quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Notificações de gripe A crescem 150% em 24 horas-EM PEDRA BRANCA

Médicos da Sesa e do Ministério da Saúde viajaram para investigar os 13 casos confirmados e os 428 suspeitos

E não param de surgir novas notificações de moradores com sintomas da gripe A, conhecida como gripe suína, na cidade de Pedra Branca, município do Sertão Central que fica a 261 quilômetros de Fortaleza. Em menos de 24 horas, os números de pacientes com possibilidade de estarem com o vírus H1N1 subiram 150%, passando de 284 para as atuais 428 notificações.

Atualmente, 13 pessoas tiveram a confirmação da doença, mas a perspectiva da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) é que os números possam crescer ainda mais. A preocupação é tamanha que o titular da pasta, Arruda Bastos, anunciou a liberação de R$ 100 mil reais para apoio nos trabalhos de prevenção.

Para tentar evitar que a gripe A se alastre ainda mais, ultrapasse fronteiras e se torne uma nova epidemia, três médicos da Sesa e a técnica do Ministério da Saúde, Líbia Souza, estiveram, ontem, em Pedra Branca para ver a real situação no município, além de checar a estrutura da cidade, que, hoje, não conta com sequer com única Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Para se mensurar a gravidade da situação em Pedra Branca, todo o País, conforme o Ministério da Saúde, contabilizou 133 notificações até outubro de 2011, enquanto, em menos de uma semana, o município somou 428 casos, mais que três vezes o total do Brasil.

A secretária de saúde de Pedra Branca, Tânia Parente, afirma que a preocupação maior seria a presença, segundo ela, de pessoas de grupo de risco - crianças, idosos, obesos, hipertensos e grávidas - entre a listagem dos notificados. "Há, sim, pessoas com perfis mais vulneráveis, mas nenhum apresenta caso grave", declara a gestora pública municipal.

Outro cenário preocupante é o tamanho das equipes que trabalham 24 horas por dia analisando os quadros clínicos. São 14 médicos se revezando no atendimento aos pacientes no Hospital Municipal São Sebastião e nos postos de saúde. "Mantemos contatos com Secretarias Municipais de Saúde", adianta a coordenadora da 8° Regional de Saúde, em Quixadá, Benedita de Oliveira.

De acordo com Tânia Parente, a avaliação da epidemiologista Líbia Souza sobre as ações do Município para conter o surto foram positivas. "Estamos fazendo exatamente o que deveria ser feito", diz. A epidemiologista ficará no Município por tempo indeterminado para treinamento dos servidores municipais.

Vacinas

Após críticas da população pela ausência de vacinas para a tentativa de controle dos casos, a supervisora epidemiológica da Sesa, Dina Cortez, informou que a imunização não seria a melhor saída.

O mais eficaz mesmo é a prevenção e mapear os casos mais graves. "Estamos agora fazendo a análise dessas 428 fichas para saber o cenário atual e mapear quais os casos que podem ou não ser gripe A", frisou.

Gravidade

133 Casos de gripe A foram registrados pelo Ministério da Saúde no País até outubro de 2011. Pedra Branca já tem mais que três vezes o total do Brasil

MUNICÍPIOS VIZINHOS
Doença pode se espalhar

Se os moradores de Pedra Branca, no Interior do Ceará, parecem estar em pânico, esse clima pode se expandir também para outras localidades. É que um caso suspeito de gripe A está sendo investigado na cidade de Quixadá, afirma o secretário de Saúde do Ceará, Arruda Bastos.

Conforme o titular da pasta, o caso é de um paciente que esteve no último fim de semana em Pedra Branca. "Ainda na quarta-feira, realizaremos a coleta de material para exame no Laboratório Central de Saúde Pública", afirmou Bastos.

Sobre a suspeita em Quixadá, o diretor administrativo do Hospital Regional Doutor Eudásio Barroso, Josué Paiva, o universitário, de 19 anos, chegou a apresentar, sim, sintomas semelhantes aos da doença, mas não há nada confirmado ainda de que a gripe A possa ter ganhado outras localidades da região.

O secretário Arruda Bastos comenta que, infelizmente, não é possível mensurar, com certeza, se os casos confirmados, tanto em Pedra Branca como em outros municípios, irão subir ou reduzir. O certo é que, segundo ele, medidas estão sendo tomadas. "Mandamos um helicóptero, três novos médicos e um estoque de medicamento reforçado com o envio de mais 500 caixas para o hospital da cidade", frisou Arruda Bastos.

Entretanto, para o proprietário de uma farmácia na região central de Pedra Branca, Nilton César, as ações não estão dando tão certo. "Não tem vacina na rede pública, mas tem nas clínicas privadas. Como pode isso? Eu fui até a Capital comprar umas doses e já vendi todas. Vieram umas 100 pessoas me procurar pedindo mais", frisa.

Cada dose única estaria sendo vendida por cerca de R$ 80. Já falta também álcool em gel e máscaras nas farmácias. Comentando que o pânico na cidade só aumenta, ele criticou a medida da gestão local de manter, inclusive, as escolas abertas.

O infectologista, diretor do Hospital São José, em Fortaleza, Anastácio Queiroz, afirma que o pior problema ainda é a precariedade das estruturas hospitalares no Interior do Ceará. "O fato dos casos, em Pedra Branca, não serem graves e as pessoas não estarem internadas, complica mais. Daí, os doentes não ficam em casa, estão nas ruas, contaminando os demais", comentou.

Prevenção

Em nota divulgada ontem, o Ministério da Saúde, condenou as práticas de imunização, disse que não são necessárias e muito menos eficazes, visto que o tempo de ação é longo. O ideal mesmo seria evitar a transmissão direta, lavar as mãos sempre e ficar atento aos sintomas da gripe A (H1N1), como febre alta, tosse, coriza e dificuldade intensa de respirar.

IVNA GIRÃO E SILVANIA CLAUDINO
REPÓRTERES

Técnica pode revelar consciência em paciente vegetativo

Técnicas de imagem do cérebro, como a ressonância magnética funcional e a eletroencefalografia, permitiram que pesquisadores detectassem um estado de "alerta consciente" (uma "consciência mínima") em pacientes no estado vegetativo.

O resultado poderia indicar uma chance de recuperação, embora remota; algo capaz de trazer tanto esperança quanto angústia para parentes de um paciente.


Editoria de Arte/Folhapress

O novo estudo foi publicado na revista médica "The Lancet". O trabalho mostrou, com uma técnica simples de eletroencefalografia, que três entre 16 pacientes diagnosticados como vegetativos mostraram esse sinal de alerta ao receber comandos verbais.

Lesões no cérebro podem afetar o nível de consciência. Um paciente em coma nem abre os olhos; já aqueles em estado vegetativo abrem os olhos e têm movimentos como virar a cabeça, mas não têm comunicação intencional nem percepção de si mesmos ou do ambiente. E as pessoas em estado minimamente consciente têm consciência flutuante.

"Determinar que alguém está em um estado minimamente consciente, e não em estado vegetativo, pode ser muito importante em termos de prognóstico. Nós sabemos que as chances de recuperação de um estado minimamente consciente são melhores do que as de um estado vegetativo", diz um dos autores, Adrian Owen, neuropsicólogo da Universidade de Ontario Ocidental.

Pacientes em coma que sobrevivem, em geral, acabam acordando e se recuperando gradualmente entre duas e quatro semanas, segundo um estudo de revisão da literatura médica assinado por Owen e mais dois colegas na "Lancet Neurology".

DECISÕES DIFÍCEIS

"Em muitos países, decisões sobre a continuação ou não do cuidado médico são raramente feitas em casos de estado minimamente consciente, são feitas com relativa frequência em casos de estado vegetativo, daí a importância do diagnóstico", diz.

Owen esteve em São Paulo para conferir palestra sobre o tema no Hospital Israelita Albert Einstein. "O encontro teve foco na aplicabilidade clínica de técnicas de imagem", diz Edson Amaro Júnior, coordenador do Instituto do Cérebro do Albert Einstein e pesquisador da USP.

"Eles têm tentado entender como obter uma informação a mais. São estudos preliminares", diz Amaro.

Esses dados estão indicando que entre 20% e 40% dos pacientes vegetativos poderiam estar em estado minimamente consciente, algo que mesmo a convivência de parentes com os pacientes já parecia indicar na prática.

Por exemplo, é comum um parente contar ao médico coisas como "hoje ele parecia estar olhando para mim", ou "ele parecia uma pedra", possíveis indicações de flutuação da consciência.

Owen e colegas fizeram testes requerendo a compreensão de dois comandos depois de ouvir um bipe: "tente imaginar que você está fechando a sua mão direita e depois relaxando-a" e "tente imaginar que está mexendo os dedões dos dois pés, depois relaxando-os".

Nenhum paciente mexeu os pés ou as mãos. Mas os cérebros de três pacientes reagiram ao comando verbal, modulando as respostas de eletroencefalografia de modo semelhante aos dos voluntários saudáveis testados como uma forma de "controle" do experimento.

AOS PARENTES

"Quanto ao que os médicos podem aconselhar aos parentes nessas circunstâncias, a resposta é que as técnicas que nós e outros estamos desenvolvendo estão aumentando as chances de que possamos chegar ao diagnóstico preciso, e aí estaremos informados sobre o provável prognóstico", afirma Owen.

As técnicas de imagem só agora estão começando a dar pistas sobre esses estados de consciência alterados.

"Nós não tínhamos nem como começar a investigar a questão, mas com a ressonância magnética funcional e eletroencefalografia podemos começar a fazer perguntas como 'eles podem experimentar emoções', 'será que sentem dor?'", conclui Owen. RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sobe para 13 o número de infectados com gripe A

Casos são leves e os pacientes não estão internados, afirma Sesa; exames laboratoriais não serão mais realizados

O número de pessoas infectadas pelo vírus Influenza A, doença conhecida como gripe A ou gripe suína, no município de Pedra Branca, subiu para 13. A confirmação veio na tarde de ontem, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), após receber os resultados do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen- CE).

Das 18 amostras enviadas ao Lacen, dois casos foram descartados e três serão reprocessados. Ao todo, são 286 pessoas suspeitas de ter a gripe A. Segundo o coordenador de promoção e proteção à saúde da Sesa, Manoel Fonseca, esses casos devem vir a ser confirmados por meio de avaliações clínicas. “Não faremos mais exames laboratoriais, iremos fazer apenas a investigação dos sintomas”, informou Fonseca.
O coordenador informou que todos os casos são leves e nenhum dos 13 infectados estão internados, ou seja, todos fazem o tratamento preconizado em casa.

