segunda-feira, 31 de maio de 2010

Metanfetamina pode facilitar memorização, indica estudo

Um estudo com lesmas indica que a droga sintética metanfetamina ("crystal meth") aumenta a capacidade de aprendizagem e memorização nesses animais. O resultado pode ajudar a entender por que viciados em tratamento acabam sofrendo recaídas quando se deparam com pessoas e lugares fortemente associados ao consumo da droga.
"É difícil eliminar essas memórias em viciados", afirma Barbara Sorg, da Universidade Estadual de Washington, em Pullman (EUA), líder da pesquisa. O estudo foi publicado no periódico "Journal of Experimental Biology".
O experimento envolveu dois grupos de lesmas colocadas em dois aquários com baixas concentrações de oxigênio.
Normalmente as lesmas respiram pela pele, mas, em ambientes com pouco oxigênio, elas emergem à superfície e respiram por um tubo.
Os cientistas cutucavam as lesmas toda vez que elas emergiam. O estímulo é desagradável e, com o tempo, elas passaram a evitar subir à superfície.
Antes do experimento, apenas um grupo foi exposto a metanfetamina. A ideia era ver se, no dia seguinte, as lesmas do grupo "drogado" e do grupo "não drogado" lembrariam da mesma forma a experiência ruim do cutucão.
Os resultados mostraram que apenas as lesmas "drogadas" lembravam: elas evitavam ir à superfície muito mais do que as lesmas "não drogadas", apesar de não haver mais metanfetamina presente no organismo delas. É como se a metanfetamina ajudasse a consolidar a experiência do cutucão do dia anterior.
O estudo com lesmas permite que cientistas observem os efeitos da droga no sistema nervoso em um modelo simples. A partir desse resultado, eles poderão verificar como a droga causa alterações em células individuais.
A metanfetamina já está sendo usada em aplicações clínicas. Em doses baixas, é indicada no tratamento de TDAH (Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade).

domingo, 30 de maio de 2010

Ceará não tem laboratório para análises de agrotóxicos

Limoeiro do Norte- Os principais órgãos que tratam da saúde humana e da regulação do uso do meio ambiente estão em consenso que, no Estado do Ceará, a utilização abusiva de agrotóxicos está causando prejuízos à saúde. As divergências referem-se às causas das contaminações, mas todos concordam sobre os problemas que os venenos altamente tóxicos podem causar no ser humano - de uma simples dor de cabeça até alterações genéticas e tumores malignos. Atualmente, o câncer é a segunda causa de morte no Ceará e também está relacionado com esses venenos.Atrasado no processo de controle do uso de agrotóxicos, o Ceará dá o mau exemplo de, mesmo sendo um dos maiores produtores de frutas do País, não estar capacitado para analisar resíduos de agrotóxicos nos alimentos que o cearense consome. Há pelo menos quatro anos os laboratórios públicos dizem estar se adaptando para tal atividade. Mas 17 anos após a criação da legislação estadual sobre o tema, os principais organismos têm apenas argumentos para repartir responsabilidades.Foi somente com análise de três Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), nos Estados do Paraná, Goiás e Minas Gerais, que se averiguou o excesso de veneno em 17 dos 20 tipos de frutas, legumes e hortaliças que o cearense mais consome, conforme reportagem exclusiva no Caderno Regional no dia 15 de maio de 2010. A pesquisa ainda não foi divulgada oficialmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Secretaria da Saúde do Estado, (Sesa), órgãos que solicitaram o levantamento. Mas foi a divulgação antecipada por este jornal que deu mais elementos à série de discussões ocorridas durante este mês no Estado para tratar da política de uso de defensivos agrícolas. "Estou vendo que é mais fácil erradicar a febre aftosa do que acabar com o uso indiscriminado de agrotóxico no Ceará", afirmou o superintendente da Agência de Defesa Agropecuária (Adagri), Edilson de Castro.Em janeiro de 2009, a União Europeia proibiu a pulverização aérea de veneno nas áreas agrícolas, por reconhecer os riscos à população e ao meio ambiente, e, em maio de 2010, a Câmara Municipal de Limoeiro do Norte - onde no ano passado a média foi de uma morte por câncer a cada oito dias - revogou a lei que já havia sancionado e voltou a permitir a pulverização aérea. A medida se deu no mesmo período da divulgação das principais pesquisas envolvendo contaminação da água, do solo e do homem por venenos químicos na Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte.No embate questões políticas versus saúde pública, a estratégia dos que defendem o atual modelo de aplicação de defensivos é tentar desqualificar as pesquisas científicas e minimizar o impacto dos agrotóxicos frente o potencial de geração de empregos - em muitos casos a caracterização de subempregos, conforme o próprio Ministério Público do Trabalho (MPT).Desinformação-Outra medida é apontar a desinformação dos pequenos produtores como principal causa do uso indiscriminado, mesmo diante da constatação de que, aproximadamente, 85% das terras da Chapada do Apodi estão concentradas em médios e grandes produtores, e é lá que se constatou a contaminação, por infiltração no solo, da segunda maior reserva de água subterrânea do Nordeste, o aquífero Jandaíra.Falta análiseDois anos atrás, quando o Diário do Nordeste publicou Caderno Especial sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos no Ceará, o Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), questionado sobre a falta de análises sobre a quantidade de resíduos tóxicos nos alimentos, alegou estar em "reforma", aguardando aquisição de equipamentos e necessitando capacitação de pessoal. Em 2010, a situação é semelhante. E a Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec), também com laboratório de análise de alimentos, justificou estar em processo de modernização, ainda sendo instalados equipamentos de espectometria de massa para a realização de análises de multirresíduos em alimentos e água. Não há previsão para conclusão desse processo, já anunciado há mais de um ano.O anúncio oficial do maior levantamento já feito em análise de resíduos agrotóxicos em frutas e verduras vendidas no Ceará deve acontecer no mês de junho pela coordenação estadual do Programa de Análise de Agrotóxicos em Alimentos (Para). De 20 tipos de alimentos, 17 estão com venenos acima do permitido ou proibidos por lei. O pimentão foi o campeão de contaminação, seguido de pepino e uva. Todos os alimentos foram colhidos em grandes e pequenos pontos de venda da Grande Fortaleza.USO INDISCRIMINADO-Audiência debate efeitos de venenos.Limoeiro do Norte -Na semana passada, a Assembleia Legislativa do Ceará realizou audiência pública para discutir os efeitos dos agrotóxicos na saúde da população. Os principais órgãos estaduais, com exceção da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), estiveram reunidos para combater o que já admitem como "uso indiscriminado" de agrotóxico nas lavouras.Adagri divulgou relatório próprio diagnosticando abuso de veneno. Semace reconheceu a carência de pessoal para fiscalização, Cogerh reafirmou o relatório de contaminação do aquífero por agrotóxicos, especialistas da UFC apresentaram as amostras de água para consumo humano com 100% de contaminação, mas o ciclo de seminários envolvendo as comissões de saúde, do meio ambiente e de agricultura da Assembleia Legislativa nas microrregiões do Estado devem percorrer o ano sem encaminhamentos concretos.As ações dos agrotóxicos no corpo humano podem causar os mais diversos tipos de doenças, algumas delas silenciosas, fatais, e que até podem ser descobertas somente passados muitos anos, enquanto provocam náuseas, tonturas, dores de cabeça e alergias. A contaminação pode se dar tanto por exposição direta - caso dos trabalhadores rurais ou comunidades atingidas pelas aplicações - ou indireta pelo consumo de alimentos.Nos anos de 2008 e 2009, pelo menos três trabalhadores do setor de aplicação de veneno de empresa fruticultora em Limoeiro do Norte morreram vítimas de contaminação.O caso mais emblemático foi o de José Valderi Rodrigues, que perdeu os dedos do pé e depois uma das pernas, vindo a óbito por contaminação bacteriana. Outros casos tiveram sintomas parecidos: tonturas, vômitos, desidratação e, em exame já em estado terminal, diagnóstico de redução das plaquetas no sangue.O aumento dos casos de câncer entre os municípios de Limoeiro e Quixeré, que cercam a Chapada do Apodi, levantou as discussões sobre o potencial cancerígeno dos agrotóxicos daquela região. Entre os anos de 2008 e 2009, 86 pessoas morreram vítimas de neoplasia (câncer) - uma média aproximada de uma morte a cada oito dias. No ano passado, no Estado do Ceará, 5.635 pessoas morreram vítimas de tumores malignos.Em levantamento realizado no ano passado pela Adagri com 51 produtores da Chapada do Apodi, os técnicos concluíram que todos utilizam produtos agrotóxicos para combater as pragas. Foi levantado que 94% não devolvem as embalagens vazias, 63% não sabem o período de carência e, um dado grave, 75% adquirem o veneno sem receituário agronômico, obrigatório por lei para os elementos muito tóxicos. CAnálise17 frutas, legumes e hortaliças cearenses contaminados com excesso de veneno de um total de 20 tipos. Este foi o resultado da análise de três Lacen, do Paraná, Goiás e Minas Gerais-MAIS INFORMAÇÕES-Fundação Oswaldo Cruz http://www.fiocruz.br/ Agência Nacional de Vigilância Sanitária http://www.anvisa.gov.br/

sábado, 29 de maio de 2010

Ministério da Saúde divulga orientações ao turista que for à Copa

BRASÍLIA - O Ministério da Saúde preparou uma lista das medidas necessárias que o turista brasileiro deve adotar antes de viajar à África do Sul. Será necessário tomar algumas vacinas com antecedência mínima de dez dias do embarque, providenciar um receituário com a relação dos medicamentos de uso contínuo e contratar um seguro de saúde internacional. Para viajar ao Continente Africano, deve-se estar em dia com as vacinas contra o sarampo, a rubéola e febre amarela. Conforme a faixa etária, os calendários de vacinação (criança, adolescente, adulto/idoso, povos indígenas), também devem ser atualizados para a caxumba, difteria, o tétano, a coqueluche, hepatite B e a poliomielite. A entrada na África do Sul só é permitida após a apresentação do certificado internacional de vacinação, atestando a imunização contra a febre amarela.
Para obter o certificado, após a vacinação, a pessoa precisa levar seu passaporte e o cartão de vacinação assinado a um dos centros de orientação ao viajante da Anvisa. A maioria está localizada nos portos e aeroportos do país.
O Ministério da Saúde orienta ainda o turista a evitar o consumo de alimentos vendidos por ambulantes e a ingestão de carne crua ou mal passada. Deve-se beber preferencialmente água mineral ou outras bebidas industrializadas sem gelo. Não manter contato direto com a grama e usar repelente contra insetos e carrapatos, que podem transmitir doenças graves como a dengue, malária, febre amarela e a febre maculosa. Quem for fazer um safári, por exemplo, usar roupas de mangas compridas, de cores claras e calças dentro de botas.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Diagnósticos certos por linhas tortas

