terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

OMS cobra novos antibióticos para combater 12 superbactérias

Agência da ONU teme uma era"pós-antibióticos", na qual infecções comuns e pequenas feridas voltarão a ser fatais

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta segunda-feira uma lista de 12 famílias de bactérias resistentes aos tratamentos atuais e instou o desenvolvimento de novos antibióticos para combatê-las. Segundo a agência da ONU, o risco para a saúde é “crítico” no caso de três famílias de bactérias, resistentes inclusive aos antibióticos mais recentes e que causam a maioria das infecções hospitalares.

Os chamados “patógenos prioritários” provocam infecções no sangue, nos pulmões, no cérebro e no trato urinário que podem ser fatais. “A resistência aos antibióticos está crescendo, e estamos ficando rapidamente sem opções de tratamento”, disse Marie-Paule Kieny, assistente do diretor-geral da OMS. “Se deixamos este assunto para as forças do mercado, os novos antibióticos que precisamos urgentemente não serão desenvolvidos a tempo.”

Era pós-antibióticos

A OMS insta os governos a incentivarem o financiamento público e privado para lutar contra estas “superbactérias”. A agência da ONU alertou anteriormente para o risco de uma era”pós-antibióticos”, na qual infecções comuns e pequenas feridas voltarão a ser fatais.
As bactérias destacadas pela OMS foram selecionadas, entre outros critérios, segundo o grau de severidade das infecções que causam, a facilidade com que se propagam e quantos antibióticos eficazes restam para combatê-las.
A lista está dividida em três categorias, segundo sua prioridade: crítica, alta e média. A primeira inclui superbactérias resistentes aos antibióticos carbapenêmicos, último recurso para infecções potencialmente mortais que com frequência se propagam em hospitais, asilos e entre pacientes que precisam de respiradores e cateteres. A segunda e terceira categorias incluem bactérias que causam doenças mais comuns, como gonorreia e salmonela.
(Com AFP)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Resposta rápida contra a Aids

Um novo teste criado na Espanha detecta o HIV no sangue apenas uma semana depois da infecção

Resposta rápida contra a Aids
FÁBRICA O chip usa materiais acessíveis e tem baixo custo de produção
Um chip capaz de identificar a presença no sangue do HIV – vírus responsável pela Aids – apenas uma semana depois da infecção acaba de ser desenvolvido. Hoje, os recursos disponíveis permitem a identificação do HIV entre duas e quatro semanas após a contaminação.
Assim como em todas as doenças, o diagnóstico precoce faz toda a diferença no combate à Aids. A enfermidade avança mais rapidamente de acordo com a velocidade de replicação do vírus no organismo (ele destrói células de defesa, deixando o paciente vulnerável à infecções oportunistas e muitas vezes fatais). Portanto, quanto mais cedo ele for detectado, melhor. Permite a aplicação integral do conceito que hoje pauta o tratamento, conhecido como “bata cedo, bata forte”. Em outras palavras, aos primeiros sinais de infecção, o ideal é entrar com os medicamentos antirretrovirais. “O potencial de replicação do HIV logo após a infecção é muito maior do que em etapas posteriores”, afirma Priscila Kosaka, do Instituto Madri de Microeletrônica, responsável pelo novo teste. “Dessa forma, iniciar a terapia rapidamente melhora as chances de conter a proliferação do vírus.”
A novidade foi patentada pelo Conselho Nacional de Pesquisa da Espanha. Consiste em um biosensor que combina moléculas de silicone com nanopartículas de ouro. “Ele usa matérias-primas conhecidas e muito adotadas pela indústria microeletrônica”, diz Javier Tamayo, parceiro de Priscila. “Isso permitirá que seja produzido em larga escala e com baixo custo. Pode ser uma grande opção para países mais pobres.”
A execução do teste também é rápida. Da coleta ao resultado, a análise leva 4 horas e 45 minutos, um tempo bastante bom. “Se quiser confirmar o resultado, pode-se repetir o exame até no mesmo dia”, diz Tamayo. O grupo espanhol estuda o uso da mesma tecnologia para a detecção precoce de alguns tipos de câncer.
A análise do sangue leva cerca de cinco horas. Se for preciso, o exame pode ser repetido no mesmo dia

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Cinco mitos sobre a obesidade infantil

Alimentação adequada e rica em lácteos é essencial a um desenvolvimento saudável
obesidade
Segundo OMS, nos últimos 25 anos, o número de crianças obesas saltou de 31 para 41 milhões ( Foto: Divulgação )
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta, por meio do relatório "Pelo Fim da Obesidade Infantil", que cerca de 41 milhões de crianças menores de 5 anos apresentam excesso de peso (que seria sobrepeso ou obesidade). Os números são de 2016. Segundo o documento, nos últimos 25 anos, a prevalência de sobrepeso saltou de 4,8% para 6,1% de crianças.
A nutricionista Ana Paula Del´Arco, desvenda 5 mitos sobre a obesidade infantil.
1- "Se uma criança já gosta de beber leite não preciso incentivar esse hábito"
Mito - Durante a "fase láctea" a criança tem um apego emocional com o momento de "tomar o leite", que ocorre ao acordar e ao dormir. Após esta fase, dependendo do incentivo dos pais, as crianças podem passar a não querer mais este momento, pois remete à caracterização da criança como bebê, rompendo este estigma. Se não houver acompanhamento adulto, a criança pode migrar do leite para as bebidas açucaradas (sucos, refrigerantes e outras não tão saudáveis);
2. "Devo me preocupar com o aumento de peso da criança na "fase láctea", pois o leite engorda"
Mito - Na verdade, os lácteos ajudam na prevenção do ganho de peso desordenado. Uma revisão de 10 estudos sobre o tema, publicados com 3 anos de seguimento em média e envolvendo 46 mil crianças e adolescentes, verificou que aquelas com maior consumo de lácteos estavam 38% menos propensas a ter excesso de peso na infância. Este estudo verificou ainda que pode haver redução do risco de sobrepeso e obesidade em 13%, com o aumento do consumo de 1 porção de lácteo ao dia.  O desenvolvimento de hábitos saudáveis engloba uma alimentação saudável, qualidade de sono adequada e prática suficiente de atividade física na infância. O estudo foi encomendado pelo Departamento de Nutrição Clínica do Hospital Xin Hua Hospital, da Faculdade de Medicina de Xangai;
3- "Se sou obeso, meu filho também será, é a genética"
Mito - De fato pais obesos têm grandes chances de desenvolverem filhos obesos, mas não por fatores genéticos e sim por fatores comportamentais. Apenas 5% dos casos de obesidade são genéticos, em torno de 10% de causas hormonais, que são tratáveis, e o restante derivados de maus hábitos de vida, sejam alimentares e/ou de atividade física. É importante que os pais deem o exemplo de alimentação saudável e prática de exercícios;
4- "Meu filho não gosta de tomar café da manhã, posso fazer um almoço reforçado para resolver o problema"
Mito - Atualmente é comum observarmos uma omissão de refeições na alimentação da criança, em especial o café da manhã. No entanto, salientamos sua importância. Tomar café é uma prática que deve ser incentivada bem como o consumo de frutas, hortaliças e lácteos, alimentos estes que deixam de ser consumidos pelas crianças quando não incentivados pelos pais;
5- "Meu filho está além do peso, mas só vou me preocupar com isso quando ele for mais velho"
Mito - A obesidade não é uma questão de estética, pois traz graves problemas. Desde doenças cardiovasculares, renais e gastrointestinais até distúrbios psicológicos como depressão e distúrbios alimentares. Pais devem ficar atentos e fazer acompanhamento médico para que tenham alimentação equilibrada e um crescimento saudável.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Conheça o homem que sobreviveu a 27 infartos

Ray Woodhall sofreu os infartos após o futebol. Foi preciso uma equipe de 6 especialistas para lidar com o quadro do paciente

Após passar uma hora jogando partidas de futebol, o britânico Ray Woodhall, de 54 anos, teve uma série de paradas cardíacas e, na emergência hospitalar, foi ressuscitado 27 vezes. A série de infartos aconteceu em dezembro do ano passado e o paciente acredita que irá demorar cerca de seis meses para se recuperar, segundo informações da BBC Brasil.
No momento do primeiro ataque, Woodhall praticava uma modalidade conhecida como walking football (futebol de caminhada, em tradução livre), uma versão mais leve do esporte. Ele começou a sentir dores no peito logo depois da última sexta e última partida e só concordou em chamar a emergência quando percebeu que o desconforto persistia.