Entre as medidas implementadas no município pela Sesa, está incluso o envio de Fosfato de Oseltamivir 75 mg (500 unidades) e Zanamivir 5 mg (480 unidades), utilizado em casos de intolerância à droga de primeira escolha (Oseltamivir).

Todos os dados acima citados estão nas duas notas lançadas, ontem, pela Secretaria. A primeira é um comunicado técnico, que recomenda atenção especial da comunidade médica às alterações sintomáticas que ocorrerem em pacientes que apresentem fatores de risco para a complicação por Influenza.
Além disso, todos os óbitos que vierem a ocorrer por complicações respiratórias, independentemente dos sintomas, serão considerados como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Assim, eventuais mortes por gripe suína serão enquadradas em óbitos por SRAG.

A segunda é uma nota de alerta que mostra o cenário atual vivido em Pedra Branca e alerta para intensificação das ações de controle e prevenção da gripe suína no município.

Sobre a eficácia do sistema de vigilância epidemiológica da Sesa, o responsável pela pasta, Arruda Bastos, informou que esta tem sido bastante competente, tendo em vista o controle dos casos em uma semana. “Isso prova que estamos fazendo estes exames periodicamente para não deixar que o vírus se expanda”, considerou Arruda.

Já Manoel Fonseca destacou que, somente daqui a um mês, será possível saber como se dará a expansão da doença. “Não estamos em fase de expansão epidemiológica, que se dá principalmente em épocas de chuvas, mas também não podemos dizer que isso não vai acontecer, pois as pessoas circulam”, alertou o coordenador.

Começo do surto

Observou-se, no pronto atendimento do Hospital Municipal de Pedra Branca, entre os últimos dias 18 e 23, um aumento do número de atendimentos de alunos da Escola de Ensino Profissional Antônio Rodrigues de Oliveira. Foram atendidos 51 estudantes e um professor, além de 20 pessoas que não fazem parte do grupo escolar, mas que mantinham contato com os adolescentes acometidos pela doença.

Os principais sintomas apresentados pelos pacientes foram febre, tosse, dor de cabeça, na garganta e no corpo.

Risco

286 pessoas estão sob suspeita de ter a doença. A confirmação deve ser feita com base em avaliação clínica, ou seja, de investigação dos sintomas

Expectativa
Setor turístico acredita que surto não traz prejuízos

O trade turístico do Estado não acredita que o surto venha prejudicar a atração para Fortaleza durante o réveillon e as férias de janeiro. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hoteis do Ceará (Abih-CE), Régis Medeiros, a expectativa de ocupação dos 26.380 mil leitos da Capital continua positiva.
“Estamos com uma expectativa para o Réveillon de 95% a 99% de ocupação. Já para janeiro, essa taxa está em 90%. A preocupação é em como acomodar estes visitantes, tendo em vista a alta demanda”, disse .

Questionado sobre o reflexo deste surto para o turismo local, o governador do Estado, Cid Ferreira Gomes, comentou que a saúde é uma preocupação permanente independente de qualquer questão externa relacionada ao turismo. “A gente tem que cuidar da saúde da nossa população. Isso foi identificado. A Secretaria procurou isolar as pessoas. Acompanhamento, monitoramento. É perfeitamente possível, e estamos fazendo todo o esforço para isso, para deixar (o surto) localizado”.

Thays Lavor
Repórter

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Com surto de gripe A, moradores de Pedra Branca (CE) usam máscaras

Sala de notificações é montada no hospital municipal para monitorar casos.
Secretários de governo debatem estratégias de prevenção.

Elias Bruno Do G1 CE, em Pedra Branca

“Desde que o surto começou, só ando com máscara, ainda mais depois que minha mulher adoeceu”, disse o motociclista José Ivanildo. (Foto: Elias Bruno/ G1 Ceará)José Ivanildo diz que começou a usar máscara desde que teve notícias do surto (Foto: Elias Bruno/ G1 Ceará
Sala do hospital é reservada para controle de notificações  (Foto: Elias Bruno/ G1 Ceará)Sala do hospital é reservada para controle de
notificações (Foto: Elias Bruno/ G1 Ceará)

Os moradores de Pedra Branca, cidade do interior do Ceará que apresentou surto de gripe A, segundo a secretaria de saúde do Estado, transitam com máscaras pelas ruas para se prevenir contra a doença. “Desde que o surto começou, só ando com máscara, ainda mais depois que minha mulher adoeceu”, disse o motociclista José Ivanildo. Neste domingo (27), o atendimento foi reforçado no Hospital Municipal São Sebastião, onde uma sala foi reservada para receber pacientes com sintomas suspeitos e realizar a notificação dos casos. A manhã foi marcada pela chegada de pacientes de idades diversas procurando atendimento e por uma reunião com autoridades do município e o secretário de Saúde do Ceará, Arruda Bastos.

A reunião teve objetivo de ressaltar as orientações repassadas aos pacientes com sintomas suspeitos. “Quem tiver com os sintomas e não instituir o tratamento nas primeiras 48 horas pode contribuir para a proliferação. É necessário que essas pessoas permaneçam em casa por sete dias e evitem aglomeração”, orienta Arruda Bastos. A declaração do secretário em evitar ocasiões que aglomerem pessoas neste momento foi feita durante o fim de semana quando ocorreu uma vaquejada, uma das principais atrações do calendário turístico do município.

Ainda de acordo com Bastos, a prioridade de prevenção será mantida, contemplando gestantes, profissionais de saúde, crianças com menos de dois anos de idade e pacientes com complicações no quadro clínico. O secretário de Saúde disse também que um técnico do Ministério da Saúde será enviado nesta segunda-feira ao município para acompanhar o trabalho de prevenção e monitorar o quadro de pacientes que apresentam os sintomas. “O Ministério também garantiu que vai enviar todo o estoque de medicamentos necessários para a cidade de Pedra Branca”, completou.

Reunião teve a presença de secretários de governo do município e do Estado (Foto: Elias Bruno/ G1 Ceará)Reunião teve a presença de secretários de governo do município e do Estado (Foto: Elias Bruno/ G1 Ceará)

Gestantes e municípios vizinhos
De acordo com a administração do hospital São Sebastião, onde também funciona uma maternidade, as consultas de pré-natal foram remarcadas para a segunda quinzena de dezembro com o intuito de preservar e proteger as gestantes do risco de contaminação. Representantes da Secretaria Regional de Saúde informaram também que outros municípios do Sertão Central, região da cidade de Pedra Branca, já estão sendo monitorados e devem acionar imediatamente o setor de epidemiologia do Estado caso chegue uma grande demanda de pacientes com os sintomas de gripe A nos hospitais locais.

domingo, 27 de novembro de 2011

Dente limpo protege coração

Estudo mostra que fazer higiene bucal reduz os riscos de doenças cardíacas e derrame

POR CLARISSA MELLO

Rio - Um estudo feito com mais de 100 mil pessoas revelou que fazer limpeza bucal no dentista reduz riscos de ataque cardíaco e derrame. Segundo pesquisadores do Hospital Geral de Veteranos em Taipei (Taiwan), quem faz a higiene bucal com especialistas têm 24% menos risco de sofrer um ataque cardíaco e 13% menos risco de ter um derrame, comparadas com pessoas que nunca fizera limpeza dental.

“A proteção contra doenças cardíacas e derrame se mostrou maior em participantes que faziam o tratamento de higiene pelo menos uma vez por ano”, afirmou o cardiologista Zu-Yin Chen, que apresentou o estudo durante o Encontro Científico da Associação Americana do Coração, no último domingo.

Segundo o cirurgião-dentista Rafael Metropolo, uma higiene malfeita aumenta o risco de proliferação de bactérias na boca que podem invadir a corrente sanguínea.

“O corpo produz substâncias para combater essas inflamações, o que aumenta a chance de formação de trombos (coágulos). Isso pode entupir as veias. Se a artéria tiver ligação com o cérebro, pode causar AVC. Se for com o coração, infarto. Quando a higiene é feita corretamente, há menor risco de infecções nas gengivas e menor risco desses problemas”, explica.

Já o coordenador do Núcleo de Atendimento Odontológico ao Cardiopata do Instituto Nacional de Cardiologia, Paulo Moreira, lembra que 40% das infecções no endocárdio (camada interna do coração) e nas válvulas têm origem na boca. Por isso, segundo ele, pacientes com problemas cardíacos devem se preocupar ainda mais com a limpeza dos dentes.

“A boca é uma porta de entrada para bactérias. Tratar da condição bucal de cardiopatas significa ter menos infecções, reinternações e necessidade de novas cirurgias”, ressalta o especialista.

Máquinas de refrigerante com alta contaminação

Análise da UFRJ revelou presença de fungos e bactérias em todas as saídas de latinhas

POR GISLANDIA GOVERNO

Rio - A praticidade de recorrer a máquinas de refrigerantes para matar a sede ao simples apertar de um botão pode custar caro à saúde. Estudo do Laboratório de Microbiologia da UFRJ revela alto grau de contaminação por micro-organismos nos reservatórios em que as latinhas são despejadas. A concentração de bactérias chegou a 720.000 por cm², muito acima do limite de 50 por cm² determinado pela Organização Pan Americana de Saúde (OPAS). São fungos e bactérias e coliformes fecais, que representam risco invisível.

Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Arte: O Dia

As amostras foram coletadas em sete máquinas de auto-atendimento no campus da universidade no Fundão. Todas apresentaram contaminação e 87% tinham carga elevada de micro-organismos. “As máquinas analisadas são semelhantes às de metrô, bares, colégios e hospitais”, explica a pesquisadora Ana Favilla, aluna da UFRJ.

Foram feitas três análises de cada aparelho, com intervalo de 30 dias. Em todas foi detectada alta contagem de bactérias. Havia coliformes em 43% delas, e em 57,1%, fungos em contagens elevadas. Entre os riscos estão infecções gastrointestinais, como salmonelose e rotavirose (diarreia e vômitos são sintomas), e focais (no contato com mucosas, feridas na pele, olhos e boca, podendo causar micoses) e até hepatite A.

“A higiene dessas máquinas, cujo reservatório é aberto, é inadequada. A poeira acumulada é aparente. Por não disponibilizarem canudos ou copos, não fica outra opção a não ser colar a boca diretamente na latinha”, critica o professor de Microbiologia Marco Antônio Lemos Miguel, que coordenou o estudo.

