segunda-feira, 31 de março de 2014

Parabéns 31 de março 1964


Pesquisa no RS pode resultar em vacina para o câncer de próstata

Nos testes, vacina diminuiu o índice de mortes de 19% para 9%.
Doença é o segundo tumor que mais mata homens no estado e no país.

Do G1 RS
Uma descoberta realizada há 14 anos levou um pesquisador da PUC-RS, de Porto Alegre, a desenvolver uma pesquisa inovadora, que pode resultar em uma vacina para controlar o avanço do câncer de próstata, como mostra a reportagem do Teledomingo, da RBS TV (veja o vídeo). A doença é o segundo tipo de tumor que mais mata homens no Rio Grande do Sul e em todo o país.
Ao misturar uma substância chamada “modulador do sistema imunológico” em algumas células doentes, o médico Fernando Kreutz conseguiu fazer com que células que antes ficavam escondidas do sistema imunológico no organismo mudassem de cor e se tornassem visíveis.
“Nosso sistema imunológico não consegue enxergar que aquela é uma célula tumoral, é como se ela ficasse invisível. Eu consegui fazer com que essa célula, que antes era invisível, se tornasse visível. Marquei a célula como se dissesse ‘olha, sistema imunológico, ataca ela porque ela é uma célula que tu precisa descobrir’”, explica Kreutz.
A partir desta descoberta, o pesquisador começou a produzir uma vacina usando células doentes retiradas do próprio paciente. As células são reproduzidas em laboratório, bombardeadas com radiação e morrem. A estrutura celular, já sem o câncer, recebe então a substância moduladora e é aplicada no paciente como vacina. “O sistema imunológico reconhece isso e prolifera, multiplica essas células que vão destruir o tumor”.
Os testes clínicos para a vacina começaram em 2002. No total, foram avaliados 107 pacientes com diagnóstico de câncer de próstata que precisavam de cirurgia. Depois, um grupo de 48 homens com idade média de 63 anos foi selecionado e o resultado foi surpreendente.
Vinte e dois homens fizeram o tratamento convencional, apenas com radioterapia e hormônios, enquanto 26 receberam também as doses da vacina. Depois de cinco anos, a avaliação mostrou que, no primeiro grupo, 48% dos homens estavam com a doença indetectável, ou seja, aparentemente curados. No grupo que tomou a vacina, esse índice saltou para 85%. Outro dado deu ainda mais esperança aos pesquisadores: a redução do número de mortes que, nestes casos, tem um índice médio de 20%.
“No grupo de controle que recebeu o tratamento convencional, tivemos 19% de mortalidade, exatamente o que era esperado estatisticamente. No grupo vacinado, tivemos uma mortalidade de 9%. Isso significa que a chance de o paciente morrer fazendo o tratamento convencional foi de uma em cada cinco pessoas, enquanto no grupo vacinado foi um em cada 11 pacientes.
Na próxima fase, 400 homens de todo o país vão participar da pesquisa. A produção da vacina ainda não tem data prevista.

sábado, 29 de março de 2014

Tireoide preservada

Novos métodos permitem remover nódulos na glândula sem a necessidade de cirurgia

Mônica Tarantino (monica@istoe.com.br)
Em média, uma em cada sete mulheres tem nódulos na glândula tireoide. Se crescerem rápido demais, incomodarem e se sua aparência despertar o receio de que sejam malignos ou de que venham a se converter em câncer, a recomendação é removê-los. Até agora, o método predominante para isso é a cirurgia, o que pode implicar remoção parcial ou total da glândula e a necessidade de fazer reposição hormonal. Muitos centros médicos nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia, porém, começam a colocar em prática métodos menos invasivos para reduzir bastante as dimensões dos nódulos ou eliminá-los. Os cientistas estão estudando principalmente o desempenho das ondas de radiofrequência, do laser e das micro-ondas. As técnicas geram calor, o que leva à morte dos tecidos nodulares. 
Testes com pacientes estão em andamento principalmente na Coreia, nos Estados Unidos e na Itália. Um dos aspectos mais investigados é a segurança do procedimento para não atingir estruturas nobres que cercam a tireoide, como as artérias carótidas, a traqueia e o nervo laríngeo (relacionado à voz).
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RECURSOS
O médico Rahal, do Albert Einstein, confirmou a eficácia
do laser e planeja testar a aplicação de micro-ondas
O pesquisador italiano Roberto Valcavi concluiu recentemente um dos primeiros estudos que comparam o desempenho de duas dessas técnicas. Ele submeteu 54 mulheres com nódulos benignos grandes à ablação por radiofrequência, enquanto outras 54 foram tratadas com laser. “O grupo submetido à radiofrequência teve resultados melhores e mais rápidos”, disse Valcavi. Na Coreia, no Centro Asan, 692 pacientes experimentaram o método, com igual sucesso. Alguns, entre eles homens, tinham nódulos volumosos, daqueles que desfiguram o pescoço e são chamados de bócio. No período de seis meses a um ano, houve reduções de até 75% do tamanho.
No Brasil, os radiologistas intervencionistas Antônio Rahal e Rodrigo Gobbo, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, submeteram, em caráter experimental, 33 mulheres com nódulos benignos ao tratamento com laser. “Verificamos que se trata de uma terapia precisa, com resultados tão eficazes quanto os da radiofrequência”, afirma Rahal. O procedimento é realizado por meio da introdução de um a quatro feixes de fibra óptica no interior do nódulo por onde serão conduzidas as ondas de energia do laser. Sob temperatura elevada, as células sofrem necrose e morrem. A paulista Aline Gandra, 24 anos, passou pela terapia. “Até agora o nódulo não voltou”, diz.
Logo após a conclusão do teste, os especialistas do Albert Einstein pediram a aprovação do procedimento e do aparelho à Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Foi em 2012, mas ainda esperamos a liberação. Enquanto isso, não podemos usar sem que seja em pesquisa”, diz Gobbo. No Brasil, as mulheres que precisam remover nódulos contam apenas com duas opções: a cirurgia ou a alcoolização (injetam-se doses de álcool puro no interior dos nódulos para murchá-los). Em geral, o método precisa ser repetido mais de uma vez. “As brasileiras precisam ter acesso a métodos menos agressivos, como a radiofrequência”, diz a endocrinologista Maria Fernanda Barca, de São Paulo.
Há mais técnicas em estudo. Uma delas é a eletroporação (usa pulsos elétricos para perfurar a membrana das células, levando-as à morte), em teste em centros americanos e europeus. Por aqui, a equipe do Einstein pretende iniciar ainda este ano um protocolo experimental utilizando as micro-ondas.
As principais vantagens dessas técnicas em face da cirurgia são a eliminação dos nódulos sem cortes e as chances de preservação da glândula. “Essa espécie de implosão do nódulo, matando as células, é um benefício porque elimina a possibilidade de que ele aumente de tamanho e provoque sintomas ou adquira aspectos sugestivos de câncer”, diz Maria Fernanda.
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O cirurgião Luiz Paulo Kowalski, chefe do departamento de cabeça e pescoço do A. C. Camargo Cancer Center, em São Paulo, pensa diferente. Ele acredita que, se houver possibilidade de o nódulo vir a ser câncer, deve ser removido cirurgicamente. “Se não há risco, pode ser acompanhado e não precisa ser extraído”, diz. O cirurgião Sérgio Arap, do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, diz que é cedo para dar um veredicto. “Falta um acompanhamento a longo prazo das pacientes para conhecer os resultados depois de cinco anos, por exemplo”, afirma.
Os avanços incitam também a preocupação com sua aplicação adequada. “Esses procedimentos se destinam a pacientes com nódulos benignos. O câncer não pode ser tratado dessa forma”, disse à ISTOÉ o médico Damian Dupuy, diretor de radiologia do Rhode Island Hospital, nos Eua. Ele é um dos principais pesquisadores das novas tecnologias. Sua recomendação é a de que só depois de comprovar que o nódulo é benigno (por duas punções seguidas da análise dos tecidos) se pode optar por um método menos agressivo.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Médicos trocam crânio de mulher por prótese de plástico impressa em 3D

Paciente tinha doença rara que fazia crânio ficar com 5 cm de espessura.
Cirurgia foi feita no Centro Médico Universitário de Utrecht, na Holanda.

