo (CREF-1).
Mas não é para deixar de lado os treinos de força, não. A musculação prepara o corpo para outros exercícios — o que diminui o risco de lesões ­— e, acima de tudo, contribui para a saúde de maneira geral. Até porque ninguém se resume a uma doença, certo?
Para controlar a hipertensão de vez e, assim, dar mais espaço às coisas que fazem a vida valer a pena, separamos a seguir os principais cuidados que alguém com esse problema crônico precisa ter ao abandonar o sofá. Veja:

1. Dose a intensidade

Sim, sessões esportivas regulares contêm a hipertensão no longo prazo. Mas, durante o suadouro, a pressão sobe um pouco — e o grau de esforço é um dos principais moduladores desse fenômeno. Logo, atividades muito vigorosas podem gerar picos de pressão, capazes de desembocar em ameaças como um AVC.
Como saber se o ritmo está entre leve e moderado? Se você tiver que parar uma frase curta no meio para buscar fôlego, é sinal de que passou do ponto. “Numa caminhada, corrida ou dança, podemos também considerar a frequência cardíaca máxima. O recomendado é treinar entre 50 e 70% desse indicador”, pontua Luana Queiroga, educadora física das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Aparelhos eletrônicos e especialistas ajudam a fiscalizar esses números no treino.

2. Aposte na duração

Ao contrário da intensidade, o tempo de exercício não vai provocar picos de pressão. Ou seja, os hipertensos conseguem domar seu problema com segurança ao prolongar o período destinado ao treino.
Em relação aos aeróbicos, recomendam-se pelo menos 30 minutos, três vezes na semana (o que pode aumentar com o passar dos meses). Já na academia, “apostar na duração” significa reduzir o peso e elevar o número de repetições a cada série.

3. Valorize atividades aeróbicas

Segundo um capítulo assinado pela professora Claudia Forjaz no livro Avaliação e Prescrição de Exercícios Físicos: Normas e Diretrizes (Editora Manole), essas modalidades reduzem em 6,9 mm/Hg a pressão sistólica (o primeiro valor da medida) nos hipertensos. Mas essa queda é significativa?
“Estudos indicam que cada 3 mm/Hg a menos diminuem em 8% o risco de morte por AVC e em 5% o de óbitos por problemas cardíacos”, destaca Claudia. Por outro lado, restam dúvidas se puxar ferro baixa mesmo a pressão.

4. Descanse e meça a pressão

Na musculação, é importante repousar de um a dois minutos entre um aparelho e outro. Essa pausa serve para baixar os batimentos do coração e não deixar a pressão ir às alturas. Os intervalos, aliás, são uma oportunidade para verificar se o sistema cardiovascular está se comportando direitinho.
“Um limite aceitável durante os exercícios é de 200 mm/Hg na pressão sistólica”, sugere o cardiologista e vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), Júlio Braga.
Conversar com um profissional para definir o próprio limiar é uma boa medida. Se ultrapassá-lo, bote o pé no freio, pelo menos por um momento.

5. Evite ficar muito tempo de ponta-cabeça

Se o Homem-Aranha tivesse hipertensão, seu médico não o deixaria escorregar pelas teias de cabeça para baixo ­­— nem para dar um beijo na amada! “Nessa postura, você faz força demais para manter o equilíbrio, o que aumenta a pressão arterial”, esclarece Fernandes.
Além disso, quando as pernas estão para o alto, o organismo precisa comprimir ainda mais os vasos para fazer o sangue chegar até os pés. Aí já viu, né?!
Que fique claro: modalidades como ioga e pilates não estão proibidas. Basta fugir das posturas invertidas.

6. Não prenda o ar

Eis uma prática comum em exercícios isométricos — aqueles em que ficamos parados numa postura ­— ou quando levantamos peso demais. Pois fique sabendo que o simples ato de segurar o ar na malhação é contraindicado a hipertensos.
“Nessa manobra, a contração da musculatura respiratória estimula a ação do sistema nervoso simpático”, informa Rafael Pitta, educador físico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Com ele no comando, a pressão sobe.

7. Foque em poucos grupos musculares

Essa dica visa especificamente os treinos de força. Quanto maior a massa muscular recrutada em uma série, mais a pressão dispara. “Isso porque uma maior região corporal está contraída, oferecendo resistência à passagem do sangue”, esclarece Claudia.
Em outras palavras, quem foi diagnosticado com hipertensão se beneficia ao priorizar exercícios na academia que isolem um ou outro músculo. Uma possibilidade é, em vez de fortalecer as duas pernas de uma vez, revezar entre elas. Exemplos não faltam e podem ser discutidos com o professor.

8. Sempre converse com um profissional

Antes de sair por aí suando a camisa, o indivíduo com hipertensão deve se submeter a uma avaliação médica do próprio condicionamento físico, que em geral inclui o teste ergométrico. O recado vale principalmente para quem também apresenta diabetes, colesterol alto ou outras encrencas cardiovasculares.
Buscar a orientação de um educador físico é outro conselho precioso para afastar os riscos de qualquer exercício.

9. Fique esperto com o horário

Uma pesquisa orientada pela professora Claudia Forjaz sugere que o período do treino faz diferença em matéria de pressão alta. Nela, 50 homens hipertensos realizaram atividades aeróbicas três vezes por semana. Só que, enquanto uns treinaram entre as 7 e as 9 da manhã, outros se movimentaram das 6 às 8 da noite.
Resultado: a turma do período noturno viu a pressão cair mais depois de dois meses e meio. No entanto, faltam mais experimentos para cravar qual o período do dia ideal para mexer o corpo. Fora que, para domar suas taxas, o mais relevante mesmo é largar o sedentarismo.