Ele destaca que o objetivo da pesquisa é alertar o consumidor para os riscos de contaminação por sujeira e para a necessidade de os pontos de venda disponibilizarem canudos, copos ou pré-embalagem nos produtos que são levados à boca.

Foto: Fernando Souza / Agência O Dia

Fabricante de bebida contesta os resultados

Estima-se que o Brasil tenha 45 mil ‘vending machines’, segundo a Associação Brasileira de Vendas Automáticas. Boa parte delas é personalizada por marcas como Coca-Cola e Pepsi.

A Rio de Janeiro Refrescos, fabricante regional da Coca-Cola, que opera os aparelhos com a marca do refrigerante, contesta o estudo e esclarece que “as vending machines são sujeitas à observância de rigorosos processos de instalação, manutenção preventiva e sanitização. Em função do projeto destes equipamentos, a lata cai deitada. A tampa não mantém contato direto com a superfície do compartimento externo, só a sua superfície lateral. Desta forma, seriam imprescindíveis testes microbiológicos na tampa das latas”. A Ambev, responsável pela Pepsi, diz que higienização das máquinas é responsabilidade das empresas que as administram.

‘Compartimentos deveriam ser, no mínimo, fechados’, diz professor

Para o professor Marco Miguel, a sujeira aparente nos reservatórios das máquinas de auto-atendimento é um sério risco. “A sujeira vem do chão, o compartimento é aberto, e a poeira entra por todos os lados. É um ambiente quente que pode até acolher animais, como um gato, que procura lugar quente, pombo, rato, fora os insetos. Ao pisar, as pessoas carregam germes de esgoto no sapato. Essa poeira pode ser carregada para aquele compartimento, que deveria ser, no mínimo, fechado”, comenta.

Consumidores surpresos


Consumidor fiel dos refrigerantes das ‘vending machines’, o estudante Guilherme Lourenço, 27 anos, ficou supreso ao saber do resultado da análise da UFRJ.

“Às vezes acontece de eu pegar uma latinha na máquina com um pouco de poeira. Mas é uma coisa em que a gente nem se liga no dia a dia: esfrega um guardanapo e acha que está tudo bem. O jeito é confiar na defesa do nosso organismo”, comenta.

A vendedora Cláudia Ribeiro, 24, acha que deveria haver canudos nas máquinas: “Não tem como lavar a lata se ela estiver suja. Mas na hora em que a sede aperta, a gente nem pensa nos riscos”.

CUIDADOS

HIGIENE
O ideal é lavar a parte da tampa da latinha com água e sabão ou detergente. Se não for possível, utilize canudo ou copo plástico.

CANUDOS
Eles devem estar protegidos por plástico.

PASSAR PAPEL
A pesquisadora Ana Favilla destaca que não adianta limpar a sujeira da lata esfregando guardanapo ou pano: “Só espalha a contaminação”.

LÍQUIDO
Se a lata estiver com sujeira e, ao utilizar um canudo, ela cair no líquido, não há riscos. “A bebida tem acidez, que acaba matando os germes”, explica o professor Marco Miguel.

sábado, 26 de novembro de 2011

Secretaria municipal confirma casos de gripe A em cidade do Ceará

A secretaria municipal da cidade de Pedra Branca, a 261 km de Fortaleza, confirmou neste sábado (26) casos da gripe A (H1N1) na cidade. De acordo com a secretária municipal da saúde, Tânia Parente, 11 casos foram confirmados até o momento. Entre as pessoas que apresentaram os sintomas da doença, estão 50 alunos de uma mesma escola.

Os exames foram realizados no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), ligado à secretaria estadual da saúde do Ceará, e os resultados saíram na noite desta sexta-feira (25).

De acordo com a diretora do hospital municipal de Pedra Branca, Geânia Landim, os casos são "leves e moderados''. Segundo ela, até o dia 24 último foram notificados 71 casos no município, sendo 50 de alunos da escola técnica Antônio Rodrigues de Oliveira.

De acordo com Geânia, na segunda-feira (21), 25 alunos da escola procuraram o hospital da cidade com sintomas da doença, que são febre alta, dor de cabeça, dor generalizada no corpo e vômitos. No dia seguinte, pelo menos outros 20 alunos da escola deram entrada no hospital com os mesmos sintomas. A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará foi acionada e esteve no município colhendo material para exames na quarta-feira (23).

Medidas preventivas
As 11 pessoas doentes já estão em casa, sendo medicadas e utilizando máscaras e álcool em gel para evitar o contágio de outros, de acordo com a secretaria municipal. Desde quinta-feira, segundo Geânia, uma equipe está de plantão no hospital do município e notifica os novos casos ao setor de epidemiologia da secretaria estadual. Quem chega ao hospital com os sintomas recebe aplicações de álcool em gel nas mãos. Orientações contra a doença estão sendo veiculadas nas rádios locais da cidade.

As armadilhas dos analgésicos

Especialistas registram o aumento do consumo de remédios contra a dor e alertam para os graves efeitos colaterais que isso pode causar, inclusive dependência

Francisco Alves Filho e Monica Tarantino

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Um levantamento realizado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão do governo americano, divulgado recentemente acendeu um alerta vermelho para médicos e pacientes de todo o mundo. A pesquisa revela que, nos Estados Unidos, o número de mortes por overdose de analgésicos triplicou de 1990 a 2008. No último ano coberto pelo estudo, foram registrados 14,8 mil óbitos. A informação agrava a preocupação das autoridades mundiais de saúde em relação ao crescimento do consumo dessa classe de medicamentos, indicada para o alívio da dor. De acordo com a consultoria internacional IMS Health, de 2006 a 2010 o mercado global desses remédios teve crescimento de 27%. No Brasil, o segmento movimentou US$ 902 milhões em 2010, magnitude que torna o País líder de consumo entre as nações emergentes e sexto maior mercado do mundo, à frente de países como Japão e Espanha.

Para se compreender as origens e as consequências desse problema, é necessário enxergar dois aspectos. Primeiro, deve-se entender as diferenças entre os tipos de analgésicos. Basicamente, há os comuns, aqueles comprados em farmácia e sem receita médica; os anti-inflamatórios com efeito analgésico, também geralmente comercializados sem dificuldade; e os narcóticos, que usam em sua formulação substâncias derivadas do ópio e necessitam de prescrição. São estes os responsáveis pelas mortes por overdose registradas no relatório americano.

Depois, não se pode analisar esse fenômeno sem respeitar as particularidades de cada país, principalmente quando se buscam respostas para explicar o aumento do consumo. Tome-se a situação dos Estados Unidos, por exemplo. Por lá, a prevalência é de consumo abusivo de opioides. No Brasil, o consumo é maior de analgésicos comuns ou anti-inflamatórios com efeito analgésico. “E precisamos usar mais opioides, porque eles aliviam a dor oncológica e outras dores agudas”, diz o neurologista João Batista Garcia, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor. “O fato de não usarmos tanto esse tipo de remédio resulta no sofrimento de muitos pacientes.” Em comum a qualquer nação está a realidade de que, em geral, os indivíduos apresentam baixa tolerância à dor, preferindo recorrer às medicações.

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O fato é que o abuso no consumo dos remédios – opioides ou comuns – tornou-se um dos maiores desafios da medicina atual. Na medida certa, eles aliviam a dor. Mas, em excesso, podem ser extremamente ameaçadores à saúde. Por aqui, uma das categorias mais usadas incorretamente é a de medicamentos contra dor de cabeça, normalmente vendidos sem receita médica. E o que a maioria dos pacientes desconhece é que, quando há consumo sem orientação adequada, corre-se o risco de desenvolver a chamada cefaleia de rebote, causada justamente pela ingestão acima do recomendado. Um trabalho feito pelo neurologista Ariovaldo Alberto Júnior, diretor da Sociedade Brasileira de Cefaleia, ilustra bem esse problema. Em um estudo na cidade mineira de Capela Nova, o médico descobriu que 3,6% da população, de apenas dois mil habitantes, tinha dor de cabeça diariamente. “A principal causa era o uso abusivo de analgésicos”, disse.

A partir da constatação, foi implantado na cidade um programa de desintoxicação que já dura oito meses e inclui iniciativas de educação para os médicos – o objetivo é que parem de indicar analgésicos indiscriminadamente. O programa é semelhante a outro, aplicado também pela equipe do neurologista mineiro, no Tribunal de Contas de Minas Gerais. De mil funcionários, 43% tinham dor de cabeça todos os dias. Os empregados foram acompanhados por quatro meses e verificou-se a redução de mais de 50% da ocorrência da dor e da utilização de remédios. O trabalho foi apresentado no congresso deste ano da Academia Americana de Cefaleia.

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A lista de prejuízos provocados pela utilização excessiva de remédios contra dor de cabeça é mais ampla. “O abuso pode causar lesão renal ou sangramento gastrointestinal”, afirma a neurologista Norma Fleming, coordenadora do Ambulatório da Clínica da Dor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. De maneira geral, esses danos são os mesmos causados por todos os outros tipos de analgésicos consumidos incorretamente. Há outros efeitos colaterais, porém que precisam ser lembrados. “O exagero na ingestão pode ocasionar sérias complicações hepáticas e aumenta os riscos de surdez especialmente após os 60 anos, além de interferir na formação das células do sangue”, explica o pediatra e toxicologista Anthony Wong. Ele é um dos maiores especialistas mundiais no assunto e diretor do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Essas eram até agora as armadilhas mais conhecidas. No entanto, outras, igualmente graves, estão sendo identificadas por pesquisas mais recentes. Na semana passada, cientistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, analisaram 663 pacientes encaminhados à Unidade Escocesa de Transplante de Fígado por causa de problemas no órgão induzidos pelo uso do paracetamol, um dos analgésicos mais usados. Essas pessoas foram observadas por seis anos. Nesse período, os pesquisadores descobriram que os 161 pacientes que abusaram continuamente desses remédios, excedendo frequentemente a dose limite, tiveram efeitos colaterais piores do que aqueles que tomaram uma grande quantidade de comprimidos de uma única vez. Esse tipo de overdose escalonada, como definiram os pesquisadores, aumentou a gravidade das lesões e os riscos dessas pessoas de morrer. “Eles não tomaram overdoses grandes e únicas, aquelas que ocorrem em um único momento. Mas no decorrer do tempo o dano se acumula e o efeito pode ser fatal”, disse Kenneth Simpson. O trabalho foi publicado na revista científica “British Journal of Clinical Pharmacology”.

