quarta-feira, 31 de março de 2010

Leitos pediátricos reduzidos

O vereador Ciro Albuquerque (PTC), declarou, ontem, da tribuna da Câmara Municipal de Fortaleza, que a prefeita Luizianne Lins (PT) vai mandar fechar a enfermaria pediátrica do Hospital Frotinha de Antônio Bezerra. O parlamentar disse que a as enfermeiras já receberam ordens para não internar mais pacientes.Em função da denúncia de Ciro, o vereador Iraguassu Teixeira (PDT) solicitou que os vereadores integrantes da comissão permanente de Saúde da Câmara, façam hoje uma visita ao hospital para tentar solucionar a questão.Ciro, que é médico, criticou a a administração municipal e disse que a época chuvosa vai aumentar a incidência de dengue e de viroses, doenças que atingem muitas crianças e serão necessários mais leitos. "Nós não podemos deixar que isso aconteça", ressaltou o parlamentar.O vereador afirmou que o acordo para o fechamento da enfermaria foi feito entre representantes da Prefeitura e a direção do hospital e reclamou o fato de a sociedade não ter sido consultada sobre o assunto. "A população não entra nessa negociação? Eu gostaria que houvesse uma reversão porque isso é um absurdo", destacou.Ele ainda pediu que Luizianne Lins trabalhe de forma mais dedicada à cidade para que problemas como esse possam ser resolvidos sem que a população saia prejudicada. "Ela não disse que a cidade tem prefeita, então chegou a hora de assumir isto".Iraguassu Teixeira também criticou a decisão e disse que a população não tem culpa dos problemas da administração. O pedetista reconheceu que o Frotinha de Antônio Bezerra atende a um grade número de pacientes da comunidade. "Isso é um crime contra a sociedade", declarou o parlamentar.O vereador, que também é médico, ainda afirmou que, por conta das chuvas, além das viroses, outras doenças infecciosas que atingem o sistema respiratório das crianças também são mais frequentes e que o Município precisa ter estrutura.Em defesa da prefeita, o vereador Walter Cavalcante (PHS) explicou que o Executivo está adequando as internações em vários hospitais e por isso o Município está reduzindo 30% dos leitos existentes.

terça-feira, 30 de março de 2010

Tenente médica retorna do Haiti e relata dramas

Após sete meses e oito dias no Haiti e um período no Rio de Janeiro, a tenente Daniella Gil, de 34 anos, que atua no Posto Médico de Guarnição de Pelotas, está de volta à cidade. Atualmente, se divide entre o atendimento no local e as aulas do mestrado em Ciências da Saúde, na Universidade Federal do Rio Grande. Integrante da Missão de Paz do Brasil no Haiti, Daniella estava lá durante o terremoto ocorrido em 12 de janeiro. Ficou mais de 72 horas sem dormir para atender as vítimas, entre elas crianças gravemente feridas e gestantes. "A gente não teve tempo de chorar nossos mortos, tinha que ajudar quem precisava e tinha chance de sobreviver", diz, ao se referir aos 18 militares que morreram na tragédia.
A tenente retomou as atividades em Pelotas após um período de licença do Exército, que aproveitou para ficar com a família no Rio de Janeiro. "Quando voltei, meus pais diziam que estava muito retraída. Foi uma experiência diferente, de confinamento. Mas eu estou bem, com a sensação de missão cumprida. No tempo em que estive lá, consegui desenvolver um trabalho que valeu a pena", afirma.
A médica conta que, dos 11 partos realizados após a tragédia, duas recém-nascidas receberam seu nome. "Depende das oportunidades, mas pretendo voltar lá um dia. Gostaria de conhecer as Daniellas mais velhas", diz. Durante a tragédia, a militar atendia no consultório montado em contêineres, quando sentiu tudo tremer. Saiu à rua para ver o que tinha acontecido. "Alguém falou: ''É um terremoto''. Em seguida, chegou um soldado com ferimentos leves, mas rapidamente começaram a aparecer haitianos machucados, alguns até com pernas amputadas. De repente era uma quantidade tão grande que não tínhamos mais capacidade para atender e outros militares começaram a ajudar", conta.
As condições eram precárias e os pacientes recebiam socorro no chão, na areia. Adultos e crianças chegavam a todo momento. Muitos com fratura exposta e necessitavam de cirurgia. O problema era onde, se os hospitais que restaram não tinham condições de receber ninguém. No dia 12 de janeiro, Daniella atendeu um paciente atrás do outro, cerca de cem pessoas. Sobreviveram 70. Muitos dos médicos da Missão de Paz foram para a rua resgatar os feridos. A região mais alta do Haiti, onde ficavam as casas da elite, foi a mais atingida.
A médica conta que às 5h uma grávida entrou em trabalho de parto e a criança nasceu no chão. "No meio daquele caos, uma alegria ver uma vida chegando, dando esperança para a gente", frisa. A gestante sangrou muito. "Conseguimos controlar a hemorragia. Mantive as duas, a mãe e a menina com a gente até ficarem bem, mas me dei conta que elas não tinham para onde ir, como o resto", acrescenta. No dia seguinte ao terremoto, uma enfermaria foi improvisada, ainda na areia. A instalação do Hospital da Aeronáutica permitiu, depois, a transferência dos pacientes para procedimentos delicados. "O Brasil mandou mais 700 homens após o terremoto. O que a gente espera é que o país consiga se reerguer", afirma.
Carioca, ela participou de treinamento antes de vir para Pelotas, sua segunda opção para trabalhar. A primeira era sua terra natal. "O Rio Grande do Sul tem tudo, além de os gaúchos serem muito simpáticos", diz. Daniella tem amiga aqui e salienta que sempre gostou do estilo de vida do povo, por isso quis vir.

Brasileiros consumiram quase 2 toneladas de sibutramina em 2009

A população brasileira consumiu, em 2009, quase 2 toneladas de sibutramina - medicamento anorexígeno que atua como inibidor de apetite. Os dados foram apresentados nesta terça-feira (30) pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), durante a divulgação do primeiro relatório do SNGPC (Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados). A sibutramina foi proibida em países da comunidade europeia e teve sua restrição ampliada nos Estados Unidos. No Brasil, o medicamento só pode ser vendido com a apresentação de receituário especial, de cor azul, de acordo com norma publicada hoje (30) no "Diário Oficial" da União.
O relatório da Anvisa inclui o consumo de mais três psicotrópicos anorexígenos - a anfepramona, o femproporex e o mazindol. De acordo com os dados, foram consumidos 1,9 tonelada de sibutramina no ano passado. No mesmo período, o consumo de femproporex chegou a 1 tonelada, o de anfepramona, a 3 toneladas, e o de mazindol, a 2,3 quilos.
A agência reguladora monitorou ainda o uso do cloridrato de fluoxetina e do cloridrato de metilfenidato, que são, respectivamente, um antidepressivo e um estimulante do sistema nervoso central utilizado para combater o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. No ano passado, 3,5 toneladas do antidepressivo e quase 175 quilos do estimulante foram consumidos.
Segundo a Anvisa, a fluoxetina apresenta indícios de abuso e desvio de uso para outras finalidades. Já o metilfenidato é foco de estudos e questionamentos sobre a utilização em massa e efeitos secundários. Esse medicamento vem sendo usado para emagrecer, por exemplo, por empresários e estudantes.
O relatório aponta que, entre os dez maiores prescritores de sibutramina no país, há um médico especialista em medicina de tráfego (que trata da mobilidade humana). No caso da anfepramona, entre os dez maiores prescritores há um ginecologista e um gastroenterologista. Entre os dez maiores prescritores de femproporex, há um dermatologista e entre os dez maiores prescritores de mazindol, há um pediatra.
O consumo indevido de medicamentos em geral - sobretudo de psicotrópicos - é considerado pela Anvisa um problema de saúde pública. Em 2006, a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes da ONU (Organização das Nações Unidas) indicou o Brasil como maior consumidor mundial de anfetaminas com finalidade emagrecedora, com um total de 9,1 doses diárias para cada mil habitantes.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Hospital de câncer faz parceria com centros nos EUA

O Hospital do Câncer de Barretos, no interior de São Paulo, firmou uma parceria com quatro centros de saúde norte-americanos para intercâmbio nas áreas de pesquisa, ensino e tratamento. As instituições que participam dos projetos são o MD Anderson Cancer Center, um dos maiores hospitais oncológicos do mundo, a Universidade Johns Hopkins, a Clínica Mayo e o St. Jude Children's Research Hospital.
Henrique Prata, gestor do Hospital do Câncer de Barretos, afirma que foi procurado pelas instituições depois que o hospital passou a ser chancelado pelo NCI (National Cancer Institute), dos Estados Unidos, no início do ano passado. "Antes éramos nós que íamos até eles. Agora nós estamos sendo convidados."
Prata afirma que um dos principais focos de interesse das instituições americanas no hospital brasileiro é seu banco de tumores -o maior do Brasil, com 26 mil amostras.
Algumas atividades previstas para as parcerias, como intercâmbio de profissionais e discussões conjuntas de casos por videoconferência, já estão sendo realizadas. Os programas incluem ainda projetos de pesquisa em conjunto.
No caso da Universidade Johns Hopkins, por exemplo, a parceria foi estabelecida para a realização de estudos na área de biologia molecular, sobre traços genéticos do câncer de mama.
Holanda
Outra novidade no Hospital do Câncer de Barretos é que a instituição importou da Holanda um protocolo de prevenção ao câncer que, de acordo com Henrique Prata, é um dos mais avançados do mundo.
O protocolo foi implantado no início deste ano no centro de prevenção ao câncer de mama do hospital, que faz exames de rastreamento em Barretos e em algumas cidades próximas - até o ano passado eram 77 municípios contemplados; agora, serão 212.
"O objetivo é atingir 80% da população alvo [mulheres com idade entre 40 e 69 anos]", afirma Prata.
O protocolo inclui o uso de mamógrafos digitais, que são mais precisos. Além disso, a interpretação de cada exame precisa ser feita por dois profissionais, que não têm acesso ao diagnóstico do outro. Se os resultados não coincidirem, o exame deverá ser encaminhado para um médico coordenador, que fará a avaliação final.

Novo tratamento contra câncer de mama limita radioterapia a uma sessão

Um tratamento pioneiro para o câncer de mama, que permite reduzir a radioterapia a uma sessão de meia hora, está dando bons resultados nos testes com pacientes, indicam médicos do University College de Londres.

