quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Com 1,4 milhão de casos no Brasil, dengue bate recorde

O número, de acordo com o ministério, é quase o triplo do registrado no mesmo período do ano passado, quando 524 441 pessoas ficaram doentes

Imagem do mosquito Aedes aegypti, mais conhecido como mosquito da dengue
Imagem do mosquito Aedes aegypti, mais conhecido como mosquito da dengue(Ana Macedo/Futura Press/VEJA)
Depois de registrar recorde de mortes por dengue no ano, o país acaba de alcançar em 2015 também o maior número de casos notificados da doença desde 1990, quando as estatísticas começaram a ser monitoradas. Segundo o mais recente boletim epidemiológico de dengue do Ministério da Saúde, foram 1.463.776 casos prováveis da doença registrados de 4 de janeiro até 26 de setembro no Brasil. O recorde anterior, de 2013, era de 1.452.489 pessoas infectadas.
O número, de acordo com o ministério, é quase o triplo do registrado no mesmo período do ano passado, quando 524 441 pessoas ficaram doentes. De acordo com o boletim, a alta de registros foi puxada pelo Sudeste, que concentra 64% dos casos. Os quatro estados da região somaram 937 599 pessoas infectadas.
Em todo o Brasil, 18 estados registram nível epidêmico da doença, ou seja, quando o número de casos por 100 000 habitantes é superior a 300. Só estão fora dessa estatística Piauí, Roraima, Sergipe, Maranhão, Amazonas, Rondônia, Pará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Neste último, o clima frio atrapalha a reprodução do mosquito Aedes aegypti e o índice de incidência da dengue é o menor: 14,5 casos por 100 000 habitantes.
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Na outra ponta do ranking, de estados com as mais altas taxas de incidência da doença, estão Goiás, com 2 120 casos por 100 000 habitantes, e São Paulo, cujo mesmo índice chegou a 1 561. Entre as capitais com as maiores taxas da doença estão Fortaleza, Maceió, Salvador, Rio e Belo Horizonte.
Embora o pico da doença no ano já tenha passado - ele ocorre geralmente entre os meses de abril e maio -, a tendência é que, com a volta das altas temperaturas, o número de casos cresça. Já estão em tendência de alta o Acre, Roraima, Paraná e Santa Catarina.
Casos graves - Os casos graves de dengue e as mortes por complicações da doença também aumentaram em relação ao ano passado. Segundo o boletim, 1 350 pessoas desenvolveram a forma mais severa da dengue até setembro. O número representa quase o dobro do registrado no mesmo período do ano passado: 693 pessoas.
Nos nove primeiros meses do ano, 739 pessoas morreram de dengue no país, número 75% maior do que o notificado no mesmo período de 2014.
O Ministério da Saúde afirma que fez, em dezembro de 2014, repasse adicional de R$ 150 milhões para estados e municípios reforçarem as ações de prevenção. Diz ainda ter feito visitas técnicas nos estados para auxiliar nos planos de contingência contra a doença.
(com Estadão Conteúdo)

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

USP pode sofrer sanção se distribuir pílula contra o câncer

- Atualizado em

A sustância fosfoetanolamina
USP pode sofrer sanção se distribuir pílula contra o câncer(VEJA.com/Reprodução)
A Universidade de São Paulo (USP) pode ser punida caso passe a fabricar as pílulas de fosfoetanolamina sintética para distribuição. O alerta feito por Jarbas Barbosa, diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Segundo ele, a distribuição da substância pode ser considerada ilegal por não ter passado por testes clínicos, não ter aprovação da agência federal e não ser produzida em um laboratório de medicamentos.
Atualmente, a universidade produz as pílulas apenas para os casos de solicitação jurídica. A USP informou que não vai se pronunciar sobre o caso.
A pílula com suposta ação contra o câncer vinha sendo produzida no Instituto de Química da USP de São Carlos, onde foi desenvolvida por um grupo de pesquisadores liderados pelo químico Gilberto Orivaldo Chierice, hoje professor aposentado. Mesmo sem ter passado pelos testes exigidos pela legislação, foi fornecida gratuitamente a interessados até o dia 29 de setembro, quando o Tribunal de Justiça de São Paulo vetou a distribuição.
No início do mês, o Supremo Tribunal Federal decidiu em favor de uma pessoa que solicitou judicialmente o acesso à droga. A decisão provocou inúmeras liminares de instâncias inferiores pela liberação. A universidade recebia, na semana passada, de 40 a 50 pedidos diários com base em liminares.
"Como por enquanto a USP parou a fabricação, tudo fica como está. Mas se a universidade voltar a fabricar a pílula, seguramente pode-se fazer uma inspeção sanitária e fechar o laboratório", disse Barbosa.
O diretor da Anvisa, no entanto, admite que o caso é complicado, já que a própria agência não considera que a substância seja um medicamento, o que pode dificultar as sanções. "Do ponto de vista da legislação brasileira, a pílula não é um medicamento, porque só são consideradas dessa forma substâncias que passaram pelos testes clínicos e foram aprovadas pela Anvisa. E a agência só exerce sua função regulatória quando há testes clínicos, ou seja, quando há ensaios em humanos, o que não foi feito."
Dessa forma, segundo Barbosa, a pílula tem permanecido em uma espécie de zona cinzenta da legislação. "Mas, se for encarada como medicamento, é completamente ilegal: foi produzida em local não autorizado para fabricação de produtos para uso em humanos (em um laboratório de química) e foi distribuída para a população, como se fosse uma espécie de ensaio clínico informal, sem autorização da Anvisa nem das comissões de ética", afirmou. "Um laboratório produtor de medicamentos que vende drogas sem registro sofre sanções gravíssimas, incluindo o fechamento. Mas é verdade que, nesse caso, não se trata de um medicamento nem de um laboratório de medicamentos."
Barbosa afirma que o artigo 273 do Código Penal caracteriza claramente como crime vender, distribuir ou entregar para consumo produto medicinal falsificado ou adulterado sem registro no órgão de vigilância sanitária competente. "A USP deveria interpelar esses pesquisadores e, se os resultados de seus estudos são promissores, ela deve estimular a realização dos testes clínicos."
A decisão do Supremo, no entanto, complicou a situação da universidade, segundo Barbosa. "A USP decidiu acertadamente suspender a produção quando tomou conhecimento do caso. Mas a decisão do STF, sem base na ciência nem nas regras de pesquisa, causou uma confusão. É preciso proibir a distribuição da pílula. A ordem do STF mandando produzir algo fora das regras legais criou uma situação complexa", disse.
Depois de liberar a pílula para um paciente do Rio, obrigando a USP a fornecer a substância, o ministro do STF Luiz Edson Fachin alegou que a decisão foi excepcional, em razão de um "paciente cuja narrativa foi que estava em estado terminal". Para Barbosa, essa explicação pode ter sido fundamentada em um equívoco. "A confusão do STF é que ele considerou a pílula um medicamento em fase experimental, o que não é."
Segundo Barbosa, Fachin pode ter considerado a aplicação da pílula como um caso de "uso compassivo", um princípio que permite liberar um medicamento sem o registro da Anvisa.
"Esse princípio se aplica quando temos um medicamento novo e promissor, já na última fase de testes clínicos, destinado a pacientes com doenças graves que não tenham alternativas de terapia com medicamentos registrados. Mas isso não se aplica à pílula de fosfoetanolamina, que nem mesmo chegou à fase de testes clínicos."
A reitoria da USP não quis comentar o caso e declarou apenas que reitera a nota oficial publicada no dia 14, na qual afirma que "a pílula não é remédio" e que estuda "a possibilidade de denunciar, ao Ministério Público, os profissionais que estão se beneficiando do desespero e da fragilidade das famílias e dos pacientes".
(Com Estadão Conteúdo)

sábado, 24 de outubro de 2015

Em ocorrência rara, nascem trigêmeos idênticos nos EUA

Apenas 10% dos trigêmeos são idênticos, segundo sociedade médica.
Thomas III, Finnegan e Oliver nasceram em 6 de outubro, em Baltimore.