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Na Dinamarca, uma pesquisa traçou uma relação entre o uso de analgésicos comuns e alguns tipos de arritmia cardíaca. A pesquisa avaliou mais de 30 mil pacientes e concluiu que esses medicamentos podem levar a dois tipos de descompassos nas batidas do coração: a fibrilação atrial e o flutter atrial. Ambos aumentam o risco de paradas cardíacas, derrames e óbito. O trabalho analisou o impacto de dois tipos muito usados contra a dor, os anti-inflamatórios com efeito analgésico não esteroides e os de nova geração, conhecidos como inibidores seletivos COX-2.

Alguns estudos estão jogando luz particularmente sobre os riscos do consumo exagerado na gravidez e infância. Um deles, feito nos Estados Unidos, avaliou o impacto do uso de opioides nesse período. Segundo o CDC americano, o uso de substâncias como a codeína, a oxicodona ou a hidrocodona, antes ou no início da gestação, está relacionado, em alguns casos, a defeitos como espinha bífida, hidrocefalia e glaucoma congênito. Os cientistas também acreditam que os remédios elevam aproximadamente duas vezes os riscos de o bebê ter a síndrome de hipoplasia do coração esquerdo (um dos defeitos cardíacos mais críticos). A última pesquisa, divulgada na semana passada, mostrou que um dos riscos da dose errada dos opioides é a desidratação infantil. “Esses remédios são sedativos e, por isso, muitas crianças não comem ou bebem tanto quanto de costume. Elas não acordam ou não conseguem ingerir a quantidade necessária sob efeito das medicações”, disse à ISTOÉ William Basco, diretor da divisão de Pediatria Geral da Universidade Médica da Carolina do Sul (EUA) e autor do trabalho. Esses remédios também tornam a respiração mais lenta. Em alta quantidade, isso pode levar à parada respiratória e até matar.

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Uma das circunstâncias mais delicadas ao se investigar o problema é estabelecer quando há exagero no consumo e se pode determinar que uma pessoa tornou-se dependente. As situações de abuso, para os especialistas, ficam caracterizadas quando a pessoa começa a tomar o medicamento além da dose indicada. Ela acredita, por exemplo, que uma aspirina só não vai fazer efeito e toma duas. Ou ingere um comprimido e não espera o tempo necessário para que os efeitos se apresentem e já quer tomar outro. Mais um sinal importante é tomar o analgésico preventivamente, sem ter sintoma algum.

A dependência é mais grave e mais comum em relação a medicamentos da categoria dos anti-inflamatórios e derivados de opioides. “Para configurar o quadro de dependência, observamos sinais físicos e psicológicos”, diz a médica Rioko Sakata, coordenadora do Instituto da Dor da Universidade Federal de São Paulo. Nessa situação, a pessoa sente falta do remédio, mesmo sem ter os sintomas de qualquer doença, e não consegue deixar de tomá-lo, ainda que queira evitar. Pode haver também um aumento da tolerância: a pessoa necessita tomar cada vez mais comprimidos para ter o mesmo efeito. Na ausência do remédio, o indivíduo pode apresentar sintomas de síndrome de abstinência, como boca seca, irritação e taquicardia.

Entre os mais sujeitos à dependência dos analgésicos opioides estão portadores de fibromialgia (doença caracterizada por dor generalizada no corpo) e de dor de coluna. Também estão sob essa ameaça os profissionais de saúde. “São médicos, especialmente anestesistas, cirurgiões, emergencistas e profissionais de farmácia e de enfermagem”, diz o psiquiatra Marcelo Niel, do Programa de Assistência a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo Proad/Unifesp.

Os caminhos que levam à dependência são iguais aos que empurram à dependência de drogas ilícitas. A exemplo da cocaína e da maconha, os opioides atuam na liberação de substâncias associadas aos mecanismos de recompensa. “Quanto mais prazer a droga estimula e libera, maior o risco de se sentir dependente porque a pessoa fica com um registro dessa sensação no cérebro”, explica Niel. “E é uma sensação tão boa que o cérebro quer repeti-la a todo momento.” No cérebro das pessoas que efetivamente se tornam dependentes, essa onda de alívio da dor ou prazer oferecida pelos medicamentos é interpretada como um convite irrecusável.

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PERIGO
A médica Norma Fleming alerta para o risco de lesões renais

Com ajuda especializada, porém, é possível deixar de ser dependente. Há pelo Brasil alguns centros especializados na ajuda a pacientes. É uma batalha difícil, mas que pode ser vencida. A estratégia começa por uma fase de desmame. Ou seja, diminuir o consumo gradativamente. No caso dos analgésicos comuns, há duas formas de se fazer isso. Uma delas é tratar o paciente em casa. A medicação abusiva é retirada e são indicados outros medicamentos para controlar o problema de saúde que deu origem ao uso do remédio, como uma dor nas costas. Os especialistas também ensinam a usar os recursos farmacológicos para prevenir crises, o que é feito sob monitoramento. Mas há também situações em que o paciente sente enorme dificuldade de evitar os analgésicos ou tem sintomas muito intensos. “Essas pessoas poderão ser internadas por um período que vai de dez a 15 dias”, explica o neurologista Antonio Cezar Galvão, do Centro de Dor do Hospital Nove de Julho, em São Paulo. O processo todo demora, em média, de dois a três meses.

Quando a dependência é de opioides, o processo de desmame é um pouco mais complicado porque há risco de síndrome de abstinência. “Não podemos interromper subitamente o uso de opioides”, explica o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Proad. “Se isso for feito, a pessoa pode correr risco de vida. Alguns pacientes apresentam taquicardia e queda da pressão, por exemplo.” A droga mais usada para ajudar no desmame é a metadona. “Em 15 dias é feito o desmame de opioides mais fracos, como a codeína. Depois dessa fase, o paciente faz psicoterapia de apoio para não voltar a consumir o remédio”, completa o psiquiatra. Com derivados de ópio mais fortes, como a dolantina, o tratamento pode demorar mais.

Terapias complementares também ajudam. Entre elas, a acupuntura e a quiropraxia. Esta consiste em um conjunto de técnicas manuais – com ênfase na manipulação das articulações – usado para auxiliar no tratamento de desordens neuro-músculo-esqueléticas. “A técnica ajuda a devolver a mobilidade sem dor”, diz o quiropraxista carioca Lucas Rech.

O melhor remédio para prevenir o abuso, no entanto, é a informação para conscientizar as pessoas dos riscos, disse a ISTOÉ Priya Bahri, da Agência Europeia de Medicamentos (Emea). Em uma conferência recente realizada na Índia, ela mostrou que mais da metade dos meninos e meninas americanos e europeus usam analgésicos todo mês para tratar dores de cabeça. “É na adolescência que se formam os hábitos de saúde. Por isso, é necessário levar informações aos jovens para que aprendam a se proteger”, diz Bahri.

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Brasil deverá ter mais de meio milhão de casos de câncer em 2012

Doenças de pele, próstata e mama estão entre os tipos mais comuns

Agência Brasil

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O Brasil deverá ter 520 mil novos casos de câncer no próximo ano. Entre os tipos mais comuns da doença estarão o câncer de pele não melanoma (menos grave), próstata e mama. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (24) pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), na Estimativa 2012 – Incidência de Câncer no Brasil.

Segundo o Inca, a doença deve atingir, na mesma proporção, homens e mulheres no país. O câncer de pele não melanoma é o mais comum nos dois sexos. De acordo com o coordenador de Ações Estratégicas do Inca, Cláudio Noronha, o número de casos da doença no país vêm aumentando devido ao envelhecimento da população brasileira.

Os homens são mais afetados pelos cânceres de próstata, seguido pelos de pulmão, cólon e reto, estômago, boca, laringe e bexiga. Entre os tumores masculinos, o de próstata é o mais comum em todas as regiões brasileiras. No Sudeste, o segundo tipo mais comum é o de cólon e reto. No Norte e no Nordeste, é o de estômago que apresenta o segundo maior número de casos.

As mulheres deverão sofrer mais com o de mama, colo de útero, cólon e reto e o da glândula tireoide, que pela primeira vez, aparece entre os cinco tipos de câncer mais comuns entre o sexo feminino. Outros tipos que mais atingirão as mulheres serão os de pulmão, estômago e ovário. O câncer de mama é o tipo de câncer feminino mais comum nas regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste. Na região Norte, o câncer de mama é o segundo mais incidente, ficando atrás do de colo de útero.

Ainda é tempo

Segundo Cláudio Noronha, de 85% a 90% dos casos de câncer estão relacionados ao estilo de vida das pessoas, o que significa que mudanças de hábitos pessoais podem reduzir bastante o risco de desenvolver a doença. “O principal fator de risco ambiental é o tabagismo, que, por si só, é responsável por quase um terço dos casos de câncer, principalmente os de pulmão, de boca, de laringe, esôfago, estômago e bexiga”, disse Noronha.

Segundo ele, hábitos como a prática de exercícios físicos e uma alimentação saudável, além da não ingestão de bebidas alcoólicas, podem reduzir o risco de câncer. E, uma vez desenvolvida a doença, diagnósticos precoces são importantes para reduzir a letalidade do câncer.

Neste ano, pela primeira vez, o estudo inclui estimativas para cânceres de bexiga, ovário, tireoide (nas mulheres), sistema nervoso central, corpo do útero, laringe (nos homens) e linfoma não-Hodgkin.

Em seu último estudo, publicado em 2009, o Inca previu que, em 2010, 490 mil pessoas seriam afetadas pela doença em todo o país. As estimativas de anos diferentes não podem, no entanto, ser comparadas, devido a diferenças metodológicas entre elas.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Entenda por que quimioterapia provoca queda de cabelos

MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO

A queda do cabelo durante o tratamento de câncer, por causa da quimioterapia, é o segundo impacto sentido pelo paciente no enfrentamento da doença, depois do diagnóstico, segundo a psicóloga Samantha Moreira, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira.

"Significa perceber-se doente e perder a imagem corporal", afirma o oncologista João Paulo Lima, do Hospital de Câncer de Barretos.


Editoria de arte/Folhapress

Esse efeito colateral abala mais as mulheres, que, sem os cabelos, podem sentir uma perda da feminilidade. Mas os homens também ressentem a perda de cabelo e barba. É o caso do bancário Leandro Ferreira, 26, que trata um câncer de testículo.