O tratamento, utilizado após a extração do tumor em casos nos quais o câncer não está em fase avançada, mata as células cancerígenas que podem ficar com uma emissão concentrada de radiação.Atualmente, as mulheres com câncer de mama se submetem a cinco sessões de radioterapia que duram por volta de seis semanas depois da cirurgia, que conserva a maior parte do peito, ao contrário da mastectomia.
Os médicos confiam que, assim que forem publicados os resultados dos testes no final deste ano, seja possível oferecer um só tratamento de radiação (conhecido pela sigla em inglês como IORT). É o que ressalta a equipe de pesquisadores liderada pelo oncologista Michael Baum, cujos estudos são publicados nesta segunda-feira (29) pelo jornal "The Times".
O procedimento consiste na introdução de um aparelho esférico - do tamanho de uma bola de gude - na área onde estava o tumor, por meio da incisão criada durante a operação.

O aparelho propaga uma dose constante de radiação ao redor do leito tumoral, de acordo com os médicos.

Segundo o "The Times", os resultados do teste, que levou dez anos, serão apresentados em junho na conferência da Sociedade Americana de Oncologia Clínica em Chicago (EUA).

Os pesquisadores esperam mostrar que o IORT é seguro e efetivo como as sessões convencionais de radioterapia.

Até o momento, na terceira fase dos testes clínicos participaram 77 pacientes no Reino Unido, Alemanha e Austrália.

Dessas mulheres, apenas duas - de idade média de 66 anos - voltaram a ter câncer de mama no mesmo local.

O oncologista afirmou que o aparelho custa em torno de 300 mil libras (mais de R$ 800 mil) e é portátil. Por isso, seu acesso pode ser oferecido a mulheres que vivem longe das unidades de radioterapia, sobretudo no mundo em desenvolvimento.

domingo, 28 de março de 2010

Médico é certificado para espirometria

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) começa a certificar médicos pneumologistas para a realização e avaliação da espirometria. O exame, totalmente indolor, é uma importante ferramenta do médico para o diagnóstico e acompanhamento de várias doenças, tais como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e doenças intersticiais pulmonares, sendo também extremamente útil na investigação de pacientes com sintomas de tosse ou falta de ar, segundo explica dr. Roberto Rodrigues, presidente do Departamento de Função Pulmonar da SBPT.No entanto, em decorrência das inúmeras queixas de exames mal realizados com diagnósticos errados, a SBPT decidiu certificar os médicos pneumologistas habilitados neste procedimento. "Ao instituir esta qualificação, atestaremos que o médico foi treinado e aprovado, com seu exame validado", afirma dr. Fernando Lundgren, diretor de defesa profissional da entidade.A realização e/ou análise incorreta do resultado podem levar o paciente a ter um diagnóstico equivocado, conduta errada e consequente adiamento do tratamento correto. Com isso, o paciente pode ter sua doença agravada ou acreditar ser portador de uma patologia inexistente.Cuidados e manuseioA certificação poderá ser feita por todo médico pneumologista, por meio da realização de um curso de três módulos, que envolverá desde cuidados no manuseio, limpeza e riscos de infecção do aparelho, até a realização da manobra de espirometria e interpretação dos resultados, complementa dr. Fernando Ludgren, informando que para ser aprovado, o candidato deverá acertar 100% das questões. Esta certificação terá validade de cinco anos e poderá ser renovada mediante novo curso.EspirometriaAlém de diagnosticar doenças como asma, DPOC e doenças intersticiais, o exame é solicitado para avaliação pré-operatória, para fornecer informações que podem evitar complicações no pós-operatório, independentemente do tipo de cirurgia, além de evidenciar problemas em outras áreas, como doenças reumáticas que afetam o pulmão ou em doenças cardiovasculares."Outra função importante do exame é o acompanhamento do tratamento e controle das doenças respiratórias. Por meio dele o médico pode avaliar a resposta ao tratamento", revela Ludgren. O exame tem duração de 30 a 40 minutos, com incentivo técnico para o paciente realizar manobras adequadas de inspiração e expiração máximas. Nenhuma droga injetável é administrada.PrevençãoUma das vantagens é a detecção precoce de distúrbios pulmonares, antes que ocorram alterações em outros exames (ex: radiografias).A espirometria deve ser realizada nos indivíduos fumantes ou com sintomas respiratórios. A legislação trabalhista brasileira também determina que trabalhadores expostos a poeiras façam o exame, para avaliar se há queda significativa na função pulmonar. Os associados da SBPT, já podem solicitar a avaliação por meio do site www.sbpt.org.br.Certificação - Como identificarTodo médico aprovado terá em seu poder um certificado com número, que poderá ser consultado pelo paciente no site www.sbpt.org.br, que atestará sua certificação profissional, com data e validade. Esta informação deverá constar de todos os laudos emitidos por estes profissionais, por meio de impresso ou carimbo.Para dúvidas, comentários ou sugestões, o telefone 0800 61 6218 está disponível a médicos, bem como aos pacientes e demais setores da saúde. Especialmente para os médicos, haverá (no site da SBPT) um blog para discussão do tema.

sábado, 27 de março de 2010

Medicamento faz câncer envelhecer e morrer

Um medicamento que força as células cancerígenas a envelhecer e morrer está em fase inicial de testes em seres humanos. A pesquisa foi destaque na edição mais recente da revista "Nature" e promete ser mais uma arma no arsenal contra o câncer.
A capacidade de se dividir indefinidamente permite às células tumorais crescer e se espalhar pelo corpo. Mas, de acordo com estudos realizados em ratos, o bloqueio de um gene chamado Skp2 forçou essas células a iniciar um processo de envelhecimento conhecido como senescência. Esse processo ocorre, por exemplo, quando o corpo tenta se livrar de células da pele danificadas pela exposição excessiva ao sol.
A equipe usou para o estudo ratos geneticamente modificados que desenvolveram uma forma de câncer de próstata. Em alguns deles, os cientistas tornaram inativo o gene Skp2. Quando o rato atingiu seis meses de vida, eles descobriram que os portadores de Skp2 inativo não desenvolveram tumores, ao contrário dos outros ratos da pesquisa.
Ao analisar os tecidos de nódulos linfáticos e da próstata, descobriram que muitas células tinham começado a envelhecer e notaram uma lentidão na divisão de células. Já nos ratos com a função normal do Skp2 isso não aconteceu.
O medicamento, que está sendo desenvolvido pela Takeda Pharmaceutical, está na primeira fase de testes clínicos em seres humanos. Essa etapa abrange um pequeno grupo de voluntários e busca avaliar os principais efeitos colaterais e definir a dosagem segura.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Centro de radioterapia inaugurado em hospital simula "céu estrelado"

O Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) inaugurou ontem o maior centro público de radioterapia e diagnóstico por imagem da América Latina.Até então, os pacientes do instituto utilizavam os aparelhos de radioterapia do Hospital das Clínicas da USP. Agora, o Icesp será capaz de fazer 90 mil tratamentos e 48 mil exames de ressonância e medicina nuclear por ano, segundo Giovanni Guido Cerri, diretor-geral do hospital.
Uma das inovações do centro é a aplicação de 150 pontos de fibra óptica no teto das salas de radioterapia, que simulam um céu estrelado. "O objetivo é humanizar o tratamento", afirma Cerri.
A nova unidade, que custou R$ 70 milhões ao governo do Estado, terá seis aparelhos de radioterapia, um equipamento de braquiterapia (técnica em que o material radioativo é colocado diretamente em contato com o tumor) e um tomógrafo para procedimentos radioterápicos, instalados em espécies de bunkers subterrâneos construídos com concreto no quarto subsolo do hospital com o objetivo de bloquear a radiação.
De acordo com o diretor do Icesp, o novo centro de radioterapia deverá começar a atender os pacientes a partir de abril. Os equipamentos ainda passarão por processo de certificação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e por inspeção da Vigilância Sanitária Estadual.

Dengue: em dois meses de 2010, o dobro de casos registrados em 2009

A dengue fugiu de controle no Brasil. Só nestes três primeiros meses foram registrados 108.640 casos - mais do que o dobro de todo o ano de 2009 (51.873). A doença está presente em todas as regiões do país, mas no Centro-Oeste a situação é mais grave - 62.658 pessoas já foram infectadas nos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal, segundo informativo divulgado pelo Ministério da Saúde em fevereiro (veja quadro abaixo).
Um relatório atualizado será divulgado nos próximos dias, confirmando o estado de epidemia na região. A maior incidência de pessoas infectadas está em Goiás. Foram 53.981 casos registrados até a terceira semana de março, um aumento de 507,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Em fevereiro, eram 25.079 pessoas doentes. No total, 17 pessoas morreram, sendo oito na capital Goiânia.
A Secretaria de Saúde de Mato Grosso registrou mais 1.429 casos de dengue no estado na terceira semana de março. No acumulado deste ano, já foram notificadas 24.140 ocorrências, número 758% acima do verificado em igual período de 2010, quando foram registrados 2.813 casos. Em fevereiro (veja a tabela) eram 15.362 pessoas infectadas. A região metropolitana concentra o maior número de casos. Em Cuiabá, foram registradas 2.236 ocorrências de dengue neste ano, das quais 157 foram notificadas como grave. Cinco óbitos foram registrados.No Mato Grosso do Sul, a situação é ainda pior. Até o último dia 6, 11 mortes foram registradas, com 32.225 notificações de casos. Pelos dados apresentados em fevereiro, eram 21.050 as pessoas infectadas. A capital Campo Grande vive um caso de calamidade - com 20.250 notificações, a cidade tem incidência de 2.682 casos para cada 100 mil habitantes.
No Distrito Federal, 200 militares treinados pela Secretaria de Saúde se uniram nesta segunda-feira aos agentes ambientais na tentativa de conter a epidemia de dengue na região. Segundo dados da Secretaria de Saúde, foram confirmados 1.541 casos e outros 3.681 estão sob investigação (em 2009, esses números eram respectivamente, 111 e 520). Na prática, um aumento de mais de 1.300% no número de casos confirmados.Outras regiõesO Rio Grande do Sul registrou em uma semana cerca de 600 novos casos de dengue no estado, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, por meio do Centro Estadual de Vigilância em Saúde. Até o último dia 13, a secretaria havia recebido 2.052 notificações de casos de dengue desde o dia 22 de fevereiro, quando o atual surto da doença foi detectado. E de 22 de fevereiro até ontem, 20 de março, foram divulgados 2.616 casos, segundo a secretaria. O município de Ijuí tem a maioria desses registros: 2.151. Somente neste sábado foram 42 novas notificações no local.
Em São Paulo, o número de casos de dengue na capital mais que dobrou em uma semana. O último balanço, divulgado no dia 16 pela Secretaria Municipal da Saúde, mostra que os infectados passaram de 67 para 143, um aumento de 127% em sete dias. O total de doentes representa quase a metade de todos os casos registrados no ano passado, quando 322 pessoas contraíram dengue em São Paulo. Os casos importados (contraídos fora da cidade) somam 279.A situação é grave na Baixada Santista. Santos e Guarujá já decretaram estado de epidemia. O Hospital Ana Costa, um dos maiores da região, registrou 63 casos da chamada dengue hemorrágica, a variação mais grave da doença. Em Santos, de acordo com a Secretaria de Saúde, foram notificados 5.605 casos, sendo que apenas 680 foram confirmados. Óbitos pela doença na forma hemorrágica chegam a sete. No Guarujá, ao todo foram registradas 2.166 notificações de dengue desde o começo de 2010.
No Nordeste, a situação é preocupante no Ceará. Dos 1.663 casos de dengue confirmados no estado, nada menos que 821 foram registrados apenas em Tauá - 49% do total. Autoridades sanitárias da cidade, que fica a 344km de Fortaleza, justificam a incidência pelo retorno do tipo 1 do vírus e pela falta de água na região.
Sintomas-Depois da picada do mosquito com o vírus, os sintomas se manifestam normalmente do 3º ao 15º dia. Esse período é chamado de incubação. O tempo médio de duração da doença é de cinco a seis dias. É só depois do período de incubação que os seguintes sintomas aparecem:- Febre alta- Dor de cabeça- Dor atrás dos olhos- Manchas vermelhas no corpo- Dor nos ossos e articulações- Dores abdominais- Vômitos- Qualquer tipo de sangramento
Tratamento:- Manter-se em repouso- Beber muito líquido (inclusive soro caseiro)- Usar os medicamentos prescritos pelo médico para aliviar as dores e a febre
AtençãoEm caso de suspeita de dengue, sempre procurar, o mais rápido possível, o serviço de saúde mais próximo. Todo tratamento só deve ser feito sob orientação médica.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Nova gripe provoca 45 mortes neste ano no Brasil-H1N1

