segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O que é e para que serve o pâncreas?

Essa glândula fabrica a famosa insulina, mas não para aí. Conheça suas funções no sistema digestivo e no endócrino - e quais as doenças que a atingem

Conhecido por produzir a insulina, o pâncreas é uma glândula com papéis importantes no sistema endócrino e no processo de digestão dos alimentos. É hora de conhecer as suas funções – e alguns problemas de saúde que podem acometê-lo.

Como o pâncreas influencia no sistema digestivo

1. Fábrica a todo vapor: o pâncreas é responsável por produzir diversas substâncias. As principais são a amilase e a lipase. Essas enzimas são excretadas pelos ductos pancreáticos e caem no duodeno, a parte inicial do intestino delgado. É exatamente nesse lugar que elas vão agir.
2. Cortes e reduções: as duas enzimas vão quebrar os alimentos em pedaços menores. A amilase é especializada na digestão do carboidrato, enquanto a lipase atua sobre a gordura. A falta dessa dupla provoca dificuldades na absorção de nutrientes e emagrecimento indesejado.

As funções dessa glândula no sistema endócrino

1. Pequeno arquipélago: existem estruturas no pâncreas chamadas ilhotas de Langerhans. Apesar de numerosas, constituem apenas 2% do tamanho da glândula. Elas são formadas pelas células alfa, que geram o hormônio glucagon, e pelas células beta, que sintetizam a famosa insulina.
2. Faltou doçura: longos períodos de jejum fazem a taxa de açúcar cair muito. Para evitar a hipoglicemia, ocorre a liberação do glucagon. Ele estimula o fígado a transformar seus estoques de glicogênio em moléculas de glicose para o organismo. Isso normaliza a situação.
3. Sangue adocicado: quando há uma grande quantidade de açúcar na circulação sanguínea, o pâncreas é acionado para fabricar a insulina. O hormônio promove uma limpa nos vasos ao botar essa glicose toda para dentro das células, onde servirá como combustível.

Doenças mais comuns que afetam o pâncreas

Problemas inflamatórios agudos: obstrução do ducto pancreático por pedrinhas da vesícula biliar. Seus sinais são dor abdominal e vômito.
Problemas inflamatórios crônicos: eles destroem progressivamente as células da glândula. A maior causa é o consumo de álcool.
Tumores benignos: adenomas, fibromas e insulomas são os mais frequentes. A predisposição genética influencia bastante.
Câncer: têm alta taxa de mortalidade por causa do diagnóstico tardio. Não costuma dar sintomas.

Dá pra fazer transplante de pâncreas?

Por enquanto, essa técnica está indicada para casos mais graves e prolongados de diabetes tipo 1, enfermidade marcada por uma falha na produção da insulina. Geralmente, os médicos trocam não só o pâncreas, mas também os rins, para evitar complicações.
Outra possibilidade é transplantar somente as ilhotas de Langerhans. Mas esse procedimento, feito em poucos centros no mundo, tem sucesso limitado e o quadro pode voltar ao que era em poucos anos.
Fontes: Marcelo Perosa, coordenador do Programa de Transplantes de Pâncreas, Fígado e Rim do Hospital Leforte (SP); Thiago Costa Ribeiro, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Moriah (SP)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Castanha portuguesa ou pinhão: qual é mais saudável?

Essas duas delícias podem estar nas mesas de Natal e do Ano Novo. Veja os benefícios de cada uma e prepare suas receitas!

 
Uma comparação para você já se prepara para o Natal e as festas de fim de ano: pinhão versus castanha portuguesa. Mas o fato é que ambos os alimentos possuem características em comum.
A nutricionista Roseli Ueno, de São Paulo, cita, por exemplo, o alto teor de carboidratos de baixo índice glicêmico. “Eles fornecem energia de liberação lenta, tornando esses alimentos boas opções de lanche, inclusive no pré-treino”, conta. A dupla ainda apresenta gorduras monoinsaturadas, que não elevam o colesterol ruim (LDL), aquele que, em excesso, ameaça o coração.
Completando o combo do bem, vêm as fibras, capazes de prolongar a saciedade e estimular o funcionamento do intestino. Nesse quesito, o pinhão leva a melhor, com o dobro da quantidade.
Perceba, porém, que os dois são bem calóricos. “Por isso, apesar de nutricionalmente ricos, eles não devem ser consumidos em excesso”, avisa Roseli. Aliás, com moderação, dá para tirar proveito o ano inteiro. Veja abaixo uma comparação entre eles, nutriente por nutriente.