Ao ver o cabelo cair em tufos e ficar cheio de falhas por causa da quimioterapia, ele preferiu raspar a cabeça --o mesmo fez o "[ex-presidente Lula raspou o cabelo]": http://www1.folha.uol.com.br/poder/1007488-em-tratamento-contra-cancer-lula-raspa-cabelo-e-barba.shtml, para se antecipar ao efeito dos medicamentos.

"É dolorido, cheguei a chorar. Por mais que eu tivesse pouco cabelo, ele estava ali, e tirá-lo foi algo imposto, não foi uma opção minha."

Uma dificuldade, conta Leandro, é enfrentar os olhares das pessoas na rua.

"Acho que a careca de quem tem câncer é diferente. A pele fica mais fina. As pessoas olham, medem e pensam: 'Ele está com câncer'."

Segundo Lima, o que mais preocupa os homens é a manutenção da independência e a impotência sexual.

João Marcelo Knabben, 26, faz tratamento contra um tumor que apareceu na língua e atingiu o olho esquerdo. Ele temia mais a náusea e a diarreia, também efeitos colaterais da químio, do que a queda dos cabelos. "Acho até que fiquei melhor com a cabeça raspada."

A dermatologista do Inca (Instituto Nacional de Câncer) Fernanda Tolspoy afirma que a reação depende da vaidade de cada paciente. "Para muitos homens, a perda da barba que cultivam há anos é traumática."

POR QUE CAI

Os remédios usados contra câncer atacam as células que estão se dividindo mais rápido, característica das células do tumor.

Mas as células que dão origem ao cabelo também se replicam em alta velocidade e, por isso mesmo, são mortas pelo tratamento por tabela.

Na radioterapia, a queda dos cabelos é rara, mas a pele pode ficar envelhecida.

Na químio, o cabelo pode cair de forma mais rápida ou gradual, em forma de tufos.

Para evitar as falhas, muitos raspam o cabelo. "É uma forma de encarar a doença de frente, dizer: 'É isso, estou com câncer'", diz Tolspoy.

Foi assim que Rosimeire Venturini, 44, que se trata de um câncer de mama, encarou a perda dos cabelos.

"Você tem de tomar decisões, e é preciso ter coragem para assumir que tem câncer e dizer: 'É hora de lutar'."

Ela conta que, no início do tratamento, deixou o cabelo bem curto. Ao se olhar no espelho, teve uma crise de choro. "Agora que voltou a crescer, pensei: 'Estou chegando à fase final do tratamento, estou vencendo'."

Você tem alergia a quê?

Novo exame informa se a pessoa é alérgica a mais de 100 proteínas, presentes em 21 alimentos

Michel Alecrim

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RESPOSTA
Flavia demorou para descobrir que tinha alergia a lactose e a gengibre

Um novo teste promete ajudar no tratamento de pessoas com alergia alimentar, mal que atinge cerca de 8% das crianças e até 4% dos adultos. A partir de uma amostra de sangue, o exame detecta a reação a 103 proteínas presentes em 21 alimentos e a vários outros alérgenos. Os exames até então disponíveis não especificavam a proteína que causava a reação. Indicavam somente o alimento. Por ser mais abrangente, o recurso auxilia na descoberta de alergia a alimentos sobre os quais não pairavam suspeitas.

Por enquanto, o Isac (abreviação de Immuno Solid-phase Allergen Chip) só é realizado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Mas a previsão é de que em poucos meses as grandes redes de laboratórios adotem a técnica. A médica Renata Cocco, envolvida com a aplicação do método no hospital paulistano, explica que o teste pode auxiliar ainda no diagnóstico da alergia cruzada, quando, a partir da reação a um produto como o látex, surge intolerância a alimentos como banana, por exemplo.

Opções como essas contribuem para que histórias como a da empresária Flavia Cetra, do Rio de Janeiro, se repitam cada vez menos. “Demorei a descobrir que a indigestão que tinha vinha dos alimentos”, conta. Flavia trocou o queijo pelo tofu por causa da alergia a lactose. E depois descobriu que também não podia comer gengibre.

Os especialistas observam o crescimento de casos e discutem o que pode estar acontecendo. “O uso de antiácidos pode estar por trás da maior incidência”, afirma Fábio Castro, da Universidade de São Paulo. Os remédios podem reduzir a capacidade digestiva do organismo. Outra fonte são as comidas industrializadas, cujos aditivos e conservantes costumam provocar reações. “Além disso, as mães deixam de amamentar cedo, o que contribui para o problema”, diz Flávia Janólio, diretora da Associação Brasileira de Aler­­­­gia e Imunopatologia.

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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Kit com spray promete acabar com as cicatrizes

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Quer perder a marca de uma cicatriz – ou ao menos melhorar a aparência feia que ficou? Um novo produto promete resolver esse problema para você. O Kit ReCell foi desenvolvido para tratar queimaduras, feridas, hiper ou hipo-pigmentação (o popular albinismo). Segundo a empresa responsável, a estrangeira Avita Medical, a pele fica como se nunca tivesse sido danificada, especialmente em pessoas mais jovens.

Funciona assim: o produto colhe os queratinócitos e os melanócitos do paciente – que são os blocos de construção das células da pele – e os coloca em uma solução que permite a multiplicação. Uma área de cerca de 80 vezes maior que a amostra original pode ser produzida em menos de meia hora. Depois disso, as novas células são pulverizadas pelo spray sobre a queimadura, onde irão se multiplicar ainda mais. Diferente de outros tratamentos, não há qualquer risco de rejeição ou doença, já que as células são do próprio paciente.

O kit já foi aprovado para comercialização na Europa, Austrália e Canadá, mas está ainda em fase de experimentos clínicos nos Estados Unidos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

ONU vislumbra fim da epidemia de Aids e elogia Brasil

Relatório divulgado pela organização destaca a resposta completa e antecipada do Brasil, que garantiu o "acesso aos serviços de prevenção e tratamento do HIV para as pessoas mais vulneráveis e marginalizadas"

AFP

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Trinta e quatro milhões de pessoas eram portadoras do vírus HIV, o vírus da Aids, em 2010, um número recorde atribuído em grande medida à generalização de tratamentos que prolongam a vida dos soropositivos e estimulam a esperança de erradicar a pandemia, anunciou a UNAIDS, órgão das Nações Unidas, nesta segunda-feira (21). O relatório destaca a resposta completa e antecipada do Brasil ante a epidemia, que garantiu o "acesso aos serviços de prevenção e tratamento do HIV para as pessoas mais vulneráveis e marginalizadas".

"Nós nos encontramos na antessala de um importante marco na resposta à Aids", afirmou o diretor executivo do órgão, Michel Sidibe. "Há apenas alguns anos, parecia impossível falar sobre o fim da epidemia em curto prazo. No entanto, a ciência, o apoio político e as respostas comunitárias estão começando a dar frutos claros e tangíveis", completou.

"Atualmente mais pessoas que nunca viveram com o HIV, em grande partida devido ao maior acesso ao tratamento", destaca o relatório, que calcula em 34 milhões - 17% a mais que em 2001 - o número de soropositivos. "Os dados refletem uma expansão significativa do acesso ao tratamento com antirretrovirais, que tem ajudado a reduzir as mortes relacionadas com a Aids, especialmente nos últimos anos", completa. Metade dos portadores do vírus recebe algum tipo de tratamento.

Também há um grande número de novas infecções, apesar da tendência dar sinais de queda: em 2010 foram 2,7 milhões de novos casos (incluindo 390.000 crianças), 15% a menos que em 2001 e 21% a menos que em 1997, quando a propagação alcançou o máximo histórico. O número de mortes por Aids caiu a 1,8 milhão em 2010, contra 2,2 milhões de óbitos em meados dos anos 2000. "Desde 1995, evitamos um total de 2,5 milhões de mortes em países com renda baixa e média por meio do tratamento com antirretrovirais. Somente em 2010 foram evitadas 700.000 mortes relacionadas à Aids", afirma o documento de 52 páginas.

"A epidemia de Aids ainda não terminou, mas o fim pode estar próximo se os países investirem de maneira inteligente", destaca a UNAIDS. O organismo propõe um objetivo ambicioso: "Nos próximos cinco anos, os investimentos inteligentes podem impulsionar a resposta à Aids até a visão de zero novas infecções por HIV, zero discriminação e zero mortes relacionadas com a Aids".
África
A região mais afetada pelo HIV/Aids continua sendo a África subsaariana (5% de prevalência entre a população adulta), seguida pelo Caribe (0,9%) e Rússia (0,9%). Na América Latina a evolução permanece estável desde o início dos anos 2000 (0,4% de prevalência). Também permanece estável na América do Norte (0,6%) e Europa ocidental e central (0,2%), "apesar do acesso universal ao tratamento, do atendimento e apoio, e da ampla sensibilização ao tema", ressalta o documento.
A proporção de mulheres com HIV permaneceu estável (ao redor de 50%), mas há mais mulheres que homens infectadas na África negra (59%) e no Caribe (53%).
No fim de 2010, 68% dos soropositivos viviam na África subsaariana, onde mora apenas 12% da população mundial. Desde 1998, um milhão de subsaarianos morrem vítimas da Aids por ano e em 2010 metade dos óbitos relacionados com a Aids no mundo foram registrados na África austral. O número de contágios caiu em 33 países, 22 deles situados na África subsaariana.
No Caribe, no ano passado eram 200.000 soropositivos (adultos e crianças), contra 210.000 em 2001. As novas infecções caíram em um terço no mesmo período. "A grande influência é o acesso cada vez maior aos serviços de prevenção do HIV para as mulheres grávidas, que permitiram uma considerável redução no número de crianças com HIV e na mortalidade infantil pela Aids", destaca o documento.
Na América Latina, o número de novas infecções anuais, que registrava queda constante desde 1996, se estabilizou nos primeiros anos do novo milênio e tem permanecido estável desde então a 100.000 por ano.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Nova técnica corta dor e cicatriza lesão mais rápido

Fernanda Bassette, de O Estado de S. Paulo

Ortopedistas brasileiros estão usando com sucesso uma técnica que utiliza o plasma sanguíneo rico em plaquetas do próprio paciente para acelerar a cicatrização de lesões em tendões e músculos - especialmente em atletas, amadores ou profissionais.

Chamada de PRP, a técnica que utiliza o plasma rico em plaquetas ainda não é usada de maneira rotineira nos hospitais e nos centros de ortopedia, mas deve se tornar um consenso até o final deste ano.

Isso porque a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) já reuniu mais de 300 artigos científicos internacionais sobre a técnica para a redação de um documento que a descreve.

