sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

O que é artrite reumatoide: causas, sintomas e tratamento

Essa doença autoimune que ataca as articulações pode causar dores e deformações. Mas novos remédios permitem um controle adequado do problema

A artrite reumatoide e uma doença autoimune caracterizada pelo ataque do próprio corpo às articulações, o que provoca inchaço, rigidez e dores nas juntas, capazes inclusive de limitar a movimentação no dia a dia. O distúrbio costuma atacar especialmente dedos, joelhos e tornozelos.
Se a inflamação crônica não for contida, leva a deformações e chega a degenerar inclusive os ossos. O comprometimento na qualidade de vida é ilustrado pela dificuldade de realizar tarefas tão simples como escovar os dentes.
A artrite reumatoide é mais comum em mulheres na faixa dos 30 aos 50 anos. Hoje se sabe que seus danos não se limitam às juntas. O estado de inflamação instaurado pelo distúrbio aumenta o risco de entupimento nas artérias e, consequentemente, infartos e AVCs, além de repercutir na saúde dos olhos, dos nervos e dos pulmões.

Sinais e sintomas

– Dor e inchaço nas juntas
– Rigidez nas articulações, principalmente pela manhã
– Dificuldade de movimentação dos dedos ou dos membros
– Redução do apetite e perda de peso
– Febre baixa
Fadiga
– Nódulos visíveis na pele próximos às juntas

Fatores de risco

– Predisposição genética
– Sexo feminino
– Excesso de peso
– Tabagismo
– Desequilíbrios hormonais

A prevenção

Como a origem da artrite reumatoide não é plenamente conhecida, ainda não é possível falar em prevenção primária. Podemos, sim, prevenir complicações e limitações impostas pela doença. E isso se faz com diagnóstico e tratamento precoces.
Exercícios realizados com indicação médica e sob a supervisão de um educador físico também ajudam a contornar os sintomas e a devolver qualidade de vida. Estudos sugerem que, pelo potencial anti-inflamatório das gorduras mono e poli-insaturadas, o consumo rotineiro de azeite de oliva e pescados como sardinha e salmão favoreçam o estado das juntas.

O diagnóstico

O profissional indicado para se chegar ao veredicto é o reumatologista, que, pelo exame físico, avaliação do histórico do paciente e radiografias de mãos e pés, já consegue ter uma boa ideia se a confusão nas juntas foi armada pela artrite reumatoide.
O especialista poderá compor a investigação por meio de exames de sangue, como o que apura a presença de um anticorpo conhecido como fator reumatoide. Outros testes não raro são solicitados para descartar condições autoimunes como lúpus e artrite psoriática.
Como os primeiros três meses após a eclosão dos sintomas são considerados essenciais para impor um bom controle sobre o problema, o diagnóstico precoce é considerado uma arma preciosa para conter a artrite reumatoide.

O tratamento

Ainda não há cura para artrite reumatoide, mas, felizmente, os remédios disponíveis hoje permitem ao paciente levar uma vida praticamente normal. Isso, claro, se seguir o tratamento à risca e adotar outros hábitos saudáveis, como a prática supervisionada de atividade física.
Existem diversas classes de medicamentos usadas para controlar a artrite — de anti-inflamatórios à base de corticoides aos chamados DMARDS, drogas antirreumáticas modificadoras da doença. Esses últimos são medicações biológicas injetáveis que anulam o processo inflamatório que se apodera das articulações.
Existem remédios mais novos e de uso oral, aliás, que atuam nas células de defesa que participam dessas reações. Enfim, com uma terapia individualizada e bem estruturada, é possível controlar o inchaço, a dor e a limitação de movimentos causada pela doença.
Durante as crises nas juntas, os médicos prescrevem repouso. Mas, fora dessas situações, praticar atividade física é mais do que recomendado, uma vez que melhora a mobilidade, baixa a inflamação e auxilia a silenciar a dor. Existem evidências ainda de que abandonar o tabagismo, se for o caso, conta pontos para manter a doença quietinha, já que o cigarro favorece o processo inflamatório.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Kiwi: benefícios da fruta do momento

Cada vez mais popular no Brasil, o kiwi se apresenta agora em nova variedade e não para de receber elogios dos estudos por seus efeitos na saúde

Já faz tempo que o kiwi deixou de ser um nome e um alimento exóticos entre os brasileiros. O fato é que o fruto com um toque azedinho e visual peculiar tem arrecadado um crescente número de fãs. Nos últimos seis anos, o consumo aumentou 50% no país. Com a recente introdução de uma nova variedade em nosso mercado, o kiwi gold – de polpa amarela e sabor mais adocicado que o do verdinho tradicional -, é de se esperar que ele amplie sua presença nas gôndolas e nas fruteiras do Brasil. Sorte do nosso paladar e da nossa saúde.
Uma das principais virtudes do alimento é a sua alta carga de antioxidantes, substâncias que combatem danos e o envelhecimento precoce das células, fenômeno associado a um rol de males que vai de doenças cardiovasculares a câncer. “O kiwi é uma das frutas com a maior concentração desses elementos”, afirma o pesquisador Jose Ignacio Recio Rodriguez, do Centro de Saúde La Alamedilla, na Espanha.
O estudioso entende do que fala: comprovou, em uma investigação com 1 469 voluntários, que aqueles que ingeriram ao menos uma unidade por semana tiveram elevação do colesterol bom (HDL) e melhor controle de triglicérides e moléculas atreladas a processos inflamatórios. “Todos esses fatores estão ligados ao risco de problemas cardiovasculares”, esclarece Rodriguez.
Outro experimento internacional avaliou o poder da fruta em um grupo de pessoas particularmente propensas a piripaques cardíacos: homens fumantes. Uma parcela dos envolvidos comeu três kiwis por dia, o restante seguiu uma dieta rica em antioxidantes (mas sem kiwis). No comparativo, a primeira turma teve queda na pressão arterial, redução de 15% na agregação de plaquetas (fator de risco para infarto) e de 11% nos níveis de angiotensina. “Quando essa substância está muito atuante, ocasiona estreitamento dos vasos, o que eleva a pressão”, explica o cardiologista João Vicente da Silveira, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Para especialistas, a proteção ao peito não é uma surpresa. “Como é rico em polifenóis, vitamina C e magnésio, o kiwi conta com um potente coquetel cardioprotetor”, diz a médica Letícia Fontes, da Associação Brasileira de Nutrologia. “No consultório, costumo encorajar o consumo semanal, principalmente aos pacientes com pressão alta“, conta a nutricionista Clarissa Casale Doimo, que clinica em Piracicaba, no interior paulista.
Não é só o coração que agradece quando se abre espaço para o kiwi na despensa. O intestino também sai ganhando ao ingerir a fruta, que foi batizada assim por lembrar uma ave de mesmo nome típica da Nova Zelândia – foi ali, aliás, que o cultivo comercial do alimento teve início.
“Estudos mostram que as fibras do kiwi têm uma grande capacidade de reter água, auxiliando na formação do bolo fecal e equilibrando o trânsito intestinal”, relata Letícia Fontes, que também atua na Clínica MEI – Medicina Integrativa, em São Paulo. “Além disso, ele conta com uma enzima chamada actinidina, que facilita a digestão das proteínas, além de melhorar a mobilidade intestinal”, acrescenta a nutróloga.
Não é por menos que quem sofre com a síndrome do intestino irritável, desordem marcada por dores abdominais, diarreia, constipação e uma alternância entre os dois quadros, deveria incluir o fruto na lista de compras.
É o que sugere uma pesquisa realizada na Universidade Médica de Taipei, em Taiwan. Foram recrutados 54 indivíduos com a síndrome e 16 livres da encrenca. Então, 41 pessoas com o distúrbio e todas aquelas saudáveis consumiram dois kiwis por dia, durante quatro semanas – as 13 restantes ingeriram cápsulas sem princípio ativo algum durante o mesmo período. Depois de analisar o número e as características das idas ao banheiro, os cientistas notaram que a ingestão da fruta esteve relacionada a um ganho geral no funcionamento do intestino e a uma maior frequência do número 2 entre os voluntários constipados.
Nessa linha, existem evidências de que a fruta ajuda a amenizar sintomas da diverticulite, outro mal por trás de constipação. Só cabe pontuar que, em casos do tipo, vale alinhar com o médico a quantidade de fibras por dia e não se esquecer da hidratação – do contrário, as fezes podem ficar volumosas e secas, o que irá gerar mais dificuldades para sair.
“É em parte aos seus múltiplos ganhos ao organismo, sobretudo para a saúde intestinal e cardiovascular, que o consumo do kiwi vem crescendo pelo mundo”, conclui Rodriguez.

Lanchinho noturno contra falta de sono

Boa notícia para quem busca noites de sono mais tranquilas: que tal investir na fruta como sobremesa do jantar? Em uma experiência publicada recentemente, 24 sujeitos foram convidados a ingerir duas unidades uma hora antes de cair na cama. O expediente foi repetido durante quatro semanas. Resultado: melhora no padrão do sono do pessoal. “O fato de o kiwi ser fonte de magnésio é uma das explicações para esse efeito”, interpreta Letícia.

