sábado, 30 de novembro de 2013

Fortaleza tem Dia D da vacinação neste sábado


Serão disponibilizadas doses do calendário básico; antitetânica não será ofertada para todos por falta de estoque


O Dia D da campanha de atualização vacinal acontece hoje em todos os postos de saúde da Capital. Podem comparecer pessoas entre 0 e 49 anos. Entretanto, a vacina de imunização antitetânica não será disponibilizada para o grande público, por falta de estoque. A ação ocorre das 8h às 17h.

Podem comparecer aos postos de saúde, das 8h às 17h, pessoas com idade entre 0 e 49 anos. A pessoa deve levar a carteira de identidade e o cartão de vacinação. Quem não tiver poderá fazer na própria unidade Foto: Alex Costa

São ofertadas todas as vacinas do calendário básico, de acordo com a faixa etária, além da vacina contra Hepatite B, doses da vacina tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche) e tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola).

Segundo a assessora técnica de imunizações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Vanessa Soldatelli, o foco da campanha é a vacina tríplice viral, contra sarampo, caxumba e rubéola. "Faz uns três ou quatro anos que acontecem surtos de sarampo nos Estados Unidos e na Europa. Por isso, queremos proteger a população, principalmente, devido a Copa do Mundo", explica. Ela acrescenta que o mesmo procedimento aconteceu antes da Copa das Confederações, realizada neste ano.

Conforme a assessora, durante grandes eventos, o risco de contaminação aumenta, devido à aglomeração de pessoas e importação de agentes de outras partes do mundo e do Brasil.

Antitetânica
Até agora, o estoque de vacinação antitetânica não foi regularizado. De acordo com Vanessa Soldatelli, desde março, o abastecimento vem diminuindo e, em outubro, não se recebeu nenhuma dose. Por isso, a imunização ainda não pode ser feita de forma maciça. São priorizadas mulheres grávidas e pessoas acidentadas. Vanessa afirma que o problema está nos laboratórios, pois a distribuição não é feita de modo a abastecer todos os postos de saúde. No entanto, a SMS garante que quem precisar da antitetânica vai recebê-la.

A quantidade de imunizações disponíveis vai variar de acordo com a necessidade de cada Secretaria Executiva Regional (SER).

Quem quiser se vacinar deve procurar a unidade de saúde mais próxima, portando a carteira de identidade e cartão de vacinação. Os cidadãos que não possuem o cartão poderão fazer um nos postos de saúde.

Dermatologistas condenam exposição ao sol sem proteção para obter vitamina D

Diretrizes da Sociedade Brasileira de Dermatologia questionam argumento de que uso de protetor solar causa deficiência do nutriente

A proteção contra o sol precisa ser redobrada em pessoas que têm alergia de pele
Dermatologistas negam que proteção solar provoque deficiência em vitamina D (ThinkStock)
Em documento lançado nesta quinta-feira, com diretrizes sobre fotoproteção, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) condenou a exposição solar sem proteção para a obtenção da vitamina D.
Nos últimos anos, o aumento do número de pessoas com deficiência do nutriente fez com que especialistas passassem a recomendar aos pacientes a exposição ao sol sem filtro solar por um período de 15 a 20 minutos por dia para possibilitar ao organismo a produção da vitamina. O argumento era de que o protetor impedia a absorção da radiação solar, essencial para a obtenção do nutriente.
Durante o lançamento do Consenso Brasileiro de Fotoproteção, primeiro documento do tipo no país, o órgão questionou o argumento. “É impossível que a proteção solar, da forma que é feita, seja a responsável pela deficiência de vitamina D. Estudo feito em São Paulo mostra que bastam dez minutos de exposição ao ar livre, mesmo em dias nublados, para que a pessoa atinja os níveis recomendados. Portanto, dizer que a fotoproteção leva à deficiência da vitamina é prejudicial e gera uma mensagem antagônica à população”, diz Marcus Maia, coordenador do Programa Nacional de Controle do Câncer de Pele.
A vitamina D tem como principal função ajudar no desenvolvimento do sistema esquelético. Cerca de 90% do nutriente é obtido por meio da radiação solar. Sua deficiência está relacionada a doenças como raquitismo e osteoporose. Segundo a SBD, pacientes de risco para o desenvolvimento da deficiência devem passar por exames periódicos e, se necessário, receber suplementação vitamínica.
Neste sábado, Dia Nacional de Combate ao Câncer de Pele, a SBD vai reunir 4 000 médicos voluntários em 139 postos de todo o país para atender a população com o objetivo da detecção precoce da doença. Os endereços dos postos podem ser consultados no site da sociedade. Na campanha do ano passado, 33 000 pessoas passaram por avaliação e 12% foram diagnosticadas com câncer de pele.
O câncer de pele não melanoma é o mais prevalente no Brasil tanto em homens quanto em mulheres. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que 182 000 pessoas apresentem a doença no próximo ano.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Uma revolução no ataque ao colesterol

Entidade americana muda o foco da prevenção: em vez de batalhar para atingir metas fixas, o objetivo agora é fazer cair de 30% a 50% a concentração do mau colesterol

