sábado, 30 de abril de 2011

Fabricante do Botox é condenada a pagar US$ 212 mi por danos

O júri do Estado da Virginia condenou a Allergan Inc --fabricante americano do Botox-- a pagar US$ 212 milhões a um homem que afirma que injeções de Botox lhe causaram danos cerebrais.

Os jurados recompensaram Douglas Ray Jr., 67, em US$ 12 milhões por indenizações compensatórias e mais US$ 200 milhões pelos danos, disse a companhia na quinta-feira (28).

Ray disse que ele foi ferido após receber injeções de Botox para atenuar um tremor nas mãos, segundo relatório do Richmond Times-Dispatch.

Em declaração, a Allergan disse que não há nenhuma evidência de que a empresa falhou em fornecer informações adequadas sobre os potenciais riscos da droga. Também disse que não há provas de que o Botox causou os sintomas.

A empresa informou que está avaliando as bases para um recurso.

A Allergan concordou no ano passado a assumir a culpa e pagar R $ 600 milhões por promover o uso de seu célebre tratamento contra rugas para outros casos não autorizados.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

CE registra 2.240 casos de câncer de próstata

O câncer de próstata é a primeira causa de morte por câncer entre homens no Ceará. Este ano, 2.240 novos casos da doença deverão ser diagnosticados, segundo estimativa do Comitê Estadual de Controle de Câncer, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Desse total, 540 na Capital. A estatística indica que são 52 novos casos da doença, a cada 100 mil habitantes.

A nível nacional, a situação também é delicada. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 52 mil casos da doença foram diagnosticados no ano passado em todo Brasil, sendo mais de 2 mil no Ceará. Em 2008, 542 homens morreram no Estado vítimas da doença. É a neoplasia que mais provocou óbitos em pessoas do sexo masculino, como indica o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).

Simpósio

Para debater o assunto iniciado ontem e se estenderá até amanhã, em Fortaleza, o IV Simpósio Internacional de Videocirurgia Urológica e o I Simpósio do Grupo de Estudos de Tumores Urológicos do Ceará (Getuc).

O objetivo é discutir os avanços no tratamento dos cânceres urológicos - que atingem próstata, pênis, testículo, bexiga e rim - por meio de videocirurgia, radioterapia e novos medicamentos de quimioterapia. A abertura ocorreu ontem, quando o médico Richard Gaston, da França, ministrou palestra sobre "Estado da arte - Videocirurgia robótica no câncer urológico".

Hoje, um módulo sobre próstata, bexiga e testículo será realizado de 8h às 17h20. Amanhã, o ciclo de debates segue, desta vez, com a temática: pênis e rim, de 8h às 12h.

Diagnóstico

Luís Porto, presidente do Comitê Estadual de Controle de Câncer da Sesa, explica que a situação do câncer de próstata no Ceará se agrava, porque o diagnóstico é feito quase sempre tardiamente, quando a neoplasia já está em estágio avançado. Por esse motivo, esclarece o urologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), João Batista, o índice de mortalidade é bastante alto.

Contudo, o especialista revela que o preconceito em torno do exame já foi maior, prova disso é que os homens estão realizando mais as prevenções. Importantes aliadas nesse processo, são as esposas, responsáveis por convencer os companheiros a fazerem os exames.

Um dos sintomas que a doença apresenta são problemas para urinar, nos casos benignos. Os malignos, porém, na fase inicial, não provocam sintomas. O homem acima de 45 anos deverá fazer o quanto antes exames de prevenção. Contudo, se possui histórico de câncer de próstata na família, o recomendado é que os exames comecem a ser realizados a partir dos 40 anos. A prevenção é feita através de dois exames: o clínico (toque retal) e de dosagem do antígeno prostático específico (PSA).

O urologista João Batista assegura que o câncer de próstata é curável, desde que seja diagnosticado em fase inicial.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Reciclagem contra erros médicos

Ponta Grossa - A cada mês, um médico tem o registro profissional cassado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) por falhas no exercício da atividade que levaram à morte ou a graves danos ao paciente. Nos dois últimos anos, pelo menos 22 médicos perderam o direito de exercer a profissão no país, que conta com 347,9 mil profissionais. Número pequeno diante do total de reclamações de erros médicos. Só em Curitiba, 84 denúncias foram feitas ao Núcleo de Repressão aos Crimes contra a Saúde (Nucrisa) em 2010.
Antes de perder o registro profissional, o médico pode ser submetido a outras sanções disciplinares por parte dos conselhos regionais. Entre as medidas previstas estão advertência, censura e suspensão temporária das atividades. Contudo, em breve, os médicos também poderão ser encaminhados a um curso de reciclagem técnica e ética. Um projeto de lei tramita no Congresso para rever as punições administrativas impostas pela Lei 3.268, de 1957.
O médico que compromete a vida e a integridade de um paciente está sujeito a punições administrativas e a ações penais. As de­­núncias de erro médico que chegam à polícia são apuradas e transformadas em inquéritos encaminhados a juízes criminais. As reclamações estão relacionadas tanto ao sistema público de saúde quanto ao privado. “Não dá para dizer que só os pacientes do SUS são vítimas”, afirma a delegada Paula Christiane Brisola, do Nucrisa.
O número de cassações é pequeno na opinião do presidente da Associação de Vítimas de Erros Médicos no Mato Grosso do Sul, Valdemar Morais. “Aqui no Mato Grosso do Sul, a associação acompanha 400 processos desde a fundação da entidade, em julho de 2007. Infelizmente, a cassação não depende do Ministério Público. É o CRM [Conselho Regional de Medicina] quem cassa. Eu acho que há uma impunidade muito grande”, defende.
Já o vice-presidente do Con­­selho Regional de Medicina (CRM) do Paraná, Alexandre Augusto Bley, pensa diferente. “A cassação equivale à prisão perpétua para o médico. Se ele fez, por exemplo, 5 mil cirurgias que deram certo e fez uma que apresentou problema, ele deve ser cassado?”, questiona.
Projeto
Para rever as punições administrativas existentes, a senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE) apresentou o Projeto de Lei 437. O projeto encontra-se na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. “O padrão vigente não está apenas desatualizado como também apresenta gradação imperfeita. A ausência de penas intermediárias favorece a impunidade nos casos em que a pena maior seria desproporcional à falta”, afirma a senadora. “Tão ou mais grave é o não reconhecimento, no ordenamento vigente, da possibilidade de reabilitação.”
Se a proposta for aprovada, as penas disciplinares ganham um caráter pedagógico. “O que se deseja não é nem deixar o médico impune nem satanizá-lo. A tônica maior do projeto é a justiça nas sanções”, defende a psicanalista Déborah Pimentel, professora do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Sergipe.Ela argumenta que a cassação é uma pena leve para “erros bárbaros” e exagerada em outras circunstâncias.
Representantes da classe acreditam que a lei deve ser atualizada, mas discordam de alguns pontos do projeto. “A proposta prevê a advertência pública em jornais de circulação do CRM e do CFM. Eu não considero o mais adequado. Hoje, a advertência pública é feita nos jornais de grande circulação”, opina Bley.
Suspensão
O projeto também cria a suspensão da atividade profissional por um período de até seis meses. Na opinião do terceiro vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti, o prazo deveria ser estendido para até 24 meses, com a inclusão de penas educativas. “Hoje não existe nenhum instrumento que obrigue o médico a se reeducar antes de voltar ao trabalho”, considera.
Em um estágio anterior à cassação, a senadora propõe que os médicos em observação façam um curso de ética profissional e de aperfeiçoamento ou uma especialização. Se o profissional sujeito à cassação não comprovar a participação ou não for aprovado nos cursos, ele é efetivamente cassado. A regulação e o acompanhamento seriam feitos pelo CFM.

Mudanças
O Projeto de Lei 437 que tramita no Senado, propõe a substituição do artigo 22 da Lei 3.268/1957, que determina as penas disciplinares para os médicos julgados em processos conduzidos pelos conselhos regionais de medicina. Confira as mudanças:
Lei atual
As penas disciplinares são: advertência individual; censura individual; censura pública (em jornais de grande circulação); suspensão por até 30 dias; e cassação. Em todos os casos, cabe recurso ao Conselho Federal de Medicina (CFM).
Proposta
As penas disciplinares seriam: advertência individual; censura individual; censura pública (nas publicações do conselho regional e do conselho federal); participação e conclusão em cursos de ética profissional ou de aperfeiçoamento ou especialização, dependendo do erro; suspensão do exercício profissional de um a seis meses; e cassação. Também cabe recurso.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Controle de hipertensão em idosos ganha diretriz

Nesta semana, duas associações americanas de cardiologia lançaram, pela primeira vez, diretrizes para prevenção e controle da hipertensão em idosos.

O consenso foi definido pela American College of Cardiology Foundation e pela American Heart Association.

Segundo o texto, 64% dos homens e 75% das mulheres acima dos 70 anos têm pressão alta, o que aumenta o risco de infarto, derrame, diabetes e doenças renais.

Mas apenas um em cada três homens dessa faixa etária e uma entre quatro mulheres controlam a pressão arterial adequadamente.

O consenso estabelece que a pressão arterial deve ser menor que 14 por 9 em pessoas de até 79 anos, mesmo padrão para pacientes adultos. Mas, em idosos acima de 80 anos, a pressão máxima pode ser de até 14,5.

Segundo Celso Amodeo, cardiologista especialista em hipertensão do HCor (Hospital do Coração), a pressão em idosos pode ser mais alta do que a considerada normal.

"A pressão baixa nessa idade pode levar a mais internações, quedas e fraturas. Há pacientes com pressão maior que 14 por 9 e que se sentem melhor assim."

Outra recomendação do consenso norte-americano é medir a pressão dos idosos sentados e também em pé.

Isso porque a pressão pode mudar em diferentes posições, diz Marcus Malachias, presidente do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

"A pressão do idoso é mais baixa quando ele está em pé, o que chamamos de hipotensão postural. Assim, podemos controlar também essa medida", diz Malachias.

O documento afirma ainda que o tratamento em idosos deve começar com mudanças no estilo de vida, como a prática de atividade física e o controle do peso.

Se a hipertensão persistir, o tratamento com medicamentos deve ser considerado. Inicialmente, as doses devem ser as mais baixas e aumentar gradualmente.

Os especialistas, no entanto, afirmam que o mais importante é individualizar o tratamento do idoso.

"Diretrizes são orientações. O objetivo é conseguir a pressão mais baixa possível com a maior qualidade de vida", diz Amodeo.