O Brasil já registrou 45 óbitos provocados pela nova gripe neste ano, de acordo com levantamento feito pelo G1 com as secretarias da Saúde de 25 estados e do Distrito Federal. A reportagem não conseguiu contato com o governo do Amapá.

Nove estados confirmaram óbitos pela nova gripe em 2010. O Pará tem o maior número de mortos. De acordo com boletim divulgado na quarta-feira (24), o estado registrou 22 óbitos desde o início deste ano.

O Paraná vem em seguida, com sete mortes confirmadas. Amazonas, Ceará e Maranhão registraram cinco, quatro e três óbitos, respectivamente. Os estados de Alagoas, Minas Gerais, Paraíba e São Paulo tiveram uma morte cada um.

Do total de 45 mortos, 16 eram gestantes. A segunda etapa da vacinação contra a nova gripe começou nesta segunda-feira (22) e vai até 21 de maio. Mulheres grávidas, crianças entre 6 meses e 1 ano e 11 meses de idade e pacientes com doenças crônicas e menos de 60 anos devem procurar um posto de saúde.

A concentração de casos no Norte e Nordeste do país, segundo o Ministério da Saúde, ocorre em função das chuvas e da diminuição da temperatura nesta época do ano. Já o baixo número de notificações no Sul e no Sudeste do país ocorre por causa do aumento da temperatura durante o verão.

Neste ano, por exemplo, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina não registraram casos de nova gripe. No ano passado, o Rio Grande do Sul registrou a primeira morte e foi um dos estados com maior número de vítimas. De acordo com dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), desde o início da pandemia até dezembro de 2009 foram confirmados 3.540 casos no estado. Os óbitos confirmados somaram 272.

Em Santa Catarina, segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), foram registrados 2.484 casos da doença e 141 mortes no ano passado.

Ceará terá o primeiro banco público de cordão umbilical

O primeiro Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário da rede pública de saúde do Ceará vai ser inaugurado ainda no primeiro semestre de 2010. A entrega das obras da estrutura física do prédio, em Fortaleza, será feita nesta terça-feira, 23, às 15 horas, na sede do Hemoce. As obras começaram em julho de 2009 na sede do Hemoce. A unidade faz parte de um projeto maior da Rede BrasilCord, do Ministério da Saúde, que está formando um conjunto de bancos de sangue de cordão umbilical e placentário interligados para atender a demanda de transplantes e pesquisa de células embrionárias no País. Através do convênio assinado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2008, a Rede BrasilCord recebeu um investimento de R$ 31,5 milhões do Fundo Social do BNDES para a construção de unidades no Ceará, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Pará, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Distrito Federal. Hoje, o sistema já conta com quatro bancos instalados, no Rio de Janeiro, em São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto. A meta é armazenar cerca de 50 mil cordões umbilicais nos 12 bancos que passarão a formar a Rede, número considerado ideal para, junto com o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), suprir a demanda de transplantes no Brasil. Além da construção dos novos bancos de cordão, o recurso do BNDES será utilizado na compra de equipamentos das unidades já em funcionamento e treinamento de pessoal. São R$ 4 milhões em investimentos só no Ceará. No dia 9 de outubro de 2009, aconteceu a primeira coleta de sangue de cordão umbilical e placentário da rede pública estadual de saúde, como treinamento para o trabalho que será desenvolvido para suprir a demanda do Banco de Sangue de Cordão. A coleta foi realizada no Hospital Geral César Cals, em Fortaleza, e o material retirado da placenta e do cordão umbilical da mãe foi doado para o Banco de Sangue do Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. Ele ficará disponível para atender qualquer paciente que tenha compatibilidade genética com o material.

Brasil reduz incidência, mas continua entre os países com mais casos de tuberculose

O número de casos de tuberculose no Brasil caiu de 72.140, em 2007, para 70.989, em 2008. No período, a incidência da doença passou de 38,1 casos em cada grupo de 100 mil habitantes para 37,4. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (24) --Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose-- pelo Ministério da Saúde.
As mortes provocadas pela tuberculose também diminuíram, de 4.823, em 2007, para 4.735, em 2008. O Brasil permanece na lista das 22 nações que concentram 80% dos casos de tuberculose em todo o mundo, embora tenha melhorado no ranking, da 18º para a 19° colocação.
Para o governo, o balanço é positivo e resulta de um trabalho coordenado pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose que, em 2003, definiu o enfrentamento da doença como prioridade.
Um dos destaques, segundo a pasta, é a expansão da estratégia do Tratamento Diretamente Observado, que consiste no acompanhamento do paciente durante seis meses. Atualmente, 43% dos novos casos são monitorados. Em 2002, a média era de 3,3%.
A tuberculose é uma doença causada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis), que afeta vários órgãos do corpo, principalmente os pulmões. Ela é transmitida por meio da tosse ou do espirro. Os principais sintomas são tosse prolongada (por mais de três semanas) com ou sem catarro, cansaço, emagrecimento, febre e suor noturno.
Em 1993, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a tuberculose como uma emergência global.
Rio é o estado com maior incidência
O Rio de Janeiro é o estado brasileiro com a maior incidência de casos de tuberculose - 68,64 para cada 100 mil habitantes - seguido por Amazonas (67,88), Pernambuco (47,61), Pará (43,72), Ceará (43,2) e Rio Grande do Sul (42,53). As menores taxas da doença foram registradas no Distrito Federal (13,73), em Tocantins (13,67) e em Goiás (13,91).
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a incidência entre homens - 50 para cada 100 mil habitantes - é duas vezes maior que entre mulheres.
Nas populações indígenas, a incidência é quatro vezes maior que a taxa nacional de 37,4%. Entre os portadores do vírus HIV, o risco de contrair tuberculose é 30 vezes maior e entre os presidiários, 25 vezes.
"A tuberculose atinge todas as pessoas, independentemente da renda, classe social ou escolaridade", alertou o coordenador geral do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, Dráulio Barreira.
Percentual de cura aumentou 4%
O percentual de cura da tuberculose no Brasil passou de 69% em 2002 para 73% em 2008 - índice ainda distante dos 85% recomendados pela OMS. Em 2008, o país registrou 70.989 novos casos da doença.
De acordo com o Ministério da Saúde, a tuberculose é a principal causa de morte de portadores do vírus HIV. Em 2002, 26,7% dos pacientes com tuberculose fizeram exames para a detectar o vírus HIV e em 2008, o índice passou para 48%.
O coordenador geral do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, Dráulio Barreira, lembrou que quanto mais precoce for o diagnóstico, melhores as chances de sobrevida.
O representante da Opas (Organização Panamericana de Saúde), Diego Victoria, afirmou que uma em cada três pessoas que contarem tuberculose no mundo não tem acesso a um diagnóstico preciso e a um tratamento eficaz para a doença.
"Temos que encontrar novos e melhores meios para combater essa doença. Novos medicamentos, métodos mais rápidos para diagnóstico, vacina, serviços de saúde mais acessíveis".
Para Diego Vistoria, o trabalho em parceria é fundamental, sobretudo entre União, estados e municípios. "Temos que somar forças para que o controle da tuberculose esteja sempre na pauta".

quarta-feira, 24 de março de 2010

Estados registram falta de vacina no início de ação contra a gripe A

Em ao menos cinco Estados --Rio, Minas Gerais, Maranhão, Pará e Alagoas--, houve falta de vacinas no início da segunda etapa de vacinação contra a gripe A (H1N1), a gripe suína. A vacinação, que vai até 2 de abril, é direcionada a grávidas, crianças e doentes crônicos.
No Rio, o problema atingiu a vacinação de grávidas. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, até ontem, só 66 dos 92 municípios haviam retirado seus lotes.
Em Belo Horizonte, anteontem, faltavam doses em 49 dos 147 postos -o problema persistia ontem em alguns locais. Segundo a Secretaria da Saúde, a cidade recebeu 68% das doses previstas.
No Pará, houve atrasos na distribuição em Altamira (829 km de Belém) e em municípios vizinhos. O Estado tem 29 casos confirmados da gripe e 17 mortos (sete grávidas).O Ministério da Saúde afirmou que, pelo fato de a ação ser inédita, é possível que ocorram "problemas pontuais de logística", mas que não faltará vacina.