Diabetes domado

Outro grupo que tiraria proveito do alimento são os diabéticos, que por vezes até temem consumir frutas devido à sua concentração de açúcar natural. Mas, graças à abundância de fibras, o kiwi tem um baixo índice glicêmico.
Isso significa que ajuda a balancear os níveis de glicose no sangue, uma das batalhas de quem convive com o diabetes. Essa mesma característica, aliás, faz com que a ingestão do fruto prolongue a sensação de saciedade – ponto para quem deseja ou precisa perder uns quilinhos.

A quantidade ideal?

Ainda não há um consenso entre os experts. O certo é que a fruta pode entrar no cardápio sempre que possível.
Nesse sentido, convém prestar atenção em algumas coisas durante a compra e o consumo. Primeiro: verifique se não existem rachaduras ou manchas na casca. Segundo: para descobrir se o alimento está maduro, basta pressioná-lo levemente com o dedo indicador. Se estiver um pouco mole, está no ponto.
O kiwi vai bem sozinho, em sucos, vitaminas, saladas, vinagretes, como acompanhante de carne bovina e de carneiro, servindo inclusive para amaciá-las… Agora é desfrutar dessa onda, que, pelo visto, veio para ficar.

Quem é o kiwi

Origem: veio da China, mas foi popularizado na Nova Zelândia no início do século 20.
Cultivo: a maior parte da produção é da Nova Zelândia e da Europa. No Brasil ocorre no Sul.
Consumo: está em alta. Houve um aumento de 50% entre os brasileiros nos últimos seis anos.
Nutrição: é cheio de antioxidantes e tem poucas calorias – 62 em 100 gramas.

Dá para usar a casca?

Algumas análises indicam que essa parte é ainda mais rica em fibras e vitamina C do que a polpa em si. Mas calma: não precisa comer tudo ao saborear o fruto in natura. A ideia seria usar a casca em receitas depois de uma boa higiene. “Ela pode ser utilizada no preparo de sucos e chás, mas só recomendo se a fruta for orgânica“, diz a médica Letícia Fontes.

As duas versões

Kiwi Green
Sabor: tem a polpa bem verde e o sabor mais cítrico.
Produção: ocorre na região Sul, mas boa parte é importada.
Conservação: pode ficar até 15 dias na geladeira. Na fruteira dura menos.
Preço: cerca de 10 reais uma bandeja com 440 gramas.
Kiwi Gold
Sabor: de polpa amarelada, é mais doce e menos ácido que o verdinho.
Produção: ainda não há por aqui. Vem da Nova Zelândia e da Itália.
Conservação: amadurece rápido, mas, uma vez no ponto, resiste mais.
Preço: mais caro, sai por 12 reais a bandeja com 440 gramas.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Laudo do IML diz que Paulo Maluf pode ficar preso na Papuda

Relatório divulgado nesta terça conclui que o deputado, diagnosticado com câncer na próstata, não precisa de 'cuidados contínuos'

São Paulo - Um Laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Brasília, divulgado nesta terça-feira, concluiu que o deputado federal Paulo Maluf (PP/SP), diagnosticado com um câncer na próstata, vai poder ficar preso no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. Segundo o relatório, o parlamentar não precisa de "cuidados contínuos que não possam ser prestados" no local, porém, vai precisar de uma assistência ambulatorial especializada. 
Com câncer na próstata, Maluf deve seguir preso no Complexo Penitenciário da Papuda AFP
Maluf está preso desde quarta-feira, por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo. Na quinta, o ex-prefeito de São Paulo entregou-se à PF em São Paulo. Na sexta, ele foi removido para Brasília. Ao deixar a sede da PF, no bairro da Lapa, também ao entrar no bimotor que o levou para a capital federal, e ao entrar no IML para os exames, o ex-prefeito demonstrava dificuldades para caminhar, escorado em uma bengala
O deputado pegou condenação por lavagem de dinheiro que supostamente desviou dos cofres públicos quando exercia o mandato de prefeito de São Paulo (1993-1996).
O laudo foi elaborado pelo IML na sexta-feira, quando Maluf chegou a Brasília, transferido da carceragem da Polícia Federal em São Paulo. No local, o parlamentar foi submetido a uma longa bateria de exames. Depois, foi removido para a Papuda, onde passou o Natal.
"Apesar de apresentar-se clinicamente bem no presente momento, existe a possibilidade de deterioração progressiva e até mesmo rápida do quadro clínico a depender do comportamento evolutivo do câncer de próstata", alerta o documento oficial.
Ainda antes de decidir se o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) deve seguir ou não para a prisão domiciliar, o juiz Bruno Aielo Macacari, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, notificou nesta terça-feira, 26, a defesa de Maluf e o Ministério Público para que se manifestem a respeito do laudo pericial do Instituto Médico-Legal sobre a saúde de Maluf, sem fixar prazo para isso. 
Cármen Lúcia nega dois pedidos de habeas corpus a Paulo Maluf
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, nesta terça-feira, julgou incabíveis dois habeas corpus que foram pedidos em nome do deputado federal Paulo Maluf.
Um dos pedidos foi feito por um advogado que é amigo da família de Maluf, Eduardo Galil, e o outro, por um advogado que não é conhecido pela defesa do deputado, Antonio José Carvalho Silveira. Ao pedirem uma liminar para libertar Maluf, ambos alegaram que não seria possível a condenação pelo crime de lavagem de dinheiro porque já teria havido prescrição (esgotamento do prazo da Justiça para a punição).
Cármen Lúcia fundamentou as decisões afirmando que não é admissível habeas corpus contra decisão do próprio Supremo Tribunal Federal, de acordo com a própria jurisprudência da corte. Assim, os pedidos teriam "inviabilidade jurídica".
Além disso, quanto à alegação de prescrição do crime, Cármen Lúcia afirmou que o argumento não procede, pois os prazos processuais teriam transcorrido normalmente, conforme decidido pela Primeira Turma do STF.
A defesa de Maluf, em si, está aguardando uma decisão da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal sobre o pedido que fez para que o deputado possa cumprir a pena em casa, devido à má condição de saúde. O juiz responsável pelo caso ainda aguarda manifestações para tomar a decisão.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

As vitórias da genética

Nova técnica corrige erros do DNA com eficácia jamais vista. Em 2018, resultados positivos são esperados no tratamento de doenças como anemia e câncer

Crédito: vchal
RECORTA E COLA Os cientistas extraem o pedaço errado do DNA e o substituem por outro, correto (Crédito: vchal)
Ao longo de 2018, dezenas de centros de pesquisa ao redor do mundo estarão conduzindo experimentos em humanos com aquela que se transformou na principal aposta para revolucionar a medicina: uma técnica de edição do material genético cujo acrônimo é CRISPR/Cas9. Trata-se da maneira mais eficiente encontrada até agora de corrigir erros do DNA que estão por trás de doenças como o Parkinson e o câncer.
Uma das grandes expectativas é em relação ao estudo que a CRISPR Therapeutic conduzirá com portadores de anemia falciforme e talassemia (doenças caracterizadas por desequilíbrio na concentração de glóbulos vermelhos). A companhia foi fundada por Emmanuel Charpentier, um dos que desenvolveu a técnica. “É um grande momento”, disse. “Há apenas três anos falávamos do método como se fosse ficção científica. E aqui estamos.” Outra iniciativa cujos resultados iniciais estão previstos para o ano que vem é a pesquisa em humanos em realização na Sun Yat-sen University, na China. Lá, eles testam a eficácia do método para neutralizar o potencial do vírus HPV de causar câncer de colo de útero.
Como funciona o método
1 – Os cientistas usam uma proteína, a Cas9, que atua como se fosse um par de tesouras moleculares
2 – Ela se liga e corta especificamente o pedaço do DNA que precisa ser corrigido
3 – Uma vez cortado, espera-se que a maquinaria do próprio DNA promova a correção ou ela é feita a partir de manipulação executada pelos cientistas em laboratório

domingo, 24 de dezembro de 2017

Os principais cuidados com os bichos no Natal e no Ano-Novo

Petiscos estranhos, enfeites e fogos de artifício... Como proteger os pets na temporada de festas

Quem poderia imaginar que a magia natalina, com enfeites tão lindos, ceias elaboradas e casa cheia, pode esconder perigos para os nossos amigos de quatro patas?
Isso mesmo! Nessa época do ano, registra-se um aumento de 20% no número de animais internados decorrentes de acidentes ligados às celebrações.
O principal problema é a ingestão de itens típicos da ceia, como castanhas, doces, pedaços de peru, entre outros. Eles são capazes de gerar diarreia e vômito. Não é raro que, nesses casos, os animais precisem ser medicados e receber soro para se reidratarem e recuperarem.
Os ossos de aves também são abocanhados nesse período, podendo causar perfuração intestinal, uma emergência que requer atendimento imediato.
Uvas e chocolates representam outra ameaça: são tóxicos para os animais e chegam a provocar insuficiência renal ou repercussões neurológicas.
Além dos alimentos, os enfeites natalinos podem virar vilões nessa história. Ao morder as luzinhas das árvores de Natal, por exemplo, os bichos sofrem choques elétricos e queimaduras no boca. Lesões com os estilhaços das frágeis bolinhas decorativas são outro perigo.
Por isso, se você tem um pet em casa, procure utilizar enfeites que representam menor risco. Luzes à pilha e enfeites de jardim à base de energia solar possuem voltagem menor e mais segura. Bolas de plástico, por sua vez, são mais resistentes nas quedas. Outra boa opção são os enfeites de pelúcia.