Cilene Pereira
A Associação Americana do Coração anunciou na semana passada recomendações que mudam radicalmente a forma de controlar o colesterol. Depois de quatro anos de revisão dos artigos médicos a respeito do tema, uma comissão de vinte especialistas da entidade decidiu que em vez de tentar baixar os níveis de LDL (o mau colesterol) para menos de 100 mg/dL ou 70 mg/dL, o paciente deve ser orientado a reduzir a concentração desta fração do colesterol entre 30% e 50%, independentemente de atingir ou não os níveis até agora preconizados. “Por muitos anos, a meta era diminuir o mau colesterol para menos de 100 mg/dL. Isso foi completamente eliminado agora”, afirmou o cardiologista Steven Nissen, da Cleveland Clinic, referência da cardiologia mundial.
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CUIDADO
Na opinião do cardiologista brasileiro Raul Dias dos Santos, do InCor,
ao ampliar a faixa de pessoas que estão em risco, as medidas
farão com que mais indivíduos sejam tratados
De acordo com os especialistas americanos, a mudança se deve à constatação de que o benefício para a saúde cardiovascular, na verdade, é proporcional à redução de colesterol obtida – fato embasado em evidência científica mais sólida do que a que sustentava o uso das taxas como parâmetro.
A outra grande alteração está na determinação de quem possui risco suficiente o bastante para começar a tomar uma estatina, o tipo de remédio que controla o colesterol. A partir de agora, indivíduos entre 40 e 75 anos que apresentam 7,5% de chance ou mais de sofrer um evento cardiovascular (infarto ou acidente vascular cerebral) nos próximos dez anos devem começar a ser medicados. Antes, somente as pessoas com risco acima de 20% entravam no grupo das que tomavam o medicamento.
A maneira de calcular esse risco também foi aprimorada. A fórmula, disponibilizada aos médicos no site da associação, leva em consideração a idade, o sexo, a raça, colesterol, nível de pressão arterial, se a pessoa tem diabetes e se é fumante. “Cada um desses itens tem um valor numérico a ser incluído na equação que criamos. E ela vai fornecer o risco de cada paciente”, explicou Donald Lloyd-Jones, responsável pela formulação da nova conta. “Focamos realmente na questão do risco global de cada um”, disse o médico. “Existem muitas pessoas com chances substanciais de sofrer algum problema mas que não estavam sendo monitoradas por causa dos padrões anteriores”, completou. Cardiologistas americanos calculam que essas mudanças farão com que dobre o número de pacientes que tomam estatina nos Estados Unidos.
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As orientações não são consenso entre os especialistas. Há, por exemplo, o temor de que ocorra um exagero na prescrição de estatina, algo que, segundo os críticos, beneficiaria apenas a indústria farmacêutica. “Já existe um uso abusivo de estatina entre pessoas sem história de doença cardiovascular mas que estão tentando se prevenir”, afirmou o cardiologista Eric Topol, chefe acadêmico do Scripps Health, organização americana que reúne 2,6 mil médicos e atende 500 mil pacientes por ano. “Minha preocupação é a de que essas novas recomendações tornem ainda mais promíscuo o uso desses medicamentos.”
Outros questionam o abandono das metas no combate ao LDL. Temem que médicos e pacientes se atrapalhem no controle pela falta de taxas precisas. No Brasil, o cardiologista Raul Dias dos Santos, do Instituto do Coração, de São Paulo, também tem dúvidas em relação a essa medida. “Em linha geral, gostei das recomendações porque farão com que mais gente seja tratada. Mas em relação a abandonar totalmente as metas, acho uma questão complexa”, disse.
Recentemente, a Sociedade Brasileira de Cardiologia apresentou também suas novas diretrizes para um ataque mais eficiente ao colesterol. Há semelhanças conceituais entre o documento brasileiro e o americano. Os brasileiros também reconhecem que é preciso ser mais agressivo no tratamento do problema e provocar uma redução significativa nas taxas de LDL. No entanto, diferentemente dos colegas dos Estados Unidos, não acabam com as metas.
Professor de Cardiologia Preventiva e presidente da comissão responsável pelas novas recomendações americanas, o médico Neil Stone rebateu as críticas. Em sua opinião, as orientações farão com que os médicos ofereçam de fato um atendimento individualizado. “Estamos tirando os cardiologistas da zona de conforto”, disse. “Em vez de confirmarmos que o fato de o paciente alcançar as metas significa que ele está bem, estamos fazendo com que ele se pergunte qual é a melhor terapia para aquela pessoa.”

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Brasil terá 576 000 novos casos de câncer em 2014

Segundo estimativa do Inca, câncer de pele, de próstata e de mama serão os mais prevalentes

Médico examina paciente com melanoma
Inca: Câncer de pele não melanoma é o mais prevalente entre brasileiros (Peter Dazeley/Getty Images)
O Brasil vai registrar 576 580 novos casos de câncer no próximo ano, segundo estimativa divulgada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) nesta quarta-feira. Esse levantamento é feito em conjunto com o Ministério da Saúde a cada dois anos. A previsão para 2014 é 11% maior do que o esperado para 2012 (520 000 novos casos). Segundo o Inca, o tipo de câncer mais prevalente tanto entre homens quanto mulheres será o de pele não melanoma, com 180 000 novos casos, seguido pelo de próstata (68 800 novos casos) e o de mama (57 100 novos casos).
De acordo com o estudo Estimativa 2014 – Incidência de Câncer no Brasil, outros principais tipos de câncer que vão atingir os brasileiros no ano que vem serão o de intestino (33 000 novos casos), de pulmão (27 000 novos casos) e de estômago (20 000 novos casos). Com exceção do tumor de pele não melanoma, 52% dos novos casos acontecerão entre o sexo masculino e 48% entre o feminino.
"O número cresce no Brasil seguindo uma tendência internacional e fortemente influenciada pelo envelhecimento da população", diz o coordenador de prevenção e vigilância do Inca, Cláudio Noronha. Outros fatores de risco destacados foram tabagismo, responsável por aproximadamente um terço dos tumores, consumo de álcool, alimentação inadequada, sedentarismo e falta de controle do peso.
Entre os homens, os tumores mais prevalentes serão pele não melanoma, próstata, pulmão, intestino, estômago, tumores na cavidade oral e leucemia. Já entre as mulheres, os mais comuns serão pele não melanoma, mama, intestino, colo do útero, pulmão, estômago, tireoide e ovário. O estudo destacou uma queda nos últimos anos nos episódios de câncer de pulmão entre o sexo masculino, e o de colo do útero entre o feminino. O Ministério da Saúde acredita que a redução do tabagismo no país e o maior acesso das mulheres ao exame preventivo Papanicolau tenham contribuído com a redução.
Mortalidade — De acordo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o câncer é a segunda principal causa de morte no Brasil, ficando atrás somente das doenças cardiovasculares. Em 2011, 184 384 pessoas morreram em decorrência da moléstia – o tumor que provocou o maior número de óbitos nesse ano foi o de pulmão (22 426). Hoje, o câncer causa três vezes mais mortes do que doenças parasitárias e quatro vezes mais mortes do que acidentes de trânsito.
Segundo o Inca, o Sudeste será a região que concentrará o maior número de novos casos no próximo ano (299 730), seguido pelo Sul (116 330), Nordeste (99 060), Centro-Oeste (41 440) e Norte (20 020).