terça-feira, 23 de março de 2010

Diabetes leva a amputações

Em Fortaleza, a diabetes, muitas vezes, só é diagnosticada quando o paciente tem que amputar um de seus membros, inferiores ou superiores, em decorrência da gangrena. A informação é da presidente do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIHD), Adriana Forti, explicando que a constatação decorre da observação feita nos atendimentos do Centro."O diagnóstico da diabetes, via de regra, só é feito praticamente no momento em que o paciente vai tirar um dedo, um pé ou uma perna", disse a médica, ressaltando que, nessa situação, a doença já está bastante adiantada. Quanto ao número de pacientes diabéticos amputados em Fortaleza, ela explicou que "só podemos afirmar que o ambulatório do Centro vive lotado". Também acrescentou que a diabetes é a principal causa das amputações feitas o Pais.Uma pessoa que sofre de diabetes é 15 vezes mais suscetível a ter que amputar um dos membros inferiores do que aquelas que não possuem a doença, indicam os estudos científicos. No Brasil, a última grande pesquisa sobre o assunto aconteceu há cerca de 10 anos e mostrou que a maioria das amputações em diabético é feita acima do joelho, local em que a capacidade de mobilidade da pessoa fica muito comprometida mesmo com o uso de prótese.O estudo retratou o problema em várias capitais do País, inclusive em Fortaleza, através dos dados do CIHD e, ainda hoje, o elevado registro de amputações entre diabéticos preocupa a diretora do Centro. "O diagnóstico mais cedo evitaria isso", disse Adriana Forti.Embora fonte da Santa Casa de Misericórdia informe que, naquele hospital, são comuns casos de amputações em diabéticos, ontem, o médico José Saraiva Barbosa Filho explicou que, nos 10 leitos sob sua responsabilidade, não havia registro de gangrena seguida de retirada de um dos membros. "Aqui ou acolá temos esses registros", comentou, admitindo que nos diabéticos os ferimentos demoram a cicatrizar e as infecções evoluem de forma muito rápida.A recomendação do hospital é a de que os doentes evitem se ferir e andar descalços. "Não é por acaso o ditado popular de que ´o diabético perde a vida pelo pé´", citou, adiantando ainda que as recomendações incluem também não usar roupas apertadas e evitar micoses e cortes nos dedos.A diabetes, explicou o médico, se caracteriza pelo aumento da taxa de açúcar no sangue. Já Adriana Forti citou que o paciente pode passar anos com a doença e não saber.O exame de glicemia indica resultado aceitável quando indica uma taxa de açúcar de até 100 miligramas por decilitro de sangue; entre 100 e 126 mostra a glicose alterada e acima 126 confirma a diabetes. Por sua vez, a gangrena tem sintomas como dor, à medida em que o tecido morre, seguida de dormência; descoloração da pele, pus e mau cheiro.PREVENÇÃO"Alimentação saudável e exercício físico ajudam a evitar a diabetes"Adriana FortiPresidente do Centro Integrado de Hipertensão e Diabetes (CIHD)MAIS INFORMAÇÕES-Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIHD) - Rua Silva Paulet, 2406, Aldeota / (85) 3101-1537

segunda-feira, 22 de março de 2010

Algas marinhas podem reduzir obesidade, diz pesquisa

Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha afirma que algas marinhas podem ser usadas para combater a obesidade.
A equipe de cientistas da Universidade de Newcastle descobriu que os alginatos, uma fibra extraída das algas, ajudam o corpo a reduzir a absorção de gordura em até 75%. O índice é melhor do que a maioria dos tratamentos contra obesidade.Os cientistas estão fazendo testes com a fibra adicionada a pão, para determinar o efeito que ela teria em uma dieta normal.
"Essa pesquisa sugere que se nós podemos adicionar fibras naturais a produtos usados diariamente, como pães, biscoitos e iogurtes, até três quartos da gordura contida em uma refeição podem passar diretamente pelo corpo", afirma Iain Brownlee, da equipe de pesquisadores de Newcastle.
"Nós já adicionamos o alginato ao pão e testes iniciais de gosto têm sido extremamente animadores."

Estômago artificial

Os cientistas usaram um "estômago artificial" para testar a eficácia dos 60 tipos diferentes de fibras naturais ao medir o quanto cada um afeta a digestão da gordura. O estômago artificial é um aparelho que replica as reações físicas e químicas do estômago humano.
As descobertas foram apresentadas na Sociedade Americana de Química, durante uma conferência em San Francisco, nos Estados Unidos.
"Há inúmeros relatos de curas milagrosas para se perder peso, mas apenas alguns poucos casos têm evidência científica sólida para amparar esses relatos."
Alginatos já são atualmente adicionados a alguns alimentos em pequenas quantidades, para aumentar a sua consistência.
Para o diretor do National Obesity Fórum (NOF), uma entidade britânica que reúne médicos e estudiosos, a descoberta é "interessante".
"A pesquisa parece interessante, mas nós só podemos começar a recomendar [as algas] se os cientistas conseguirem gerar boas provas após testes rigorosos."

domingo, 21 de março de 2010

Hospital oncológico cria grupo para tratar pessoas supersensíveis à luz solar

O Hospital A.C.Camargo está recrutando pacientes para estudar casos de xeroderma pigmentoso -doença genética rara, que provoca extrema sensibilidade à luz solar e aumenta em até mil vezes o risco de aparecimento de câncer de pele.O objetivo do estudo é confirmar o diagnóstico da doença por um exame molecular (genético) e oferecer acompanhamento genético e dermatológico para os pacientes -o que pode ajudar a melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida. Hoje, o diagnóstico é clínico.
Segundo a biomédica Karina Santiago, responsável pela pesquisa, sem acompanhamento adequado, a expectativa de vida dos pacientes é cerca de 30 anos menor do que a de pessoas saudáveis. "A mortalidade precoce desses pacientes está relacionada às complicações do melanoma [tipo de câncer de pele]", diz.
Após o diagnóstico, os pacientes receberão aconselhamento genético (caso queiram ter filhos), farão investigação da árvore genealógica e passarão por um exame de dermatoscopia digital -equipamento que monitora as lesões que surgem na pele e acompanha a evolução dessas lesões, evitando que o paciente seja submetido a cirurgias desnecessariamente.
"Por enquanto, ainda não sabemos se o teste molecular será sensível o suficiente para detectar a alteração genética do xeroderma, mas esse é o objetivo do estudo", afirma.
Diagnosticado com xeroderma superficial há quatro anos, o empresário Rogério Olivato Júnior, 29, é acompanhado pelo grupo do hospital. Já retirou mais de 20 lesões na pele -quatro melanomas e 13 tumores não melanomas.
"Monitoro as lesões [com a dermatoscopia] a cada seis meses e sigo o tratamento rigorosamente. Isso me permite ter uma vida normal, sem nenhuma restrição", afirma.
Mais informações sobre o recrutamento de pacientes podem ser obtidas pelo telefone 0/xx/11/2189-5180.

sábado, 20 de março de 2010

As novas tecnologias que podem salvar seu coração

Há uma revolução em andamento na cardiologia. Em sua base está um arsenal de técnicas que combinam cortes menores, novos dispositivos para acessar o coração, exames mais precisos, robôs e a aproximação entre médicos com especialidades diferentes para operar o mesmo paciente. A meta é tratar os problemas cardíacos com o mínimo de agressividade e o máximo de eficiência. Um exemplo das inovações foi visto na semana passada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Pela primeira vez na América Latina, o cirurgião Robinson Poffo usou um robô para reconstruir a válvula mitral de cinco pacientes. “O aparelho permite operar com cortes menores e dá amplitude de movimentos no campo operatório maior do que a mão do cirurgião”, diz. No Instituto do Coração, em São Paulo, intervenções na válvula mitral já estão sendo executadas por meio das chamadas cirurgias minimamente invasivas. O cirurgião faz três ou quatro cortes com cerca de quatro a seis centímetros e, com o auxílio de câmeras e vídeos, concretiza o reparo. Pelo método convencional, a operação é realizada através de um corte no centro do peito e a fratura do osso esterno.“Já fizemos 35 operações desse tipo. Nosso plano é realizar uma por semana”, diz o cardiologista Noedir Stolf, diretor da Unidade de Cirurgia da instituição. “Entre as vantagens da nova modalidade está a redução da dor e do tempo de permanência no hospital”, diz o cirurgião Fábio Jatene. Em vez de dois ou três dias na UTI, por exemplo, o paciente fica um. A manicure Rosângela Barbosa, 28 anos, de São Paulo, é uma das pessoas operadas no InCor. “Voltei a ter disposição para trabalhar e cuidar de meus filhos”, diz. Há um ano, a analista de recursos humanos Tatiane Marcelo, 29 anos, de Joinville, foi submetida a uma variação dessa cirurgia desenvolvida por Robinson Poffo, cuja incisão é feita logo abaixo do mamilo. “Quase não dá para ver a cicatriz”, conta Tatiane. A combinação de novos recursos com a hemodinânica está contribuindo para intervenções menos agressivas na válvula aórtica. Uma delas é a implantação de uma prótese que pode ser colocada via cateter, sem cortes no tórax. Feita de um metal que se dilata em contato com o calor e revestida de uma membrana animal, ela funciona como um expansor.“Não substitui a válvula, mas melhora bastante a condição de vida dos pacientes”, diz o hemodinamicista Pedro Lemos, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Um outro dispositivo recente está dando resultados interessantes. É uma espécie de clipe, colocado via cateter, para corrigir a frouxidão da válvula mitral (responsável por evitar que o sangue volte durante a contração cardíaca). Quando isso acontece, ela permite o retorno do sangue que deveria ser bombeado. Conclusões de um estudo feito com 279 pacientes no Canadá e nos EUA indicam que o clipe pode ser uma opção eficaz. “Até agora, a cirurgia de coração aberto era a única alternativa para esses casos”, disse à ISTOÉ Ziyad Hijazi, coordenador do estudo. “Em vez disso, agora podemos usar um cateter para alcançar a válvula do coração. Já temos 600 casos com excelentes resultados.” O cateter também está sendo a via de execução de uma técnica recente para destruir trombos associados a infartos. No Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, pacientes foram submetidos à aspiração de coágulo dentro da artéria. “Por causa do grande volume, eles poderiam se fragmentar se a artéria fosse apenas dilatada com um balão. Por isso, fizemos a aspiração”, explica o hemodinamicista Constantino Salgado.Outra mudança importante é fazer as cirurgias de revascularização das coronárias, as principais artérias do coração, sem usar a máquina de circulação extracorpórea. Essa cirurgia consiste na utilização de enxertos que passam por cima dos pontos obstruídos das coronárias. O objetivo é levar o sangue de um ponto sem comprometimento para outro, criando um circuito alternativo. Normalmente, é preciso parar o coração e usar a máquina, que faz o bombeamento do sangue. Mas a criação de aparelhos que param o coração no pedacinho a ser tratado, sem mexer com o resto, tornou possível realizar o procedimento sem recorrer à máquina. “O coração fica batendo, mas a artéria que vai ser tratada fica parada”, diz o médico Sérgio Almeida de Oliveira, um dos maiores cirurgiões cardíacos do País. Ele opera nos hospitais Beneficência Portuguesa, Sírio-Libanês e Albert Einstein. A sofisticação dos procedimentos tem funcionado como incentivo para a aproximação entre os cirurgiões e os cardiologistas intervencionistas, aqueles que fazem o cateterismo – inserção de um tubo no vaso sanguíneo para diagnóstico ou pequena intervenção cirúrgica – e a angiografia, exame que mostra os pontos de entupimento das artérias. Ambos estão associando suas expertises para tratar o paciente ao mesmo tempo. Na prática, significa que um pode operar uma das artérias, enquanto o outro introduz, em outra artéria, via cateter, um balão para abrila e melhorar a passagem do sangue. Como exigem equipamentos diferentes, até agora esses procedimentos eram feitos em salas distintas. Mas isso está mudando. “O caminho é criar as salas híbridas, onde os aparelhos estão no mesmo lugar”, prevê Oliveira.Uma dessas salas já funciona no Hospital Albert Einstein. O InCor deve inaugurar a sua em junho. O espaço permite a realização de cirurgias convencionais, operações pouco invasivas e diagnósticos por imagem no mesmo local, sem que o doente precise ser transportado. “Além disso, torna a tomada de decisões mais segura e rápida”, diz o cirurgião Stolf. De fato, diante de tantas alternativas, é importante saber qual escolher. “Não vale a pena, por exemplo, optar por técnicas que usam mini acessos ou são menos agressivas se a cirurgia aberta tiver melhor resultado para determinado paciente”, pondera o cardiologista Roberto Kalil Filho, diretor do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês. “O certo é discutir o que fazer em termos de risco, eficiência e durabilidade.”