E no Réveillon?

Não pense que, passado o Natal, o assunto está resolvido. Devemos preparar a casa para o Ano-Novo. E isso inclui estratégias para proteger seu pet contra o barulho dos fogos de artifício.
ISTOCKSério! Nessa época, animais podem descompensar com a queima dos fogos. Uns sofrem do coração, outros chegam a ter convulsões decorrentes do estresse da barulheira. Por isso, prepare um cômodo isolado, retire objetos que possam quebrar no local e organize uma caminha confortável com brinquedos por perto. Tudo para deixar seu amigo seguro e distraído.
O veterinário poderá orientar, ainda, como proteger os ouvidos com o uso de algodão parafinado, aquele que se molda ao conduto auditivo a fim de abafar o som. Também pode prescrever medicações naturais que auxiliam a manter os animais mais calmos.
Para algumas famílias, uma opção é reservar hotéis para os cães durante as viagens. Os animais recebem programação diária com recreação e distração de sobra, ficando longe da bagunça das festas de final de ano que só agrada aos seus donos.
Assim, ao preparar suas festas de fim de ano, não se esqueça de incluir os pets no planejamento. Eles vão agradecer!

sábado, 23 de dezembro de 2017

Quais remédios levar na mala de viagem

Veja os que não podem faltar e não passe nenhum sufoco nas férias. Mas já adiantamos: nada de exagerar na automedicação!

  Muita gente viaja no final de ano e acaba sem saber direito que remédios levar ou pensa que, por via das dúvidas, melhor colocar tudo na mala. Antes de fazer a festa na farmácia, confira a opinião de um médico sobre o assunto e as indicações para o kit ideal – e, mais importante, seguro.
“Nenhum medicamento deve ser ingerido sem o conhecimento do seu médico, mesmo os que não precisam de receita”, adianta Paulo Camiz, clínico geral e professor do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. “Converse com ele antes de viajar”, recomenda.

Analgésicos e antitérmicos

Os clássicos dipirona e paracetamol aliviam dor e febre. São itens básicos que ajudam na hora do aperto sem grandes riscos na maioria dos casos – desde que tomados pontualmente (e não quase todo dia).

Anti-inflamatórios

Até funcionam para dores musculares, mas é preciso cuidado especial ao tomá-los, pois podem ser nocivos para estômago e rins. Idosos e portadores de problemas cardíacos devem ter cuidado extra.

Para picadas de inseto

Não precisa levar um comprimido antialérgico se você não for do tipo que tem crises após picadas. Mas vale uma pomada para aliviar a reação local, além do repelente, é claro!

Para o estômago

Férias muitas vezes terminam em excessos, sejam de comida ou bebida. E o ideal seria moderar, claro. Mas, se passou do ponto, é bom ter na mala um antiácido simples, como os à base de hidróxido de alumínio ou magnésio, especialistas em apagar incêndios.

Kit de primeiros socorros

Varia conforme o local e o tipo da viagem, mas o básico contém gaze, antisséptico, esparadrapo e curativos prontos para uso. Nunca se sabe!

Em viagens internacionais

Se você é portador de uma doença crônica ou é acometido com frequência por infecções, converse com seu médico antes de viajar. É que, em alguns países, o acesso aos medicamentos e ao sistema de saúde pode ser difícil e caro.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Isolamento social é associado a maior risco de diabetes

Conviver pouco com amigos e familiares pode aumentar o risco de desenvolver o tipo 2 dessa doença, segundo novo estudo

Não é novidade para ninguém que sair com os amigos e curtir a família faz um bem danado para a saúde mental. Mas quer dizer que isso também afasta o diabetes?! Pois é. Um estudo feito na Universidade de Maastricht, na Holanda, acabou de encontrar uma relação inusitada entre o isolamento social e essa doença.
“Pessoas em risco de desenvolver diabetes tipo 2 devem ampliar suas redes de contatos e serem incentivadas a fazer novos amigos”, chegou a sugerir uma das autoras do estudo, a epidemiologista Miranda Schram, em comunicado.
Para chegar a essa conclusão, ela e seus colegas recorreram ao chamado The Maastricht Study, um banco de dados com milhares de indivíduos voltado para entender a influência de fatores genéticos e ambientais no desenvolvimento do diabetes tipo 2. A partir daí, conseguiram reunir informações de quase 3 mil adultos entre 40 e 75 anos.

Números que impressionam

Dentre os achados mais impactantes, está o de que mulheres que não participam de atividades sociais têm probabilidade 112% maior de apresentar diabetes tipo 2. Entre os homens, o risco subia 42%.
E mais: de acordo com o levantamento holandês, representantes do sexo masculino que moram sozinhos possuem um risco 84% maior de serem diagnosticado com diabetes tipo 2 ao longo do tempo. Já na ala feminina, isso não foi notado.

Um porém

Estamos falando de um estudo observacional, que apenas associa o possível elo, em um dado momento, entre dois fatores diferentes: incidência de diabetes e socialização. Ou seja, não dá pra cravar uma relação de causa e efeito.
Por exemplo: como essa enfermidade pode gerar cansaço e indisposição – além de exigir cuidados extras em qualquer saída de casa –, pode ser que ela dificulte a socialização. E não que o isolamento a promova.
Mas, quando falamos de uma doença tão prevalente, é importante levar qualquer suspeita a sério. Principalmente se o antídoto para ela é tão prazeroso quanto encontrar bons amigos e interagir com a família, não é mesmo?

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Menos sal nas receitas de Natal e Ano Novo, por favor!

Os preparos do fim de ano não precisam de muito sal para ficarem gostosos. Pelo contrário! Veja como maneirar no sódio nessa época, quando é comum exagerar

Se no resto do ano o brasileiro já extrapola em mais de duas vezes a recomendação de não ingerir mais de 5 gramas de sal por dia, imagine em dezembro, o mês da comilança. Mas aqui vem uma ótima notícia: dá para caprichar nas receitas de Natal e Ano Novo e ainda assim reduzir o consumo desse ingrediente associado à hipertensão.
Para ajudar nessa tarefa, ouvimos três nutricionistas. Elas ensinam cinco truques culinários simples para temperar os pratos típicos das festas com muito sabor (e pouco sódio). Confira abaixo:

1. Condimentos destacam os pratos principais

Beatriz Tenuta Martins, nutricionista e professora do curso Técnico em Nutrição do Senac Aclimação, em São Paulo, defende o uso de vários condimentos nas tradicionais receitas de peru, chester e até bacalhau para criar versões com menos sal. Experimente, por exemplo, lemon pepper, páprica (doce ou picante) e as pimentas.
Ervas, como orégano, alecrim e dill sã outras ótimas opções. Quando elas entram em cena, ressaltam o sabor do prato, tirando a vontade de adicionar pitadas de sal.
Especificamente no caso das carnes, Beatriz sugere lançar mão da marinada – aquele líquido feito, em geral, com vinho branco ou cerveja e temperos. Basta deixar o alimento de molho para amaciá-lo antes de cozinhar.
“Durante o preparo, é bom colocar um ramo fresco da mesma erva usada na marinada para liberar o cheiro do prato e estimular o apetite”, complementa Beatriz.

2. Molhos valorizam saladas

Até mesmo uma simples salada de folhas ganha um toque especial, quando acompanhada de um molho. E, aí, você não precisa caprichar no sal.
Sugestão: prepare uma versão com azeite, suco de um limão coado e mostarda (procure uma alternativa sem sal no mercado). Bata com um até virar uma mistura homogênea e use nas receitas. Se achar necessário, pode, sim, adicionar uma pitadinha de sal.
Outro item que, segundo Beatriz, destaca o sabor das receitas é o aceto balsâmico. O mais refinado dos vinagres, ele é feito a partir da fermentação das uvas e não é contraindicado para hipertensos.

3. Mix de sal grosso e ervas é sucesso com grelhados

Não é que o sal grosso faz bem. Mas, ao misturá-lo com ervas, você cria um tempero com menor quantidade total de sódio.
Um truque ótimo ensinado pela professora do Senac é preparar uma mistura com 30% de sal grosso e 70% de ervas secas, como manjericão, orégano, salsa, sálvia e ervas de Provence. Misture bem e coloque em um moedor para usar sobre os legumes, carnes e peixes grelhados.
“Usamos essa mistura nos cursos para reduzir o consumo de sal”, revela Beatriz. A dica vale também para substituir o sal grosso puro usado nos churrascos.