Do G1, em São Paulo
Hospital desenvolveu prótese em impressora em três dimensões para substituir a parte superior do crânio de uma mulher de 22 anos (Foto: Reprodução/YouTube/UMC Utrecht)Hospital desenvolveu prótese em impressora em três dimensões para substituir a parte superior do crânio de uma mulher de 22 anos (Foto: Reprodução/YouTube/UMC Utrecht)
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Um hospital holandês obteve com sucesso a primeira cirurgia de troca da parte superior do crânio de uma paciente por uma prótese plástica criada em impressão 3D. A mulher de 22 anos sofria de uma doença rara que engrossava o crânio de forma anormal. No caso dela, o crânio tinha 5 centímetros de espessura, quando o normal seria 1,5 centímetro.
Prótese foi implantada na cabeça de mulher de 22 anos (Foto: Reprodução/YouTube/UMC Utrecht) A cirurgia foi realizada no Centro Médico Universitário de Utrecht, na Holanda, e durou 23 horas. Próteses criadas em impressoras 3D já haviam sido usadas para substituir pares do crânio, mas esta é a primeira vez que quase toda a caixa craniana é substituída em um paciente.
Prótese foi implantada na cabeça de mulher de
22 anos (Foto: Reprodução/YouTube/UMC Utrecht)
O procedimento gera resultados melhores porque o uso de peças com essa tecnologia instantânea permite fazer uma reconstrução mais precisa.
"Usando a impressão 3D, podemos fazer um para o tamanho exato”, explico o médico Bon Verweij, que comandou a cirurgia, em entrevista ao jornal Dutch News. “Isto não só tem grandes vantagens estéticas, mas a função do cérebro dos pacientes muitas vezes se recupera melhor do que usar."
A cirurgia foi realizada há três meses, mas o hospital anunciou o procedimento nesta sexta-feira (26) depois de se certificar que a mulher se recuperou completamente. "Ela já voltou ao trabalho e é impossível perceber que ela foi operada", afirmou.
Mulher tinha doença rara que deixava o crânio com 5 cm de espessura (o normal é 1,5 cm) (Foto: Reprodução/YouTube/UMC Utrecht)Mulher tinha doença rara que deixava o crânio com 5 cm de espessura (o normal é 1,5 cm) (Foto: Reprodução/YouTube/UMC Utrecht)

quinta-feira, 27 de março de 2014

Anvisa quer restringir venda e propaganda de clareadores dentais

Proposta de resolução que vai a consulta pública prevê que alguns produtos sejam vendidos mediante a apresentação de receita

Clareamento
Produtos com concentração inferior a 3% de peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida continuariam liberados (Thinkstock)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai restringir a venda e a propaganda de clareadores dentais. Uma proposta de resolução que vai a consulta pública a partir desta quarta-feira prevê que produtos que tenham uma concentração superior a 3% de peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida passem a ser comercializados somente mediante a apresentação de receita. Peças publicitárias sobre produtos apenas poderão ser apresentadas para prescritores, os dentistas.

Produtos que apresentam concentração inferior a 3% — a maior parte encontrada em farmácias — não estão sujeitos a essas regras. Pelo texto, a venda e a publicidade continuam liberadas.


A Anvisa decidiu discutir regras para a venda dos produtos depois de um pedido feito pelo Ministério Público e pelo Conselho Federal de Odontologia. O gerente geral de tecnologia de produtos da saúde da Anvisa, Joselito Pedrosa, afirmou haver relatos de abusos relacionados ao produto. "Ele não é inofensivo. Vários efeitos adversos foram relatados, de problemas na gengiva à perda dos dentes", afirmou.

Produtos com concentração superior a 3% são vendidos geralmente em farmácias especializadas em produtos dentais e distribuidoras. "Mas muitos recorrem a esses estabelecimentos e compram os clareadores por conta própria." O texto da resolução deverá ficar em consulta pública por 60 dias.
(Com Estadão Conteúdo)

quarta-feira, 26 de março de 2014

Dor nas costas é a principal causa de invalidez no mundo

Novas pesquisas mostram que o problema, que afeta 10% da população global, também é responsável por parte dos casos de invalidez no trabalho

Dor nas costas: Uma em cada dez pessoas no mundo tem o problema
Dor nas costas: Uma em cada dez pessoas no mundo tem o problema (Thinkstock)
Dores na região lombar são as principais causas de invalidez no mundo — e culpadas por um terço de todos os casos de incapacidade ligada ao trabalho. Essas conclusões fazem parte de dois novos estudos australianos publicados nesta terça-feira no periódico Annals of the Rheumatic Disease. Ambas as pesquisas realizaram análises aprofundadas dos dados do estudo Global Burden of Disease 2010, que foi publicado em 2012 e avaliou causas e prevalências de doenças e mortes em 187 países ao longo de vinte anos.
De acordo com um dos trabalhos, feito na Faculdade de Saúde Pública da Universidade Monash, quase uma em cada dez pessoas (9,4%) no mundo sofre de dores na região lombar. Isso significa que, em 2010, 83 milhões de indivíduos tinham o problema — em 1990, eram 58,2 milhões.
Causas — Essa pesquisa analisou as principais causas de invalidez e levou em consideração fatores como prevalência, duração e risco de morte associados a cada uma. Ao todo, foram analisadas 291 condições, como tabagismo, hipertensão, poluição, derrame cerebral e diabetes. Os autores concluíram que as dores nas costas são as mais associadas à invalidez.
Segundo os pesquisadores, o impacto negativo do problema sobre a qualidade de vida das pessoas aumenta com o avanço da idade, o que é preocupante, uma vez que a população mundial está envelhecendo.
O segundo estudo descobriu que um em cada três casos de invalidez no trabalho (o equivalente a 22 milhões) é provocado pela dor na região lombar, e que os profissionais mais prejudicados são aqueles que trabalham no setor agrícola. A pesquisa, feita na Universidade de Sydney, também concluiu que profissões que envolvem levantamento de peso e posições incômodas elevam o risco de lombalgia e, consequentemente, de invalidez.
O trabalho ainda revelou que a incapacidade de trabalhar provocada por dores nas costas afetam mais homens do que mulheres (13,5 milhões de homens ante 8,5 milhões de mulheres em 2010) e ocorrem principalmente em pessoas de 35 a 65 anos.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Candidíase: saiba como se prevenir e tratar

A candidíase é muito comum entre as mulheres. Você sabe como tratar esta infecção?

Reportagem: Gabriela Queiroz | Foto: Thinkstock
Candidíase

A candidíase é uma infecção provocada pelo fungo Cândida Albicans. "Pelo menos uma vez na vida 75% a 80% das mulheres terá a candidíase", afirma Poliani Prizmic, ginecologista e obstetra do hospital e maternidade São Luiz.
 
A candidíase não é considerada uma DST, já que no nosso corpo existe o fungo adormecido. Nas mulheres ele fica dentro da flora vaginal e intestinal e, nos homens, em forma de esporos no pênis. Dentre as formas de proliferação, está o ato sexual, em que o homem ou a mulher, podem vir a contaminar o parceiro. Por isso, as mulheres com vida sexual ativa são mais propensas à doença.
 
"Mesmo que a relação seja praticada com camisinha, o pênis faz um microtrauma na parede da vagina, assim a mulher fica mais predisposta à doença", explica a ginecologista. A doença conta também com outras propensões. "A candidíase pode estar associada à baixa imunidade, uso de antibióticos, anticoncepcionais, corticoides, e até mesmo à alimentação", explica Poliniani. 
 