Pare de malhar se tiver

  • Tontura
  • Dor no peito
  • Fadiga incomum
  • Palpitação
  • Falta de ar
  • Desmaio
  • Aumento expressivo e súbito da pressão

A interação entre esporte e os remédios

Como largar o sedentarismo reduz a pressão, o médico talvez precise acertar as doses das medicações anti-hipertensivas. Além disso, algumas classes de remédios podem alterar a frequências dos batimentos cardíacos ou deflagrar cãibras — dois fatores que atrapalham as passadas e pedaladas. Se isso acontecer, converse com o doutor.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Colostomia, traqueostomia e cia: entenda a importância delas

Profissional esclarece por que esses procedimentos são cruciais para a vida e quais os desafios que os pacientes brasileiros enfrentam hoje

Já ouviu falar em estomia? Pois bem, se essa palavra lhe parece uma incógnita, aqui vai um esclarecimento rápido: estomias são aberturas realizadas por meio de procedimentos médicos que permitem a comunicação de um órgão com o meio externo.
Um exemplo é a traqueostomia, que, por meio de uma incisão na traqueia (logo abaixo do pescoço) auxilia pacientes a assegurar sua capacidade respiratória. Outra situação bem conhecida é a colostomia, que fez com que o presidente Jair Bolsonaro tivesse de usar uma bolsa coletora após as cirurgias pelas quais passou. O equipamento tem a finalidade de coletar as fezes eliminadas pela estomia, diante de algum impedimento no intestino ou ânus.
Como enfermeira estomaterapeuta e presidente da Associação Brasileira de Estomaterapia: Estomias, Feridas e Incontinências (Sobest), defendo que falar sobre o tema requer abordar os progressos técnicos e científicos na área, lutar por direitos e, principalmente, lidar com muitos desafios.
O primeiro deles é conhecer o número exato de pessoas com estomia aqui no Brasil. Existem estimativas, mas não certezas. Calcula-se que há cerca de 400 mil brasileiros com algum tipo de estomia. É com base nesses números, aliás, que as políticas públicas são desenvolvidas.
O fato é que temos uma única Portaria do Ministério da Saúde voltada para as pessoas com estomias intestinais e urinárias. Ela visa garantir o acesso a equipamentos e assistência, tanto no serviço público como no privado. Essa medida é um importante avanço, mas ainda não assegura o número adequado de bolsas para esses indivíduos, nem o acesso direto a profissionais especializados. Os polos estruturados para atendimento ainda não são o suficientes.
E por que precisamos falar cada vez mais sobre esse tema? As cirurgias para o tratamento do câncer são o principal motivo para a realização de estomias. Mais de 60% delas são realizadas para o tratamento do câncer colorretal, que está em crescimento na população brasileira. Serão mais de 36 mil novos casos só neste ano.
Estomias também são necessárias em decorrência de cirurgias para tumores de cabeça e pescoço, próstata, bexiga, endométrio… E também fazem parte do tratamento em outras circunstâncias, como nos casos de doenças inflamatórias intestinais, diverticulite e polipose familiar, sem falar nos traumas como os provocados por acidentes de trânsito.
Um terço desses milhares de brasileiros com traqueostomias, colostomias, gastrostomias e afins tem entre 40 e 59 anos. Falamos de uma questão de saúde pública, com impacto na qualidade de vida e na economia das famílias.
Desde 2004, a estomia é considerada uma deficiência física. Mas ter se submetido a um procedimento do tipo não impede a pessoa de voltar a trabalhar, viajar, ir à praia, dançar ou mesmo praticar exercícios físicos (com algumas restrições e cuidados). Aos olhos da lei, ter uma estomia garante direitos como acesso preferencial em filas, isenção de certos impostos, bem como a adoção do símbolo nacional da pessoa com estomia, que tem como um de seus objetivos identificar banheiros ou locais adaptados.
símbolo estomia Este é o símbolo que identifica adaptações para pessoas com estomia
Este é o símbolo que identifica adaptações para pessoas com estomia (Divulgação/ Sobest/SAÚDE é Vital)
No entanto, há um grande abismo entre a expectativa do cumprimento dos direitos e a realidade em nosso imenso país. Infelizmente, ainda não há centros e profissionais especialistas suficientes e disponíveis em todas as regiões para prover orientação e assistência.
É necessário que a pessoa aprenda o autocuidado e, quando não for possível fazê-lo, um familiar ou cuidador saiba fazer isso por ela. É essencial o acesso a uma equipe multidisciplinar, formada por médicos especializados, enfermeiros estomaterapeutas, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais, além do apoio da família.
Ter acesso a profissionais capacitados e aos equipamentos (bolsas, cateteres, tubos, cânulas…) é parte fundamental do processo de reabilitação da pessoa com estomia. Vivenciamos avanços importantes nos equipamentos e produtos com essa finalidade nos últimos anos. A partir do momento em que o paciente pode desfrutar deles, tem melhores condições de se recuperar e manter o bem-estar.
As estomias são consideradas a cirurgia da vida. Em decorrência de um orifício criado para tratar uma doença, se cria a possibilidade de uma nova fase, com boas perspectivas e realizações.
* Dra. Maria Angela Boccara de Paula é enfermeira e presidente da Associação Brasileira de Estomaterapia: Estomias, Feridas e Incontinências (Sobest)

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Como prevenir os 5 acidentes que mais matam crianças no Brasil

Aproveitando o Dia das Crianças, sociedades médicas lançam campanha que ensina pais a protegerem seus filhos desde a infância até a adolescência