4. Caldos são curinga na cozinha

A nutricionista Isabel Cristina Kasper Machado, professora do Curso de Tecnologia em Gastronomia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, é contra retirar totalmente o sal das receitas. Ela explica que o tempero acentua os outros sabores e está presente na nossa memória gustativa. É aquela velha história: em moderação, não há proibições à mesa.
Ainda assim, a expert destaca uma estratégia que evita a sobrecarga de sódio: preparar um caldo. “Ele não mascara a estrela principal do prato, mas deixa um gosto muito bom”, arremata.
Só dê prioridade às versões caseiras – muitas opções industrializados vêm carregadíssimas de sódio. Isabel dá uma receita deliciosa: ponha 5 litros de água em uma panela, acrescentando 4 cebolas, 2 cenouras, 1 talo de alho-poró, 1 aipo, 1 folha de louro, talos de salsa e ramos de tomilho. Use também cascas, folhas e talos de legumes e hortaliças para reaproveitá-los, desde que bem limpos.
Cozinhe em fogo baixo, sem tampar. Se necessário, acrescente um tantinho de sal no fim do cozimento.
Espere reduzir à metade para coar e guardar por 48 horas na geladeira ou congelado em forminhas de gelo por 30 dias.

5. Patês mais levinhos

A nutricionista Anita Sachs, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que outro recurso para reduzir o sal, sobretudo em patês e pastas, é apostar na ricota ou no cottage. O segredo é misturar com salsa e cebolinha bem picadas e com um pouco cebola ralada.
Caso queira um patê com sabor mais acentuado, tempere com páprica doce ou picante e um pouco de azeite, se desejar. “Também é possível preparar um pesto apenas com uma xícara de manjericão, agrião ou rúcula, um pouco de azeite e um pote de iogurte integral ou desnatado”, ensina.
Depois, é só servir com torradas de pão integral ou preto. Uma delícia!

O que combina com o quê

Legumes: alecrim, tomilho, orégano, salsa, cebolinha, sálvia, curry, tomilho e noz-moscada.
Carnes brancas: alecrim, dill, hortelã, cebolinha, manjerona, orégano, salsa crespa, sálvia, lemon pepper, cúrcuma (açafrão-da-terra), coentro e noz-moscada.
Carne vermelha: estragão, manjericão, louro, cebolinha, salsa, orégano, pimenta-do-reino, pimenta calabresa, pimenta-da-jamaica, colorau, mostarda, páprica e chimichurri (tempero típico da Argentina e do Uruguai que pode ser encontrado desidratado ou como molho cremoso).

Outras medidas contra o sal

• O ideal é banir o saleiro da mesa. Assim, você disciplina a família a não adicionar automaticamente mais desse ingrediente à comida depois de pronta
• Para acostumar o paladar às ervas, experimente-as separadamente até aprender a usá-las
• O limão é muito versátil na cozinha. Misture seu suco ao gergelim torrado e você terá um bom tempero para carnes brancas, por exemplo
• Espete dois cravos em uma cebola inteira e leve-a ao fogo baixo para ferver com o leite que servirá de base para o molho branco. Adicione também uma folha de louro
• Gosta de pimenta-do-reino, pimenta calabresa ou caiena? Então só moa as que são em grão na hora de servir. Isso dá um aroma especial ao prato
• Prepare um sal aromatizado, seguindo a dica da nutricionista Isabel Kasper. Leve ao fogo um pequeno punhado de sal grosso com boa quantidade de sua erva ou especiaria preferida. Aqueça por alguns minutos até o aroma começar a se desprender da panela. Bata no liquidificador e use nas receitas

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

11 marcas de azeite são reprovadas em teste de qualidade

A associação Proteste avaliou várias marcas e constatou que cinco produtos nem podem ser considerados azeite de oliva

A Proteste, Associação Brasileira de Direitos do Consumidor, fez um novo teste com marcas de azeite de oliva e elencou as aprovadas e reprovadas.
Para a organização, cinco das 29 marcas analisadas nem deveriam ser classificadas como azeite, enquanto seis comercializam azeite virgem, e não extravirgem. Ao todo, foram 11 marcas reprovadas.
As marcas Borgel, Do Chefe, Lisboa, Malaguenza e Tradição Brasileira teriam azeites fraudados. “Esse foi o resultado que encontramos nos lotes específicos que avaliamos em laboratório. Além disso, nossas análises sensoriais mostraram que, na verdade, eles são azeites lampantes, ou seja, produtos indicados ao uso industrial, e não à alimentação humana, por seu cheiro forte e sua acidez elevada”, afirmou a Proteste em seu relatório.
Por meio de uma análise sensorial, a Proteste também concluiu que os azeites das marcas Beirão, Broto Legal, La Española, Mondegão, Serrata e Tordesilha deveriam ser classificados como virgens, e não extravirgens, como se anuncia nos rótulos comercializados.
“A prática de vender um produto misturado como azeite de oliva puro não causa riscos ao organismo, mas lesa o seu bolso e as suas expectativas nutricionais: você paga mais caro por um item que deveria ser mais barato e essa mistura de óleos não vai trazer os benefícios à saúde que você esperava.”
Para fazer o teste de qualidade dos azeites, a Proteste compra os produtos em mercados e os leva a laboratórios confidenciais, acreditados pelo Ministério da Agricultura (Mapa) e pelo Conselho Oleícola Internacional (COI). Alguns pontos analisados são acidez, análise sensorial, conservação, fraudes, qualidade e rotulagem.
A associação disse ter informado a ocorrência das fraudes ao Ministério Público, à Secretaria Nacional do Consumidor e ao Ministério da Agricultura.
Do outro lado da moeda, os produtos mais bem avaliados foram os das marcas Filippo Berio e O-live, enquanto os produtos Cocinero e Carrefour Discount foram identificados como os melhores resultados avaliando o custo-benefício.

Direito de resposta

A Bunge, produtora do azeite La Española, enviou ao Site EXAME seu posicionamento:
Em relação ao resultado de testes com azeites de oliva, divulgado pela Proteste hoje, que classificou uma amostra do azeite La Española como “fora de tipo”, a Bunge informa que os parâmetros iniciais do lote avaliado 29516 estavam dentro do determinado pela legislação no momento de sua classificação pelos órgãos reguladores.
Ocorre, entretanto, que tais parâmetros podem ser alterados em decorrência de condições inadequadas de armazenamento até chegar às mãos do consumidor. Por essa razão, novas análises estão sendo providenciadas.
A Bunge esclarece também que esse resultado confirma que o produto não estava contaminado e/ou impróprio para consumo, nem foi considerado fraudado. A Bunge lamenta o ocorrido e reafirma seu compromisso com a qualidade e a transparência com os seus consumidores.
A Natural Alimentos, responsável pelo azeite Lisboa, também se pronunciou:
Trata-se de conteúdo amplamente divulgado no passado e que retorna agora não sabemos com qual intuito.
Na época a empresa teve que demitir metade de seus colaboradores. De lá para cá, a Natural Alimentos trabalha arduamente para o fortalecimento da marca com outros produtos absolutamente dentro das legislações vigentes.
Por esse motivo, ressaltamos que qualquer divulgação negativa acerca do nome Lisboa pode comprometer as vendas de outros produtos que levam a mesma marca.
O lote mencionado não está mais nos supermercados deste setembro de 2016. A empresa o retirou das prateleiras por distorções de qualidade nos produtos importados e por isso também não comercializa mais desde o início desse ano.
Atualmente são envasados pela Natural Alimentos óleos mistos e temperos a base de azeite de oliva saborizados, estritamente, adequados à legislação brasileira e, portanto, com produtos de qualidade e procedência autênticas.
A Natural Alimentos foi a primeira empresa autorizada pela ANVISA a fabricar e comercializar óleo misto e temperos saborizados no Brasil.
A Empresa cumpre restritamente a legislação brasileira em todos os aspectos em que atua. Somos uma empresa Brasileira de 12 anos, possuímos mais de 150 colaboradores (diretos e indiretos).
O nosso time de profissionais incluindo engenheiros e técnicos em alimentos, administradores, gestores em saúde alimentar, especialistas em tecnologia e produção, trabalha com a missão de produzir produtos de alta qualidade e facilitar a vida do consumidor.
As marcas Broto Legal, Beirão, Mondegão, Malaguenza e Serrata foram contatadas por e-mail ou por formulários em seus sites e, até o fechamento desta reportagem, não responderam ao pedido de posicionamento. As marcas Borgel, Do Chefe, Tradição Brasileira e Tordesilhas não foram localizadas.
Este conteúdo foi publicado originalmente na Exame.com

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Por que certas pessoas têm cárie mesmo escovando bem os dentes?

Eis aí uma injustiça com um fundo de verdade. Mas os hábitos de higiene ainda são primordiais para evitar buracos na arcada dentária

É oficial: alguns azarados terão mais cáries do que o resto da população, ainda que escovem os dentes e passem fio dental direitinho. E são vários motivos por trás disso.
Comecemos pelos micro-organismos que vivem na boca. A tal microbiota da região, assim como a intestinal, passa por um período de formação na primeira infância, quando os dentes estão começando a nascer. “É um momento crucial. Se alguma bactéria agressiva for transmitida para a criança, ela poderá ter um perfil de microbiota que favorece as cáries durante a vida”, aponta Fábio Sampaio, odontologista da Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa.
Outro ponto é a dieta açucarada desde cedo. A lógica aqui é que o paladar, acostumado com a doçura, passa a exigi-la em níveis cada vez maiores. “E o indivíduo que come mais açúcar vai ter maior risco de cáries mesmo com uma higiene boa”, destaca Sampaio.
Veja: o açúcar – seja o puro seja o adicionado em itens industrializados ou em preparos caseiros – é o principal alimento dos micróbios do mal que habitam nossa boca. E nem sempre conseguimos eliminá-lo por completo ao limpar a arcada dentária.