O plasma rico em plaquetas é feito usando o sangue do próprio paciente. O médico coleta entre 30 ml e 50 ml do líquido, que depois é filtrado e centrifugado para separar as plaquetas das outras células.

As plaquetas são ricas em proteínas chamadas fatores de crescimento - que aceleram a cicatrização do tecido por causa do aporte de sangue.

Como as lesões de tendão demoram muito para cicatrizar - porque no local há pouca vascularização -, os médicos acreditam que a aplicação do PRP diretamente na lesão aceleraria esse processo.

Pesquisa. No Brasil, até agora foram feitos poucos estudos sobre esse tema - por isso, em muitos casos, a técnica ainda é considerada experimental. Um estudo acaba de ser concluído pelo ortopedista Adriano Marques de Almeida, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas.

Durante seis meses, Almeida analisou a evolução cirúrgica de 27 atletas amadores que estavam com lesões de ligamento do joelho - um problema muito comum em atletas que praticam rúgbi, futebol, basquete, handebol, etc.

Na cirurgia tradicional, o médico retira um pedaço de enxerto do tendão do joelho e reconstrói o ligamento com problemas. Por causa da falta de aporte de sangue, o local de onde foi retirado o enxerto leva de um a dois anos para cicatrizar - e nem sempre cicatriza como um todo.

Na técnica do PRP, o médico aplica o gel com o plasma rico em plaquetas do próprio paciente no local de onde foi retirado o enxerto. Assim, a ideia é que o local seja irrigado e cicatrize de maneira mais rápida.

Resultados. Dos 27 atletas avaliados, 12 receberam plasma rico em plaquetas e 15 eram o grupo controle. Ao fim do período, o médico percebeu que a cicatrização dos pacientes tratados com PRP estava 50% maior que nos casos controle.

Além disso, segundo Almeida, no pós-operatório, os pacientes tratados com PRP relataram 3,8 pontos na escala de dor, enquanto a dor dos pacientes do grupo controle ficou em torno de 5,1.

"Não há efeito colateral, porque usamos sangue do próprio paciente. A cicatrização mais rápida diminuiu o tempo de recuperação e reduziu a dor do paciente. É possível que esses pacientes estejam totalmente cicatrizados em um ano", avalia Almeida. Ele afirma que a ideia é ampliar o uso dessa técnica e torná-la rotineira no Hospital das Clínicas.

Menos cirurgia. O uso do plasma rico em plaquetas também pode ser aplicado em alguns tipos de lesões para evitar que o paciente se submeta a um procedimento cirúrgico.

O ortopedista Rogério Teixeira da Silva, diretor da Sbot, foi um dos primeiros a usar e avaliar o método no Brasil. Ele também acaba de concluir um estudo sobre o uso de PRP em 78 atletas amadores que são jogadores de tênis. Todos eles sofriam de tendinite do cotovelo e tinham indicação de cirurgia. Para participar da pesquisa, o atleta precisava estar com a lesão havia pelo menos seis meses e ter tentado, sem sucesso, ao menos dois tipos de tratamentos.

Segundo Silva, o uso do PRP evitou que 74% dos pacientes precisassem ser operados. O plasma foi aplicado com uma injeção diretamente no local da lesão e a cicatrização ocorreu num prazo entre quatro e seis semanas. O retorno ao esporte aconteceu entre oito e dez semanas.

"Os resultados serão excepcionais, mas, infelizmente, ainda há muita resistência no Brasil sobre o uso da técnica", diz Silva.

Um outro empecilho no uso rotineiro da PRP, avalia Silva, é o custo do procedimento, que ainda não é coberto pelo SUS nem por planos de saúde - o que gera uma batalha jurídica em torno da cobertura.

"A aplicação custa em torno de R$ 1,5 mil. Meu objetivo é colocar essa técnica no SUS, porque quando é bem aplicada, ela reduz os custos, evita cirurgias e ainda promove uma recuperação mais acelerada."

domingo, 20 de novembro de 2011

O combate secreto de Chávez contra o câncer

O presidente venezuelano declarou estar curado do câncer, mas 
fontes em seu país afirmam que ele pode 
não sobreviver até as eleições de 2012

Leonardo Coutinho e Duda Teixeira

Ariana Cubillos/AP

Inchaço e fadigaO presidente participa de uma cerimônia militar em Caracas, em 6 de novembro: câncer 
de próstata com metástases nos ossos 
e um tumor maligno no cólon

Inchaço e fadiga
O presidente participa de uma cerimônia militar em Caracas, em 6 de novembro: câncer 
de próstata com metástases nos ossos 
e um tumor maligno no cólon

Há um mês, o presidente venezuelano Hugo Chávez beijou a imagem de gesso do médico José Gregorio Hernández (1864-1919), idolatrado como santo em seu país, em agradecimento à “cura” de seu câncer. Jogo de cena. A foto acima, feita duas semanas atrás, desvela a realidade. O rosto inchado, a pele ressecada, a ausência de cabelos e o aspecto cansado compõem o retrato de um homem doente, muito doente. “Sua aparência mostra que o tratamento continua, e que o câncer ainda está ativo ou poderá voltar”, diz o oncologista Ademar Lopes, de São Paulo. Essa avaliação é reforçada por um conjunto de relatos detalhados da evolução do câncer de Chávez, produzidos por fontes da Venezuela, aos quais VEJA teve acesso. Segundo tais relatos, ele não só segue doente como seu quadro clínico se complica a cada dia. O câncer, que estava restrito à próstata e ao cólon, há muito se espalhou, com metástases nos ossos. As fontes venezuelanas, apoiadas em exames médicos, afirmam que a sobrevida de Chávez dificilmente superará um ano. O tirano, que governa a Venezuela por doze anos, amarga um crepúsculo antecipado. Nas eleições presidenciais de outubro do ano que vem, ele poderá não estar presente.

O primeiro a alertá-lo sobre a gravidade de seu problema de saúde foi um médico espanhol, em janeiro. Na ocasião, Chávez já convivia fazia mais de um ano com sintomas que apontavam para a existência de um tumor na próstata. O venezuelano, contudo, postergou a realização dos exames sugeridos. Em maio, o primeiro sinal de saúde frágil se tornou visível. Chávez apareceu em público apoiado em uma muleta. De acordo com a versão oficial, a causa era uma lesão no joelho. A dificuldade para andar tinha outro motivo, segundo os relatos obtidos por VEJA: o avançado estágio do câncer nos ossos. No mês seguinte, Chávez foi internado em um hospital de Havana, em Cuba, para extirpar o tumor na próstata. A intervenção cirúrgica, não recomendada para casos de neoplasia nessa glândula com metástase, pode ter sido um erro médico gravíssimo que acelerou a disseminação do câncer. Uma segunda cirurgia foi feita dez dias depois, conforme disse o próprio Chávez. Desse ponto em diante, a terapia passou a ser comandada por médicos europeus, com equipamentos importados. Os cubanos foram relegados ao papel de observadores.

O visual inchado de Chávez dos últimos dias, com o queixo emendando no peito, pode ser lido como uma evidência de que o tumor da próstata já teria alcançado o reto (a parte final do intestino), comprimindo as vias urinárias, ou como um efeito dos corticoides usados na quimioterapia. O urologista Fernando Almeida, da Unifesp, e os oncologistas Sergio Azevedo, da UFRGS, e Samuel Aguiar Junior, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, fizeram uma análise crítica dos relatos obtidos por VEJA. De acordo com eles, alguns procedimentos citados não condizem com o tratamento-padrão de um câncer de próstata. Tumores originados nessa glândula, por exemplo, não requerem quimioterapia — e Chávez já enfrentou quatro sessões. Segundo as fontes da Venezuela, o uso da quimioterapia se deve ao aparecimento de um câncer no cólon, que perfurou a parede do intestino e provocou uma infecção. O tumor no cólon também explica a segunda cirurgia. A possibilidade de aparecerem dois tumores simultaneamente é rara, mas não impossível. Como os sintomas foram menosprezados por mais de um ano, as células do câncer de próstata se espalharam para os ossos, o que foi detectado numa análise citológica. Em agosto, os médicos concluíram que o tratamento em duas frentes, com quimioterapia e radioterapia, fracassou. Cogitou-se, então, a transferência de Chávez para um centro de oncologia na Europa. Ele recusou a proposta. Em setembro, fez sessões em uma clínica montada na ilha La Orchila, onde está localizada uma casa de praia da Presidência.

No fim de outubro, Chávez tomou uma decisão surpreendente, segundo as fontes da Venezuela. Informado da gravidade de sua doença, preferiu não se submeter a um tratamento mais agressivo, que certamente o tiraria das atividades públicas. Optou por receber uma terapia mais leve. Ainda assim, teve de abandonar o programa dominical Alô Presidente e os discursos intermináveis. Agora, raramente sai de Caracas. Prevendo não concorrer às próximas eleições por motivo de saúde, Chávez escolheu como substituto o chanceler Nicolás Maduro. Ele é o único integrante do governo que conhece toda a verdade sobre a doença do chefe. Em 2012, Maduro deparará com uma oposição organizada e vigorosa. Sete candidatos na casa dos 40 anos participarão de uma eleição primária em fevereiro, para a escolha do nome a enfrentar o chavismo. Embora a doença tenha elevado em oito pontos porcentuais a popularidade do governo, a empatia não se converteu em apoio político. Para 52% dos venezuelanos, o preferido no próximo pleito é um opositor.

Em Havana, Chávez recebeu tratamento no Centro de Investigaciones Médico-Quirúrgicas (Cimeq). Seus leitos são reservados para membros do Partido Comunista, militares e artistas do país. Embora seja considerado o melhor da ilha, o Cimeq tem tomógrafos com mais de dez anos de uso e outros aparelhos que são pequenos “frankensteins”, montados com peças de equipamentos antigos holandeses e franceses. Há três anos, um cardiologista do Cimeq teve um tumor no pâncreas e veio a São Paulo se tratar. Suas despesas foram pagas por um mês pelo governo da ilha. Um telegrama da missão diplomática americana de 2008, divulgado pelo WikiLeaks, afirma que o chefe do Cimeq, um neurocirurgião, foi à Inglaterra fazer uma cirurgia no olho e, desde então, retornava periodicamente para acompanhamento.