Múltiplos infartos

O primeiro ataque cardíaco aconteceu no campo e os outros 26, já no hospital. “Meu último infarto foi o mais assustador”, disse. Foram tantos infartos seguidos que uma enfermeira até lhe pediu desculpas pelos socos durante a reanimação. “Morrer é como adormecer”, contou Woodhall, que só descobriu que havia, de fato, “morrido” tantas vezes ao ser informado pelos médicos. 
A esposa de Woodhall o acompanhou durante o processo. “Ela me viu morrer na sua frente”, contou. De noite, já no hospital, sua família chegou a ouvir dos médicos que ele provavelmente não sobreviveria após a série de paradas cardíacas entre 21h e 3h da manhã.
De acordo com informações do Hospital Worcestershire Royal, da Inglaterra, onde o paciente foi atendido, foi preciso recorrer a uma equipe de seis especialistas de plantão para lidar com o caso de “múltiplos ataques cardíacos“. Woodhall acredita que levará seis meses até sua recuperação total.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Diabetes: quando a cirurgia bariátrica é indicada, afinal?

O Brasil é considerado o segundo país do mundo em número de cirurgias. As mulheres representam 76% dos pacientes

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de adultos com diabetes tipo 2 quadruplicou nas últimas quatro décadas, passando de 108 milhões de pessoas em 1980 para 422 milhões atualmente. No Brasil, a porcentagem de pessoas com a doença passou de 5% para 8,1% no mesmo período. Em 2014, foram 71.700 mortes causadas no país pela doença.
O diabetes tipo 2 ocorre quando o organismo de uma pessoa torna-se resistente à insulina, o hormônio que controla os níveis de glicose no sangue. O excesso de peso é um fator de risco importante para a doença. Em geral, a doença é controlada por meio da aplicação de injeções de insulina e de outros medicamentos. Mas, nos últimos anos, diversas linhas de pesquisa têm analisado o papel da cirurgia bariátrica ou metabólica, popularmente conhecida como redução de estômago, para o controle eficaz da doença em longo prazo.
Tanto que, uma diretriz assinada por 45 entidades mundiais, entre elas a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), publicada no primeiro semestre de 2016 na revista Diabetes Careaponta a operação como uma opção a ser considerada no tratamento do diabetes tipo 2 para pacientes com índice de massa corpora (IMC) entre 30 e 35.
Entretanto, no Brasil, a diretriz do Conselho Federal de Medicina (CFM) indica o procedimento apenas para pacientes obesos (com IMC igual ou maior 35) e diabetes ou outras doenças associadas. Isso porquê, a maioria dos estudos observou benefícios da cirurgia bariátrica ou metabólica em pacientes com essas especificações.
Segundo Márcio Mancini, membro do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), que defende a recomendação do CFM, nenhuma cirurgia bariátrica – aprovada ou experimental – tem documentação robusta de eficácia e segurança em pacientes com IMC menor do que 35. “Não se pode extrapolar os benefícios vistos em obesos mórbidos para pessoas mais magras. Os riscos e resultados podem ser diferentes”, afirma o especialista.

Riscos

Um dos riscos associados à cirurgia metabólica é a perda de massa óssea. “Uma pessoa obesa tem aumento de massa óssea e isso de certa forma a ‘protege’ da perda associada à operação. Por outro lado, pacientes obesos leves ou com sobrepeso podem ter essa perda e apresentar complicações, como fraqueza e fraturas cerca de 10 a 15 anos depois. Isso não está documentado [pois não existem estudos tão longos com esses pacientes], mas é uma possibilidade”, diz Mancini.
Outros riscos são a possibilidade de desnutrições como anemia e deficiência de vitaminas e minerais; e a volta da doença caso o paciente engorde, mesmo que poucos quilos. “Quando operamos um obeso mórbido, existe a remissão do diabetes, mas a doença pode voltar se ele recuperar o peso. Quando se opera pessoas mais magras, existe a possibilidade de uma recuperação de poucos quilos, por exemplo só dois ou três quilos trazer o problema de volta”, explicou o médico.

Tratamentos disponíveis

Mancini ressalta ainda que existe uma série de novos medicamentos contra o Diabetes tipo 2. Além do controle da doença, alguns deles mostram redução de mortalidade cardiovascular, um benefício que a cirurgia ainda não mostrou em pacientes com IMC menor que 35. “Quem opta pela cirurgia, troca um tratamento bom, aprovado e com benefícios, por um incerto”.

Aumento de cirurgias bariátricas no país

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o número de cirurgias bariátricas no Brasil aumentou 7,5% em 2016 em comparação com o ano de 2015. Os dados e apontam que, no ano passado, cerca de 100.512 pessoas fizeram a cirurgia, contra 93.500 em 2015. O Brasil é considerado o segundo país do mundo em número de cirurgias realizadas e as mulheres representam 76% dos pacientes.
Para o Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Caetano Marchesini, o aumento no número de procedimentos pode estar relacionado ao crescimento da obesidade no Brasil e também com as novas regras do CFM – Conselho Federal de Medicina para realização de cirurgia bariátrica, como a redução do IMC e a idade mínima para a realização da cirurgia. 

Polêmica

A polêmica da cirurgia bariátrica como tratamento para diabetes veio à tona recentemente após o senador  e ex-jogador de futebol Romário contar que foi submetido a uma cirurgia bariátrica experimental para controlar o diabetes. O procedimento de Romário foi contestado por especialistas pelo fato dele supostamente não se enquadrar nos critérios aprovados pelo CFM (IMC igual ou superior a 30) e pelo tipo de cirurgia realizado.
Romário foi submetido a um procedimento chamado interposição ileal. O procedimento reduz em 80% a capacidade do estômago e aproxima o órgão ao íleo, porção final do intestino delgado, o que estimula a secreção de insulina pelo pâncreas, diminuindo o diabetes. No entanto, no Brasil, a operação só é regulamentada pelo CFM para o tratamento de casos de obesidade mórbida. O conselho não reconhece a técnica para o tratamento de doenças metabólicas, como o diabetes. Nestes casos, o procedimento pode ser realizado, desde que em caráter experimental.
Isso significa que a técnica deve ser realizada sob protocolo de pesquisa, sob a supervisão de Comissões de Ética em Pesquisa (CEP) e/ou Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

Entidades médicas

SBCBM
“A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) tem em uma de suas missões esclarecer o público quanto à indicação, segurança e resultados da cirurgia metabólica para o tratamento do diabetes do tipo 2 não controlado apesar do melhor tratamento clínico.
Em 1991 quando o Instituto Nacional de Saúde (NIH) Norte Americano definiu as indicações para cirurgia, para perda de peso em índices de massa corpórea acima de 35kg/m2, estas determinações na época influenciaram diversas agências reguladoras pelo mundo, incluindo o Conselho Federal de Medicina (CFM).
A SBCBM respeita e orienta seus associados a seguir a resolução do Conselho Federal de Medicina n° 2.131/2015 que regulamenta a indicação da cirurgia bariátrica.
A partir de 2007 inúmeras publicações científicas vêm demonstrando os resultados da cirurgia gastrointestinal no tratamento do diabetes tipo 2 não controlado. Baseados nestes estudos esclarecemos que:
a) Toda intervenção médica, incluindo clínicas e cirúrgicas tem seus riscos e benefícios, podendo ocorrer complicações graves e mesmo desfechos fatais. As operacões bariátricas têm índices de mortalidade de 0,3%, semelhante a uma simples retirada da vesicula biliar ou cesariana, o que se traduz em muita segurança.
b) Existem mais de 30 importantes publicações que demonstraram decréscimo de eventos cardiovasculares com ou sem morte (derrames e infarto) e diminuição da incidência de câncer com até 25 anos de seguimento após cirurgias bariátricas/metabólicas.
c) Somente dois estudos de relevância demonstraram diminuição de mortes de causas cardíaca com tratamento medicamentoso. Temos que lembrar que estas drogas podem apresentar efeitos colaterais severos como câncer de tiroide, pancreatite, cetoacidose de difícil reversão dentre outras, além de mortalidade, situações inerentes aos tratamentos médicos em geral.
d) Existem diversos estudos que compararam cirurgia metabólica versus o melhor tratamento clínico em pacientes com IMC desde 27,5 kg/m2 com até 5 anos de seguimento. Nestes estudos foram demonstrados melhores resultados com a cirurgia acrescida de tratamento clínico e diminuição importante dos índices de risco cardiovascular. Também nas publicações científicas há incontáveis séries prospectivas, nacionais e internacionais, em que se obteve excelentes resultados relativos ao controle do diabetes e perda de peso com poucas complicações.
e) A transposição ileal é ainda considerada um procedimento experimental pelo CFM. Existem estudos em andamento para validá-la, porém, até lá não deve ser considerada opção terapeutica em qualquer IMC.
f) Entendemos ser inegável a melhora dos resultados com as novas opções de medicamentos, mesmo com seus riscos, mas é inquestionável atualmente que a cirurgia metabólica, associado ao tratamento clínico melhora consideravelmente os resultados.
Em setembro de 2015, um encontro de especialistas produziu uma diretriz de conduta que recomenda a cirurgia metabólica para o diabetes tipo 2 não controlado clinicamente. Estas diretrizes foram aprovadas por 49 Sociedades Médicas, dentre elas a SBCBM e a Sociedade Brasileira de Diabetes. Sabe-se que um número considerável dos pacientes com diabetes tipo 2, mesmo com o melhor tratamento clínico, não tem sua doença controlada. Estes dados estão publicados na revista da Sociedade Americana de Diabetes (ADA) desde maio de 2016, juntamente com outras importantes comunicações científcas respaldando o papel da cirurgia para o tratamento do diabetes em pacientes com IMC a partir de 30 kg/m2.
g) A SBCBM, em conjunto com o Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva está auxiliando o CFM trazendo evidências científicas para promover o melhor para os pacientes. Afinal, o órgão traz um belo histórico de luta em prol dos interesses da saúde e do bem estar do povo brasileiro, sempre voltado para a adoção de políticas de saúde dignas e competentes, que alcancem a sociedade indiscriminadamente.”
Sbem e Abeso
“Devido à grande repercussão sobre a cirurgia bariátrica realizada no Senador Romário, ex-jogador de futebol, para o tratamento do diabetes tipo 2, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) vêm a público reforçar que:
1- Não existem evidências científicas robustas e de longo prazo que comprovem a segurança e eficácia de cirurgia bariátrica no tratamento de diabetes tipo 2 para pacientes com IMC abaixo de 35 kg/m2, considerando quaisquer técnicas cirúrgicas, regulamentadas ou não regulamentadas.
2- A Sbem e a Abeso participam da Câmara Técnica de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Conselho Federal de Medicina (CFM) e lançaram, no ano passado, um Posicionamento Oficial em conjunto com Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) sobre o tema.”