Vacinação de grávidas contra gripe suína começa na segunda-feira

Grávidas, crianças de seis meses a dois anos e pessoas com doenças crônicas, como diabetes e cardiopatias, passam a ser vacinados a partir de segunda contra a gripe A (H1N1) --a gripe suína. Elas devem procurar unidades básicas de saúde. Na capital paulista, AMAs só atendem aos sábados e feriados.
Será o início da segunda etapa da campanha no país, que vai até 2 de abril. Na primeira, que começou no dia 8 e acabou ontem, foram vacinados indígenas e trabalhadores da saúde.
A meta do governo é vacinar 80% das pessoas em grupos de risco, ou seja, com mais chances de ter a forma grave da doença. São 73 milhões.
As grávidas e as crianças pequenas também entram no grupo de risco em razão de recomendações da OMS e com base na observação da morbidade da doença no seu primeiro ano --2009. No Brasil, pelo menos 156 gestantes morreram.
A vacinação ocorre antes do inverno, período em que as gripes aparecem de forma mais acentuada. A medida já ocorreu em boa parte dos países do hemisfério norte e agora começa no hemisfério sul. No mundo, ao menos 16 mil pessoas já morreram devido a doença. No Brasil foram cerca de 1.700.
Doenças crônicas para vacinação, segundo o Ministério da Saúde:
- Pessoas com grande obesidade (Grau 3), incluídas atualmente nos seguintes parâmetros:
- Crianças com idade igual ou maior que 10 anos com índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 25;- Criança e adolescente com idade maior de 10 anos e menor de 18 anos com IMC igual ou maior que 35;
- Adolescentes e adultos com idade igual ou maior que 18 anos, com IMC maior de 40;
- Indivíduos com doença respiratória crônica desde a infância (exemplo: fibrose cística, displasia broncopulmonar);
- Indivíduos asmáticos (portadores das formas graves, conforme definições do protocolo da Sociedade Brasileira de Pneumologia);
- Indivíduos com doença neuromuscular com comprometimento da função respiratória (exemplo: distrofia neuromuscular);
- Pessoas com imunodepressão por uso de medicação ou relacionada às doenças crônicas;
- Pessoas com diabetes;
- Pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e outras doenças respiratórias crônicas com insuficiência respiratória crônica (exemplo: fibrose pulmonar, sequelas de tuberculose, pneumoconioses);
- Pessoas com doença hepática: atresia biliar, cirrose, hepatite crônica com alteração da função hepática e/ou terapêutica antiviral;
- Pessoas com doença renal: insuficiência renal crônica, principalmente em doentes em diálise;
- Pessoas com doença hematológica: hemoglobinopatias;
- Pessoas com terapêutica contínua com salicilatos, especialmente indivíduos com idade igual ou menor que 18 anos (exemplo: doença reumática auto-imune, doença de Kawasaki);
- Pessoas portadoras da síndrome clínica de insuficiência cardíaca;
Pessoas portadoras de cardiopatia estrutural com repercussão clínica e/ou hemodinâmica (hipertensão arterial pulmonar e valvulopatia);
- Pessoas com cardiopatia isquêmica com disfunção ventricular (fração de ejeção do ventrículo esquerdo [FEVE] menor do que 0.40);
- Pessoa com cardiopatia hipertensiva com disfunção ventricular [FEVE] menor do que 0.40;
- Pessoa com cardiopatias congênitas cianóticas;
- Pessoas com cardiopatias congênitas acianóticas, não corrigidas cirurgicamente ou por intervenção percutânea;
- Pessoas com miocardiopatias (dilatada, hipertrófica ou restritiva);
- Pessoas com pericardiopatias.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Arruda tomará oito medicamentos contra problemas cardíacos, diabetes e depressão

Preso na Polícia Federal, o governador cassado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), receberá oito medicamentos para combater os problemas cardíacos, a diabetes e a depressão. Os remédios foram indicados ontem pelo médico particular de Arruda, Brasil Caiado.
Por recomendação médica, o ex-democrata também deve passar por uma dieta pobre em gordura e realizar exercícios físicos. Atualmente, Arruda tem direito a 15 minutos de caminhada dentro do Complexo da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde está preso desde o dia 11 de fevereiro.
Os exames confirmaram que Arruda está com metade de uma das artérias do coração obstruída.
Segundo Caiado, na noite de ontem, quando Arruda ficou em observação no Instituto de Cardiologia, ele reclamou de enjoos e não dormiu direito.
Ontem, o ministro do STJ (Supremo Tribunal de Justiça) Fernando Gonçalves negou o pedido da defesa de Arruda para que o ex-democrata permanecesse no hospital até que se recuperasse dos problemas cardíacos. O ministro ainda não analisou o pedido de prisão domiciliar, nem o de revisão da prisão.
Para o ministro, os documentos médicos apresentados pela defesa não justificavam a necessidade de permanência em ambiente hospitalar. Os exames realizados ontem confirmaram a suspeita de obstrução de 50% de uma artéria coronariana que será tratada com medicamentos.
O médico particular de Arruda, no entanto, afirmou que o estado de saúde do governador cassado pode ser agravado na Polícia Federal.
"A gente sabe que o estresse participa e ajuda no desenvolvimento da doença coronária. A gente sabe também que o ambiente que ele está submetido é de estresse e ajudaria no desenvolvimento da doença coronária. Ele tem muito menos estresse em casa do que na Polícia Federal. Em casa, o estresse é menor mesmo como todas essas questões [dos processos]", disse.
A pedido do médico particular, Arruda passou por um cateterismo que identificou uma lesão de grau discreto em uma das artérias coronárias e depois por um ecocardiograma que descartou no momento a necessidade de uma angioplastia coronária.
A angioplastia é um procedimento invasivo que consiste na dilatação da artéria para fazer uma desobstrução.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Cientistas matam células do câncer por meio de envelhecimento

Em vez de matar células cancerígenas com drogas tóxicas, os cientistas descobriram um caminho molecular que as força a envelhecer e morrer, informaram na quarta-feira (17).
As células cancerígenas se espalham e crescem porque podem dividir-se indefinidamente.Mas um estudo em ratos mostrou que o bloqueio de um gene causador do câncer chamado Skp2 forçou células cancerígenas a passar por um processo de envelhecimento conhecido como senescência --o mesmo processo envolvido na ação de livrar o corpo de células danificadas pela luz solar.
Se você bloqueia o Skp2 em células cancerígenas, este processo é desencadeado, relatou Pier Paolo Pandolfi da Harvard Medical School, em Boston, e colegas na revista "Nature".
E a droga experimental contra o câncer MLN4924, da Takeda Pharmaceutical Co's --já na primeira fase de experimento clínico em humanos-- parece ter o poder de fazer exatamente isso, disse Pandolfi em uma entrevista por telefone.
A descoberta pode significar uma nova estratégia para o combate ao câncer.
"O que descobrimos é que se você danifica células, as células têm um mecanismo de adensamento para se colocar fora de ação", disse Pandolfi. "Elas são impedidas irreversivelmente de crescer."
A equipe usou para o estudo ratos geneticamente modificados que desenvolveram uma forma de câncer de próstata.
Em alguns deles, os cientistas tornaram inativo o gene Skp2. Quando o rato atingiu seis meses de vida, eles descobriram que os portadores de um gene Skp2 inativo não desenvolveram tumores, ao contrário dos outros ratos da pesquisa.
Quando eles analisaram os tecidos de nódulos linfáticos e da próstata, descobriram que muitas células tinham começado a envelhecer, e também encontraram uma lentidão na divisão de células.
Este não era o caso em ratos com a função normal do Skp2.
Eles obtiveram efeito semelhante quando usaram a droga MLN4924 no bloqueio do Skp2 em culturas de laboratório de células de câncer da próstata.

Estado é obrigado a custear remédios caros, diz STF

Em decisão unânime, o STF reconheceu o direito dos brasileiros de recorrer ao Judiciário para obter remédios e tratamentos sonegados pelo SUS.

Mais: deliberou-se que é obrigação do Estado custear remédios e tratamentos de alto custo a portadores de doenças graves.

O tribunal manteve de pé nove liminares concedidas a pacientes. A União e os Estados afetados pediam que fossem revogadas.

O relator do processo foi Gilmar Mendes. O voto dele foi acompanhado por todos os demais ministros.

Ficou assentado que, excetuando-se os tratamentos experimentais, cuja eficácia ainda não tenha sido atestada, o Estado é obrigado a atender às demandas da clientela.