COMO DEVE SER O TRATAMENTO

NÚMEROS DA PRESSÃO

Em pacientes com até 79 anos, a pressão deve ser de 14 por 9, mas pode ser maior acima dos 80 anos

NOVOS HÁBITOS

O tratamento deve começar com mudanças no estilo de vida, que incluem menor ingestão de sal

MEDICAMENTOS

As doses iniciais devem ser as mais baixas e aumentar gradualmente se houver tolerância do paciente

MEDIÇÃO

A pressão deve ser medida com o paciente sentado e também em pé, já que, em idosos, pode haver variação em diferentes posições

terça-feira, 26 de abril de 2011

Planos de saúde podem fazer redução de estômago

São Paulo. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) iniciou uma campanha para que planos de saúde passem a cobrir a operação de redução do estômago por meio de videolaparoscopia, procedimento feito com a ajuda de uma microcâmera, que torna a cirurgia menos invasiva. A iniciativa tem abaixo assinado disponível no site da campanha Obesidade sem Marcas (http://www.obesidadesemmarcas.com.br/).De acordo com a SBCBM, a cirurgia bariátrica faz parte do rol de rotinas de cobertura obrigatória pelos planos, mas não está claro que pode ser realizada por videolaparoscopia. Segundo o presidente da SBCBM, Ricardo Cohen, muitos planos se recusam a cobrir a videolaparoscopia porque a operação não está listada na lista de práticas obrigatórias. Mas, conforme Cohen, o Código de Ética Médica define que "é facultado ao prestador do serviço médico, com anuência do paciente, a melhor opção para seu tratamento".Segundo ele, a literatura médica diz que o acesso videolaparoscópico é o "mais moderno e de menos agressivo para a recuperação desse paciente". Segundo a SBCBM, a videolaparoscopia respondeu por 35% das cirurgias bariátricas em 2010 no Brasil. Nesta intervenção, em vez de abrir o abdome, o médico faz de quatro a cinco incisões de 0,5 centímetro cada, por onde passam cânulas e a câmera de vídeo.

Estudo liga transtorno no paladar à obesidade e à anorexia

Transtornos no paladar podem contribuir para a obesidade infantil ou, no outro extremo, para a anorexia, sugere um estudo feito por cientistas australianos.
Embora nem todas as crianças obesas apresentem transtornos gustativos, "haveria uma porcentagem razoável de crianças que são obesas ou anoréxicas por uma mudança no paladar derivada de diversas doenças e remédios", disse o neuropsicólogo David Laing, da Universidade de Nova Gales do Sul, coautor do estudo divulgado na publicação especializada "Acta Paediatrica".
Laing e seus colegas descobriram que uma em cada dez crianças australianas entre 8 e 12 anos é incapaz de saborear adequadamente sua comida.
Esta taxa aumenta para 12% entre os aborígines, segundo o estudo realizado com 432 alunos de diversas escolas públicas.
O ser humano normalmente pode identificar pelo menos cinco sabores: doce, azedo, amargo, salgado e umami (similar ao agridoce).
Mas quando uma pessoa sofre de um transtorno gustativo e é incapaz de detectar um ou mais sabores, seus hábitos alimentares mudam devido ao fato de que os sabores das comidas se tornam desagradáveis.
Por isso, "na maioria dos casos, e até onde se conhece, a pessoa fica ou muito obesa ou anoréxica", explicou Laing à rádio australiana "ABC".
"Os efeitos da perda do paladar nos hábitos alimentares e na saúde das crianças a longo prazo ainda são desconhecidos e por isso é preciso que sejam feitas mais pesquisas para analisar os comportamentos de suas dietas", acrescentou o cientista australiano.
Laing explicou que a situação na Austrália é dramática, já que a taxa de crianças com transtornos gustativos está acima do nível tolerável fixado pela Organização Mundial da Saúde para qualquer tipo de doença, que é de 4%.
Os transtornos gustativos são causados ainda por doenças como a paralisia de Bell, a insuficiência renal e o diabetes, assim como por problemas na cavidade oral, nas glândulas salivares e infecções no ouvido médio.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Estudo indica que câncer de ovário começa nas trompas

Um grupo de pesquisadores americanos conseguiu recriar em laboratório o processo de formação do câncer de ovário, produzindo evidências sólidas de que os tumores começam nas trompas de falópio, e não nos próprios ovários, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira.
A descoberta pode ajudar a descobrir novas maneiras de combater o câncer nos ovários --que, na maior parte dos casos, não apresenta sintomas que permitam seu diagnóstico precoce, espalhando-se pelo organismo sem ser percebido.
O câncer nos ovários é o quinto mais mortífero para as mulheres. Ao todo, afeta 200.000 pessoas por ano, matando cerca de 115.000 em média.
Estudos anteriores já haviam desenvolvido hipóteses dando conta de que este carcinoma pode, na verdade, ter origem em algum outro órgão, mas a pesquisa dos cientistas do Instituto do Câncer Dana-Farber, de Boston, é a primeira a mostrar como a doença começa no tecido das trompas de falópio.
As trompas de falópio --ou tubas uterinas-- são os canais por onde o óvulo desce dos ovários para o útero durante o ciclo reprodutivo feminino.
Ronny Drapkin, principal autor do estudo publicado na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences", disse que análises anteriores feitas com tecido tubário de mulheres com predisposição a desenvolver o câncer de ovário já haviam mostrado "traços de células que eram antecessores de sérios tipos de câncer".
Assim, sua equipe decidiu tentar replicar o processo de formação do câncer dentro do laboratório.
Os pesquisadores usaram células tubárias e alteraram sua programação genética para que elas se dividissem como células cancerosas.
"Da mesma forma que as células de um tumor, estas células cancerosas 'artificiais' se proliferaram rapidamente e conseguiram deixar seu tecido de origem para crescer em outro local", indica o estudo.
"Quando implantadas em cobaias animais, elas também deram origem a tumores estrutural, genética e comportamentalmente semelhantes ao HGSOC (sigla científica para câncer de ovário) humano", explica.
Para Drapkin, a descoberta mostra que as células tubárias são a fonte do câncer de ovário, e dá pistas para o desenvolvimento de futuros tratamentos.
"Estudos como este vão nos ajudar a identificar os diferentes tipos de câncer de ovário e, possivelmente, a descobrir marcadores biológicos --proteínas no sangue-- que apontam a presença da doença", afirmou Drapkin, que é professor assistente da Escola de Medicina de Harvard.

domingo, 24 de abril de 2011

Risco de trombose é duas vezes maior com nova pílula- anticoncepcionais

Mulheres que tomam anticoncepcionais de última geração têm duas vezes mais risco de ter trombose do que aquelas que tomam pílulas mais antigas, vendida desde a década de 1970.

A conclusão é de dois estudos, publicados na quinta-feira, feitos com 1,2 milhão de mulheres de 15 a 44 anos.

De acordo com especialistas, é consenso que pílulas causam alterações na circulação sanguínea. Mas, dependendo do tipo de hormônio e da dosagem, esses efeitos podem ser maiores.

Segundo a pesquisa, as fórmulas com drospirenona, um derivado da progesterona, trazem mais risco do que as com levonorgestrel, outro derivado do hormônio.

O levantamento foi feito por pesquisadores americanos e neozelandeses usando bases de dados dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Para o cirurgião vascular Nelson Wolosker, do Hospital Israelita Albert Einstein, o interessante da pesquisa é que foram excluídas todas as pacientes que tinham algum fator de risco para trombose, como histórico familiar, obesidade e tabagismo.

Isso quer dizer que mesmo mulheres saudáveis podem ter complicações, ainda que a probabilidade seja baixa. No estudo, foram registrados 30,8 casos de trombose por 100 mil mulheres que tomaram drospirenona e 12,5 casos por 100 mil que usaram levonorgestrel.

"Diante dos resultados, talvez seja melhor usar a pílula antiga", diz Wolosker.

COMPLICAÇÕES

Quem tem algum fator de risco deve evitar qualquer contraceptivo hormonal e partir para os não hormonais, como o DIU (dispositivo intra-uterino).

"Os hormônios fazem com que as plaquetas coagulem mais facilmente na presença de um estímulo", diz Antonio Mansur, cardiologista do Hospital das Clínicas de SP.

A trombose causa inchaço, dor e, se o coágulo se desprender, pode levar à embolia pulmonar.

Segundo o ginecologista Claudio Bonduki, da Unifesp, a pesquisa só reforça a importância de um exame clínico antes de a mulher começar a tomar anticoncepcional.

"Há várias fórmulas. Cada hormônio tem suas vantagens e desvantagens. É preciso analisar o histórico.

Perna biônica de última geração pode ser controlada por impulsos nervosos

Com a ajuda de um programa de computador, uma perna biônica, em testes nos EUA, pode "aprender" os movimentos mais comuns da pessoa e reproduzi-los com leves estímulos da coxa.

Além de exigir menos esforço, a prótese é totalmente articulada, o que permite dobrar e esticar os joelhos e tornozelos de forma natural.

Eletrodos conectados a nove músculos da coxa funcionam como antenas, captando sinais elétricos dos nervos.

"É uma aproximação do que os nossos membros fazem", diz Levi Hargrove, pesquisador do Center for Bionic Medicine, em Chicago, instituição que conduz o projeto.

A prótese ainda está em testes, mas já tem bons resultados. A estudante Hailey Daniwicz, 20 anos, treina no computador desde janeiro e já consegue dobrar e esticar os joelhos e tornozelos.

A próxima etapa é começar a dar os primeiros passos. Hargrove espera que isso aconteça até o fim do ano.

Apesar do otimismo, ainda é cedo para dizer quando a prótese chegará ao mercado.

sábado, 23 de abril de 2011

Pâncreas artificial controla o diabetes

Um pâncreas artificial, que monitora os níveis de açúcar no sangue e libera, automaticamente, quantidades adequadas de insulina, é a nova promessa para o tratamento de diabetes tipo 1.
Nesse tipo de diabetes, o paciente precisa tomar várias injeções diárias de insulina para controlar a doença.

Pesquisadores da Universidade de Cambridge testaram o aparelho e dizem que ele está pronto para ser usado por diabéticos em casa.

Eles fizeram a pesquisa com 24 pacientes hospitalizados. Os resultados foram publicados no periódico "British Medical Journal".