E se nesse Dia das Crianças, além dos presentes convencionais, você ajudasse a proteger a molecada de acidentes? Essa é a ideia da campanha promovida até o fim de outubro pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e pela Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP).
De acordo com a ONG Criança Segura, acidentes são hoje a principal causa de morte de brasileiros de 1 a 14 anos, ficando na frente até mesmo de doenças e violência. Cerca de 3,6 mil garotos e garotas morrem e outras 111 mil são hospitalizadas todo ano no país devido a quedas, afogamentos, queimaduras…
“Uma das nossas preocupações é trabalhar com prevenção. Sabemos que é mais fácil e barato precaver que tratar”, comenta o ortopedista Sandro Reginaldo, presidente da Comissão de Campanhas Públicas da SBOT.
O especialista explica que o objetivo não é criar pânico na população. “A gente quer levar informação que ajude a evitar lesões ou reduzir a gravidades delas”, complementa.
SAÚDE conversou com o ortopedista para descobrir como prevenir os cinco tipos de acidentes que mais causaram óbitos infantis em 2017, ainda segundo levantamento da ONG Criança Segura, realizado através de informações do DataSUS:

5º lugar: Quedas (181 óbitos)

Apesar de estar em quinto lugar no ranking de mortes, as quedas são campeãs em hospitalizações: foram 51 374 em 2018, representando quase a metade do total (46,1%).
Elas até são consideradas comuns na infância. Afinal, é difícil brincar sem nunca levar um tombo. “Algumas coisas são inevitáveis. Não estamos propondo colocar a criança numa bolha”, aponta Reginaldo.
Aqui, a recomendação da SBOT e da SBOP serve para minimizar estragos maiores. “Deve-se usar equipamentos de proteção ao andar de bicicleta, patinete e patins. É o caso de capacete, protetor de punho, joelheira e cotoveleira”, instrui o profissional.
Se porventura houver uma fratura (ou uma suspeita dela), Reginaldo sugere imobilizar o membro atingido até um profissional dar uma olhada na situação. “O que gera a dor é o movimento. Mesmo que o membro esteja torto e feio de olhar, se estiver paradinho, geralmente não ocorre repercussão”, tranquiliza o médico.

4º lugar: Queimaduras (217 óbitos)

Responsáveis por 18,4% das internações em 2018 (20 605), as queimaduras são um problema grave. Existe até um dia instituído por lei dedicado à luta contra elas (6 de junho).
“Os pais precisam impedir o acesso a caixas de fósforo e ferro de passar roupa em casa. E as panelas no fogão sempre devem estar com os cabos voltados para dentro, nunca para fora”, ensina Reginaldo.
Os momentos críticos são os períodos de festa junina e fim de ano. “Tomem cuidado com o manuseio de fogos de artifício. Os pequenos têm que usar apenas as bombinhas de menor impacto que forem adequados à idade, além de não estourarem nada na mão”, orienta o membro da SBOT. Isso se você achar válido colocar a criança em contato com esses objetos.
Se um acidente acontecer, o ideal é colocar a queimadura em água corrente até conseguir suporte médico. Isso ajuda a deixar a pele hidratada. Também vale dar um analgésico para lidar com a dor.
“Se você estiver em um lugar que o socorro demora para chegar, faça um curativo com gaze bem umedecida de soro para manter a hidratação. Não passe nenhuma pomada, borra de café ou pasta de dente”, afirma Reginaldo.

3º lugar: Sufocação (777 óbitos)

Apenas 0,4% das crianças (477) são internadas por sufocação. O chocante é que, entre as que perdem a vida, 89,6% são menores de 4 anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o engasgamento é o tipo de ocorrência que deixa essa faixa etária mais vulnerável.
“Os mais novinhos correm perigo pelo engasgamento não só com comida, mas com objetos pequenos. Eles passam pela fase de colocar tudo na boca, então podem engolir qualquer coisa e obstruir as vias aéreas”, lembra o especialista.
Evitar esse problema envolve prestar atenção nos acessórios das roupas e peças pequenas de brinquedos, nunca dar ou deixar que a criança se alimente deitada e não oferecer comida enquanto ela estiver falando, chorando ou se movimentando.

2º lugar: Afogamento (954 óbitos)

Das cinco situações listadas, o afogamento é a que menos leva a meninada para o hospital — somente 0,2% do total (217). No entanto, ocupa o segundo lugar na quantidade de falecimentos.
“Ao redor de piscinas, não dá para tirar o olho da criança nem por um minuto”, alerta Reginaldo. Ele orienta que, caso não esteja sendo utilizada, seja cercada e coberta.
“Há muitas notícias de morte por afogamento em que os adultos colocam a lona por cima da piscina sem prendê-la. Aí, o pequeno acha é seguro pisar ali e afunda embrulhado nela”, acrescenta o expert.
Já nas praias, o importante é respeitar a sinalização dos salva-vidas e ser o mais precavido possível com a correnteza do mar.
“Nos rios, geralmente as mortes ocorrem por falhas na segurança. A pessoa está num barco superlotado e sem colete salva-vidas ou decide se aventurar em um local proibido. Se estiver cumprindo as regras, dificilmente vão ocorrer acidentes”, afirma Reginaldo.