Da Associated Press
  Foto de trigêmeos idênticos foi divulgada pelo Greater Baltimore Medical Center, onde nasceram  (Foto: Cortesia do Greater Baltimore Medical Center via AP) Foto de trigêmeos idênticos foi divulgada pelo Greater Baltimore Medical Center, onde nasceram (Foto: Cortesia do Greater Baltimore Medical Center via AP)
 
Um casal de Baltimore, no estado de Maryland, nos Estados Unidos, deu as boas-vindas a três membros idênticos da família, no que os médicos identificam como uma ocorrência rara. Kristen Hewitt deu à luz trigêmeos idênticos em 6 de outubro no Greater Baltimore Medical Center. O pai é Thomas Hewitt.
O  médico do casal, Victor A Khouzami, disse que nunca tinha testemunhado o nascimento de trigêmeos idênticos em mais de três décadas no hospital.
Thomas III, Finnegan e Oliver nasceram de cesarianaa depois de 33 semanas e meia de gestação. Cada menino pesava de 1,3 a 2,2 kg.
 Thomas Hewitt e sua mulher Kristen seguram seus bebês no colo  Cortesia do  (Foto: Greater Baltimore Medical Center via AP) Thomas Hewitt e sua mulher Kristen seguram seus bebês no colo Cortesia do (Foto: Greater Baltimore Medical Center via AP)
"Ao longo de nosso relacionamento, descobrimos que eu e Tom  trabalhamos melhor sob pressão, então encaramos os trigêmeos não apenas como uma bênção, mas também como um desafio que com certeza estamos aptos a enfrentar", disse Kristen Hewitt.
Trigêmeos já não são tão comuns e apenas 10% deles são idênticos, de acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva.
"Como você vê, ter um paciente com trigêmeos idênticos espontâneos é incrivelmente raro", diz Khouzami.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Esquizofrenia poderá ser tratada com menos remédios

De acordo com novo estudo, aumentar as sessões de terapia, proporcionar apoio familiar e diminuir a dosagem de remédios antipsicóticos pode ser uma conduta eficaz durante os primeiros estágios da doença

Esquizofrenia: rede vai atuar na prevenção
Após dois anos de tratamento, aqueles que receberam a terapia combinado apresentaram maior alívio dos sintomas da doença e estavam funcionando “melhor”, mesmo tomando uma dosagem medicamentosa entre 20% e 50% do que o grupo que recebeu o tratamento padrão(Thinkstock/VEJA)
Um novo estudo, publicado nesta terça-feira, 20, na revista científica American Journal of Psychiatry, revelou um tipo de tratamento para o início da esquizofrenia que se mostrou bastante eficaz. A pesquisa indicou que o aumento de sessões de terapia, em conjunto com o apoio familiar e a redução do uso de medicamentos, pode ser uma fórmula de sucesso.
A pesquisa foi realizada com 404 pacientes após o primeiro episódio de psicose, geralmente diagnosticados no final da adolescência e início da juventude. Metade deles foi submetida à nova combinação de sessões de terapia, suporte da família e uma dosagem de medicamentos cerca de 20% a 50% menor do que a outra metade dos pacientes, que foi tratada apenas com os remédios antipsicóticos -- o procedimento padrão.
Após dois anos de tratamento, aqueles que foram submetidos ao tratamento combinado apresentaram os sintomas da doença de maneira menos intensa, em comparação com o grupo que usou exclusivamente remédios. Os autores do estudo ressaltaram que, quanto mais cedo for iniciada a terapia combinada, melhores serão os resultados.
O principal tratamento para a doença atualmente é a forte dosagem de medicamentos antipsicóticos. Contudo, embora esses medicamentos tenham o poder de bloquear as alucinações e delírios, eles também podem causam efeitos colaterais como ganho de peso, sonolência, tremores e distúrbios emocionais. Alguns estudos mostram que 3/4 dos pacientes interrompem a medicação em um intervalo de um ano e meio.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Ficar sentado por longos períodos não faz tão mal assim

Diferentemente do que mostravam outros estudos até então, nova pesquisa revela que substituir o tempo sentado por ficar em pé não reduz os riscos à saúde associados ao sedentarismo

Homem sedentário assiste televisão sentado
O risco de morte dos pacientes não foi influenciado pelo tempo que passavam sentados, mas qualquer postura fixa, seja sentado ou em pé, onde o gasto de energia é baixo pode ser prejudicial à saúde(Thinkstock/VEJA)
Ficar sentado por longos períodos não aumenta o risco de morte. Na verdade, o hábito de permancer sentado ou em pé tem um impacto muito semelhante na saúde do organismo -- uma posição não traz mais benefícios que a outra. É o que diz uma nova pesquisa científica publicada recentemente no periódico International Journal of Epidemiology. O trabalho contradiz o que os estudos afirmaram até então.
"Qualquer posição fixa que demande um gasto de energia baixo impacta no organismo da mesma forma", afirmou Melvyn Hillsdon, da Universidade de Exeter e principal autor do estudo. Nosso trabalho derruba o pensamento atual sobre os riscos à saúde de ficarmos sentados e indica que o problema está na ausência de movimentos em si.
Os pesquisadores das Universidade de Exeter e College London, ambas na Grã-Bretanha, analisaram dados de saúde de 5.132 pessoas, acompanhadas ao longo de 16 anos. Durante o período, além de informações relacionadas a condições de saúde, os participantes relataram o tempo que passavam sentados em diversas situações: no trabalho, assistindo televisão e durante o lazer. Avaliou-se também o tempo gasto com atividades físicas.
Após considerarem diversos fatores, como idade, gênero, etnia, status socioeconômico, alimentação, tabagismo, consumo de álcool e saúde em geral, os pesquisadores descobriram que o risco de morte dos pacientes não foi influenciado pelo tempo que passavam sentados.
Não basta, portanto, substituir o tempo gasto sentado por simplesmente ficar em pé. Para os pesquisadores, deve-se enfatizar a atividade física. Ou seja, substituir o hábito de permanecer sentado pala prática de exercícios regulares. O excesso de ênfase sobre os riscos de passar muito tempo sentado deveria ser substituído pela valorização da prática de atividade física -- e não ficar simplesmente em pé.
(Da redação)

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Ciência explica por que é difícil tratar anorexia

Estudo da Nature Neuroscience afirma que doença pode ser um hábito enraizado -- o que explicaria o fato de tratamentos, como o uso de antidepressivos e a terapia cognitiva, não funcionarem tão bem