Comparação entre pinhão e castanha portuguesa

Os valores se referem a 100 gramas dos alimentos crus, o que corresponde a cerca de 10 unidades
Energia
Castanha – 214 cal
Pinhão – 282 cal
Gorduras
Pinhão – 1,3 g
Castanha – 2,1 g
Carboidratos
Castanha – 46 g
Pinhão – 62 g
Fibras
Pinhão – 17,1 g
Castanha – 8,2 g
Proteínas
Pinhão – 5,3 g
Castanha – 2,5 g
Ferro
Pinhão – 6,5 mg
Castanha – 1 mg

Placar SAÚDE

Pinhão 4 x Castanha 2
Fonte: Tabela de Composição de Alimentos, de Sonia Tucunduva Philippi

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

O sorriso do coração

A higiene bucal pode evitar diferentes problemas cardiovasculares. Conheça o elo entre a boca e o coração

A odontologia está cada vez mais avançada, tanto na prevenção de uma simples cárie, quanto no tratamento de problemas bucais de alta complexidade. Se por um lado isso é importante para a qualidade de vida e para fatores estéticos, por outro pode até beneficiar o coração!
Diversos estudos clínicos já comprovaram que a falta de cuidados bucais pode desencadear graves doenças cardiovasculares. Tais pesquisas demonstraram que as bactérias causadoras de cáries, gengivite e periodontite (inflamação dos ligamentos e ossos que dão suporte aos dentes) podem penetrar na corrente sanguínea.
Quando isso ocorre, há risco de se desenvolver a endocardite infecciosa – um ataque desses micro-organismos ao revestimento interno do coração –além de problemas como infarto, aterosclerose e acidente vascular cerebral (AVC). As bactérias também aumentam os níveis da proteína C-reativa, produzida no fígado e igualmente associada a enfermidades cardiovasculares.
Assim, não há dúvidas de que a saúde do coração está atrelada aos cuidados com os dentes. Por isso, é fundamental escová-los pelo menos três vezes ao dia, após as refeições, utilizar o fio dental diariamente e visitar o odontologista a cada seis meses para prevenir problemas.
E mais: quando existir um quadro de gengivite ou periodontite, o dentista deve ser procurado com urgência. Os sintomas desses quadros são os seguintes: gengivas vermelhas, inchadas ou doloridas; sangramento da gengiva ao comer, ao escovar os dentes ou quando do uso do fio dental; presença de pus ou outros sinais de infecção em volta da gengiva ou nos dentes; gengiva afastada/retraida dos dentes; mau hálito frequente; gosto ruim na boca de forma constante e dente com mobilidade.
Manter a boca em ordem é essencial para o bem-estar pessoal e para a saúde como um todo, principalmente no tocante ao aspecto cardíaco. Não se pode esquecer que as doenças cardiovasculares, muitas provocadas por problemas na dentição, são as responsáveis pela maioria das mortes no Brasil e no mundo.
O coração também sorri quando se mantém a qualidade da saúde bucal.
*Prof. Walmyr Mello, diretor do Departamento de Odontologia da Socesp

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

– Açúcar + vida

Acordo do Ministério da Saúde com a indústria diminuirá a quantidade de açúcar na comida e, em até quatro anos, provocará uma saudável mudança nos hábitos alimentares do brasileiro