SENSOR DE GLICOSE

O aparelho combina um sensor de glicose implantado no corpo a uma bomba com cateter, que libera a insulina. Ao detectar variações nos níveis de açúcar, o sensor dispara sinais de radiofrequência para a bomba, que libera a quantidade de insulina adequada.

No estudo que testou o dispositivo, os pacientes foram divididos em dois grupos: um se alimentou com quantidades razoáveis de comida e outro comeu excessivamente e bebeu álcool.

Muita comida e bebida aumentam a quantidade de açúcar no sangue e mais insulina é necessária. O pâncreas artificial detectou corretamente as diferentes necessidades e conseguiu controlar os níveis de glicemia nos dois grupos.

Nos diabéticos, esse controle é muito delicado. "O que mantém vivo o diabético tipo 1 é a insulina", diz o endocrinologista Antonio Chacra, da Unifesp. O problema, diz ele, é o cálculo da quantidade a ser injetada.

HIPOGLICEMIA

Um dos principais perigos é reduzir demais o nível de açúcar no sangue, segundo Saulo Cavalcanti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.

Quando o suprimento de insulina é excessivo, as taxas de glicose diminuem e podem levar a desmaios, convulsões e até causar a morte.

À noite, o risco é maior. "Dormindo o paciente pode não sentir os sintomas", diz Cavalcanti.

De acordo com ele, o pâncreas artificial é uma forma segura de controlar açúcar no sangue e diminuir esse risco.

Para Marcos Tambascia, professor de endocrinologia da Unicamp, o aparelho é a evolução dos tratamentos de diabetes, mas ainda é preciso testá-lo em mais pessoas, para avaliar a segurança.

A estimativa dos médicos é que o pâncreas artificial estará disponível no mercado daqui a três anos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Mix de energético e bebida alcoólica é pior que álcool puro

Misturar bebidas energéticas com álcool é mais arriscado do que beber álcool sozinho, de acordo com um novo estudo norte-americano.

"Os jovens estão bebendo de uma maneira diferente da que bebiam no passado", disse Cecile A. Marczinski, professora de psicologia na Northern Kentucky University e autora do estudo.

"Clássicas bebidas mistas, como rum e Coca-Cola, foram substituídas por drinques que misturam energético e vodca."

Os resultados do trabalho mostram que as substâncias estimulantes dos energéticos alteram a percepção cognitiva, aumentando a tendência a comportamentos de risco.

"Um consumidor de bebida alcoólica age de forma impulsiva. No entanto, quem bebe álcool com energético se sente mais estimulado. Portanto, o consumo da combinação configura um cenário arriscado devido ao aumento da sensação de estímulo e dos níveis de impulsividade", diz Marczinski.

COMO FOI FEITO O ESTUDO

A professora e seus colegas separaram aleatoriamente 56 estudantes universitários, entre 21 e 33 anos, em quatro grupos.

Um deles recebeu apenas álcool; o outro, as bebidas energéticas; o terceiro grupo recebeu os dois juntos; e o grupo final, uma bebida suave.

Os participantes tiveram que relatar como se sentiam: estimulados, sedados, enfraquecidos ou intoxicados

"Os resultados fornecem evidência laboratorial concreta de que a mistura de bebidas energéticas com álcool é mais arriscada do que o álcool sozinho", afirma Marczinski.

O estudo será publicado na edição de julho da revista "Alcoholism: Clinical & Experimental Research".

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Vacina para quem tem medo de agulha é lançada no Brasil

Uma vacina contra gripe com uma agulha dez vezes menor que a convencional foi lançada ontem no mercado brasileiro.

Indicada para adultos entre 18 e 59 anos, é a primeira vacina intradérmica do mundo para vírus da gripe. A micro agulha de 1,5 mm penetra só na pele, não vai até o músculo como a comum.

É indicada para hemofílicos, pessoas com problemas de coagulação ou para quem tem medo de agulha.

Fabricada pela Sanofi Pasteur, só estará disponível nas clínicas particulares. A aplicação vai custar entre R$ 60 e R$ 70, segundo a fabricante.

A vacina convencional, intramuscular, custa cerca de R$ 50.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Composto extraído do tomate promete ação antitrombose

Um ingrediente extraído do tomate pode melhorar a circulação sanguínea e diminuir o risco de trombose.

Pelo menos, é o que promete a fabricante, a holandesa DSM, que acaba de trazer a novidade para o Brasil.

O concentrado de tomate tem nucleotídeos, flavonoides e polifenois. Já é adicionado a produtos nos EUA e na Europa, com autorização do governo.

Um exemplo é a bebida Relaxzen, para pessoas que fazem longas viagens de avião e, por isso, correm maior risco de formação de coágulos.

Por aqui, o ativo foi lançado, mas ainda não há produtos com o ingrediente na fórmula. Isso depende do interesse de alguma indústria de alimentos.

Segundo Bernd Mussler, pesquisador da DSM, estudos com cerca de 300 pessoas comprovam a eficácia do composto, patenteado com o nome de Fruitflow.

A principal ação do ativo aconteceria na inibição da agregação plaquetária ±etapa da coagulação do sangue.

"Inibir a agregação plaquetária é um mecanismo reconhecido para diminuir risco de doença cardiovascular."

Como não é um produto final, não precisa de registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Mas, caso seja usado na fórmula de alguma bebida, por exemplo, precisará do aval da vigilância.

A agência proíbe embalagens de alimento funcional de informar que o produto previne ou cura doenças.

"Concentrados de alimentos não podem ser usados como remédios", diz Jaime Farfan, professor de engenharia dos alimentos da Unicamp.

Segundo ele, flavonoides ajudam na circulação sanguínea, mas isso não é propriedade exclusiva do tomate.

"Há muitos alimentos com flavonoides. É muito mais seguro consumir vegetais do que ingerir um composto concentrado. A ação não vem apenas de um componente."

Para o nutrólogo Celso Cukier, do Hospital São Luiz, os estudos até agora não são conclusivos.

"Faltam informações sobre qual seria a molécula ativa e a dose ideal"

Brasileiro fuma menos, mas bebe mais, diz Ministério da Saúde

O tabagismo no Brasil continua em declínio, mas, por outro lado, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas tem crescido, principalmente entre mulheres.

De acordo com pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Ministério da Saúde, o percentual da população adulta que bebe álcool em excesso passou de 16,2% em 2006 para 18% em 2010.

Os homens são a maioria entre os que bebem em excesso --26,8% em 2010, contra 25,5% em 2006. Foi entre as mulheres, no entanto, que se deu o aumento mais expressivo: a taxa passou de 8,2 para 10,6% nos quatro anos.

O ministério considerou consumo excessivo de álcool cinco ou mais doses em uma mesma ocasião em um mês para os homens ou quatro ou mais doses para as mulheres.

A pesquisa foi feita em todas as capitais por meio de 54 mil entrevistas telefônicas.

Em relação ao fumo, o percentual caiu de 16,2% da população adulta em 2006 para 15,1% em 2010. A queda se deu entre os homens: de 20,2% para 17,9%. Entre as mulheres, o índice ficou estável em 12,7% ao longo dos anos.

O Secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, admite que a queda na prevalência de fumantes no país é "lenta". Segundo ele, a preocupação maior está no fato de que pessoas com menor escolaridade (até oito anos) fumam mais --18,6% em relação às mais escolarizadas (12 anos ou mais).

ALIMENTAÇÃO

A pesquisa mostra ainda que os brasileiros estão se alimentando pior e, com isso, é cada vez maior o número de pessoas acima do peso.

Os dados mostram que 48% da população está acima do peso, entre os quais 15% têm obesidade. Em 2006, os percentuais eram de 42,7% e 11,4% respectivamente. O crescimento de mais de um ponto percentual por ano é considerado 'preocupante' pela pasta, já que o excesso de peso está ligado ao aumento de doenças crônicas.

Para Deborah Malta, da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério, o fenômeno está ligado a uma mudança no padrão alimentar: maior consumo de produtos industrializados em detrimento de opções mais saudáveis como frutas e legumes.

O feijão é um exemplo. O índice de brasileiros que comem o alimento cinco vezes por semana caiu de 71,9% para 66,7% em apenas quatro anos.

Outro dado preocupante é o sedentarismo: 14,2% da população adulta não pratica nenhuma atividade física, nem durante o tempo de lazer nem para ir ao trabalho.

Nesta quinta edição da pesquisa, realizada desde 2006 por meio de entrevistas telefônicas com adultos (maiores de 18 anos), foram ouvidas 54.339 pessoas em todas as capitais.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Protetor solar terá novas regras nos países do Mercosul

O mercado de protetores solares vai ganhar novas regras. Um documento aprovado pelos membros do Mercosul estabelece métodos para determinar o fator de proteção solar, a proteção contra os raios UVA e mudanças nos rótulos dos produtos. As regras serão oficializadas na próxima reunião do grupo, composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. O encontro ainda não tem data marcada. Depois disso, as exigências serão regulamentadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). No Brasil, protetores solares e cosméticos não são obrigados a indicar a proteção anti-UVA. Nos EUA, a situação é a mesma mas, na Europa, a proteção UVA é obrigatória. "Segundo a regulamentação atual, de 2002, fica a critério da empresa apresentar essa informação. Algumas dizem que têm UVA, mas a quantidade é ínfima", afirma Érica França, especialista em cosméticos da Anvisa. UVA VERSUS UVB Os raios UVA, constantes durante todas as estações do ano, são os responsáveis pelo bronzeamento e pelo envelhecimento da pele, e ultrapassam barreiras como a janela do carro. Já os raios UVB causam as queimaduras solares (vermelhidão) e são mais fortes no verão, especialmente entre as 10h e as 16h. No dia a dia, proteger-se da radiação UVA é mais importante do que bloquear os raios UVB, segundo Sérgio Schalka, dermatologista especializado em fotoproteção. O rótulo de um produto, seja hidratante, base ou protetor, que informa ter FPS (fator de proteção solar) 20 ou 30, por exemplo, está se referindo apenas à proteção contra os raios UVB. O ideal, segundo especialistas, é que os produtos informem o PPD (método do escurecimento persistente, na sigla em inglês), um indicador do fator de proteção contra UVA usado na Europa. Seu número deve ser, no mínimo, um terço do FPS ""se o hidratante tem FPS 60, o PPD deve ser 20. Mas, para Alexandre Felippo, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o dilema hoje é medir o UVA. "A gente entende de UVB, mas não de UVA. Não tem metodologia universal, e cada empresa usa um tipo de teste. É tudo meio no chute." As novas regras do Mercosul também vetam a indicação de "bloqueador solar" nas embalagens, porque isso pode induzir o consumidor a achar que 100% da radiação está sendo bloqueada. Os bronzeadores só poderão ter FPS acima de seis. Ficam proibidos fatores de proteção de dois ou quatro.