A dor nas costas é uma velha conhecida. Os exames não apontam para um diagnóstico preciso, os médicos continuam procurando a razão de tanta dor, os conhecidos já começam a duvidar que ela realmente exista e os remédios não fazem mais efeito. O fato é que nem sempre os exames laboratoriais e os de imagem são suficientes na hora do diagnóstico. Mas há outras formas de antever inúmeros males e descobrir correlações improváveis com um arsenal de técnicas. Algumas são antigas e obedecem aos ensinamentos da Medicina Tradicional Chinesa; outras são moderníssimas, como a Termometria Cutânea por Termografia. Não estranhe, portanto, se na próxima consulta tiver seus olhos, orelhas, pulso e temperatura devidamente decodificados...Quanto mais quente melhor?
Desde antes dos anos 60, a Ciência sabe que todo o corpo – até o humano – emitem calor na forma de raios infra-vermelhos. O ápice tecnológico da detecção deste fenômeno aconteceu nos anos 2000, durante a Guerra do Golfo, quando foram criados sensores que transformavam esses raios em imagens de alta resolução. Ou seja, qualquer corpo quente não passava desapercebido pela máquina. Depois que o conceito foi repassado para a Medicina, passou a ser possível fazer triagens em multidões em um aeroporto, por exemplo, para saber quem está com febre. A Ásia adotou o aparelho nos tempos de controle da gripe aviária. Segundo Marcos Brioschi, médico da Cruz Vermelha do Paraná e do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, e especialista em diagnóstico por imagem e Termo­­­metria Infraver­­melha, o equipamento “lê” a tem­­­­peratura e detecta facilmente quadros febris, inflamatórios e infecciosos ocultos em fase inicial, bem como a redução da temperatura, nos casos de lesão nos nervos e má circulação. “Cerca de 80% das dores crônicas não têm causa anatômica, ou seja, não aparecem em exames estruturais, como tomografia, ressonância e ultrassom. São problemas funcionais. Em sua maioria, os exames resultam em negativo e a pessoa continua com dor, que é incapacitante. Às vezes o paciente é aposentado precocemente sem necessidade, por causa de uma lesão tratável que não foi diagnosticada corretamente, como em LER e Dort”, explica.
As referências de padrões saudáveis ajudam a detectar possíveis doenças, assim como a manutenção do mesmo padrão de cor e forma dos dois lados do corpo – que precisam estar simétricos. Se estão diferentes é preciso investigar a causa da doença. Glândulas mais superficiais como mamas e tireoide também podem ser examinadas. “Se o exame aponta irregularidades, não é possível afirmar que há um tumor, mas é preciso investigar. O fato é que, segundo estudos, a termografia é capaz de detectar alterações 10 anos antes de serem registradas numa mamografia, por exemplo”, diz. Atualmente, o aparelho está presente em diversas capitais, já é coberto pelos planos de saúde e está disponível também na rede pública de saúde. O exame custa em média R$ 560 no corpo inteiro.
Como diziam os chineses...
Como é possível tratar uma pessoa a partir de um diagnóstico com base na orelha? Simples. Segundo a Tradicional Medicina Chinesa, a parte reflete o todo e, assim, não é só a orelha que diz como está a saúde do seu corpo e da sua mente – mas também a planta do pé, a língua, o pulso e os meridianos que cortam o corpo de cima a baixo. Eles são microssistemas que apresentam em sua superfície o mapa de todo o organismo e até de algumas emoções. De acordo com Pedro Lago Marques Neto, fisioterapeuta e professor do curso de Naturopatia das Faculdades Espírita do Paraná, o diagnóstico se dá pelas queixas do paciente, observação, apalpação, auscultação e olfação. “A língua, por exemplo, oferece detalhes muito ricos sobre a saúde do paciente. Observamos a cor da língua, da saborra, se está inchada ou não, se está quente ou fria, se há fissuras. Em outras partes, como a orelha, vemos a coloração, a formação de vasos, se há nódulos de tensão, a rigidez da pele, a temperatura”, comenta.
Segundo ele, o diagnóstico também passa pela compreensão das causas – que acabam determinando o tratamento. São elas: externas (clima, vírus, bactérias), internas (emoções), mistas (meio ambiente, trabalho, alimentação, traumas), secundárias (estruturas criadas no organismo, como muco, miomas, cálculos, alteração no fluxo energético). “Colhemos sinais, sintomas, queixas e possíveis causas que nos dão um padrão de desarmonia e, a partir daí, é definido um tratamento.”
Olhos nos olhos
Os olhos não são só os espelhos da alma, como também do corpo. Pelo menos é o que defendem os profissionais que utilizam a iridologia como ferramenta para auxiliar nos diagnósticos. Dá para se dizer que os olhos sejam um painel da anatomia, da fisiologia, da histologia e das patologias existentes. A observação de alterações nas fibras, na coloração e topografia da íris aponta fragilidades, debilidades hereditárias, estágios agudos e crônicos e não necessariamente doenças específicas. Segundo os terapeutas Elias de Souza, da Clínica Oásis Para­­­naense, e Jonas Camargo, a iridologia apresenta caminhos que precisam ser investigados. “Mas como é muito sensível às alterações que ocorrem no organismo, a íris acaba mostrando com antecedência algum mal que está se instalando”, dizem. “A clínica é soberana, mas devemos estar abertos a outras formas de investigação que auxiliam no diagnóstico. Hoje, os médicos mais jovens estão se voltando para essas formas de conhecimento, que tratam do corpo de forma mais holística”, diz Souza. “A abordagem da iridologia é principalmente profilática, ou seja, prevenir antes de precisar remediar.”

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Hospital na Espanha realizará primeiro transplante de pernas do mundo

MADRI - O Hospital La Fe de Valência (Espanha) realizará o primeiro transplante de pernas do mundo após ter recebido a autorização da Organização Nacional de Transplantes (ONT), informou nesta quarta-feira, 26, o Ministério da Saúde espanhol. A decisão levou em conta o relatório propício do paciente, que teve as duas pernas amputadas e precisa de uma alternativa, pois não tolera as próteses.
O Hospital La Fe fará a cirurgia, ainda sem data determinada, em colaboração com o médico espanhol Pedro Cavadas, que liderará a equipe de cirurgiões. Os demais profissionais pertencem ao elenco do hospital valenciano.
O transplante duplo de pernas é uma técnica experimental, assim como os pioneiros transplantes de rosto e de mãos, já realizados pelo cirurgião espanhol.
Cada aval concedido é para um paciente concreto e, portanto, segundo o Ministério da Saúde, "o sinal verde de hoje não pode se estender nem a uma equipe nem a um hospital".
Quando for realizada essa cirurgia, a Espanha terá completado sete transplantes experimentais de tecidos compostos: três de mãos (Hospital La Fe de Valência), três de rosto (La Fe, Virgen del Rocío, de Sevilha, e Vall d'Hebron, de Barcelona) e um de pernas (La Fe).

Obstetras de São Paulo lançam campanha contra planos de saúde

Ginecologistas e obstetras de São Paulo lançaram uma campanha publicitária --com outdoors e anúncios em rádios, jornais e revistas de todo o Estado-- em que atacam os planos de saúde.
Nos anúncios, afirmam que há operadoras que pagam aos médicos R$ 200 por parto e R$ 25 por consulta.
Para os médicos, esses valores são muito baixos. Eles pedem pelo menos R$ 1.000 pelo parto e R$ 100 pela consulta. Só os planos executivos, que são poucos, oferecem honorários assim.
Quando quem paga é a própria paciente, e não o plano de saúde, os médicos recebem em média R$ 2.000 e R$ 200, respectivamente.
A campanha, lançada ontem pela Sogesp (entidade de ginecologistas e obstetras de SP), diz que há convênios que não dão valor "à vida".
"Com esses honorários vis e injustos, nós simplesmente não podemos atender às mulheres e aos bebês com a dignidade que merecem", afirma César Eduardo Fernandes, presidente da Sogesp.
Excesso de médicos
Caso não haja reajuste, os médicos dizem que cruzarão os braços em 18 de outubro --Dia do Médico. Descartam paralisação de vários dias, para que as pacientes não sejam prejudicadas.
Essa reação tem o apoio do Conselho Regional de Medicina e do Sindicato dos Médicos de São Paulo.
A Folha procurou duas representantes dos planos de saúde. A Abramge disse que não lhe compete falar dos honorários. Com a Fenasaúde, não conseguiu contato.
Dos cerca de 190 milhões de brasileiros, perto de 42 milhões têm plano de saúde. Entre 2000 e 2009, a mensalidade dos planos individuais teve reajuste de 120%. Mesmo com o reajuste anual da mensalidade, os médicos reclamam que há anos não ganham aumento significativo.
Argumentam que não têm poder de barganha por causa do excesso de profissionais --quando um médico desiste de atender pelo plano, há sempre outro disposto a ocupar esse lugar. O Estado de São Paulo tem cerca de 5.500 ginecologistas e obstetras.
Por outro lado, certos obstetras, além de receberem do convênio pelo parto, acabam cobrando um valor extra das pacientes --prática condenada pelas entidades médicas.
Para a Sogesp, a ANS (agência que regula os planos de saúde) deveria preocupar--se com a remuneração. Segundo a entidade, ao receber pouco, o médico tende a trabalhar em mais de um hospital e a atender apressadamente aos pacientes.
Procurada, a ANS não encontrou um diretor que pudesse comentar o assunto. Parto filmado -
Florisval Meinão, diretor da Associação Médica Brasileira, compara: "Até o cinegrafista que filma o parto ganha mais que o obstetra".
Enquanto há planos que pagam R$ 200 ao médico, os cinegrafistas do Rio e de São Paulo cobram em média R$ 450 pela filmagem.
"Esse não é um problema só de ginecologistas e obstetras. E nem só em São Paulo", acrescenta. "É de todas as especialidades e no país todo."