Além desses fatores, há o famoso biquíni molhado. "No verão a candidíase é mais comum, pois a temperatura está mais alta e utiliza-se mais biquíni/maiô do tipo Lycra", diz Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do hospital Albert Einstein. No entanto, na maioria das vezes, a crise desse fenômeno está ligada aos casos de baixa imunidade e de uma dieta rica em farinha branca e açúcar, que acabam por modificar o pH da vagina, o deixando mais ácido e ideal para a proliferação da Cândida Albicans.
 

Sintomas e tratamentos 

A candidíase desperta nas mulheres coceira na vagina e no canal vaginal, corrimento, dores para urinar e também nas relações sexuais. Para o tratamento, é feito o uso de remédio antifúngico oral e creme vaginal, por mais ou menos uma semana. É preciso também "evitar tecidos que aumentem a temperatura local e roupas apertadas, e até mesmo dormir sem calcinha pode ajudar a melhor ventilação local", afirma o ginecologista e obstetra Eduardo Zlotnik, do hospital Albert Einstein.
 
Segundo Poliani, a combinação de uma alimentação correta e nutritiva é muito importante para que a cura seja alcançada e se evite a reincidência da doença. Uma vez que o sistema imunológico forte não abre espaço para a candidíase.
 

Alternativa 

Em entrevista à revista BOA FORMA,o ginecologista José Bento, dos hospitais Albert Einstein e São Luiz, afirmou que antes de as pessoas começarem o tratamento por remédios, seria interessante investir primeiro em mudanças nos hábitos alimentares.
 
O ginecologista afirma que restringir os doces e carboidratos da dieta do dia a dia pode atuar diretamente na candidíase. Outra mudança alimentar proposta pelo médico é a introdução na cardápio de alimentos com ação antifúngica. São eles: o alho, o alecrim, a cebola e o orégano.
 

Conheça alguns vilões da candidíase:

Alimentos
1. Álcool: sua composição é feita pela fermentação de açúcares
 
2. Tomates: são considerados ácidos e acabam por alterar o PH vaginal
 
3. Pães: são carboidratos, que também fazem parte da família dos açúcares, aumentando a chance de proliferação do fungo
 
4. Uva-passa: quase sempre contam com fungos em sua composição
 
5. Leite e queijos: fermentados pelos fungos podem fazer com que o corpo fique propenso a proliferação da Cândida Albicans
 
6. Açúcar: ele modifica o PH da vagina proliferando o aparecimento de fungos

sábado, 22 de março de 2014

Registrado primeiro caso grave de dengue no Estado

Além deste, mais oito casos do tipo dengue com sinais de alarme foram confirmados no Ceará

A principal recomendação do Ministério da Saúde contra a doença é continuar com as ações preventivas, evitando focos do mosquito Aedes aegypti
O primeiro caso grave de dengue no Estado do Ceará em 2014 foi confirmado esta semana no município de Pereiro, distante 342 quilômetros da Capital. A informação é do Boletim epidemiológico da doença, divulgado, ontem, pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), que apresenta, ainda, uma confirmação de 226 novos casos em todo o Ceará em uma semana.
dengue De acordo com a nova classificação da doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em vigor desde janeiro deste ano, as denominações dengue clássico, febre hemorrágica do dengue (Grau I, II, III e IV), dengue com complicação e síndrome de choque do dengue deixaram de ser utilizadas e deram lugar as classificações: dengue, dengue com sinal de alarme e dengue grave.
Segundo o último boletim, de 31 de dezembro de 2013 até ontem, foram notificados 1923 casos de dengue no Estado. Destes, 705 foram confirmados em 37 municípios, com destaque para Fortaleza e Tauá, com 158 e 282 casos, respectivamente.
Além do registro grave da doença no município de Pereiro, foram confirmados oito casos do tipo dengue com sinais de alarme, sendo quatro em Fortaleza, três em Tauá e um em Alto Santo. Nenhum óbito foi confirmado pela Sesa em 2014, mas seis ainda estão sob investigação.
Na Capital, o maior número de incidência da doença está na Secretaria Executiva Regional III (SER III), com 47 casos, mas o bairro com o maior registro de ocorrências é o Mondubim, com 10 casos, pertencente a SER V.
Ocorrência
O médico infectologista Anastácio Queiroz, professor de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que o caso grave da dengue pode ser comum uma vez que o Estado já passou por epidemias anteriores. Segundo ele, quem adquire a doença pela segunda ou terceira vez tem dezenas de possibilidades de ter a forma mais grave. "A dengue em sua forma grave geralmente ocorre em pessoas que antes tiveram a doença".
Mesmo ocorrendo um número reduzido de casos, destaca o infectologista, é preciso estar alerta para os sinais que, apesar de não lembrar a dengue, podem indicar se tratar da forma grave da doença, como tonturas, dores abdominais e sangramentos. "É importante que os familiares estejam em alerta e que os profissionais de saúde coloquem sempre essa possibilidade dentro dos seus diagnósticos", diz.
LIRAa
CC D Na última terça-feira (18), o Ministério da Saúde apresentou o balanço da doença referente ao primeiro bimestre de 2014. Apesar de ter havido uma queda de 80% no número de casos, se comparado ao mesmo período do ano anterior, o Levantamento Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa)- Mapa da Dengue, apontou o Ceará como o estado do Nordeste com o maior registro de casos.
Ainda de acordo com o levantamento, o Ceará está entre os dez estados brasileiros que concentram os 86% dos casos no País. Foram, ao todo, 2.082 notificações, conforme o LIRAa. No Brasil, foram 87 mil notificações nesse período, contra 427 mil no ano passado.
Apesar disso, a recomendação do Ministério é continuar com as ações preventivas. A reportagem tentou contato com o coordenador do Núcleo de Controle de Vetores da Sesa, mas as ligações não foram atendidas.
Renato Bezerra
Repórter
FIQUE POR DENTRO
IDENTIFICANDO A NOVA CLASSIFICAÇÃO
De acordo com a nova classificação sugerida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), serão considerados casos suspeitos de dengue quaisquer pessoas que tenham viajado nos últimos 14 dias para área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou a presença do Aedes aegypti e que apresente febre

sexta-feira, 21 de março de 2014

OMS: Diagnóstico falho facilita difusão de tuberculose resistente

Menos de um quarto das 500 000 pessoas que contraíram variações da "supertuberculose" em 2012 recebeu o diagnóstico correto

Tuberculose
Segundo OMS, tuberculose representa um "risco à segurança sanitária global" (Thinkstock)
Cerca de 500 000 pessoas contraíram perigosas variações da "supertuberculose" em 2012, mas menos de um quarto delas foi adequadamente diagnosticada. As demais correram risco de vida por causa da falta de tratamentos ou por receberem medicamentos inadequados.