De olho na saliva

A boca seca é outro fator de risco para as danadas aparecerem. Como a saliva tem efeito protetor, sua ausência abre caminho para a desmineralização do esmalte do dente, espécie de etapa anterior à cárie.
Tanto que é pior comer doces tarde da noite. “Perto da hora de dormir, o fluxo de saliva diminui”, explica Renata Paraguassu, cirurgiã-dentista da SucessOdonto Prime, no Rio de Janeiro.
O sumiço do líquido pode ser causado por várias condições, do uso de certos remédios ao hábito de respirar só pela boca. “A pessoa pode fazer um teste que analisa o fluxo salivar e, a partir daí, investigar os motivos”, conta Renata.

Papel genético

No início de 2017, um estudo da Universidade de Zurique, na Suíça, identificou possíveis genes responsáveis pela formação do esmalte, camada protetora do dente. Essa estrutura é o primeiro ponto de ataque das bactérias. A hipótese dos pesquisadores, testada em roedores, é a de que mutações nesses pedaços do DNA fragilizariam essa cobertura e, assim, pavimentariam a estrada para os futuros buracos.
“Já observamos que, por motivos genéticos ou traumas pontuais, algumas crianças e até adultos apresentam problemas na estrutura do esmalte”, aponta Marcelo Bonecker, odontopediatra da Universidade de São Paulo. “Ao invés da superfície ficar lisa e brilhante, como deve ser, acaba porosa e irregular, o que facilita o acúmulo de bactérias e açúcar na superfície do dente”, emenda.
Esses casos são detectados no consultório odontológico – ora, as alterações são bem visíveis aos olhos dos profissionais. A partir daí, começa um trabalho preventivo para impedir que novas cáries deem as caras.
“O tratamento varia de acordo com a fragilidade do esmalte. Ele pode envolver aplicações de flúor no consultório ou até, em casos mais profundos, o uso de uma película de resina para criar uma barreira mecânica no local”, detalha Bonecker.
É cedo, entretanto, para dizer que os genes encontrados por aqueles cientistas suíços são os culpados por essa vulnerabilidade. “O estudo foi feito com animais e o achado precisará ser confirmado com novas pesquisas”, destaca Sampaio. “A propensão existe, mas, por se tratar de uma doença multifatorial, é difícil estabelecer as causas para isso”, adianta.
Além disso, em um país com prevalência tão alta de cárie por questões como distribuição de flúor e pouca higiene, culpar o azar por problemas de saúde bucal é no mínimo um exagero.

O principal é o estilo de vida

Comer muito açúcar e não escovar o dente são, sem a menor sombra de dúvida, os grandes culpados pelas cáries. Como a placa bacteriana é o estopim que leva à cárie, dificilmente alguém que se alimente de maneira equilibrada e tenha uma boa higiene desenvolverá a encrenca.
E um recado para quem negligencia a escova e se vangloria de não sofrer com cáries: “Você poderá ter mau hálito e doença periodontal, males causados por outros tipos de bactérias”, alerta Sampaio. Sim, a falta de higiene e de visitas regulares ao dentista sempre vai cobrar seu preço.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Alívio certo para a enxaqueca

Primeiros remédios criados contra a doença reduzem até à metade o número de crises e têm poucos efeitos colaterais

Crédito: THIAGO BERNARDES/FRAME
Ranny sofre com dores de cabeça há 13 anos: alívio só temporário (Crédito: THIAGO BERNARDES/FRAME)
Remédios controlados, analgésicos, dor forte e náuseas. Esta é a rotina diária da paulista Ranny Oliveira, 24 anos. Ela sofre com a enxaqueca desde os onze, ou seja, mais da metade de sua vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a doença atinge pelo menos 127 milhões de pessoas no mundo e figura entre as mais incapacitantes. Ranny, por exemplo, tem crises semanais, algumas durando mais de um dia. “As medicações indicadas por meu médico não resolveram. Depois, ele me aconselhou a fazer acupuntura”, lembra. O método assegurou alívio apenas temporário. Ranny, como a maioria dos pacientes, segue administrando a vida com dor.
Recentemente, médicos e pacientes receberam a notícia de algo que muda as perspectivas no tratamento da doença. Em dois estudos publicados no The New England Journal of Medicine, conceituada publicação científica, pesquisadores descreveram os resultados positivos obtidos com uma classe de remédios criada, pela primeira vez, especificamente contra a enxaqueca. Por terem na mira mecanismos próprios da enfermidade, as medicações são mais eficazes: reduziram até à metade o número de crises, dependendo da dose e da periodicidade das aplicações, e apresentam menos efeitos colaterais em comparação aos usados hoje, de amplitude genérica de ação. “Com os remédios disponíveis, é comum o ganho de peso, confusão mental e diminuição da libido”, explica o neurologista Abouch Krymchantowski, especialista em dor de cabeça e enxaqueca.
Segundo a OMS, ao menos 127 milhões de pessoas
sofrem com a enfermidade em todo o planeta
Os novos remédios (erenumabe e fremanezumabe) são anticorpos monoclonais — moléculas criadas para agir sobre substâncias específicas associadas às doenças. No caso da enxaqueca, atuam sobre a proteína CGRP, uma das responsáveis pela alimentação do ciclo inflamação/dor. Eles são administrados através de injeções (um dos poucos efeitos colaterais foi dor no local da aplicação) e devem chegar ao Brasil em 2019.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Conheça benefícios do consumo de alimentos orgânicos

Cultivados sem utilização de agrotóxicos ou fertilizantes químicos, uva, tomate, morango, soja, cacau e guaraná estão entre as principais produções orgânicas do Brasil

Produtos orgânicos não recebem agrotóxico e/ou fertilizante químico que contamine o solo e os lençóis das águas (Foto: Piyaset/Shutterstock)
Os brasileiros estão mais atentos aos hábitos alimentares. Cerca de 15% da população urbana consumiu produtos orgânicos entre março e abril de 2017. A estimativa, que tem como base entrevista com 905 pessoas de nove capitais do País, foi realizada pelo Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável (Organis), em parceria com a Market Analisys. Divulgado em junho deste ano durante a 13ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia (Bio Brazil Fair), o estudo é a primeira – e mais recente – pesquisa nacional sobre esse tipo de comportamento alimentar. Ainda segundo o Organis, o mercado nacional para esse setor cresceu 20% em 2016 e teve faturamento estimado em R$ 3 bilhões.
O consumo de alimentos orgânicos favorece o organismo e o meio ambiente, pois são isentos de qualquer tipo de adubo químico e de pesticidas. Conforme explica a nutricionista Jéssica Barrocas, do Centerbox Supermercados, os produtos orgânicos são caracterizados por não receberem nenhum tipo de agrotóxico e/ou fertilizante químico que venha a contaminar o solo e os lençóis das águas durante sua produção. “Boa parte das pessoas já ouviu falar em alimentos orgânicos, porém poucas sabem diferenciar”, aponta.
Segundo a nutricionista, o excesso de agrotóxicos e fertilizantes pode causar danos aos consumidores. “Nos produtos não orgânicos, essas substâncias são utilizadas constantemente. Caso seja utilizado algum tipo de aditivos em quantidades superiores ao recomendado, pode causar maiores prejuízos aos consumidores, como dor de cabeça, alergias e até outros tipos de doenças”, destaca. Contudo, apesar de serem produzidos de forma mais natural, os alimentos orgânicos ainda são fontes de várias pesquisas e discussões científicas, cuja finalidade é comprovar se há, de fato, superioridade quanto aos alimentos convencionais.
Atenção aos detalhes
Na hora de comprar produtos orgânicos, é importante observar se, no produto, consta o certificado de procedência na embalagem. Com o selo, a certificadora credenciada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) assegura que o produto obedece às normas de produção orgânica. Entre os principais alimentos orgânicos produzidos no Brasil, Jéssica Barrocas destaca cana, soja, cacau, gengibre, guaraná, manga, morango, pêssego, tomate e uva.
Um aspecto não muda em relação a alimentos orgânicos e não orgânicos: a necessidade de serem submetidos à higienização, uma vez que os dois grupos podem contrair microrganismos prejudiciais à sua composição. Ainda de acordo com a nutricionista, um fator que dificulta o acesso aos produtos orgânicos em algumas localidades é o preço elevado, em comparação aos convencionais. “Os alimentos orgânicos geralmente não têm boa aparência, não são uniformes no tamanho e são pequenos, mas são saborosos, nutritivos e livres de agrotóxicos”, finaliza.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Enfim, um exame de urina que detecta a tuberculose

Um teste bem mais simples e preciso de diagnosticar essa doença está sendo desenvolvido – e pode ajudar milhares de pessoas

Para flagrar a tuberculose, hoje em dia é necessário fazer um teste de pele ou de sangue, que não está disponível em todo lugar e que, acima de tudo, exige experiência dos profissionais. Mas pesquisadores da Universidade George Mason, nos Estados Unidos, parecem ter encontrado uma alternativa barata, eficaz e simples: um exame de urina moderno.
Em estudos preliminares, os cientistas descobriram que uma molécula – a RB221 – é capaz de detectar e aprisionar uma espécie de açúcar que a bactéria da tuberculose libera no corpo. Então coletaram amostras de xixi de 48 indivíduos com a doença e as colocaram em contato com essa partícula.
Daí veio o resultado animador: a estratégia aumentou a precisão do exame em até mil vezes, garantindo uma sensibilidade superior a 95%. O método chegou até a diferenciar a severidade da enfermidade, o que pode ajudar no tratamento.
Os experts agora precisam expandir seus estudos para mais voluntários e, dentro do possível, simplificar o exame. Se tudo der certo, é possível que em três anos a novidade chegue ao mercado.