Como presidente da Venezuela, país com a quinta maior reserva de petróleo do mundo, Chávez encontraria tratamento adequado em seu próprio país. Ou poderia seguir o exemplo do paraguaio Fernando Lugo, que trata um câncer linfático no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o ano passado. No início de julho, o chanceler venezuelano Nicolás Maduro esteve no Brasil para consultar médicos brasileiros e preparar uma possível vinda de Chávez. O preço a pagar por essa opção seria que, muito provavelmente, os detalhes de sua doença não ficariam em segredo. Em uma democracia consolidada, eles quase não existem. A luta da presidente Dilma Rousseff e agora a do ex-presidente Lula são conhecidas em minúcias por todos os brasileiros. Chávez lida com sua doença da mesma maneira que administra seu país: sem transparência e ignorando os sinais de deterioração. No ano passado, a inflação foi de 28% e o PIB caiu 1,5%. Caracas tem a maior taxa de homicídios da América Latina: 122 mortos por 100 000 habitantes. Cartunistas são presos por fazer uma simples piada. Disposto a acelerar o que considera uma revolução inédita e apaixonado pela crença na própria infalibilidade, Chávez recorreu, na ideologia e na medicina, aos cubanos. Com isso, não curou seu país, nem a si próprio.

Jornada para a história

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sábado, 19 de novembro de 2011

A chegada do multitransplante no Brasil

Em janeiro, médicos brasileiros deverão realizar pela primeira vez no País o transplante multivisceral. Nele, oito órgãos do sistema digestivo podem ser todos transplantados de uma vez só

Monique Oliveira

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VIDA
Consoni tinha um tumor no intestino. Fez o transplante nos EUA e hoje festeja a recuperação

"Sua doença é incompatível com a vida." Esse foi o susto que o publicitário Renato Consoni, 30 anos, de São Paulo, levou há um ano e meio, quando soube que um tumor de 16 centímetros ocupava parte do seu intestino delgado. A família, porém, não aceitou a sentença. Recorreu aos melhores médicos e encontrou o que parecia ser a última opção: tirar o tumor depois de quimioterapia. Não funcionou. O publicitário perdeu o órgão e a possibilidade de se alimentar normalmente. Ele começou a se alimentar por meio da nutrição parenteral total (os nutrientes são aplicados por cateteres). A nutrição geralmente vem acompanhada de complicações. Com o publicitário, não foi diferente. Logo ele teve infecção generalizada e entrou em coma. Ao sair desse estado, o publicitário descobriu que nos Estados Unidos especialistas orquestram há dez anos o transplante multivisceral, em que os intestinos e outros seis órgãos do sistema digestivo – estômago, baço, pâncreas, rins e fígado – podem ser transplantados todos de uma vez ou em determinadas combinações. A família vendeu o apartamento, pediu empréstimo e pagou US$ 705 mil para que o transplante fosse possível. “Foi uma correria, mas dinheiro é para isso”, diz Consoni.

A partir do ano que vem, o procedimento que salvou a vida de Consoni começará a ser feito no Brasil. Em janeiro, ele será realizado pelo Hospital das Clínicas de São Paulo (HC/SP) e pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Cada cirurgia vai custar R$ 280 mil. No Einstein, os custos entrarão no programa de filantropia do hospital. Já no HC/SP, o governo federal vai pagar R$ 200 mil. O restante será coberto pelo hospital.

A cirurgia é uma das mais audaciosas da medicina. Na sua versão completa, os oito órgãos são retirados do paciente de uma vez só. E os órgãos do doador são implantados também dessa forma, em bloco. Correndo tudo bem, são cerca de 12 horas de operação. E em média 25 profissionais envolvidos.

A principal indicação é quando há a perda das funções intestinais. Sem elas, não há a absorção dos nutrientes necessários ao funcionamento do organismo. O problema é que o transplante do intestino, sozinho, é complicado. “O órgão tem uma carga bacteriana altíssima, o que torna difícil o controle da rejeição”, afirma o médico Luis Carneiro, diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do HC/SP. Mas quando transplantado junto com outros órgãos, tem menos chances de ser rejeitado. “O transplante do intestino combinado principalmente com o fígado aumenta a tolerância aos novos órgãos”, diz Ben-Hur Ferraz Neto, coordenador da equipe de transplante de fígado do Hospital Albert Einstein. “A teoria mais aceita é a de que o fígado teria a capacidade de destruir linfócitos que tentam atacar os órgãos doados”, explica Rodrigo Vianna, brasileiro que dirige o programa de transplante visceral na Universidade de Indianápolis (EUA).
O procedimento também é indicado para tumores de crescimento lento, tromboses severas e complicações da cavidade abdominal associadas (quando um quadro de hepatite, por exemplo, leva à insuficiência renal). É o caso do aposentado Sebastião Cavalcante, 67 anos, que perdeu as funções do fígado e da veia porta por complicações da hepatite C. Ele aguarda a chance de fazer o novo transplante no HC/SP. “Não foi possível transplantar só o fígado”, diz. As contra-indicações são insuficiência cardiorrespiratória severa, doenças malignas incuráveis, Aids e edema cerebral.

O publicitário Consoni, que no mês passado comemorou um ano da realização do transplante, está bem. Luta para receber do governo brasileiro o dinheiro investido no transplante. Sua recuperação serve de esperança para Sebastião Cavalcante e outros 600 brasileiros que precisam da cirurgia no País.

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Anvisa vai monitorar reações adversas ao uso do Avastin

A decisão do órgão americano de vigilância, Administração de Drogas e Alimentos (FDA), de retirar a indicação do uso do medicamento Avastatin (bevacizumabe) para o tratamento de câncer de mama com metástase não traz reflexos imediatos no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio de sua assessoria de imprensa, informou que, por enquanto, nenhuma revisão da recomendação brasileira será feita. A ideia é apenas reforçar o monitoramento de eventuais reações adversas do medicamento.


Hoje à tarde, técnicos da Anvisa analisavam a decisão do FDA, adotada depois da análise de estudos apresentados pela fabricante, Roche. De acordo com a agência americana, o uso do Avastatin para casos de câncer de mama com metástase não retardou o crescimento do tumor. Não há estudos também que comprovem que o uso do medicamento melhorou a qualidade de vida das pacientes. Diante desse quadro, a agência determinou a retirada desta indicação do remédio na bula.

No Brasil, a Anvisa já havia, em dezembro, solicitado que a indústria farmacêutica alterasse a bula do remédio. A determinação era a de que as bulas passassem a indicar o uso da droga associada ao paclitaxel, um antineoplásico da família de drogas quimioterápicas que impedem o crescimento celular por meio do bloqueio da divisão celular, os taxanos. Na época, a Anvisa também recomendou para que a bula desaconselhasse a associação do Avastatin com outro taxano, o docetaxel.

Em nota oficial, a Roche, fabricante do remédio, diz que a decisão está limitada ao mercado americano e que o papel do Avastin na primeira linha de tratamento do câncer de mama metastático é suportado por dados clínicos. O laboratório ressalta que o remédio foi administrado para mais de um milhão de pacientes em todo o mundo desde o lançamento, em 2005 e reitera que a droga continua como uma alternativa válida para médicos e pacientes que lutam contra o câncer de mama metastático, doença grave que tem poucas possibilidades de tratamento.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Nova droga eleva colesterol bom e reduz o ruim

DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE

Estudo apresentado nesta semana no congresso da American Heart Association, em Orlando, nos EUA, mostra que um novo remédio conseguiu aumentar os níveis do chamado colesterol bom, o HDL, e baixar as taxas do ruim, o LDL.

Quando combinado aos remédios já usados para baixar colesterol (estatinas), o evacetrapib mais que dobrou os níveis de colesterol bom e reduziu em até 35% o colesterol ruim, além de diminuir os triglicérides, outro indicador de risco cardíaco que é medido em exames de rotina.


Editoria de Arte/Folhapress

O novo remédio pertence a um grupo de substâncias que inibem uma proteína responsável por transferir colesterol do HDL para o LDL, aumentando a proteção contra o entupimento dos vasos.

O HDL funciona "limpando" o colesterol das artérias e o levando até o fígado. De lá, ele é eliminado do corpo.

Segundo Raul Santos, diretor da unidade de lípides do InCor (Instituto do Coração), um nível baixo de HDL é um sinal de risco de infarto. Resultados abaixo de 40 mg/dl para homens e 50 mg/dl para mulheres são um sinal de alerta, de acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Remédios da mesma família do evacetrapib vêm sendo testados há alguns anos. O primeiro deles foi uma grande decepção para os médicos, afirma Santos, porque aumentou a pressão arterial dos pacientes e o risco de problemas cardíacos.

"Depois disso, foram desenvolvidas mais três moléculas que, até agora, não causaram esses efeitos."

Um desses medicamentos, o dalcetrapib, está sendo testado no InCor por 20 pacientes, há dois anos. "Em 2013 devemos ter uma resposta sobre os efeitos da droga."

Os médicos ainda precisam determinar se o mecanismo usado pela droga para aumentar o colesterol bom pode prejudicar a pessoa a longo prazo. A proteína cuja ação é inibida pelo remédio para aumentar o colesterol bom pode ter uma ação protetora para as artérias.

"O efeito do remédio sobre o colesterol é ótimo, mas ainda não sabemos se isso vai prevenir eventos cardíacos", diz Santos.

O novo estudo, feito por médicos da Cleveland Clinic e publicado no "Journal of the American Medical Association", sugere testes maiores para comprovar os benefícios do remédio.

POLÊMICA

Um outro estudo apresentado no congresso americano de cardiologia e publicado no "New England Journal of Medicine" levanta o debate sobre outra substância usada há mais de 50 anos para aumentar o HDL, a niacina.

A pesquisa analisou o impacto da substância em pessoas com LDL controlado (abaixo de 70 mg/dl). Segundo os autores e um editorial publicado na revista médica, o remédio deve ser aposentado, porque não aumenta o colesterol bom dos pacientes e causa vermelhidão da pele.

Segundo o cardiologista do InCor, no entanto, ainda é preciso esperar o resultado de um estudo maior, com 25 mil pessoas, antes de desistir do remédio. "Ele é seguro, está no mercado há décadas."

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Radiação liberada em Fukushima circulou por todo o planeta

Partículas tóxicas caíram no Pacífico e foram levadas pelas correntes marítimas

Tepco mostra momento em que as ondas chegam à central nuclear de Fukushima

Foto divulgada pela Tepco, operadora japonesa da usina de Fukushima, mostra o momento em que o tsunami invade a usina nuclear no nordeste do Japão (Tepco/EFE)

A maior parte do vazamento radioativo que resultou do acidente na usina nuclear de Fukushima caiu no oceano e circulou o planeta, disseram pesquisadores japoneses. Até 80% do césio liberado pela usina caiu no Oceano Pacífico e viajou pelos oceanos ao redor do mundo, afirmaram cientistas do Instituto de Pesquisa Meteorológica.