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TUBERCULOSE
A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que é propagada pelo ar de maneira direta, ou seja, de pessoa para pessoa. Embora possa atingir quase todos os órgãos do corpo, a tuberculose afeta principalmente os pulmões, provocando problemas como dificuldades respiratórias e derrame pleural (presença de líquido no espaço entre pulmões e tórax). O principal sintoma é a tosse frequente, mas há outros, como suores noturnos e diminuição de apetite. Ao contrário da maioria das doenças infecciosas, a tuberculose demora para se manifestar, levando em média de 4 a 12 semanas para que as primeiras lesões sejam descobertas. Estima-se que uma pessoa infectada possa contaminar de 10 a 15 pessoas por ano. A doença é tratada com uma combinação de antibióticos. Como a bactéria cresce lentamente, os medicamentos devem ser tomados por pelo menos 6 meses.
Os novos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados nesta quinta-feira, mostram que um terço das cerca de 9 milhões de pessoas que contraem alguma forma de tuberculose por ano não recebe o tratamento necessário. A entidade diz que a doença representa um risco à segurança sanitária global.
Segundo a OMS, as deficiências no tratamento fazem com que a resistência aos medicamentos se espalhe pelo mundo em ritmo alarmante, propiciando o surgimento de cepas incuráveis da bactéria da tuberculose. "Um diagnóstico mais precoce e rápido de todas as formas da tuberculose é vital", diz Margaret Chan, diretora-geral da OMS. "Isso melhora as chances de as pessoas receberem o tratamento correto e serem curadas, e as ajuda a conter a difusão da doença resistente a drogas."
No ano passado, a OMS propôs que a tuberculose resistente a múltiplas drogas (MDR-TB, pela sigla em inglês) fosse reconhecida como uma crise de saúde pública. Mesmo o tratamento da tuberculose comum é um processo longo, que exige o consumo de um coquetel de antibióticos durante seis meses. A interrupção do tratamento e a prescrição de medicamentos errados, ou em doses inadequadas, leva ao surgimento de uma versão resistente às drogas, um problema que se agravou na última década.
A dificuldade de diagnóstico também contribui para essa situação. Em alguns países mais pobres há apenas um laboratório, frequentemente com capacidade limitada para diagnosticar a MDR-TB. Em outros casos, as amostras para exames precisam ser enviadas a outros países.
Os exames comuns podem levar mais de dois meses para revelar resultados, criando um perigoso intervalo em que o paciente deixa de receber o tratamento adequado e se expõe a contaminar outras pessoas.
A OMS diz que até 2 milhões de pessoas podem ser infectadas pela MDR-TB até 2015. Exames mais rápidos já foram desenvolvidos nos últimos anos, mas a dificuldade é levar a tecnologia e a capacitação técnica aos países onde eles são mais necessários.
Margaret Chan, no entanto, citou sinais encorajadores em um projeto internacional chamado Expand-TB, financiado pela Unitaid, que ajudou a triplicar o número de casos de MDR-TB diagnosticados nos países participantes. Atualmente, esse projeto está presente em 27 países de baixa e média renda, que respondem conjuntamente por cerca de 40% dos casos globais da MDR-TB.
(Com Reuters)

quinta-feira, 20 de março de 2014

Gordura saturada não leva a doenças cardíacas, diz estudo

Nova pesquisa questiona recomendação de substituir consumo de gordura 'ruim', como a da carne vermelha, pela 'boa', como a do peixe. Conclusão, porém, deve ser interpretada com cautela

Carne e alecrim
Alimentação: Estudo não observou mais doenças cardíacas em quem consome mais gordura saturada (Thinkstock)
A publicação de uma série de estudos nos últimos anos deu origem à ideia de que a gordura saturada, encontrada na carne vermelha, na manteiga e no queijo, por exemplo, aumenta o risco de doença cardíaca. Ao mesmo tempo, essas pesquisas concluíram que a gordura insaturada, como o ômega-3 presente em peixes, oleaginosas e no azeite, reduz essas chances. Por isso, é comum a recomendação de que devemos substituir, sempre que possível, o consumo da gordura “ruim” pelo da gordura “boa” como forma de proteger o coração.
Um extenso estudo divulgado nesta terça-feira questiona essa orientação. A pesquisa não encontrou evidências significativas de que consumir mais gordura saturada aumenta as chances de um problema cardíaco. Além disso, o estudo observou que pessoas que fazem uso de suplementos de ômega-3 não têm menos doenças do coração do que as outras.
A nova pesquisa, realizada na Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, revisou 76 pesquisas sobre o assunto — sendo que 17 delas analisaram os níveis de ômega-3 no sangue dos participantes e 27 acompanharam de perto indivíduos que passaram a fazer uso de suplementos dessa gordura. Ao todo, os estudos revisados envolveram mais de 600.000 pessoas. Os resultados foram divulgados no periódico Annals of Internal Medicine.
"Minha opinião é que não é com a gordura saturada que nós devemos nos preocupar na nossa alimentação", diz Rajiv Chowdhury, epidemiologista cardiovascular da Universidade Cambridge e coordenador do estudo.
Cautela — A comunidade científica, porém, recebeu a pesquisa com ressalvas. Os especialistas alertam que o estudo não dá sinal verde para o consumo desenfreado de gordura saturada e nem quer dizer que o hambúrguer é tão saudável quanto o salmão. Isso porque as pesquisas revisadas não compararam diretamente os efeitos da gordura saturada com os da insaturada nas mesmas pessoas ao longo de um longo período. Ou seja, evidências consistentes ainda são necessárias para compreender de que forma a alimentação impacta o risco de doenças cardíacas.
Frank Hu, professor de nutrição da Universidade Harvard e um dos principais pesquisadores sobre alimentação no mundo, disse ao jornal americano The New York Times que as pessoas não devem avaliar o consumo de determinados nutrientes como algo isolado. Isso porque um indivíduo, ao retirar a gordura saturada da dieta, por exemplo, pode acabar consumindo mais pães, massas e outros carboidratos refinados, o que, em exagero, também faz mal ao coração. "Acredito que no futuro as recomendações alimentares darão mais ênfase à comida real em vez de simplesmente impor limites ou proibir a ingestão de certos nutrientes", afirmou.

terça-feira, 18 de março de 2014

Brasil tem 1.046 cidades em situação de risco ou alerta para surto de dengue

Apesar do sinal amarelo para 71% dos municípios, houve uma redução de 80% nos casos de dengue na comparação entre o primeiro bimestre deste ano e o do ano passado

Marcela Mattos
Detalhe do mosquito da dengue
Dengue: doença é transmitida pela fêmea do mosquito 'Aedes aegypti', que se desenvolve preferencialmente em ambientes onde há focos de acúmulo de água parada (Getty Images)
Levantamento do Ministério da Saúde divulgado nesta terça-feira mostrou que 321 municípios brasileiros estão em situação de risco para surto de dengue e 725 em estado de alerta. Os dados integram o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti, o LIRAa, realizado em 1.459 cidades do país. O balanço mostra que, apesar do sinal amarelo para 71% municípios, houve uma redução de 80% nos casos de dengue e de 95% de óbitos na comparação entre o primeiro bimestre deste ano e o do ano passado.

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DENGUE
É a doença endêmica mais disseminada no Brasil, presente em todos os estados. Causa febre aguda e pode matar. Em alguns casos, os sintomas podem não aparecer. Quando se manifestam, o paciente sente dores de cabeça, febre e dores no corpo. A doença é transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve preferencialmente em ambientes onde há focos de acúmulo de água parada. O mosquito transmite o vírus do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviriade. Possui quatro tipos conhecidos: 1, 2, 3 e 4.

Na escala usada como referência pela pasta, são considerados em risco os municípios que apresentam larvas de mosquito transmissor da dengue em mais de 4% dos imóveis pesquisados. Se o índice estiver entre 1% e 3,9%, as cidades são consideradas em alerta. Já diante da presença de menos de 1% do Aedes aegypti, o índice é considerado satisfatório.
Nas capitais, há risco de contaminação da doença em Belém (PA), Palmas (TO), Porto Velho (RO) e Cuiabá (MT). Já Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Boa Vista (RR), Manaus (AM), Maceió (AL), Natal (RN), Recife (PE), São Luís (MA), Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Campo Grande (MS) e Goiânia (GO) estão em alerta.
De acordo com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, por causa das características climáticas e da localidade do país, é esperada a possibilidade da doença no período de maior incidência — entre janeiro e maio — em boa parte do território nacional. “Agora nós temos algumas ferramentas para dizer a situação em cada Estado e região. O fato de ter a presença da larva não significa que vai ter dengue. Isso depende da condição de imunidade da própria população, que varia se houve epidemias fortes e se foram esgotados o número de pessoas suscetíveis à doença”, disse Chioro. O ministro apontou ainda para o aumento no número de municípios analisados pelo LIRAa: 48% a mais em comparação ao ano passado.
Em relação ao número de casos, entre janeiro e fevereiro deste ano, foram registradas 87.000 notificações da dengue, ante 427.000 no mesmo período do ano passado — uma redução de 80%. Desse total, 420 casos foram considerados graves (ante 2.621 no ano passado) e nove levaram à morte (em 2013, houve 192 óbitos neste período).
O levantamento aponta ainda que dez Estados concentram 86% dos casos de dengue registrados este ano. Goiás lidera o ranking, com 22.850 registros. Em seguida estão São Paulo, com 16.147 casos, e Minas Gerais, com 14.089 infectados pela doença. As cidades com maior incidência são Goiânia (6.089), Luziânia (2.888), Aparecida de Goiânia (1.838) e Campinas (1.739).
O Ministério da Saúde orienta que um médico deve ser procurado logo nos primeiros sintomas da dengue, como febre, dor de cabeça e no fundo dos olhos, já que a automedicação pode mascarar os sintomas e dificultar o diagnóstico da doença.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Copa do Mundo traz ao Brasil o risco de surto de sarampo