Eis o que anotou Gilmar Mendes“O direito à saúde representa um pressuposto de quase todos os demais direitos...”

“...É essencial que se preserve esse estado de bem-estar físico e psíquico em favor da população, que é titular desse direito público subjetivo de estatura constitucional”.

Um dos casos analisados envolve uma paciente de 21 anos. Mora em Fortaleza (CE). É portadora de patologia rara: Niemann-Pick Tipo C.

Os médicos receitaram uma droga chamada Zavesca. O SUS negou-se a fornecer. E a família da moça pediu socorro ao Judiciário.

Alegou que não tinha condições de bancar o tratamento, estimado em R$ 52 mil por mês. Obrigado a fornecer o remédio, o governo recorreu.

Argumentou que a eficácia do Zavesca era coisa ainda pendente de aferição científica. De resto, a droga não dispunha de registro na Anvisa.

Gilmar Mendes disse que, de fato, na época em que a ação começara a tramitar, o Zavesca não possuía registro. O ministro fez, porém, uma visita ao sítio da Anvisa na Web.

Constatou que, hoje, o medicamento já consta da lista de drogas registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Porém, embora comercializado legalmente no Brasil, o Zavesca não foi incluído nos protocolos e diretrizes terapêuticas do SUS.

O ministro anotou: “Há necessidade de revisão periódica dos protocolos existentes e de elaboração de novos protocolos...”

“...Não se pode afirmar que os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas dos SUS são inquestionáveis, o que permite sua contestação judicial”.

Afora as informações disponíveis no processo, Gilmar serviu-se de dados recolhidos em audiência pública promovida pelo STF em abril do ano passado.

Fora a debate a crescente “judicialização” da saúde no Brasil. Um fenômeno que, segundo o governo, afeta o equilíbrio do orçamento do SUS.

Levada aos tribunais, a encrenca costuma desaguar no STF. Gilmar informou que há na presidência do Supremo “diversos pedidos” de suspensão de condenações.

Envolvem “o fornecimento de remédios, suplementos alimentares, órteses e próteses...”

Tratam da “...criação de vagas de UTIs e de leitos hospitalares, realização de cirurgias e exames, custeio de tratamento fora do domicílio e inclusive no exterior”.

Ao indeferir os nove recursos ajuizados pelo Estado, o STF sinalizou: desatendida nos guichês do SUS, a platéia deve, sim, recorrer ao Judiciário.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Meac interna jovem com sinais da gripe suína

O perigo ronda os corredores da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), da Universidade Federal do Ceará (UFC). Sem opção, a instituição atende grávidas com sintomas da influenza A e o mais perigoso: as doentes ficam internadas em enfermaria isolada. Apenas os casos mais graves são encaminhadas ao Hospital São José.Nos últimos dias, pelo menos quatro gestantes apresentaram quadro viral, como febre, tosse e dores musculares, com suspeita da doença. Foram medicadas com o Tamiflu e aguardam resultado de exames do Laboratório Evandro Chagas, em Belém do Pará. A informação é confirmada pela diretora geral da maternidade, Zenilda Vieira Bruno.O caso mais recente é a de uma jovem de 21 anos de idade, que teve um menino há pelo menos cinco dias. Segundo conta Zenilda, a paciente já chegou em trabalho de parto e com sintomas da doença. "A decisão foi atendê-la, até porque não poderia ser diferente".Como a Meac não conta com Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com isolamento, a jovem mãe é mantida sozinha em enfermaria e somente médicos e profissionais autorizados podem ter contato com ela. A criança não tem problemas. Seguindo recomendações do Ministério da Saúde, o bebê está no berçário e só aguarda a melhora da mãe para poder começar a mamar. A mulher passa bem e deve receber alta na sexta-feira.As outras mulheres suspeitas de estarem com a gripe suína já receberam alta. Apenas uma delas, informa Zenilda, teve que ser encaminhada ao Hospital São José. "Seu quadro evoluiu, com problemas para respirar e, nesse caso, telefonei para o diretor do hospital, Anastácio Queiroz, conversei com ele e a encaminhamos para a UTI de lá sem mais problemas".A decisão da Meac em atender e manter gestantes suspeitas da doença preocupa os servidores da instituição. O jornalrecebeu informações de uma funcionária, que pediu para não ter seu nome divulgado com medo de represálias. "Tememos que, por um descuido qualquer, muita gente pegue a doença aqui no hospital", diz.Apesar do receio, o epidemiologista Ivo Castelo Branco explica que o perigo de transmissibilidade da gripe suína diminui bastante com o uso do Tamiflu. "A medicação dever ser iniciada nas primeiras 48 horas dos sintomas. Não sei responder se a Meac está certa ou errada em manter as pacientes. Só sei da competência da equipe médica e da seriedade da Comissão Hospitalar de lá", afirma o médico.O infectologista Jorge Luís Nobre concorda com o colega. "O vírus H1N1 é transmitido pelo espirro ou tosse", aponta. A indicação, diz ele, é manter o paciente isolado, mesmo em enfermaria, como no caso da Meac. "A porta deve ficar a pelo menos dois metros da cama do doente e quem entrar tem que usar máscara, luvas e avental".O diretor da Hospital São José, Anastácio Queiroz, reconhece que as gestantes são um dos grupos da população com maior risco e, manter pacientes suspeitas da doença, mesmo que em locais isolados, não é o ideal. "Até porque elas estão sujeitas a mais complicações, como a deficiência respiratória por ter a imunidade mais baixa".No caso da Meac, a maternidade realiza, em média, 400 partos por mês, além de atender bebês com riscos em UTIs. "Com as mães apresentando sintomas da influenza A, é preciso ficar atento e, por isso, a amamentação é suspensa ou nem é iniciada", salienta.ExemploA diretora da Maternidade Escola garante que não existe risco para as outras gestantes, bebês ou funcionários. No entanto, ela diz não saber de caso parecido ocorrido em Maceió, quando a Maternidade Santa Mônica fechou as portas depois que constatou que duas gestantes apresentaram sintomas da gripe A. As outras grávidas que procuram a unidade foram encaminhadas para outros hospitais, da Capital alagoana a fim de evitar contaminação em massa. A Secretaria de Saúde de Alagoas confirmou a morte de um jovem vítima da doença. Ele é o primeiro óbito daquele Estado.A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), por meio de sua assessoria de Imprensa, indicou o médico Anastácio Queiroz para se pronunciar em nome da Pasta. Segundo o infectologista, não existe indicação diferente para outras maternidades.De acordo com a última nota técnica, divulgada pela Sesa, no dia 12 passado, o Ceará contabiliza quatro óbitos, em 2010, devido à doença. Dentre os 20 casos confirmados, 17 ou 85%, residem em Fortaleza. Quatro pacientes, três residentes na Capital e um em Cascavel evoluíram para óbito. Outros dois óbitos suspeitos de Influenza A (H1N1) estão sendo investigados pelo Laboratório Evandro Chagas, em Belém do Pará.

terça-feira, 16 de março de 2010

Estudo com 30 mil pessoas comprova novos efeitos da vitamina D

Estudo divulgado nesta segunda-feira (15) descobriu novos efeitos da vitamina D. Cientistas americanos acompanharam mais de 30 mil pessoas durante um ano. Aqueles que aumentaram o nível de vitamina D no organismo passaram a ter menos hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e infartos. Pesquisas anteriores mostraram que a falta da supervitamina pode elevar o risco de câncer, diabetes, tuberculose e esclerose múltipla.
A vitamina D é encontrada em ovos, cereais, leite, peixes. Também é produzida pelo próprio organismo humano quando entra em contato com o sol. Mas ficar exposto aos raios solares para buscar a vitamina D é arriscado. Sem proteção adequada, podem surgir outros problemas, como câncer de pele.
Nieca Goldberg, da Universidade de Nova York, recomenda aos pacientes com deficiência da vitamina o consumo de suplementos – encontrados nas farmácias ou nos alimentos, mas sempre com orientação médica. Vitamina D demais provoca náusea, vômito e confusão mental, por exemplo. O melhor é, de vez em quando, fazer exames para verificar o nível da vitamina D no sangue. Até porque a medicina ainda não tem certeza de todos os beneficios da vitamina D.

"São estudos recentes, com resultados promissores, mas mas nós ainda não podemos dizer com certeza que é uma pílula mágica”, diz Goldberg.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Falta de padronização das sinalizações prejudica daltônicos no trânsito

O dia a dia de um daltônico no trânsito está longe de ser um caos cheio de obstáculos em preto e branco. O que poucos sabem é que quem sofre dessa disfunção — que provoca dificuldade na diferenciação de cores — pode enxergar obstáculos melhor do que uma pessoa sem problemas de visão. Isso porque os daltônicos aprendem a codificar as cores por meio de associações, já que nasceram assim. Por isso, o que realmente prejudica essas pessoas é a falta de padronização de semáforos, placas e do exame para tirar ou renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Eles também podem diferenciar cores que parecem iguais para o olho normal. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do tráfego e membro da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), tal característica garante maior reflexo para desviar de obstáculos com antecipação, o que evita acidente. “A primeira coisa é acabar com o conceito de que daltônico enxerga em preto e branco”, observa o especialista.

De acordo com o oftalmologista, hoje 15 milhões de brasileiros, na proporção de 20 homens para cada mulher, têm alteração congênita nos cones, as células da retina que permitem distinguir as cores. Segundo ele, estudos mostram que 75% dos daltônicos têm dificuldade para enxergar a cor verde (deuteranopia), 24% a cor vermelha (protanopia) e 1% a cor azul (tritanopia). O daltonismo também é chamado de discromatopsia ou discromopsia.Como o daltônico trabalha com associação do nome da cor à tonalidade e contraste que vê, ele está apto a dirigir. “Pela resolução 80/98 do Código de Transito Brasileiro, ele precisa apenas saber reconhecer as cores vermelha, amarela e verde. E isso ele vai saber fazer, porque aprendeu a relacionar o nome com o tom que enxerga”, argumenta Queiroz Neto. “A única dificuldade que ele realmente têm é na hora de combinar as cores das peças de roupa na hora de se vestir”, diz.

No entanto, o médico explica que em muitos testes para tirar ou renovar a CNH as pessoas com a disfunção são reprovadas devido à metodologia utilizada. “O problema é que muitos candidatos à habilitação são submetidos ao teste de Ishihara, que serve para distinguir se a pessoa é ou não daltônica, e que tipo de daltonismo tem”, explica o especialista. O teste de Ishihara é formado por círculos coloridos com pontos em verde e laranja que formam números, letras ou desenhos. Os daltônicos não conseguem enxergar essas imagens. “O teste de visão de cores com luzes ou cartões coloridos já é suficiente para tirar a habilitação”, afirma.