"O resto caiu na terra, em Fukushima e no entorno", disse Hiroshi Takahashi, pesquisador do instituto em Ibaraki, nordeste de Tóquio. "Os resultados mostram que o oceano foi mais contaminado que a terra, embora dados recentes tenham mostrado que a poluição oceânica resultante do acidente ficou bem abaixo dos níveis que afetam os seres humanos", disse Takahashi.

Pesquisadores afirmam que os materiais radioativos, incluindo o césio-137, um isótopo com meia-vida de mais de 30 anos, foram amplamente dispersados quando entraram nos oceanos e cada partícula mediria menos de um micrômetro - um sétimo do tamanho de um glóbulo vermelho do sangue humano.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Lula aparece de cabelos e barba raspados

Ex-presidente decidiu pela mudança após começar a sentir os efeitos da quimioterapia

Portal Terra e Agência Brasil

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Dona Marisa corta cabelo e barba do ex-presidente Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cortou hoje o cabelo e a barba, mantendo apenas o bigode, alterando uma imagem de décadas. A ex-primeira-dama Marisa Letícia foi quem raspou a barba e o cabelo de Lula, que se submete a sessões de quimioterapia em um tratamento contra um câncer na laringe.

Em nota, o Instituto Lula informa que o ex-presidente se antecipou à queda de cabelo decorrente do tratamento. A equipe médica do petista previa que, a partir desta semana, ele começaria a perder tanto a barba como o cabelo. O ex-presidente permaneceu hoje em seu apartamento em São Bernardo do Campo (SP), onde foi submetido a um exame de sangue pela manhã. Na próxima semana, o ex-presidente realizará a segunda sessão de quimioterapia no combate contra o câncer.

Tratamento

Durante a quimioterapia Lula terá uma vida normal, “de quem está em tratamento” contra o câncer, disse o médico oncologista Artur Katz, membro da equipe do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, que acompanha o tratamento de Lula. De acordo com ele, o ex-presidente não poderá manter uma agenda intensa de compromissos, mas poderá ter uma vida normal em casa e com os amigos.

“Ele deverá levar um vida normal. Estamos discutindo, inclusive, quantos minutos por dia ele poderia fazer de esteira. Será vida normal de alguém que está em tratamento. Evidentemente, ele não cumprirá a agenda de trabalho que habitualmente costuma obedecer”, disse o oncologista.

Segundo Katz, o ex-presidente poderá se sentir um pouco cansado no início do tratamento. “Mas nada diferente do que a gente pode sentir num resfriado forte”, comparou. Katz disse que é muito improvável que Lula sinta enjoos fortes, no máximo um ligeiro mal-estar. Artur Katz reforçou que Lula não sentiu nenhum dos efeitos colaterais comuns à quimioterapia. “Náusea, que é efeito colateral comum, ele não teve absolutamente nenhuma. Tanto que a grande preocupação dele, ao longo de toda a manhã, era saber a que horas poderia almoçar”.

O médico ressaltou que a voz do ex-presidente praticamente já voltou ao normal, em razão da melhora do edema que se formou perto do tumor. “A voz melhorou muito, mas, evidentemente, parte do problema da voz se devia ao edema, existente junto da lesão. O edema regrediu rapidamente, é por isso que a voz dele está praticamente normal”.

Célula-tronco de coração recupera danos em primeiro teste

Pela primeira vez, foi testado em humanos o transplante de células-tronco, retiradas do próprio coração, para combater a insuficiência cardíaca. E a estratégia teve bastante sucesso.

O uso de células-tronco aumentou a capacidade de o coração bombear sangue e fez com que o tecido afetado pelo infarto, considerado morto, conseguisse se regenerar.

Como os tratamentos atuais não resolvem esse problema, conseguir a reparação é "a busca pelo Santo Graal", segundo Luís Henrique Gow-dak, médico-assistente do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular e coordenador clínico dos estudos de terapia celular em cardiopatias do InCor (Instituto do Coração da USP).

"Nosso entendimento era de que o miocárdio morto tinha capacidade de regeneração inexistente. O trabalho desafia esse conceito, é um marco. Provou que essa recuperação é possível e não traz efeitos adversos", afirma.

O estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Louisville e de Harvard, nos EUA, foi publicado na revista médica "Lancet".

Existem vários tipos de células-tronco, todas conhecidas por causa da capacidade de assumir a função de diversos tecidos. As do coração ajudam a formar as várias partes do órgão.

Em 14 pacientes (entre 16 que fizeram o autotransplante de células-tronco), foi observada, depois de quatro meses, uma redução de 25% do tamanho da área de músculo morto, medida por ressonância magnética.

Todos os voluntários já tinham sofrido infarto do miocárdio e feito ponte de safena -foi na cirurgia, inclusive, que as células-tronco foram retiradas do átrio.


Editoria de Arte/Folhapress

BOMBA

O transplante parece ter levado a um aumento expressivo na capacidade de o coração bombear sangue.

Em pacientes que receberam a infusão de células-tronco, o índice que mede essa capacidade, chamado de fração de ejeção do ventrículo esquerdo, aumentou de 30% para 38,5% em quatro meses.

O valor normal é de 55%, e todos os voluntários do estudo tinham esse índice abaixo de 40%, o que representa insuficiência cardíaca.

Surpreendentemente, esse índice aumentou ainda mais (de 39,2% para 42,5%) após um ano em oito pacientes.

De acordo com Gowdak, essa melhora pode significar, a longo prazo, menor mortalidade e menor taxa de admissão em hospitais.

O mesmo grupo de pesquisadores já havia tido sucesso em estudos com animais. Agora, testaram a técnica em humanos, em um estudo pequeno, para atestar a segurança do transplante.

Os próprios autores, porém, são cautelosos ao comentar os resultados do trabalho, afirmando que estudos maiores são necessários para ver se a técnica é eficaz.

"O trabalho é louvável e registra seu nome na história, mas não é conclusivo nem definitivo. Mais de uma vez já vimos histórias como essa, que começam bem, mas, em grupos maiores, não se mostraram replicáveis", afirma Gowdak. "O grupo estudado é um grão de areia perto do universo de pessoas com doenças do coração."

Ele lembra também que são pacientes na casa dos 50 anos. Não é possível saber se doentes de idade mais avançada teriam uma resposta tão boa, ressalta Gowdak.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Cresce 602% o número de beneficiados com remédios-no Ceara

Ao todo, 6,5 milhões de brasileiros receberam remédios para diabetes e hipertensão. Destes, 120.949 estão no Estado

No Ceará, o número de pessoas que recebem medicamentos para diabetes e hipertensão por meio do programa "Saúde Não Tem Preço" aumentou 602% em dez meses. O total mensal de habitantes que retiraram esses produtos nas 331 farmácias e drogarias credenciadas do Estado passou de 8.068, em janeiro, para 56.618, em outubro.

Em todo o País, a quantidade de beneficiados cresceu 251% no mesmo período, passando de 853.181 para quase 3 milhões. Ao todo, 6,5 milhões de pessoas receberam os medicamentos. Destas, 120.949 estão no Ceará.

Ainda conforme os dados do Ministério da Saúde, no Estado, a quantidade mensal de diabéticos atendidos pelo programa cresceu 483%, saltando de 3.749, em janeiro, para 21.848, em outubro. No que diz respeito à hipertensão, o percentual de aumento foi de 744% no mesmo período, pois passou de 5.241 para 44.241 beneficiados.

O secretário da Saúde do Ceará, Arruda Bastos, considera o programa "Saúde Não Tem Preço" como uma das mais importantes ações do Governo Federal dos últimos anos. Segundo explica, quando não tratadas corretamente, a diabetes e a hipertensão contribuem para que o paciente tenha outras doenças como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), a insuficiência renal e o infarto, responsáveis pelas superlotações nos hospitais.

Para Bastos, o maior acesso aos remédios para hipertensão e diabetes, além de reduzir as outras doenças, melhora a qualidade e a expectativa de vida da população.

O secretário acredita que o leque de medicamentos ofertados pelo programa "Saúde Não Tem Preço" deve crescer, inclusive para outras doenças.

Ele afirma também que, nas últimas reuniões que teve com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, percebeu uma disposição do titular da Pasta em ampliar a distribuição dos medicamentos ofertados.

"Estive com o ministro na semana passada e vi que ele está totalmente empenhado com a questão do acesso da população a remédios gratuitos", informou Arruda Bastos.

Balanço

A hipertensão arterial atinge 23,3% da população adulta brasileira (maiores de 18 anos), de acordo com o estudo Vigilância de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2010, que considera o diagnóstico médico referido pelo entrevistado.

Em Fortaleza, conforme a pesquisa, 21,1% da população adulta é hipertensa, abrangendo 19,7% dos homens e 22,2% das mulheres. Já em relação à diabetes, 5,7% da população adulta tem a doença, sendo 5,3% do sexo masculino e 6% do sexo feminino.

O estudo Vigitel também revela que, no Brasil, o diagnóstico de diabetes atinge 6,3% da população adulta, tendo maior incidência nas mulheres do que nos homens.

Desde fevereiro, o "Saúde Não Tem Preço" fornece medicamentos gratuitos para diabetes e hipertensão. Antes, nas drogarias credenciadas ao "Aqui Tem Farmácia Popular", os produtos eram oferecidos com até 90% de desconto.

Desconto

O programa oferece, ainda, mais 14 tipos de remédios, com até 90% de desconto, utilizados no tratamento de asma, rinite, mal de Parkinson, osteoporose, glaucoma, gripe e dislipidemias (para o tratamento ao colesterol alto e outras disfunções sanguíneas), além de anticoncepcionais e fraudas geriátricas.

De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, os medicamentos são ofertados em mais de 20 mil farmácias e drogarias da rede privada credenciada ao "Aqui Tem Farmácia Popular", e em mais de 500 unidades próprias do programa, administradas pelo Governo Federal.

Para adquirir os medicamentos disponíveis no programa "Saúde Não Tem Preço", o usuário deve apresentar CPF, documento com foto, além da receita médica, exigida pelo programa como uma forma de evitar a automedicação e incentivar o uso racional de medicamentos e a promoção da saúde.