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Câmara não usará laudo do STF sobre Genoino, diz Alves

Deputado rejeita influência da avaliação médica que descartou prisão domiciliar para o petista na decisão sobre o pedido de aposentadoria por invalidez

José Genoino se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo
José Genoino se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco)
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou nesta terça-feira que o laudo médico pedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a saúde de José Genoino não vai influenciar a decisão da Casa sobre o pedido de aposentadoria por invalidez do ex-presidente do PT.
Elaborado por médicos da Universidade de Brasília (UNB) a pedido de Joaquim Barbosa, o laudo divulgado nesta terça concluiu que Genoino não precisa permanecer em casa para cuidar de sua doença cardíaca. O resultado será usado pelo STF na avaliação do pedido de prisão domiciliar feito pela defesa do mensaleiro.


A Câmara, por sua vez, aguarda o relatório de outra junta médica. A avaliação paralela, requisitada pelos deputados sem o aval do Supremo, deve ficar pronta nesta quarta-feira. Questionado sobre a influência do laudo do STF na decisão da Câmara, Henrique Eduardo Alves respondeu: "Não, não. O que sei é que a junta médica que esteve hoje com ele fez o exame clínico, recolheu uma série de exames, em grande quantidade, muitos processos, muitos papeis e realizados no hospital."
Caso seja concluído nesta quarta, o resultado do laudo será apresentado em uma coletiva de imprensa. "Não estou com pressa, estou pedindo qualidade e responsabilidade nesta decisão que diz respeito a vida de uma pessoa", afirmou Alves.
Quadro de saúde - Hipertenso há três décadas, Genoino foi levado para o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal na última quinta-feira após ter passado mal no Complexo da Papuda, onde cumpre pena em regime semiaberto, pelo crime de corrupção ativa. Há poucos meses, ele se submeteu a uma cirurgia para corrigir uma dissecção na aorta. Caso obtenha a aposentadoria por invalidez, o petista se livrará do processo de cassação do mandato e terá assegurado salário vitalício de deputado – atualmente no valor de 26 700 reais.

(Com Estadão Conteúdo)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Laudo conclui que Genoino não precisa de prisão domiciliar

Cinco cardiologistas atestaram que o ex-presidente do PT não possui cardiopatia grave e pode voltar a cumprir pena no Complexo da Papuda

Laryssa Borges, de Brasília
José Genoino a caminho da Polícia Federal, em São Paulo
José Genoino a caminho da Polícia Federal, em São Paulo (Renato Ribeiro Silva/Futura Press)
Laudo elaborado a pedido do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, afirma que a prisão domiciliar “não é imprescindível” para o tratamento médico do ex-presidente do PT José Genoino. O estado de saúde do petista foi analisado por uma equipe de cardiologistas no último final de semana. Os médicos concluíram que Genoino é "portador de cardiopatia que não se caracteriza como grave”, o que permite que ele seja tratado normalmente no sistema prisional. As conclusões médicas serão utilizadas para que Barbosa decida se atenderá ou não ao pedido da defesa do mensaleiro para cumprir pena em casa.
Nesta terça-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, admitiu que a Casa enviou médicos, sem a autorização do Supremo, para produzirem um laudo paralelo destinado a embasar o pedido de aposentadoria por invalidez do deputado licenciado.
Hipertenso há três décadas, Genoino foi levado para o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal na quinta-feira passada após ter passado mal no Complexo da Papuda, onde cumpre pena em regime semiaberto, pelo crime de corrupção ativa. Há poucos meses, ele se submeteu a uma cirurgia para corrigir uma dissecção na aorta, o que, segundo o laudo médico, não impede que o petista cumpra pena normalmente, fora do ambiente domiciliar.
“Passado o período crítico pós-operatório, naturalmente que se faz necessário seguimento ambulatorial periódico pós-cirúrgico de pouca frequência anual para a verificação evolutiva do quadro clínico-cirúrgico, como de hábito, não sendo imprescindível, para tanto, a permanência domiciliar fixa do paciente acometido”, diz o documento, assinado por cinco cardiologistas. O diagnóstico médico, segundo o documento, foi feito por unanimidade, sem controvérsias entre os profissionais.
“O conceito de cardiopatia grave não se aplica no presente caso”, conclui o laudo. Para os médicos, embora Genoino não precise necessariamente de prisão domiciliar, ele deve manter a pressão arterial controlada por meio de medicamentos e deve seguir uma dieta balanceada com pouco sal, além de seguir restrições de atividade física pesada e situações de estresse.
“O exame clínico geral e especializado realizado pela junta médica demonstrou um paciente (...) em bom estado geral, cônscio, comunicativo, levemente ansioso, mas tranquilo em sua comunicação (...) e com expressão de cansaço ao falar”, afirma trecho do laudo. No exame de tórax do deputado, os cardiologistas concluíram que a área cardíaca estava “normal”. Depois da cirurgia, segundo os médicos, Genoino apresenta “excelente condição clínica atual, sem expectativa em qualquer prazo futuro de eventual insucesso cirúrgico ou complicação”.
José Genoino se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo
José Genoino se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo, às 18h20 - Ivan Pacheco

sábado, 23 de novembro de 2013

'A vitória é nossa', diz transexual do RS que provocou mudanças no SUS

Renato Fonseca, de 46 anos, integra grupo que iniciou ação judicial.
Ministério da Saúde anunciou novas diretrizes para mudança de sexo.