1º lugar: Acidentes de trânsito (1 190 óbitos)

Por fim, chegamos ao responsável pelo maior número de mortes de meninos e meninas no Brasil. E, antes de pensar na segurança delas em si, é bom lembrar que trânsito seguro passa primeiramente por respeitar os códigos e leis que envolvem a direção de veículos.
“Partindo do pressuposto que o motorista segue todas as regras, é necessário o transporte adequado de acordo com a faixa etária”, completa o ortopedista. Funciona assim:
  • Menos 1 ano de vida: os bebês devem ser colocados no bebê-conforto.
  • De 1 a 4 anos: a cadeirinha entra em cena.
  • Dos 4 aos 7 e meio: hora de comprar um assento de elevação — também chamado de “booster” —, junto com o cinto de segurança de três pontos.
  • Dos 7 e meio aos 10: a molecada está liberada para usar apenas o cinto.
  • Dos 10 em diante: permissão para sentar no banco da frente.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, de 2010 — ano em que a obrigatoriedade da cadeirinha entrou em vigor — a 2017, a adoção do material para o transporte de crianças de até 7 anos e do cinto de segurança no banco de trás até os 9 anos diminuiu os óbitos infantis em 19%. As internações de menores machucados em estado grave caíram em um terço.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Projeto oferece consultas sem custo para mulheres durante o Outubro Rosa

No Outubro Rosa, a ação Doctoralia Solidária pela Saúde da Mulher oferece atendimento de diferentes especialidades em várias regiões do Brasil

Durante o Outubro Rosa, mulheres podem marcar consultas sem pagar nada, como parte do projeto Doctoralia Solidária pela Saúde da Mulher. A iniciativa contempla 150 médicos e dentistas de diferentes regiões do Brasil que cederão parte do seu tempo a atendimentos voluntários.
Os agendamentos não precisam se restringir a questões ligadas ao câncer de mama. Segundo a Doctoralia, uma plataforma de marcação de consultas, participam do programa especialistas das áreas de ginecologia, dermatologia, cardiologia, endocrinologia, cirurgia plástica e odontologia.
Os locais onde há ao menos um profissional envolvido na campanha são:
Alagoas: Maceió
Amazonas: Manaus
Bahia: Salvador
Ceará: Fortaleza
Distrito Federal: Brasília
Goiás: Anápolis e Goiânia
Minas Gerais: Belo Horizonte, Juiz de Fora, Montes Claros, Nova Serrana e Uberlândia
Paraíba: Campina Grande e João Pessoa
Pernambuco: Recife
Paraná: Curitiba e Ponta Grossa
Rio de Janeiro: Niterói, Nova Iguaçu e Rio de Janeiro
Roraima: Porto Velho
Rio Grande do Sul: Porto Alegre e Santa Maria
Santa Catarina: Florianópolis
São Paulo: Barueri, Campinas, Osasco, Ribeirão Preto, Santo André, São José do Rio Preto, São José dos Campos e São Paulo
Para encontrar seu médico, acesse o site da campanha e coloque a cidade onde você está e qual especialista precisa visitar. Se houver doutores disponíveis, clique no horário que deseja. Aí, não se esqueça de inserir no campo “Tipo de visita” a opção “consulta através da campanha Doctoralia Solidária”.
Até o dia 10 de outubro, 170 consultas gratuitas foram agendadas.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

10 filmes sobre saúde disponíveis no Prime Video, da Amazon

Aproveitamos o anúncio do pacote de serviços da Amazon Prime, que inclui streaming de vídeos, para selecionar filmes que nos fazem pensar sobre saúde

Se você se interessa por saúde e cinema, esta lista é para você. Preparamos um compilado de filmes que abordam histórias de superação de doenças crônicas, convívio com transtornos psiquiátricos e até um olhar mais humano sobre o bem-estar físico. Todas essas películas — que vão de comédias a dramas, passando por documentários — estão disponíveis no Prime Video.
Confira:

1. O Lado Bom da Vida

(2012, David O. Campbell)
Um dos longa-metragens com mais indicações ao Oscar de 2013, O Lado Bom da Vida retrata o transtorno bipolar de maneira ora delicada, ora intensa, por meio da história de Pat (Bradley Cooper), professor diagnosticado com o problema e preso por agressão. Em liberdade, ele conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma mulher em depressão lidando com a morte do marido. História inspirada em livro homônimo.

2. Extraordinário

(2017, Stephen Chboski)
O filme retrata os desafios e conquistas de August “Auggie” Pullman, portador da Síndrome de Treacher-Collins, condição rara que provoca malformações craniofaciais. A história, originalmente contada em um livro best-seller, foi inspirada num garoto da vida real, que fez a autora R.J. Palacio confrontar seus próprios preconceitos. Bom para ver em família.

3. Super Size Me

(2004, Morgan Spurlock)
Documentário sobre o efeito do consumo excessivo de fast-foods, um problema notório nos Estados Unidos e no mundo, que ganhou destaque (e gerou polêmica) por sua proposta inovadora. O diretor, Morgan Spurlock, alimentou-se só com lanches do McDonald’s por um mês, registrando na tela as consequências do cardápio.

4. A Cinco Passos de Você

(2019, Justin Baldoni)
A fibrose cística, doença rara que faz com que os líquidos do organismo fiquem mais espessos e compromete principalmente os pulmões, é o pano de fundo para esse romance adolescente. Dois jovens com essa enfermidade se apaixonam em um hospital, porém não podem se aproximar pelo alto risco de contraírem infecções graves. Também tem um livro.

5. Além da Visão

(2019, Bruno Lemos e Luiz Werneck)
Documentário nacional que aborda a necessidade de inclusão e os desafios enfrentados por deficientes visuais no Brasil e no mundo. O protagonista é o jovem surfista capixaba Derek Rabelo, cego desde que que nasceu, que já surfou até as ondas gigantes de Pipeline, no Havaí, e ganhou reconhecimento dos principais nomes do esporte.

6. Uma Prova de Amor

(2009, Nick Cassavetes)
Sara (Cameron Diaz) e Brian Fitzgerald (Jason Patric) têm uma filha portadora de leucemia, com poucos anos de vida. O médico propõe uma alternativa pouco ortodoxa para tentar salvá-la: que o casal tenha outra filha, geneticamente criada para ser doadora de sangue e medula para a irmã.
O filme conta a história da caçula, que decide enfrentar os pais na Justiça para se livrar dos procedimentos médicos. A narrativa abre um debate sobre os limites dos pais sobre o corpo dos filhos.