Centro integrado montado pelo Ministério da Saúde para as 12 cidades-sede vai monitorar a chegada de estrangeiros com febre e manchas avermelhadas pelo corpo. Vírus da doença ainda circula na Europa, na África e na Ásia

Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
Aeroporto Tom Jobim (Galeão)
Aeroporto Tom Jobim (Galeão) (Ale Silva/Futura Press )
Entre as doenças que devem ser notificadas durante a Copa do Mundo está a febre do chikungunya, doença transmitida por um vírus e que apresenta sintomas similares aos da dengue e que também é transmitida por mosquitos – entre eles o Aedes aegypti
Os 500.000 estrangeiros esperados para a Copa do Mundo no Brasil fazem a festa do turismo. Mas há também, nesse fluxo repentino de visitantes, uma grande preocupação das autoridades de saúde do país. O maior risco identificado até o momento é o de um surto de sarampo, doença que causou epidemias no Brasil nos anos 80 e 90 e que, atualmente, é considerada controlada. Em Brasília, um centro de operações conectado com as doze cidades-sede da Copa do Mundo está preparado para entrar em funcionamento 20 dias antes do início da abertura do torneio.
Segundo o Ministério da Saúde, desde 2000, foram registrados pelo menos 519 casos de sarampo no país. Todos estão relacionados à chegada de turistas contaminados oriundos da Europa, Ásia e África – continentes nos quais ainda há grande circulação do vírus do sarampo. Desde janeiro 2013, foram registrados 303 casos da doença no país, com surtos no Ceará e em Pernambuco. Nos dois casos, exames indicaram o subtipo D8 do sarampo, comum entre os europeus.

“Praticamente toda a Europa tem transmissão de sarampo. No ano passado, houve um surto da doença na Inglaterra. Há dois anos, foram confirmados surtos na França. Devido ao risco da chegada de estrangeiros com o vírus durante a Copa do Mundo, o ministério recomendou a vacinação das categorias profissionais que têm maior contato com turistas, como funcionários de hotel e taxistas nas doze cidades-sedes”, afirma o secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
De acordo com o secretário, o trabalho de vigilância epidemiológica que será realizado durante a Copa do Mundo foi feito, em escala menor, durante os Jogos Militares e a Copa das Confederações. Além da comunicação diária com as secretarias municipais de saúde em busca de estrangeiros com febre e manchas avermelhadas no corpo, o plano de contenção do sarampo prevê a vacinação de todos os que tiveram contato com os doentes.
“Se identificarmos uma pessoa com sarampo, temos que vacinar até mesmo os que estavam no avião com ela. Para isso, temos um estoque estratégico de imunizantes, pronto para ser usado”, disse Barbosa. Nesse caso, será preciso obter rapidamente os dados dos viajantes, com companhias aéreas, hotéis e delegações.
Entre as ferramentas usadas para facilitar a identificação dos casos da doença, está um aplicativo para celular destinado aos turistas. O programa, que ainda está sendo desenvolvido, terá informações sobre a localização de hospitais e de farmácias. Além disso, o aplicativo mapeará o fluxo de viajantes no país através das informações prestadas pelos próprios estrangeiros ao aplicativo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai reforçar o monitoramento nos aeroportos em busca de informação sobre passageiros que apresentaram problemas de saúde durante os voos. Caso sejam identificados, serão orientados a buscar atendimento médico. O problema, no entanto, é que a atuação nos aeroportos é limitada, já que os passageiros podem chegar ao país no período de incubação da doença – ou seja, com o vírus, mas sem sintomas.

Como agir em caso de suspeita de sarampo

O que é o sarampo?

O sarampo é uma doença infectocontagiosa provocada pelo Morbillivírus e transmitida por secreções das vias respiratórias, como gotículas eliminadas pelo espirro ou pela tosse. O período de incubação, ou seja, o tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas, é de cerca de doze dias. A transmissão pode ocorrer antes do aparecimento dos sintomas e estender-se até quatro dias depois do surgimento das placas avermelhadas na pele.
Mosquitos – Profissionais de saúde receberão um encarte alertando sobre o fluxo concentrado de estrangeiros e a necessidade de se notificar casos suspeitos aos gestores. Entre as doenças que devem ser notificadas está a febre do chikungunya, doença transmitida por um vírus e que apresenta sintomas similares aos da dengue e que também é transmitida por mosquitos – entre eles o Aedes aegypti.
A chikungunya é transmitida em países da África e da Ásia e em algumas regiões do Caribe. No entanto, casos importados - quando o paciente é infectado em viagem -  já foram registrados nos Estados Unidos, Canadá, Guiana Francesa, Martinica e Guadalupe. No Brasil, foram registrados três casos em 2010 – as três pessoas foram contaminadas fora do país, segundo Barbosa.
“Nós monitoramos os casos da doença, mas nunca houve transmissão no país. O chikungynia é transmitido pelo Aedes aegypti e pelo Aedes albopictus, dois mosquitos que existem no Brasil. O risco é que uma pessoa contaminada com chikungunya seja picada por um Aedes, que poderia transmitir o vírus para outra pessoa”, diz Barbosa.
Em fevereiro, o Ministério da Saúde emitiu um informe para as secretarias estaduais e municipais alertando sobre a doença. O comunicado solicita que estados e municípios notifiquem os casos suspeitos e encaminhem material para exame no Instituto Evandro Chagas (IEC), laboratório de referência nacional em epidemiologia.

sábado, 15 de março de 2014

Vitamina D pode ajudar a reduzir o colesterol em mulheres

Pesquisa indica que suplementos diários do nutriente beneficiam mulheres após a menopausa, fase em que risco de doenças cardíacas aumenta

Saúde feminina: Vitamina D pode ser um dos fatores que contribui com a redução do risco cardíaco
Saúde feminina: Vitamina D pode ser um dos fatores que contribui com a redução do risco cardíaco (iStock)
Diferentes estudos já sugeriram que a vitamina D pode proteger o coração, e agora uma nova pesquisa ajuda a explicar como isso acontece. De acordo com o trabalho, feito na Universidade Thomas Jefferson, nos Estados Unidos, suplementos diários do nutriente reduzem os níveis de colesterol “ruim” (LDL) na corrente sanguínea e, consequentemente, contribuem com a prevenção de doenças cardíacas.
Para chegar a essa conclusão, os autores do estudo selecionaram 576 mulheres que já haviam passado pela menopausa. O risco de doenças cardíacas é maior nessa fase da vida da mulher porque a produção de estrogênio, hormônio que protege o coração, diminui. As participantes passaram a tomar suplementos que combinavam vitamina D e cálcio ou então doses de placebo diariamente e ao longo de dois anos. Além disso, os pesquisadores coletaram, no início e no final do estudo, amostras de sangue das participantes para analisar seus níveis de colesterol.
Após ajustar os resultados em relação a outros fatores de risco ao coração, como tabagismo e consumo de álcool, a equipe descobriu que as mulheres que ingeriram vitamina D apresentaram uma pequena, porém notável redução nos níveis de LDL. O mesmo benefício não foi observado nas participantes do grupo do placebo.
Segundo Peter Schantz, o efeito da vitamina D pode ser significativo na prevenção contra doenças cardíacas, mas não é possível dizer que o nutriente, sozinho, seja capaz de evitar a condição nas pessoas. Para isso, é preciso que as pessoas continuem tomando outros cuidados, como não fumar, praticar exercícios e se alimentar de forma correta. O estudo foi publicado na edição deste mês do periódico Menopause.

sexta-feira, 14 de março de 2014

As meninas são mais apegadas ao pai?