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Pesquisadores dão passo rumo a vacina universal contra a gripe

Uma versão "decapitada" do vírus influenza protegeu camundongos de diversas cepas de gripe, e pode ser um passo rumo à chamada vacina universal para a doença, informam pesquisadores. ne
Eles identificaram um pedaço do vírus que parece se manter mesmo entre cepas mutantes, e descobriram um meio de convertê-lo numa vacina.
Anos de trabalho ainda serão necessários, mas se o produto funcionar em seres humanos como funcionou nos roedores, a nova vacina poderá transformar o modo de imunização das pessoas contra a doença, diz a equipe da Escola de Medicina Monte Sinai de Nova York.
"Informamos agora progresso rumo à meta de uma vacina de vírus influenza que poderia proteger contra várias cepas", escrevem os médicos Peter Palese, Adolfo Garcia-Sastre e colegas em uma nova revista científica, mBio, disponível na internet.
"As vacinas atuais contra a gripe são eficazes contra uma amplitude estreita de cepas de vírus. É por essa razão que novas vacinas precisam ser geradas e administradas a cada ano".
Vírus de gripe sofrem mutações constantes e a cada ano um coquetel de três vacinas de gripe é criado para tentar conter os tipos mais comuns. Em intervalos de poucas décadas, novas cepas pandêmicas emergem, como foi o caso do vírus H1N1 de 2009, e têm de ser integradas à vacina.
A equipe de Palese focalizou Umm pedaço importante do vírus da gripe, chamado hemaglutinina. Essa estrutura, em forma de cogumelo, ajuda o vírus a se fixar às células que infecta e é o "H" do nome das cepas.
O "pescoço" da hemaglutinina não sofre mutações do mesmo jeito que as partes mais visíveis do vírus, e se houvesse uma forma de torná-lo mais visível para o sistema imunológico, esse seria um ótimo antígeno, ou alvo da vacina. Mas o "chapéu" do cogumelo esconde o pescoço, protegendo essa parte do vírus. O grupo de Palese descobriu um meio de atingir o pescoço, decepá-lo e fazer uma vacina com ele.
"Uma molécula de hemaglutinina decapitada poderia formar a base de uma vacina contra gripe que ofereceria proteção ampla", escrevem os pesquisadores.
"Este artigo é uma prova de conceito", disse Garcia-Sastre. "Não achamos que já encontramos a forma ótima de expor o antígeno".
Testes em camundongos mostraram que a vacina os protege de doses potencialmente letais de diversas variedades de vírus da gripe.

Consultor da OMS sugere leis para reduzir quantidade de sal nos alimentos

LONDRES - Os governos de todo o mundo poderiam evitar milhões de mortes prematuras e reduzir seus gastos com saúde se adotassem novas leis para reduzir a quantidade de sal nos alimentos, disse na terça-feira, 25, um importante consultor nutricional da Organização Mundial da Saúde (OMS). Franco Cappuccio afirmou que algumas medidas voluntárias das indústrias representaram progressos, mas que caberia aos legisladores alterar o paladar dos seus cidadãos, refletindo os últimos estudos científicos sobre os malefícios do sal. "Há uma total aceitação de que o sal é ruim para nós, que comemos demais dele, e que deveria ser reduzido", disse Cappuccio, defendendo uma "abordagem regulatória para reforçar e sustentar as medidas voluntárias."
Mas esse professor de medicina cardiovascular da Universidade Warwick, onde ele dirige um centro de nutrição que colabora com a OMS, disse haver um poderoso lobby contrário por parte do setor alimentício, cujos lucros são inflados pelo sal.
Benefícios do corte
Um menor consumo de sal reduz significativamente a pressão arterial, o que por sua vez contribui com uma menor incidência de ataques cardíacos e derrames. A hipertensão é a maior causa mundial de mortes, fazendo 7,5 milhões de vítimas por ano no mundo.
Um estudo de 2007 que analisou todas as evidências disponíveis na época concluiu que uma redução global de 15% no consumo de sal evitaria quase 9 milhões de mortes até 2015.
Outro estudo, em março deste ano, disse que uma redução de apenas 10% no consumo nos EUA evitaria centenas de milhares de enfartes e derrames ao longo das próximas décadas, representando uma economia de 32 bilhões de dólares para a saúde pública.
Nosso organismo precisa de 1,5 grama de sal por dia, e a OMS recomenda um consumo de até 5 gramas, mas ainda assim há excessos: o consumo médio é de 8,6 gramas por dia na Grã-Bretanha e 10 gramas nos EUA.
"A maior parte do sal consumido no mundo ocidental - na verdade, 80% dele - vem do sal acrescido a alimentos pela indústria alimentícia, e apenas 20% vem do saleiro ou do sal que usamos ao cozinhar", disse Cappuccio. "Em termos de liberdade do consumidor, efetivamente não temos escolha. Afinal de contas, as multinacionais alimentam a maior parte do mundo."
Em alguns casos, disse ele, a água salgada injetada nos produtos representa até 30 por cento do peso em produtos como o peito de frango. "Isso é 30% de puro lucro (para os fabricantes)", afirmou o consultor.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Instituto dos EUA quer novos usos para remédios velhos para combater as drogas

Um dos maiores institutos públicos de pesquisa e financiamento dos EUA quer mais atenção para tratamentos capazes de atacar diversos tipos de dependência ao mesmo tempo.
Representantes do Instituto Nacional para Abuso de Drogas (Nida, na sigla em inglês) anunciaram a nova meta nesta segunda (24) durante o encontro anual da Associação Americana de Psiquiatria.
Segundo Nora Volkow, do Nida, a nova fronteira em pesquisa sobre abuso de substâncias é entender como alguns tipos de doenças mentais se assemelham.
Como muitos dos circuitos envolvidos em uma doença também estão envolvidos em outras doenças, é possível que drogas utilizadas para o tratamento de um problema (por exemplo, alcoolismo) ajudem no tratamento de outro problema (por exemplo, depressão).
"O trabalho conjunto dos circuitos neurais é desregulado em doenças psiquiátricas", explica Volkow. "Não existe uma doença psiquiátrica que monopolize um circuito cerebral."
Em vista disso, empresas e grupos de pesquisa têm buscado encontrar novos usos para medicamentos já estabelecidos no mercado.
A Alkermes Inc., fabricante de naltrexona, medicamento usado no tratamento de alcoolismo, entrou com um pedido no FDA (órgão regulador dos EUA para remédios e alimentos) para o uso da substância em casos de dependência de heroína.
O antidepressivo bupropiona, usado no tratamento de tabagismo, está sendo testado em casos de dependência de metamfetaminas.
E estudos em diversos hospitais nos EUA sugerem que a substância modafinil, usada para evitar ataques de sono em casos de narcolepsia, também podem ajudar em casos de dependência de cocaína.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mortalidade infantil no Brasil cai 61% em 20 anos, diz estudo

A taxa de mortalidade infantil no Brasil caiu 61,7% entre 1990 e 2010 - de 52,04 mortes por mil nascimentos em 1990 para 19,88/mil em 2010 -, de acordo com um estudo publicado na última edição da revista médica The Lancet.
O Brasil subiu nove posições no ranking internacional de mortalidade infantil nas últimas duas décadas e estaria a caminho de cumprir uma das metas do Milênio da ONU: diminuir a mortalidade infantil em dois terços até 2015.A mortalidade infantil caiu no Brasil a uma taxa anual de 4,8% de 1970 a 2010. A ONU estima que seria necessário um índice de redução anual médio de 4,4% entre 1990 e 2015 para o cumprimento da meta, mas a média anual de redução registrada na análise de 187 países foi de 2,1%.
Apesar do esforço, o Brasil está em 90º lugar no ranking, com número bem mais alto de mortes na faixa etária de 0 a 5 anos do que o encontrado nos países desenvolvidos.
A mortalidade infantil no Brasil - que caiu de 120,7 a cada mil nascimentos vivos, em 1970, para 19,88 em 2010 - ainda é muito superior a dos países com o menor índice de mortalidade: Islândia (2,6) Suécia (2,7) e Chipre (2,8). Na Itália, o número é de 3,3, na Noruega de 3,4 e na França de 3,8.
O Brasil também perde em comparação com outros países em desenvolvimento, como o Chile (6,48), Cuba (5,25), China (15,4), México (16,5), Colômbia (15,3) e Argentina (12,8).
Os países com maior índice de mortalidade do mundo são a Nigéria (168,7), Guiné-Bissau (158,6), Niger (161), Máli (161) e Chade (114,4).
Mortalidade mais baixaA análise de dados realizada pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington - que avalia estatísticas sobre saúde - afirma que a taxa de mortalidade entre as crianças com menos de cinco anos de idade em todo o mundo é mais baixa do que a estimada pelo Unicef em 2008.
Estudos anteriores destacaram que menos de um quarto dos países estava no caminho de cumprir a meta da ONU, mas este novo estudo afirma que o número de mortes na faixa etária diminuiu em 4,2 milhões de 1990 até 2010, caindo de 11,9 milhões para 7,7 milhões (estimativa).
Na lista, 56 dos 187 países aparecem com uma taxa de redução anual média igual, ou superior a 4,4% (o número estimado pela ONU como necessário para o cumprimento da meta). Globalmente, as taxas de mortalidade infantil declinaram em cerca de 60% no período de 1970 a 2010.
Um estudo anterior do Unicef estimava o número de mortes na faixa etária em 8,77 milhões em 2008, mas o estudo do IHME estima que o número no mesmo período foi, na verdade, de 7,95 milhões.
A nova análise afirma que a estimativa mais baixa se deve a novas pesquisas que mostram que o declínio na mortalidade infantil foi mais rápido do que o projetado, além da inclusão de outros métodos de medição.
Os autores afirmam que isso mostra a importância de se atualizar constantemente os métodos de medição para auxiliar os países na tarefa de determinar seu progresso no cumprimento da meta.
Futuro promissorO estudo ainda mostra que o maior progresso foi visto entre os países pobres - nas Ilhas Maldivas a taxa de redução anual média foi de 9,2%, a mais alta entre os 187 países analisados entre os anos de 1970 e 2010.
A taxa de mortalidade infantil no país caiu de 247,06 mortes a cada mil nascimentos vivos para 14 crianças em 2010.
Um terço das mortes infantis ocorrem no sul da Ásia e metade na África sub-saariana.
Segundo o estudo, o progresso é promissor. Em 1970, havia 40 países com taxa de mortalidade mais alta do que 200 mortes a cada mil nascimentos vivos. Em 1990 este número havia caído para 12 países e em 2010 não há nenhum país com índices tão altos.
O ritmo de declínio também aumentou em 13 regiões do mundo no período de 2000 a 2010, em comparação com 1990 a 2000, inclusive todas as regiões da África sub-saariana.
A Grã-Bretanha aparece como o país com maior taxa de mortalidade infantil na Europa Ocidental, com 5,3 mortes por mil nascimentos vivos.
No ranking global da taxa de mortalidade, a Grã-Bretanha caiu de 12ª posição, em 1970, para 33ª em 2010. Apesar disso, o país diminuiu sua taxa de mortalidade infantil em três quartos desde 1970.
Os Estados Unidos estão em 42º lugar no ranking, com a estimativa de 6,7 mortes por cada mil nascimentos vivos em 2010. O índice de declínio da taxa de mortalidade infantil nos Estados Unidos e Canadá variou entre 2% e 3% ao ano, enquanto que nos outros países o declínio anual deu-se a uma taxa de 3% a 5%.
Dos 38 países com taxa de mortalidade infantil acima de 80 a cada mil nascimentos vivos em 2010, 34 estão na África sub-saariana.