– Açúcar + vida
A guerra do consumidor brasileiro por alimentos mais saudáveis nas prateleiras dos supermercados ganhou mais uma batalha. Na segunda-feira 26, o Ministério da Saúde firmou um acordo com a indústria de alimentos e bebidas e até 2022 será reduzida a quantidade de açúcar em biscoitos, bolos, produtos lácteos, achocolatados e misturas, aos moldes do que foi realizado com o sódio – um acordo de 2011 conseguiu até junho retirar 17,2 toneladas da substância dos alimentos. “Desde 2017 fizemos reuniões com representantes da indústria, nutricionistas e representantes de movimentos sociais para chegarmos a um acordo”, diz Wilson Mello, do Conselho Diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), que representa 68 empresas que assinaram o Termo de Compromisso e que, juntas, dominam 87% do mercado. Na prática, 1.147 itens terão de alterar suas fórmulas e a previsão é que em quatro anos serão retiradas 144,3 mil toneladas de açúcar dos alimentos. “Os clientes estão exigindo através da compra produtos com menos açúcar, gordura e sódio. Além disso, temos pressão de ONGs e do governo por causa do aumento de doenças crônicas como obesidade, diabetes e hipertensão. A indústria quer ser parte da solução”, diz ele.
Os índices de obesidade dispararam nos últimos anos no Brasil. Na última década, o crescimento foi de 60%. Já o diabetes entre homens aumentou 54% e entre as mulheres, 28%. São parte importante do problema os produtos industrializados, já que correspondem a 36% do açúcar consumido pela população. Atualmente os brasileiros consomem em média 80 gramas de açúcar por dia, ou 18 colheres de chá, quase o dobro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. “Essa parceria é muito importante para a saúde pública, porque reduz a chance de doenças no futuro”, diz Cristina Bellotti Formiga Bueno, endocrinologista da Santa Casa de São Paulo e coordenadora do Centro de Diabetes do Hospital Samaritano. “O consumo de açúcar em excesso causa ganho de peso, predisposição ao diabetes, aumento do risco cardiovascular e derrame”, diz ela. A má alimentação também pesa no Sistema Único de Saúde (SUS). Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde identificou que em 2011 os gastos federais com a atenção às doenças crônicas foram de 16,2 bilhões. “Os custos são crescentes devido ao aumento da prevalência dessas doenças”, diz Michele Lessa, Coordenadora de Alimentação e Nutrição do órgão. “São necessárias múltiplas abordagens para alcançar a redução pretendida, como educação e informação à população, medidas para facilitar escolhas alimentares mais saudáveis e ações voltadas para o setor produtivo”, diz ela.
A redução de açúcar nos produtos será feita em duas etapas, uma até 2020 e outra até 2022. O objetivo é fazer com que o paladar do brasileiro vá se adaptando com o novo sabor dos produtos, uma vez que o açúcar não será substituído por outra substância, como adoçantes, mas apenas parcialmente retirado dos produtos. A quantidade nos achocolatados em pó, por exemplo, será reduzida para 90,3g/100g até o final de 2020 e depois para 85g/100g até 2022, o que significa 20 colheres de chá de açúcar a menos. A indústria garante que essa mudança não implicará em produtos mais caros ao consumidor. “O processo de produção não terá um custo mais alto, apenas diferente. Será uma adaptação, mas a indústria está acostumada”, diz Wilson Mello, da Abia. A saúde do brasileiro agradece.
“Essa parceria é muito importante para a saúde pública, porque reduz a chance de doenças no futuro” Cristina Formiga, endocrinologista (Crédito:Divulgação)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O que é aids, dos sintomas iniciais ao tratamento, passando pelos exames

Conheça, no Dia Internacional de Luta Contra a Aids, os detalhes dessa doença causada pelo HIV, o que ela causa no corpo e suas formas de transmissão

A síndrome da imunodeficiência adquirida (aids, na sigla em inglês) é uma doença infectocontagiosa para a qual ainda não existe cura. Ela é causada pelo HIV, vírus da imunodeficiência humana, que invade e destrói células de defesa conhecidas como T-CD4, responsáveis por organizar a resposta imunológica.
Sem essa proteção, o organismo fica mais suscetível a diversas infecções oportunistas, como herpes, tuberculose, pneumonia, candidíase e meningite. Até alguns tipos de câncer são associados à aids.
O HIV é transmitido de uma pessoa para outra por sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno. O contágio ocorre via de regra por meio de relações sexuais desprotegidas, transfusões de sangue e procedimentos com material contaminado ou contato com ferimentos.
Mas há um ponto importante aqui: toda pessoa com aids é HIV positivo, mas o inverso não é verdadeiro. Se a pessoa infectada pelo vírus realizar o diagnóstico precoce, tomar os remédios e levar um estilo de vida saudável, cai muito o risco de a síndrome que arrasa as defesas (a aids propriamente dita) se manifestar.
Se ainda não há cura, a boa nova é que, hoje, a expectativa de vida das pessoas com HIV se assemelha ao das que não possuem o vírus no corpo – de novo, desde que se tratem adequadamente.