Caetanno Freitas Do G1 RS
Renato Fonseca espera há sete anos por cirurgia de troca de sexo pelo SUS (Foto: Arquivo pessoal)Renato Fonseca espera há sete anos por cirurgia de troca de sexo pelo SUS (Foto: Arquivo pessoal)
Ao ficar sabendo sobre as mudanças para o atendimento de transexuais e travestis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), publicadas nesta quinta-feira (21) pelo Ministério da Saúde, o serígrafo Renato Fonseca, de 46 anos, viu cada vez mais próximo o fim da longa fila de espera que o atormenta há sete anos. Ele é uma das vozes mais graves entre o grupo com cerca de 30 pessoas que ingressou, no Rio Grande do Sul, com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) para que o SUS contemplasse transexuais masculinos em cirurgias de trocas de sexo no Brasil.
Nascido Rosane Oliveira da Fonseca, Renato esperava há muito tempo pela oportunidade de fazer a cirurgia de troca de sexo. Agora, com as novas diretrizes do Ministério da Saúde, válidas para todo país, o procedimento poderá ser marcado a qualquer momento.
Renato diz ser o segundo na lista de espera do HCPA (Foto: Arquivo pessoal)Renato diz ser o 2° na lista de espera do HCPA
(Foto: Arquivo pessoal)
“Fizemos tudo juntos, a vitória é nossa. A gente vive tapado com roupas em pleno verão. Queremos a liberdade. Estou desde ontem (quinta) vibrando muito. É uma alegria enorme”, descreve ao G1.
Renato adianta que na próxima segunda-feira (25) o grupo estará no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) para dar início ao processo de marcação das cirurgias.
“Esperamos que o hospital agilize. A gente passa tanto tempo em avaliação com psicólogos e psiquiatras para que eles tenham certeza da nossa certeza que, quando chega uma notícia dessas, a ansiedade é quase incontrolável”, afirma.
O procurador regional da República da 4ª Região, Paulo Leivas, foi um dos que ajuizaram a ação para que o SUS incluísse na sua lista de procedimentos a cirurgia de transgenitalização, ou mudança de sexo, em meados de 2002. Cinco anos depois, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região deu parecer favorável e notificou a União, que recorreu da decisão. As possibilidades de reversão judicial foram esgotadas em 2009. Desde lá, a medida estava sendo descumprida, conforme o procurador.
“A União desistiu dos recursos por causa de uma declaração do então ministro da Saúde (José Gomes Temporão), que declarou ser favorável ao direito dos transexuais. Ou seja, a decisão transitou em julgado. O SUS começou a oferecer o procedimento a transexuais femininos e ignorou os masculinos até hoje”, explica.
O Programa de Transexualidade do HCPA é coordenado pelo cirurgião Walter Koff, também professor de urologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele também exaltou as mudanças anunciadas pelo Ministério da Saúde. “Temos 32 pacientes na fila esperando essa portaria para poder retirar mamas, ovários e útero. Isso vai ser muito importante.”
O HCPA é um dos quatro centros brasileiros capacitados para realizar esse tipo de tratamento. A instituição já fez 168 cirurgias de redesignação do sexo masculino para feminino.
Novas diretrizes do Ministério da Saúde
A Portaria 2.803 de 19 de novembro de 2013, publicada nesta quinta-feira (21) no Diário Oficial da União, estabelece que os transexuais masculinos – pessoas que são fisicamente do sexo feminino, mas se identificam como homens – tenham as cirurgias de retirada das mamas, do útero e dos ovários cobertas pelo sistema público. Eles também passam a ter direito à terapia hormonal para adequação à aparência masculina. Esse grupo não estava incluído na portaria que regia o processo de mudança de sexo pelo SUS até então.
Já as transexuais femininas – pessoas que nascem com corpo masculino, mas se identificam como mulheres – também terão um tratamento adicional coberto pelo SUS: a cirurgia de implante de silicone nas mamas. Desde 2008, elas também têm direito a terapia hormonal, cirurgia de redesignação sexual – com amputação do pênis e construção de neovagina – e cirurgia para redução do pomo de adão e adequação das cordas vocais para feminilização da voz.
A partir de agora, também terão direito a atendimento especializado pelo SUS os travestis, grupo que não tem necessariamente interesse em realizar a cirurgia de transgenitalização. A portaria define que o tratamento não será focado apenas nas cirurgias, mas em um atendimento global com equipes multidisciplinares.
Polêmica da idade mínima
As novas regras estabelecem a idade mínima de 18 anos para início da terapia com hormônios e de 21 anos para a realização dos procedimentos cirúrgicos. Essas são as mesmas idades estabelecidas pela Portaria 457, de 19 de agosto de 2008, regra que regia o processo de mudança de sexo até então.
Em 31 de julho deste ano, o Ministério da Saúde chegou a publicar uma portaria para definir o processo transexualizador pelo SUS – suspensa no mesmo dia da publicação – que estabelecia a redução da idade mínima para hormonioterapia para 16 anos e dos procedimentos cirúrgicos para 18 anos, o que foi revisto nas novas regras.
Segundo o Ministério da Saúde, essa revisão foi decidida para adequar as normas à resolução 1955, de setembro de 2010, do CFM.
Para Koff, o ideal para o paciente é passar pelo tratamento o quanto antes. “Vamos reivindicar que se abaixe a idade mínima para a cirurgia e para o tratamento com hormônios. Quanto antes, melhor. Como esse processo começa na infância, quando eles têm 16 anos, já estão no fim da puberdade e têm condições de tomar a decisão”. Segundo ele, o tratamento precoce pode evitar sofrimentos no âmbito social e afetivo.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Afastamento de médico cubano por superdosagem é suspenso