Cachorro também é 'o melhor amigo do homem' no campo da genética

BRUXELAS - Um grupo de pesquisadores da União Europeia (UE) demonstrou que o cachorro é o melhor amigo do homem também no campo da genética, por contribuir para pesquisas médicas com informações sobre a patogenia de doenças como câncer, epilepsia, diabetes e problemas cardiovasculares. Este projeto faz parte das pesquisas mais inovadoras financiadas pela Comissão Europeia (órgão executivo da UE), algumas das quais foram apresentadas nesta semana em uma Conferência sobre Pesquisa e Inovação em Saúde realizada em Bruxelas.
Batizada de "Lupa", em homenagem à lendária loba que amamentou os gêmeos Rômulo e Remo, fundadores da cidade de Roma, a iniciativa reúne 20 veterinários de 12 países que, desde 2008, recolhem mostras de DNA de cães de raça saudáveis e de outros afetados por doenças similares às que atingem os seres humanos.
Este trabalho, financiado por 12 milhões de euros, será concluído em 2012. Ele foi apresentado em entrevista coletiva por Kerstin Lindblad-Toh, professora da Universidade de Uppsala, na Suécia.
Origem genética
A cientista explicou que muitas doenças caninas poderiam compartilhar a mesma base genética que as humanas e, como os cães foram criados em locais diferentes, devido às variadas raças, torna-se mais fácil detectar neles defeitos genéticos que conduzem a uma patologia e, em seguida, considerá-los nos seres humanos.
Lindblad-Toh afirmou que estudar os cachorros ajudará a melhorar a compreensão da origem genética das doenças, o que acaba tendo relevância ao contexto da medicina de humanos. "Os cachorros são mais que os melhores amigos do homem. Eles nos ajudam a compreender melhor a origem genética de doenças como o câncer, a epilepsia, problemas cardiovasculares e diabetes", comentou.
O fato é que, vivendo no mesmo ambiente, as pessoas e os cães sofrem das mesmas doenças, mas as desses animais são "geneticamente muito mais simples", segundo o especialista.
Mais de 200 males genéticos foram registrados nos últimos anos, enquanto a população canina conta com 400 raças puras sendo cada uma delas "um isolado genético com características únicas".
O genoma dos cachorros afetados pelas doenças se compara ao dos saudáveis para identificar defeitos implícitos nos mecanismos desses transtornos e, assim, também será possível reduzir o elevado índice de doenças caninas herdadas. "Uma vez que encontramos o gene nos animais, estudamos qual é o papel que ele desempenha nos seres humanos", comentou Lindblad-Toh.
As raças analisadas são, entre outras, o Golden Retriever e o Pastor Alemão para o câncer; o Cocker Spaniel Inglês para o comportamento agressivo; o Doberman e o Boxer para o hipotireodismo; o Dogue Alemão e o Wolfhound Irlandês para as patologias cardiovasculares, e o Greyhound e o Collie para a monogenia.

domingo, 23 de maio de 2010

Resultado de exame de mama demora até um mês no Brasil

Dados inéditos do Sismama, novo sistema de informação sobre o câncer de mama no Brasil, mostram que, em um terço dos casos, a demora entre o pedido de mamografia diagnóstica e o resultado chega a 30 dias no sistema público de saúde. A mamografia diagnóstica é aquela feita quando há suspeita de câncer. Além disso, 22% dos exames de punção de nódulos para diagnóstico do câncer têm resultados insatisfatórios, o que pode indicar uma coleta inadequada. A Sociedade Norte-Americana de Câncer recomenda prazo de 30 dias entre o paciente perceber um nódulo, fazer os exames, detectar o câncer e operá-lo, o que torna os resultados nacionais aquém dos considerados ideais para se evitar que a doença avance e seja mais difícil de ser tratada. O estudo também revela que 45% das mamografias de rastreamento do câncer (para mulheres saudáveis) foram feitas por pessoas com menos de 50 anos, apesar de a indicação nesses casos poder trazer mais malefícios do que benefícios, em razão da radiação. No caso das punções, a literatura científica registra exames insatisfatórios em até 20% dos casos - o que coloca a realidade nacional dentro do esperado. Estados como Bahia e Goiás, porém, registraram 37% e 38% de exames insatisfatórios. O diretor-geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Antônio Santini considera, porém, que os prazos de espera até o momento para a mamografia são "bastante aceitáveis". O câncer de mama é o mais incidente na população feminina, quando descontados os tumores de pele não melanoma, e deve registrar 49 casos a cada 100 mil mulheres neste ano.

sábado, 22 de maio de 2010

Dengue-Seis cidades concentram 28% dos casos no País

Do total de casos de dengue notificados no País nas primeiras 13 semanas de 2010, 28% estão concentrados em apenas seis municípios: Goiânia (7,5%), Campo Grande (7,1%), Belo Horizonte (5,2%) Rio Branco (4,1%), Ribeirão Preto (2,6%) e Porto Velho (1,6%). Belo Horizonte e Ribeirão Preto apresentam tendência crescente de casos em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são de levantamento da Secretaria de Vigilância em Saúde, em conjunto com as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde.
Segundo o estudo, o Brasil registrou 447.769 casos notificados de dengue no período. A região mais afetada foi a Sudeste com 173.307 (38,7%), seguida pela Centro-Oeste com 163.516 (36,5%), Norte com 56.507 (12,6%), Nordeste com 28.815 casos (6,4%) e Sul com 25.624 casos (5,7%). Os Estados com maior incidência da doença no período foram Acre, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás e Mato Grosso. Minas Gerais se destaca pelo total de 98.261 casos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pesquisadores produzem a primeira forma de vida ''sintética'' em laboratório

Cientistas conseguiram pela primeira vez produzir uma forma de vida "sintética" em laboratório. O trabalho, que deverá entrar para a história como um dos maiores (e mais polêmicos) feitos científicos da biologia moderna, foi capitaneado pelo sempre audacioso (e polêmico) Craig Venter, cientista americano que ajudou a sequenciar o genoma humano, dez anos atrás.Neste caso, Venter foi ainda mais audacioso. Pegou o genoma sequenciado de uma bactéria, fez uma cópia "sintética" desse genoma, transplantou essa cópia para o "corpo" de uma célula inerte (sem DNA), e essa célula passou a ser viva, funcionando e multiplicando-se como se fosse a bactéria original. "É a primeira espécie autorreplicante no planeta cujo pai é um programa de computador", definiu Venter.Pensando no genoma como um software biológico, o que os cientistas fizeram foi "piratear" o sistema operacional de uma máquina, transferir esse programa para outra máquina e fazer com que a máquina funcionasse normalmente. Uma operação que custou US$ 40 milhões e levou 15 anos para dar certo.
O resultado final, apresentado na edição de hoje da revista Science, é uma linhagem de milhões de bactérias reproduzidas de uma única célula que recebeu o genoma sintético. Em trabalhos passados, publicados ao longo dos últimos anos, a equipe já havia conseguido transplantar o genoma de uma espécie de bactéria (Mycoplasma mycoides) para o corpo de uma outra espécie (Mycoplasma capricolum), que passou a se comportar como se fosse a primeira. Também já haviam mostrado que era possível confeccionar esse genoma em laboratório, letra por letra, usando a sequência original como referência. Mas até agora não haviam conseguido fazer com que esse genoma sintético funcionasse dentro da célula receptora. Conseguiam piratear o software, mas a máquina não rodava.
Agora, finalmente, rodou. As bactérias da linhagem sintética, batizada de M. mycoides JCVI-syn1.0, funcionam e se reproduzem normalmente, como qualquer bactéria na natureza.
A célula original que recebeu o genoma sintético teve o benefício de todo o "maquinário" original do citoplasma (mitocôndrias, ribossomos e outras organelas) para funcionar, já que apenas o DNA havia sido removido. A cada multiplicação celular, porém, isso foi se diluindo, até que tudo dentro das células passou a ser 100% confeccionado pelo genoma sintético.
O termo refere-se ao fato de o genoma ter sido montado em laboratório, mas todos os ingredientes são naturais - nada artificial. "Não criamos vida do nada", ressaltou Venter.
Aplicações. Já acusado de "brincar de Deus", Venter busca, na verdade, desenvolver uma ferramenta biotecnológica que permita produzir micro-organismos "sintéticos", geneticamente programados para realizar funções específicas. Por exemplo, absorver CO2 do ar, digerir manchas de petróleo no mar ou produzir biocombustíveis com base em energia solar. "O próximo passo é uma alga sintética", avisa.
QUEM É CRAIG VENTER CIENTISTA E EMPRESÁRIO AMERICANO
Liderou um projeto privado que sequenciou um dos primeiros genomas humanos, em 2000. É pioneiro da genômica, tanto em ciência quanto em tecnologia.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Doação de órgãos bate recorde; em 3 meses foram 485 doadores

O Brasil registrou no primeiro trimestre de 2010 um novo recorde de doação de órgãos e atingiu o índice de 10,2 doadores por milhão de habitantes (ppm), revela relatório que será divulgado hoje pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
Em números absolutos, foram 485 doadores com órgãos transplantados entre janeiro e março de 2010, contra 378 (8 ppm) no mesmo período do ano passado. Em todo o ano de 2009, foram 1.658 doadores efetivos (8,7 ppm). A meta da ABTO é terminar 2010 com 1.940 (10 ppm).
Segundo a entidade, o aumento de doadores em São Paulo é uma das razões para o crescimento das estatísticas brasileiras. Entre janeiro e março de 2010, o Estado registrou taxa de 22,6 ppm, contra 15,4 no mesmo período do ano passado.
A versão 2010 do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) traz também, pela primeira vez, estatísticas de sobrevida dos transplantados.
O documento revela, por exemplo, que 77% de todas as pessoas submetidas a transplante de coração sobreviveram. Entre aqueles que receberam um rim, o índice foi de 98%.