domingo, 17 de abril de 2011

Vacina contra os 4 tipos de dengue estará pronta em até 5 anos

Cientistas esperam que a população brasileira possa, daqui a cinco anos, ser imunizada contra os quatro tipos de vírus da dengue.O prazo para resolver o problema epidemiológico é bem inferior ao tempo de que o país precisa para universalizar o saneamento básico, apontado como uma das causas para a prevalência da dengue. Segundo o governo federal, apenas em 2030, todos os brasileiros terão água encanada e rede coletora de esgoto em suas casas. "Um dos problemas da dengue e outras doenças negligenciadas é que elas cresceram onde não há infraestrutura adequada. As pessoas têm que armazenar água, as prefeituras não conseguem recolher o lixo. Isso vai levar anos, talvez décadas para que a gente consiga resolver completamente", afirma o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. "Muitas dessas doenças negligenciadas são de pessoas negligenciadas", assinala Barbosa, ao lembrar da incidência de tuberculose, hanseníase e de doenças parasitárias entre as pessoas que vivem em domicílios com pouco espaço e muitos moradores. "São pessoas que vivem em condições insalubres", acrescenta, ao dizer que o tratamento médico gratuito não é suficiente para melhorar a vida das pessoas. Na avaliação do secretário, a situação social torna a pesquisa em saúde ainda mais importante. Barbosa lembra que a pesquisa pode oferecer boas ferramentas de prevenção e controle de doenças. "Quando olhamos o panorama de doenças tropicais negligenciadas, as que persistem são aquelas em que as ferramentas disponíveis não são as melhores. E, por isso, o desenvolvimento científico e tecnológico é muito importante." "O desafio é desenvolver estratégias capazes de aumentar o acesso à saúde. Para isso, a gente também precisa de pesquisa operacional para ver qual a melhor estratégia para ver a maneira daquela população ser alcançada". Um quarto da pesquisa científica feita no Brasil é na área de saúde, o que torna o país referência mundial. "Temos desde pesquisas para buscar a modificação genética do mosquito da dengue até pesquisa para infectá-lo com um microrganismo que não faz mal para as pessoas e reduz a capacidade dele de se infestar com vírus da dengue", diz o secretário de Vigilância em Saúde. Segundo Barbosa, o país faz pesquisa básica, desenvolve ferramentas para atendimento à população, cria kits de diagnóstico, produz novos medicamentos e participa de testes e pesquisas operacionais para avaliar e implementar estratégias de imunização. "O Brasil tem um papel importante no campo da pesquisa de doenças tropicais. O país está procurando desenvolver sua vacina e está ajudando a testar a vacina que não é produzida aqui, mas, seguramente, será muito útil para o programa brasileiro de controle da dengue", atesta Barbosa. A pesquisa mais adiantada envolve o Núcleo de Doenças Infectocontagiosas da Universidade Federal do Espírito Santo, que participa dos testes clínicos de uma vacina desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi Pasteur em 11 países tropicais. Além dessa pesquisa, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro; e o Instituto Butantan, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, trabalham na produção de vacinas em parceria com laboratórios internacionais.

sábado, 16 de abril de 2011

Ceará já contabiliza 25 óbitos por dengue

Confirmadas mais três mortes por dengue no Ceará. Os dados são do último boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), divulgado ontem. Com esses óbitos, sobe para 25 o total de mortes provocados pela doença. Com relação ao número de casos confirmados, houve uma aumento de 17,4% de uma semana para outra. O boletim aponta 11.807 pessoas contaminadas pela doença, já no último dia 8 de abril, esse quantitativo era de 10.052. Das três vítimas dessa semana, uma era de Itaitinga, que com essa confirmação o município contabiliza duas mortes. As outras duas pertenciam a Capital e vinham sendo investigadas desde março. Ambas foram infectadas pelo sorotipo 1. Os óbitos da Capital, um foi por dengue hemorrágica, no caso a primeira morte confirmada esse ano do tipo em Fortaleza. O homem de 60 anos, estava sendo atendido no Hospital Distrital Maria José Barroso de Oliveira, conhecido como Frotinha de Parangaba, no último dia 27. A segunda vítima também foi do sexo masculino, tinha 69 anos e estava sendo atendido no Hospital Gonzaguinha de Messejana. Hoje, Fortaleza registra um total de seis mortes pela doença. O que eleva para 14% a letalidade na capital. Além disso, 3.677 casos de dengue foram positivos, 25% a mais que na semana passada, que foram 2.920. Dessas confirmações 41 são do tipo mais grave da doença. Atualmente a incidência está em 520 por 100 mil habitantes, considerada elevada pelo Ministério da Saúde. Controle O bairro da Sabiaguaba, localizado na Secretaria Executiva Regional VI, está entre os 56 bairros com maior incidência em Fortaleza. Lá a infestação pelo Aedes aegypit é alto, resultado de muitos mosquitos e uma transmissão significativa da doença. Com relação a coleta de lixo e abastecimento de água na região a população não tem muito do que reclamar, pois são bem regulares e os próprios cidadãos cuidam para que não se jogue resíduos nas vias. Porém, um detalhe foi apontado como falho pela população, e diz respeito a visita dos agentes de endemias, aqueles que fazem o controle focal da doença, procuram larvas do mosquito e orientam a população sobre os cuidados que se devem tomar contra a dengue. "Este ano, eu ainda não recebi a visita do agente de saúde, além do que o carro fumacê também não passou por aqui. Quando chega a tarde só o que se vê é mosquito, eu já peguei dengue, meu patrão está interna por conta da doença, eu vivo com medo, essa dengue mata", disse a pensionista, Edvânia Parente de Menezes, 32 anos. Por meio de nota, a assessoria de imprensa do Distrito Técnico de Endemias da Regional VI informou que está concluindo o ciclo de trabalho iniciado, primeiramente, em dez bairros da Regional. O próximo ciclo começa dia 18 e o bairro da Sabiaguaba receberá a visita dos agentes. A visitação deve ser concluída em até 20 dias. ENQUETE Atitudes preventivas "Três pessoas próximas da minha casa já contraíram a doença, se não cuidar daqui uns dias sou eu que pego" Marciana Parente, 28 ANOS, Auxiliar de cozinha "Já tive dengue há muito tempo, porém hoje me cuido, isso significa limpar minha casa, mas nem todo mundo faz isso" José Viana Sobrinho, 70 ANOS, Aposentado AÇÕES SMS solicita mais R$ 3 mi ao Ministério da Saúde O Ministério da Saúde (MS) liberou ontem R$ 4 milhões, referente ao recurso extra solicitado pelo Estado para o combate à dengue. O montante será investido nas áreas de média e alta complexidades, o que inclui compra de insumos e materiais para o atendimento aos doentes, além de manutenção de leitos hospitalares. O dinheiro será liberado em parcela única aos Fundos Estadual de Saúde do Ceará e Municipal de Saúde de Fortaleza, no caso serão destinados R$ 2 milhões para cada. Fora este reforço, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) levou ao para o ministro Alexandre Padilha uma nova proposta de recurso, no valor de R$ 3 milhões, que ainda será avaliada. Segundo a assessoria da SMS, esse dinheiro seria investido em ações conjuntas dos agentes de endemias e comunitários para o controle do vetor. Fumacê Ontem, as ações de borrifação do pesada, deveriam atingir todas a todas as seis Secretarias Executivas Regionais (SERs), porém devido a chuva pela manhã, o fumacê só foi até seis bairros. Porém, hoje a programação é de que os carros de ultra baixo volume cheguem a 16 bairros, distribuídos entre as SERs I e III. A operação será em dois horários, das 5 às 8h30, e das 16h30 até 20 horas, horário de circulação do Aedes.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cirurgia cura câncer de próstata reincidente, indica pesquisa

Um estudo publicado na edição de abril da revista "European Urology" mostrou que é possível curar o câncer de próstata mesmo após o retorno do tumor.O trabalho, feito com pacientes que já tinham sido submetidos a radioterapia após o diagnóstico inicial, indica que a cirurgia de remoção da próstata é eficaz para eliminar o tumor. Conduzida em oito centros oncológicos na Europa, nos EUA e no Brasil (na USP), a pesquisa acompanhou 404 homens com idade média de 65 anos, que fizeram cirurgia radical da próstata após recidiva do câncer tratado com radioterapia. Os pacientes foram acompanhados por dez anos após a cirurgia. Dos 404 que participaram do estudo, 195 (75%) sobreviveram sem metástase. Em 64 deles, o tumor voltou e 40 morreram. Segundo o urologista do HC e do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) Daher Chade, que liderou o estudo no país, é a primeira vez que uma pesquisa comprova essa possibilidade. Hoje, doentes que fizeram radioterapia e voltam a ter câncer são tratados com hormonioterapia, um tipo de químio que controla o crescimento do tumor, mas não o elimina, e aumenta a sobrevida em cerca de dois anos. No país, 20% dos homens diagnosticados com a doença fazem radioterapia. A outra opção é a cirurgia. Após a radioterapia, o câncer volta em 20% a 40% dos pacientes. Antes, quando isso acontecia, a doença era considerada incurável. Sempre houve uma suspeita de que a cirurgia poderia eliminar o tumor, mas só agora confirmamos a hipótese, afirma Chade. O procedimento é o mesmo aplicado nos diagnosticados com câncer de próstata que optam pela operação logo no início. "Essa é outra vantagem, os urologistas já sabem fazer." Segundo Chade, a cirurgia tem maior chance de cura mas, também, maior chance de complicações. "Muitos homens não querem correr o risco de ficar impotentes ou com incontinência urinária, mesmo sob o risco de não serem curados com a radioterapia. Por isso, cada vez mais está se indicando a radioterapia como primeiro tratamento." RESTRIÇÕES O urologista Miguel Srougi, professor da USP e coautor do estudo, explica que não são todos os doentes que podem ser submetidos ao procedimento. "Se o tumor voltar de forma muito agressiva, como no caso do ex-governador Orestes Quércia, morto no ano passado, a cirurgia não pode ser feita. Também está descartada em pacientes com PSA [antígeno prostático específico] muito alto no começo, ou quando a radioterapia produziu muita aderência na região da próstata." Para Miguel Srougi, embora cure um número razoável de casos, o procedimento tem mais complicações do que a cirurgia feita logo após o diagnóstico. O urologista explica que a pesquisa tem um viés. Os pacientes do estudo foram tratados em centros de excelência, por cirurgiões mais experientes que a média.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Instituto do Câncer de SP apresenta ultrassom capaz de destruir tumores