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Sobe para 89 número de mortes confirmadas por febre amarela

Do total de registros, 1.032 foram em Minas, 163 no Espírito Santo, 16 em São Paulo, 15 na Bahia, 6 no Tocantins e um caso no Rio Grande do Norte

Brasília - Nos últimos dois dias, mais sete pessoas morreram em decorrência da febre amarela e as autoridades municipais de Saúde confirmaram mais 20 casos da doença nos estados de Minas Gerais, do Espírito Santo e de São Paulo.
Segundo balanço divulgado hoje pelo Ministério da Saúde, desde o início do ano, dos 200 óbitos suspeitos de febre amarela notificados, 89 foram confirmados, 108 continuam sob investigação e três foram descartados.
Febre amarela já matou 89 Agência Brasil
As mortes provocadas pela febre amarela ocorreram em Minas Gerais (77), no Espírito Santo (9) e em São Paulo (3). Ao todo, 1.258 casos suspeitos de febre amarela foram notificados este ano, sendo que 263 foram confirmados, 882 continuam sendo investigados e 113 foram descartados.
Do total de registros, 1.032 foram em Minas, 163 no Espírito Santo, 16 em São Paulo, 15 na Bahia, 6 no Tocantins e um caso no Rio Grande do Norte. Para tentar conter o avanço da febre amarela no país, o Ministério da Saúde enviou 12,7 milhões de doses extras da vacina contra a doença para os estados com registros de casos e para localidades na divisa com áreas que tenham casos notificados.
Até o momento, Minas Gerais recebeu 5,5 milhões de doses extras do imunizante, São Paulo, 2,75 milhões de doses; Espírito Santo, 2,5 milhões; Rio de Janeiro, 1,05 milhão e a Bahia, 900 mil. O montante, segundo o ministério, é um adicional às doses de rotina do Calendário Nacional de Vacinação, enviadas mensalmente aos estados.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Dobra procura nos postos por vacina contra febre amarela -Ce

A imunização é somente para aquelas pessoas com viagem marcada para áreas consideradas endêmicas do País
por Vanessa Madeira - Repórter
Desde que se iniciou a epidemia de febre amarela no Sudeste do País e o Ceará lançou alerta aos municípios quanto ao risco do surgimento de casos no Estado, à procura pela vacina contra a infecção dobrou nos postos de saúde da Capital. A informação é da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Mesmo sem a recomendação de vacinação no Estado por parte do Ministério da Saúde, a preocupação dos fortalezenses em relação à doença movimentou, nos últimos dias, as unidades que disponibilizam a imunização na Capital.
Por conta do surto nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, os estoques da vacina nos postos foram incrementados para suprir a demanda. A imunização, conforme esclareceu a SMS em orientação divulgada ontem à população, é recomendada apenas para aqueles com viagem marcada para áreas consideradas endêmicas, como estados da região Norte, Goiás, Maranhão e Minas Gerais, além de municípios específicos dos estados da Bahia, Espírito Santo, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. No intuito de atender esses casos, a quantidade de vacinas recebidas passou de 150, em média, para 5.000 por mês.
No entanto, segundo a coordenadora de imunizações da SMS, Vanessa Soldatelli, grande parcela da procura parte de pessoas que não têm indicação para a vacina. "Muitas pessoas que vão viajar para Salvador, Rio de Janeiro ou Recife no Carnaval, e até pessoas que não vão viajar, estão correndo para os postos em busca de vacina. Mas só algumas capitais brasileiras têm recomendação de imunização", diz.
No Posto de Saúde Paulo Marcelo, no Centro, onde a demanda por vacinas, em geral, já é alta, no caso específico da proteção contra a febre amarela, com a proximidade do Carnaval, a busca está cada vez mais acentuada, relata a coordenadora da unidade, Maria José Carvalho. Ontem, o posto estava sem doses da vacina, de acordo com ela, devido à alta demanda no dia anterior. "Recebemos 300 doses quarta-feira e aplicamos todas no mesmo dia. A previsão é que chegue amanhã novamente".
Quem precisa ser imunizado, como a publicitária Priscila Soares, que ontem esteve no posto, terá que esperar até o fim de semana ou procurar uma das outras três unidades que estão ofertando a vacina. Ela viajará para Belo Horizonte (MG) no fim do mês e já tentou, sem sucesso, se vacinar. "O problema é que só posso após o horário comercial. Já entrei em contato com vários postos para saber se tem e sempre encaminham para esse".
Comprovante
Para evitar a vacinação desnecessária, a aplicação das doses está condicionada à apresentação de comprovante de viagem e, em casos específicos, de autorização médica, uma vez que a imunização é contraindicada para pessoas com sistema imunológico comprometido, idosos, gestantes e mulheres que estiverem amamentando crianças menores de seis meses.
Hoje, no Brasil, além dos casos confirmados de febre amarela na região Sudeste, o Ministério da Saúde registra casos suspeitos na Bahia (1), em Tocantins (1) e no Rio Grande do Norte (1). Vanessa Soldatelli destaca que, apesar das ocorrências no Nordeste e do incremento de vacinas ofertadas na Capital, a população deve se manter tranquila em relação à doença.
"Para a febre amarela voltar ao Ceará, precisaria que muita gente viesse de estados com surto para cá doentes, muitos mosquitos picassem essas pessoas e depois picassem outras", afirma. O infectologista Anastácio Queiroz, do Hospital São José, disse que os riscos de um surto no Estado são baixos.
Saiba mais
Capitais com recompendação
Manaus (AM)
Macapá (AP)
Goiânia (GO)
São Luís (MA)
Belo Horizonte (MG)
Campo Grande (MS)
Cuiabá (MT)
Belém (PA)
Boa Vista (RR)
Porto Velho (RO)
Palmas (TO)
Rio Branco (AC)
Brasília (DF)
Porto Alegre (RS)
Capitais sem recomendação
Maceió (AL)
Salvador (BA)
Fortaleza (CE)
Vitória (ES)
João Pessoa (PB)
Recife (PE)
Teresina (PI)
Curitiba (PR)
Rio de Janeiro (RJ)
Natal (RN)
Florianópolis (SC)
Aracaju (SE)
São Paulo (SP)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Chikungunya supera casos de dengue em 2017-Ce