Os sintomas da aids

Dificilmente aparecem sinais significativos da doença logo após a infecção pelo HIV. Depois de um período, que em geral varia de três a seis semanas, podem surgir sintomas iniciais e não específicos, como:
  • Febre e mal-estar que lembram uma gripe
  • Fraqueza
  • Diarreia
  • Gânglios aumentados
No entanto, após um tempo da invasão do HIV, consequências mais graves dão as caras:
  • Perda de peso
  • Anemia
  • Perda de memória e dificuldade de concentração
  • Doenças oportunistas (hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose, candidíase e sarcoma de Kaposi, um tumor de pele)

Fatores de risco

  • Sexo desprotegido (sem camisinha)
  • Compartilhamento de materiais contaminados (seringas entre usuários de drogas, por exemplo)
  • Procedimentos hospitalares que não observam recomendações técnicas contra a infecção
  • Transmissão pelo parto (quando não são respeitados os cuidados médicos exigidos)
  • Aleitamento materno por mãe infectada

A prevenção

Em se tratando de HIV, podemos separar as medidas de prevenção em estratégias para impedir o contágio em si e as táticas para evitar que a infecção, uma vez estabelecida, evolua para a aids em si.
  • Usar sempre o preservativo durante o sexo
  • Não compartilhar seringas, agulhas e objetos cortantes
  • Materiais usados para tatuagens e piercings também devem ser feitos com material descartável
  • Realizar periodicamente o teste de HIV, disponibilizado em postos de saúde gratuitamente
  • Grávidas infectadas precisam iniciar o tratamento quanto antes para que seja possível evitar a disseminação do HIV para a criança ao longo da gravidez na hora do parto
  • Pessoas que se expuseram a situações de risco podem ser encaminhadas à PEP, profilaxia pós-exposição, em que são administrados medicamentos para conter a infecção inicial
  • Outra opção é que os indivíduos comumente expostos a essas situações de risco recorram à Profilaxia Pré-Exposição (PREP), também disponível na rede pública

O diagnóstico

Dois exames de sangue são usados para detectar a presença de anticorpos contra o HIV. No convencional, chamado Elisa, o resultado sai em alguns dias.
Já no teste rápido – oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) – é possível obter a resposta em 30 minutos.
Ambos os métodos são realizados depois de passadas duas a seis semanas da suspeita de contágio. Esse período, conhecido como janela imunológica, é o tempo que as defesas do corpo levam para criar os anticorpos contra o vírus. Antes disso, portanto, é considerável a possibilidade de um resultado falso negativo.
Se o Elisa ou o teste rápido derem positivo, essa informação deve ser confirmada em novo exame. Para a segunda avaliação, normalmente emprega-se o Western Blot, método mais preciso, mais complexo e, portanto, mais caro. Ele é necessário, porque enfermidades como artrite reumatoide, lúpus e alguns tipos de câncer podem interferir no processo e gerar um resultado falso positivo.

O tratamento

Embora não se tenha chegado à cura, hoje já é possível falar em controle total da aids. Se a descoberta da presença do HIV ocorre logo após a infecção, os danos ao sistema imunológico são mínimos.
Com o coquetel anti-HIV, uma combinação de drogas que atacam o vírus em diferentes estágios, as defesas do portador não vão ruir e, consequentemente, ele evita as complicações derivadas da imunodeficiência.
O coquetel antirretroviral é composto de algumas drogas e receitado até mesmo antes de a síndrome se manifestar. O tratamento aumenta a sobrevida e melhora a qualidade de vida do paciente, embora, sobretudo na fase inicial, possa levar a efeitos colaterais como diarreia, vômito, náusea e insônia.
A medicação nunca deve ser interrompida por conta própria, e o acompanhamento médico é fundamental para monitorar possíveis alterações causadas pelo medicamento nos rins, fígado e intestino, além do aparecimento de doenças metabólicas como o diabetes.
Isso reforça inclusive a necessidade de adotar um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e gerenciamento do estresse.
Quando há suspeita de contato com o vírus – em relação sexual sem proteção, por exemplo –, a recomendação é partir para a profilaxia pós-exposição. Popularmente conhecido como “coquetel do dia seguinte”, o tratamento deve ser iniciado entre duas e 72 horas após a exposição ao HIV.
Nessas ocorrências, o tratamento dura 28 dias consecutivos e igualmente pode provocar reações como tontura, náusea e sensação de fraqueza.