O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) inaugurou nesta quinta-feira (14) um serviço de ultrassom - ondas sonoras de alta frequência que o ouvido humano é incapaz de escutar - para destruir células cancerígenas, sem a necessidade de cirurgia e anestesia. O novo equipamento estará disponível à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar do efeito do ultrassom em tumores já ser conhecido, o novo equipamento consegue focar até mil feixes em um único ponto - com a ajuda de um aparelho de ressonância magnética. Com o calor, as células cancerígenas são queimadas, sem que o aumento de temperatura afete os tecidos saudáveis vizinhos. Único na América Latina, o aparelho é de tecnologia israelense e custou R$ 1,5 milhão. Segundo Marcos Roberto de Menezes, diretor do setor de diagnóstico por imagem do Icesp, seis mulheres já foram atendidas com sucesso para casos de miomas - tumores benignos, de tecido muscular e fibroso, conhecidos por afetar o útero. O Icesp já solicitou protocolos de pesquisa para testar a eficiência da técnica em metástases - câncer que se espalharam pelo corpo - ósseas. "Essa tecnologia ainda é experimental, não só no Brasil, como em outros centros do mundo", afirma Marcos. "No caso das metástases, a aplicação seria um paliativo, mais indicada para reduzir as dores causadas pelo tumor e aumentar a qualidade de vida do paciente." Como funciona O tratamento, no entanto, não serve para qualquer paciente. Um estudo anterior precisa ser feito para saber quem pode passar pelo ultrassom. "Dois fatores que são levados em conta na escolha das pacientes são o local do tumores e o tamanho deles", explica o médico do Icesp. A técnica dispensa o uso de anestésicos. "As pacientes ficam conscientes durante toda a operação, recebem apenas sedativos", explica Marcos. Segundo o médico, o procedimento não causa dor intensa. "As pacientes costumam reclamar de dores parecidas com cólicas menstruais, mas isso somente durante o exame." No caso do uso da terapia contra miomas, as pacientes deitam, de bruços, em uma esteira usada comumente em exames de ressonância magnética. O aparelho de ultrassom fica logo abaixo da cintura. O diagnóstico por imagem permite conhecer as áreas onde estão os miomas. Após definir os pontos que serão destruídos pelo calor, os médicos começam a disparar as ondas sonoras em pequenos pontos dos tumores. Cada pulso demora apenas alguns segundos. Vários são necessários para queimar uma área inteira. Toda a operação pode levar até, no máximo, 2 horas. O ultrassom eleva a temperatura das células cancerígenas até 80º C. "Esse calor destrói qualquer tipo de célula", diz Marcos. "A grande vantagem é que as áreas ao redor do tumor não são afetadas, a técnica é muito precisa, só ataca o que é necessário." Novo laboratório O Icesp também inaugurou o Centro de Investigação Translacional em Oncologia - uma rede com 20 grupos de pesquisa em câncer. O espaço foi aberto em cerimônia que contou com a presença do governador Geraldo Alckmin e de Paulo Hoff, diretor do instituto. Com uma área de 2 mil metros quadrados, o andar no Icesp vai permitir o avanço em estudos sobre o câncer que reúnam conhecimentos de áreas diversas como a biologia molecular, epidemiologia e a engenharia genética. O custo do investimento foi de R$ 2 milhões. O objetivo, segundo Roger Chammas, professor de oncologia do Icesp e responsável pelo espaço, é reunir todo o conhecimento que se encontra espalhado nas frentes de pesquisa de órgãos como a USP, o Hospital A.C. Camargo e Instituto do Coração. Entre os equipamentos disponíveis para receber os grupos de pesquisa estão microscópios a laser, sequenciadores de DNA e centrífugas. Haverá também um banco de amostras de tumores, que serão congelados para conservação. Essa troca de informações é o que classifica o laboratório como "translacional". "Essa palavra quer dizer que os conhecimentos de uma área em medicina são traduzidos para outra, com o objetivo de fazer o progesso das pesquisas ser integrado", explica Chammas. Segundo Giovanni Guido Cerri, secretário estadual de Saúde, a importância do espaço está na busca futura de novos tratamentos contra o câncer. “Este novo laboratório e o serviço de ultrassom de alta frequência colocam São Paulo em uma posição privilegiada na rede nacional de atenção ao câncer”, afirma o secretário.

Proibido bônus a médico que pede menos exames


A ANS (Agência Nacional de Saúde) proibiu ontem que planos de saúde bonifiquem médicos que pedem menos exames a seus pacientes.

A prática, conhecida como "consulta bonificada" ou "pagamento por performance", tem sido denunciada pelos médicos dos convênios.

Ela funciona assim: o plano faz um contrato para que o médico peça menos exames. Em troca, eles recebem no final do mês um preço melhor pela consulta ou até bonificação em dinheiro.

"A prática é antiética. É uma tentativa de tentar obrigar o médico a não pedir exames. Sempre que se tentar vincular o ganho médico com o lucro que ele dá para a empresa [de convênio], é péssimo para o paciente", afirma Florisval Meinão, diretor da AMB (Associação Médica Brasileira).

Conselhos de medicina já proíbem a prática, diz ele.

Mas agora, com a súmula da ANS publicada ontem no "Diário Oficial", as empresas que aderirem à prática serão punidas com advertência ou multa de até R$ 35 mil.

Na decisão, a agência considerou que "os exames diagnósticos complementares têm por objetivo proporcionar o adequado diagnóstico de patologias e orientar o tratamento dos pacientes".
A ANS não soube informar ontem quantas denúncias foram feitas em relação a isso.

Mas uma pesquisa do Datafolha encomendada pela APM (Associação Paulista de Medicina) mostrou, no final de 2010, que 80% dos médicos entrevistados diziam que todos, quase todos ou a maioria dos planos interferem na autonomia do médico.

Limitar o número de exames ou procedimentos foi uma das interferências mais comuns descritas.

LIMITAÇÃO VELADA

A súmula da ANS, apesar de bem-vinda, não resolverá totalmente o problema, diz Meinão. Para ele, muitas operadoras fazem essa limitação de forma velada.

"Um jeito que as empresas usam de pressionar é telefonar para o médico dizendo que ele está exagerando nos exames e não está sendo bom parceiro. Tem médico que acaba descredenciado porque continua solicitando o mesmo número de exames", afirma ele.

A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que representa 15 dos maiores grupos de operadoras privadas de assistência à saúde, informou em nota que suas afiliadas "desconhecem a prática de inibir procedimentos médicos [como consultas] que está sendo objeto da súmula da ANS".

No país, há 1.044 operadores de plano de saúde, com 45,6 milhões de clientes.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sou sua bolsa, não seu armário

O grande poeta Carlos Drummond de Andrade já mostrou em uma crônica, ainda em 1962, que a mulher carrega mesmo muita coisa na bolsa. Na história, o pertence esquecido em um banco de coletivo tinha de tudo: de lápis para cílios e escovinha até atadura adesiva e flanela para óculos. Da mulher dos anos 60 para a geração do século 21, a situação piora. Elas aderiram às bolsas tamanho GG para poder carregar tudo o que precisam ou que acreditam ser necessário. O resultado é que essa escolha pode gerar uma série de problemas para o corpo.
Especialistas apontam que o modelo que costuma ser o predileto de grande parte delas, as bolsas de uma alça para serem colocadas em um dos ombros, são as que causam mais danos à coluna e às articulações. Carregar a bolsa de um lado altera a simetria do corpo, gerando dores musculares no pescoço, nos ombros e no antebraço. “Aumenta ainda o risco de problemas posturais, nas articulações e principalmente na coluna”, explica a fisioterapeuta e coordenadora do curso de Ortopedia e Osteopatia da Faculdade Inspirar Luciana Lopes Costa.

E nem os membros inferiores ficam livres dos problemas. “São frequentes as queixas de dores no quadril e no joelho, já que as bolsas usadas de maneira incorreta provocam um desequilíbrio do peso gravitacional e o organismo tende a compensar esse problema afetando várias articulações”, afirma o médico ortopedista Márcio Kume, do Hospital Santa Cruz. Em alguns casos, as dores são tão fortes que exigem tratamento com medicamentos e fisioterapia.

Limpeza

Será que é preciso carregar tanta coisa assim? A recomendação dos especialistas, para evitar problemas, é fazer uma faxina na bolsa de vez em quando. “Pense bem o que você pode deixar em casa porque quanto menos objetos, melhor”, orienta Luciana. Se precisar carregar laptop, livros e agendas, o ideal é não distribuir em várias bolsas ou pastas, porque, no geral, você vai continuar carregando um peso excessivo. “Para isso, prefira uma mala de viagem, daquelas com rodinhas”, diz.

Para evitar dores desnecessárias, o ortopedista Kume sugere investir em bolsas que deixem os dois lados do corpo em equilíbrio. “O ideal é usar uma mochila pequena, já que ela divide o peso dos objetos entre os dois ombros, diminuindo o desgaste do corpo.”
Como o modelo mochila não faz muito a cabeça das mulheres, principalmente na hora de sair à noite, o médico ortopedista recomenda optar pelas bolsas com alças transversais, indicadas porque distribuem o peso entre o ombro direito e o lado esquerdo do quadril ou vice-versa. “Mochilas e bolsas transversais devem sempre ser usadas na altura do quadril. Acima ou abaixo disso, o efeito é danoso e pode gerar as temidas dores nas articulações”, explica Luciana.

Para quem não abre mão do modelo tradicional (a de um ombro só), ou mesmo para quem usa bolsas transversais, a dica é sempre revezar o uso entre os dois ombros a cada meia hora.

Já mãos e antebraços devem ficar sempre livres, porque as alças nessas regiões podem machucar o cotovelo e atrapalhar a circulação sanguínea na região. Além disso, com as mãos livres o equilíbrio é maior e, no caso de uma queda, facilitam a reação da pessoa.