Veja o que está por trás do comportamento

menina; pai; amor (Foto: Thinkstock)
As mães de menina, cedo ou tarde, podem acabar com ciúme da cumplicidade tão forte que pode existir entre pai e filha. Mas o que estaria por trás disso? “A princípio, todo bebê, independentemente do sexo, se identifica com a figura materna, que é seu primeiro objeto de amor”, afirma a psicóloga Ana Cássia Maturano. À medida que cresce, porém, outras relações se tornam importantes na vida dele. Enquanto o menino se identifica com o pai, a menina se espelha na mãe – o que faz parte da construção da identidade masculina e feminina, respectivamente. Entre o terceiro e o quinto ano de vida, no entanto, com o desenvolvimento da sexualidade, surgiria também uma atração pelo genitor do sexo oposto e, ao mesmo tempo, uma disputa com o do mesmo sexo. Essa teoria, que foi descrita por Freud no século passado, é conhecida por Complexo de Édipo – uma alusão à história da mitologia grega em que o filho se apaixona pela mãe.
“Essa preferência, obviamente, não tem conotação sexual”, diz a psicóloga. Trata-se apenas da necessidade de atenção da criança de todos que a cercam. Os pais devem intervir explicando à criança que o casal tem outro tipo de relacionamento – e isso não significa que ela seja menos amada. Mas e no caso de arranjos familiares onde um dos pais não está presente? É possível que a identificação ocorra com outras figuras paternas e maternas, até mesmo fora do ambiente familiar.

O problema é quando tanto o pai quanto a mãe reforçam o sentimento inconscientemente, em vez de combatê-lo de maneira positiva. Assim, a menina vira a “filhinha do papai” e o menino, o “filhinho da mamãe”. “Além de motivar rivalidade e/ou competição ou entre a filha e a mãe ou o filho e o pai para o resto da vida, tal comportamento pode interferir no amadurecimento da criança e, por consequência, nos futuros relacionamentos dela”, alerta Ana Cássia. A menina, por exemplo, buscaria a figura do pai em um companheiro. Mas é claro que, teorias à parte, a ligação mais forte com um dos pais pode se perpetuar sem qualquer motivação psicológica, indicando apenas uma questão de afinidade.

terça-feira, 11 de março de 2014

Exame de sangue pode prever quem terá Alzheimer

Teste desenvolvido nos EUA detecta risco de declínio cognitivo até três anos antes dos primeiros sintomas. Ainda não há previsão para que o exame seja usado na prática clínica

Alzheimer: Pesquisadores americanos descobriram dez tipos de gordura presentes no sangue que comprometem a membrana dos neurônios e estão associadas ao declínio cognitivo
Alzheimer: Pesquisadores americanos descobriram dez tipos de gordura presentes no sangue que comprometem a membrana dos neurônios e estão associadas ao declínio cognitivo (Thinkstock)
Pesquisadores desenvolveram um exame de sangue capaz de prever o risco de pessoas saudáveis terem Alzheimer até três anos antes de os primeiros sintomas surgirem. Em estudo publicado neste domingo, o teste, que consiste em procurar por dez tipos específicos de gordura no sangue de um paciente, ofereceu resultados com mais de 90% de precisão.
Não há previsão para que o exame passe a ser comercializado e usado na prática clínica. A possibilidade de detectar uma doença como o Alzheimer antes de ela se manifestar é um importante debate da medicina atual. Isso porque ainda não existem remédios capazes de evitar a condição, mas sim de controlar o seu avanço. Portanto, um diagnóstico que diz ao paciente que ele terá Alzheimer no futuro apenas causaria preocupação. Por outro lado, saber quais mecanismos estão associados ao Alzheimer ajuda os cientistas a entender melhor a doença e pode acelerar outros estudos que tentam descobrir formas de impedir que ela apareça ou até curá-la.
A nova pesquisa, feita na Universidade Georgetown, nos Estados Unidos, e publicada na revista Nature Medicine, envolveu 525 pacientes saudáveis de 70 anos ou mais. Os autores coletaram amostras de sangue dos participantes diversas vezes ao longo de cinco anos. Quando a pesquisa acabou, 74 voluntários haviam sido diagnosticados com Alzheimer ou comprometimento cognitivo leve, um estágio que fica entre o envelhecimento normal e a demência e que é caracterizado por problemas de memória, raciocínio e outras funções mentais.
Durante o estudo, os especialistas compararam o sangue de pessoas com e sem Alzheimer ou comprometimento cognitivo. Eles descobriram que os participantes com algum desses problemas apresentavam dez tipos de gordura que parecem romper a composição de membranas que envolvem os neurônios. A descoberta foi confirmada em outras comparações e análises.
Segundo os resultados, a precisão de mais de 90% do teste vale tanto para descobrir se um paciente terá comprometimento cognitivo ou Alzheimer nos próximos três anos quanto para definir se uma pessoa permanecerá livre desses problemas.
Essa é a primeira vez em que uma pesquisa define biomarcadores (substâncias que indicam a presença de uma doença) no sangue de uma pessoa para o Alzheimer. “O nosso novo exame de sangue pode mudar como pacientes, suas famílias e os médicos planejam lidar com a doença”, diz o coordenador da pesquisa, Howard Federoff, professor de neurologia e vice-presidente executivo de ciências médicas do Centro Médico da Universidade Georgetown. “Biomarcadores que identificam o período assintomático da doença são essenciais para o desenvolvimento e aplicação de tratamentos capazes de prevenir o Alzheimer.”
Segundo Federoff, ele e sua equipe planejam realizar um estudo clínico que usa o exame de sangue para testar um agente terapêutico para atrasar o impedir que o Alzheimer se manifeste em pessoas com maior risco.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Senado paga plano de saúde para parlamentares cassados por corrupção

Demóstenes Torres e Expedito Júnior continuam a usufruir do benefício bancado com dinheiro público. Plano de saúde se estende até para cônjuges