Alimentos práticos são mais valorizados que os saudáveis

Pesquisa do Ibope divulgada ontem mostra que, para 34% dos brasileiros, a questão prática vem antes de qualquer outra na hora de escolher alimentos no supermercado.
Depois dessa fatia que prioriza a conveniência e vê nos congelados e semiprontos seus aliados, os grupos mais significativos são os dos consumidores que colocam o prazer de comer acima de tudo e o dos que compram comida com base nas marcas de confiança -ambos com 23% das preferências.
Os alimentos saudáveis e sustentáveis ficaram em quarto lugar, sendo preferidos por apenas 21% dos pesquisados.
A sondagem, encomendada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), buscou mapear as principais tendências no consumo de alimentos industrializados no país. Foram entrevistadas 1.512 pessoas em nove capitais.
Os consumidores que priorizam alimentos saudáveis dizem procurar selos de qualidade, informações sobre a origem do produto e fabricantes que protegem o ambiente.
Segundo Antonio Carlos Costa, gerente do departamento de agronegócio da Fiesp, o mesmo consumidor que procura comida saudável se preocupa com sustentabilidade. "É uma pessoa com visão mais ampla. Pratica esporte, é mais preocupada com projetos sociais." Funcionais
Entre os participantes da pesquisa, 33% acreditam totalmente que alimentos funcionais trazem benefícios à saúde, e 51% acreditam parcialmente. Consumidores das classes D e E são mais céticos: 22% não creem nos benefícios, enquanto só 14% da população em geral não acredita nos funcionais.
A pesquisa perguntou também se as pessoas acham que no futuro os alimentos podem substituir os remédios. A maioria acredita que sim: 28% totalmente e 44%, parcialmente.
O rótulo dos alimentos é lido por 69% dos consumidores, ao menos de vez em quando, enquanto 30% nunca leem. Entre os que procuram as informações, 52% querem saber quantas calorias há na comida. O percentual é maior entre mulheres e pessoas mais escolarizadas e ricas.
A gordura é foco de atenção de 39%. A preocupação se explica: 40% acreditam estar acima do peso, e 59% dos pesquisados pretendem fazer uma dieta ou reeducação alimentar para perder os quilos a mais.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tuberculose deixa 1,8 milhão de mortos por ano

Cerca de seis milhões de vidas foram salvas entre 1995 e 2008 graças a programas de controle da tuberculose, mas a doença causa ainda 1,8 milhão mortes por ano, principalmente nos países mais pobres por causa de diagnósticos mal feitos. Esforços contínuos - novos tratamentos, vacinação em massa, financiamento massivo - permitiriam reduzir a incidência da tuberculose em 94% até 2050, segundo uma série de estudos divulgados nesta terça-feira, 18, na revista britânica The Lancet. Mas "a tuberculose é uma doença que não está na moda", lamentou o ministro da Saúde do Lesotho, Dr Mphu Ramatlapeng, durante uma entrevista coletiva à imprensa em Genebra. Segundo esses estudos, 36 milhões de pessoas que sofrem de tuberculose foram tratadas de 1995 a 2008, o que causou uma regressão na incidência da doença, mas de apenas 1% ao ano. O problema vem principlamente de exames insuficientes. Oitenta por cento dos casos de tuberculose ocorrem em 22 países, onde a taxa de detecção dos casos foi multiplicada por seis entre 1995 e 2008. Mas 39% dos casos permanecem não detectados. Pior, a coinfecção da tuberculose e do HIV (o que multiplica por 20 os riscos da tuberculose) é detectada apenas em menos de 25% dos casos. Um diagnóstico melhor do HIV e o início rápido de um tratamento, seja qual for o nível de infecção pelo HIV, pode reduzir a incidência da tuberculose. Enquanto isso, as formas de tuberculose resistentes aos tratamentos se alastram: houve em 2008 440.000 casos (3,6% do total), mas apenas 7% foram identificados e tratados. Em alguns países, como Botsuana, Peru ou Coreia do Sul, a incidência dessas formas resistentes aumentou. O tratamento - com um coquetel de até sete medicamentos - dura quatro vezes mais tempo e é muito mais caro do que um tratamento clássico: 3.500 dólares por paciente em média contra 20 dólares. "A eventualidade da existência de formas totalmente resistentes a todos os tratamentos antituberculose não é inconcebível", consideram os pesquisadores. Para reduzir o impacto da doença, seria necessário a partir de agora, de acordo com os pesquisadores, desenvolver e aperfeiçoar os esforços de prevenção, com gastos maiores: uso de isoniazida (um antibiótico), desenvolvimento de vacinas mais eficazes, redução dos riscos.

Governo discute uso de antirretroviral para prevenir contágio pelo HIV

O governo federal está discutindo ampliar a indicação de antirretrovirais no País: além de tratar pacientes, o coquetel seria usado para prevenir o contágio pelo HIV.
Comitê de especialistas vai avaliar em junho a proposta de antecipar o início da terapia de soropositivos para reduzir o risco de transmissão por via sexual a parceiros sem o vírus. Outra medida analisada é a indicação do coquetel logo após uma pessoa ter se submetido a uma situação de risco de contágio, como relação sexual desprotegida - uma espécie de "pílula do dia seguinte" para a aids.
"Qualquer que seja a decisão, a espinha dorsal da prevenção continuará sendo o uso de camisinha. O coquetel seria uma estratégia complementar", assegura o assessor técnico do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Ronaldo Hallal. Por vários motivos: preservativo é uma medida segura, sem contraindicações, com baixo custo. Antirretrovirais, por sua vez, podem trazer efeitos colaterais, além de o preço ser bastante alto.
O consenso de 2006 já previa o uso de antirretrovirais para evitar a doença após a exposição ao vírus. A estratégia era recomendada, por exemplo, para vítimas de estupro e profissionais de saúde que, por acidente, tivessem tido contato com sangue de soropositivos. Nesses casos, depois da situação de risco, aqueles que procuram atendimento recebem tratamento com antirretrovirais por um período de 28 dias.
"A ideia é discutir novas indicações", conta Hallal. Entre as possibilidades, está a de fornecer o coquetel para pessoas que tiveram relação sexual sem proteção com um parceiro eventual ou com alguém que sabidamente seja soropositivo.
Artur Kalichmann, do Programa de Aids do Estado de São Paulo e integrante do grupo de especialistas do consenso, avalia, porém, que as regras têm de deixar espaço para que integrantes do serviço avaliem caso a caso. Ele reconhece que a indicação do tratamento pós-exposição abre uma brecha para que pessoas relaxem na prevenção e reduzam o uso da camisinha.
Algo que preocupa, principalmente diante dos resultados de uma pesquisa do governo que mostra a tendência de redução do uso de preservativo. "Mas a solução para o problema não é simplesmente negar o recurso àqueles que já se expuseram e, portanto, podem estar contaminados. É uma questão de princípio, tratamento eficaz tem de ser ofertado." Justamente por isso, ele afirma que a indicação dos antirretrovirais tem de ser feita caso a caso. "Não é para qualquer relação desprotegida, é preciso analisar os riscos. Além disso, é claro que, se uma pessoa vier com frequência ao serviço solicitando os medicamentos, isso terá de ser questionado."
Outro risco. Hallal também admite que o risco de redução do uso de camisinha existe. "Tudo isso tem de ser debatido no consenso." Mas o assessor considera que essa possibilidade pode ser menor do que se imagina. "Muitos sabem que antirretrovirais têm efeitos colaterais. Acho difícil que as pessoas deliberadamente descuidem da prevenção." Cerca de 200 mil pessoas no País usam antirretrovirais. Em 2009, 29 mil pacientes foram inscritos no programa para receber os medicamentos.
PARA LEMBRAR-Há um mês, faltavam medicamentos
No fim de abril, o Estado informou que a falta de pelo menos quatro medicamentos do coquetel contra a aids, até mesmo de droga utilizada por crianças, levou movimentos sociais a se manifestarem. Além do abacavir e da lamivudina, estavam em falta, segundo dados do Ministério da Saúde, a nevirapina e a associação entre lamivudina e zidovudina (AZT).O programa nacional de combate à doença é considerado um dos melhores do mundo por diversos organismos internacionais.
PERGUNTAS & RESPOSTASO vírus e a doença
1.Como age o HIV?O vírus atua no interior das principais células do sistema imunológico, os linfócitos. Ao entrar nessa célula, o HIV se integra ao seu código genético para se multiplicar. As células começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas, provocando enfraquecimento do sistema de defesa do organismo.
2.Quais são as fases da doença?Depois do contágio, há o período de incubação, estimado entre três e seis semanas. O soropositivo passa então pela fase em que a doença não apresenta nenhum sintoma. Na fase sintomática, há redução grande das células de defesa, como as CD4, que chegam abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue - adultos saudáveis têm de 800 a 1,2 mil unidades. Nessa fase, surgem os sintomas típicos da aids, como diarreia, dor de cabeça, febre, vômito, fadiga e perda de peso.
3. Como os remédios antiaids agem?Eles dificultam a multiplicação do vírus no organismo, preservando as células de defesa do sistema imunológico e adiando o início dos sintomas da doença. O tratamento não elimina o HIV.
4.Por que parte dos especialistas defende a antecipação do tratamento?Estudos mostram que pacientes tratados de forma adequada, em condições controladas, por determinado período de tempo, podem apresentar níveis quase indetectáveis de vírus no sangue, o que reduziria os riscos de transmissão da doença.
5.E o uso preventivo do medicamento?Pessoas expostas ao vírus, quando tratadas imediatamente, por período determinado, apresentam menor risco de desenvolver a doença. 

terça-feira, 18 de maio de 2010

Exército entra no combate à dengue

O Exército Brasileiro entrou na luta contra a dengue em Boa Vista. Com 100 homens de vários batalhões, a instituição está auxiliando nos trabalhos da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) orientando a população, recolhendo lixo e identificando e eliminando focos do vetor. A equipe está atuando há três semanas distribuída nas três macros áreas pré-determinadas pela Semsa, abrangendo todos os bairros da cidade, ou seja, cerca de 20 bairros por macro-área. Segundo dados do Exército, a ação é resultado de uma parceria com a Prefeitura Municipal de Boa Vista que visa ajudar no combate à dengue, tendo em vista o ciclo do mosquito Aedes aegypti que, segundo especialistas, este ano deve registrar um alto grau de proliferação do vetor. Outros fatores incorreram para que o Exército entrasse no combate à doença na Capital, como as fortes chuvas que ajudam na proliferação dos criadouros do mosquito e ainda a paralisação dos agentes comunitários de saúde e de endemias do município. Os militares, além de atuarem de casa em casa, conscientizando a população para a importância de manter quintais limpos, livres de objetos que possam acumular água e consequentemente servirem de criadouros para o mosquito, ainda atuam com os carros fumacê nas áreas consideradas mais críticas. Os militares também auxiliam os servidores da prefeitura no trabalho de recolhimento de galhada, considerado pelos agentes de saúde, um dos principais locais para a instalação de focos neste período de chuva. Até o dia 20, os bairros Santa Teresa, Equatorial e Jóquei Clube receberão as equipes da Operação Cidade Limpa. O trabalho é feito por 52 trabalhadores, que utilizam 24 caçambas e 12 pás mecânicas. Por dia, é recolhido o equivalente a 77 caminhões. O tempo de intervalo das visitas varia de 60 e 90 dias.