Outro problema que os daltônicos enfrentam é a falta de padrão de semáforos e placas de uma cidade para outra. Para os daltônicos, o contraste é essencial para melhorar a visibilidade no trânsito. Placas com letras amarelas sobre verde e azul, comuns em pequenas cidades, se tornam invisíveis para daltônicos. As placas de obras, com fundo laranja e letras em preto também dificultam a identificação. “Para ajudar, a sinalização viária deveria ser feita com materiais reflexivos, que melhoram a visão noturna, e nas cores estabelecidas pela lei”, destaca o médico.Semáforos em LED também atrapalham por emitir excesso de luminosidade. “Se cada cor do semáforo recebesse apenas o contorno em LED, aí sim ajudaria, porque forma contraste”, ressalta o oftalmologista. Sinais na horizontal também atrapalham. “Como eles observam a posição da luz nos semáforos, nas cidades em que eles ficam na horizontal não há como fazer a associação”, exemplifica.

Projeto de lei
Para ajudar essa parcela da população, o projeto de Lei 4937/09, que tramita na Câmara, propõe alterar os formatos das lentes de semáforos. O autor é o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), que foi procurado por daltônicos. O projeto de lei tem apoio de um grupo que desenvolveu o site Daltônicos no Trânsito.

Gabeira explica que o projeto é específico para semáforos e determina a colocação de figuras geométricas brancas em cada cor. “O projeto gerou certa discussão porque acharam que se gastaria muito dinheiro trocar os semáforos. Mas a ideia não é trocar, é fazer um plástico para colocar no semáforo”, explica o deputado federal.

De acordo com Gabeira, já existe sinalizações nesse sentido em Portugal. Na cidade de Campinas, no interior de São Paulo, por exemplo, as lentes amarelas ganharam uma tarja branca, para facilitar a visualização pelos portadores de daltonismo.

Míopes também são beneficiados No trânsito, quem sofre de miopia enfrenta mais dificuldade do que os daltônicos. O médico Leôncio Queiroz Neto explica que essas pessoas, que possuem dificuldade para enxergar objetos de longe, possuem muita dificuldade em identificar obstáculos entre 17h e 20h, período popularmente chamado de lusco-fusco. “Neste período, o contraste é menor e as pessoas perdem a noção de profundidade”, explica o oftalmologista.

Segundo ele, se o contraste das sinalizações for intensificado, os míopes também serão beneficiados. “O contraste é mais importante do que a identificação da cor, por causa da noção de profundidade”, destaca Queiroz Neto.

domingo, 14 de março de 2010

O cérebro calibrado

O uso de ondas elétricas ou mag­­néticas para regularizar o fun­cionamento cerebral é um recurso que está ganhando força na medicina mundial. O procedimento pode ser feito de várias formas, mas as duas principais são a implantação cirúrgica de um eletrodo em uma área predeterminada do cérebro, de acordo com a necessidade, ou a estimulação com ondas magnéticas emitidas por um aparelho. O primeiro método chama-se estimulação cerebral profunda, ou DBS, sigla de Deep Brain Stimulation, seu nome em inglês. A outra técnica, a que não requer cirurgia, é a estimulação magnética transcraniana (EMT). Nos dois casos, des­car­gas de energia modificam o padrão de trabalho de áreas do cérebro. “São métodos promissores para o tratamento de problemas neurológicos e psiquiátricos”, disse à ISTOÉ Julian Bai­les, diretor do Centro de Cirurgia Neurológica da Faculdade de Medicina da Universidade de West Virginia, nos Estados Unidos.
Na instituição está em andamento um dos experimentos mais avançados nesse campo. Lá, três pacientes foram submetidos à implantação de eletrodos no cérebro para tratar a obesidade. É o único centro americano que está fazendo esse tipo de estudo. Por determinação do Food and Drug Administration (FDA), a agência americana que regula procedimentos e remédios, essas três pessoas terão de ser observadas durante todo o ano antes que o experimento seja ampliado. Como existem mais de 60 mil possibilidades de ajuste para os pulsos elétricos, os pesquisadores avaliam as reações dos pacientes para determinar a regulagem certa. “Neste momento, os três estão em processo de perda de peso e com saúde boa”, disse à ISTOÉ o neurocirurgião Donald Whiting, um dos coordenadores do estudo.Uma das pessoas operadas por ele foi a americana Carol Poe, 60 anos. Ela já tinha tentado de tudo para emagrecer, dos remédios à cirurgia bariátrica (a redução do estômago). Desta vez, porém, três dias após a intervenção, havia começado a emagrecer. “Mas nosso objetivo agora nem é propriamente a perda de peso, e sim saber como os indivíduos toleram essa excitação cerebral, que nunca foi feita antes, e conhecer seus efeitos colaterais”, explica Bailes.
Nesse caso, a neuroestimulação é feita com o objetivo de equilibrar o funcionamento da região cerebral responsável pela sensação de saciedade. Por isso, os eletrodos foram implantados perto do hipotálamo, estrutura envolvida nesse processo. A meta da intervenção é modular a liberação de substâncias que fazem a comunicação entre neurônios, entre elas a dopamina. Taxas adequadas do composto são importantes para regularizar os mecanismos que levam as pessoas a se sentir satisfeitas e parar de comer. No Brasil, o neurocirurgião carioca Paulo Niemeyer anunciou que poderão ser feitos testes com o método, mas não quis dar detalhes.
MENTE O método já é usado na França, Alemanha e Dinamarca para tratar casos de enxaqueca
Em estudo há duas décadas, uma das primeiras aplicações da estimulação profunda cerebral foi para tratar a epilepsia. A inserção de um eletrodo no lobo temporal (asssociado à atenção e memória) tem se mostrado eficiente para controlar as crises da doença. A terapêutica também é bastante usada no controle de dores crônicas e para amenizar os movimentos involuntários do mal de Parkinson, relacionados com alterações na dopamina. Neste caso, os pulsos emitidos pelos eletrodos ajudam a regular o sistema motor. Mas, como no caso da obesidade, ainda há muito a ser entendido. “Em cerca de 40% dos casos, a implantação do eletrodo não melhora a situação dos pacientes de Parkinson”, diz o neurocientista Erik Fonoff, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. Por isso, junto com a colega Camila Dale, ele faz uma pesquisa de ponta para decifrar, em animais, os circuitos percorridos por esses impulsos elétricos e as modificações bioquímicas que promovem. “Nossa investigação pode indicar novas opções de tratamento ou revelar motivos pelos quais esse tipo de tratamento não dá resultado em alguns casos”, diz Fonoff.
Sem necessidade de cirurgia, a estimulação cerebral com ondas eletromagnéticas é feita com bobinas colocadas sobre a cabeça. Elas liberam ondas que atravessam o crânio e penetram no cérebro, gerando um estímulo dez mil vezes mais potente do que o campo magnético da Terra. No Brasil, o Grupo de Estimulação Magnética Transcraniana do Hospital das Clínicas de São Paulo, coordenado pelo psiquiatra Marco Antônio Marcolin começou uma pesquisa inédita. Em parceria com a Universidade Estadual de Campinas, o especialista testa os efeitos das ondas magnéticas em crianças com dislexia, um problema caracterizado por distúrbios de aprendizado, linguagem e leitura. Até o momento, não há intervenção ou cura para esse distúrbio. O que se pode fazer é treinar a criança com a ajuda de fonoaudiólogos e psicopedagogos para melhorar sua performance.
POTÊNCIA O estímulo gerado pelas ondas que atravessam o crânio é dez mil vezes mais forte do que o campo magnético da Terra
O novo estudo, com 40 crianças e jovens com idades entre 7 e 15 anos, é continuação de uma pesquisa com quatro crianças cujos resultados serão publicados em breve na revista “Child Neuropsichology”. “Duas delas apresentaram uma melhora importante na atenção logo após a aplicação da EMT”, diz o especialista. Em outro braço de pesquisa, Marcolin experimentará as ondas magnéticas em jovens com autismo e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Para ajudar no ajuste dos aparelhos a cada paciente, está sendo criado um banco de dados sobre a reação de cada tecido do cérebro aos pulsos magnéticos. “Será pos­sível fazer simulações virtuais para individualizar o tratamento”, diz o engenheiro e psiquiatra Fábio Daro, do Instituto de Psiquiatria da USP.
Mais uma aplicação inovadora des­sa tecnologia é o combate à depressão pós-parto, estudo para o qual o Instituto de Psiquiatria está recrutando voluntárias. Uma pesquisa anterior, coordenada por Marcolin e pioneira no mundo, revelou o potencial do tratamento em dez mães com depressão moderada ou severa. “Houve melhora especialmente em funções como a organização mental e no desempenho das atividades diárias”, diz. Neste caso, os estímulos são dados no córtex dorso lateral pré-frontal esquerdo, uma área que trabalha menos do que deveria nas depressões e entra no ritmo adequado sob os pulsos magnéticos. É um estudo crucial para o desenvolvimento de novos tratamentos. Como está comprovada a presença de resíduos de antidepressivos no leite materno, é importante buscar opções não medicamentosas para oferecer às pacientes.
Atualmente, a EMT é aprovada em países como Alemanha, França e Dinamarca, entre tantos, para o tratamento da depressão. Além disso, é usada em caráter experimental na fase eufórica dos transtornos bipolares (a outra faceta é a depressão), enxaquecas, dores da fibromialgia, zumbido no ouvido e alucinações auditivas de pessoas com esquizofrenia. No Brasil, entretanto, o método está disponível apenas em clínicas particulares e em caráter de pesquisa na rede pública. “Vamos pedir uma revisão ao Conselho Federal de Medicina para que esses tratamentos possam ser oferecidos mais amplamente”, diz o psiquiatra Marcolin.

sábado, 13 de março de 2010

Remédio contra osteoporose pode causar fratura no fêmur

Durante a reunião da Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos, em New Orleans, a apresentação de uma pesquisa da Columbia University chamou a atenção dos médicos e do público.

Segundo os pesquisadores, após cerca de 4 anos de uso, um tipo de medicação para osteoporose poderia estar associada a um tipo especifico de fratura do fêmur – apesar de aumentar a densidade dos ossos em um primeiro momento.

Os bifosfonatos são remédios utilizados em larga escala no mundo todo e com sucesso na reversão e no controle da osteoporose.