O que é tuberculose

Estamos falando de uma doença causada pelas bactérias Mycobacterium e Bacilo de Koch. Esses micro-organismos são transmitidos por contato com fluidos corporais, como secreções nasais.
A tuberculose afeta principalmente os pulmões e gera tosse seca, cansaço, febre, falta de apetite. Conforme avança e degenera esses órgãos, pode colocar a vida do paciente em risco. No mundo, são mais de 9,6 milhões de casos por ano e 1,5 milhão de mortes – muitas delas no Brasil.
O tratamento envolve o uso prolongado de antibióticos, que pode se estender por seis meses ou até mais. Se a pessoa não abandona o tratamento, consegue se curar.
No entanto, eventuais danos graves ao corpo são irreversíveis. Daí a importância da detecção precoce da tuberculose – e, por consequência, a relevância desse exame de urina.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Sarcopenia, a desnutrição silenciosa

Professor esclarece o elo entre dieta desequilibrada e redução da massa muscular — e o impacto disso na qualidade de vida

A desnutrição, fruto de um déficit no consumo energético e de proteínas, já é considerada um problema de saúde pública, principalmente na população idosa. Segundo a definição europeia, é caracterizada pela falta de ingestão ou absorção de nutrientes capaz de levar a alterações na composição corporal, diminuição da função física e mental, bem como a maior risco de doenças e complicações.
O índice de massa corporal (IMC) – calculado dividindo-se o peso pela altura elevada ao quadrado – menor que 18,5 ou a perda de peso maior que 5% durante três meses são critérios que sugerem desnutrição. Esse quadro, aliás, pode ser dividido de acordo com a sua causa em:
  • Marasmo, que ocorre por causa da redução de ingestão de comida
  • Caquexia, que ocorre por um problema inflamatório gerado pela presença de doenças crônicas
  • Sarcopenia, que ocorre pela redução da massa e da função muscular
São diversas as alterações no organismo que acontecem com o envelhecimento e estão associadas à desnutrição. Os mais idosos frequentemente reduzem a ingestão alimentar devido a perdas sensoriais como as do paladar e olfato, podem sofrer de condições crônicas como depressão e demência, além de usarem medicações que interferem no apetite.
O próprio processo inflamatório das doenças crônicas, mais comuns com o avançar da idade, pode levar à perda da vontade de comer e à deterioração dos músculos.
Além disso, o envelhecimento é naturalmente acompanhado de uma lenta e progressiva diminuição da massa muscular. Com o tempo, ela acaba sendo substituída por colágeno e gordura. A redução excessiva desse suporte, juntamente à diminuição da capacidade funcional da musculatura, é que está por trás da sarcopenia.
É interessante observar que pessoas com a condição podem não apresentar necessariamente redução do peso ou do IMC, justamente porque a musculatura é substituída por gordura. Logo, a sarcopenia não fica aparente, o que dificulta inclusive o diagnóstico.
Para a detecção do quadro, indica-se um exame que evidencie a redução da massa muscular – como ressonância magnética, bioimpedância elétrica ou densitometria de raio X de dupla energia – associada à redução da força muscular, determinada pelo teste de força de preensão manual, ou da performance muscular, apontada pela análise da velocidade da marcha ou de um teste de caminhada de 6 minutos.

Os fatores de risco

Apesar da escassez de dados brasileiros, um estudo realizado com idosos na área urbana da cidade de São Paulo indica uma prevalência de 15,4% de sarcopenia.
A sarcopenia representa um fator de risco importante para a fragilidade e a perda de independência das pessoas mais velhas. Também está ligada a um maior risco de sofrer acidentes, quedas e mesmo uma morte precoce. Atualmente, a sarcopenia apresenta um grande impacto socioeconômico, consumindo aproximadamente 18,5 bilhões de dólares só nos Estados Unidos.
Falamos de uma condição de origem multifatorial. São vários os fenômenos fisiológicos que desempenham papel em seu aparecimento, como diminuição na produção de alguns hormônios, sem contar o peso dos aspectos do estilo de vida. Concorrem a favor do problema inatividade física, redução na ingestão de proteínas, tabagismo e deficiência de vitamina D.

Plano de ação

Hoje, diversos tratamentos promissores para a sarcopenia são estudados. Mas a combinação entre dieta balanceada e atividade física regular segue como principal terapia contra a doença. Nesse sentido, vale destacar que a oferta de proteína deve estar adequada, ficando entre 1,2 e 1,5 grama diários do nutriente por quilo. Assim, um indivíduo de 60 quilos poderia comer algo em torno de dois a três bifes. Algumas pesquisas sugerem inclusive que esse aporte de proteínas deve ser fracionado ao longo do dia.
Além disso, a reposição de vitamina D em casos de deficiência e o tratamento da anemia, uma vez presente, reforçam o índice de sucesso do combate à sarcopenia.
A suplementação de leucina, um aminoácido essencial não produzido pelo organismo, também é estudada com resultados promissores. Seu uso, vale lembrar, vai depender de indicação e orientação de um profissional de saúde.
Em relação à atividade física, exercícios supervisionados, preferencialmente de resistência (musculação e afins) ou combinados com os aeróbicos (caminhada, corrida..) são recomendados.
O objetivo é frear ou reverter a perda da massa muscular para que esse processo não interfira na qualidade de vida.
* Dr. Marcos Ferreira Minicucci é professor da disciplina de Clínica Médica Geral da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e editor-chefe da Nutrire, a revista da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN)

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Insulina mais eficaz pra diabetes ganha versão com preço reduzido

O remédio (o primeiro biossimilar contra essa doença) é 70% mais barato e promete facilitar a vida de quem precisa tomar as injeções diárias

Chegou ao Brasil uma novidade para o tratamento do diabetes tipo 1 e 2. Trata-se do Basaglar, o primeiro medicamento biossimilar da insulina glargina, criado pela parceria entre as farmacêuticas Eli Lilly e Boehringer Ingelheim. Em resumo, ele é criado a partir da versão original da insulina glargina, que há alguns anos foi recebida com entusiasmo pelos diabéticos e seus médicos. Só que a novidade é 70% mais barata do que o medicamento referência no nosso país – e com eficácia e segurança iguais, garantidos por órgãos reguladores e pesquisas científicas.
“A insulina glargina é um marco no tratamento da doença no país, porque permite aos pacientes um maior controle da glicemia e um estilo de vida mais flexível”, explica Rosangela Réa, endocrinologista e professora da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba.
Ela ganhou essa fama porque sua ação é mais estável. “As insulinas basais antigas provocavam picos do hormônio e duravam 18 horas ao invés de 24”, compara a médica. Sem saber quando esse pico aconteceria, as refeições tinham que seguir um horário mais rígido.
Já a glargina tem efeito duradouro: basta uma picada ao dia. E ela ainda diminui o risco da hipoglicemia, quadro perigoso que pode ocorrer quando há insulina demais em circulação.
Além disso, como contém apenas insulina, o produto não precisa ser misturado a outros elementos toda vez que for aplicado. “Esse procedimento é delicado e, se feito inadequadamente, compromete a eficácia do remédio”, relembra a médica. Em vez disso, o fármaco é apresentado em canetas injetáveis com agulhas fininhas.

Mais acessibilidade

A insulina glargina disponível até então, da Sanofi, pesava no bolso dos pacientes. Em algumas situações, seu preço simplesmente inviabilizava o tratamento no longo prazo, obrigando os pacientes a utilizar opções menos apropriadas.
Com a nova opção no mercado, a esperança é de que mais diabéticos possam alcançar um controle adequado da doença. Aliás, após a chegada de Basaglar, a versão de referência da insulina glargina já baixou seu preço por meio de programas de assistência ao paciente. O que a concorrência não faz…
Vale lembrar que a insulina glargina é de longa ação e não substitui a versão de ação rápida ou a ultrarrápida, que é tomada imediatamente antes das refeições. Coordenar essas medicações direito é fruto de um bom diálogo com o doutor.

O que é um biossimilar?