Brasil alerta sobre barreiras para medicamento genérico

O governo brasileiro fez um alerta nesta segunda-feira, 17, durante a 63ª Assembleia Mundial de Saúde, que está ocorrendo em Genebra, Suíça, sobre o risco da criação de barreiras para a comercialização de medicamentos genéricos no mundo. Ao lado de países da América do Sul, da África e do sudeste asiático, o Brasil defende a revisão do debate sobre medicamentos falsificados, deflagrada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A discussão feita até agora incorpora temas relacionados à propriedade intelectual e às questões de saúde - uma mistura interpretada como um risco em potencial para a livre circulação de remédios.
Países querem que esse debate seja revisto e passe a ser conduzido diretamente pelos membros da OMS. Os trabalhos apresentados até o momento são resultado das orientações da Força-Tarefa Internacional Anti-Contrafação de Produtos Médicos (em inglês, Impact), um grupo criado pela própria OMS, com representantes de vários setores. A equipe defende que a discussão sobre falsificação de remédios vá além de questões de saúde pública e passe também a avaliar a origem e o respeito do produto às normas relacionadas à marca e à patente.
"O combate à falsificação de medicamentos, nossa responsabilidade comum, não pode servir de pretexto para que a dimensão comercial sobreponha-se à saúde pública. Propriedade intelectual não se confunde com medicamentos falsificados. Vítimas de violações aos direitos de propriedade intelectual são empresas; vítimas de medicamentos falsificados são pacientes - e são estes que requerem a proteção da OMS", afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante seu discurso na assembleia.
O receio parte das experiências registradas nos últimos dois anos, quando cerca de 30 carregamentos de genéricos em trânsito de países como China e Índia para outros em desenvolvimento foram bloqueados em portos europeus. As apreensões foram feitas com base em uma legislação da União Europeia, que permite a apreensão de cargas suspeitas de desrespeitar propriedade intelectual. Em dezembro de 2008, uma carga de 500 quilos do medicamento genérico Losartan, adquirido pela brasileira EMS de uma empresa indiana, foi apreendido no porto de Roterdã, com base na legislação da UE.
Na última semana, o Brasil e a Índia apresentaram uma denúncia na Organização Mundial do Comércio para discutir a legalidade da apreensão de medicamentos genéricos em portos europeus. A justificativa das autoridades europeias é a de que produtos eram suspeitos de desrespeitar a propriedade intelectual, precedente que, de acordo com normas da União Europeia, permite a apreensão dos produtos.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sistema torna o diagnóstico mais rápido e barato-HIV e diabete

Um pequeno pedaço de papel e uma gota de sangue ou urina. Isso é tudo o que bastaria para se obter um diagnóstico de doenças como HIV, diabete ou problemas relacionados ao mau funcionamento do sistema renal. Trata-se de uma tecnologia que está sendo desenvolvida por pesquisadores da Uni­versidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Semelhante a um teste de gravidez, que usa cores para os resultados, o exame teria um custo de menos de R$ 1 e seria capaz de dar o diagnóstico em apenas 30 minutos.
O projeto faz parte de uma pesquisa iniciada pelo professor Emanuel Carrilho, do Instituto de Química da USP em São Carlos, em seu pós-doutorado na universidade norte-americana. O pesquisador recebeu uma bolsa destinada ao desenvolvimento de soluções simples para países do Terceiro Mundo. A ideia é levar o dispositivo a áreas remotas. “O exame poderia ser feito mesmo em lugares onde não há um médico, bioquímico ou especialista. Qualquer pessoa poderia fazer o teste e enviar uma foto do papel para um laboratório, onde profissionais treinados analisariam o resultado”, explica.

A partir do mês que vem, o método será testado pela primeira vez fora do laboratório. Em parceria com o programa Saúde da Família, os pesquisadores farão exames de anemia em 4,7 mil crianças da rede pública de ensino na cidade de Santa Luzia do Itanhy, Sergipe. “O que queremos, no futuro, é que os testes não apenas proporcionem o diagnóstico rápido de doenças, mas que também possam ser usados como ferramenta para levantar dados sobre a saúde da população”, afirma Carrilho. Para essa primeira experiência, estão sendo preparados aproximadamente mil dispositivos.
A previsão é que, no segundo semestre, os materiais sejam produzidos também em outros centros de pesquisa. Além de ser mais rápido do que os testes convencionais, o método utiliza quantidades muito pequenas de amostras e reagentes, o que torna o processo mais prático e barato. “Hoje os laboratórios precisam coletar grande quantidade de amostras e mantê-las em tubos de ensaio refrigerados. A nova técnica não necessita desses cuidados”, diz.
Com uma tinta de cera, são impressos canais no papel especial. A folha então é aquecida, a cera derrete e forma caminhos que direcionam a amostra até o reagente. Nas zonas de detecção, são colocados reagentes que podem ser uma enzima, um anticorpo ou outras substâncias que reagem em contato com sangue ou urina. Ao entrarem em contato, o local muda de cor. “As cores são graduais, por isso indicam não apenas a presença de determinada alteração, mas também a intensidade”, explica Carrilho.
Até o momento o teste vem sendo feito apenas com amostras de urina para identificar níveis de glicose e proteína, mas a ideia é que futuramente possa ser feito também com amostras de outros fluidos corporais, como sangue, saliva, lágrima ou suor, podendo ser usado para o diagnóstico de diversas doenças.

Dilma diz que criar novo tributo ainda é opção para melhorar a saúde

A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, disse nesta segunda-feira (17) que é preciso tentar melhorar as condições da saúde no Brasil sem aumentar os impostos. Entretanto, a petista disse que não sabe se é possível repor as perdas com a extinção da CPMF sem criar mais tributos. "Eu me estarreço pelo fato de que foi feita toda uma campanha pela [extinção da] CPMF. Não vi resultados práticos no bolso do consumidor."Dilma foi a segunda entrevistada na série organizada pelo Jornal da CBN com os três presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas. Na segunda-feira (10), o entrevistado foi o tucano José Serra. A pré-candidata do PV, Marina Silva, será ouvida no próximo dia 24. As entrevistas foram conduzidas pelo âncora Heródoto Barbeiro.A pré-candidata evitou se comprometer com uma alternativa definitiva para recuperar a alegada perda de R$ 40 bilhões com a extinção da CPMF. Ela insistiu que a sociedade deve discutir entre dois caminhos. O primeiro seria remanejar recursos de outras fontes. O segundo seria criar novas fontes tributárias. "É impossível ter melhoria na saúde no Brasil sem fazer recomposição nas fontes", disse.
Ela adiantou que não se deve tirar recursos de prefeituras ou dos estados. "É uma negociação que vai passar pelo Congresso e pela sociedade. Acho que a gente deve tentar [não criar impostos], não sei se é possível", disse.
Indicações políticasAs críticas de que o PT teria "aparelhado" os principais órgãos públicos e estatais em troca de apoio políticos foram rebatidas por Dilma, que disse não concordar com a afirmação. Na entrevista para a rádio, Serra diz que máquina pública ‘foi loteada entre partidos’. Ela afirmou que em todos os grandes países é normal a troca de funcionários de primeiro escalão quando um novo grupo político assume o poder.
Apesar disso, afirmou que todo indicado para ocupar um posto na máquina pública deve estar preparado. "O que não é possível aceitar é que as indicações não sejam qualificadas", disse. "É bom que se diga, sou a favor de uma reforma no seguinte sentido: o estado tem que ser mais eficiente. Mais engenheiros, mais professores e menos auxiliares de serviços gerais", disse.
Lula faz gol no OrientePerguntada sobre a importância do acordo selado entre Brasil, Irã e Turquia, Dilma disse que ele é uma vitória da diplomacia brasileira e, sobretudo, da política externa do governo. "É uma política onde o diálogo venceu sobre as tentativas iniciais de multas ou penalidades", afirma. "É óbvio que vai ter muita coisa por fazer, mas o primeiro sinal foi dado."
Segundo a ex-ministra-chefe da Casa Civil, o presidente deixa uma "marca fortíssima" no cenário internacional. "Ele criou na América Latina um outro ambiente. A mesma coisa fez em relação à África e agora marca um gol em relação ao Oriente Médio", define.Fim da miséria é prioridadeDefinindo-se como uma política com trajetória de esquerda, ela se apresentou como candidata de um "projeto que mudou a forma de desenvolvimento" do Brasil. "Isso é a coisa mais de esquerda que temos", afirmou, lembrando que o país viveu longo período de estagnação, desemprego e desigualdade. "Tiramos da miséria 24 milhões, elevamos 31 milhões às classes médias. Erradicar a miséria nessa década é talvez a coisa mais importante a ser feita no Brasil", avaliou.

domingo, 16 de maio de 2010

Verba do SUS é administrada fora da secretaria de saúde em 25% das cidades

RIO - Dados do Perfil dos Municípios Brasileiros 2009 (Munic), feito pelo IBGE, revelam que um quarto - mais exatamente, 24,6% - dos municípios brasileiros que tinham Fundo Municipal de Saúde, estrutura que recebe milhões de reais do Sistema Único de Saúde (SUS), mantinham sua administração diretamente vinculada ao gabinete do prefeito. Outros 65% dos municípios do Brasil deixavam a gestão dessas verbas nas respectivas secretarias de Saúde; 4,2%, em outra secretaria; 3,7% em outra estrutura administrativa; em 1,2%, o fundo era autônomo e em outro 1,2% não souberam informar. No ano passado, das 5.565 prefeituras, 5.204 tinham Fundo de Saúde e apenas 361(6,5%) não possuíam a estrutura, de acordo com o levantamento do IBGE. A pesquisa também mostra que eram médicos apenas 9,5% dos titulares dos órgãos responsáveis pela Saúde nos municípios brasileiros em 2009 e 14,2% eram enfermeiros. O estudo aponta que 33,8% dos comandantes dos órgãos responsáveis pela gestão da Saúde nos municípios não tinham nível superior completo.
Segundo o levantamento, 1% (55 pessoas) tinham nível fundamental incompleto; 1,1%, o mesmo nível, mas completo; 2,6%, médio incompleto; 19,6% médico completo; e 9,5 % tinham curso universitário incompleto. Os gestores-chefes municipais tinham nível superior completo em 39,4% das cidades, e pós-graduação, 26,8%.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Gastronomia em pó