O que a pesquisa demonstra é que após alguns anos, eles realmente melhoram os parâmetros analisados de densidade e quantidade do cálcio depositada nos ossos. Mas o fêmur, o osso longo da perna, estaria mais exposto a um tipo específico e mais raro de fratura.

As fraturas do fêmur mais comuns ocorrem por conta de quedas e traumatismos na região do quadril. As fraturas geralmente acontecem na região mais superior do fêmur, próximas à articulação do quadril. O tratamento, na grande maioria dos casos, é cirúrgico.As fraturas associadas ao uso dos bifosfonatos aconteceriam relacionadas a eventos de pouca força ou até mesmo sem queda, somente por fragilizacão da camada mais externa do osso.

A teoria apresentada é apoiada pela análise do volume total de cálcio depositado no osso. O que – apesar de não afetar a resistência vertical dos ossos – poderia facilitar o colapso da camada mais externa do fêmur, a chamada córtex do osso.

A agência federal de medicamentos norte-americana, o FDA, está acompanhando a pesquisa e emitiu um comunicado reforçando que até o momento não existem evidências de risco de fratura ligado ao uso dos bifosfonatos, que continuam sendo medicamentos indicados no tratamento da osteoporose.

Um grupo de especialistas foi convocado pelo FDA para avaliar os dados do estudo apresentado e deverá se pronunciar novamente sobre o tema.

Para os pacientes que usam esses remédios, a indicação é de que continuem seu tratamento. Se não adequadamente tratada, a osteoporose é fator de risco para fraturas graves dos ossos.

Essas fraturas podem levar à necessidade de cirurgias e períodos de diminuição de mobilidade, aumentando a mortalidade precoce.

O futuro incerto

A morte é a única certeza da qual não podemos fugir. Mas, antes de ela chegar, é preciso considerar a possibilidade de viver uma velhice prolongada, muitas vezes dependente dos outros, e se preparar para os desafios dessa nova etapa da vida.Mariana Sanchez.“Quando eu não puder pisar mais na avenida. Quando as minhas pernas não puderem aguentar.” Os versos entoados no samba da cantora Alcione antecipam a eterna preocupação do ser humano: como será o dia de amanhã? O que mu­­­­dará na rotina com a chegada da velhice, quando “as pernas não puderem aguentar?” A questão é pertinente, diante do crescimento a passos ágeis da população idosa no Brasil. Segundo da­­­­dos do Instituto Brasileiro de Geo­­­­grafia e Estatística (IBGE), entre 1980 e 2000 o aumento foi de 101,2%, enquanto a população total cresceu apenas 42,7%. Em Curitiba, os senhores de cabelos de algodão representavam 5,5% da sociedade nos anos 1980, e em 2000 já eram 8,4% dos curitibanos. Por outro lado, a quantidade de filhos por mulher caiu vertiginosamente nos últimos 50 anos. Na década de 1960 a média era de seis bebês, e hoje está em torno de dois para cada mulher. Na prática, os números mostram que há mais velhinhos longevos – a expectativa de vida já está em 72 anos – e menos filhos para ampará-los, caso venham a se tornar dependentes.
Foi o que aconteceu com seu Leopoldo Patczyk, 84 anos, hóspede desde setembro de 2009 da casa de repouso e recuperação Agé, em Curitiba. Separado da esposa e longe da filha, Leopoldo vivia sozinho, não saía da cama e mal se alimentava. Diag­­­nos­­­ticado com problemas cardíacos e doença pulmonar obstrutiva crônica – comum na terceira idade, mas agravada pelas seis décadas de tabagismo –, foi hospitalizado e depois instalado na clínica, onde recebe assistência médica, alimentar e faz sessões diá­­­­rias de fisioterapia. “Quando ele chegou, pesava 51 kg, estava muito doente, não andava nem se alimentava sozinho. Durante os dois primeiros meses era totalmente dependente da nossa equipe de enfermeiros”, conta Maria Elizabeth Grahl, proprietária da instituição. Hoje, além de adquirir dois quilos, Leopoldo já consegue comer sem ajuda e caminhar apenas com o apoio de uma pessoa. Lúcido e conversador, ele admite que sente saudades de pescar e da vida na chácara, mas não tem do que reclamar: “Aqui tenho tudo o que preciso, me dou bem com as pessoas e recebo visitas da família quase todos os dias”, frisa Leopoldo.
Elizabeth afirma que os idosos costumam chegar debilitados à casa de recuperação porque não recebem os cuidados adequados na própria residência. “As famílias desconhecem as necessidades dos idosos, mas preferem cuidar deles em casa porque ainda existe um grande preconceito em relação às instituições de repouso”, lamenta.
Casa ou clínica?
Segundo Márcio Borges, geriatra e editor do site Cuidar de Idosos (www.cuidardeidosos.com.br), a grande maioria dos brasileiros com graus variados de dependência vive em sua casa sob os cuidados de familiares, mas diante do ce­­­­­­nário exposto acima, quanto à diminuição do número de filhos, este comportamento se tornará me­­­nos frequente. “Cada vez mais haverá opção para soluções extra-domiciliares, como as Instituições de Longa Permanência para Ido­­sos (ILPIs). O cuidado em casa continua sendo a melhor opção, desde que ela não esteja contribuindo para a piora da qualidade de vida deste idoso”, opina.
Já a psicóloga e mestre em Fi­­­­losofia, Sandra Moreira Oliveira, defende que filhos ou parentes próximos não deveriam se encarregar dessa tarefa, deixando-a a cargo de cuidadores profissionais. “Além do desgaste físico, ver um ente querido sofrendo gera um estresse emocional e uma angustia tão grande que acaba sendo transmitida para quem está sendo cuidado.” Para ela, dois perfis são muito comuns entre as famílias que enfrentam a doença de um parente de idade avançada: a negação do problema ou a superproteção. “O primeiro acontece por medo ou inexperiência, e pode colocar em risco a própria saúde do idoso; o se­­­­­gundo tende a sufocar a pessoa doente e comprometer a sua individualidade”, alerta. Sandra também diferencia o comportamento entre idosos do sexo masculino e feminino. “O homem lida pior com a perda de potência típica do envelhecimento do que a mu­­lher. Ele prefere morrer a ser um fardo, já ela aceita melhor os cuidados dos outros. Quando a mulher diz que não quer incomodar ninguém ela pode, na verdade, estar pedindo carinho e atenção”, analisa.
Sinais do declínio
Velhice não é sinônimo de doença. De acordo com o geriatra do Hos­­­­­­­pital de Clínicas da UFPR, Pau­­­lo Luiz Honaiser, se a pessoa tiver boa genética, hábitos saudáveis e a “cabeça em ordem”, ela certamente terá um envelhecimento sadio e tranquilo. “Metade dos ido­­­­­­­sos se tornam enfermos porque não se cuidaram ao longo da vida, e eu costumo dizer que é preciso investir na saúde para não ter que investir depois na doença, com enfermeiros e remédios”, avalia. O geriatra recomenda àque­­­­­les que já entraram na terceira idade estarem atentos às manifestações do declínio funcional, como dificuldades para se locomover, alimentar, vestir e tomar banho.
Sandra Oliveira lembra que, quando surgirem estas limitações, a pessoa deve providenciar pequenas mudanças, desde contratar um motorista a fazer reformas em casa – instalação de pisos antiderrapantes, apoios no chuveiro etc. Aos que pretendem viver com saúde e disposição mesmo depois dos 70, a psicóloga sugere fazer exames médicos pelo menos uma vez ao ano, ter uma alimentação nutritiva e praticar exercícios físicos. “Antes era comum recomendar aos idosos atividades como a caminhada, mas hoje sabemos que a musculação pode ser excelente para combater a osteoporose”, afirma Sandra, admirada com o fato de ter uma senhora de 90 anos “malhando” na academia que frequenta.
Risco-benefício
O geriatra Paulo Honaiser explica que enfartes, derrames e ou­­tras doenças que antes matavam subitamente hoje podem ser tratadas como crônicas, prolongando os anos de vida do paciente. Mas é preciso avaliar se longevidade de fato significará qualidade de vida, questionando, por exemplo, se um idoso deve ou não se submeter a uma cirurgia. “Desde que o paciente esteja em boas condições gerais de saúde, não há limites na medicina para a intervenção cirúrgica na terceira idade”, garante o médico. Segundo ele, a cirurgia é indicada em casos de doenças que estejam causando dor e não possam ser tratadas apenas com medicamentos – como as osteoarticulares ou problemas de coluna –, além de aneurisma, doenças da próstata e angina. Mas, antes de o paciente se submeter a ela, o hospital tem a obrigação de informar todos os riscos decorrentes do procedimento, informações que auxiliarão o idoso e seus familiares a ponderarem o risco-benefício da cirurgia. “Tudo depende da idade, do estado de saúde e se a família dará o suporte necessário para o idoso após a cirurgia.”

Pressão arterial variável pode causar derrame

Diferentes estudos publicados na última sexta-feira, dia 12, no periódico médico Lancet and Lancet Neurology, indicam que os atuais tratamentos conferidos a pacientes com pressão alta precisam ser revistos.
Pesquisadores europeus chegaram à conclusão que pessoas com variações ocasionais de pressão podem estar expostos a um risco maior de sofrer um derrame do que aqueles com pressão alta, porém estável.
Um dos estudos, realizado na Unidade de Pesquisa de Prevenção de Derrames no Hospital John Radcliffe, em Oxford, na Grã-Bretanha, acompanhou cerca de 8.000 pacientes que haviam sofrido um enfarte. Foi descoberto que aqueles que sofriam com variabilidade da pressão arterial estavam seis vezes mais sujeitos a ter um derrame do que aqueles com constante pressão alta.
"Há a tendência a ignorar essas variações quando, na verdade, elas nos informam sobre um risco real de derrame", diz Peter Rothwell, que participou do estudo conduzido em Oxford. Ele e seus colegas examinaram em outro estudo o efeito de diferentes medicamentos na pressão arterial: descobriram que aqueles capazes de estabilizá-la eram mais eficazes na prevenção de derrames.
Contudo, alguns médicos afirmam que apesar de interessantes, os resultados da pesquisa de Rothwell e seus colegas ainda não são suficientes para que haja mudança nos tratamentos e recomendações médicas. "Não podemos mudar nossas orientações toda vez que uma pesquisa nova aparece", ponderou Lars Hjalmar Lindholm do Hospital da Universidade Umea na Suécia. "Não queremos que os pacientes pensem que a pressão alta, mesmo sendo estável, não é algo negativo. O que muda agora é que os pacientes que vínhamos negligenciando por não terem pressão alta também deverão ser tratados."