A doença, que chegou ao Estado em 2015, se fortaleceu em 2016, quando atingiu quase 30 mil pessoas
por Vanessa Madeira - Repórter
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O Ceará começa 2017 registrando, pela primeira vez, mais casos de febre chikungunya do que de dengue. Foi o que revelou o boletim epidemiológico de arboviroses, divulgado no último dia 10 pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa). Neste início de ano, entre 1º de janeiro e 4 de fevereiro, o Estado contabilizou 227 ocorrências de febre chikungunya, 27 a mais que o número de casos de dengue.
A doença, que chegou ao Estado em 2015, e se fortaleceu em 2016, quando atingiu quase 30 mil pessoas, manteve tendência de crescimento. De acordo com os dados da Sesa, a quantidade de notificações de febre de chikungunya em 2017 (1.341) já é quase 20 vezes superior à registrada no mesmo período do ano passado (72).
Foram confirmados casos em sete das 22 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRES). Fortaleza é o município com o maior número de registros. Conforme a Sesa, até agora, 125 pessoas foram diagnosticadas com a doença na Capital. Já o boletim da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) contabiliza 208 ocorrências do início do ano até o dia 10 de fevereiro. Todas as regionais da cidade possuem casos confirmados. A situação mais grave ocorre na Regional I, que tem 104 registros.
População suscetível
"Imaginamos que, em algum momento, haveria um direcionamento da epidemia para a chikungunya. Temos uma população muito suscetível, porque é uma doença nova no Estado e a maioria das pessoas nunca teve. Ao contrário da dengue, que já convive entre nós há muitos anos. Isso é algo que promove uma facilidade para termos mais casos de chikungunya e continuarmos com o vírus circulando", afirma Érico Arruda, infectologista do Hospital São José (HSJ) e presidente da Sociedade Cearense de Infectologia.
Enquanto os casos de chikungunya ascenderam, a dengue teve redução no número de ocorrências. Nas cinco primeiras semanas do ano, a Sesa somou 200 casos confirmados, uma queda de 86,1% em relação a igual período de 2016, quando foram registrados 1.439 casos.
"Uma das possíveis causas dessa redução é que temos uma população que já foi exposta aos vírus, portanto está mais imune. Além disso, o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, agora está sendo disputado por outros vírus, da chikungunya e da zika", diz Érico Arruda.
O infectologia pediátrico Robério Leite, também do Hospital São José, destaca que, desde o ano passado, o Ceará passa por um pico de casos de febre de chikungunya, que ainda deve se manter pelos próximos anos. Para ele, contudo, após essa fase, as ocorrências tenderão a diminuir, pois grande parte da população estará imune ao vírus causador da doença. "É provável que essa explosão de casos aconteça com mais intensidade agora no início, e depois caia. Também é provável que não haja muitas possibilidades de epidemias, diferentemente da dengue, que tem mais vírus circulando".
Gravidade
Leite frisa que, se comparadas as duas doenças, a dengue continua possuindo maior nível de gravidade. No entanto, a chikungunya tem como consequência o desenvolvimento de formas crônicas de acometimento das articulações, provocando danos a longo prazo às pessoas infectadas. "Isso causa um problema grave de debilitação, porque essas pessoas podem ficar com dor articular para o resto da vida".
A técnica do Núcleo de Controle de Vetores da Sesa, Ricristhi Gonçalves, afirma que, em um cenário com duas infecções consolidadas no Estado, a Secretaria tem investido esforços para evitar que as doenças se tornem epidemias de grande porte. O órgão aposta na capacitação de brigadistas que devem atuar no combate ao Aedes aegypti por meio de inspeções prediais e de agentes de endemias.
Aumento
227
Casos de febre chikungunya foram registrados no Estado do Ceará desde o início deste ano até 4 de fevereiro, 27 a mais do que as ocorrências de dengue

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Aplicativo lembra a hora do paciente tomar seus remédios

O app é 100% brasileiro e está disponível gratuitamente para iOS e Android
Dr. Cuco
Aplicativo foi desenvolvido por dois jovens, ainda na faculdade ( Foto: Divulgação )
O aplicativo Dr. Cuco, disponível para download gratuito para Android e iOS, tem como principal objetivo enviar lembretes de medicamentos para o paciente com doenças como colesterol alto, diabetes e hipertensão. No entanto, o recurso ainda disponibiliza para seus usuários lista de medicamentos da Anvisa, histórico do tratamento do paciente, mensagens e dicas sobre tratamentos e doenças. Ainda é possível criar um "time de saúde" no app, que recebe alertas quando alguém do grupo esquecer de tomar um medicamento.
A ideia da plataforma, criada por dois jovens de Florianópolis, surgiu nos corredores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), nas últimas fases do curso de administração de Lívia Barbosa e Gustavo Comitre. Os dois, atualmente, são sócios.
"Queríamos desenvolver um projeto com impacto, propósito e que resolvesse um problema real. Sou filha de médico e sempre ouvi queixas sobre isso. O Gustavo  é doente crônico, e também enfrentava dificuldades para conseguir realizar o tratamento como era passado. De formas diferentes, percebíamos que a relação entre médicos e pacientes era cada vez mais distante", explicou Lívia, em entrevista ao G1 em agosto de 2016.
Dr. Cuco

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Nova polêmica da fosfo, a ‘pílula do câncer’: agora é suplemento

Dois ex-colaboradores do químico paulista Gilberto Chierice anunciaram a venda de fosfoetanolamina sintética na forma de suplemento alimentar, pela internet

A fosfoetanolamina, substância popularmente conhecida como ‘pílula do câncer’, deverá ser lançada em março no país na forma de suplemento alimentar. O anúncio foi feito pela internet no fim da semana passada pelo biólogo Marcos Vinícius de Almeida e pelo médico Renato Meneguelo, que faziam parte do grupo de pesquisa do químico Gilberto Chierice, o criador da fórmula.
“A fosfoetanolamina como suplemento pode atrapalhar a pesquisa que está em curso. Vai tirar a credibilidade dela como um remédio potencial para tratar o câncer”, disse o químico Salvador Claro Neto, um dos principais parceiros de Chierice. “Ela vai virar cogumelo do sol. Qual médico receita isso?”, questiona. Para Neto, a venda como suplemento pode “queimar duas décadas de estudos sobre a substância”. Apesar de discordar da postura dos ex-colegas, o químico disse que não houve briga. “Foi só uma questão de ponto de vista”.
Atualmente, o composto é fabricado pelo laboratório PDT Pharma, em Cravinhos, para a realização de um estudo coordenado pelo o Instituto do Câncer de São Paulo, o Icesp. A primeira fase, que envolveu 10 pacientes, já terminou e mostrou que a fosfoetanolamina é, pelo menos, segura. Desde outubro, o estudo seguiu para a fase 2, quando sua eficácia será testada em 200 doentes. Ao todo, o processo pode levar dois anos para que, enfim, seja possível determinar se a fosfoetanolamina realmente funciona.

EUA

A substância está sendo produzida na Flórida (EUA) e será comercializada via e-commerce para o resto do mundo a partir de 16 de março.  A propaganda do produto não diz nada sobre tratamento do câncer, apesar de ser este o grande apelo comercial da fosfoetanolamina no Brasil. Nem poderia, pois neste caso teria de se enquadrar na regulamentação de medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e não há até agora nenhuma comprovação científica de que a substância funcione, de fato, no combate ao câncer.
O site criado pela empresa Quality Medical Line para comercializar o produto diz que a fosfoetanolamina atua como “um poderoso bio imunomodulador que age de forma constante e preventiva a distúrbios metabólicos e celulares, mantendo o equilíbrio e o bom funcionamento do sistema imune e da saúde humana”. Um dos anúncios colocados pela empresa no Facebook, porém, mostra uma mulher careca com a frase “Não desista!” – uma imagem que remete ao câncer.

Fórmula idêntica

Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, Almeida disse que a substância que está sendo produzida na Flórida é “idêntica” à que era produzida em São Carlos, porém sintetizada por um método diferente, para o qual eles estão solicitando uma patente nos Estados Unidos. “O que muda é o rendimento da síntese e a pureza do sal”, detalhou. Além da fosfoetanolamina, o suplemento contêm cálcio, zinco e magnésio.
Almeida diz que se afastou de Chierice porque ele era veementemente contra a venda da substância na forma de suplemento alimentar, preferindo esperar a conclusão dos testes clínicos – que estão sendo realizados em São Paulo -, para então comercializá-la como medicamento.
Almeida e Meneguelo também disseram não concordar com a posição de Chierice sobre os efeitos terapêuticos da molécula, quando ele dizia que a fosfoetanolamina pode curar qualquer tipo de câncer. “A gente não está buscando cura, estamos buscando melhorar a qualidade de vida de pacientes terminais”, disse Meneguelo. “Nunca falei para ninguém parar com radioterapia ou quimioterapia.”
A ideia de que a fosfoetanolamina pode curar o câncer, segundo Almeida, “é até o momento uma hipótese não confirmada”, que precisa ser validada pelos ensaios clínicos em andamento.

Custo

O custo previsto é de R$ 3,80 por cápsula, e Almeida e Meneguelo deverão receber 2,5% disso na forma de royalties. A produção inicial será de 500 mil cápsulas. A produção será feita pela empresa Florida Supplement e distribuída pela Quality Medical Line, via contrato com um laboratório uruguaio chamado Federico Diaz, com o qual a dupla brasileira estabeleceu uma parceria.
Segundo Meneguelo, haveria a possibilidade de produzir a substância como suplemento aqui mesmo no Brasil, mas levaria pelo menos dois anos para cumprir todas as exigências da Anvisa. “Prefiro receber críticas do que ficar assinando atestados de óbito”, disse. Almeida disse que a fosfoetanolamina já é comercializada como suplemento nos EUA há muitos anos, e que o registro do produto nos Estados Unidos seguiu todos os trâmites legais.
Há críticas à iniciativa dos empreendedores: alguns afirmam que o método de síntese não é igual ao empregado por Chierice, o que poderia interferir nos resultados — o que não dá afirmar com certeza, já que os testes independentes feitos até agora não apontam nenhum benefício bem documentado da molécula.