Isoel Gomez Molina havia sido afastado na última quarta-feira por suspeita de ter receitado dose de remédio acima do recomendado a um bebê na Bahia

CFM: Presidente do órgão defende que médicos conveniados passem a cobrar por consultas. Dessa forma, planos de saúde cobririam apenas outros procedimentos
Mais Médicos: Profissional cubano estava sendo acusado de receitar superdosagem de dipirona a bebê de um ano e dez meses (Thinkstock)
Durou menos de dois dias o afastamento do médico cubano Isoel Gomez Molina das funções na Unidade de Saúde da Família (USF) de Viveiros, em Feira de Santana, na Bahia. Suspeito de prescrever uma superdosagem de dipirona a um bebê de 1 ano e 10 meses, o profissional foi inocentado pela Secretaria de Saúde do município, que havia aberto sindicância para apurar o caso, em conjunto com a secretaria estadual e o Ministério da Saúde.
O afastamento de Molina, definido na tarde de quarta-feira, 20, foi causado por uma denúncia feita por uma médica do município, com base em uma receita passada pelo cubano, que indicava a administração de 40 gotas do analgésico e antitérmico dipirona para a criança, de 10,2 quilos — a própria bula do medicamento prevê o uso de uma gota por quilo. O caso ocorreu na última segunda-feira.

Em nota, a prefeitura informou que Molina foi ouvido na tarde desta quinta-feira, explicou o ocorrido e volta a atender na próxima segunda-feira. Segundo o coordenador do programa Mais Médicos no Estado, Washington Abreu, as 40 gotas previstas na receita "não eram para ser ministradas em dose única, mas em quatro vezes, a cada seis horas, em caso de dor ou febre".

A prefeitura também informou que colaborou para o esclarecimento do caso, além do depoimento da mãe da criança, a diarista Gilmara Santos, que relatou ter sido corretamente instruída pelo médico. Na manhã de ontem, ela e outros moradores da comunidade atendida pela USF fizeram um protesto, na frente do posto, pedindo o retorno imediato de Molina às funções.

Segundo Abreu, para evitar mais confusões em receitas, todos os profissionais integrantes do programa Mais Médicos na Bahia vão passar por um reforço no treinamento de prescrição de medicamentos.
(Com Estadão Conteúdo)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Estudo vê fraude em medicamentos fitoterápicos nos EUA

ANAHAD O'CONNOR
DO "NEW YORK TIMES"
The New York Times Os americanos gastam cerca de US$ 5 bilhões por ano em suplementos fitoterápicos não testados que prometem de tudo, desde combater resfriados e conter os sintomas da menopausa até reforçar a memória. As vendas globais de suplementos e vitaminas são estimadas em US$ 84 bilhões.
Mas os consumidores devem tomar cuidado: testes de DNA mostram que muitas pílulas rotuladas como ervas medicinais não passam de arroz e capim em pó.
Usando um teste chamado código de barras de DNA, uma espécie de impressão digital genética, pesquisadores canadenses testaram 44 frascos de suplementos populares vendidos por 12 empresas. Descobriram que muitos não eram o que diziam e que pílulas rotuladas como ervas populares muitas vezes eram diluídas -ou totalmente substituídas- por produtos como soja, trigo e arroz.
Defensores de consumidores e cientistas dizem que a pesquisa oferece mais evidências de que a indústria de suplementos fitoterápicos está cheia de práticas questionáveis. Representantes da indústria afirmam que qualquer problema não deve ser generalizado.
Os pesquisadores escolheram ervas medicinais populares e aleatoriamente compraram diferentes marcas desses produtos em lojas e revendas no Canadá e nos Estados Unidos.