Homem caminha próximo ao Congresso Nacional em Brasília, onde funciona o Senado e a Câmara
Homem caminha próximo ao Congresso Nacional em Brasília, onde funciona o Senado e a Câmara (Ueslei Marcelino/Reuters)
O Senado trata muito bem seus parlamentares - até mesmo aqueles que não têm mais mandato. É o caso de senadores que foram cassados por suspeita de envolvimento em corrupção que continuam a ter plano de saúde pago com o dinheiro do contribuinte.
Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S.Paulo mostram que nas tabelas de reembolso constam três notas fiscais apresentadas em nome do ex-senador Demóstenes Torres que, somadas, chegam a 5.362,80 reais. Na planilha, a data referente aos recibos é de 20 de dezembro de 2012, cerca de seis meses após o parlamentar ter perdido o mandato no plenário da Casa por quebra de decoro. Outro caso de político que deixou o cargo sob suspeita de desvios é o do ex-senador Expedito Júnior (PSDB-RO).
O tucano teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral sob acusação de compra de votos e abuso de poder econômico nas eleições de 2006. Em junho de 2009 a decisão foi confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e em outubro do mesmo ano pelo Supremo Tribunal Federal.
Júnior, ex-senador por Rondônia, foi reembolsado em 19.238,60 reais pelo Senado após apresentar em junho de 2012 notas referentes a um tratamento médico e odontológico para ele e a esposa. "Fiz uma cirurgia de hemorroida. Foi só essa cirurgia. E minha esposa fez um check-up. Mas foi autorizado, passou antes por uma junta médica e foi feito. Acho que o Senado que pagou", afirmou o ex-senador.
Muito melhor - O plano de saúde vitalício oferecido pela Casa agracia também cônjuges e ex-senadores que ocupam cargos públicos em órgãos que oferecem plano médico. O deputado federal Francisco Escórcio (PMDB-MA) em 2011 apresentou ao Senado três notas que totalizam 1.800 reais. "Utilizei até 2011 porque não tinha uma definição, que era feita por mim. Ou podia usar a Câmara ou o Senado. Não tinha nenhuma determinação contrária a isso. Preferi o plano de saúde do Senado, que era muito melhor do que o da Câmara. Mas hoje só uso a Câmara", afirma o peemedebista.
O deputado Esperidião Amin (PP-SC) também recorreu ao Senado para o pagamento de 15.000 reais referentes a tratamentos médicos e odontológicos dele e da mulher, Angela Amin. "Se o ex-senador tem direito, por que o ex-senador investido momentaneamente em um mandato de deputado federal perde o direito?", ponderou Amin. "Eu digo que tenho o direito. E desafio, como advogado, que alguém escreva que eu não tenha. Quero ver escrever."
Os documentos também mostram que há casos em que algumas mulheres de senadores, mesmo exercendo cargo de deputadas federais, também preferem o atendimento do plano de saúde do Senado. Entre março de 2012 e setembro de 2013, a deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) fez despesas em hospitais e clínicas de referência no país que somam 18.000 reais. Janete é casada como o senador João Capiberibe (PSB-AP).
Por meio da assessoria, a deputada informou que só faz uso da assistência à saúde do Senado quando o procedimento não pode ser feito no Departamento Médico da Câmara ou quando seu plano particular não cobre.
De 2010 até setembro de 2013, a deputada Nice Lobão (PSD-MA) gastou 9.000 reais como dependente do marido, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que é senador licenciado. Em nota, a assessoria do ministro afirma que o ressarcimento de despesas médicas de Nice está de acordo com a legislação.
Sem limites - O plano de saúde do Senado é estendido a ex-senadores e cônjuges, que têm direito a 32.958,12 reais por ano para serem gastos em despesas médicas. Esse valor pode ser acumulado com outros anos. As normas vigentes preveem suspensão da assistência vitalícia em decorrência de cassação de ex-parlamentares por suspeita de envolvimento em corrupção. No caso dos atuais 81 senadores e dependentes, não há limites de gastos médicos, mas apenas um valor de 25.998,96 reais para tratamento odontológico.
(Com Estadão Conteúdo)

sábado, 8 de março de 2014

Plano de saúde proibido de cobrar rescisão ou fidelidade

Com decisão da Justiça Federal, operadoras não podem exigir tempo mínimo de um ano ou taxar caso cliente queira rescindir contrato. ANS vai recorrer

O Dia
Rio - As operadoras de planos de saúde não podem mais exigir fidelidade contratual mínima de um ano de seus associados, bem como ficam impedidas de cobrar taxa correspondente a duas mensalidades caso o cliente queira rescindir o contrato. Esse foi o entendimento do juiz Flávio Oliveira Lucas, da 18ª Vara Federal, que julgou procedente em primeira instância a ação civil pública do Procon-RJ contra a Agência Nacional de Saúde (ANS), anulando o parágrafo único do Artigo 17 da Resolução Normativa nº 195/2009.

Conforme o Procon-RJ, as cláusulas contratuais praticadas pelas operadoras são abusivas e contraíram o Código de Defesa do Consumidor e a Constituição Brasileira. A sentença foi publicada ontem no Diário Oficial da União, valendo em todo o território nacional, e também obriga a ANS a publicar em dois jornais de grande circulação, em quatro dias intercalados, comunicado informando aos consumidores sobre a decisão judicial.

Cidinha: “Quem deveria defender a saúde do brasileiro, estava na cuidando da saúde financeira dos planos”
Foto:  Divulgação
Por meio de nota, a agência informou que não foi notificada, mas que recorrerá em razão do entendimento equivocado a respeito da norma. No comunicado, a ANS informa que o usuário tem todo o direito de sair do plano de saúde a qualquer momento, seja ele beneficiário de plano coletivo empresarial, coletivo por adesão ou individual/familiar.
Conforme a ANS, as regras expressas no Artigo 17 da resolução são válidas para as operadoras de planos de saúde e para as pessoas jurídicas contratantes. A agência informa ainda que o referido artigo tem o objetivo de proteger o consumidor, tendo em vista que, ao identificar o aumento da demanda por procedimentos e internações, o que elevaria os custos, a operadora poderia, a qualquer momento, rescindir o contrato no momento de maior necessidade do beneficiário.

Já secretária de estadual de Proteção e Defesa do Consumidor, Cidinha Campos, questionou: “É uma coisa absurda que alguém seja obrigado a usar um plano de saúde que não lhe satisfaz. Então vale mais o comércio do que a vida?”. Segundo a secretária, o lamentável é que essa não era uma visão dos donos dos planos de saúde, o que já era de se esperar, e também do estado brasileiro. “A ANS, o órgão que deveria defender a saúde do brasileiro, estava na verdade cuidando da saúde financeira dos planos de saúde”, completou.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Bebedeira casual é pior do que beber com moderação todos os dias

Risco de morte associada ao álcool é maior no primeiro caso, mesmo que a quantidade total de bebida consumida no mês seja a mesma

Álcool: Beber muito de uma vez só é pior do que beber todos os dias, mas pouco
Álcool: Beber muito de uma vez só é pior do que beber todos os dias, mas pouco (Thinkstock)
Exagerar na bebida alcoólica de vez em quando é mais perigoso à saúde do que beber todos os dias, mas moderadamente – mesmo que a quantidade média de álcool ingerida em um determinado período seja a mesma em ambos os casos. Essa é a conclusão de uma nova pesquisa da Universidade do Texas, em Austin, Estados Unidos, que será publicada na edição de maio do periódico Alcoholism: Clinical & Experimental Research.
De acordo com os pesquisadores, isso mostra a importância de focar nos padrões de consumo de bebida alcoólica mais do que na quantidade de álcool que uma pessoa ingere em uma semana ou em um mês, por exemplo. “Episódios de consumo exagerado de álcool estão cada vez mais sendo reconhecidos como um importante problema de saúde pública”, diz Charles Holahan, professor de psicologia e coordenador do estudo.
A pesquisa se baseou em dados de um estudo feito ao longo de vinte anos sobre o consumo de bebida alcoólica e os problemas associados a ela. Ao todo, foram avaliadas 446 pessoas de 55 a 65 anos que consumiam álcool moderadamente, sendo que 74 delas exageravam na dose de vez em quando. E, segundo os resultados, foi esse grupo que apresentou um maior risco de morte ao longo do período do estudo.
“O risco de mortalidade aumentou entre adultos que têm episódios de consumo exagerado de bebida, mesmo se a média de ingestão de álcool deles é moderada”, diz Charles Holahan, professor de psicologia na Universidade do Texas em Austin e coordenador do estudo. “Essa conclusão demonstra que, entre pessoas com mais de 50 anos, os padrões de consumo de bebida devem ser considerados junto com a quantidade de álcool ingerida para entender os efeitos da bebida sobre a saúde.”

sábado, 1 de março de 2014

Perigo no ar

Médicos alertam para o risco de ocorrência de graves problemas de saúde durante viagens aéreas. Entre eles, a embolia pulmonar, que pode matar se não for tratada a tempo