Histórico

A produção e comercialização da fosfoetanolamina sintética como droga anticâncer chegou a ser autorizada no Brasil, em abril de 2016, por um projeto de lei aprovado no Congresso e sancionado pela então presidente Dilma Rousseff, sob forte pressão política e popular. Mas a lei foi suspensa no mês seguinte por uma decisão do Superior Tribunal Federal (STF), por falta de evidências científicas da sua eficácia. Estudos realizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação indicam que a fosfo não é tóxica, mas não encontraram nenhum efeito antitumoral na substância.
(Com Estadão Conteúdo)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A brasileira, o israelense e o bebê palestino

Denise Pedreira é uma das mais importantes especialistas em medicina fetal do mundo. Ela se juntou a colegas judeus e árabes para salvar uma criança palestina

A brasileira, o israelense e o bebê palestino
SEM FRONTEIRAS Antes da operação, em Israel, Denise (no centro) explica o procedimento aos médicos árabes e judeus
“Foi uma das experiências mais emocionantes da minha carreira.” Vinda de uma médica que tem como rotina operar bebês ainda no útero – por essência algo já tocante –, a frase resume a importância da história da qual a cirurgiã Denise Pedreira, de São Paulo, acaba de fazer parte. Denise é uma das maiores especialistas em Medicina Fetal do mundo. No final de janeiro, ela esteve em Israel para, junto com colegas judeus e palestinos, salvar um bebê palestino. Todos na mesma sala de operação, dividindo crenças e línguas distintas e provando, mais uma vez, que barreiras políticas ou religiosas são facilmente derrubáveis quando prevalece o senso de humanidade.
O palco desse acontecimento foi o hospital Hospital Hadassah, no lado judeu de Jerusalém. Lá, o coordenador do serviço de medicina fetal é o israelense Yuval Gielchinky. Em 2014, durante um congresso na França, ele conheceu a técnica criada por Denise para a correção da mielomeningocele. Trata-se de um defeito congênito caracterizado por uma falha no fechamento da coluna que deixa exposta a medula espinhal (onde estão os nervos que ligam o cérebro ao resto do corpo).O ideal é que seja corrigido até a 26ª semana de gestação para evitar sequelas neurológicas. Até a criação de Denise, a única forma de fazer isso era a realização da cirurgia a céu aberto (leia mais no quadro). O procedimento embute grande risco de vida à mãe, especialmente, e ao feto. A médica desenvolveu uma forma de consertar a má-formação usando a fetoscopia, estratégia que resulta em risco bem menor de complicações.
Yuval é amigo do palestino Firas Abdeljawad. Os dois se conheceram em 2009, durante o curso de especialização no King´s College Hospital, em Londres. Desde então vivem uma amizade que fronteira nenhuma ameaça. O judeu Yuval opera no Hadassah as pacientes do árabe Firas, já que no hospital do lado palestino consegue-se apenas diagnosticar os problemas. Corrigi-los, só na instituição judia, onde as palestinas são atendidas de graça.
Foi nesse cenário que entrou a brasileira Denise. Ela e sua equipe receberam o convite para ensinar o método laparoscópico aos israelenses. Estavam selecionadas duas pacientes, uma israelense e outra, palestina. Primeiro foi operada a israelense. No dia seguinte, a palestina, que se encontrava em situação mais difícil.
PAUSA PARA REZAR

Antes do procedimento, já no centro cirúrgico, Denise deu uma aula aos colegas. Os palestinos chegaram atrasados. Tinham encontrado dificuldades para passar do lado árabe à área judia de Jerusalém. Dentro da sala, as diferenças desapareceram: ou foram superadas ou respeitadas. Único a falar árabe, o neurocirurgião israelense encarregou-se de conversar com a paciente palestina. “Ele deu uma super atenção a ela”, lembra Denise. No meio da cirurgia, os árabes se retiraram por um momento. Foram rezar.
As duas pacientes estão bem e aguardam o nascimento de filhos saudáveis graças à união de palestinos, judeus e brasileiros.“Salvar vidas está acima de qualquer fronteira”, disse Yuval à ISTOÉ. “Tenho colegas em cada país do mundo”, conta o médico. Ele, Denise e Firas protagonizaram mais um belo capítulo da medicina que associa a excelência técnica com o verdadeiro valor de cuidar, não importa de quem.
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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Método impede progressão de câncer no fígado

Procedimento inovador, minimamente invasivo, trata a lesão tumoral e não agride o tecido hepático saudável
por Renato Bezerra - Especial para o Vida*
A luta contra o câncer é diária. Matando 8,3 milhões de pessoas por ano no mundo, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), os estudos e métodos desenvolvidos contra o avanço da doença não param. Chegam a patamares cada vez mais específicos, tendo a alta tecnologia como aliada.
O câncer no fígado, geralmente oriundo de metástase por tumores do tipo colorretal (que acometem o intestino grosso), atingiu mais de 34 mil pessoas no Brasil em 2016. A boa notícia é um tratamento inovador, minimamente invasivo, contra a progressão da doença.
O procedimento, realizado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, tem como metodologia a Radioterapia Interna Seletiva (SIRT, sigla em inglês) se utilizando de microesferas radioativas que são aplicadas diretamente sobre o tumor no fígado, seja ele primário ou secundário de outro órgão, e na condição de inoperáveis. Carregadas com radiação beta, as microesferas contêm o elemento radioativo Y-90, que destroem as células cancerígenas.
Após injetadas, o raio de ação das microesferas no tumor varia de 2.5 a 10 milímetros, segundo detalha o médico radiologista Felipe Nasser, cirurgião intervencionista do Hospital paulista. "Isso faz com que eu consiga tratar só a lesão tumoral e não agrida o tecido hepático saudável. Pela quantidade de esferas que nós injetamos, elas se agrupam e conseguem fazer um raio de ação maior para que a gente consiga tratar toda a lesão", explica.
A maioria dos pacientes, como ressalta, são oriundos de outros tratamentos sem o resultado esperado. Para se tornar um candidato apto ao procedimento, no entanto, é preciso ter um prognóstico de vida superior a três meses, boa função medular e importante reserva pulmonar, uma vez que a circulação hepática se comunica com a circulação pulmonar.
"Temos que sempre calcular essa comunicação para quando injetarmos as esferas no fígado elas não migrem para outras regiões e nossa maior preocupação é o pulmão", explica Nasser. O volume do fígado, assim como seu grau de acometimento pela doença, também é levado em consideração para o procedimento, que mantém a indicação quando a metástase está em até 60% do órgão.
Resultados
Para resultados a nível global, 530 pacientes com câncer de intestino e metástases hepáticas não curáveis foram testados, tendo a metade utilizada o SIRT em combinação com a quimioterapia e metade somente a quimioterapia.
Como resultado, conforme o oncologista clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Rene Gans, a sobrevida do fígado, estando o órgão livre de progressão da doença, foi quase o dobro da atingida pelos pacientes que fizeram o tratamento tradicional. A chance de a doença regredir, acrescenta, fica em 6% com as microesferas e 1,9% com a quimioterapia.
Dr. Rene Gans destaca, no entanto, não se tratar de sobrevida global do paciente. Essa constatação, como frisa, será apresentada, em Chicago, no Congresso da Sociedade Americana de Oncologia, em julho.
A realização do procedimento é considerada de baixa complexidade, onde o paciente é internado, aplica as microesferas (acesso percutâneo) e recebe alta no dia seguinte. Como efeito colateral, é normal um cansaço por um período de até 15 dias. O Albert Einstein tem, até o momento, 44 pacientes tratados.
Desafio
A Radioterapia Intensiva Seletiva já é usada na Austrália, nos EUA e na União Europeia. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o método em 2014. O desafio, no entanto, é levar o tratamento para a maioria da população. Utilizando-se de alta tecnologia e não fazendo parte da lista de procedimentos da Agência Nacional de Saúde (ANS) até o momento, o método não é coberto pelas operadoras de planos de saúde, tampouco realizado pela rede pública hospitalar. Nesse caso, a única maneira de aderir ao tratamento é arcando com os custos, que podem chegar a R$ 180 mil.
"Tudo que for minimamente invasivo exige máxima tecnologia, o que é uma vantagem, mas um desafio em termos de custeio. Essa incorporação de tecnologia é muito difícil no Brasil e a oncologia talvez seja, hoje, a área em que a confluência de diversas técnicas e tecnologias seja a mais incrível", ressaltou o médico Rodrigo Gobbo, do Centro de Intervenção Guiada por Imagem do Albert Einstein.
Já a produção das microesferas no Brasil, se possível, será realidade vista somente a longo prazo, uma vez que o País não dispõe de tecnologia para isso, atualmente. A expectativa, segundo diz Rene Gans, é que havendo resultados positivos quanto a extensão da sobrevida dos pacientes, o processo de inclusão no rol da ANS seja acelerado.
Fique por dentro
Má alimentação é principal fator de risco
O câncer colorretal foi responsável pela morte de 15.415 pessoas no País em um ano, segundo dados do Datasus, com base no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) de 2013. Enquanto a tecnologia não se faz acessível a maior parte da população, a melhor forma de combate ao câncer ainda é a prevenção.
Ligada, principalmente, aos hábitos alimentares, a doença tem como principais fatores de risco o sobrepeso, o alto consumo de carne vermelha, alta ingestão de açúcar e álcool e o hábito de fumar. Além de evitar essas práticas, os médicos recomendam uma rotina de exercício físico.
Uma vez que o câncer chega ao fígado, a taxa de mortalidade é alta, atingindo aproximadamente 90%. "Para o paciente com doença metastática no fígado, a chance de estar vivo em cinco anos é de 11%, e a causa principal da morte é a falência do rim", explica Rene Gans, oncologista clínico do Hospital Israelita Albert Einstein.
O gastroenterologista e cirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein Antonio Luiz Macedo chama atenção para a gordura no fígado, patologia potencialmente maligna, comum, mas que geralmente não é dada a devida importância pela população. "Daqui a cinco anos, a maior causa de câncer no fígado será a gordura no fígado, devido ao excesso de vinho, excesso de farinha branca, excesso de açúcar e excesso de carne vermelha", alerta o especialista.
*O jornalista viajou a SP a convite do Hospital Israelita Albert Einstein