The New York Times
Eles encontraram frascos de suplementos de equinácea, usada por milhões de americanos para tratar resfriados, que continham o pó de Parthenium hysterophorus, planta encontrada na Índia e na Austrália que está relacionada a urticária e náusea.
Dois frascos rotulados como erva-de-são-joão, que estudos mostram que pode tratar depressão leve, não continham a planta. Em vez dela, as pílulas de um frasco eram feitas apenas de arroz, e outro continha somente sene-de-alexandria, arbusto egípcio que é um poderoso laxante. Suplementos de gingko biloba, promovidos como intensificadores da memória, estavam misturados com amido e avelãs, risco potencialmente mortal para alérgicos a nozes.
De 44 suplementos fitoterápicos testados, um terço mostrava uma total substituição, o que significa que não havia vestígio da planta mencionada na embalagem --apenas outra planta em seu lugar. Muitos eram adulterados com ingredientes não citados no rótulo, como arroz, soja e trigo.
Em alguns casos, esses substitutos eram a única planta detectada no frasco, disse o principal autor do estudo, Steven G. Newmaster, diretor botânico do Instituto de Biodiversidade de Ontário.
As descobertas, publicadas na revista "BMC Medicine", seguem-se a diversos estudos que sugeriram que uma porcentagem importante de produtos fitoterápicos não são o que dizem ser. Mas, como as últimas conclusões são apoiadas por testes de DNA, possivelmente constituem a evidência mais verossímil de adulteração, contaminação e má rotulagem na indústria, uma área da medicina alternativa em rápido crescimento, que inclui cerca de 29 mil produtos fitoterápicos vendidos na América do Norte.
"Isso sugere que os problemas são generalizados e que o controle de qualidade em muitas empresas, seja por ignorância, incompetência ou desonestidade, é inaceitável", disse David Schardt, nutricionista do Centro para Ciência no Interesse Público.
Stefan Gafner, do Conselho Botânico Americano, grupo sem fins lucrativos que promove o uso de suplementos herbais, disse que o estudo tinha falhas, em parte porque a tecnologia de código de barras nem sempre identifica ervas que foram purificadas e altamente processadas. "Aceito que o controle de qualidade é um problema da indústria fitoterápica", disse o doutor Gafner. "Mas acho que o que está representado aqui foi exagerado."
O doutor David A. Baker, da Universidade Stony Brook em Long Island, Nova York, comprou 36 suplementos de erva-de-são-cristóvão. Os testes de código de barras mostraram que um quarto delas não era a Cimicifuga racemosa, mas uma planta ornamental da China. O doutor Baker chamou a regulamentação de suplementos no Estado de "oeste selvagem" e disse que a maioria dos consumidores não tem ideia de como há poucas salvaguardas implementadas.
"Se você tivesse um filho doente e três em cada dez comprimidos de penicilina fossem falsos, todo mundo estaria alarmado", disse o doutor Baker. "Mas, quando se compra um suplemento em que três de cada dez pílulas são falsas, tudo bem. Por que essa indústria não é responsabilizada?"

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Óleo pode ter gorduras boas para o corpo, mas excesso faz mal à saúde

Bem Estar  deu dicas para reduzir os riscos da fritura.
O ideal é ingerir, no máximo, 2 colheres de sopa de óleo ou azeite por dia.

Do G1, em São Paulo
Alimentos fritos, assados, empanados, grelhados: são várias opções de preparo, com sabores, nutrientes e calorias diferentes.
No Bem Estar, as nutricionistas Ana Maria Lottenberg e Simone Caivano explicaram como essas preparações do dia a dia podem interferir na saúde. As frituras, por exemplo, são as que mais oferecem riscos por causa do excesso de óleo usado no preparo, que aumenta muito o valor calórico dos alimentos.
Segundo a nutricionista Ana Maria Lottenberg, vale ressaltar que a fritura pode fazer mal por causa do excesso de óleo - em quantidades ideais, porém, o óleo tem gorduras essenciais para o organismo.
A especialista explicou que uma alimentação com muita gordura, especialmente a trans, aumenta o risco de formação de placas nas artérias, que pode levar até mesmo a um infarto e, por isso, é importante tomar cuidado.
Segundo a nutricionista Simone Caivano, a recomendação é ingerir, no máximo, 2 colheres de óleo ou azeite por dia. Para evitar excessos de gordura no preparo dos alimentos, uma das opções são os grelhados, que usam muito pouco ou até nada de óleo.
Gorduras vale este (Foto: Arte/G1)
No caso do bife, um dos alimentos mais comuns na mesa dos brasileiros, a forma como é feito traz grandes diferenças no resultado.
Se colocado em uma panela elétrica, por exemplo, não precisa de nada de óleo e o resultado é um prato com muito menos calorias, apesar do sabor um pouco diferente, como mostrou a nutricionista Cynthia Antonaccio na reportagem da Natália Ariede.
Segundo a especialista, além da panela elétrica, o forno é também uma opção interessante para não ter que recorrer à fritura. No caso das batatas, as fritas também são muito mais calóricas – elas têm 260 calorias, enquanto as feitas na panela elétrica têm apenas 140, quase a metade.
Porém, já existe a possibilidade de fritar sem óleo, com panelas que usam o ar, como mostrou a reportagem da Natália Ariede .
Segundo a gerente de marketing Lídia Luz, essas panelas atingem até 200 graus e podem garantir o mesmo efeito da fritura – quando o ar circula em uma velocidade muito rápida e se choca com o alimento, ele causa a mesma oxidação que o óleo.
Mas em casos de alimentos que não tem nada de gordura, pode ser que seja preciso acrescentar uma colher de óleo, mas mesmo assim, o resultado é um prato muito menos gorduroso e mais seco, apesar do sabor um pouco diferente.
Para reduzir os riscos do óleo à saúde, as nutricionistas deram algumas dicas na hora de fritar. Caso o preparo faça fumaça, por exemplo, é um sinal de que o óleo está se degradando e que substâncias ruins para a saúde estão se formando. É importante ainda tampar a panela se ela tiver que ficar ligada, para evitar a oxidação do óleo.
As nutricionistas alertam ainda que não é recomendável misturar um óleo novo a um óleo velho e, se o óleo velho for reutilizado, é bom filtrá-lo e não misturá-lo ao produto novo. Na hora de guardar, a dica é colocá-lo protegido da luz na geladeira, mas caso ele esteja escuro e com espuma, significa que já não está bom e é preciso descartá-lo no lixo orgânico ou encaminhá-lo à reciclagem.
Caso o preparo escolhido seja empanar, a nutricionista Simone Caivano também deu dicas para diminuir as calorias .
No caso dos vegetais, por exemplo, usar o ovo junto com a farinha na hora de empanar forma uma proteção e faz menos óleo ser absorvido pelo alimento – uma couve-flor empanada com ovo e farinha, por exemplo, tem 252 calorias enquanto o mesmo alimento empanado só com farinha tem quase o dobro, 467 calorias, como mostrou a reportagem da Natália Ariede. Já as carnes não precisam da adição do ovo porque elas têm menos água que os vegetais e já formam uma barreira contra o óleo.