7. A Pé Ele Não Vai Longe

(2018, Gus Van Sant)
Atuações elogiadas e um toque de comédia marcam essa película, baseada na história real de um alcoólatra que descobriu na arte o caminho para a recuperação. Do premiado diretor Gus Van Sant, o mesmo de Milk: A Voz da Igualdade, o filme tem um elenco de peso, capitaneado por Joaquin Phoenix, o homem por trás do mais recente Coringa.

8. Um Amor Para Recordar

(2002, Adam Shankman)
Símbolo dos romances água-com-açúcar, Um Amor para Recordar é inspirado em livro de Nicholas Sparks, autor de outros sucessos como Querido John e Diário de Uma Paixão. O filme conta a história de Landon (Shane West) e Jamie (Mandy Moore), adolescentes de universos diferentes que se aproximam em uma peça da escola. Eles se apaixonam, mas um problema de saúde grave de Jamie testa os limites do relacionamento juvenil.

9. Um Estranho no Ninho

(1975, Milos Forman)
Um verdadeiro clássico do cinema. Ele é estrelado por Jack Nicholson, no papel de um criminoso que consegue ser transferido para uma unidade psiquiátrica ao alegar insanidade. O premiado filme foi pioneiro na discussão de temas como a institucionalização de pacientes psiquiátricos, o sofrimento humano por trás de doenças que abalam a mente e o próprio sistema prisional.
A história vem do livro homônimo escrito por Ken Kesey em 1962, uma das principais obras literárias da contracultura norte-americana.

10. O Que de Verdade Importa

(2017, Paco Arango)
Para encerrar a lista, um filme menos conhecido, mas não menos emocionante. Um faz-tudo falido descobre subitamente ter o dom de curar pessoas. O jovem conta com a ajuda de uma adolescente com câncer em estágio terminal para se ajustar a essa nova realidade.
Uma curiosidade bacana: todo o lucro da produção foi revertido para uma entidade que cuida de crianças com tumores na Espanha.
*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas através dos seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela SAÚDE sobre os produtos ou serviços em questão.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Mais uma vacina contra bactéria causadora da pneumonia chega ao SUS

Pessoas a partir de 5 anos de idade com câncer, infecção pelo vírus HIV ou que passaram por transplante de órgãos terão direito ao imunizante

Uma proteção extra contra doenças causadas pelas bactérias pneumococo — como pneumonia e meningite — acaba de chegar à rede pública. O Ministério da Saúde anunciou a inclusão da vacina pneumocócica conjugada 13-valente (VPC13) no Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes com câncer, portadores do vírus HIV e indivíduos transplantados.
Também chamada de Prevenar 13, ela é a única capaz de proteger contra os 13 subtipos mais comuns dessa bactéria no mundo (1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F e 23F). Produzida pelo laboratório Pfizer, já estava disponível desde 2016 nas clínicas privadas brasileiras.
“São várias as doenças provocadas pelo pneumococo. Ele é um dos principais agentes causadores de pneumonia, por exemplo”, informa a pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).
A especialista conta que todas as crianças do país já têm direito a outro imunizante que afasta o risco de infecção por esse inimigo da saúde. Trata-se da vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10). Ela deve ser aplicada aos 2 meses de vida, com reforços aos 4 e 12 meses.
De acordo com a Sbim, 70% dos casos de doenças graves decorrentes do pneumococo são evitados com essa versão. Já a Prevenar 13, por proteger contra três sorotipos a mais, levanta esse número para 90%.
“Agora, em geral, pessoas com mais de 5 anos não têm indicação rotineira, porque o risco de complicações é baixo”, informa Isabella. No entanto, quando falamos de indivíduos com quadros que suprimem as defesas do corpo, o perigo de o pneumococo causar estragos é consideravelmente maior. Daí porque o SUS optou por oferecer daqui em diante a VPC 13 para aqueles três grupos de pacientes.

Como será a vacinação agora

Antes da inclusão do novo imunizante, o SUS disponibilizava a pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23) para esses mesmos pacientes. Entretanto, ela é menos eficaz e seu tempo de duração é menor. A Prevenar 13, portanto, chega para complementar o tratamento dos maiores de 5 anos.
“O esquema de doses inclui as duas. Primeiramente, deve-se tomar a VPC13. Doze meses depois, a VPP23 e, após cinco anos, a VPP23 novamente”, ensina a Isabella.
Segundo a vice-presidente da Sbim, a Prevenar 13 é segura e não possui contraindicações dentro dos grupos aos quais é recomendada. “Ela pode causar apenas dor no braço e vermelhidão local. É importante que o médico dê orientações”, completa a pediatra.

Onde encontrar a Prevenar 13

Diferentemente da VPC10, ela não será oferecida em todo posto de saúde. Assim como a VPP23, é necessário visitar os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Cries). Essas instalações estão presentes em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal.
“Para ter acesso à vacinação, é preciso receber um laudo médico justificando a recomendação”, orienta a pediatra. Como dissemos, na rede pública apenas pacientes oncológicos, portadores do vírus HIV e indivíduos transplantados se beneficiarão dela.
Já nas clínicas privadas, a aplicação se estende a outras turmas que correm um risco maior de sofrerem complicações da infecção por pneumococo. Indivíduos com diabetes e hipertensão estão entre elas.
De acordo com a Pfizer, as doses estão programadas para chegar nos Cries ao longo do mês de outubro. Para saber onde fica a unidade mais próxima de você, clique aqui.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Sono ruim aumenta risco de morte de diabéticos, hipertensos e cardíacos

Dormir menos de seis horas por dia é associado a maior mortalidade em pessoas com diabetes, pressão alta ou histórico de doenças do coração ou AVC