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Mulher descobre que dor era causada por barata viva em sua cabeça

Uma indiana descobriu que sua dor no olho era causada por uma barata viva alojada dentro de sua cabeça. O animal foi retirado por um instrumento de sucção

Já imaginou uma barata viva morando dentro da sua cabeça? Se você achou essa cena digna de um pesadelo ou filme de terror, saiba que isso pode acontecer – e aconteceu – de verdade. Uma indiana precisou ser submetida a um procedimento para retirar uma barata viva de dentro de sua cabeça. De acordo com os médicos, o animal entrou pelo nariz da mulher no meio da noite, seguiu para a cabeça e se alojou atrás dos olhos. 
A paciente, uma mulher de 42 anos, procurou uma clínica quando, ao acordar, começou a sentir sintomas estranhos, como dor na cabeça e peso atrás dos olhos. No local, os médicos não identificaram nada de errado e apenas limparam seu nariz e a enviaram de volta para casa.
No entanto, como os sintomas não desapareceram, a mulher decidiu procurar um especialista. O médico realizou um exame mais completo com o auxílio de um endoscópio – um aparelho com uma fonte luminosa e uma câmara – e, para sua surpresa, o exame detectou a presença de uma barata dentro da cavidade nasal da paciente.

Patas em movimento

“Vi pequenas patas se movimentando. Olhei mais de perto e a quase cinco centímetros da ponta do nariz vi algo incomum. Percebi que estava observando a parte de trás de uma barata.”, disse M.N. Shankar, otorrinolaringologista do hospital da Universidade Stanlet de Chennai, na Índia.
O inseto invasor havia entrado profundamente pelo nariz da mulher até quase a base do crânio e permaneceu vivo após quase 12 horas depois no local. Com um instrumento de sucção, Shankar extraiu a barata viva e intacta. Segundo ele, a paciente estava “absolutamente bem” após o procedimento de 45 minutos, apesar de “constrangida por uma barata ter entrado por seu nariz”. “Era uma coisa de outro mundo para ela.”, contou.

Riscos

Embora os médicos do hospital já tivessem retirado vermes e moscas de pacientes anteriormente, Shankar conta que essa foi a primeira vez em três décadas de profissão que viu algo assim. O especialista ressalta que não há como “prevenir” esse tipo de acontecimento e afirma que pode ser especialmente perigoso se o animal não for retirado logo. Segundo ele, se a barata tivesse permanecido na cabeça da mulher, o inseto teria morrido e isso poderia causar uma infecção, que caso se espalhasse pelo corpo, poderia ter causado a morte da paciente.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Novidades contra o câncer

remedios_div_580x305.jpgHá um consenso entre os especialistas em câncer de que, quanto mais personalizado o tratamento, maiores as chances de cura. Isso significa levar em conta o perfil do paciente – inclusive suas respostas às medicações – e também do tumor. Está cada vez mais claro que um mesmo tipo de tumor pode ter apresentações e evoluções distintas – sabe-se, por exemplo, que o câncer de mama pode ser dividido em dez categorias diferentes.
Os novos medicamentos têm obedecido a essa lógica, atacando alvos muito específicos para cada um dos tipos. Recentemente, três remédios foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) obedecendo a esses critérios. O primeiro é o Tagrisso (orsimertinibe), indicado para o tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não-pequenas avançado ou metastático positivo para mutação EGFR T790M. O medicamento já havia recebido aprovação acelerada nos Estados Unidos, na União Europeia e no Japão. “Ele tem mostrado bons resultados no controle deste tipo de tumor”, afirma o oncologista Gilberto Castro, do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
A outra medicação é o Dalinvi (daratumumabe), contra o mieloma múltiplo (tipo de câncer que se origina na medula óssea). Estudos em múltiplos centros, incluindo serviços brasileiros como o Hospital do Câncer Mãe de Deus, em Porto Alegre, demonstraram uma taxa global de resposta de 84%. “É um resultado muito importante considerando pacientes já submetidos a tratamentos prévios”, afirma o médico Marcelo Capra, hematologista do hospital gaúcho.
A terceira novidade é o Lynparza (olaparibe), indicado no tratamento de manutenção de pacientes com carcinoma de ovário seroso de alto grau (tipo de tumor de ovário avançado), incluindo carcinoma de falópio e carcinoma do peritônio. O remédio é recomendado a mulheres com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 e que sofreram recorrência da doença.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

415 mil atingidos por doenças de notificação compulsória -Ce

O número alto de mortes devido à leptospirose, com 49 ocorrências positivas e dez óbitos, chamou a atenção
por Leda Gonçalves - Repórter
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O conhecimento do caso de determinada doença é necessário para a execução de medidas de proteção ao individuo e à comunidade, constituindo, além disso, ponto de partida da investigação epidemiológica. No Ceará, das 48 enfermidades da lista nacional de doenças de notificação compulsória, 26 delas levaram 1.467 pessoas a óbito em 2016, além de 415 mil casos confirmados (4,7%) da população do Estado. Entre elas, as doenças milenares, como a hanseníase, as seculares, tuberculose, e as mais recentes como zika, microcefalia, chikungunya ou as relacionadas aos animais peçonhentos e Síndrome Respiratória Grave.
Somente a doença diarreica aguda (DDA) atingiu mais de 300 mil pessoas. Dengue, zika e chikungunya somaram 69,5 mil casos confirmados com 49 mortes. A microcefalia somou 150 ocorrências e 25 óbitos de bebês.
O que mais chamou atenção de infectologistas é o número alto de mortes devido à leptospirose, com 49 ocorrências positivas e dez óbitos. Fortaleza contabiliza 30 casos, com oito pessoas mortas. Caucaia teve dois óbitos pela doença que tem cura se tratada a tempo com medicamentos. Para especialistas, como o médico Anastácio Queiroz, para o controle da leptospirose são necessárias medidas ligadas ao meio ambiente, tais como obras de saneamento básico (abastecimento de água, lixo e esgoto), melhorias nas habitações humanas e o combate aos ratos. O que, aponta, ainda está longe de ocorrer de forma aceitável no Ceará.
Outra que alerta a área de saúde é o chamado acidente com animal peçonhento. Entre 2007 e 2016, o Estado somou mais de 28 mil vítimas. Somente no ano passado, foram quatro mil casos com nove fatais.
A maioria dos ataques foi de escorpiões, seguido de serpentes, abelhas e aranhas. Um dos problemas apontados para o aumento de casos no Brasil foi a suspensão do soro antiveneno (utilizados para o tratamento de mordidas de animais peçonhentos) pelo Ministério da Saúde em junho do ano passado. "Falta vacina para raiva, soro. Estamos em um momento bastante complexo e que reflete na saúde pública", lamenta Queiroz.
Índice alto
Segundo ele, é necessário rever algumas abordagens para a maioria dessas doenças. A tuberculose, por exemplo, são mais de três mil pessoas contaminadas e a maioria ainda se nega a fazer o tratamento. O índice de abandono é muito alto. "O combate ao Aedes aegypti também é problema, pois há mais de 30 anos que tentamos acabar com ele. E pior, temos as mesmas fontes de focos desde 1986, nos primeiros casos da dengue no Ceará", aponta Anastácio Queiroz.
Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), que foi procurada, não se pronunciou e nem encaminhou, via assessoria de comunicação, nenhuma resposta sobre o assunto.
Fique por dentro
Dados permitem monitorar as enfermidades
Uma doença de notificação obrigatória ou doença de notificação compulsória é qualquer doença que a lei exija que seja comunicada às autoridades de saúde pública. Os dados permitem às autoridades monitorar a doença e permitem antever possíveis surtos. Portaria do Ministério da Saúde define uma lista nacional de doenças e agravos de notificação compulsória a serem monitorados por meio da estratégia de vigilância em unidades sentinelas e suas diretrizes. A relação ajudará no estabelecimento de saúde estratégica para vigilância de morbidade e mortalidade das doenças, bem como acompanhamento de suas causas.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Confirmadas 65 mortes por febre amarela no maior surto detectado no Brasil