Temperos, chás, ovos, sucos, bolos, molhos, caldos e musses. A gama de alimentos em pó, ideia herdada de países onde muitos alimentos são sazonais, está cada vez maior e mais fácil de usar. Veja como você pode aproveitar a praticidade e a durabilidade desses alimentos.Conheça melhor
Tire suas dúvidas com a chef de cozinha com especialização em gastronomia Tatiana Castro e a doutora em Tecnologia de Alimentos Sila Mary Rodrigues Ferreira, professora da UFPR.
Vantagens
- Menos espaço ao transportar ou armazenar.
- Durabilidade maior.
- A segurança alimentar é maior, já que há menos riscos de contaminação.
Desvantagens
- Dependendo do produto, tem um gosto artificial.
- Podem ser carregados em conservantes, então devem ser consumidos com cuidado.
- Dependendo do processo no preparo , pode haver perda nutricional. Por isso, não devem ser consumidos diariamente.
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Sorvete de pudim
Receita: chef Andréia de Souza Bicudo, do Bourbon Batel Express
Ingredientes
- Uma caixa de creme de leite (200 g).
- Uma caixa de leite condensado (395 g).
- Pudim em pó sabor baunilha (85 g).
- 500 ml de leite (se for usar em pó, para 500 ml de água potável, 5 colheres de sopa).
Preparo
Prepare o pudim conforme as instruções da caixinha (usando o leite) e resfrie. Para um pudim mais cremoso, cozinhe em fogo brando por quinze minutos. Bata o pudim resfriado com o creme de leite e o leite condensado. Armazene no freezer por duas horas no mínimo. Sirva com couli (purê de fruta) de morango ou redução de maracujá. Rende pouco mais de um litro.
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Tagliateli de espinafre com camarão e leite de coco
Receita: chef Giuliano Hahn, do Vindouro Vinhos e Bistrô.
Ingredientes
Massa
- 200 g de farinha de trigo
- 200 g de sêmola de trigo duro (semolina)
- 4 ovos
- 15 g de espinafre em pó
- 5 g de louro em pó
- 1 pitada de açafrão
Preparo
Misture os ingredientes em pó e reserve. Bata os ovos, misture as farinhas aos poucos até desgrudar da mão, reserve por 20 minutos e abra a massa com a ajuda de um cilindro. Corte no tamanho desejado.
Ingredientes
Molho
- 300 g de camarão médio
- 1 colher de chá de curry
- 1 pacote de leite de coco em pó
- 1 dente de alho picado
- Salsinha
- Sal e pimenta do reino a gosto
Preparo
Salteie os camarões temperados e reserve, dilua o leite de coco em pó em água conforme especificações do fabricante. Na mesma frigideira adicione o leite de coco, o curry e deixe reduzir, acrescente os camarões e a salsinha. Disponha sobre a massa previamente cozida.
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Quiche de cogumelo e parmesão
Receita: chef Andréia de Souza Bicudo.
Ingredientes
Massa
- 200 g de manteiga sem sal
- 2 e ½ xícaras de farinha de trigo
- 1 ovo inteiro
- Sal a gosto
Preparo
Misture manteiga, ovo e sal. Acrescente a farinha de trigo, até obter uma massa farelenta, porém com liga (aspecto de massa de empadão). Forre uma forma com a massa e faça furos com a ponta do garfo para a massa não crescer. Asse a massa por dez minutos em forno médio.
Ingredientes
Recheio
- Sopa de champignon com parmesão
- 6 colheres de sopa de creme de leite
- 1 clara de ovo
- 250 ml de leite
Preparo
Prepare a sopa com ¼ de líquido sugerido pelo fabricante e em fogo brando, mexendo sempre (por aproximadamente dez minutos). Resfrie e acrescente o creme de leite e uma clara batida em neve. Acrescente o recheio na massa pré-assada e polvilhe parmesão ralado (100 g), leve ao forno para gratinar (por aproximadamente dez min). Deixe esfriar e corte no aro da preferência. Finalize com cogumelos salteados na manteiga, sal e pimenta e decore com galhos de tomilho. Rende 30 porções de 30 g.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Institutos recrutam pacientes de câncer para pesquisa com remédio fitoterápico

Os institutos de pesquisa que apoiam os estudos do primeiro medicamento totalmente brasileiro para o tratamento de câncer estão selecionando pacientes interessados em participar da segunda fase do processo. A primeira foi concluída com resultados positivos, após análise em células e animais.
Nesta fase, os testes clínicos substituem as terapias convencionais, como a quimioterapia, pelo novo medicamento fitoterápico, que recebeu o nome de AM 10 neste período de desenvolvimento. Trata-se de uma substância sintetizada no Brasil a partir da planta medicinal Aveloz, encontrada nas regiões Norte e Nordeste.
No programa, cada paciente tomará um comprimido três vezes ao dia, o que permitirá verificar a atividade terapêutica da droga, avaliar a possibilidade de controle da doença, o perfil de toxicidade e a ocorrência de efeitos colaterais.
A pesquisa é voltada para pacientes do sexo feminino, com idade acima de 18 anos, com no máximo dois tratamentos quimioterápicos anteriores para câncer de mama em estágio avançado, ou seja, com diagnóstico de câncer metastático -que a doença tenha se espalhado para outra parte do corpo.
O tratamento é totalmente gratuito, com duração aproximada de seis meses.
A iniciativa tem como parceiros a Faculdade de Medicina do ABC, o Hospital Albert Einstein, o Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho, o Hospital Sírio Libanês e o Centro Paulista de Oncologia; e é coordenada pela Pianowski & Pianowski, empresa de Pesquisa e Desenvolvimento Farmacêutico, pela PHC (Pharma Consulting), consultoria especializada em indústria farmacêutica, e pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.
Os interessados precisam atender aos pré-requisitos dos hospitais credenciados. Para mais informações, os interessados devem contatar a PHC pelo telefone 0/XX/113673-3763.

Médico brasileiro desvenda gene que causa paralisia repentina e periódica

Há quatro anos, Cláudio de Moura acordou durante a madrugada para ir ao banheiro, mas seus braços e pernas não obedeceram. Ele chamou a esposa, que teve dificuldade em acreditar no que via: de uma hora para outra, o marido parecia tetraplégico. O vizinho, que deu carona até o hospital, também não entendeu. Colocou Cláudio no banco de trás, e o corpo do jovem de 25 anos despencou.Uma injeção de potássio trouxe de volta os movimentos, mas não impediu que a paralisia voltasse mais três vezes na mesma semana. O problema só foi resolvido quando o levaram para o um hospital universitário, onde a doença foi identificada. Tratava-se de paralisia súbita associada a hormônios em excesso lançados no sangue pela glândula tireoide, que fica no pescoço.
"Fiquei muito assustado. Pensei que havia perdido os movimentos do corpo. Tinham de me pegar no colo. Era tomar o potássio e eu voltava ao normal. Parecia mágica", conta o jovem, que é manobrista em São Paulo.Gene descobertoO problema, conhecido na área médica como Paralisia Periódica Hipocalêmica Tirotóxica (PPHT), atinge 1% dos homens que têm hipertireoidismo, mas até agora ninguém sabia por que alguns desenvolviam a doença e outros não. Uma pesquisa levada a cabo pela Unifesp, contudo, identificou os genes responsáveis e conseguiu mapear todo o processo que culmina nessa "tetraplegia periódica".
"São pessoas que têm alterações no canal de potássio da célula [que permite a entrada ou saída da substância química]. Conseguimos identificar que os pacientes com paralisia têm mutações nesse local", explica o endocrinologista Magnus Dias da Silva, responsável pela pesquisa.Com a falta de potássio, os estímulos cerebrais que fazem os músculos se contraírem não conseguem chegar até os braços e pernas, e a pessoa perde os movimentos.
Doença desconhecidaSegundo o médico, a doença é rara e por isso não é levada em consideração na hora do diagnóstico, principalmente porque grande parte dos pacientes chega ao hospital depois que a crise passou. "O indivíduo é tachado como preguiçoso, histérico, psiquiátrico. Nos pacientes que acompanhamos, 70% deles tomavam remédio psiquiátrico", relata.
Foi justamente uma avaliação errada que despertou o interesse de Magnus pela doença. "Era um rapaz de 19 anos que apareceu no hospital em uma segunda-feira às cinco da manhã. Achei que ele queria um atestado para não trabalhar. Dei alta, e uma semana depois ele voltou em uma cadeira de rodas com a esposa."
Quando a noite acaba em pizzaA paralisia periódica acomete principalmente homens asiáticos, e a crise costuma ocorrer à noite, depois de uma grande ingestão de carboidratos. No Oriente, a comida vilã é o arroz. Aqui, o problema é a massa. "Trinta por cento dos pacientes que participaram da pesquisa tiveram crise depois de comer pizza em rodízio", conta o médico na Unifesp.
As pernas são os primeiros órgãos afetados pela paralisia. Dependendo do problema, os braços também perdem o movimento e o coração corre o risco de sair do ritmo. "O potássio, quando cai, pode causar arritmia. Isso pode ser uma causa de morte, até mesmo de morte súbita", explica Magnus.
Apesar de assustarem, as crises de paralisia desaparecem com o tratamento do hipertireoidismo. Foi o que ocorreu com Cláudio de Moura, que com dois comprimidos por dia regula a produção de hormônios e nunca mais precisou ser carregado ao hospital.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Associação médica e CRM ingressam com ações para garantir a vacinação universal no PR

As diretorias da Associação Médica do Paraná (AMP) e do Conselho Regional de Medicina no estado (CRMPR) vão ingressar com duas medidas judiciais para garantir a vacinação de toda a população paranaense contra a gripe A (H1N1). Uma das notificações deve ser encaminhada para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), pedindo que o governo tome as providências necessárias para garantir a imunização irrestrita.
Nesta terça-feira (11), a assessoria de imprensa da Sesa informou que a secretaria ainda não havia sido informada da ação. O secretário estadual de saúde, Carlos Moreira Junior, se diz surpreso com a medida, já que ele e o governador Orlando Pessuti foram até Brasília para pedir ao Ministério da Saúde que enviasse mais doses para o estado. O governo negocia que o Ministério da Saúde envie, depois do dia 21 de maio, as doses que sobrarem de outros estados para o Paraná.
Faltam doses
Em Cascavel, na região Oeste, a cidade está trabalhando com 14,8 mil doses para vacinar gestantes, crianças entre seis meses e dois anos e os adultos de 30 a 39 anos, que fazem parte do último grupo da campanha do Ministério da Saúde (MS). Embora a cidade já tenha atingido a meta de 80% de imunização do ministério, alguns grupos ainda não chegaram ao número.
Já foram imunizaram 9.052 pessoas, cerca de 19% do total dos adultos, entre 30 e 39 anos, que começaram a receber a vacina na segunda-feira (10). Entre as gestantes foram distribuídas 2.511 doses, o que equivale a 61%. De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, a cidade deve receber mais 30 mil doses até o fim da semana.
A secretaria municipal de saúde também solicitou mais 50 mil doses para complementar a vacinação de idosos e de adultos jovens, entre 20 e 29 anos, mas não obteve resposta. O índice de adultos jovens vacinados é de 75% na cidade, com 42.279 pessoas imunizadas.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Torcedor com a saúde em dia