Não faltam evidências de que dormir pouco faz mal para a saúde. Mas um estudo publicado no periódico científico da Associação Americana do Coração sugere que a falta de sono é especialmente perigosa para quem tem diabetes, hipertensão e doenças do coração. Quando essa turma repousa por menos de seis horas ao dia, o risco de morte precoce aumenta mais de três vezes em alguns casos.
Os cientistas da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, chegaram a essa conclusão após examinarem o histórico médico de 1 654 adultos de 20 a 74 anos. Eles foram selecionados através de entrevistas por telefone.
Os indivíduos foram divididos em três grupos:
  • Hipertensos e diabéticos do tipo 2
  • Portadores de doenças cardíacas ou que já sofreram um AVC
  • Pessoas saudáveis
Todos os participantes dormiram por uma noite no laboratório do sono da universidade, onde se submeteram a exames de polissonografia. Após 18 anos, os estudiosos contabilizaram o número de mortes e quais suas causas. Até o fim de 2016, 1 142 voluntários continuaram vivos e 512 faleceram.
Os experts constataram, então, que os hipertensos e diabéticos que dormiram menos de seis horas naquela noite no laboratório possuíam um risco de morrer do coração 83% maior, em relação a indivíduos com essas enfermidades que descansaram por mais tempo. Já as vítimas de AVC ou doenças cardíacas que mal pregaram os olhos tinham uma probabilidade três vezes maior de morrer por câncer.
Além disso, a falta de sono foi ligada a um risco 2,14 vezes maior de óbito por qualquer causa entre a turma com diabetes ou pressão alta. E 3,17 vezes maior no pessoal que já havia sofrido uma pane no coração ou um AVC. É bastante coisa.
Segundo o psicólogo Julio Fernandez-Mendoza, que liderou a investigação, identificar indivíduos com problemas de sono e tratá-los adequadamente poderia preservar vidas e até recursos financeiros. “Gostaria de ver mudanças políticas para que as consultas e os estudos do sono se tornassem parte integrante de nossos sistemas de saúde”, comenta o expert, em comunicado à imprensa.
Esse, no entanto, é um dos primeiros grandes estudos a se focar nesse assunto. Além disso, os cientistas levaram em conta o sono de apenas uma noite e não acompanharam os pacientes de perto nos anos posteriores.
“São necessárias mais pesquisas para examinar se a melhoria do sono por meio de terapias médicas ou comportamentais pode de fato reduzir as mortes precoces”, conclui Mendoza.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Por que tanta gente tem tendinite e como evitar?

Em muitos casos, essa inflamação dos tendões é consequência de hábitos modernos. A boa notícia é que dá para escapar das dores — ou ao menos controlá-las

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma a cada 100 pessoas sofre com a dolorosa tendinite. Como o corpo humano tem mais de 4 mil tendões — e a tendinite é a inflamação de algum deles —, fica fácil entender porque os números são tão altos.
Todo tendão, da cabeça aos pés, pode sofrer tendinite. Mas, por causa da vida moderna, as áreas mais afetadas são as dos punhos e antebraços. Mexer repetitivamente no celular, digitar no teclado do computador e até dirigir estão entre as principais causas do problema.
A tendinite pode acometer qualquer pessoa. Mas as maiores vítimas são as que não fortalecem os músculos, deixam o alongamento de lado e adotam uma postura inadequada ao longo do dia.
Por quê? O tendão é um cordão fibroso que tem a função de unir o músculo ao osso. Se ele sofrer traumas diários (aqueles movimento repetitivos do dia a dia) e não tiver o apoio dos músculos para aguentar o tranco, fica sobrecarregado — é essa sobrecarga que provoca inflamação.
Geralmente, a tendinite começa a se manifestar com uma dor localizada, por exemplo no antebraço e nos punhos. Aos poucos, ela irradia para a musculatura ao redor. Um pequeno incômodo no punho pode alcançar o pescoço e se transformar em um uma forte cefaleia tensional.
Essas dores pioram com o movimento e resultam em diminuição da força. Em casos mais graves e não tratados, tornam-se persistentes e capazes de atrofiar a musculatura.
Uma tendinite pode durar dias, semanas, meses… ela eventualmente vira um quadro crônico que desencadeará processos mais sérios, como compressão das articulações, hérnia de disco, desgastes nos joelhos e por aí vai.
Para se manter saudável, o tendão precisa de suporte mecânico, assim por dizer. A melhor maneira de prevenir a tendinite é realizar exercícios diários, a exemplo de alongamento e mobilizações orientadas por um fisioterapeuta. A atividade física moderada, com direito a fortalecimento da musculatura, também é uma grande aliada.
Esse conjunto de atitudes, eventualmente com uso de remédios e acompanhamento mais próximo do fisioterapeuta, também ajuda a curar a tendinite (e outras inúmeras patologias ortopédicas) de maneira mais rápida e eficiente.
*Cadu Ramos é fisioterapeuta e especialista em fisioterapia e traumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Falta conhecimento sobre causas e diagnóstico do câncer de mama no Brasil

No Outubro Rosa, estudo revela que brasileiras acreditam mais no autoexame do que na mamografia e não sabem quais os grandes fatores de risco desse tumor

Apesar dos avanços desde as primeiras ações do Outubro Rosa no Brasil, em 2002, há muita desinformação sobre as causas e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Foi o que concluiu uma pesquisa encomendada pelo Coletivo Pink, do laboratório Pfizer.
O levantamento “Câncer de mama hoje: como o Brasil enxerga a paciente e sua doença?” foi conduzido pelo Ibope Inteligência. Foram entrevistadas 1 040 mulheres e 960 homens da cidade de São Paulo e das regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Curitiba através de uma plataforma online.
“O resultado vai ser útil para direcionar as próximas campanhas. Mesmo após mais de 15 anos de Outubro Rosa, tem muita coisa que os brasileiros não sabem”, comenta a oncologista Marina Sahade, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