Confirmadas 65 mortes por febre amarela no maior surto detectado no Brasil
Pessoas recebem vacina para febre amarela em Caratinga, Minas Gerais, no dia 13 de janeiro de 2017 - AFP
O Brasil registrou até agora 65 mortes por conta de um surto de febre amarela que já soma 180 casos confirmados em pouco mais de dois meses, o maior desde que começaram os registros há 37 anos, informou o Ministério da Saúde nesta segunda-feira (6).
Desde o dia 1º de dezembro, foram notificadas 157 mortes suspeitas em vários estados do país, das quais 89 continuam sendo investigadas e três já foram descartadas.
De acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde, este é o pior surto desde o início das medições em 1980. Até agora, os 85 casos e 40 mortes registradas no ano 2000 lideravam o registro, enquanto 2016 terminou com sete pessoas infectadas e cinco mortas.
A maioria dos falecimentos ocorreu em Minas Gerais, epicentro do surto e onde 56 pessoas morreram por causa da doença. Também na mesma região, o Espírito Santo registrou seis mortes por febre amarela e São Paulo, três, segundo o mesmo boletim.
Desde o começo de dezembro, 1.006 casos da doença foram notificados em vários estados, dos quais 180 foram confirmados, 75 descartados e 751 ainda estão em avaliação.
Considerada uma área de risco devido à circulação da febre amarela em macacos, Minas Gerais concentra a maioria das notificações – 873 – e de confirmações – 158. A maioria dos infectados é de homens com idades entre 40 e 60 anos que trabalham em áreas rurais, de acordo com um perfil elaborado pelo Ministério.
Completando a lista, o Espírito Santo tem 18 casos confirmados e São Paulo, quatro, ainda que pacientes de outros estados, como Bahia e Tocantins, também estejam sendo avaliados.
Todos os casos confirmados são, entretanto, de febre amarela do tipo “de ciclo silvestre”, ou seja, transmitida para os humanos após uma epizootia em macacos, como são chamadas as epidemias no mundo animal.
A “de ciclo urbano”, transmitida de humano para humano pelo mosquito Aedes aegypti, não é detectada no país desde 1942.
A febre amarela pode causar febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça e muscular, enjoos e vômitos. Os casos agudos são raros e podem levar à insuficiência renal e hepática, icterícia – olhos e pele amarelados – e hemorragia.
Para enfrentar o surto, foram enviadas 9,3 milhões de doses adicionais da vacina contra a doença para os estados afetados ou em risco.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Doe de coração: modelo a seguir


A promoção da doação é um dos pilares que sustentam o programa de transplantes e que contribuíram para que ele se tornasse referência ( Foto: Yago Albuquerque )
Desde o primeiro transplante realizado - de rins, ainda na década de 70 - até as recentes cirurgias de Clodoaldo, Marly e José Cardoso, o Ceará construiu uma trajetória de êxito na área e se tornou modelo para outros estados no Brasil. Em seu último Registro Brasileiro de Transplantes, relativo ao período de janeiro a setembro de 2016, a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) coloca o Estado entre as unidades da federação que mais fizeram procedimentos e com as melhores taxas de doadores.
A promoção da doação de órgãos é um dos pilares que sustentam o programa estadual de transplantes e que contribuíram para que ele se tornasse referência. É preciso esclarecer a população, quebrando mitos e estigmas, e incentivá-la a doar. Nesse sentido, Eliana Barbosa, coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, destaca o papel de ações em prol do tema, a exemplo da campanha "Doe de Coração", promovida pela Fundação Edson Queiroz.
Consolidação
A mobilização foi criada com a proposta de, por meio da informação, levar o debate sobre a doação de órgãos à sociedade e estimular a solidariedade. Em 2003, ano de sua primeira edição, o Ceará começava a se consolidar no cenário nacional. Naquele ano, segundo dados da ABTO, o Estado contabilizava 424 transplantes e uma taxa de 7,0 doadores por milhão de população, a quinta maior do País.
Hoje, o número de procedimentos realizados ao ano é quase cinco vezes superior, progredindo continuamente, e o índice de doadores chega a 25,8 por milhão de população.
"A campanha Doe de Coração é fundamental para o nosso Estado e que faz diferença. No Ceará, é um dos grandes fatores que contribuem para o crescimento ano a ano", salienta Eliana. "Sempre que ela é realizada, percebemos que sensibiliza a população ", acrescenta.
Neste ano, a mobilização chegará à 15ª edição. As ações duram o ano inteiro, mas se concentram em setembro, mês no qual se celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos. O objetivo é sensibilizar a população a partir de eventos em hospitais, clínicas e empresas, e também da divulgação de dados e histórias sobre transplantes nas mídias impressa, televisiva e digital.
Em 2009, a campanha foi reconhecida pela Associação Brasileira de Transplantes (ABTO) com o Troféu Amigo do Transplante, concedido a iniciativas de importante papel para o aumento do número de transplantes no País.
Desde então, a mobilização entrou para o calendário da Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos desenvolvida pela entidade.
"A mídia tem papel importante na sensibilização da população. Sempre que a mídia repercute as doações de órgãos e os transplantes de alguma forma, isso sensibiliza famílias e equipes", salienta Tainá Veras, membro da diretoria da ABTO e professora do curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Diálogo
A campanha incentiva o diálogo sobre a doação e o transplante, que deve ser ampliado e contínuo. Eliana Barbosa defende que, com a ajuda de mobilizações, a população possa trazer a discussão para o âmbito familiar. "É um desafio, porque falar de doação é falar de morte. Embora seja a única coisa certa em nossa vida, é um tema que não se debate na sociedade", diz.
Por isso, segundo ela, é preciso que se comunique em vida o interesse em tornar doador, para que, se um dia for necessário, as famílias saibam qual é o desejo prévio de cada parente.
"É importante que se converse, que esse tema seja discutido para que a família possa tomar uma decisão baseada num desejo do seu ente querido", afirma a coordenadora da Central. "A partir desse gesto da doação nós enaltecemos valores de reciprocidade, de solidariedade e de cidadania", completa.
Informe-se
Como ser doador de órgãos?
É preciso apenas comunicar à família, pois ela será responsável por autorizar a doação. Não é necessário deixar nada por escrito.
Quem pode ser doador?
A doação dependerá da idade, da causa da morte e do tipo sanguíneo do possível doador. A única restrição absoluta à doação envolve pessoas soropositivas ou portadoras de doenças infecciosas ativas.
Quando é possível doar?
Pode-se doar rins, parte do fígado e da medula óssea ainda em vida. Os outros órgãos só podem ser doados em caso de morte encefálica, quando a família permite o procedimento.
O que é a morte encefálica?
É a parada definitiva e irreversível das funções do encéfalo (cérebro e tronco cerebral). Equivale clinicamente à morte. É diagnosticada a partir de um protocolo médico estabelecido na Resolução nº 1480/97 do Conselho Federal de Medicina.
O que acontece após a doação?
Os órgãos são captados por equipes de cirurgiões e transportados até os locais de transplante. Por lei, o corpo do doador deve ser inteiramente reconstituído e devolvido à família

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Embalagens de fast-food prejudicam a saúde, diz estudo

Um novo estudo mostrou que produtos químicos usados na fabricação da embalagem entram em contato com o alimento e podem causar diabetes e câncer

Você adora fast-food? A ciência acaba de dar mais um motivo para você largar ou pelo menos diminuir esse hábito. Além de todos os malefícios à saúde comumente associados a esses alimentos, um estudo publicado recentemente na revista científica Environmental Science & Technology Letters mostrou que produtos químicos usados na fabricação das embalagens em que esses produtos são armazenados depois de prontos podem causar diabetes e câncer.
“Essas substâncias químicas têm sido associadas a inúmeros problemas de saúde, por isso é preocupante que as pessoas estejam potencialmente expostas a elas em alimentos”, disse Laurel Schnaider, principal autora do estudo.