Dores nos ombros nunca mais
“Você vai viajar para onde?” Segundo a fisioterapeuta Francine De Toni, esta é a pergunta que mais escuta quando está indo ou voltando do trabalho. O motivo é simples: há seis meses, ela cansou de sentir dores nos ombros e decidiu investir em uma mala de viagem com rodinhas para carregar objetos até seu consultório. “Todos os dias preciso levar notebook, máquina fotográfica e, eventualmente, alguns livros. Antes distribuía as coisas entre a bolsa e uma pasta e sentia muito desconforto. Agora, nem lembro que estou carregando todos esses objetos”, diz. E o hábito está conquistando adeptas. “Acho até que estou lançando moda”, conta, aos risos.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Brasil testa novo implante para desobstruir artéria do coração

Daqui a duas semanas, terá início no Brasil e em mais 67 centros do mundo a maior pesquisa já feita sobre um novo dispositivo que desobstrui artérias do coração bloqueadas por gordura. O modelo que será testado é feito de um material que é absorvido pelo corpo. O implante, um stent, é uma espécie de mola colocada via cateter (sem cirurgia aberta) na artéria coronária, para abri-la e permitir o fluxo sanguíneo. A prótese é uma alternativa menos invasiva à ponte de safena. Depois de seis meses, quando o dispositivo já cumpriu sua função, ele começa a ser absorvido pelo corpo, diferentemente dos similares metálicos, usados hoje. Os stents de metal ficam no corpo depois de implantados, o que pode causar problemas em novas cirurgias cardíacas e prejudicar a contração e a dilatação dos vasos. Eles também podem atrapalhar a visualização de artérias coronárias em exames de imagem e causar inflamações, como queloides. Os dispositivos bioabsorvíveis, feitos de um tipo de polímero, já foram aprovados na Europa no começo deste ano, mas, segundo especialistas, ainda não começaram a ser usados na prática. Cardiologistas brasileiros dizem que as pesquisas sobre o novo stent são pequenas e faltam dados sobre sua segurança e eficácia a longo prazo. REVOLUÇÃO CARDÍACA Agora, o novo estudo envolverá mil pacientes, sendo cerca de 50 brasileiros. Eles serão avaliados no Instituto Dante Pazzanese e no hospital Albert Einstein, em São Paulo, e no Instituto do Coração do Triângulo Mineiro, em Uberlândia (MG). "Se a pesquisa comprovar que ele pode substituir os stents metálicos, teremos a nova revolução da cirurgia cardíaca", diz Alexandre Abizaid, chefe da seção de intervenções em coronárias do Instituto Dante Pazzanese. Abizaid é também um dos diretores do encontro de inovações na cardiologia intervencionista que acontecerá em São Paulo nesta semana. Várias palestras terão o stent bioabsorvível como tema. Segundo Expedito Ribeiro, supervisor do serviço de hemodinâmica do InCor, a tecnologia é promissora, mas ainda não há dados conclusivos. "Questões como os efeitos da absorção do material na artéria não foram esclarecidas", afirma. Para Marco Antônio Perin, chefe da cardiologia intervencionista do hospital Albert Einstein, o stent bioabsorvível só tem vantagens. Ele afirma, porém, que é necessário ver seus efeitos a longo prazo. "Precisamos analisar se não criará uma reação inflamatória maior nas artérias." Abizaid acredita que o dispositivo começará a ser usado comercialmente no Brasil daqui a um ano e meio.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Fabricantes devem informar presença de bisfenol em produtos

A Justiça Federal em São Paulo determinou que, em 40 dias, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regulamente a obrigatoriedade de informação "adequada e ostensiva" sobre a presença da substância BPA (bisfenol A) nas embalagens de alguns tipos de produtos. A decisão, tomada terça-feira (5), é do juiz federal substituto Eurico Zecchin Maiolino, da 13ª Vara Federal Cível, em caráter liminar. A Anvisa informou que ainda não foi notificada. O bisfenol A é uma substância química utilizada na fabricação de plásticos que torna o produto final mais flexível, transparente e resistente. Em latas, é usado como revestimento interno para proteger a embalagem da ferrugem. No entanto, o bisfenol usado nesse tipo de embalagem pode contaminar os alimentos. No organismo, o produto funciona como o estrogênio (hormônio feminino). Segundo o Ministério Público Federal, estudos científicos comprovam o potencial nocivo do bisfenol à saúde das pessoas, em especial de mulheres e crianças. De acordo com a pesquisadora Fabiana Dupont, membro do grupo de estudos sobre desreguladores endócrinos da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), o produto afeta, principalmente, os fetos e já foi relacionado a câncer de mama e de próstata, diabetes, obesidade, puberdade precoce, puberdade tardia, problemas cardíacos e comportamentos sociais atípicos em crianças. "Colocar na embalagem [o alerta sobre a presença de bisfenol] é um passo muito importante porque, só de estar na rotulagem, o consumidor vai estar ciente que essa substância está presente ou não. Além dessa rotulagem, seria importante desenvolver, lançar uma campanha para informar aos consumidores sobre os riscos potenciais", disse a pesquisadora. Ela criou um sítio na internet para denunciar os riscos do bisfenol. O produto já foi proibido de ser usado em mamadeiras e copos infantis na União Europeia, no Canadá, na China e na Malásia. Nos Estados Unidos, algumas empresas já não utilizam mais o bisfenol e outras estabeleceram metas para deixar de usá-lo. No Japão, a indústria de bebidas também abandonou o produto.

domingo, 10 de abril de 2011

Mais higiene na intimidade

Na hora do banho, o ato de se tocar é essencial para que a mulher conheça melhor o próprio corpo, contribuindo não só para fortalecer a sexualidade como também para que ela possa realizar a higienização correta da região íntima. Além de livrar-se de odores indesejáveis, a limpeza do local impede o aparecimento de diversas infecções."O banho deve ser um momento de lazer e de encontro da mulher consigo mesma, atesta acoordenadora do Ambulatório de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), dra. Elsa Gay. "O desequilíbrio do pH da região genital é o maior responsável por infecções. Para evitar que isso ocorra, é importante que as mulheres mantenham uma dieta balanceada, hidratem-se bem, não se submetam a estresse excessivo, façam check-ups periódicos, durmam bem e tirem sempre as dúvidas com seus médicos", explica a médica. Apesar da quebra de tabus e de não ter sido mais vista com tanta resistência nos últimos anos, a higiene íntima ainda não recebe a devida atenção por parte da maioria das mulheres. Foi o que constatou a pesquisa realizada por ocasião do 15° Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia, no final de 2010. O levantamento feito junto à 422 médicos mostrou resultados alarmantes, pois apenas 3% das mulheres atendidas por 75% a 100% dos especialistas entrevistados pediram espontaneamente orientação sobre higiene. Além disso, apenas 20% dos médicos afirmaram abordar o tema de forma proativa durante as consultas.Para mudar esses dados, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)lançou em 2010 o primeiro "Guia de Condutas sobre Higiene Íntima" voltado para auxiliar ginecologistas e obstetras quanto as orientações práticas sobre o tema, embasadas em investigações científicas.Continua na página 2 Mantenha o pH em equilíbrio A higiene íntima é fundamental, mas pouca gente entende do assunto. "A maioria dos médicos não sabe como abordar corretamente a questão, seja em relação ao homem ou à mulher", segundo afirma o ginecologista e obstetra da Universidade de Campinas (Unicamp), dr. Paulo César Giraldo durante coletiva, em São Paulo. Também coordenador do 1° "Guia Prático de Condutas Sobre Higiene Íntima" da Febrasgo com apoio da Sanofi-aventis, o especialista adverte que, embora deva ocorrer diariamente, se não for feita de forma adequada, a limpeza da região íntima pode ser prejudicial. Segundo o guia (disponível no site www.febrasgo.org.br), o processo não deve ultrapassar a 2 a 3 minutos. Em climas quentes como o de Fortaleza, o ideal é que ocorra de 1 a 3 vezes ao dia. "Higiene demais pode causar fissuras na pele, enquanto a falta de limpeza faz com que ocorra o acúmulo de células mortas e a consequente proliferação de bactérias. Estas não devem ser completamente exterminadas, mas ter sua população equilibrada", afirma o dr. Paulo César Giraldo. Barreira protetora A pele da região genital, assim como qualquer outra parte do corpo, serve de barreira para a entrada de microrganismos e, para isso, deve estar em boas condições, mantendo um pH ácido (em torno de 5,9). Por isso, jamais deve-se usar sabonetes neutros ou com pH básico ao se lavar. Além do produto em si, outros fatores podem contribuir para o desequilíbrio do pH da genitália: ressecamento cutâneo (seja por doenças de pele, medicamentos, idade ou clima), oclusão, excesso ou falta de higiene e roupas com fibras sintéticas. As consequências podem ir desde a ocorrência de irritações, alergias, infecções, dano à barreira protetora da pele ou suscetibilidade a inflamações. "Fazer a higiene íntima deve ser um hábito e não um tratamento. A mulher precisa realizá-la diariamente e não apenas após o ato sexual", adverte o dr. Giraldo que considera fundamental que a mulher conheça sua anatomia. Banho íntimo Durante o banho, a mulher não deve ter receio de tocar seu corpo. Com o sabonete adequado (hipoalergênico e de pH ácido) e água corrente, ela deve executar movimentos leves e circulares em todas as reentrâncias da vulva, limpando apenas a área externa e intermediária, e nunca a interna. Deve haver também o cuidado para que os resíduos da região anal não contaminem a genitália. A secagem é tão importante quanto a lavagem, pois a umidade pode contribuir para a proliferação de fungos e bactérias. O ideal é que seja feita com uma toalha limpa e macia e nunca com papel higiênico, que acaba deixando resíduos na região. Deve-se secar delicadamente cada reentrância genital e hidratá-la com produtos sem fragrância. O dr. Paulo César explica que, em casos nos quais a mulher não pode fazer todo o procedimento por estar fora de casa, o uso de lenços umedecidos é uma boa opção, mas não deve ser um ato frequente. O uso de absorventes diários precisa ser cauteloso. As melhores opções são os isentos de perfumes e partes plásticas de forma a facilitar a ventilação. No período menstrual, a mulher deve redobrar os cuidados, lavando-se e trocando os absorventes com frequência. No caso dos absorventes internos, deve lavar bem as mãos e a vulva para não levar bactérias para a área interna da genitália. É importante que dê preferência a roupas frescas e calcinhas de algodão, que devem ser bem limpas e secas, para que não se transformem em depósito de resíduos. Sabonete Íntimo Hipoalergênicos apropriados para a higiene íntima; Líquidos e com pH ácido (entre 4,2 e 5,6), pois sabões em barra costumam ser alcalinos e mais suscetíveis à contaminação; Pouco detergentes, produzindo pouca espuma a fim de limpar suavemente a pele sem remover sua camada protetora; Sem substância antissépticas (triclosan e clorexidina) que matam os germes bons (naturais) da pele; Recomendados pelo ginecologista, pois algumas mulheres de pele mais sensível não podem usar produtos químicos, mas apenas água. ENTREVISTA Dra. Danielle Sá Uso excessivo de sabonete íntimo pode acarretar alterações na flora vaginal O desconhecimento da mulher acerca do próprio corpo e da higiene íntima ainda é muito comum? Sim. As mulheres ainda têm muito pudor em observar, tocar e conhecer o próprio corpo, principalmente os órgãos genitais. A vagina ainda é vista como um local obscuro, desconhecido, até um pouco sujo... E isso interfere na forma como deve ser realizada a higiene íntima. Como observa os muitos casos de doenças em função da má higienização íntima? Quais as mais frequentes? A questão da má higiene feminina passa tanto pela falta de higiene como pelo excesso... É comum em crianças e adolescentes observar corrimento vaginal decorrente da contaminação da vagina por fezes, visto que muitas vezes esse grupo de pacientes realiza a higiene íntima de forma incorreta ou pouco frequente. Por outro lado, existem pacientes tão preocupadas em "limpar" a vagina que exageram no uso de produtos de higiene e eliminam a flora vaginal normal acarretando o surgimento de doenças como a candidíase e a vaginose bacteriana. Quais sinais podem evidenciar o surgimento de tais doenças? A presença de secreção vaginal em maior quantidade, prurido (coceira), vermelhidão ou odor desagradável são alguns dos sinais que podem estar presentes. Quando o corrimento vaginal deve ser motivo de preocupação? O corrimento vaginal deve preocupar quando a quantidade estiver aumentada, com uma coloração muito amarelada ou esverdeada, odor desagradável ou se estiver associado a dor ou sangramento durante as relações sexuais. Quais cuidados a mulher deve ficar atenta quando for utilizar banheiros públicos? Muitas das bactérias e vírus não sobrevivem por muito tempo no ambiente, sendo então a transmissão pouco frequente. Mas é importante, como não sabemos como e com que frequência é realizada a limpeza desses locais, evitar o contato com aparelhos sanitários onde existam secreções visíveis. Se possível, colocar papel na superfície do vaso sanitário para evitar o contato direto com o mesmo. A mulher deve tomar cuidados especiais no período menstrual? Qual a frequência para a troca dos absorventes íntimos? O período menstrual (como se associa ao uso de absorventes), com maior umidade e abafamento da região genital, pode favorecer a ocorrência de infecção por fungos como a candidíase. É interessante usar absorventes que esquentem ou abafem menos a regiã, assim como realizar a troca a cada 2 ou 3 horas, principalmente de forem absorventes internos (tipo OB). É a favor do uso diário de protetores de calcinha? Os protetores diários, por serem menores e finos, deveriam ser usados somente quando o fluxo menstrual fosse escasso, mas infelizmente muitas mulheres atualmente os utilizam de forma rotineira. Já vivemos em uma cidade de clima quente, muitas vezes utilizando calças de tecido grosso como jeans, com calcinhas de tecido sintético, que já esquentam muito a região genital. Com os protetores diários esse aumento da temperatura na região genital é ainda maior o que muitas vezes favorece a ocorrência de infecções. Dessa forma, o ideal seria que as mulheres trocassem mais vezes as calcinhas e deixassem os protetores para situações excepcionais como uma viagem ou onde a troca é impraticável. Ginecologista/obstetra, professora do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza (Unifor)