sábado, 16 de novembro de 2013

Novo tipo de gripe aviária contamina primeiro ser humano

Infecção aconteceu em Taiwan. O vírus em questão, o A/H6N1, carrega uma mutação genética que o possibilita de se instalar em células humanas

Funcionário de mercado de aves em Taipé, China
Funcionário de mercado de aves em Taipé, China (Sam Yeh/AFP)
Pesquisadores de Taiwan pediram que autoridades de saúde fiquem atentas a uma nova cepa do vírus da gripe aviária, o A/H6N1. Isso porque a cepa, muito presente em criadouros de aves, infectou pela primeira vez uma pessoa e, embora apresente uma virulência relativamente fraca, tem o risco de se recombinar com outros vírus, o que pode torná-la perigosa.
A jovem infectada, que tem 20 anos e mora em Taiwan, foi internada com sintomas de gripe e falta de ar em maio deste ano. Ela reagiu bem ao tratamento com Tamiflu e se recuperou plenamente. O caso da garota foi descrito em um artigo publicado nesta quinta-feira na revista médica The Lancet Respiratory Medicine.
Segundo os autores do texto, uma análise genética mostrou que o vírus A/H6N1 é muito parecido com o H6N1, que circula em Taiwan desde 1972 entre aves de granja. No entanto, a nova cepa apresenta uma mutação genética que permite que o vírus se instale em células humanas, especialmente as das vias respiratórias superiores. Isso o torna muito mais infeccioso entre a população.
A origem da infecção da jovem ainda é desconhecida. Segundo os pesquisadores, ela não havia viajado a outros países nos três meses que antecederam o contágio e não manteve contato com aves de granja ou selvagens. "O H6N1 é um vírus pouco patogênico encontrado em aves selvagens e domésticas em vários continentes. Mas, como continua a evoluir e a acumular modificações, representa um risco crescente para os humanos.", diz Ho-Sheng Wu, especialista do Centro de Controle de Doenças de Taiwan e um dos autores do artigo.
Cepas — O H5N1, outra cepa do vírus da gripe aviária, provocou mais de 300 mortes de humanos desde 2003. Segundo a OMS, a maioria dos tipos de vírus da gripe aviária não contamina seres humanos e a maior parte dos casos de infecção pelo H5N1 ocorreu a partir do contato com aves infectadas.
No início do ano, autoridades da China confirmaram os primeiros casos de pessoas infectadas por outra nova cepa do vírus da gripe aviária, o H7N9, que até então circulava apenas entre animais. As primeiras mortes em decorrência da infecção foram anunciadas em abril deste ano e aconteceram em Xangai.
(Com AFP)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Jovem usa máquina feita pelo pai para aprender a andar em Santa Isabel

Pai sonha ver filho andar e se baseou em modelo feito na Argentina.
Jovem teve paralisia cerebral, identificada aos 11 meses.