Crianças correm maior risco

O estudo, realizado pelo Instituto Silent Spring, nos Estados Unidos,  analisou mais de 400 embalagens de papel e cartolina de 27 cadeias americanas de fast-food. Os resultados mostraram que as embalagens à prova de gordura nas quais esses alimentos são guardados depois de prontos contêm substâncias químicas fluoradas que entram em contato com o alimento e, após ingeridos, podem modificar o DNA e os processos de replicação celular. Isso significa um potencial risco para o desenvolvimento de problemas de saúde como puberdade precoce, distúrbios de fertilidade, distúrbios de desenvolvimento em crianças, doenças da tireoide, obesidade, câncer e diabetes.
Ainda de acordo com os autores, as crianças são as que correm mais risco pela ingestão destas substâncias, pois seus corpos ainda em desenvolvimento estão mais vulneráveis a químicos tóxicos.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Mialgia aguda a esclarecer- Chega a 9 o número de casos suspeitos da 'urina preta' no Ceará

Consumo de peixes das espécies arabaiana e panga pode estar relacionado à doença
Chega a 9 o número de casos suspeitos no Ceará, em 2017, da “mialgia aguda a esclarecer”, popularmente conhecida como doença da urina preta. Os dados são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
O casos foram notificados entre os dias 5 e 26 de janeiro deste ano. Conforme a Sesa, os primeiros sintomas de pacientes foram relatados em 18 de zembro de 2016 e o os últimos no dia 22 desde mês.
Até agora, 7 das pessoas diagnosticadas com os sintomas da doença no Ceará são residentes de Fortaleza e outros dois de Salvador e São Paulo. Além do principal característica – a urina de cor preta –, os acometidos supostamente pela “mialgia aguda a esclarecer” apresentaram sintomas de dores musculares intensas de aparecimento repentino, assim como início de hepatite.
Ingestão de peixes
Durante o processo de investigação etiológica, isto é, das possíveis causas da doença, a Sesa concluiu que, após análises de amostras de fezes, urina e soro pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 88,8% (8/9) relataram consumo de peixe até 24 horas antes do início dos sintomas, ou seja, 8 das 9 pessoas atingidas. Entre as pessoas que conseguiram identificar os peixes, parte relatou ter ingerido as espécies arabaiana e panga.
Recomendações
Entre as medidas de prevenção à doença, a Secretaria de Saúde recomenda o reforço na higiene alimentar, armazenamento adequado de alimentos e do lixo, além da atenção quanto à validade de comida perecíveis, como o próprio peixe.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Proposta quer dividir planos de saúde em três categorias

Associação do setor defende que a mudança irá desafogar o SUS e tornar o valor mais barato aos usuários
por Hugo Renan do Nascimento - Repórter
Agência Nacional de Saúde Suplementar diz que mudanças nos planos irão preservar os direitos dos 48 milhões de usuários no País ( Foto: Yago Albuquerque )
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A criação de planos de saúde populares tem gerado debates em torno do tema que trazem à tona, principalmente, a carência do funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). As medidas, porém, ainda não foram anunciadas pelo Ministério da Saúde, mas já existem debates de como funcionarão estes planos acessíveis.
De acordo com Pedro Ramos, diretor da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), existe a proposta de dividir em três planos distintos. O plano simplificado terá preços mais acessíveis, atendimento a exames mais simples e consultas e procedimentos de baixa complexidade. Não haverá cobertura, por exemplo, de internações e emergências. "É mais barato e vai desafogar o SUS. Cerca de 80% das moléstias são resolvidas na consulta", afirma ele.
O segundo tipo de plano é mais regionalizado. É uma modalidade que se adequa à realidade de cada região do País. "A cobertura vai depender da disponibilidade da região e o que mais tem a cara do Nordeste", explica Ramos. A terceira proposta vai atender a procedimentos de alta complexidade, emergência e internação, chamados de planos de regime misto. Os exames e consultas são cobrados à parte. "As pessoas precisam voltar para os planos de saúde. O cenário de dois anos é que 2,5 milhões de consumidores perderam seus planos por causa da crise", diz.
Ramos diz que atualmente os planos funcionam como um 'fast food' onde o cliente precisa comprar o combo para ter acesso. "Existem dinossauros que dizem que você não pode fragmentar os planos de saúde. A gente compara com a Inglaterra e o Canadá onde existem diversas restrições", completa.
Segundo ele, o Ministério da Saúde tem o objetivo de melhorar o atendimento no SUS e estes planos acessíveis resolvem esta questão. "O estado tem de parar de intervir de maneira violenta em tudo", questiona Ramos.
Ainda de acordo com o diretor da Abramge, cerca de dois milhões de pessoas devem aderir aos novos planos. "Eu acho que essa acessibilidade consegue trazer para o sistema milhares de consumidores, além de melhorar a situação do SUS porque vai se estar economizando".
Em relação ao direito dos consumidores, Ramos diz que atualmente o estado não tem condição de arcar com isso. "Já há um consenso entre os consumeristas de que tem que rever alguns pontos. Só existe direito do consumidor quando se tem uma economia forte", defende Ramos.
Ele afirma que defende a sugestão do Ministério da Saúde de tornar os planos de saúde mais acessíveis e lembra que tem de haver uma economia no sistema público para o País voltar a crescer. "Isso é uma proposta do governo e nós apoiamos integralmente. Quando não se tem dinheiro, precisa-se de soluções criativas", finaliza.
Posição contrária
As propostas também têm gerados debates em torno dos direitos dos consumidores. Para a coordenadora institucional da Proteste - Associação de Consumidores, Maria Inês Dolci, oferecer um serviço mais acessível aos consumidores não resolve os problemas da Saúde. "Nós entendemos que não é possível isso, e desde o início das discussões nós não somos favoráveis. A proposta não atende à população, pois não existe rede credenciada, e é muito excludente", avalia.
Segundo Dolci, as propostas trarão prejuízos para os consumidores que optarem por estes planos de saúde. "Nós orientamos para a não aquisição.
No primeiro momento, as pessoas podem pensar que serão atendidos e depois, de qualquer forma, elas serão encaminhadas ao SUS", diz.
A representante da associação diz que ainda não foram apresentadas modalidades pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e que tudo isso terá que passar pelo âmbito regulatório. "São planos muito restritivos. Qualquer que seja a forma é uma mera ilusão para o consumidor", completa.
A mesma opinião é compartilhada pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). Para Ana Carolina Navarrete, pesquisadora em saúde do órgão, não existe transparência do Ministério da Saúde em relação à divulgação das propostas, o que dificulta a análise do assunto.
"Com base no pouco que foi anunciado publicamente pelo Ministério e no que foi divulgado pela mídia, o Idec avalia que, de acordo com a proposta de oferta de planos de saúde a preços mais acessíveis, eles serão colocados no mercado à custa de redução de cobertura mínima, oferta de rede credenciada menor ou expansão de instrumentos, como a franquia e a coparticipação, em que o usuário paga, além do plano, também pelos procedimentos", avalia Navarrete.
"Se houver retrocesso regulatório e esses planos forem colocados no mercado, estudaremos as medidas adequadas para questionar, inclusive judicialmente", complementa ela.
Prejuízos
Navarrete explica que o primeiro direito a ser desrespeitado seria o rol de cobertura mínima de procedimentos que devem ser oferecidos. "Planos de saúde que não ofereçam a cobertura mínima obrigatória, além de ilegais, ensejam a possibilidade do beneficiário ter procedimentos de maior complexidade negados, ou instituir pagamentos extras para internações e procedimentos". Segundo ela, isso coloca o consumidor numa posição de extrema vulnerabilidade e desloca a questão para o Judiciário.
Outro direito desrespeitado, de acordo com Navarrete, será o de ser atendido dentro de prazos razoáveis. A redução da rede credenciada de hospitais e laboratórios impacta no tempo de atendimento dos usuários, gerando maior dificuldade de agendar exames e consultas.
"A ANS regulou o tempo máximo que as operadoras podem levar para atender seus beneficiários. Rever esta normativa seria, além de um retrocesso nas políticas de regulação, um prejuízo ao consumidor", afirma.
Segundo ela, há ainda a possibilidade de se criar barreiras de atendimento, limitar a cobertura apenas a serviços disponíveis no local ou instituir pagamentos adicionais. "Tudo isso implica violação do que hoje temos como proteção ao consumidor".
Navarrete diz que os planos de saúde já não cobrem procedimentos de maior complexidade, como transplantes de coração e pulmão. Ela afirma que uma política que estimule o mercado de planos a oferecer apenas os procedimentos simples e de média complexidade só agravará a relação desequilibrada entre SUS e a saúde suplementar. "Além disso vai fazer com que os consumidores paguem por um plano de saúde que lhes faltará no momento de maior necessidade", finaliza.
Sugestões recebidas
Em nota, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) esclarece que recebeu, para análise e avaliação, sugestões do grupo de trabalho coordenado pelo Ministério da Saúde sobre a criação de planos de saúde acessíveis à população. O grupo será " formado por servidores de todas as diretorias e da Procuradoria Geral da Agência para avaliar, técnica e juridicamente, a viabilidade das sugestões recebidas", diz ANS, em nota.
Após avaliação, a Agência afirma que irá convidar representações da sociedade, como os órgãos de defesa do consumidor, entidades médicas e de saúde e representantes da academia, para participar do debate sobre o tema e sua viabilidade técnica e jurídica. Somente após esse processo, o órgão irá se manifestar.
"A ANS ressalta ainda que, enquanto órgão regulador, tem a obrigação de normatizar e fiscalizar os assuntos relacionados ao setor de planos de saúde e assegura que não está em pauta a supressão de direitos e garantias dos atuais 48 milhões de beneficiários de planos de saúde existentes no Brasil".