sábado, 9 de abril de 2011

A grande cruzada pela saúde

Na última semana, o mundo conheceu os detalhes do mais ambicioso plano já preparado para garantir melhor saúde e bem-estar à população. Em um artigo publicado na edição online da revista inglesa “The Lancet” – uma das mais importantes publicações científicas do planeta –, alguns dos maiores médicos conhecidos atualmente descreveram as medidas necessárias para atacar e vencer, de uma vez só, as principais doenças que castigam a humanidade: as cardíacas, o acidente vascular cerebral, a diabetes, o câncer e as enfermidades respiratórias crônicas. Juntas, elas são responsáveis por duas a cada três mortes registradas em todo o mundo. Mas, se seguidas à risca, as normas agora divulgadas serão capazes de reduzir esse índice significativamente. Em dez anos, serão poupados 36 milhões de vidas. O plano, considerado a primeira grande cruzada pela saúde, foi organizado pela Aliança Mundial contra as Doenças – uma liga internacional formada por 100 dos mais importantes pesquisadores do planeta e quatro das mais respeitadas entidades médicas (Federação Internacional de Diabetes, União Internacional contra a Tuberculose e Doenças Pulmonares, União Internacional de Controle do Câncer e Fundação Mundial do Coração). É a primeira vez na história da medicina que se forma uma força-tarefa de tamanha magnitude. Durante cinco anos, eles trabalharam na pesquisa das causas e dos melhores tratamentos disponíveis contra as quatro enfermidades. E concluíram que cinco fatores de risco estão por trás de todas elas. O tabagismo, o sedentarismo, o consumo exagerado de alimentos ricos em sal e em gorduras saturadas e trans (bastante prejudiciais) e a dificuldade de acesso aos remédios e tecnologias contribuem para o aumento de sua incidência e mortalidade de forma decisiva. “Por essa razão, esses foram os pontos que elegemos para atacar”, disse à ISTOÉ Martin McKee, diretor do Centro Europeu para a Saúde, ligado à Universidade de Londres, na Inglaterra, e um dos coordenadores do plano. As medidas anunciadas são pontuais. Em relação ao tabagismo, por exemplo, os cientistas não propõem nada além do cumprimento da Convenção Internacional de Controle do Tabaco, um acordo mundial firmado em 2003 que prevê que até 2040 menos de 5% da população consuma cigarros. Outra meta é diminuir a ingestão diária de sal a cinco gramas (uma colher de chá) por pessoa até 2025. De acordo com os cálculos feitos pelos pesquisadores, reduzir em 15% o consumo do condimento pode evitar a morte de 8,5 milhões de pessoas em dez anos. As estratégias para alcançar sucesso em cada uma dessas metas são variadas. Mas a maioria está baseada no uso de campanhas de massa orientando as pessoas e na pressão sobre governos e indústrias. Em relação aos primeiros, o que se espera, entre outras atitudes, é o empenho na aprovação de leis que elevem a tributação sobre produtos como cigarro e alimentos poucos saudáveis. E, no que se refere aos fabricantes, o que se exige é que passem a comercializar artigos mais saudáveis, reduzindo o teor de sal, por exemplo. Para quem pon­derar que a pressão e as campanhas, somente, podem ser ações de pouca eficácia, os médicos têm alguns contra-argumentos. “Podemos usar os motivos humanitários para que isso seja feito. As doenças causam um número enorme de mortes prematuras e deixam muitas pessoas debilitadas”, disse McKee. “Por outro lado, talvez tenhamos mais sucesso mostrando os argumentos do ponto de vista econômico”, complementou. De acordo com o médico, os custos do plano (cerca de US$ 9 bilhões por ano) são pequenos se comparados ao que se pode economizar com a diminuição no número de casos das doenças. “Gasta-se muito em hospitais e remédios, sem falar do que se perde em termos de produtividade”, afirmou. O plano será apresentado oficialmente dentro de cinco meses, durante um encontro a ser realizado pela Organização das Nações Unidas, em Nova York.

Jovens privados de laptops e celulares sofrem crise de abstinência

Os sintomas de abstinência experimentados por jovens privados de seus computadores e smartphones são comparáveis aos de viciados em drogas, afirma uma pesquisa realizada pela Universidade de Maryland. A informação foi publicada no site do jornal britânico "The Telegraph" nesta sexta-feira. O estudo analisou 1.000 alunos com idade entre 17 e 23 anos em dez países. Pesquisadores os impediram de usar telefones, redes sociais, internet e TV por 24 horas. Eles foram autorizados a utilizar telefones fixos ou ler livros e foram orientados a manter um diário. Segundo os investigadores, 79% dos estudantes relataram reações adversas que vão desde desconforto a confusão e isolamento. Os adolescentes falaram de ansiedade enquanto outros relataram sintomas como coceira, uma sensação familiar para viciados em drogas que lutam contra a dependência. Alguns ainda relataram sintomas semelhantes a bulimia, onde eles se privaram de seus telefones ou computadores para que, em um momento posterior, pudessem acessá-los por horas. Um em cada cinco relataram sentimentos de abstinência, enquanto 11% disseram que estavam confusos ou se sentiam fracassados. Quase um em cinco (19%) relataram sentimentos de angústia e 11% se sentiam isolados. Apenas 21% disseram que poderiam sentir os benefícios de ficar desconectado. Alguns estudantes relataram estresse por simplesmente não poder tocar o telefone. Um participante relatou: "Eu sou um viciado. Eu não preciso de álcool, cocaína ou qualquer outra forma de depravação social. A mídia é minha droga, sem a qual eu fico perdido". Outro escreveu: "Eu literalmente não sabia o que fazer. Ir para a cozinha procurar inutilmente nos armários virou rotina". Segundo Susan Moeller, da Universidade de Maryland, que liderou o estudo, "a tecnologia permite contatos sociais para os jovens de hoje e eles passaram a vida inteira 'plugados'". "Alguns disseram que queriam ficar sem tecnologia por um tempo, mas eles não conseguiram devido à possibilidade de serem condenados ao ostracismo por seus amigos."