Os medicamentos biológicos, caso da insulina glargina, são feitos a partir de organismos vivos e compostos por milhares de moléculas. Assim, mesmo quando a patente deles cai, é impossível copiá-lo de maneira idêntica, como ocorre com os genéricos de remédios convencionais.
No entanto, dá para chegar bem perto da estrutura original – e, por meio de estudos científicos, garantir segurança e eficácia igual ao do produto referência. Quando isso acontece, trata-se de um biossimilar. Esse é o caso do Basaglar.
O surgimento dos biossimilares é visto com bons olhos justamente por oferecer opções mais baratas ao consumidor.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Por que a perda de visão é cada vez mais comum. E como evitá-la

O número de casos de cegueira e deficiência visual só vem aumentado. A boa notícia, porém, é que 80% deles podem ser prevenidos - saiba como

“Os carros parados numa esquina esperam o sinal mudar. A luz verde acende-se, mas um dos carros não se move. Em meio às buzinas enfurecidas, percebe-se o movimento da boca do motorista: Estou cego!” O trecho, extraído do romance Ensaio Sobre a Cegueira, do português José Saramago, é fictício, mas o drama de quem convive com a perda total ou parcial da visão é real.
Nos últimos 25 anos, o número de casos de cegueira no mundo passou de 30,6 milhões em 1990 para 36 milhões em 2015. No mesmo período, o índice de portadores de algum tipo de deficiência visual, de moderada a grave, registrou um crescimento de 36%. Hoje são 217 milhões de pessoas nessa situação, a maioria delas vítima de doenças não diagnosticadas e tratadas a tempo, como catarata e glaucoma. Pior: a expectativa é que, até 2050, esse índice chegue a triplicar.
“O número de cegos e deficientes visuais vem se elevando porque a população mundial, além de ter aumentado, também envelhece”, constata o oftalmologista britânico Rupert Bourne, autor de um minucioso estudo que analisou a saúde ocular de 188 países a partir do banco de dados Global Vision Databases.
Embora pese bastante, o envelhecimento não é a única explicação para esse boom. A expansão de alguns problemas sistêmicos (pressão alta, diabetes…), maus hábitos (cigarro, sedentarismo…) e até o uso indiscriminado de remédios (inclusive colírios) têm lá sua parcela de culpa.
Apesar de já estar associado à miopia, o uso regular de celulares, tablets e computadores — bem como o hábito de ler e trabalhar em locais fechados — não parece influenciar na perda da visão em si. “Na pior das hipóteses, vai causar sensação de olho seco e vista cansada”, esclarece o oftalmo Carlos Eduardo Arieta, professor da Universidade Estadual de Campinas.

Dá, sim, para prevenir a perda de visão

A despeito das causas desse déficit visual em massa, o fato é que o novo levantamento global soa um alerta: se medidas urgentes não forem tomadas já, o número de pessoas afetadas saltará de 115 milhões para 588 milhões em pouco mais de três décadas.
Uma das estratégias para evitar esse cenário é conscientizar as pessoas a não esperarem o aparecimento de sinais estranhos, como vista embaçada ou manchas escuras no campo de visão, para procurar o médico. “A partir dos 40 anos, quando ocorre uma frequência maior de doenças potencialmente causadoras de cegueira, as consultas precisam ser rotineiras”, aconselha o oftalmo João Marcello Furtado, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Há quatro principais problemas que respondem por tanta gente sob risco de não enxergar mais direito: catarata, glaucoma, degeneração macular relacionada à idade e retinopatia diabética. Dessas, a única plenamente reversível é a catarata, com 550 mil novos casos por ano no Brasil. “A cirurgia para tratá-la é uma das mais realizadas no mundo. Basta remover o cristalino danificado e, em seu lugar, implantar uma lente artificial”, descreve o oftalmo Gustavo Baptista, diretor da Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa.
(Ilustração: Augusto Zambonatto/SAÚDE é Vital)
Já o glaucoma, a degeneração macular e a retinopatia são mais difíceis no trato — até por causa do diagnóstico geralmente tardio. No glaucoma, que afeta o nervo óptico, nove em dez casos não apresentam sintomas iniciais. Daí que o indivíduo só percebe algo quando o perrengue está avançado. “O tratamento evita a progressão da doença, mas não recupera a visão perdida”, explica a oftalmo Wilma Lelis Barboza, presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma.
Diagnóstico precoce também é determinante para conter as enfermidades da retina, porção no fundo do olho que converte as imagens em impulsos que podem ser lidos pelo cérebro. A degeneração macular relacionada à idade não leva à perda total da vista, mas dificulta demais a leitura, o reconhecimento dos rostos, a prática de esportes e outras atividades do dia a dia. “Os danos vão além da limitação visual. Incluem desde o maior risco de quedas até depressão”, observa a oftalmogeriatra Marcela Cypel, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Ao contrário da córnea, porção mais externa que pode ser trocada por transplante, e do cristalino, substituído na cirurgia de catarata, ainda é impossível recuperar a retina lesada. Por isso não dá para fazer vista grossa à prevenção — sobretudo se o sujeito já tem diabetes ou hipertensão, fatores de risco para a retinopatia.
O êxito aqui depende de acompanhamento médico. “Se o indivíduo tem histórico de doença ocular na família, por exemplo, o retorno deve ser anual”, orienta o oftalmo Paulo Augusto de Arruda Mello, da Universidade Federal de São Paulo.
As visitas ao consultório — onde o especialista vai inspecionar o fundo do olho, medir a pressão intraocular… — permitem flagrar e remediar desde cedo os males da vista. Até porque os tratamentos evoluíram bastante nos últimos anos. “Devemos ir ao oftalmo não apenas para fazer óculos”, ressalta Marcela. Isso é que é visão de futuro!

As cinco condições mais comuns com a idade

Catarata
  • O que é: o cristalino, lente natural do olho, fica turvo.
  • Sintoma: vista embaçada.
  • Tratamento: cirurgia tradicional ou a laser.
Glaucoma
  • O que é: doença do nervo óptico causada por aumento da pressão intraocular.
  • Sintoma: estreitamento do campo visual
  • Tratamento: colírios especiais ou cirurgia.
Degeneração macular
  • O que é: lesão na mácula, área central da retina.
  • Sintoma: perda do campo central da visão.
  • Tratamento: terapia fotodinâmica ou injeções intraoculares.
Retinopatia
  • O que é: danos nos vasinhos que irrigam a retina.
  • Sintoma: visão turva ou embaçada.
  • Tratamento: laser, injeções intraoculares e controle do diabetes.
Presbiopia
  • O que é: perda natural da elasticidade do cristalino.
  • Sintoma: dificuldade de foco e leitura a curta distância.
  • Tratamento: óculos, lentes de contato ou intraoculares.

O que a ciência prepara para salvar a visão da humanidade

Microchip intraocular
Feito de um material biodegradável, ele libera doses exatas de um medicamento para a retina ao longo de seis meses.
Células-tronco
Elas são testadas, com relativo sucesso, para regenerar áreas comprometidas por doenças como a degeneração macular relacionada à idade.
Terapia não invasiva
O desenvolvimento de novos colírios é uma esperança de tratamento mais prático para pessoas com retinopatia diabética, normalmente controlada com injeções ou laser.
Colírio anticatarata
Gotinhas capazes de reverter o turvamento do cristalino já são estudadas como futura alternativa à cirurgia convencional.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Câncer de pele também surge nas pálpebras, mas poucos se protegem

A região dos olhos é frequentemente ignorada na defesa contra os raios solares, segundo novo estudo. E até 10% dos tumores acontecem por ali

Pesquisadores ingleses avaliaram como as pessoas aplicam protetor solar no rosto e descobriram que os arredores dos olhos são até duas vezes mais negligenciados do que o resto da face. O trabalho, realizado pela Universidade de Liverpool, chama a atenção porque as pálpebras e companhia também sofrem com o câncer de pele. E não é pouco.
“10% dos tumores de pele tipo carcinoma basocelular, que é o mais comum, ocorrem na área dos olhos, onde ele é mais perigoso”, explica o médico Flávio Barbosa Luz, da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Ora, remover nódulos malignos dali exige uma operação delicada, que não raro envolve a reconstrução da pálpebra.
Hora, então, de olhar com carinho para esse pedaço ignorado da face. O momento é oportuno para discutir o assunto, uma vez que estamos no Dezembro Laranja, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de pele. A iniciativa é da SBD e tem em 2017 o lema “Se exponha, mas não se queime”.

Detalhes do estudo

O grupo avaliou 57 indivíduos em duas oportunidades. Primeiro, eles foram instruídos a passar protetor solar da maneira que sempre faziam. Depois, voltaram ao laboratório em uma segunda oportunidade e receberam informações sobre a importância de não esquecer dos olhos antes de receberem o produto.
Os pesquisadores fotografaram o rosto dos voluntários depois da aplicação com câmeras sensíveis à radiação ultravioleta emitida pelo sol. Na primeira ocasião, até 14% da área dos olhos foi ignorada pelos participantes, enquanto no restante do rosto esse índice ficou em 7%. Ao fornecer as instruções antes, a cobertura melhorou, mas alguns cantinhos ainda permaneceram descobertos.
A encruzilhada dessa história: não é lá muito agradável aplicar nenhum creme em volta dos olhos. “É difícil passar protetor nessa região. O produto escorre, não é apropriado”, aponta Barbosa. Os próprios autores do estudo concluem que, embora a educação tenha seu impacto, é importante pensar em alternativas mais confortáveis ao filtro.
“Aqui precisamos fazer um mea culpa. Nós sempre associamos a defesa contra a radiação solar ao uso do protetor, mas ele não é a única medida possível”, comenta Barbosa.