Passagem comprada, hotel reservado, entradas para os jogos na mão e, claro, uma camisa verde e amarela na mala. Quem está se preparando para assistir ao vivo aos jogos da Copa do Mundo 2010, que começam em menos de dois meses, com certeza já tem todos esses itens resolvidos. No entanto, é preciso lembrar que a saúde também merece atenção especial. Alguns cuidados antes de embarcar e também durante os jogos ga­­­­rantem a saúde em dia e uma viagem sem visitas ao hospital. A principal recomendação an­­­­tes da viagem é checar a carteira de vacinação. A África do Sul exige que os viajantes originários de áreas de risco para febre amarela, e isso inclui o Brasil, estejam vacinados. A vacina deve ser tomada pelo me­nos dez dias antes da viagem e é importante comparecer aos postos de atendimento da Anvisa nos aeroportos com o comprovante de imunização em mãos. Com ele, recebe-se o certificado internacional de imunização, exigido para a entrada no país. Quem não puder ser vacinado por algum motivo (alergia, gestação ou problemas de imunidade) deve solicitar uma declaração médica explicando a situação. É preciso, da mesma forma, apresentar o documento aos postos da Anvisa para obter um certificado de isenção. “Além da febre amarela, recomenda-se que sejam tomadas as vacinas contra a febre tifoide, hepatite A e reforço das do­­­­ses contra tétano e difteria, que deve ser feito a cada dez anos. De­­pendendo dos lugares que a pessoa vá visitar, podem ser recomendadas também vacinas contra raiva ou cólera”, explica o infectologista e especialista em Medicina do Via­­­jante do Frischmann Aisengart/Dasa, Jaime Rocha. Em tempos de gripe A, é importante não esquecer de se vacinar contra o vírus. Na Co­­­pa, a grande concentração de pessoas vindas de diferentes países pode propiciar a propagação da doen­­­ça. Medicação
Uma consulta antes da viagem para ter certeza de que a saúde está em dia também é recomendável, principalmente para quem sofre de alguma doença crônica. Sair da rotina pode fazer com que a doença se descompense. Para evitar qualquer problema é fundamental, no caso de quem toma remédios de uso contínuo, manter o tratamento de forma correta e não esquecer de tomar a medicação.
“Para os que fazem uso de medicamentos controlados como anti-hipertensivos ou insulina, por exemplo, a recomendação é levar consigo a quantidade prevista para a viagem. As condições de compra de medicamentos entre os países variam e em alguns locais só é possível comprar com prescrição médica”, alerta a médica Tania Chaves, infectologista responsável pelo Núcleo de Medicina do Viajante do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e membro da Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem. Além dos remédios, é essencial também contratar um seguro médico que cubra todo tipo de emergência.
Refeições
Uma vez lá, é importante manter a atenção na hora das refeições. Algumas doenças como hepatite A, febre tifoide e diarreia são provocadas pelo consumo de água e alimentos contaminados. “Não se pode considerar a água como segura para consumo baseado em aparência, odor ou sabor”, reforça Rocha. Dependendo da região visitada, é importante ter cuidado com picadas de insetos que podem transmitir doenças como dengue e malária. As regiões consideradas de maior risco para malária são as províncias de Mpumalanga (in­­­cluindo o Kruger National Park), Limpopo, Nor­­­thern e algumas regiões de KwaZulu-Natal. Se­­­gundo Rocha, é no amanhecer e no fim da tarde que os mosquitos estão mais ativos. Para evitar as picadas recomenda-se usar roupas claras, de mangas longas, calças compridas, aplicar repelente e utilizar mosqueteiros e telas nas janelas. “É pre­­­ciso ficar atento a sintomas como febre elevada com calafrios, náuseas, vômitos, diarreia, dores pelo corpo e amarelão. Como o período médio de incubação é de duas semanas, recomenda-se procurar um médico se esses sinais aparecerem até seis meses depois do retorno”, alerta.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Dependência do computador afasta crianças e adolescentes do mundo real

Aos doze anos, Derek era um menino a quem o pai, William, considerava normal: aluno regular, com amigos na vizinhança, que jogava futebol e passeava com a família. Na passagem para os treze, mudou. Não pisa mais na rua e só quer ficar diante do computador. Quando avistam William, os outros garotos perguntam "E aí, cadê o vício?" As crianças perceberam o que Derek se recusa a ver: ele tem uma relação de dependência com o computador, jogando por oito horas diárias.
O menino evita qualquer atividade que o faça desgrudar da tela, até mesmo ir ao banheiro e comer. "O jogo virou prioridade na vida dele. Estamos num beco sem saída", conta William, técnico em refrigeração que, como a mulher, passa o dia fora. Preocupado, o casal levou Derek à Santa Casa de Misericórdia do Rio, que montou o primeiro serviço do País especialmente voltado a crianças e adolescentes viciados em jogos e internet. "Abrimos as inscrições e em um mês 50 pessoas apareceram", conta o psiquiatra Gabriel Bronstein, coordenador do núcleo.
Das 50, dez foram diagnosticadas como dependentes, e estão fazendo sessões de terapia. Uma nova triagem deve ser feita no segundo semestre. Quem tiver ansiedade, depressão, transtorno de déficit de atenção ou outra comorbidade receberá tratamento - em muitos casos há ligação entre a dependência e uma condição pré-existente.
Antes de conhecer o Mu, jogo com cavaleiros, feiticeiros e gladiadores, Derek não destoava de seus pares. Quando perceberam que a dedicação estava excessiva, os pais vetaram o computador. Ele revoltou - e começou a passar as tardes na lan houve. "Ele deixava de comprar merenda para ir a lan house, e emagreceu", conta o pai.
Derek não gosta mais dos fins de semana e feriados - é quando os pais ficam em casa e regulam a rotina. Ele não percebe o exagero. "Não acho muito tempo."
Lucas, de 15 anos, outro que passa oito horas conectado, e que também foi levado à Santa Casa, pensa como ele. "O jogo não me prejudica em nada." O menino resistiu a ser levado ao psiquiatra. "Isso é para quem tem parafuso a menos." O que fascina Lucas são os jogos de combate. A mãe, a enfermeira Patrícia, se preocupa com o fato de ele deixar de se relacionar com o mundo real. "Ele está isolado."
Na Santa Casa, Derek e Lucas responderam a questões sobre o desejo de estar conectado, a irritação quando alguém lhe perturba durante o jogo e o vazio que sente sem o computador.
Segundo o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, crianças não têm maturação cerebral para lidar com alguns estímulos. "O córtex pré-frontal não está plenamente desenvolvido nas crianças, então elas têm dificuldade em conter os impulsos", diz. Há quatro anos ele acompanha jovens e adultos viciados em internet no serviço coordenado pelo Instituto de Psiquiatria da USP. Há núcleos com atendimentos semelhantes na Unifesp e nas PUCs de São Paulo e do Rio Grande do Sul.
SINAIS DE ALERTA-Comportamento-Falta de interesse em atividades fora do mundo digital, mentiras constantes para a família para encobrir envolvimento com as atividades online, faltas à escola e a outros compromissos, irritabilidade e ansiedade por não usar o computador, falta de interesse por passeios e festas com amigos, problemas no relacionamento social
Problemas físicos-Taquicardia durante o dia, obesidade ou subnutrição devido à má alimentação dentro da lan house, sono constante na aula, baixo rendimento escolar ou no trabalho, comprometimento na postura, lesões por esforços repetitivos (conhecida como LER), esforço na visão por conta da luz do monitor
Tratamento-Sessões de terapia, remédios e tratamento de outros problemas geralmente associados, como depressão e ansiedade

Medicina da paz

Na frente de uma feroz batalha contra doenças, vemos médicos dedicados a uma causa nobre: atacar e vencer vírus, bactérias, células oncogênicas, enfim, toda uma sorte de situações desafiadoras e algumas tantas causas misteriosas, capazes de ceifar vidas. A luta é árdua. No entanto, tem glorificado esses heróis, que com a ajuda da tecnologia e de medicamentos, conquistam uma meta que parecia quase impossível: fazer o homem saltar de uma existência de 40 para próximo de100 anos!Os custos dessa conquista continuam sendo pagos a preços astronômicos e com o sacrifício da saúde desses profissionais. Como comenta Dr. Paulo de Tarso Lima, integrante do corpo clínico do Hospital Albert Einstein (SP), referindo-se a estudos reveladores de um número cada vez maior de médicos que anda sofrendo com a síndrome do esgotamento profissional. Desses, um montante considerável tem revelado exaustão emocional e decepção com a forma como a atividade vem sendo exercida.O próprio Paulo de Tarso, há menos de uma década atrás, redirecionou sua carreira de cirurgião para um enfoque que atrai não só uma legião de companheiros, mas também pesquisadores sérios: a Medicina Integrativa.Outra que rompeu com o modelo cartesiano de tratamento e cura e foi buscar a medicina em suas origens foi a médica Maria Luíza Branco Nogueira. A Medicina Ecológica, propagada por ela, observa os seres sob o olhar de microcosmos dentro de macrocosmos, ecossistemas vivos que precisam aprender as leis do convívio pacífico, para a própria perpetuação da vida."Para mim é engraçado falar em eu, quando somos tantos", diz ao se referir aos habitantes internos, os 100 trilhões de microrganismos que povoam o universo de cada ser, os quais superam e muito as 30 trilhões de células existentes em nosso corpo.Maria Luíza chegou à compreensão que tem por meio de um processo pessoal, o qual incluiu também dores e doença, até descobrir os princípios da alimentação viva. Essa transformação foi crucial em seu corpo e em sua vida. Tornou-se crudívora, recuperando os pressupostos médicos de Hipócrates que tanto sinalizava a cada um fazer do alimento seu medicamento, como ao médico curar primeiro a si mesmo. "É a única coisa que faz a diferença, quando o médico descobre algo que lhe faz bem e consegue se curar. Então, pode contar para os outros como se faz".Ela se refere ao resgate da antiga tradição do médico. "A própria palavra médico tem o sentido de educador, de mediador entre a natureza e a criatura. Com o tempo, ele se transformou em remediador, indicando formas de se remediar os problemas".Propõe um avanço para a medicina sustentável, que viabiliza manter a paz com esses trilhões de companheiros internos, os quais "participam tanto de nossos pensamentos, como de nossas ações e do modo como olhamos para o mundo".A médica acupunturista, Fátima Uchoa, também adepta do crudivorismo, reforça seu aprendizado da Medicina Ecológica com Maria Luíza Branco, que se programa para ministrar um seminário de Alimentação Viva em Fortaleza em julho próximo.Fique por dentro A vida acima de tudoA Ecomedicina e a Medicina Integrativa são enfoques estudados e praticados por médicos em hospitais e universidades do mundo todo. Ambos colocam a vida em primeiro lugar. Devolvem ao paciente o arbítrio em suas escolhas terapêuticas e busca por equilíbrio. O médico é seu aliado.Há 13 anos, a médica Maria Luíza Branco conduz o projeto Terrapia (RJ), da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz (www4.ensp.fiocruz.br/terrapia). Em seus seminários não só compartilha receitas e preparos da culinária viva, mas estimula a cada um a se tornar seu próprio médico. Compreende a construção da saúde como parte da vida do individuo, "um pesquisador ativo de seu próprio corpo".