A importância da mamografia

Uma das mensagens propagadas pela ação anual é a de realizar o autoexame. Qualquer alteração (caroço, corrimento, deformação, coceira) pode ser indício da doença.
No entanto, a maneira mais eficaz de diagnosticá-la precocemente é a mamografia. Isso torna preocupante o achado da pesquisa de que 77% das mulheres confiam mais na própria avaliação em casa.
“O autoexame é importante e tem que ser feito. Mas a mamografia detecta tumores menores, quando eles ainda têm milímetros. A chance de cura nesse momento é muito maior”, alerta Marina.
E mais: 53% das entrevistadas acreditam que, quando a mamografia não encontra alterações, é desnecessário repetir o procedimento no futuro. “O Ministério da Saúde recomenda que toda mulher acima dos 50 anos faça esse exame a cada dois anos. Já a maioria das sociedades médicas orienta que ele seja realizado anualmente a partir dos 40 anos”, ensina a oncologista.

Os fatores de risco do câncer de mama

A pesquisa também revela uma falta de entendimento sobre o que provoca essa enfermidade: 73% das participantes acreditam que a grande causa é a herança genética.
“Na verdade, ela corresponde a menos de 10% dos casos”, esclarece Marina. “O estilo de vida que é preponderante. Obesidade e sedentarismo são os fatores mais importantes”, informa Marina. Porém, apenas 23% do público feminino sabe disso.
Outras questões aumentam a probabilidade de desenvolver o câncer de mama. “Ter uma menopausa tardia ou uma primeira menstruação mais cedo, não ter filhos, não amamentar, abusar de álcool e consumir alimentos processados”, lista a doutora.
Quando se trata desses fatores, também há desinformação entre mulheres e homens:
  • Apenas 10% dos brasileiros conhecem a relação desse tumor com bebidas alcoólicas
  • 54% não sabem ou não creem que comer carne processada e embutidos está associado à doença
  • 53% acham que quem começa a menstruar antes dos 12 anos não corre um risco maior
  • Somente 13% pensam que a menopausa tardia eleva o perigo
Além disso, mitos antigos persistem. Há quem ache que esquentar alimentos no micro-ondas está ligado à enfermidade (31%) e quem desconfie de que usar sutiã com bojo aumenta a possibilidade de câncer de mama (39%). Isso simplesmente não é verdade.
“Existe muita notícia falsa e explicações incorretas na internet. É necessário disseminar informação de qualidade”, conclui a oncologista.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Campanha nacional de vacinação do sarampo vai começar. Quem deve tomar?

Em 2019, a campanha será dividida em duas fases: uma para crianças e outra para adultos jovens. Veja quem precisa receber a vacina do sarampo — e quando

A segunda-feira (7 de outubro) marca o início da campanha nacional de vacinação contra o sarampo de 2019. A vacina tríplice viral, que também protege contra caxumba e rubéola, estará disponível em todos os postos de saúde do país, com foco especial em dois subgrupos: crianças de 6 meses a menores de 5 anos e adultos de 20 a 29 anos.

O sarampo no Brasil — e como vai funcionar a campanha

De acordo com um boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde em setembro, foram confirmados 5 346 casos de sarampo no Brasil. A maior parte dos diagnósticos está concentrada em 153 municípios de São Paulo (97,5%), principalmente na região metropolitana.
Ainda assim, o número de estados com transmissão ativa da doença já chega a 17. E isso reforça a importância de uma campanha de vacinação por todo o país.
Em 2019, o governo decidiu dividir a ação em duas fases. Cada uma é focada em um público diferente que estaria mais suscetível à infecção por sarampo.
  • Entre 7 e 25 de outubro, o objetivo é imunizar crianças de 6 meses a menores de 5 anos. Além disso, haverá um Dia D em 19 de outubro. Cabe lembrar que, antes do primeiro ano de vida, a dose não entra na conta do Calendário Nacional de Vacinação. Ou seja, o bebê continuará precisando tomar mais duas injeções.
  • De 18 a 30 de novembro, será a vez dos jovens de 20 a 29 anos. Aqui, o Dia D acontecerá no 30 de novembro, data final da campanha.
Como dá para perceber, há um intervalo entre uma fase e outra. Mas é importante ressaltar que tanto a vacina tríplice viral como a tetravalente (que evita também a catapora) são aplicadas na rede pública o ano todo em brasileiros de até 49 anos, dentro ou fora de surtos. Siga as orientações do Calendário Nacional de Vacinação para proteger você e sua família desde cedo.
Para repor os estoques de imunizantes, o Ministério da Saúde adquiriu mais que o dobro de doses em relação ao ano passado, indo de 30,6 para 60,2 milhões. Será a maior distribuição de tríplice viral feita pelo Brasil nos últimos dez anos.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Injeção contra o diabetes agora vira comprimido diário

Remédio injetável e de uso semanal para pessoas com diabetes tipo 2 tem versão oral e diária aprovada nos Estados Unidos