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nova técnica corrige problema congênito de peito afundado

Uma nova cirurgia para corrigir um defeito congênito que deixa o osso da frente do tórax afundado está sendo realizada em centros universitários de São Paulo, Rio, Curitiba e Manaus. Na cirurgia convencional, é necessário um corte de cerca de dez centímetros para abrir o peito e remover as cartilagens alteradas. "A nova técnica é mais rápida, provoca menos perda sanguínea e deixa o contorno torácico mais uniforme", diz José Ribas Milanez, do serviço de cirurgia torácica do InCor (Instituto do Coração) do HC de São Paulo. A correção é feita com uma barra metálica, introduzida no tórax com auxílio de um cateter com vídeo, que empurra a cartilagem afundada para frente. Após três ou quatro anos, a barra é retirada. No HC, já foram feitas 141 cirurgias com a nova técnica, e cerca de 30 pacientes já retiraram a barra. A deformação não voltou em nenhum dos casos, segundo Milanez. INCIDÊNCIA Estudos internacionais apontam que o defeito, sem causa conhecida, atinge um em 400 nascidos, na proporção de sete homens para uma mulher. Mas a incidência pode ser maior. Um estudo coordenado por Fernando Westphal, professor de cirurgia torácica da Universidade Estadual do Amazonas, mostrou que o problema atinge 1,27% das crianças de 11 a 14 anos de Manaus. A pesquisa foi feita com 1.332 escolares da rede pública da cidade. Na maioria das pessoas, o afundamento do peito não causa consequências mais sérias no funcionamento do coração e dos pulmões, embora muitos pacientes tenham dificuldade para realizar exercícios intensos. "Muitas vezes, a deformidade pode parecer até grotesca, mas não dá complicações físicas. Mas, a partir da adolescência, é comum a pessoa ficar introvertida e com baixa autoestima por causa do defeito", diz Marlos Coelho, do Serviço de Cirurgia Torácica da PUC do Paraná. Um dos obstáculos à cirurgia é o custo do material, mas a PUC do Paraná já desenvolveu uma barra nacional, que deve entrar em breve no mercado. Além disso, a cirurgia já tem registro no Ministério da Saúde para ser incluída no SUS, segundo Milanez.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Paralisação de médicos afeta atendimento e divide opiniões

O movimento em consultórios médicos visitados pelo G1 nas primeiras horas desta quinta-feira (7) aponta que a paralisação da categoria modificou a rotina de médicos, funcionários e pacientes. A reportagem visitou estabelecimentos em Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Salvador, São Paulo e no Rio de Janeiro. Nessas capitais, o atendimento foi ao menos parcialmente afetado. “Vamos parar tudo. Em respeito aos pacientes, bloqueei minha agenda só para aderir ao movimento”, explicou o cardiologista João Batista, que mantém consultório em Salvador.Mas houve profissionais que preferiram manter a rotina, mesmo concordando com a reivindicação. “Estou em um momento da vida em que preciso fazer dinheiro. Já fui para a rua, já fiz passeata, já fiz manifestações, e ainda vou fazer, mas eu preciso trabalhar no momento”, disse o nefrologista Mauro Marrocos, que atende em São Paulo. Até por volta das 11h, não havia um balanço do movimento. A Associação Médica Brasileira estimava no começo desta quinta uma adesão de 70% dos médicos. O grupo pretende suspender por 24 horas o atendimento a pacientes de operadoras de planos de saúde. A categoria reivindica reajuste no pagamento feito pelos planos e menos interferência dos convênios no tratamento dos pacientes. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), reguladora dos planos de saúde no Brasil, não tinha até o fim da manhã informações sobre a quantidade de médicos que teriam aderido à manifestação.Os pacientes encontrados nos consultórios nesta manhã também se dividiram entre o apoio à paralisação e as críticas. Em todas as capitais visitadas, não foram encontrados casos de pessos que perderam viagem. Os sindicatos orientaram os médicos a remarcar todas as consultas. Veja abaixo como atendimento pela manhã nas capitais visitadas pelo G1:BrasíliaA reportagem esteve no Centro Clínico Sul no Plano Piloto, que tem 220 clínicas divididas em duas torres. Entre os 40 consultórios visitados pela reportagem, sete estavam com portas fechadas, nove estavam abertas, mas não realizavam qualquer atendimento – particular ou de convênio –, oito prestavam atendimento normal e 16 só faziam atendimento particular.O cardiologista João Batista, médico há 40 anos, só atende clientes particulares e mesmo assim cruzou os braços. “Vamos parar tudo. Em respeito aos pacientes, bloqueei minha agenda só para aderir ao movimento”, disse. Nas clínicas que vetaram pacientes de planos, a informação é que consultas foram remarcadas. “E assim acontece em todas as clínicas que participam do movimento no Distrito Federal”, diz Gutemberg Fialho, médico e presidente do Sindimédico-DF. “A adesão aqui é 100%, atendimento só em emergência”, disse.Mas nem todos deixaram de atender conveniados. Na torre 2, no térreo, o consultório do cardiologista Federico Queiroga seguia com atendimento normal. Ele conta que não acha justo “punir duplamente o paciente”. “Nós lidamos com a vida dos pacientes todos os dias. Sou a favor dessa luta da minha classe, mas acho que o governo é quem deveria intervir a favor dos médicos. O paciente não tem culpa”, disse.Rio de JaneiroA reportagem percorreu salas de um edifício comercial no Leblon, na Zona Sul do Rio, e constatou que todos os consultórios médicos e dentários suspenderam o atendimento a pacientes conveniados a planos de saúde. "Em março meu chefe me avisou para não marcar ninguém no dia 7. Hoje é a primeira vez que vejo esse consultório vazio. Ontem tive que marcar consulta de 20 em 20 minutos, não podia deixar os pacientes na mão. Eles não têm culpa", contou Vanessa Martins, secretária de uma clínica onde trabalham mais de 10 médicos. As chefes da secretária Lucia Teixeira também não marcaram pacientes para esta quinta. Como o consultório ficou vazio, Lucia aproveitou para fazer faxina no lugar. "Amanhã volta tudo ao normal, mas hoje não temos pacientes. As doutoras vêm mais tarde para atender pacientes particulares. Enquanto o consultório esta vazio, vou fazer faxina aqui", disse. São PauloEm um prédio de 17 andares que tem apenas consultórios médicos na região do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, a movimentação parecia normal, apesar de alguns médicos só atenderem com pagamento particular. Dos 13 consultórios que já estavam abertos logo no começo da manhã – entre laboratórios, diversas especialidades médicas e dentistas – cinco atendiam pacientes de convênios normalmente e outros cinco só marcaram pacientes com pagamento, apesar de terem convênios. Os outros três só aceitam consultas particulares normalmente.Um dos médicos que decidiu não aderir à greve, apesar de concordar com ela, foi o clínico geral e nefrologista Mauro Marrocos. “Estou em um momento da vida em que preciso fazer dinheiro. Já fui para a rua, já fiz passeata, já fiz manifestações, e ainda vou fazer, mas eu preciso trabalhar no momento”, afirmou. “Também estou fazendo uma pós-graduação e minha agenda está lotada, não tenho como encaixar os pacientes. Mas a paralisação é mais que justa.”Aguardando para ser atendida no consultório, a professora Gisleine Sanches, de 32 anos, ligou antes de ir ao local para saber se seria atendida. “Achei melhor conferir para não perder a viagem”, contou ela, que não teve problemas para passar pelo médico, mesmo com o pagamento feito pelo convênio. Pela manhã, um grupo realizou uma passeata pelo Centro da capital paulista. BahiaEm Salvador, ao menos parte da categoria aderiu à paralisação. No Instituto Cárdio Pulmonar, na Avenida Garibaldi, apenas quatro médicos fazem atendimento a pacientes que se dispõem a pagar por consulta particular nesta manhã. De acordo com o coordenador do ambulatório da unidade, Marcelo Junqueira, 90% dos profissionais entraram no movimento. Ainda segundo ele, em uma manhã normal, 13 médicos atendem em consultório. Nesta quinta-feira, trabalham um cardiologista, três gastroenterologistas e um pneumologista.“O movimento está bem abaixo ao de uma quinta-feira normal, quando a sala de espera fica lotada. Isso mostra que as pessoas estavam avisadas sobre o movimento e nem chegaram a se deslocar em busca de atendimento”, diz. Débora Angeli, coordenadora da Comissão Estadual de Honorários Médicos, informou que a adesão da categoria na Bahia está entre 85% e 90% nesta quinta-feira. "Não é só uma questão de valor de pagamento que está defasado, mas temos que pensar na qualidade do atendimento dos pacientes diante dos nossos custos em manter o consultório. O baixo valor reflete na assistência e na qualificação dos profissionais", diz.Belo HorizonteNo bairro Santa Efigênia, na Região Leste de Belo Horizonte, um trecho da Rua Domingos Vieira é conhecido por abrigar vários consultórios médicos particulares. Em um dos prédios, que segundo a administração tem cerca de 100 consultórios, o movimento foi abaixo do normal. A paralisação dos médicos contra os planos de saúde dividiu profissionais e diminuiu o número de consultas do dia. A médica endocrinologista Eliane Maria Ferreira de 48 anos disse que está atendendo pacientes com plano de saúde, mas está se sentindo uma “fura greve”. “Como sou endocrinologista, atendo muitos pacientes com diabetes. Não podia deixar eles sem atendimento. Muitos deles são do interior. Apesar de estar atendendo na parte da manhã, não descarto aderir à greve na parte da tarde”, disse. Em 21 consultórios visitados pelo G1, nove estavam fechados e sete estavam atendendo pacientes com plano de saúde. De acordo com o médico ortopedista Breno Silva Duarte, ele aderiu à paralisação para apoiar a categoria. “O plano de saúde está tendo aumento e esse valor não é repassado para a categoria. Recebi e-mails falando sobre a paralisação. Tem que seguir a categoria”, disse. A cabeleireira Marinalva Soares, de 46 anos, conseguiu marcar uma consulta para o filho pelo plano de saúde e disse que concorda com a paralisação. “Eles têm que reivindicar o direito deles. Só não pode prejudicar a população”, disse.ParanáEm Curitiba, o movimento afetou a rotina do Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO), que atende diariamente 700 consultas normais, mas nenhuma foi marcada para esta quinta. Segundo o coordenador de emergência do IPO, Dr. Luciano Prestes, os 50 médicos que trabalham na clínica aderiram à paralisação. Eles estão atendendo somente as emergências. “Hoje o IPO está deixando de atender a 700 pacientes”, afirmou.A paciente Ivete de Oliveira da Rosa, que aguardava atendimento médico em uma clínica particular, disse que apoia a causa. “Tá certo. Eles têm que reivindicar mesmo. Acho que os médicos estudam muito para não serem valorizados. Se eu não pudesse consultar hoje, não teria problema, eu voltaria outro dia”, afirmou.Já a bancária Michele Aparecida Correia, que também esperava que a consulta marcada fosse realizada, é contra a paralisação. “Acho que se a gente paga um plano de saúde, que não é barato, e não é atendido, seria melhor não ter. É um absurdo você chegar e não ser atendido. Isso é problema dos médicos, eles têm que resolver com o sindicato deles”, confirmou.