Mônica Tarantino (monica@istoe.com.br)
Dois bilhões de passageiros cruzam os céus do planeta por ano, conforme dados da Agência de Administração de Aviação Americana. Aproximadamente 25% deles sofrerão algum mal-estar a bordo. As queixas vão desde uma simples dor de cabeça por falta de sono a condições que colocam a vida em risco, como a trombose venosa profunda (TVP) e sua mais temível consequência, a embolia pulmonar. O problema é originado pelo surgimento de coágulos de sangue nas veias das pernas. Eles podem bloquear o fluxo desses vasos ou se soltar e viajar pela corrente sanguínea até se fixarem no pulmão, causando a embolia pulmonar.
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SUSTO
Mirella sofreu embolia dias após desembarcar de um voo vindo
da Itália. Foi medicada e hoje espera seu primeiro filho
De acordo com o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), uma referência mundial na área da saúde, 100 mil americanos morrem anualmente por trombose ou embolia. Alarmante, o dado levou a organização a lançar uma campanha para evitar o problema. Em seu site, pacientes contam casos e especialistas como a médica Lisa Richardson, diretora da divisão de distúrbios sanguíneos, explicam os fatores de risco – entre eles, viagens longas, acima de quatro horas. Elas comprovadamente aumentam os riscos de tromboembolismo por causa da pouca movimentação de pernas e pés registrada nesses trajetos.
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TEMPO
Peclat, da Sociedade de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro,
diz que o problema pode ocorrer semanas após o voo
Lisa informa, por exemplo, que viajar em classe executiva ou econômica não diminui nem aumenta o risco de trombose. “O problema é permanecer imóvel por muito tempo”, diz. O alerta vale para quem viaja de avião, de carro ou de trem. “A questão primordial é que a pessoa precisa se mover. Se não der para andar, pelo menos faça flexões com os pés, movimente-os em círculos e exercite as panturrilhas”, aconselha o cirurgião vascular Luiz Caetano Malavolta, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
O médico Julio Peclat, presidente da Sociedade de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro, alerta que diversos pacientes apresentam trombose venosa profunda vários dias depois do voo. “Pode ocorrer até duas semanas após o desembarque. As longas distâncias aéreas funcionam como mais um fator de risco para quem já tem lesões nos vasos ou tendência genética à formação de coágulos”, diz o especialista.
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Foi o que aconteceu com a carioca Mirella Guida, 33 anos, que teve uma embolia pulmonar. O problema ocorreu cerca de uma semana após sua chegada ao Rio de Janeiro, em 2010. “Tinha 29 anos, vivia na Itália e peguei um voo para visitar minha família no Brasil”, conta. Nos dias seguintes ao desembarque, ela sentiu dores fortes e difusas no peito. “A dor mudava de lugar, mas minha pressão estava normal, não tenho varizes nem sou obesa. Não tinha ideia do que era e fui ao médico.”
A primeira especialista consultada não soube interpretar o resultado de seu exame de tomografia computadorizada e acreditou tratar-se de uma pneumonia. “Meu irmão, que é cardiologista, achou estranho ter pneumonia sem febre. Pediu para repetir o exame e me encaminhou para outro especialista, que descobriu a embolia pulmonar. Podia ter morrido.” A carioca tomou remédios anticoagulantes por dois meses. Agora, sempre que faz uma viagem aérea, movimenta-se com frequência. “Faço isso independentemente da distância.” Mirella mora hoje no Brasil e está às vésperas do parto de seu primeiro filho.
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RECOMENDAÇÃO
Magalhães orienta viajante com doença crônica a procurar o
médico antes do embarque para evitar problemas
A TVP e a embolia estão entre os eventos médicos mais sérios a bordo. De acordo com um levantamento realizado pelo cardiologista Sérgio Timerman, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, com dados de cinco das maiores companhias aéreas internacionais (Air France, British Airways, KLM, Lufthansa Airlines e Swiss), a maioria das reclamações refere-se a problemas gastrointestinais (cerca de 28% dos casos). Em seguida vêm os males cardíacos e neurológicos (em torno de 10% cada). Manifestações como desmaios e tonturas, problemas respiratórios, infecciosos e psiquiátricos representam, isoladamente, 5% dos casos. A pesquisa considerou 3.386 incidentes médicos reportados em um universo de 100 milhões de passageiros.
No ano 2000, por exemplo, a Agência de Administração de Aviação Americana registrou uma média de 15 emergências por dia. Nos casos mais graves, houve desvio de rota para providenciar atendimento hospitalar. “Um dos dados mais impressionantes desse estudo é que, apesar de haver médicos a bordo em 85% dos voos registrados, menos de 1% sabia realizar os procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar”, explica Timerman, que também está à frente do Conselho 3CPR, da Associação Americana do Coração. É uma subdivisão que define as diretrizes para o melhor atendimento de problemas cardiopulmonares, cuidados críticos e ressuscitação.
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Para o médico, esses dados indicam a necessidade de preparar os médicos para atender emergências a bordo. No caso da embolia pulmonar, a situação é mais difícil de diagnosticar quando a viagem ainda está em pleno curso. Mas, se for forte a suspeita de que se trata de uma obstrução no pulmão causada por um coágulo, o avião deve ser dirigido ao aeroporto mais próximo para que o passageiro seja socorrido. Contudo, o atendimento a parada cardiopulmonar a bordo pode ser melhorado se as aeronaves dispuserem, por exemplo, de desfibriladores (restabelecem o ritmo cardíaco). “Um estudo feito pela American Airlines evidenciou que a taxa de sobrevida dentro de suas aeronaves, nesses casos, saiu do zero, antes de serem instalados os desfibriladores, para 53%”, diz Timerman.
Na verdade, é crescente a preocupação das companhias aéreas com essas questões. E, ainda que nem todas já estejam implementando os equipamentos e processos mais atuais, há um movimento nesse sentido. A Gol, por exemplo, informa que os seus comissários de bordo são treinados para iniciar as manobras de ressuscitação em passageiros nas aeronaves equipadas com o desfibrilador.
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PREPARO
Timerman, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, defende que
todas as aeronaves sejam equipadas com desfibriladores
Já a TAM iniciou a compra do aparelho para disponibilizá-lo em suas aeronaves. É também uma das 120 clientes da MedAire, companhia especializada em dar assistência remota para avaliar pacientes em risco. A empresa mantém uma espécie de quartel-general 24 horas, com médicos emergencistas preparados para dar suporte aos eventos nas aeronaves por rádio ou telefone. “No ano passado, atendemos cerca de 29 mil eventos médicos em voos, dos quais 371 em voos de longa duração que pousaram ou decolaram do Brasil. Salvamos muitas vidas, mas duas pessoas morreram”, diz Paulo Magalhães, diretor médico da MedAire e presidente da Associação de Diretores Médicos de Empresas Aéreas.
Magalhães diz que é necessário melhorar a troca de informações entre os médicos, as empresas e os passageiros. “Muitos eventos em viagens aéreas acontecem com pessoas que convivem com doenças crônicas que não estão bem controladas”, diz. Há também casos de indivíduos doentes que decidem se consultar em outras cidades. Porém, o melhor lugar para quem não se sente bem não é o avião. Um dos motivos que tornam esse ambiente menos favorável é a diferença de pressão atmosférica. Nos aviões mais modernos, ela é até mais bem controlada, mas de qualquer forma o ar é mais rarefeito e isso representa menor oxigenação. “Pessoas sadias não são afetadas, mas quem tem problemas cardíacos pode eventualmente sentir alguma mudança. Por isso é importante ser orientado corretamente pelo médico antes de viajar”, diz Magalhães. O especialista aconselha a indivíduos submetidos recentemente a grandes cirurgias de pulmão, cérebro, coração ou ortopédicas que comuniquem as companhias até 72 horas antes de embarcar.
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Fotos: Eduardo Zappia; Bruno Poppe, THIAGO BERNARDES/FRAME; Kelsen Fernandes