Uma classe de medicamentos injetáveis ganhou destaque no tratamento do diabetes tipo 2 nos últimos anos. Estamos falando de injeções subcutâneas que simulam a ação de um hormônio, o GLP-1.
O GLP-1 é uma molécula naturalmente produzida pelo intestino humano quando acontece a passagem dos alimentos. Entre suas muitas ações, destacamos:
  • Ele reduz o apetite e aumenta a saciedade;
  • Diminui os movimentos do estômago;
  • Regula a liberação de insulina e glucagon (responsáveis pela modulação dos níveis de glicose) lá no pâncreas.
Ao imitar o hormônio, essas medicações se mostraram excelentes para o controle do açúcar no sangue e também para a redução de peso corporal. E tudo isso sem impor grandes riscos de hipoglicemia. Estudos mais recentes atestaram, ainda, que a classe dos análogos de GLP-1 também minimiza o risco de problemas cardiovasculares — doenças mais letais para pessoas com diabetes.
Apesar de tantos benefícios, o ponto crucial que faz com que muitas pessoas não usem esse tipo de medicamento é o fato de ser injetável. Mesmo com o desenvolvimento de canetas de aplicação supermodernas, com agulhas quase invisíveis, ter de se picar assusta muita gente.
Daí que a adesão e o uso à risca conforme prescrição médica se revelam baixíssimos. Ainda mais porque inicialmente esses remédios tinham de ser aplicados duas vezes ao dia. Para facilitar a vida do paciente, foram lançados mais recentemente produtos de uso semanal.
Mas a luta pela adesão ganha um novo reforço: foi aprovado há pouco nos Estados Unidos o primeiro análogo de GLP-1 de uso oral. Sim, um comprimido diário com o princípio ativo semaglutida.
Essa versão, desenvolvida pela farmacêutica Novo Nordisk, parece ter benefícios clínicos no controle da glicose e do peso muito semelhantes aos do produto injetável. O grande pulo do gato da nova formulação, assim se espera, é a adesão no longo prazo.
A pergunta que fazemos é: de que adianta um medicamento de ponta e efetivo se o paciente não o utiliza direito? Eis um avanço que essa notícia traz para o tratamento do diabetes tipo 2. A expectativa é que a semaglutida oral seja lançada no Brasil em 2020.
Enquanto isso, vamos cuidar da saúde — inclusive tomando os remédios receitados pelo médico!

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Doença parecida com leishmaniose, mas mais grave, é descoberta no Brasil

Parasita até então desconhecido já teria infectado aproximadamente 150 pessoas em Sergipe, incluindo pelo menos uma vítima fatal

Uma doença emergente, com sintomas parecidos aos da leishmaniose visceral, acaba de ser descrita pela primeira vez por pesquisadores brasileiros. Mais grave e resistente a tratamentos, ela é provocada por um parasita até então desconhecido, já infectou cerca de 150 pessoas e matou ao menos uma delas.
O primeiro caso foi identificado em 2011, em Aracaju (Sergipe). Um homem de 60 anos, com sintomas de leishmaniose visceral — problema endêmico em algumas regiões do país — deu entrada no hospital já em estado grave, o que não é comum. Via de regra, a leishmaniose evolui mais lentamente.
“Ele não respondeu aos tratamentos convencionais, com quatro recidivas que resultaram em novas internações”, explicou, em comunicado à imprensa, Roque Pacheco Almeida, imunologista da Universidade Federal do Sergipe (UFS), que atendeu o caso, descrito em artigo recém-publicado no periódico Emerging Infectious Disease. “Em mais de 30 anos trabalhando com leishmaniose, com mais de 11 mil indivíduos diagnosticados, nunca tinha visto nada parecido”, destaca o médico.
O homem em questão apresentou ainda lesões de pele características de outro tipo de leishmaniose, a tegumentar, que geralmente é mais branda. Ele acabou morrendo em 2012.
Esse caso dramático e intrigante motivou uma investigação feita por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos, da Universidade de São Paulo e da UFS. Os resultados, mostrados no estudo, são claros: trata-se mesmo de uma nova espécie, que infecta mamíferos e pode ameaçar a saúde.

O novo inimigo da saúde

Nem o agente infeccioso nem a doença têm nome. Sabe-se que o parasita se parece com o Crithidia fasciculata, uma espécie de protozoário que infecta insetos, mas é incapaz de fazer o mesmo com mamíferos. Já a leishmaniose é causada por espécies do gênero Leishmania.
O Crithidia e o Leishmania são da mesma família do Trypanosoma cruzi, que deflagra a Doença de Chagas. Análises genômicas ajudaram a confirmar que se tratava de uma espécie desconhecida, provavelmente pertencente a esse grupo maior de micro-organismos.
Após essa identificação, a equipe cultivou em laboratório o mesmo protozoário que circulava no corpo daquela vítima fatal, e confirmou que ele era capaz de infectar, além de seres humanos, camundongos.
Esse projeto foi financiado pelo Centro de Pesquisas em Doenças Inflamatórias (Crid) da Fapesp, com participação da Fiocruz e dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês).

Confusão com a leishmaniose?

A leishmaniose visceral é causada por mais de uma dezena de protozoários do tipo Leishmania, transmitidos pelo mosquito palha. A doença afeta fígado e baço e, se não tratada, pode ser fatal.
A Organização Mundial da Saúde calcula entre 50 e 90 mil casos ao ano no mundo. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são 3 500 indivíduos afetados no mesmo período, com mortalidade crescente: de 3,1% em 2000 para 7,1% em 2012.
“A alta pode estar relacionada ao surgimento dessa nova doença, parecida com a leishmaniose visceral, mas mais grave e resistente aos tratamentos”, comentou Almeida no texto de divulgação. Ou seja, alguns óbitos dos últimos anos atribuídos à leishmaniose na realidade decorreriam dessa nova ameaça. Mas isso não foi confirmado.

A transmissão dessa doença

Uma das suspeitas do grupo de pesquisadores é a de que o novo parasita seria carregado por dois gêneros de mosquito: o Culex, famoso pernilongo que atormenta as noites quentes brasileiras, e os anofelinos, que estão por trás da malária.
Mais estudos são necessários para confirmar a hipótese, bem como entender o ciclo de vida do micróbio, seus reais hospedeiros e efeitos da infecção pelo corpo. Já se sabe, contudo, que ele tem potencial para se tornar um problema de saúde pública, principalmente se não receber a devida atenção das autoridades.