Carolina Paes Do G1 de Mogi das Cruzes e Suzano
Uma máquina de 2 metros de altura e cerca de 40 quilos ganhou lugar especial na casa do ambulante José Dimas da Silva, em Santa Isabel (SP). Para recebê-la foi preciso mudar os hábitos da família: onde antes era a sala virou quarto e vice-versa. “Foi bom ganhar um quarto novo. Aqui é mais bonito, arejado e me deixa mais perto da máquina”, diz o estudante Hugo Aparecido da Silva. Finalmente, um ano após o pai de Hugo, José Dimas, decidir criar uma máquina que ajudasse o filho a andar, o equipamento começou a ser usado pelo jovem de 16 anos.
Hugo nunca andou sozinho. Uma experiência que desde o começo de novembro está chegando cada vez mais perto de ser realizada. “Estou andando pela quarta vez já”, dá risada o estudante. “Nunca fiz isso. É gostoso e diferente, mas muito bom. Quero mais. Não imaginava que andar mexia todas essas partes”.  Aos 11 meses a família descobriu em Hugo uma paralisia cerebral, que afetou a parte motora dos membros inferiores do adolescente.
A ideia do simulador veio depois que o pai dele encontrou na internet um equipamento  feito na Argentina. Segundo José Dimas, um mecânico fez uma máquina parecida para o filho. Ele tentou comprar, mas custaria US$ 30 mil. Apesar de não ter habilidades práticas, o pai de Santa Isabel, tinha o mesmo combustível que o pai argentino: o desejo de ver o filho caminhando. Depois de alguns meses de trabalho, de investir R$ 2,5 mil e de contar com a ajuda de amigos, Dimas esperou ansioso para que o filho pudesse usar o aparelho.
O uso do equipamento só foi liberado depois que Hugo se recuperou de uma cirurgia feita no joelho, em julho deste ano. Só então as sessões de fisioterapia voltaram e o simulador pode ser testado.
O fisioterapeuta que acompanha Hugo, Silvio Massaki Igarasi, se impressionou com a história. “Nunca tinha visto algo assim sendo usado para caso de paralisia, em que não se tem uma resposta muscular. Foi a primeira vez. Normalmente usamos esse tipo de máquina em atletas para dar mais mobilidade. Não imaginava que alguém poderia fazer um estímulo mecânico e usar um motor para fazer a função do cérebro. Achei muito interessante”, diz.
Dimas não sai nem um só minuto do lado do filho durante fisioterapia (Foto: Carolina Paes/ G1)Dimas não sai nem um só minuto do lado do filho
durante fisioterapia (Foto: Carolina Paes/ G1)
Movimentando as pernas
O G1 acompanhou uma sessão e pode comprovar os efeitos do "cérebro mecânico" criado pelo pai, que tem apenas um sonho: ver o filho andar. “Com ela meu filho fez algo que nunca tinha feito na vida e isso que é importante. Já é um sonho realizado, o que vier é lucro. Estamos muito animados”, diz Dimas.
Já foram 15 sessões de fisioterapia, mas apenas há quatro o estudante tem usado o simulador. Além de ter que fazer alguns ajustes no equipamento, como a colocação de fivelas nas costas e pernas para dar mais segurança e conforto para Hugo, foi preciso cuidar de alguns detalhes antes de estrear a máquina. “O uso dela atrasou em um mês, pois tivemos que curar algumas feridas no corpo por ele ter ficado muito tempo deitado no pós-operatório. Além disso tivemos que fazer com que os joelhos dele dobrassem de novo com exercícios manuais”, explica o fisioterapeuta.
Desde que inventou o simulador, Dimas tinha receio do equipamento não ser aprovado. Um medo que dia a dia foi ficando cada vez mais distante. “Estava com medo dos médicos recusarem, mas toda a equipe olhou a foto que levei no dia da consulta e gostou. Ai você fica aliviado e contente. Depois disso minha esperança na máquina aumentou mais. Por alguns minutos achei que não iam aprovar”, lembra. A opinião do fisioterapeuta só confirmou as expectativas do ambulante. “Quando as sessões começaram aqui em casa perguntei para ele o que precisávamos para melhorar o Hugo. Ele respondeu muita caminhada. Ai mostrei a máquina.”
Hugo usa a máquina pela quarta vez (Foto: Carolina Paes/ G1)Hugo usa a máquina pela quarta vez (Foto: Carolina Paes/ G1)
E em pouco tempo de uso todo o esforço já vem dando resultado. Hugo vem correspondendo bem ao tratamento sem dores na perna e com alguns efeitos positivos. “Nas últimas vezes ele está sentindo as pernas formingando, o que no caso dele é um sinal de que os nervos estão melhorando a sensibilidade. Depois disso vem o estímulo motor e a contração muscular. Ai estamos perto para ele conseguir andar”, diz Igarasi.
O fisioterapeuta ainda explica que tudo isso também depende das respostas do organismo e dos estímulos. É preciso muita persistência. “Tratar o Hugo é bom porque ele é um paciente motivado que tem força de vontade e procura sempre te ajudar quando precisamos dar uma reposta positiva. Além de tudo, ele tem força para vencer mais essa etapa da paralisia cerebral que é bem complicada. Nem todos os pacientes têm essas respostas que ele está tendo. Ele tem bons resultados apesar da doença  e chances de um dia andar sem muleta, mas é preciso muito estímulo. Não temos certeza que ele vai ter toda a recuperação que esperamos, mas depende da persistência”, afirma o fisioterapeuta.
De acordo com Igarasi isso deve acontecer pelo estímulo que a máquina causa na articulação do tornozelo, do joelho e do quadril. “Apenas com exercício manual não conseguimos isso. O estímulo da máquina é contínuo e ajuda na contração da musculatura. Esperamos então desenvolver mais a área motora do cérebro dele para desenvolver a marcha”, explica.
Mas para o pai essa resposta do corpo já é a faísca necessária para ele não parar. “ A resposta foi boa. Fico feliz. O formigamento é bom porque é um sinal que está mexendo algo lá. Está dando certo então”, afirma o ambulante.
Bem calmo e tranquilo, diferentemente do pai agitado, Hugo revela sua opinião sobre a nova 'queridinha da família'. “ Eu gostei de usar. Gosto de ficar nela. No começo tinha medo de cair”, desabafa. “Mas depois criei coragem e fui. A vontade de melhorar é maior. Quero sair da cama e devo isso a meu pai também. A sensação das pernas mexendo sozinhas, como se estivesse andando, é gostoso”.
Dimas e o filho orgulhosos dos resultados da máquina (Foto: Carolina Paes/ G1)Dimas e o filho orgulhosos dos resultados da máquina (Foto: Carolina Paes/ G1)
Com ela, tenho a sensação de liberdade também porque ali estou caminhando sem as muletas"
Hugo Aparecido da Silva, 16 anos
Liberdade
Três vezes na semana, de 20 a 30 minutos. Esse é o tempo permitido para Hugo usar o simulador.  A velocidade, segundo o fisioterapeuta, é baixa, de menos de 10 km/h. As sessões de fisioterapia começam sempre com a movimentação dos joelhos e um alongamento.
Mas apesar da máquina ser grande e cheia de cabos, botões, travas de segurança, guindaste e fivelas, Hugo não a larga por nada. “Eu gosto de andar nela e só não gosto quando tenho que sair. Quero sempre ficar mais”, diz. “Com ela, tenho a sensação de liberdade também porque ali estou caminhando sem as muletas. O Silvio pede que na hora que estou nela me imagine andando de verdade. Ai nessa hora penso que estou caminhando sozinho pela cidade. É um incetivo para ir mais rápido. Hoje acredito que isso possa ser possível mesmo e cada vez mais me orgulho do meu pai”, afirma Hugo.
E como não poderia deixar de ser, o ambulante, mecânico, pai, ganha mais uma função. Dessa vez ele vira assistente de fisioterapia e não para um só minuto. Mexe daqui. Levanta dali. Questiona o profissional. Anima o filho e olha para o canto da casa com a certeza de que os passos reais de Hugo não estão distantes de serem vistos. “Sofremos juntos e em cada vitória estamos unidos também. O que importa é ver o Hugo feliz e caminhando. Sei que isso não está longe e não posso parar.”