Tratamento: distinção entre "eu" autênico e não-autêntico pode influir no tratamento da anorexia nervosa
Ao tomarem decisões relacionadas à alimentação, pessoas com anorexia têm sua parte cerebral relacionada ao comportamento habitual mais ativada, o que sugere que suas decisões são automáticas, baseadas em hábitos adquiridos(Thinkstock/VEJA)
A anorexia pode ser um hábito bem enraizado, extremamente dificil de ser mudado. A constatação de um estudo publicado recentemente na revista científica Nature Neuroscience sugere que os doentes agem automaticamente -- e não pesando os prós e contras da decisão de não comer.
De acordo com o jornal americano The New York Times, a conclusão pode ajudar a explicar por que este transtorno alimentar, que tem a maior taxa de mortalidade de qualquer doença mental, é tão difícil de tratar. Nem medicamentos psiquiátricos, nem sessões de terapia - medidas bem sucedidas no tratamento de outros distúrbios alimentares - ajudam na maioria dos casos de anorexia.
"O problema das pessoas com anorexia nervosa é que elas não conseguem parar. Elas começam o tratamento dizendo que querem melhorar, mas não conseguem", disse Joanna E. Steinglass, pesquisadora da Universidade Columbia, nos Estados Unidos e coautora do estudo, ao The New York Times.
O estudo teve como base um artigo publicado em 2013 que sugeria que, nas mulheres vulneráveis à anorexia, a perda de peso inicialmente serve como uma recompensa para aliviar a ansiedade e melhorar a autoestima. Mas, com o passar do tempo, a própria dieta passa a ser a recompensa. Para comprovar a teoria os pesquisadores escanearam, por meio de ressonância magnética, o cérebro de 42 mulheres (21 com anorexia e 21 saudáveis) enquanto elas tomavam decisões relacionadas à alimentação.
Os resultados mostraram que as participantes anoréxicas estavam mais propensas a escolher alimentos com baixo teor de gordura e menos calorias, em comparação com as saudáveis. Elas também tendiam a não considerar alimentos altamente calóricos como "saborosos".
Por sua vez, a análise cerebral mostrou que tanto as anoréxicas quanto as mulheres saudáveis tiveram a área do centro de recompensa ativada. No entanto, nas participantes com o distúrbio os cientistas identificaram uma atividade mais intensa no corpo estriado dorsal, região envolvida com o comportamento habitual, o que sugere que elas estavam agindo automaticamente com base em um hábito e não pesando os prós e contras daquela decisão.
"Isso ajuda a explicar porque os tratamentos comumente utilizados, como antidepressivos e terapia cognitiva, não funcionam muito bem. Hábitos têm de ser substituído por outro comportamento.", explica B. Timothy Walsh, autor do artigo base da pesquisa e coautor do novo estudo, ao The New York Times.
De acordo com os autores, os resultados deste estudo trazem evidências de que os circuitos cerebrais envolvidos nos comportamentos habituais desempenham um papel importante em doenças nas quais os pacientes persistem em fazer escolhas autodestrutivas independentemente das consequências, como o vício em cocaína ou o jogo compulsivo.
Anorexia nervosa - A anorexia nervosa é caracterizada por uma recusa de manter um corpo saudável, pelo medo de ganhar peso, pela busca pela magreza e por preocupantes imagens e percepções de si mesmo. Geralmente, o problema é diagnosticado em pacientes do sexo feminino, com idades entre 15 e 19 anos.
(Da redação)

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Reginald George Foggerdy se perdeu ao sair para caçar no oeste do país.
Sem água, esperou sob uma árvore e se alimentou de formigas.

Da EFE
Um homem de 62 anos sobreviveu sem água e perdido durante seis dias em um deserto remoto do oeste da Austrália se alimentando apenas de formigas, informou nesta terça-feira (13) a imprensa local. Na quarta (7) passada, Reginald George Foggerdy saiu para caçar junto com seu irmão em uma área desértica a cerca de 170 km da cidade de Laverton, no interior do estado da Austrália Ocidental.
Ao notar sua ausência e após a esperar sem sucesso por seu retorno, o irmão alertou a polícia.
Após dias de busca por terra e ar na região, as autoridades encontraram rastros do caçador e o seguiram por aproximadamente 15 km até o encontrarem.
O homem estava "extremamente desidratado e sofrendo um pouco de delírio. Ele não bebeu água durante seis dias. Ficou deitado em baixo de uma árvore, se alimentando de formigas", afirmou Andy Greatwood, porta-voz da polícia, à emissora local "ABC".
A esposa do caçador, Arlyn, considerou sua sobrevivência "um milagre" e disse que seu marido se recupera bem, que já pode se sentar e conversar.
Reginald George Foggerdy sobreviveu sem água e perdido durante seis dias em um deserto remoto do oeste da Austrália se alimentando apenas de formigas (Foto: Glen Roberts/WA Police via AP)Reginald George Foggerdy sobreviveu sem água e perdido durante seis dias em um deserto remoto do oeste da Austrália se alimentando apenas de formigas (Foto: Glen Roberts/WA Police via AP)

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A Diabetes tipo 2 ameaça as crianças

Antes mais comum em adultos, a doença avança entre os jovens devido ao crescimento dos casos de obesidade infantil

Cilene Pereira (cilene@istoe.com.br)
A garota hispânica tinha três anos e meio quando chegou ao centro médico da Universidade do Texas, nos Estados Unidos. Estava acima do peso e apresentava muita sede e vontade freqüente de urinar. Após investigação clínica e laboratorial, o diagnóstico foi fechado: ela tinha diabetes tipo 2. A menina é a mais jovem portadora da enfermidade de que se tem notícia no mundo. Seu caso foi um dos destaques do encontro promovido recentemente pela Associação Europeia para o Estudo da Diabetes, realizado na Suécia. “Os pais ficaram surpresos”, disse à ISTOÉ o médico Michael Yafi, coordenador da equipe que atendeu a criança.
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A história da garotinha escancarou um problema grave que se desenha nos últimos anos. No mundo, são cada vez mais freqüentes os casos de diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes. Por se tratar de um fenômeno relativamente recente e não ser uma doença de notificação obrigatória, não há números precisos, mas o aumento da incidência é consenso. Nos EUA, relatório do Centro de Controle de Doenças, de 2014, informou que em um ano foram registrados mais de cinco mil casos em pessoas com menos de 20 anos. No Brasil, a escassez de dados é maior, porém algumas circunstâncias confirmam o cenário. No Instituto da Criança com Diabetes, em Porto Alegre, centro de referência nacional no tratamento da doença nos pequenos, os pesquisadores se surpreenderam com a quantidade de casos que receberam. “Quando o serviço foi aberto, há onze anos, achávamos que só atenderíamos o tipo 1 da enfermidade”, conta o médico Balduíno Tschiedel, chefe do centro e membro da Sociedade Brasileira de Diabetes. Hoje, cerca de 4% dos 2,9 mil pacientes têm o tipo 2.
O tipo 1 é causado pelo ataque do sistema imunológico às células produtoras de insulina (hormônio que abre a porta das células para a entrada da glicose que está no sangue). O tipo 2 está associado à obesidade - o acúmulo de gordura causa reações que levam à enfermidade. Como os jovens estão seguindo o mesmo caminho dos adultos no que se refere ao excesso de peso, está criada a cadeia. No Brasil, uma a cada três crianças de 5 a 9 anos tem sobrepeso ou é obesa. O tipo 2 eleva as chances de infarto e de acidente vascular cerebral. “Além disso, há risco de lesão renal, de retina e de nervos periféricos”, afirma a endocrinologista Ana Priscila Soggia, de São Paulo.
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COMBATE
Balduíno se surpreendeu com o número de episódios.
Victoria descobriu que tem predisposição e mudou hábitos
A constatação de seu crescimento entre os mais jovens aumentou a urgência no seu combate. Iniciativas estão surgindo para investigar o real tamanho do problema. Uma das mais importantes é o consórcio de seis centros de pesquisa americanos, o SEARCH for Diabetes in Youth. Entre as constatações, está a de que os casos até 19 anos nos EUA subiram 30% entre 2001 e 2009. “E as complicações de maior intensidade estão entre esses pacientes”, informou à ISTOÉ Dana Dabelea, responsável pelo projeto.
Também estão em curso estudos para analisar os efeitos de drogas hoje usadas somente por adultos. Um deles avalia a sitagliptina em crianças e adolescentes de 10 a 17 anos. Há 36 países e170 pacientes envolvidos, dois deles no Brasil. Outro pesquisa um análogo de insulina (detemir), liberado por enquanto para jovens com o tipo 1. O Brasil contribuirá com 18 pacientes. Um terceiro trabalho mapeará o impacto da liraglutida em associação com a metformina e terá a participação de 21 países.
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O tratamento usa remédios de ação conhecida em crianças, quando necessário, e implica mudança no estilo de vida. “É importante cuidar da alimentação e do exercício físico”, diz o pediatra Daniel Becker, do Rio de Janeiro.
Aprimorar os métodos preventivos é outra preocupação. Testes estão surgindo para apontar se a criança tem predisposição genética à doença. “Apesar de ser uma doença multifatorial, há um forte componente genético envolvido”, afirma a geneticista Lia Kubelka, diretora do Biogenética, laboratório que oferece alguns desses exames. Sua filha Victoria, 9 anos, fez um deles e descobriu que tem tendência. Agora, há um controle maior sobre o consumo de doces e os passeios com a bicicleta foram incentivados para evitar o desenvolvimento da doença.
FOTOS: Shutterstock; LUCAS UEBEL

sábado, 10 de outubro de 2015

Jovem supera câncer, emagrece e ganha título de mister

Erik Armiliato se curou de linfoma de Hodgkin e adotou hábitos saudáveis.
'Era um menino gordinho com espinhas', diz publicitário, hoje com 84 kg.

Mariana Lenharo Do G1, em São Paulo
Ao longo de toda a adolescência, o publicitário Erik Armiliato Gomes, de 27 anos, sofreu com o excesso de peso. Com 1,74 m de altura, ele chegou a pesar 99 kg quando tinha 18 anos. “Era supercomplicado porque já é difícil ser adolescente. Sendo gordinho e baixinho, eu parecia uma bolinha. Minha alimentação era ruim, não me cuidava e ainda tinha espinhas”, lembra.
Erik Armiliato Gomes, de 27 anos, superou o câncer e o sobrepeso: à esquerda, foto tirada durante seu tratamento contra um linfoma; à direita, foto atual (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)Erik Armiliato Gomes, de 27 anos, superou o câncer e o sobrepeso: à esquerda, foto tirada durante seu tratamento contra um linfoma; à direita, foto atual (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)
Raio-X Erik Armiliato (Foto: G1) Nascido em São Paulo, Erik mudou-se para Jaguaruna, em Santa Catarina, aos 13 anos. Quando entrou na faculdade e saiu da casa dos pais para viver em Tubarão, cidade próxima, conta que teve um “choque de realidade” e percebeu que teria que fazer alguma coisa para mudar de vida. Passou a levar a academia a sério e a cuidar da alimentação.
A mudança de hábitos deu resultado e ele começou a emagrecer. Mas, quando se deu conta, tinha emagrecido demais: estava pesando 68 kg e, por sugestão de seu pai, fez exames para checar se não estaria com anemia. Os resultados confirmaram a suspeita e os médicos prescreveram uma suplementação de ferro. Só dois meses depois, quando foi à clínica de sua faculdade com queixas de sudorese noturna, cansaço excessivo e coceiras pelo corpo, os especialistas constataram que estava com câncer. O diagnóstico foi de linfoma de Hodgkin.
Tratando o câncer
Na ocasião, ele estava com nódulos no pescoço, no mediastino, no baço e até no pulmão. Erik começou a se tratar em Florianópolis. A cada sessão de quimioterapia, ele viajava três horas para ir e três horas para voltar da cidade de seus pais, onde voltou a morar para cuidar melhor da doença. Foram 15 ciclos de quimioterapia ao longo de um ano.
Erik levava o tratamento a sério, mas tentava vivenciar a doença de um jeito mais leve. “Encarei como se estivesse de férias. Descobri em novembro e, como era época de verão, a médica disse que eu não podia pegar sol porque poderia manchar minha pele. Pensei que, se eu morresse, não queria perder meu último verão, então me entupia de protetor solar, ficava embaixo do guarda-sol e ia pra praia.”
Ele não viu o câncer como uma experiência ruim, mas como um evento que mudou sua vida para melhor. “Estreitou meu relacionamento com a minha família. Minha mãe se tornou uma grande amiga. Meus amigos iam comigo fazer químio. Ali não eram só amigos de festa, de balada, eram amigos de verdade. Foi um divisor de águas e encaro como um ensinamento.”
Erik quando tinha 15 anos (dir.) e atualmente: de adolescente gordinho a defensor de vida saudável (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)Erik quando tinha 15 anos (dir.) e atualmente: de adolescente gordinho a defensor de vida saudável (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)
No final do tratamento, um exame revelou que o tratamento tinha sido bem-sucedido e que ele estava em remissão. “Não ia mais precisar fazer radioterapia nem tomar mais medicamentos. Estava liberado. Ali eu chorei, foi muito alívio, não tenho nem palavras para descrever como foi.” Hoje, sete anos depois do fim do tratamento, já é considerado curado.
  
Encarando o ganho de peso
Depois da comemoração, encarou o fato de que tinha engordado 20 kg durante o tratamento. “Estava careca e redondo”, brinca. “A médica me liberou para voltar para a academia e pensei: agora vou ter que fazer o negócio direito. Comecei a fazer aulas de step e jump. Voltei para a faculdade e também passei a correr. Trabalhava de manhã, estudava à noite e depois ainda saía para correr.”
Em 2012, resolveu se mudar para Recife. Como sempre gostou de música, fez um curso de DJ e começou a tocar. “Queria fazer o que gostava. Mas para se lançar como DJ é difícil, é preciso se tornar conhecido.” Foi quando um amigo disse que as inscrições para o concurso de Mister Pernambuco Universo estavam abertas e sugeriu que ele se candidatasse.
Com 17 anos, quando Erik estava perto de atingir os 99 kg (esq.) e atualmente (dir.): exercícios e alimentação saudável promoveram transformação (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)Com 17 anos, quando Erik estava perto de atingir os 99 kg (esq.) e atualmente (dir.): exercícios e alimentação saudável promoveram transformação (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)
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Concurso de beleza
“Falei: mas nem sou de Pernambuco, posso participar? Era gordo, espinhento, com cabelo lambido lá em Santa Catarina. Como vou fazer isso?” Ele foi convencido e começou uma saga para se preparar para a competição. Foi a uma nutricionista e adotou uma alimentação que, associada à rotina de exercícios, tinha o objetivo de ajudar no ganho de massa muscular. Na época pesando 75 kg, Erik subiu para 80 kg por causa dos músculos.
Ele não esperava ganhar, só queria divulgar seu nome para promover o trabalho como DJ. Mas, para sua surpresa, recebeu a faixa de Mister Pernambuco Universo e concorreu a Mister Brasil Universo. “Quando ganhei, fiquei muito surpreso. Isso me ajudou muito, viajei o Brasil inteiro. Trabalho com coordenação de eventos, mas hoje ganho mais tocando do que com o outro trabalho.”
A família também ficou orgulhosa e quem o conheceu durante a adolescência mal podia reconhecê-lo depois da transformação. “Quem ia imaginar, era um adolescente gordinho e feinho do interior de Santa Catarina e consegui ganhar um concurso de beleza em Pernambuco.”
Na foto da esquerda, tapioca com chia e creme de ricota light e peito de frango desfiado temperado com alho, pimenta e cebola; à direita, batata doce com pasta de amendoim e um omelete de 5 ovos com apenas 3 gemas: Erik divulga receitas simples e saudáveis nas redes sociais (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)Na foto da esquerda, tapioca com chia e creme de ricota light e peito de frango desfiado temperado com alho, pimenta e cebola; à direita, batata doce com pasta de amendoim e um omelete de 5 ovos com apenas 3 gemas: Erik divulga receitas simples e saudáveis nas redes sociais (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)
Inspiração
Erik também virou uma inspiração para quem busca uma vida saudável. Nas redes sociais, posta dicas de exercícios e de receitas saudáveis e baratas. Atualmente, vai à academia todos os dias, inclusive sábado e domingo. “É como um hobby. Os professores da academia sabem que sou dedicado, então gostam de passar coisas novas e diferentes para mim. Depois que comecei a ver os resultados da academia, minha vida inteira mudou.”
Hoje com 84 kg, Erik vai à academia todos os dias, inclusive sábado e domingo (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)Hoje com 84 kg, Erik vai à academia todos os dias, inclusive sábado e domingo (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)
Sua transformação física mudou muitos aspectos de sua vida. “Você entra nos lugares e é notado. Antes, era introspectivo, andava com ombro baixo, cabeça baixa. Hoje chego de cabeça erguida, conversando com as pessoas. É muito gostoso ouvir as pessoas dizerem que você está bonito. Isso promove uma mudança psicológica também.”
Além dos exercícios, sua alimentação é bem regrada. Hoje com 84 kg, não deixa de comer nada de que gosta, mas procura sempre compensar os exageros. Frituras foram eliminadas e sua dieta é totalmente sem sal. “Controlo muito alimentação. Tenho tendência a engordar, minha família toda é de pessoas obesas.”
Erik atribui à experiência do câncer o fato de ter conquistado tantas coisas. “Você tem uma segunda chance de vida, então começa a colocar metas do que quer, do que pode conquistar. Hoje sou muito feliz com o que tenho.”
Com o destaque que teve depois de ganhar o concurso de Mister Pernambuco, Erik tornou-se conhecido como DJ (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)Com o destaque que teve depois de ganhar o concurso de Mister Pernambuco Universo, Erik tornou-se conhecido como DJ (Foto: Erik Armiliato/Arquivo Pessoal)
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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Obama pede desculpas a Médicos Sem Fronteiras por ataque a hospital no Afeganistão

Presidente dos EUA se comprometeu a colaborar com o governo afegão para investigar o caso

Da redação, com agências internacionais
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou para a presidente da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF),
Joanne Liu, e pediu desculpas pelo ataque aéreo contra um hospital do grupo em Kunduz, no Afeganistão, informou a Casa Branca nesta quarta-feira.

No telefonema com Liu, Obama disse também que a investigação sobre o episódio que está sendo realizada pelos EUA vai "fornecer uma responsabilização transparente, ampla e objetiva dos fatos e circunstâncias do incidente. E que, se necessário, o presidente vai implementar mudanças para que tragédias como essa sejam menos prováveis no futuro", disse o porta-voz da Casa Branca Josh Earnest a jornalistas.

O MSF pediu a criação de uma comissão internacional e independente para investigar o ataque, realizado no fim de semana.

Obama também telefonou para o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, para manifestar suas condolências pela perda de vidas de pacientes e funcionários durante o ataque, disse Earnest. O presidente norteamericano se comprometeu a trabalhar de perto com o governo afegão para solucionar o caso.

O ataque aéreo ocorrido no fim de semana deixou pelo menos 22 mortos em Kunduz, no norte do país.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Bactérias podem ser eficazes para combater a asma

Um novo estudo mostrou que a exposição precoce a bactérias "boas" presentes no intestino pode diminuir o risco de desenvolvimento da doença inflamatória

Asma: o tratamento não adequado aumenta os custos da doença e os riscos da criança perder dias letivos
Bebês de três meses que apresentaram maiores níveis de um grupo de bactérias no organismo corriam menos risco de desenvolver asma aos três anos de idade(Thinkstock/VEJA)
A exposição a bactérias "boas" desde cedo pode evitar o desenvolvimento da asma. É o que diz um estudo realizado por cientistas canadenses e publicado recentemente na revista científica Science Translational Medicine.
A equipe de pesquisadores da Universidade da British Columbia e do Hospital Infantil de Vancouver, ambos no Canadá, comparou o microbioma de bactérias intestinais de bebês aos três meses e com um ano de idade e o risco de desenvolver asma aos três anos.
A análise das fezes de 319 crianças com apenas três meses de idade mostrou que aquelas que corriam maior risco de asma tinham menores níveis de quatro tipos de bactérias em seu organismo: Faecalibacterium, Lachnospira, Veillonella e Rothia (apelidadas de FLVR). Entretanto, os níveis destas bactérias no corpo das mesmas crianças com um ano de idade não provocou o mesmo efeito no risco de desenvolvimento de asma. De acordo com os resultados, os primeiros meses de vida são cruciais para a prevenção da doença. "A exposição aos microrganismos no momento ideal pode ser a melhor forma de prevenir várias alergias e principalmente a asma", relataram os autores.
De acordo com os pesquidadores, identificar o grupo bacteriano e sua relação com a asma é fundamental para tentar encontrar maneiras de prevenir a doença. No futuro, eles esperam que seja possível evitar a asma por meio da administração de probióticos em bebês que apresentarem deficiência dessas bactérias.
Asma - A asma é inflamação crônica das vias aéreas, que se estreitam e dificultam a respiração. Embora não tenha cura, é uma doença controlável se for corretamente tratada. Caso contrário, o estreitamento das vias aéreas torna-se ainda mais espesso. Estima-se que cerca de 300 milhões de pessoas no mundo convivam com o problema. No Brasil são 20 milhões pacientes asmáticos -- o que significa uma prevalência de 10% na população.
(Da redação)

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Dieta sem glúten: necessidade médica ou moda injustificada?

Jornalista pesquisou dieta por causa de doença de seu filho, e descobriu que seu apelo - e crescente popularidade - é bem mais forte do que pensava.

Da BBC
Sam, com uma aparência anêmica, um dia antes de entrar na dieta sem glúten; ele ganhou "uma festa do glúten", mas só quis água  (Foto: BBC)Sam, com uma aparência anêmica, um dia antes de entrar na dieta sem glúten; ele ganhou "uma festa do glúten", mas só quis água (Foto: BBC)
Milhões de pessoas em todo o mundo estão abrindo mão do glúten. O jornalista da BBC William Kremer é um deles. Ele tem suas razões para ter deixado de comprar pão e bolos tradicionais. Mas ele não tem certeza do porquê de tantas pessoas estarem cortando esse alimento de suas dietas, como ele pondera abaixo:
É assim que você se livra do glúten na sua vida. Primeiro, tire todo os pães, farinhas e cereais matinais de trigo do seu café da manhã. Em seguida, jogue fora todos os potes de manteiga ou geleia que estavam aberto, porque pode ter migalhas de pão ou bolacha neles.
Além disso, chame seus amigos para acabar com todas as cervejas que você tenha em casa. Milhões de pessoas estão fazendo isso e muito mais à medida que estão convertendo seus corpos em áreas livres de glúten.
Apenas nos Estados Unidos, cerca de 70 milhões de pessoas – ou 29% da população adulta – garante que está tentando cortar o consumo de glúten, de acordo com um levantamento divulgado pela empresa de pesquisas NDP.
Já no Reino Unido, 60% dos adultos já compraram um produto sem glúten, de acordo com dados do site de pesquisas YouGov, e em 10% dos lares há alguém que acredita que glúten faz mal para a saúde.
Foi assim que a minha casa passou a fazer parte desses 2,6 milhões de lares.
Em fevereiro, o meu filho Sam, de 21 meses, contraiu o que parecia ser um vírus. Eu e minha mulher nos revezamos para lidar com o vômito e a diarreia, na expectativa de que tudo fosse melhorar em alguns dias.
Mas semanas se passaram e isso não aconteceu. Sam começou a perder peso. No banho, podíamos ver suas costelas em cima da barriga, que estava inchada como um balão.
Ele parou de andar e não conseguia mais ficar de pé – sua personalidade animada começou a desaparecer. Ele gritava com estranhos e se recusava a nos olhar nos olhos. Dia e noite, nossa casa estava imersa em canções de ninar de vídeos do YouTube – a única coisa que parecia animar Sam.
Um dia, na área de emergência de um hospital, um pediatra mencionou pela primeira vez algo que eu nunca tinha ouvido falar: doença celíaca. Um exame de sangue e uma biópsia confirmaram que meu filho tinha essa doença autoimune que é causada pelo glúten, um conjunto de proteínas.
O glúten pode ser encontrado no trigo e proteínas muito semelhantes estão presentes na cevada e no centeio. Segundo os médicos nos disseram, até mesmo uma migalha de pão pode desencadear os sintomas de Sam.
Dificuldades para processar o glúten
Vou dizer isso do melhor jeito possível, mas o Sam é um retrocesso evolucionário. Volte no tempo 10 mil anos e todo mundo estava numa dieta sem glúten. E então eles começaram a cultivar a terra: uma revolução agrária que deu à nossa espécie tempo livre para construir civilizações e desenvolver cultura e tecnologia.
Os seres humanos têm muito a agradecer ao glúten. Ele transforma o pão em um produto mais suave ao fazer com que a massa cresça durante a cocção.
No corpo dos celíacos, a presença do glúten faz o sistema imunológico acreditar que está sendo atacado por micróbios
Mas ele é a única das proteínas que não pode ser decomposta totalmente pelo corpo humano e transformada em aminoácidos.
O máximo que conseguimos fazer é dividi-lo em cadeias de ácidos chamados peptídios.
Eles normalmente passam pelo corpo da maioria das pessoas. No entanto, os sistemas imunológicos de celíacos (pessoas que sofrem do transtorno) são geneticamente predispostos a vê-los como micróbios invasores.
Uma guerra começa e há vários efeitos colaterais: uma redução das vilosidades intestinais, dobras que cobrem o intestino delgado e são responsáveis por absorver os nutrientes e levá-los até o fluxo sanguíneo.
À medida que se atrofiam, sua superfície diminui e não faz seu trabalho como deveria.
Dieta em moda
A doença celíaca é bem comum. Ela afeta cerca de 1% das pessoas do mundo desenvolvido, de onde se tem dados.
Mesmo com essa abrangência, isso não explica a crescente popularidade da dieta sem glúten.
Segundo a empresa de análise de mercado Mintel, 7% dos adultos britânicos evitam o glúten por conta de alergia ou intolerância (estritamente falando, a doença celíaca não é nem uma coisa nem outra) e mais de 8% o evitam por conta de um "estilo de vida saudável".
A opinião de que o glúten faz mal não apenas para celíacos mas para todo mundo é apoiada por uma corrente de blogueiros, nutricionistas que vendem best sellers e famosos.
Estou tentando cortar ou evitar glúten em minha dieta - gráfico bbc (Foto: bbc )
Um levantamento da Mintel estima em US$ 9 bilhões o mercado americano de produtos sem glúten.
Uma análise nas buscas on-line nos últimos anos sugere que o aumento do interesse nas dietas sem glúten tem pouco a ver com uma crescente consciência sobre o celíaco e está muito mais relacionado à popularidade de dietas como a "paleo", que busca um retorno à Idade da Pedra no que se refere a hábitos alimentares.
Mas muitos acabaram se interessando pelo conceito de abrir mão do glúten pela simples razão de acreditarem que isso as fará se sentir melhor, pelo que percebi nas conversas com visitantes de uma feira de alimentação em Londres, a Allergy and Free From exhibition, dedicada a alimentos que causam alergia e dietas alternativas como vegetariana e vegana.
Muitos dos 35 mil visitantes buscavam informações ou produtos ligados a dietas particulares específicas. Mas, como me disse o diretor do evento, Tom Treverton, é cada vez mais comum achar pessoas "que querem cortar algo de sua dieta por outra razão - não porque são alérgicas, mas porque se sentem melhor quando o fazem, e acreditam que isso seja saudável".
Muitas das pessoas com quem conversei tinham preocupações genuínas com a saúde. Encontrei celíacos que estavam ali em busca de um pão ou uma cerveja (sem glúten) decentes, mas falei com um número ainda maior de pessoas que se descreveram como "intolerantes a glúten".
Elizabeth Jones, por exemplo, me contou que começou a sofrer de intolerância a glúten aos 15 anos. "É muito constrangedor aparecer em um evento social com os lábios ou a cara inchada", disse ela.
Ela cortou glúten e outros alimentos de sua dieta - a lista incluía sementes de uva - o que pareceu ter aliviado os sintomas.
Outra mulher, Debra, de Hertfordshire, costumava sofrer de refluxo gástrico. Ela testou negativo para doença celíaca, mas um nutricionista do hospital recomendou que ela cortasse glúten de sua dieta mesmo assim.
Ela é enfermeira especializada em gastroenterologia pediátrica e me disse que sua situação melhorou; ela disse também que entre seus pacientes havia várias crianças que não apresentavam danos nas vilosidades intestinais - e que, portanto, também não sofriam de doença celíaca - mas que, como ela, tiveram uma melhora em sua condição quando pararam de comer glúten.
Médicos especialistas acreditam que é hora de ampliar o espectro do que são considerados problemas causados pelo glúten, que abarcaria desde a doença celíaca como também a sensibilidade ao glúten.
O médico italiano Alessio Fasano, diretor do Centro de Pesquisas Celíacas nos Estados Unidos, é um grande defensor dessa visão.
Em 1993, ele assumiu o departamento de gastroenterologia pediátrica na Universidade de Medicina de Maryland. Ele era um médico jovem vindo de Nápoles, onde ele atendia ao menos 20 ou 30 crianças por semana com doença celíaca.
Mas nos Estados Unidos, a história era outra: "Passavam-se dias, semanas, meses e eu não atendia nenhum caso sequer." Depois, ele percebeu que o problema era uma questão de diagnóstico mal feito.
Mesmo diante do ceticismo de seus colegas, ele fez um estudo com 13 mil pessoas que o ajudou a mudar os dados: a prevalência de um celíaco para 10 mil pessoas passou de um para cada 133.
Interesse ao longo do tempo pela dieta sem glúten (Foto: bbc)Interesse ao longo do tempo pela dieta sem glúten (Foto: BBC)
Sua clínica agora atende mais de mil pacientes por ano.
Diferentemente de alergia ao trigo, a sensibilidade ao glúten não tem uma série de biomarcadores conhecidos e, por isso, os médicos não podem saber se o paciente sofre desse problema com um simples teste – há um exame de sangue, mas os resultados são imprecisos para muitos pacientes.
Assim, essa doença só pode ser diagnosticada ao se eliminar outros problemas e, em seguida, testar uma dieta sem glúten.
Mas, para Fasano, ainda que o glúten não tenha valor nutricional em si, fazer uma mudança radical no que se come sem a ajuda de um especialista é péssima ideia.
"Deixar de ingerir glúten te priva de muitos elementos-chave em sua dieta, como vitaminas e fibras, fundamentais para uma nutrição equilibrada."
Perder peso?
Parte da polêmica em torno do glúten vem da dificuldade de se distinguir os benefícios que qualquer um pode experimentar ao adotar uma dieta sem glúten com efeito placebo (o poder das expectativas do paciente de que o tratamento levará à cura).
Outra parte dessa questão controversa vem do fato de não se saber exatamente quantas pessoas são afetadas.
Fasano calcula que o número pode estar em até 6% da população. Mas com 29% dos americanos adultos tentando evitar glúten, há 22% (ou 53 milhões de pessoas) que não estão no espectro de doenças relacionadas ao glúten, mas ainda sim querem deixar de ingeri-lo.
Apenas em 2013, 200 milhões de pratos sem glúten foram pedidos em restaurantes americanos, segundo a NPD.
"Estamos quebrando a cabeça para entender esse fenômeno social. Começamos essa batalha, por assim dizer, para sensibilizar os americanos sobre os celíacos. Mas nos demos conta que esse pêndulo está descontrolado e agora foi para o outro extremo", diz Fasano.
Quando questionado se essa dieta ajudar a perder peso, Fasano dá risada.
"Se você começa a comer substitutos como cerveja sem glúten ou massa ou bolacha sem glúten, o que vai acontecer é você engordar. Uma bolacha comum tem 70 calorias. Sem glúten, o mesmo biscoito pode chegar a 210 calorias."
"Você tem que substituir o glúten com algo que faça essa bolacha palatável, então você precisa carregá-la de gordura e açúcar. Tenha em mente isso: um grama de proteína contém quatro calorias. Um grama de gordura, nove."
Mas ele diz ser possível perder peso com uma dieta sem glúten ao trocar alimentos processados (como biscoitos) por outros frescos, como verduras, frutas, peixe e carne.
Exageros e generalizações
Dois livros muito populares, Barriga de Trigo, de William Davis, e Grain Brain (Mente de Grãos, em tradução livre) de David Perlmutter, têm sido especialmente importante para alertar os americanos sobre os "perigos" do glúten.
Ambos fazem referências à pesquisa de Fasano, mas o especialista diz que os dois livros estão cheios de exageros e generalizações. "O glúten e os carboidratos estão destruindo seus cérebros", se lê na obra de Perlmutter.
Frustrado com a cobertura sensacionalista, Fasano publicou seu próprio livro no ano passado, o Gluten Freedom (não lançado em português), co-escrito com Susie Flaherty.
Ele diz que comer glúten não oferece risco a pessoas fora do espectro dos transtornos ligados ao glúten - e a maior parte dos especialistas concorda com ele.
Outro livro pulicado sobre o tema é The Gluten Lie (A Mentira do Glúten, em tradução livre), de Alan Levinovitz. É estranho pensar que Levinovitz tenha entrado nesse debate, visto que ele é um especialista em religião e literatura.
Mas ele diz que vê essa moda contra o glúten como uma combinação entre os poderosos mitos de um paraíso passado com uma atitude anticorporativa contra a indústria alimentícia.
Feira em Londres divulgou opções para quem não pode ou não quer consumir glúten  (Foto: BBC)Feira em Londres divulgou opções para quem não pode ou não quer consumir glúten (Foto: BBC)
Levinovitz diz que não é a primeira vez que um tratamento para celíacos entra na moda. Já ocorreu nas décadas de 1920 e 1930, quando médicos - que ainda não sabiam do papel do glúten na doença - receitavam uma dieta de banana e leite, suplementada com caldos, gelatina e quantidades pequenas de carne.
Muitos dos famosos que abandonaram o glúten, como Gwyneth Paltrow, Miley Cyrus e Victoria Beckham, dizem que eliminar a proteína de suas dietas não foi algo feito por diversão, mas que têm intolerância.
"Os principais defensores dessa dieta fazem isso porque ela genuinamente funcionou para eles", diz Levinovitz. "Então talvez haja algumas pessoas que não tenham sido diagnosticadas como celíacas ou alguém que não seja celíaco mas tenha sensibilidade ao glúten. Mas essas histórias viraram uma bola de neve e abarcaram toda uma comunidade de pessoas que pensam "ah, se funcionou para o meu amigo, também vou tentar".
"E tem o efeito placebo (psicológico), combinado com o fato de que você não está mais bebendo cinco cervejas toda a noite, e por isso se sente melhor, e acha que tem a ver com o glúten."
Em seu livro, Levinovitz também fala do efeito "nocebo": a ideia de que se você acredita que algo pode te fazer mal, isso pode realmente te causar efeitos negativos.
Pode ser que grande parte dos americanos esteja sob o que médicos chamam de "doença sociogênica em massa" quando se trata de glúten?
Bom, o que se pode dizer é que as pessoas não gostam que lhes digam que a doença está na cabeça delas.
Vilosidades intestinais com aparência normal (esq.) e com as características de um celíaco  (Foto: BBC)Vilosidades intestinais com aparência normal (esq.) e com as características de um celíaco (Foto: BBC)
E Levinovitz sabia que seria bastante criticado por seu livro. Mas não esperava a quantidade de e-mails de ódio que recebeu.
"Se alguém diz: 'Olha, acabaram de descobrir que Plutão não é um planeta', ninguém se ofende, apenas dizem: 'Ah, não? Genial!'". Mas ele diz que falar para as pessoas sobre mitos da comida é como atacar a identidade delas.
E, para ele, a moda da dieta sem glúten não é uma dieta sem perigos.
Muitos pacientes que sofrem de distúrbios alimentares contam que começaram a ter problemas justamente com as dietas que excluíam algum alimento.
Há provas que sugerem que uma ansiedade extrema sobre o que comemos pode levar a sintomas que não são tão diferentes daqueles da sensibilidade ao glúten.
Mas ao menos agora a doença celíaca não é mais um tabu nem algo totalmente desconhecido.
À medida que cresce, meu filho vai se beneficiar de uma quantidade jamais vista de produtos alimentícios para os celíacos.
E também é fantástico entrar em um restaurante e as pessoas saberem do que você está falando quando explica que seu filho é celíaco.
Mas se por um lado eu nunca recebo olhares tortos, eu às vezes pego uma troca de olhares sarcásticos entre funcionários.
Quando minha mulher explicou a doença de Sam para um chef, ele disse: "Oh, então ele não pode mesmo comer glúten. A maioria das pessoas muda de ideia quando eu mostro as opções para alérgicos e acaba pedindo algo do cardápio normal".

sábado, 3 de outubro de 2015

O controle da doença do consumo

Cientistas europeus e americanos criam teste que aponta se a pessoa é viciada em compras, descrevem características de personalidade que predispõem à doença e orientam o que fazer para escapar da dependência


Pesquisadores da Noruega, Estados Unidos e Inglaterra acabam de divulgar um recurso simples, mas que auxiliará muita gente a sair de uma armadilha capaz de arruinar vidas. Eles desenvolveram um teste que, apesar de ser executado facilmente, tem sólido embasamento científico para indicar se uma pessoa é dependente de compras. Ou seja, se ela não controla seu impulso de comprar, independentemente da sua necessidade e da presença de condições financeiras para arcar com os custos.
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As universidades envolvidas no estudo foram a Universidade de Bergen, na Noruega, a Nottingham Trent University, no Reino Unido, e as universidades americanas Stanford e da Califórnia. O trabalho se baseou no acompanhamento de 23,5 mil participantes com idade em torno de 35 anos. Eles foram questionados sobre hábitos de compras, traços de personalidade, autoestima e sintomas de ansiedade e depressão.
A análise resultou no teste, que tem sete perguntas e está descrito em um artigo publicado na última semana na revista científica Frontiers in Psychology. Entre as perguntas, estão as que questionam se o indivíduo pensa o tempo todo em compras e se o hábito compromete a execução das atividades diárias, como trabalhar. Caso o resultado dê positivo, a recomendação é a de que a pessoa procure ajuda médica e adote intervenções que possam afastá-la do impulso de comprar. “Não usar mais cartão de crédito e encontrar outras formas de lidar com a urgência de comprar, como ir caminhar, e esperar um dia antes de ceder ao desejo estão entre elas”, disse à ISTOÉ Cecilie Andreassen, da Universidade de Bergen, coordenadora do estudo. Ela aponta outras atitudes, como fazer uma lista de compras e se ater a ela e evitar gatilhos potenciais (entrar em shoppings, por exemplo).
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O instrumento tem como mérito principal servir de forma eficaz para alertar as pessoas se sua relação com as compras está dentro do normal ou se atravessou a delicada fronteira que leva à dependência. A compulsão por compras é catalogada como um transtorno de impulso. Na sua raiz, está a busca por compensações imediatas sem que sejam racionalizadas as consequências do ato. “Entre outras ações, o paciente adquire coisas das quais não precisa e muitas vezes nem abre o pacote daquilo que acabou de comprar”, explica a psiquiatra Fátima Vasconcelos, do Rio de Janeiro, integrante da Associação Brasileira de Psiquiatria.
A dependência pode levar o caos às vidas privada e profissional. Nos consultórios psiquiátricos, as histórias de pacientes impressionam. Há gente que perdeu o emprego porque não cumpriaprazos e horários, já que estava sempre envolvido com compras, e até quem foi obrigado a vender imóveis para pagar as dívidas contraídas nas aquisições.
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Na pesquisa agora divulgada, os cientistas apontam características de personalidade que predispõem ao transtorno. Uma delas é a tendência ao negativismo. “Esses indivíduos tendem a adotar comportamentos que reduzam os sentimentos incômodos”, explica Cecilie. Os extrovertidos estão incluídos entre as pessoas com maior risco. Uma das explicações seria o fato de que eles em geral gostam de aparentar status social e aumentar seu poder de sedução. A pouca disposição para conflitos e um senso mais apurado de autoestima são, ao contrário, fatores protetores.
Sabe-se que, fisiologicamente, há anormalidades nos sistemas cerebrais que regulam a concentração de substâncias como a serotonina e a dopamina. Por isso, em alguns casos, remédios que atuam sobre esses compostos (antidepressivos modernos) podem ser receitados. “Além disso, a terapia psicológica individual e em grupo é recomendada”, explica a psiquiatra Fátima Vasconcelos. 
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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Idade da menopausa tem impacto em risco de câncer de mama, diz estudo

Mulheres que tem menopausa antes dos 40 tem menos risco de câncer.
Pesquisa avaliou o genoma completo de 70 mil mulheres.

Da EFE
Exames de mamografia serão realizados até domingo  (Foto: Giliardy Freitas/ TV TEM)Mulher se submete a exame de mamografia: estudo concluiu que existe relação entre idade da menopausa e risco para câncer de mama (Foto: Giliardy Freitas/ TV TEM)
Um grupo de pesquisadores das Universidades de Cambridge e Exeter estabeleceu uma conexão entre a idade com que uma mulher entra na menopausa e o câncer de mama, mostrou um estudo divulgado nesta segunda-feira (28) pela revista "Nature Genetics".
  
A pesquisa indicou que as mulheres que têm menopausa antes dos 40 anos são menos propensas a desenvolver este tipo de câncer; no entanto, têm mais probabilidades de sofrer de outras doenças, como a osteoporose e o diabetes tipo dois.
Além disso, os pesquisadores descobriram que, a cada ano que a menopausa demora a aparecer, o risco de câncer de mama sobe 6%.
A co-autora do estudo Deborah Thompson, do departamento de Saúde Pública e Atenção Primária da Universidade de Cambridge, indicou que isto é porque as mulheres que tiveram menopausa mais cedo "estiveram menos expostas ao estrogênio durante sua vida".
A investigação concluiu que a idade natural da menopausa, que marca o final da vida reprodutiva da mulher, é geneticamente determinada, porém ainda não é possível saber a totalidade dos genes envolvidos e como eles impactam nos riscos de doença.
Os autores realizaram um estudo de associação do genoma completo de 70 mil mulheres de ascendência europeia e identificaram no total 56 variantes genéticas associadas com a idade da menopausa.