Como blindar a visão

No caso dos olhos, o melhor é usar óculos escuros – sim, ele também vai blindar suas pálpebras dos raios ultravioleta (UV). Só não adianta ser qualquer modelo do camelô. “Qualquer vidro resguarda contra o UVB, mas para barrar o UVA, que também é perigoso, a lente precisa passar por um tratamento especial”, alerta Barbosa.
Se a grana está curta, um chapéu de abas largas ou uma viseira também garantem que o sol não atinja diretamente as vistas e o rosto todo. Vale lembrar que 90% dos cânceres de pele mais comuns ocorrem entre cabeça e pescoço.
Nada disso, entretanto, significa que o protetor deva ser dispensado. Ele continua obrigatório, mas seu uso (assim como o dos óculos) deve ser ajustado às realidades individuais. Por exemplo, de nada adianta passá-lo antes de sair de casa bem cedinho e esquecê-lo na hora de sair do trabalho para almoçar em pleno solão do meio dia.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

6 mitos e verdades sobre alergia respiratória

Não é porque o verão chegou que podemos descuidar da rinite, da asma e por aí vai. Aprenda a manejar essas doenças direito – em todas as épocas do ano

  As alergias respiratórias, da rinite à asma, chegam a acometer um quarto das crianças brasileiras – e seguem atormentando muitos dos adultos. Ainda assim, elas são cercadas de mitos que, no fim das contas, prejudicam o tratamento e pioram o bem-estar dos pacientes.
Para contornar a desinformação e afugentar as crises, o médico Fábio Morato Castro, supervisor do Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo, elegeu os assuntos que geram mais polêmica nos consultórios dos alergistas. E os esclareceu um por um. Confira:

1) O frio piora as alergias respiratórias. MITO!

A baixa temperatura em si não tem o poder de agravar esses quadros. Agora, as mudanças bruscas no termômetro são, sim, problemáticas – portanto, se o tempo virou, melhor redobrar os cuidados.
Além disso, comportamentos associados ao outono e ao inverno, como usar casacos e cobertores guardados há muito tempo ou deixar as janelas fechadas, facilitam o contato com os ácaros.
Acontece que, nesse sentido, a primavera e o verão também oferecem seus desafios. “Elas podem prejudicar uma alergia, porque há um aumento no uso de ar condicionado”, explica Castro. “Só é importante ressaltar que o fato que desencadeia as reações é a falta de limpeza do aparelho e dos filtros”, pondera.

2) Produtos com cheiros fortes devem ser evitados. VERDADE!

Se você tem uma alergia, maneire no perfume e evite entrar em contato direto com produtos de limpeza que emanam essências intensas. “É importante que os ambientes estejam sempre limpos e arejados para minimizar as crises. Mas escolha os produtos menos invasivos e irritantes”, ressalta Castro.

3) Alérgicos podem praticar esportes. VERDADE!

Não só podem como devem. Já há estudos mostrando que atividades físicas, quando bem orientadas, chegam a afugentar as crises.
Só é recomendável conversar com o médico para fazer eventuais ajustes. Exemplo: em um dia muito quente e seco, melhor pular as sessões de exercício.

4) Antialérgicos dão sono. MITO!

Isso pode acontecer com certos medicamentos, mas não é uma regra. “A primeira geração de remédios provoca sonolência. Já os mais modernos não têm esse inconveniente”, afirma Castro. Converse com o profissional de saúde sobre qual a opção ideal para o seu caso.

5) Purificadores de ar podem evitar crises alérgicas. VERDADE!

Segundo Castro, purificadores de ar com filtros especiais são eficazes em remover pelos de animais, restos de insetos e outros deflagradores de surtos de espirro, coceira e afins. Para os alérgicos, eles valeriam o investimento.

6) É impossível diferenciar gripes e resfriados de uma crise alérgica. MITO!

Os sintomas de uma alergia incluem nariz entupido, tosse e espirros. Até aí, estamos falando de sintomas parecidos com o de gripes e resfriados. Só que as infecções também costumam provocar dores no corpo, fraqueza e dor de garganta. Ou seja, com um olhar apurado dá pra diferenciar, sim, essas encrencas – e tratá-las direito.

sábado, 9 de dezembro de 2017

Bebês do futuro

O nascimento da primeira criança americana após transplante de útero mostra que o método se consolida como opção a mulheres que não podiam gerar filhos

Crédito: Divulgação
É UM MENINO O garoto, que teve a identidade preservada, nasceu saudável (Crédito: Divulgação)
Ele nasceu há um mês no hospital da Baylor University Medical Center, nos Estados Unidos. Teve seu nome, o nome dos pais e o endereço preservados para que a privacidade da família seja respeitada. É um cuidado a mais para o menino – retratado na foto acima – que se tornou a primeira criança nos EUA a nascer após a mãe ser submetida a um transplante de útero.
O anúncio de seu nascimento ocorreu na semana passada e deixou entusiasmados médicos e pacientes de todo o mundo. Provou que a aplicação do método pode ser replicada por instituições ao redor do planeta. Desde 2014, apenas o hospital sueco da universidade Sahlgrenska, em Gotemburgo, havia sido bem-sucedido na adoção da técnica. Oito bebês nasceram por lá depois de transplantes uterinos. “É importante quando reproduzimos com sucesso novos métodos”, afirmou a médica Liza Johannesson, ex-integrante do time de especialistas suecos e hoje membro do grupo da Baylor University. “Vi muitos nascimentos, mas este foi especial.”
O transplante de útero foi criado para servir de última opção à mulheres que desejam ter filhos mas, ou nasceram sem o órgão, ou tiveram doenças que obrigaram sua remoção ou prejudicaram sua funcionalidade. É um procedimento complexo. A cirurgia para a extração do útero é delicada e o implante tem grau de dificuldade que se aproxima ao de um transplante de fígado, o mais desafiador de todos. A concepção deve ser feita por fertilização in vitro (união de óvulo e espermatozóide em laboratório).
A possibilidade de dar à mulheres a oportunidade de gerar um filho, no entanto, move os especialistas. E faz crescer entre as pacientes a perspectiva de ver um sonho realizado. Após o nascimento das crianças, o órgão é removido para que as pacientes não precisem tomar remédios anti-rejeição a vida toda.
C. P.
Até hoje, nove bebês nasceram a partir da técnica. Oito na Suécia

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Colesterol alto também pode ser problema de criança

Médica alerta para a condição que aumenta o risco cardiovascular mesmo na infância e explica como é possível contê-la do princípio

Embora seja mais comum na idade adulta, o aumento dos níveis de colesterol ou triglicérides no sangue não raro já tem início na infância. E representa uma ameaça à saúde, uma vez que está diretamente associado ao maior risco de infarto e acidente vascular cerebral. Inclusive porque, ainda nessa fase da vida, já pode começar a formação de placas de gordura nas artérias, fenômeno que levará às doenças cardiovasculares no futuro.
Um quadro em particular chama atenção nesse contexto: a hipercolesterolemia familiar (HF), doença caracterizada por altos níveis de colesterol logo na infância. Existem duas formas do problema. Estima-se que a versão heterozigótica, mais leve, afeta uma em cada 200 a 500 crianças. Em geral, os níveis de colesterol no sangue ficam em torno de 350 e 550 mg/dl. Falamos de indivíduos que provavelmente terão doença cardiovascular antes dos 50 anos se não tratados adequadamente.
Já a segunda a versão, a forma homozigótica, é uma doença mais rara e grave. Ocorre um caso a cada 1 milhão de indivíduos, podendo acontecer na proporção de um para 30 mil em determinadas populações.
Os valores de colesterol total, nesse caso, podem ultrapassar 1 000 mg/dl – só o LDL (o colesterol “ruim”) chega a superar 500 mg/dl. Esses indivíduos, se não controlados precocemente, apresentarão doença cardiovascular antes até dos 20 anos de idade. Além do risco às artérias, esse grupo pode sofrer com xantomas, lesões de pele originárias do excesso de gordura circulante.
Atualmente, os consensos nacionais e internacionais sugerem que a primeira dosagem de colesterol na infância seja feita em toda a criança entre 9 e 11 anos. Elas deveriam passar por uma triagem para a HF. Em crianças com obesidade, diabetes, problemas renais ou autoimunes, assim como naquelas com histórico familiar de doença cardiovascular precoce (antes dos 50 anos), se recomenda que os exames de colesterol sejam feitos a partir dos 2 anos de idade.
A suspeita de maior risco pode surgir no consultório do pediatra, que, principalmente nos episódios de HF, deve remanejar o pequeno paciente a um especialista. O tratamento inicial se baseia em mudanças de estilo de vida, como aumento da prática de atividade física, adequação da dieta (pobre em gorduras e rica em fibras) e controle do peso.
Se essas medidas não surtirem efeito, deve ser iniciado o tratamento com remédios. O objetivo é manter o LDL-colesterol, mais perigoso aos vasos, abaixo de 130 mg/dl.
O diagnóstico e o tratamento precoce compõem um requisito fundamental para que essas crianças não tenham a qualidade e a expectativa de vida prejudicadas pela doença cardiovascular.
* Dra. Louise Cominato é endocrinologista pediátrica e secretária do Departamento de Endocrinologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo