sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Anvisa proíbe venda de 20 marcas de whey protein

Suspensão vale para os lotes testados pela agência, que apresentaram irregularidades na quantidade de nutrientes informada nos rótulos

Whey protein: De 25 marcas testadas pela Anvisa, 20 foram punidas
Whey protein: De 25 marcas testadas pela Anvisa, 20 foram punidas (Thinkstock)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou nesta quinta-feira que proibiu a distribuição e comercialização de vinte lotes de whey protein, como são conhecidos os suplementos de proteína extraídos do soro do leite usados por atletas. Os produtos suspensos são de catorze fabricantes diferentes.
A Anvisa testou 25 marcas de suplementos proteicos depois de receber denúncias sobre irregularidades na quantidade de carboidrato e proteína declarada no rótulo dos produtos. De acordo com a agência, a legislação tolera uma diferença de 20% entre as informações nutricionais presentes na embalagem do produto e a sua real composição.
Na análise, vinte suplementos extrapolaram esse limite. Entre eles, dezenove continham quantidade de carboidratos superior à declarada no rótulo e um (o Muscle Whey Proto NO2 da empresa Neo Nutri), uma quantidade inferior à informada.
Carboidratos — O suplemento que apresentou as maiores variações entre a quantidade de carboidrato declarada no rótulo e a quantidade presente na composição do produto foi o Suplemento Proteico para Atletas aroma Idêntico ao Natural de Milho, da marca Whey NO2 Pro, da empresa Pro Corps. A embalagem informa que o suplemento contém 1,6 grama de carboidrato, mas os testes mostraram que quantidade verdadeira é de 17,66 gramas.
Outros produtos que apresentaram grande variação na quantidade de carboidrato foram o Fisio Whey Concentrado NO2, da Fisionutry Suplementos (0,98 grama no rótulo ante 9,5 gramas no suplemento) e o 100% Ultra Whey – Ultratech Supplements (3 gramas no rótulo ante 25,1 gramas no suplemento).
Além disso, sete produtos testados apresentaram uma variação maior do que 20% entre a quantidade de proteína declarada no rótulo e a presente na composição do suplemento. O Whey NO2 Pro, da Pro Corps, além de ter tido o pior resultado no teste do carboidrato, também foi o que teve maior variação em relação à proteína. Enquanto o rótulo diz que ele contém 25 gramas de proteína, os testes apontaram 10,19 gramas em sua composição.
Os testes também revelaram que onze suplementos apresentavam em sua composição ingredientes não declarados no rótulo, como amido, milho ou soja.
A punição da Anvisa vale somente para os lotes examinados. A agência informou que vai aguardar a resposta dos fabricantes e, se as irregularidades forem confirmadas, a suspensão das vendas se aplicará a todos os lotes das marcas. As empresas que continuarem distribuindo e comercializando os suplementos suspensos poderão sofrer advertência, interdição ou multa, que pode variar de 2 000 a 1 500 000 reais.
Decisões — Na última semana, a Anvisa já havia retirado do mercado quatro suplementos alimentares voltados para atletas. Três dos produtos punidos são da fabricante Maximum Human Perfomance (MHP): Isofast-MHP (proteína), Alert 8-Hour-MHP (termogênico) e Probolic-SR-MHP (proteína). O quarto é o Carnivor (proteína), fabricado pela empresa MuscleMeds.
Saiba quais marcas de suplementos tiveram a comercialização suspensa:
Super Nitro Whey NO2 – American Line Suplements
3W – Fast Nutrition
Whey Protein Optimazer – Cyberform
Whey NO2 Pro Baunilha – Pro Corps
Whey NO2 Pro – Pro Corps
Whey 5W Pro – Pro Corps
Ultra Pure Whey+ Isolate Whey - Nutrilatina Age Superior
Extreme Whey Protein sabor morango – Solaris
Extreme Whey Protein sabor baunilha - Solaris
100% Ultra Whey – Ultratech Supplements
Bio Whey Protein – Performance
Peter Food – Whey NO2 + Creatine
100% Whey Xtreme – Pharma
Super Whey 100% Pure – IntegralMedica
Super Whey 3W – IntegralMedica
Fisio Whey Concentrado NO2
Designer Whey Protein
Muscle Whey Proto NO2 - Neo Nutri
Whey Protein 3W – DNA Design Nutrição Avançada
Isolate Whey – Neo Nutri

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Novo remédio contra a aids chega ao SUS em março

'Coquetel' associa duas drogas usadas para conter o HIV. Atualmente, 73 000 soropositivos tratados na rede pública fazem uso das substâncias

Aids: Remédio para tratar infecção pelo vírus HIV combina duas drogas que já são amplamente usadas por pacientes do SUS
Aids: Remédio para tratar infecção pelo vírus HIV combina duas drogas que já são amplamente usadas por pacientes do SUS (Thinkstock)
O medicamento que associa tenofovir e lamivudina, combinação de duas drogas usadas para tratamento de pacientes com aids, deverá começar a ser distribuído pelo governo no próximo mês. Este é o tempo estimado para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conceda o registro de produção para Farmanguinhos, laboratório público que, ao lado da empresa Blanver, vai fabricar o remédio no país.
Combinações de medicamentos para aids são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para melhorar a adesão ao tratamento e garantir melhor qualidade de vida para pacientes. Terapias para soropositivos são feitas a partir da indicação de várias drogas, prática que no passado ganhou o apelido de “coquetel”. Pacientes podem ingerir até mais de dez comprimidos diferentes por vez.
A chegada do medicamento combinado no SUS é aguardada há tempos. Atualmente, dos 310 000 soropositivos em tratamento na rede pública de saúde, 73 000 usam em seu esquema terapêutico tenofovir e lamivudina.
Parceria — Divulgada em 2012, a parceria para desenvolvimento da droga previa a oferta do produto no segundo semestre do ano passado. De acordo com o presidente da Blanver, Sergio Frangioni, a empresa fez o pedido de registro do medicamento na Anvisa em outubro de 2012. A autorização foi concedida em dezembro.
“Já há condições para produção e entrega da droga para o Ministério da Saúde. Mas não recebemos por enquanto nenhuma sinalização”, diz Frangioni. Para que isso seja feito, é preciso que Farmanguinhos também seja liberada pela Anvisa para a execução do projeto. “Entendemos a expectativa. Mas o desejo empresarial não pode se sobrepor à segurança e à certeza de eficácia do medicamento”, afirma Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
O laboratório Blanver foi responsável por desenvolver a combinação. No acordo de transferência de tecnologia, a empresa fica encarregada de, progressivamente, repassar a técnica de produção para Farmanguinhos. Em troca, a Blanver tem a garantia que, ao longo de cinco anos, será o único a vender ao governo. A associação dos medicamentos foi anunciada como uma promessa de economia. A estimativa era de que o preço fosse 20% inferior ao que é pago pelo governo na aquisição de tenofovir e lamivudina, separadamente.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Planos de saúde terão de avaliar hospitais e médicos

Medida da ANS entrará em vigor no próximo mês. Operadora que não informar a qualificação dos serviços aos clientes será multada em 35 000 reais

A partir de março, planos de saúde serão obrigados a informar a qualificação da rede de serviços, incluindo médicos e hospitais
A partir de março, planos de saúde serão obrigados a informar a qualificação da rede de serviços, incluindo médicos e hospitais (Thinkstock)
A partir do mês que vem, todas as operadoras de planos de saúde serão obrigadas a informar aos clientes indicativos de qualidade de sua rede de prestadores de serviço. Segundo o diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), André Longo, hospitais, laboratórios e médicos serão qualificados de acordo com uma série de critérios estabelecidos pela agência.

O resultado dessa avaliação deverá ser publicado pelas operadoras em todo o material de divulgação de sua rede assistencial, nas versões on-line e impressa. A iniciativa faz parte do programa Qualiss, desenvolvido pela ANS para tentar melhorar o controle sobre a qualidade do serviço prestado.

“O programa vai pontuar, por um conjunto de atributos de qualificação, tanto os profissionais quanto a rede hospitalar, clínica e de laboratórios que têm convênio com operadoras. "Queremos avaliar a qualidade desse serviço que está sendo prestado ao consumidor para dar mais segurança e, também, para dar uma divulgação desses indicadores e facilitar a escolha do consumidor quando for buscar algum tipo de serviço”", diz Longo.
Avaliação — Entre os atributos que serão medidos estão, entre os hospitais, taxa de infecção hospitalar, taxa de mortalidade cirúrgica, acessibilidade à pessoa com deficiência, tempo de espera na urgência e emergência e satisfação do cliente. Os médicos que atendem em consultórios também serão avaliados. "“Vamos ver se ele tem residência médica, se tem alguma especialização, se atende aos registros necessários da Vigilância Sanitária, se participa de programas como o Notivisa, que é de notificação compulsória de eventos junto à Vigilância Sanitária"”, explica o diretor-presidente da ANS. As operadoras que não publicarem as informações passadas pelo prestador de serviço receberão multa de 35.000 reais.

Reclamações — De acordo com Longo, também em março, a ANS atuará com o mesmo rigor com todos as reclamações recebidas contra planos de saúde, incluindo as falhas não relacionadas à cobertura. Hoje, a agência só dá prazo máximo para as operadoras responderem esse tipo de problema. A partir do dia 17 do mês que vem, as reclamações sobre outros assuntos, como reajustes abusivos e quebras de contrato, receberão o mesmo tratamento.

“Hoje, essas demandas são tratadas sem um fluxo de tempo para a resposta. Isso vai passar a existir e o consumidor vai poder, até mesmo, acompanhar as suas demandas no site da agência”, disse. Segundo Longo, somente no ano passado, a ANS recebeu mais de 100.000 reclamações. Cerca de 70.000 delas foram relacionadas à cobertura.
(Com Estadão Conteúdo)

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Cães e gatos já podem tirar passaporte

Microchip deverá ser implantado no corpo do pet; documento terá informações sobre o bicho, como dados de vacinação e exames

Andressa Lelli
Cães agora terão direito a passaporte
Cães agora terão direito a passaporte (BananaStock)
A partir deste sábado, cães e gatos têm direito a passaporte para viajar pelo Brasil e para outros países. A iniciativa foi tomada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por causa do aumento no número de passageiros que viajam com seus pets. A novidade havia sido divulgada no dia 22 de novembro de 2013 no Diário Oficial da União.
A expedição do documento é opcional, gratuita, será feita em português, inglês e espanhol e terá validade para todo território nacional e países que o reconheçam como equivalente ao certificado sanitário de origem.
No passaporte do pet deverão constar informações sobre o animal, dados de vacinação e exame clínico realizado por veterinário. Nome completo e endereço do proprietário também são necessários. A foto do pet não será obrigatória, porém o dono poderá fornecer um retrato em tamanho 5x7.
“O passaporte é uma forma econômica de identificação, pois a cada viagem programada era necessário que o dono fosse solicitar um atestado de saúde ao veterinário. Com o passaporte, o número de solicitações de atestados diminui para mais ou menos duas vezes ao ano”, afirmou o veterinário Mauro Alves, da Clínica Pet Stuff.
Documentos necessários - Para obter o documento, o dono deve apresentar atestado de saúde e carteira de vacinação do animal. A solicitação do passaporte deverá ser feita em uma das unidades do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), localizadas em aeroportos, portos, postos de fronteira e alfândegas. O passaporte será entregue pelo Ministério da Agricultura em um prazo de trinta dias. O documento substitui o Certificado Zoosanitário Internacional (CZI) e o atestado de saúde e vale para toda a vida do animal, bastando que sejam atualizadas as informações sobre a saúde do pet a cada viagem.
A emissão do documento só é realizada após o implante de um microchip – dispositivo de identificação eletrônica - sob a pele do animal, método já utilizado na União Europeia. Informações do dispositivo - código, data de aplicação e localização do microchip – constarão no passaporte.

Cuidados de véspera - Antes do embarque, o dono precisará solicitar que um veterinário registre no passaporte informações sobre a saúde do animal, como dados de vacinação, tratamentos, exames e análises exigidos pelo país de destino - todos os exames e comprovantes deverão ser expedidos em um prazo de até dez dias antes da viagem. Em seguida, o passageiro terá que validar as novas informações em uma unidade do Vigiagro.
As regras para o transporte de cães e gatos em aviões podem variar segundo a companhia aérea. Em geral, cães e gatos de pequeno porte podem ficar com o proprietário na cabine, desde que em uma caixa própria para o transporte. Já animais maiores deverão ficar no compartimento de bagagens - exceto cães-guia. O dono deve checar as informações disponíveis nos sites das empresas.
Dona do shih tzu Plock, Janaina Pacheco, de 37 anos, disse que o carrega frequentemente para Goiânia e Rio de Janeiro de avião e já enfrentou problemas com uma companhia aérea para levar Plock na cabine. “Quando cheguei ao guichê da companhia, me avisaram que as regras haviam mudado e o cão teria que ser despachado.” Segundo ela, ao chegar ao destino, o pet não apareceu: "Foi então que me chamaram pelo microfone. Disseram que ele tinha aberto a grade da caixa e, quando eles levantaram a porta do compartimento de bagagem, Plock pulou. Depois desse dia, comprei uma sacola maleável para que ele sempre embarque na cabine comigo”, conta a dona.
Hotel e creche para cachorros "Cãominhando", em Cotia, São Paulo
Hotel e creche para cachorros "Cãominhando", em Cotia, São Paulo - Heitor Feitosa

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Imunoterapia cura 88% dos casos de leucemia, diz pesquisa

14 das 16 pessoas submetidas ao tratamento apresentaram remissão da doença

Sistema imunológico: Tratamento "ensina" células a reconhecer e atacar tumores
Sistema imunológico: Tratamento "ensina" células a reconhecer e atacar tumores (Thinkstock)
Uma nova pesquisa aumentou o corpo de evidências de que a imunoterapia, considerada o principal avanço científico de 2013 pela revista Science, é eficaz no tratamento do câncer. A técnica tem como objetivo curar a doença pela estimulação do sistema imunológico do próprio paciente. Durante o estudo, a abordagem foi capaz de combater 88% dos casos de leucemia sem auxílio de outro tipo de tratamento.
O conceito de imunoterapia surgiu há mais de cinquenta anos – cientistas tentaram aplicar a técnica em vacinas contra doenças como a aids e a tuberculose. No entanto, por falta de resultados satisfatórios em pesquisas, o tratamento passou a ganhar menor atenção da ciência. Os editores da revista Science, porém, elegeram a imunoterapia como o principal avanço de 2013 pelos novos resultados práticos sobre a sua aplicação no combate a tumores malignos.
Ataque ao câncer — A nova pesquisa testou a imunoterapia em dezesseis pacientes que apresentavam leucemia. Segundo os autores, embora esse tipo de câncer seja um dos mais tratáveis, é comum que pacientes com a doença se tornem resistentes à quimioterapia e sofram recaídas. Os participantes do estudo, que tinham 50 anos em média, haviam sofrido recaída da doença ou então se tornado resistentes à quimioterapia.
Os pacientes foram tratados com versões geneticamente modificadas de suas próprias células de defesa, que foram programadas para reconhecer e atacar as células cancerígenas. Segundo os resultados, 14 desses 16 indivíduos tiveram uma remissão completa da leucemia. A remissão mais duradoura persistiu por dois anos.
A pesquisa foi feita no Centro de Câncer Memorial Sloan Kettering e publicada nesta quarta-feira na revista Science Translational Medicine. "Esse é um fenômeno que pode representar uma reviravolta paradigmática na forma como tratamos o câncer", diz Renier Brentjens, coordenador do estudo. De acordo com ele, os próximos trabalhos devem responder se a técnica pode ser eficaz em tratar outros tipos de tumores.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

ANS suspende vendas de 83 planos de saúde

Outros 28 planos punidos na última avaliação da agência continuam com a comercialização proibida

ANS: Proibidas as vendas de 111 planos de saúde de 47 operadoras
ANS: Proibidas as vendas de 111 planos de saúde de 47 operadoras (Thinkstock)
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou nesta terça-feira a suspensão da venda de 83 planos de saúde de dezesseis operadoras. As empresas não poderão comercializar os planos a partir desta sexta-feira e durante os próximos três meses, quando será feita uma nova avaliação. A medida faz parte do oitavo relatório divulgado pela ANS desde 2011, ano em que a agência anunciou as regras de monitoramento dos planos de saúde.
Segundo a ANS, 28 dos 150 planos punidos pelo ciclo de monitoramento anterior não restabeleceram os padrões exigidos pelo Ministério da Saúde e continuam com a comercialização barrada por mais três meses. No total, portanto, a punição atual atinge 111 planos de saúde de 47 operadoras.
Veja a lista de operadoras que tiveram planos de saúde suspensos
A medida não afeta quem já é cliente dos planos, de modo que os usuários poderão continuar fazendo o uso do convênio normalmente. Às operadoras, no entanto, cabe solucionar os problemas listados pelo Ministério da Saúde para poderem retomar a comercialização dos pacotes.
A punição foi aplicada pelo descumprimento de prazos máximos para consultas, exames e cirurgias. A suspensão das vendas também afetou planos que, em casos de desrespeito ao prazo, não apresentaram a justificativa da negativa do atendimento em até 48 horas. São considerados itens relacionados à recusa da cobertura o período de carência, a rede de atendimento e o mecanismo de autorização de procedimentos.
Reclamações — Segundo a ANS, entre agosto e dezembro de 2013, a agência recebeu 17 599 reclamações referentes a 523 planos sobre a qualidade do atendimento. O número de reclamações é 16% maior em relação à última avaliação, feita entre julho e setembro do mesmo ano.
As companhias que não cumprirem os critérios de garantia de atendimento estão sujeitas a multas que variam de 80.000 a 100.000 reais. Já em casos de reincidência, além da suspensão da comercialização, poderá haver inclusive o afastamento dos dirigentes das empresas.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Médicos da Câmara negam aposentadoria por invalidez a Genoino

Junta médica concluiu que o ex-presidente do PT não deve receber vencimentos na íntegra, por não apresentar cardiopatia grave

Marcela Mattos e Laryssa Borges, de Brasília
O ex-deputado José Genoino, condenado e preso no processo do mensalão, é visto na casa alugada pela família para ele cumprir a prisão domiciliar provisória para tratamento médico, no bairro Jardim Botânico, área de classe média alta de Brasília
O ex-deputado José Genoino, condenado e preso no processo do mensalão, é visto na casa alugada pela família para ele cumprir a prisão domiciliar provisória para tratamento médico, no bairro Jardim Botânico, área de classe média alta de Brasília   (Pedro Ladeira/Folhapress)
Às vésperas de o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, decidir se determina ou não o retorno do ex-deputado José Genoino para a Penitenciária da Papuda, o petista sofreu um novo revés. A junta médica da Câmara dos Deputados realizou mais uma bateria de exames no mensaleiro e concluiu que ele não deve ser beneficiado com a aposentadoria por invalidez.

De acordo com o laudo, baseado em exames realizados na última terça-feira, Genoino não é portador de cardiopatia grave e, por isso, não teria direito a receber os vencimentos na íntegra – 26.700 reais. Atualmente, ele recebe cerca de 20.000 reais de aposentadoria por tempo de serviço.
As conclusões dos médicos ainda podem ser revistas, mas foi a segunda resposta negativa ao pedido de aposentadoria por invalidez de Genoino. No final de novembro, a junta médica havia apontado que o ex-presidente do PT tinha problemas cardíacos, mas o quadro não era grave o suficiente para ser afastado definitivamente do trabalho. Na época, os médicos pediram mais noventa dias para concluir a análise.
Como o mais recente laudo é desfavorável, a defesa de Genoino tenta uma última cartada para reverter o quadro. Na última quinta-feira, o petista anexou ao processo novos exames, incluindo o monitoramento ambulatorial da pressão arterial (MAPA), sistema que registra a pressão arterial a cada quinze ou vinte minutos durante 24 horas. Quatro médicos ainda vão analisar os resultados desse exame para decidir se revisam o laudo sobre a aposentadoria ou se tornam definitiva a decisão contra Genoino.

Genoino está provisoriamente em prisão domiciliar em Brasília e aguarda decisão do ministro Joaquim Barbosa sobre a necessidade de retornar para o presídio da Papuda. No final de novembro, um laudo médico elaborado a pedido de Barbosa constatou que a prisão domiciliar não era “imprescindível” para o ex-presidente do PT. Ainda assim, Barbosa estendeu o benefício ao mensaleiro por mais noventa dias, prazo que termina nesta quarta-feira.

Ainda nesta semana, o plenário do Supremo deve julgar o último recurso apresentado pelo petista. Ele contesta, por meio de embargos infringentes, a condenação que recebeu por formação de quadrilha. Se os ministros acatarem a tese do mensaleiro, sua pena pode cair para quatro anos e oito meses de prisão.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Bélgica aprova eutanásia em crianças

País é o primeiro do mundo a não impor idade mínima para o procedimento

Um painel eletrônico mostra o resultado da votação da nova lei na Bélgica, que permite a eutanásia em crianças de qualquer idade com doença terminal
Um painel eletrônico mostra o resultado da votação da nova lei na Bélgica, que permite a eutanásia em crianças de qualquer idade com doença terminal (Francois Lenoir/Reuters)
A Bélgica aprovou nesta quinta-feira a eutanásia em crianças de qualquer idade com doenças terminais. A votação da nova lei, no Parlamento, teve 86 votos a favor, 44 contra e 12 abstenções. A lei passará a valer quando for assinada pelo rei Philippe — tornando o país o primeiro do mundo a remover qualquer limite de idade para a prática.
A Holanda, por exemplo, permite que a eutanásia seja feita em crianças a partir dos 12 anos caso haja consentimento dos pais. Outros países europeus que descriminalizaram a eutanásia são Luxemburgo e Suíça.
Pesquisas de opinião sugerem que a medida tem apoio popular na Bélgica, onde a eutanásia se tornou legal em pessoas com mais de 18 anos em 2002. Líderes cristãos, muçulmanos e judeus criticaram o projeto em uma rara declaração conjunta. Para a oposição, crianças não são capazes de tomar a decisão sobre se desejam morrer.

De acordo com a emissora britânica BBC, parlamentares favoráveis à lei argumentaram que a medida vai afetar um número muito pequeno de crianças, provavelmente as mais velhas.
A medida estabelece que a eutanásia poderá ser solicitada caso a criança apresente sofrimento físico e tenha uma doença terminal sem tratamento, com morte inevitável a curto prazo. A decisão sobre a eutanásia deve ser aprovada pelos pais da criança, por médicos e por um psicólogo que comprovem a capacidade de discernimento do paciente para tomar essa decisão.
(Com agência Reuters)

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Parar de fumar faz bem para a saúde mental

Revisão concluiu que abandonar o cigarro pode ter os mesmos efeitos de antidepressivos na redução de stress e ansiedade

Cigarro: Pessoas que param de fumar ficam menos estressadas e ansiosas, diz pesquisa
Cigarro: Pessoas que param de fumar ficam menos estressadas e ansiosas, diz pesquisa (Thinkstock)
Deixar de fumar é benéfico à saúde por uma série de motivos – entre eles, a redução do risco de doenças como o câncer e a melhora das funções cardíaca e respiratória. Agora, um novo estudo mostra que abandonar o cigarro também contribui para o bem-estar mental e têm um efeito semelhante ao dos antidepressivos utilizados para tratar ansiedade ou transtornos de humor.
A pesquisa, publicada nesta sexta-feira na revista British Medical Journal (BMJ), é uma revisão de outros 26 estudos sobre o tema. O trabalho foi feito por especialistas das universidades de Birmingham e de Nottingham, na Grã-Bretanha.
Os fumantes que participaram dos estudos revisados tinham, em média, 44 anos e fumavam de dez a quarenta cigarros por dia. Eles foram entrevistados antes de se comprometerem a tentar abandonar o cigarro e, entre seis semanas e seis meses depois, informavam se haviam conseguido.
Os pesquisadores observaram que aqueles que deixaram de fumar passaram a apresentar menos sentimentos relacionados à depressão e ansiedade, além de ter uma visão mais positiva da vida em comparação com quem não abandonou o cigarro. Segundo os pesquisadores, esse benefício ocorreu tanto em pessoas mentalmente saudáveis como entre participantes que tinham algum de transtorno psiquiátrico.
Gemma Taylor, pesquisadora da Universidade de Birmingham que coordenou o estudo, espera que esses resultados mostrem que são falsas ideias como as de que o cigarro tem qualidades antiestressantes ou relaxantes.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Médica cubana cobra na Justiça indenização de R$ 149 mil

Ramona Rodrigues, que desertou do Mais Médicos, alega que recebia 22% da remuneração dos colegas de profissão, apesar de exercer a mesma função

Marcela Mattos, de Brasília
A médica cubana Ramona Matos Rodriguez fala à imprensa sobre seu pedido de asilo político, no Salão Verde da Câmara
A médica cubana Ramona Matos Rodriguez fala à imprensa sobre seu pedido de asilo político, no Salão Verde da Câmara (José Cruz/Agência Brasil)
A médica cubana Romana Rodriguez entrou nesta sexta-feira com uma ação trabalhista e por danos morais na Vara do Trabalho de Tucuruí, no Pará, pedindo indenização de 149.693,37 reais. Romana deixou a cidade de Pacajá (PA) no início do mês, onde trabalhava como única médica de um posto de saúde pelo programa federal Mais Médicos, alegando se sentir enganada por receber menos que os outros participantes do programa federal. A ação é contra a União e o município de Pacajá.
No documento, Ramona alega que recebia 22% da remuneração ofertada aos demais médicos apesar de exercer a mesma função deles. De acordo com contrato firmado com a Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos, a médica teria direito a receber cerca de 1.000 reais mensais (400 dólares) e seriam destinados 600 dólares para uma conta em Cuba, cujo valor total poderia ser sacado ao fim do programa – em três anos. Enquanto isso, os participantes – brasileiros e estrangeiros não cubanos – recebem 10.000 mensais.
“Tal fato demonstra a discriminação sofrida pela reclamante e a violação aos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e igualdade. Não há justificativa plausível para explicar o fato de os profissionais cubanos receberem valor menor que os profissionais de outra nacionalidade, com a anuência do governo”, alega o advogado João Brasil de Castro na ação.
A defesa alega ainda que a cubana vivia “sob constante monitoramento, sendo vigiada por um supervisor a quem deveria se reportar quando pretendia alterar sua rotina” e que o pedido de autorização para sair de casa se estendia inclusive durante o período de descanso. “A reclamante sofreu tratamento discriminatório desde a sua chegada em nosso país. Com efeito, a cooptação da trabalhadora fere os direitos estabelecidos em nossa Carta Constitucional, os quais pareceram ser mitigados em desfavor da estrangeira, que vem de uma nação que vive sob o jugo de um regime totalitário”, diz o advogado. 
Somente por danos morais, a defesa pede uma indenização de 80.000 reais. Os outros pagamentos são referentes a 13º salário, diferença salarial referente aos quatro meses em que atuou no programa, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)  e multas. Além disso, a ação pede, de forma liminar, o bloqueio dos valores destinados para Cuba que seriam pagos para Ramona.
A médica conseguiu refúgio provisório no Brasil e começou a trabalhar nesta semana na Associação Médica Brasileira (AMB), com salário de 3.000 reais.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Óculos permitem a médicos detectar células cancerígenas

Tecnologia, que está sendo desenvolvida nos EUA, pode garantir que todas as células tumorais de um paciente sejam retiradas em uma mesma cirurgia

Cientistas americanos trabalham para desenvolver óculos de alta tecnologia que permitirão a médicos diferenciar células cancerígenas das saudáveis. Dessa maneira, em uma cirurgia para retirada de um tumor, os profissionais poderiam identificar mais facilmente as células doentes, de modo a garantir que nenhuma delas permanecesse no corpo do paciente. O equipamento é desenvolvido na Universidade de Washington, em St. Louis, nos Estados Unidos, e foi testado pela primeira vez nesta semana durante uma cirurgia para a retirada de um nódulo de mama em uma paciente.
A cirurgiã Julie Margenthaler usa os óculos de alta tecnologia durante cirurgia de retirada de um tumor
O procedimento padrão para a retirada de um câncer consiste em remover o tumor e também parte do tecido em volta dele – que pode ou não conter células cancerígenas. Esse tecido, então, é analisado e, caso apresente células tumorais, é comum que se indique uma nova cirurgia para a retirada do restante do tecido. Se os óculos se provarem eficazes nos próximos testes, eles podem diminuir ou até eliminar a necessidade dessas cirurgias adicionais, evitando mais estresse e gastos aos pacientes.
Segundo Julie Margenthaler, professora da Universidade de Washington em St. Louis, que coordenou a cirurgia na qual os óculos foram testados, entre 20% e 25% das mulheres que têm tumores na mama retirados precisam passar por uma segunda operação. “A tecnologia atual não mostra de forma adequada a extensão do câncer na primeira cirurgia”, diz.
Em entrevista ao site de VEJA, ela explicou que a cirurgia a qual conduziu fez parte de uma primeira etapa de testes em torno do óculos — ou seja, ainda não apresentou resultados definitivos. "A cirurgia foi um sucesso por diversos motivos – nós esperávamos conseguir visualizar pelo óculos um nódulo específico, e isso foi o que de fato observamos”, afirmou. “Estudos futuros deverão focar em usar esses óculos para determinar se eles são eficazes em remover toda a extensão do câncer. Nós planejamos fazer uma pesquisa com de 20 a 25 pacientes para confirmar o sucesso observado nessa primeira etapa.”
Os óculos, desenvolvidos pela equipe do professor de radiologia Samuel Achilefu, contêm uma tecnologia de vídeo criada especificamente para o objeto e um display. Quando utilizados, é preciso injetar no paciente uma substância de contraste que, em contato as células cancerígenas, as torna brilhantes e faz com que fiquem da cor azul quando vistas através das lentes. Um estudo anterior sobre a tecnologia revelou que ela é capaz de detectar tumores muito pequenos, de 1 milímetro de diâmetro (uma espessura equivalente à de dez folhas de papel sulfite).

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Iogurte pode ajudar a prevenir diabetes tipo 2

Pesquisa descobriu que risco da doença é menor em pessoas que consomem o alimento com baixo teor de gordura

Iogurte com pouca gordura pode evitar diabetes tipo 2, sugere pesquisa
Iogurte com pouca gordura pode evitar diabetes tipo 2, sugere pesquisa (Getty Images/iStockphoto)
Uma nova pesquisa da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, sugere que o iogurte pode ser um aliado no combate ao diabetes tipo 2. O estudo comparou os hábitos alimentares de pessoas com e sem a doença e descobriu que a prevalência do diabetes é significativamente menor entre aquelas que consomem iogurte com baixo teor de gordura ao menos quatro vezes por semana.
Existem dois fatores capazes de aumentar o risco de diabetes tipo 2: o genético, ou seja, ter histórico da doença na família, e o ambiental, que são problemas como má alimentação, excesso de peso e sedentarismo. Não há nada que uma pessoa possa fazer em relação à sua predisposição genética para a doença, mas adquirir hábitos saudáveis podem diminuir consideravelmente as chances de ela se desenvolver.
Para realizar o estudo, os pesquisadores coletaram dados de um levantamento feito na Inglaterra. Eles compararam os hábitos alimentares de 753 pessoas com diabetes tipo 2 aos de 3 500 indivíduos livres da doença. Os resultados foram publicados na edição deste mês do periódico Diabetologia.
Mecanismos — A pesquisa não identificou uma relação de causa e efeito entre o alimento e o diabetes – ou seja, não descobriu os mecanismos que podem fazer com que o iogurte diminua o risco da doença. Porém, os autores destacam que o iogurte contém nutrientes essenciais à saúde, como cálcio, vitamina D e ácidos graxos. Além disso, a equipe acredita que os probióticos – bactérias “do bem” presentes no alimento — tenham um papel fundamental nesse efeito benéfico. Estudos recentes já associaram os probióticos à redução de inflamações no intestino e de problemas como diarreia causada por antibiótico e complicações gastrointestinais em bebês.
De acordo com a pesquisa, o consumo de quatro copos de 125 gramas de iogurte por semana reduz em até 28% o risco de diabetes tipo 2. O estudo também descobriu que, de maneira geral, outros laticínios com baixo teor de gordura, como queijo cottage, podem diminuir essas chances em até 24%. Os autores não encontraram relação entre a redução do risco da doença e o consumo de laticínios com maior teor de gordura.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Àcido retinoico e rejuvescimento

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Meu dermatologista me receitou um creme antirrugas com ácido retinoico. E em uma semana minha pele ficou vermelha e ressecada, até parece que as rugas pioraram. Sempre tive tendência a alergia de pele, e estou achando melhor mudar de tratamento.
(Ruth)
Nem sempre a sensibilidade da pele significa alergia ao ácido retinoico. É frequente e até normal haver ressecamento, vermelhidão e descamação quando a pessoa começa a usar o produto. Na maioria das vezes o melhor conselho é seguir em frente. Provavelmente, com uso continuado, em menos de um mês a pele se acostumará ao produto, essa reação incômoda passará.
Algumas dicas ajudam a superar essa fase inicial. Uma é aplicar o ácido retinoico com a pele seca e, após a absorção, aplicar um hidratante apropriado ao seu tipo de pele. Outra é começar o uso em noites intercaladas, mantendo uso do creme hidratante todas as noites. E aguentar firme.
Se o incômodo for muito grande, converse com seu dermatologista, pode ser o caso de reduzir a concentração do produto ou, em último caso, mudar de produto.
Tenha em mente que o ácido retinoico é um aliado precioso no tratamento estético. Ele estimula o colágeno, deixando a pele mais firme. Também ajuda na remoção de manchas causadas pela idade e pelo excesso de exposição ao sol.
Finalmente, lembre-se que o uso de ácido retinoico à noite exige a aplicação de filtro solar durante o dia. Boa sorte!
Por Lucia Mandel

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

MP defende que há ilegalidades na contratação dos profissionais do Mais Médicos

Segundo relator, projeto é necessário para o atendimento do direito fundamental da saúde, mas "está sendo implementado de maneira a sacrificar outros valores constitucionais"

Agência Brasil
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O procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Sebastião Caixeta, reiterou hoje (10), logo após ouvir depoimento da médica cubana Ramona Rodriguez, que há ilegalidades na contratação dos profissionais do Programa Mais Médicos, independentemente da nacionalidade deles. Ramona, que abandonou o programa, apresentou ao procurador o contrato de trabalho assinado entre ela e o governo cubano.

Chamaram a atenção de Caixeta, relator do inquérito, cláusulas do contrato que exigem que os cubanos do programa não se relacionem afetivamente com pessoas de outras nacionalidades e que exigem dos cubanos confidencialidade sobre a atuação no programa. Durante o depoimento, que durou cerca de uma hora, Ramona também disse que há um assessor cubano na capital paraense, estado onde trabalhava, a quem os profissionais da ilha deveriam pedir autorização para sair do município.

O contrato também especifica os valores a serem recebidos pelos cubanos. U$ 400  seriam convertidos e pagos mensalmente aos médicos, e U$ 600 seriam depositados em uma conta em Cuba.  Destes U$ 600, a família teria acesso mensalmente a U$ 50, e o restante só poderia ser recebido ao fim do programa.

De acordo com o procurador, o MPT solicitou uma cópia do contrato feito entre Cuba e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), órgão intermediador do contrato entre Brasil e Cuba, porém, o Ministério da Saúde alegou não ter acesso ao contrato e a Opas também não atendeu ao pedido alegando imunidade de jurisdição.

O inquérito, que foi aberto em agosto de 2013, investiga as relações entre todos os médicos do programa, independentemente da nacionalidade, e o governo federal. De acordo com o relator, o projeto é necessário para o atendimento do direito fundamental da saúde, mas ele "está sendo implementado de maneira a sacrificar outros valores constitucionais".

O procurador reafirmou que a medida provisória criadora do programa diz que os médicos farão um curso de especialização durante a atuação e, por isso, receberão a remuneração por meio de bolsa de estudos. "Todo contrato está estruturado no sentido de afastar uma relação trabalhista, agora, na prática, essa relação de emprego existe"

De acordo com Caixeta, o MPT vai pedir, ao fim do inquérito, a isonomia entre os profissionais cubanos e médicos de outras nacionalidades, assim como a regularizarização da relação existente entre todos os profissionais e o governo brasileiro.

Até o fim do mês o inquérito deverá ser concluído. Caixeta adiantou que apresentará um Termo de Ajuste de Conduta, para que o governo possa regularizar a situação dos médicos extrajudicialmente. Caso a proposta não seja aceita, o MPT vai tentar responsabilizar judicialmente a União.

O Ministério da Saúde diz que está seguro da legalidade do programa.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Anvisa libera medicamento que trata câncer sem queda de cabelo

Remédio, que deve estar disponível no Brasil em três meses, é indicado para um tipo de câncer de mama avançado

Câncer de mama: Anvisa aprova nova droga para tipo avançado da doença
Câncer de mama: Anvisa aprova nova droga para tipo avançado da doença (Thinkstock)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um medicamento para o tratamento do câncer de mama que não causa queda de cabelo e provoca menos efeitos colaterais do que a quimioterapia tradicional. A ação é possível porque o remédio atua diretamente no tumor, em vez de afetar todas as células do corpo. De acordo com os organizadores do estudo, trata-se da primeira droga com esse mecanismo aprovada no país.

O medicamento trastuzumabe entansina (também chamado de T-DM1) é indicado para um tipo de câncer de mama avançado, identificado como HER2 positivo, que corresponde a 20% de todos os casos da doença. Seu uso deve ocorrer quando o tratamento convencional não apresentar mais resultados. Além de evitar os efeitos colaterais da quimioterapia, ele aumenta em 50% o tempo de sobrevida.

“"A droga tem um efeito casado. Ela possui um anticorpo e um quimioterápico. Por ser extremamente potente, esse quimioterápico não poderia ser aplicado sozinho porque seria muito tóxico ao organismo. O que acontece é que o anticorpo conduz o quimioterápico até o interior da célula tumoral e libera o medicamento lá dentro”", explica José Luiz Pedrini, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia e um dos coordenadores do estudo do medicamento no Brasil. O mecanismo do remédio é conhecido como “cavalo de troia”.

Segundo o médico, a pesquisa, realizada em vários países, incluiu cerca de cem brasileiras. “"Há pacientes que começaram a participar do estudo em 2011 e seguem vivas. Sem essa opção, elas sobreviveriam por cerca de seis meses porque não teriam outra alternativa de tratamento”", explica.

Uma das razões para o melhor prognóstico é que o novo medicamento pode ser usado por mais tempo do que a quimioterapia tradicional. "“Os medicamentos já existentes podem ser aplicados por, no máximo, oito sessões, por causa da toxicidade. Por ser menos agressiva, a trastuzumabe entansina pode ser utilizada por tempo indeterminado"”, afirma o médico. A aplicação da droga é feita a cada 21 dias.Embora o remédio possa aumentar a sobrevida das pacientes, o tumor de mama do tipo HER2 positivo continua sendo incurável.

Nova opção — Coordenadora da oncologia clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Maria del Pilar Estevez Diz classificou a droga como uma opção “interessante” de tratamento e afirmou que o Icesp passará a utilizá-la. "“A gente ganha uma linha de tratamento com menos efeitos colaterais, que propicia maior qualidade de vida às pacientes"”, diz.
A aprovação da trastuzumabe entansina foi publicada pela Anvisa em janeiro, mas o medicamento deverá estar disponível no mercado em três meses. Novos estudos vão verificar se o medicamento também é eficaz e seguro se utilizado em fases iniciais da doença.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Confirmados mais 51 casos de sarampo no CE

Em Fortaleza, 106 pontos de vacinação serão abertos hoje e um em cada Secretaria Executiva Regional funcionará amanhã
FOTO: Natinho Rodrigues
Image-0-Artigo-1541383-1Crianças menores de 1 ano representam 50% das ocorrências; 69% dos casos são no sexo masculino
Subiu para 62 o número de casos confirmados de sarampo no Ceará, segundo informou a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), na noite de ontem, por meio do boletim epidemiológico da doença. O novo número traz um aumento de 463,6 % se comparado ao ultimo levantamento divulgado pelo órgão, na semana passada, quando eram 11 casos confirmados. Ainda de acordo com o último boletim, chegou a 265 o número de casos notificados entre 25 de dezembro até ontem.
Destes, 56, ou sejam 21%, foram descartados e 147, o equivalente a 56%, estão sob investigação laboratorial. A maioria dos casos confirmados ocorreu em Fortaleza (55). Uruburetama teve três casos e os municípios de Caucaia, Itaitinga, Jaguaribe e Maranguape confirmaram um caso cada. O Boletim informa, ainda, que entre as confirmações, 50% (31) foram em crianças menores de um ano de idade e 69% dos casos (48) foram no sexo masculino.
Apesar do surto de sarampo, o médico infectologista Anastácio Queiroz, professor de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), evita falar em uma epidemia, uma vez que, segundo observa, se verificado a época do ressurgimento da doença (um pouco mais de um mês) com o atual número de casos, pode ser indicado como uma situação que está sendo bem trabalhada. "É uma doença com capacidade de transmissão muito grande", explica.
O infectologista ressalta a importância da população se vacinar e evitar contato com pessoas que estão sob suspeita. "Em uma tosse, as gotículas atingem todas as pessoas naquele ambiente. Toda pessoa com quadro infeccioso, febril, com tosse e olhos avermelhados deve procurar um posto de saúde", diz.
Vacinação
De acordo com a Sesa, até o fim desta sexta-feira (8), sete municípios já haviam superado a meta de vacinação da campanha, que é de 95%. A média atual de cobertura vacinal dos 17 municípios participantes da campanha é de 61,08%.
Em Fortaleza, 106 pontos de vacinação serão abertos hoje e um em cada Secretaria Executiva Regional funcionará amanhã, visando bater a meta da campanha. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 85.586 crianças foram vacinadas até quinta-feira na Capital, 53% de cobertura.
A campanha acaba neste domingo (9), e a SMS avaliará a necessidade de prorrogação após os resultados de hoje, segundo informou a assessora técnica de imunização da Secretaria, Renata Dias.

Saiba Mais
Postos abertos no domingo
Posto de saúde São Marcelo
Rua 25 de Março, 607, Centro
Contato: (85) 3433-9701
Posto de saúde Carlos Ribeiro
Rua Jacinto Matos, 944 , Jacarecanga
Contato: (85) 3452-6370
Posto de saúde Parangaba
Rua Germano Franklin, 495
Contato: (85) 3131-7337
Posto de saúde Waldemar Alcântara
Rua Silveira Filho, 903, Jóquei Clube
Contato: (85) 3488-3253
Posto de saúde Dr. José Paracampos
Rua Alfredo Mamede, 250 - Mondubim
Contato: (85) 3433-4914
Posto de saúde Messejana
Rua Cel. Guilherme Alencar, s/n - Messejana
Contato: (85) 3452-1660

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Mulheres têm mais chances de sofrer AVC do que homens

Gravidez e utilização de hormônios podem agravar fatores de risco

Agência Brasil
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As mulheres, de todas as idades, correm mais riscos de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) do que os homens. Elas devem, por isso, ficar atentas à pressão arterial, de acordo com as novas recomendações da Associação Norte-Americana do Coração. As mulheres têm também maiores fatores de risco que favorecem os acidentes cerebrais, como enxaquecas, depressão, diabetes e arritmia cardíaca.

Os acidentes vasculares cerebrais são a terceira causa de mortalidade entre as mulheres, depois das doenças cardíacas e do câncer, que é a quinta causa de morte nos homens.

As mulheres têm riscos específicos devido à gravidez e à utilização de hormônios, como a pilula contraceptiva, destaca Cheryl Bushnell, professor adjunto de neurologia no Centro Médico Wake Forest, em Winston-Salem (Carolina do Norte, EUA). Ele preside o grupo de peritos que elaborou as recomendações publicadas na revista médica Stroke.

O novo guia lembra a importância de controlar regularmente a pressão arterial, principalmente em mulheres jovens, antes de tomarem contraceptivos e de ficarem grávidas.

Os sintomas de um AVC em mulheres são similares aos dos homens: dormência súbita ou fraqueza do braço, dificuldade em falar ou compreender o que dizem os outros.

Segundo os autores do estudo, os sintomas de um acidente vascular cerebral nas mulheres podem ser mais sutis, uma vez que elas têm mais dificuldades em se expressar ou estar cientes do seu ambiente.

Um acidente vascular cerebral ocorre quando uma artéria que irriga o cérebro é obstruída por um coágulo, causando a destruição dos tecidos cerebrais.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Cubanos recém-chegados para o Mais Médicos dizem não saber salário

Médicos cubanos recém-chegados a São Paulo ouvidos ontem (5) pela Folha dizem não saber quanto irão receber do governo de Cuba.
Os 700 cubanos hospedados na capital paulista integram o terceiro ciclo do Mais Médicos. Todos começaram a fase de avaliações ontem.
Incomodados com a presença da reportagem, foram poucos os que aceitaram conversar. Alguns foram impedidos de dar entrevista por colegas.
Todos os entrevistados afirmaram desconhecer o valor da bolsa mensal a que têm direito pelo programa.
Um deles disse que o convênio prevê US$ 5 mil. Não soube especificar se ficaria com o total ou parte dele –convertido, o valor fica acima da bolsa (cerca de R$ 12 mil, enquanto o governo paga aos demais médicos R$ 10 mil).
"O pagamento é essencial, mas é a coisa menos importante numa missão", disse outro. Segundo ele, o mais importante para o grupo é ajudar o povo brasileiro que precisa de cuidado médico básico.
Questionados pela Folha, afirmaram desconhecer a deserção de Ramona Matos Rodriguez, 51.

Editoria de Arte/Folhapress
REFÚGIO
Ramona apresentou ontem um pedido de refúgio ao governo brasileiro. Ela abandonou o programa Mais Médicos no sábado (1º) e foi para Brasília em busca de ajuda para permanecer no país. Com o pedido, ela pode permanecer em território brasileiro até uma decisão do governo.
O documento foi levado ao Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) pelo líder do DEM, Mendonça Filho (PE), e pelo deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). Eles entregaram o pedido diretamente ao secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão. O processo deve ser iniciado em março, mas não há prazo para sua conclusão.
"Com o recebimento [do pedido], ela tem todas as prerrogativas de uma cidadã livre. [...] Esperamos bom senso e equilíbrio do governo", afirmou Caiado em coletiva após a entrega do documento. O deputado afirmou ainda que irá procurar o Ministério da Saúde para discutir o desligamento da médica do programa Mais Médicos.

Sérgio Lima/Folhapress
A médica cubana Ramona Matos Rodriguez, 51, deixou o programa e anunciou na noite desta terça-feira (4) que vai pedir asilo político ao Brasil
A médica cubana Ramona Rodriguez, 51, anunciou que vai pedir asilo político ao Brasil
Ramona também pediu auxílio do governo norte-americano no sábado. Ela afirmou à Folha que já havia solicitado um visto americano na embaixada do país em Brasília. Os Estados Unidos possuem um programa específico para a concessão do documento a profissionais de Cuba -foi por meio dele que médicos cubanos em missão na Venezuela obtiveram permissão para ingressar em solo norte-americano.
Além do pedido de refúgio, Ramona recebeu a proposta de trabalhar na área administrativa da Fenam (Federação Nacional dos Médicos) enquanto aguarda uma decisão sobre o seu futuro no país. "Estamos estudando a possibilidade de ela começar a trabalhar na Fenam. Posso garantir que ela não trabalhará como gerente de hotel, mas sim dentro do que sabe fazer", disse Caiado.
Ramona anunciou na terça-feira (4), na Câmara dos Deputados, que decidiu abandonar seu posto de trabalho, no interior do Pará, quando descobriu que o salário pago aos profissionais cubanos era inferior à remuneração dos demais médicos do programa.
"Eu penso que fui enganada por Cuba. Não disseram que era o Brasil que estaria pagando R$ 10 mil reais pelo serviço dos médicos estrangeiros. Me informaram que seriam US$ 400 aqui e US$ 600 pagos lá depois que terminasse o contrato. Eu até achei o salário bom, mas não sabia que o custo de vida aqui no Brasil seria tão alto", afirmou a cubana. (ARETHA YARAK e MARIANA HAUBERT)

Transplantes de órgãos têm aumento em 2014

Segundo a coordenadora da Central de Transplantes, Eliana Barbosa, os números mostram que o Estado terá um ano muito positivo, assim como foi 2013
O Ceará terminou 2013 batendo recorde de transplantes durante um ano, com 1.361procedimentos realizados. Neste ano, os números continuam crescendo. Em janeiro, a quantidade de transplantes de rim, fígado, pulmão e medula óssea foi maior do que a registrada em igual período de 2013.
Image-0-Artigo-1539538-1 No mês passado, foram feitos 85 transplantes de órgãos e tecidos no Estado. Foram 24 transplantes de rim, um de coração, 23 de fígado, um de pulmão, seis de medula óssea e 30 de córnea.
Em janeiro de 2013, foram realizados 19 transplantes de rim, um de rim/pâncreas, um de coração, 15 de fígado, quatro de medula óssea, dois de valva cardíaca, 76 de córnea e três de esclera.
Para a coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, Eliana Barbosa, esses números mostram que o Ceará terá um ano muito positivo, assim como foi 2013. "O objetivo será superar os números do ano passado", ressalta.
Ela ainda destaca que, desses 85 transplantes, 26 foram realizados com órgãos de doadores que já haviam falecido. Portanto, foram 26 famílias que aceitaram a realização do procedimento. "No ano passado, a média era de 15 por mês, no máximo 20. Em 2014, já chegamos aos 26. Isso mostra que cada vez mais as pessoas estão se conscientizando sobre o processo de doação", comentou.
Sobre o alto número de doações de fígado e rins, Eliana explicou que isso se deve ao rápido comprometimento dos outros órgãos após a morte encefálica. Enquanto apenas em 40% dos casos o coração pode ser doado para outra pessoa, os rins e o fígado podem ser utilizados novamente em 98% das vezes.
O Ceará fechou o ano de 2013 com um total de 1.361 transplantes de órgãos e tecidos realizados, batendo novo recorde desde a implantação da Central de Transplantes da Secretaria da Saúde do Estado, em 1998.
No ano passado, foram feitos 250 transplantes de rim de doador falecido, 15 de doador vivo, 10 de rim/pâncreas, 30 de coração, 194 de fígado, 8 de pulmão, 55 de medula óssea, 9 de valva cardíaca, 762 de córnea, 27 de esclera e um de osso.
Doe de Coração
Doar órgãos é um ato de solidariedade. É também quebrar barreiras do preconceito e amar anonimamente. É dar chance e alegria aos que lutam pelo recomeço de sua vida. Pensando nestes e em vários outros pontos relacionados à doação de órgãos, a Fundação Edson Queiroz lançou o movimento Doe de Coração, que fomenta a conscientização pela doação voluntária de órgãos no Ceará.
Neste ano, a iniciativa chega à sua 12ª edição. Realizada todo mês de setembro, a campanha sensibiliza a sociedade sobre a temática através de anúncios em veículos de comunicação, distribuição de cartilhas, cartazes e camisas. Há ainda a mobilização realizada em hospitais públicos e privados, clínicas, escolas, no Sistema Verdes Mares, na Universidade de Fortaleza (Unifor) e em outras grandes entidades.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Câncer de mama-Dois mil novos casos esperados-Ce

O conhecimento é o principal aliado contra a disseminação do câncer. A mamografia deve ser feita a cada dois anos, após os 50 anos
FOTO: ALEX PIMENTEL
Image-0-Artigo-1538713-1 Dois mil novos casos de câncer de mama são esperados em 2014 entre as cearenses, o que representa cerca de 40 registros da doença a cada 100 mil mulheres. O alerta foi feito, ontem, data que assinala o Dia Mundial do Câncer, pelo médico oncologista Luiz Porto.
"O câncer de mama é a principal causa de mortalidade entre as mulheres", explicou Luiz Porto, que coordena o Comitê Estadual de Câncer no Ceará. Como a doença é associada ao envelhecimento, em virtude do aumento da expectativa de vida da população esse tipo de câncer será cada vez mais comum, previu.
Também despontam como fatores de risco as mudanças de hábitos da população do sexo feminino, tais como a redução do número de filhos e a opção pela maternidade tardiamente, observou. O crescimento da obesidade e do alcoolismo entre as mulheres destaca-se, ainda, entre as causas para a elevação da incidência do câncer de mama no Ceará, acrescentou o médico.
Ontem, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) divulgou, em âmbito nacional, estudo buscando estimular debates e desvendar mitos acerca da doença. Ratificou ser o conhecimento o principal aliado contra a disseminação do câncer. "A população deve mesmo se informar mais e procurar adotar medidas preventivas", confirmou Luiz Porto, lembrando da necessidade do exame de prevenção ginecológica anualmente. Já a mamografia deve ser feita a cada dois anos, após o 50 anos.
Segundo o Instituto Nacional, o estímulo ao aumento da comunicação e do conhecimento sobre o câncer dá continuidade à "Campanha Mitos e Verdades", desenvolvida no ano passado. Neste ano, a campanha é voltada para Meta 5 da Declaração Mundial do Câncer: reduzir o estigma e acabar com os mitos sobre a doença. Com o slogan Desvende os mitos sobre o câncer, o Inca vai trabalhar para esclarecer quatro mitos, sendo o primeiro deles: Câncer? Nem quero falar disso!
Mesmo sendo o câncer um tema difícil de tratar, falar abertamente sobre a doença pode trazer melhores resultados. "A informação é a principal aliada para lidar com a doença, cuja incidência no mundo cresceu 20% na última década", frisa o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini. Os outros três mitos são: Não dá para saber se temos câncer ou não, Não dá para evitar o câncer e Não tenho direito a tratamento de câncer.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Serviço terapêutico a serviço da Medicina

Essencial em exames de urgência, o exame ecográfico guia o médico desde o exame pré-natal até os procedimentos de biópsia
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Imagine a cena: da tela do aparelho no consultório médico, os futuros pais observam as primeiras imagens do bebê que está por vir. Dali, eles participam do desenvolvimento do filho durante toda a gestação. A cada sessão, uma descoberta que emociona. Tudo isso graças à ultrassonografia.
De fato, no pré-natal, o método permite o acompanhamento da saúde do bebê, mas não é só para identificar doenças congênitas ou quaisquer outras anormalidades no feto que ele serve. O exame ecográfico (popularmente chamado de ultrassom) tem papel vital no diagnóstico e também é um recurso terapêutico que está a serviço de quase todas as especialidades médicas, adaptando-se às especificidades de cada uma.
Diagnóstico mais preciso
"Como exame diagnóstico, além de ser um recurso em exames de urgência, a ultrassonografia tem papel fundamental nas prevenções do câncer ginecológico, de mama, bem como rastreamento de nódulos tireoidianos, entre outros", diz Carlos Marques Guimarães, especialista em ultrassonografia geral pelo Colégio Brasileiro de Radiologia, pela Sociedade Brasileira de Ultrassonografia e pela Federação Latino-americana das Sociedades de Ultrassonografia.
É ela que guia os procedimentos de biópsia, uma vez que a visualização das áreas a serem biopsiadas pela imagem ecográfica torna possível a otimização da coleta do material. Assim, o método diminui a necessidade de muitos fragmentos e possibilita uma precisão diagnóstica superior.
Abordagem terapêutica
Além disso, segundo o especialista, que também é mestre em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo estudado a ultrassonografia hepática intra-operatória em pacientes oncológicos, o recurso tem grande utilidade terapêutica, guiando drenagens de coleções abdominais ou procedimentos terapêuticos intra-operatórios.
"A ultrassonografia tornou-se um recurso imprescindível na propedêutica da investigação de metástases hepáticas, principalmente no tratamento do câncer de cólon. O seu uso intra-operatório aumentou a capacidade de detecção de possíveis nódulos inacessíveis à palpação do cirurgião, bem como de mapear a região a ser ressecada (aumenta a segurança de retirada com margem da lesão). O método é de grande utilidade guiando o tratamento de nódulos para ressecção por radiofrequência".
Sem riscos à saúde
Um dos diferenciais dos exames ecográficos é que, neles, não há presença de radiação ionizante, o que os torna inofensivos à saúde, independentemente da quantidade de exames realizados.
Também há o baixo custo do exame aliado à grande funcionalidade diagnóstica do método. "A despeito dos avanços tecnológicos na Medicina, observamos que a realidade da prática clínica ainda se pauta por uma grande necessidade de baixo custo, levando a ultrassonografia a ser um método muito útil. A qualificação na realização do método, por sua vez, aumenta, com certeza, a precisão no processo de diagnóstico do paciente e seu consequente tratamento", acredita Carlos Guimarães.
Investir na formação médica
Por isso - e soma-se o fato de que cresceu o número de subespecialidades na área de diagnóstico por imagem - é que aprofundar-se no método é uma nova necessidade dos profissionais da saúde. Hoje, o avanço tecnológico permite que médicos e pacientes tenham à disposição aparelhos portáteis com grande capacidade de resolução de imagem e recursos que permitem exames de excelência.
"No mercado há uma variedade de marcas de aparelhos que realizam exames ecográficos. Todos são equipados com dopplervelocimetria colorida para estudos de vasos e, dependendo da qualidade de transdutores disponíveis, são capazes de fazer exames em praticamente todos os órgãos e quase todas as estruturas do corpo humano", explica.
Com custo razoável, o aparelho de ultrassonografia passa a ser viável devido ao baixo custo de manutenção, especialmente quando comparado a outros aparelhos de imagem, mas o especialista em ultrassonografia ressalta que, ao contrário de exames radiológicos, que são realizados por técnicos, o ecográfico é realizado em tempo real por um médico.
FIQUE POR DENTRO
Técnica de varredura para vários exames
A demanda motivou a Escola Cearense de Ultrassonografia a promover o Curso Básico de Ultrassonografia a partir de março deste ano. De acordo com Carlos Marques Guimarães, que em 2011 juntou-se ao especialista em radiologia e diagnóstico por imagem Jovelino Coimbra Neto para executar o projeto, as aulas não são destinadas apenas aos médicos especialistas em diagnósticos por imagem (residentes e profissionais em formação), mas também aos que buscam um diferencial na área de atuação. "Ao obstetra que se habilita para realizar exames em suas pacientes, ao urologista que se habilita para realizar biópsias de próstata, ao ginecologista no tratamento da infertilidade, entre outros", pontua.
Após o aprendizado da física do ultrassom e do manuseio da máquina, serão vistas as técnicas de varreduras dos exames. "A demanda de profissionais para exames ecográficos em clínicas e hospitais no Ceará ainda é grande, e esta se torna maior para profissionais que se aprofundaram e tem habilitação técnica em todas as áreas da ultrassonografia nas diversas especialidades (ginecológica, obstétrica, musculoesquelética, vascular, intervencionista, etc.)".

Mais informações:

Curso Básico de Ultrassonografia
Escola Cearense de Ultrassonografia
De 13 de março a 28 de junho
(85)91373075/86722812

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Atividade física inibe apetite por alimentos calóricos

Conclusão faz parte de pesquisa que mediu atividade cerebral de pessoas após um exercício intenso

Alimentação: Impacto da atividade física no cérebro resulta em menor apetite por comida calórica
Alimentação: Impacto da atividade física no cérebro resulta em menor apetite por comida calórica (Thinkstock)
Praticar atividade física ajuda a controlar o peso. Mas não somente por gastar calorias e eliminar a gordura, mas também pelo fato de inibir o apetite por alimentos não saudáveis e aumentar a vontade por refeições que incluem legumes e frutas, por exemplo. Essa é a conclusão de uma nova pesquisa que usou imagens de ressonância magnética para analisar a resposta do cérebro diante de alimentos muito ou pouco calóricos após a prática de um exercício físico intenso.
O estudo, realizado na Universidade de Aberdeen, na Grã-Bretanha, e publicado nesta sexta-feira no periódico American Journal of Clinical Nutrition, ajuda especialistas a entenderem melhor de que forma a atividade física pode ser aliada no combate à obesidade.
Análise — Na primeira parte do estudo, 15 homens saudáveis correram em uma velocidade alta durante uma hora. Depois, eles foram submetidos a um exame de ressonância magnética ao mesmo tempo em que olhavam para imagens de alimentos pouco ou muito saudáveis. Na segunda fase da pesquisa, os participantes foram submetidos ao mesmo um exame de ressonância, mas após terem passado uma hora descansando.
“Nosso foco estava em uma região do cérebro chamada ínsula. A ativação dessa área é aumentada antes de comermos e quando ingerimos alimentos que consideramos agradáveis”, diz Daniel Crabtree, que coordenou o estudo.
Diminuição da fome — De acordo com os resultados, após a prática do exercício físico, a atividade da ínsula foi menor quando os homens olharam para alimentos calóricos, como pizza e hambúrgueres, do que quando olharam para alimentos saudáveis, como maçãs e cenouras. Ou seja, eles sentiram menos apetite pelas comidas pouco saudáveis.
Para confirmar as conclusões, a equipe também recolheu amostras de sangue dos participantes nas duas fases do estudo. Os autores descobriram que exercitar-se, em comparação com ficar em repouso, diminui os níveis de um hormônio que estimula o apetite e aumenta a quantidade de outro que inibe a fome.
A teoria dos pesquisadores é a de que, após uma atividade física intensa, o corpo de uma pessoa precisa repor água – e o seu cérebro entende que alimentos mais saudáveis e frescos são melhor fonte do líquido e, portanto, conseguirão satisfazer essa necessidade.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Domine o seu metabolismo

A ciência define novas estratégias para aumentar a queima de calorias. Há testes genéticos que informam como cada indivíduo aproveita os nutrientes, os treinos e alimentos mais indicados e até a utilização de bactérias que auxiliam na perda de peso

Cilene Pereira (cilene@istoe.com.br)
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Um conjunto de novidades criadas a partir de sólidos conhecimentos científicos começa a ficar disponível para ajudar na luta contra a obesidade. Os recursos têm como objetivo aumentar a queima calórica pelo organismo a partir da manipulação do metabolismo, um processo complexo pelo qual o corpo transforma em energia os alimentos e as bebidas ingeridos e gasta esse combustível. Quanto mais acelerado, maior o uso de calorias. Portanto, maior a chance de emagrecimento. Entre as novas armas, estão testes genéticos que informam como cada um metaboliza nutrientes, o uso de bactérias e a escolha de treinos e alimentos capazes de fazer com que o corpo eleve ainda mais seu gasto calórico.
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A chegada desses recursos é fruto de uma revolução no entendimento do metabolismo. Por muito tempo se acreditou que ele era influenciado por fatores bem estabelecidos e que dificilmente seria possível interferir no seu funcionamento – principalmente, interferir de forma contundente o bastante para provocar aumento significativo no gasto calórico. Sabia-se que cerca de 70% do total de calorias consumidas por dia era utilizado para manter o chamado metabolismo basal, gasto energético despendido mesmo quando o corpo está em repouso para a execução de funções como a respiração e a renovação celular. O restante da queima calórica era dividido entre o necessário para a digestão e absorção de nutrientes (em torno de 10% do total de calorias consumido diariamente) e o necessário para a realização de atividades físicas, de lavar louça a correr.
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Ao longo dos últimos anos, no entanto, a ciência avançou na elucidação de aspectos pouco conhecidos do metabolismo. O resultado é a descoberta de que há muito mais agentes influenciando a forma como o corpo converte alimentos e bebidas em energia e de que maneira ele gasta sua reserva energética. Conclui-se também que esses fatores podem ser manipulados a nosso favor. O primeiro desses elementos é o peso da genética no processo. É claro que era consenso que o DNA teria influência no metabolismo, assim como tem em qualquer função orgânica. Mas não se conheciam os genes a ele associados e tampouco se tinha ideia de sua importância. Porém, esse panorama está sendo desvendado e o que se obtém é um retrato riquíssimo, no qual os genes aparecem exercendo um papel fundamental no funcionamento metabólico. Na última semana, pesquisadores da University of Southern California (EUA), divulgaram um trabalho que ilustra bem essa constatação. Sean Curran e Shanshan Pang identificaram genes que permitem ao organismo se adaptar a diferentes dietas. Sem eles, o corpo fica exposto ao envelhecimento precoce. “Esses genes têm forte impacto no metabolismo”, explicou à ISTOÉ o cientista Curran. “E nossa pesquisa mostra como uma simples mutação pode alterar a habilidade de o corpo metabolizar uma dieta específica.”
Recentemente, outra informação, garimpada por cientistas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, acrescentou um pouco mais de conhecimento à área. Eles descobriram que o tal “metabolismo lento”, desculpa muitas vezes usada por quem tem dificuldade para emagrecer, pode não ser tão desculpa assim. De acordo com as investigações, uma mutação no gene KSR2 leva a uma queda na intensidade com que o corpo gasta calorias. “Ele deixa mais devagar a capacidade de queimar calorias e representa uma nova explicação para a obesidade”, disse Sadaf Farooqi, responsável pelo estudo.
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A consequência de achados desse gênero foi a criação de testes genéticos para identificar mutações relacionadas ao metabolismo. Uma vez reconhecidas, é possível agir com intervenções na dieta e no estilo de vida para minimizar seus efeitos. No Brasil, há pelo menos dois tipos de exames disponíveis – o perfil nutrigenético e o painel metabólico. O primeiro, feito por exemplo pelo Centro de Genomas, em São Paulo, analisa os genes associados à obesidade e alterações relacionadas ao metabolismo de gorduras e de vitaminas, entre outros aspectos. O painel metabólico fornece ainda dados sobre a influência dos genes na resposta do corpo a exercícios físicos, capacidade aeróbica e atividade física em termos de redução da gordura corporal. “Eles ajudam o indivíduo a entender como funciona seu processo de queima calórica”, explica Hélio Margarinos, diretor do Laboratório Richet, no Rio de Janeiro, que oferece o teste.
Em São Paulo, a nutróloga Vânia Assaly, do Instituto de Prevenção Generalizada, incorpora os novos recursos no tratamento de seus pacientes. Em geral, ela os recomenda a pessoas que já se submeteram a muitas dietas e a portadores de doenças associadas à obesidade. “É uma maneira de ofertar o conhecimento da ciência à prática clínica para criar dietas saudáveis, não restritivas e voltadas às características de cada um”, diz.
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O estudo do metabolismo também trouxe à luz a evidência de que a flora bacteriana intestinal tem relação com o processo. É fato, por exemplo, que a população bacteriana de obesos é diferente da de indivíduos magros. Por isso, experiências que visam reequilibrar a concentração de bactérias no trato digestivo são conclusivas a respeito dos benefícios da estratégia. Na semana passada, mais uma delas ficou conhecida. Ela foi coordenada por Angelo Tremblay, da Université Laval, no Canadá. O cientista recrutou 125 participantes com sobrepeso. Durante 12 semanas, eles foram submetidos a uma dieta. Nos três meses seguintes, dedicaram-se a manter o peso. Em todo esse período, metade do grupo consumiu duas pílulas por dia contendo bactérias da família Lactobacillus rhamnosus. Esse tipo de recurso é chamado de probiótico (bactérias vivas presentes em iogurtes, sachês ou em comprimidos). O restante ingeriu placebo. Ao final, as mulheres que tomaram as pílulas perderam em média 5,2 quilos, o dobro das outras voluntárias. Entre os homens, não houve diferença significativa. “Pode ter sido um problema de dosagem”, acredita Tremblay. “Já a mudança na flora intestinal das mulheres foi consistente com a ideia de que o uso desses produtos pode ser uma boa opção para alguns indivíduos”, disse à ISTOÉ.
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Gibala já comprovou os benefícios dos treinos Intensos intervalados
O mecanismo pelo qual essa associação ocorre não está completamente esclarecido, mas há algumas explicações. Acredita-se que as pessoas emagrecem porque as bactérias produzem substâncias que interferem no metabolismo. No trabalho que conduziu na Universidade de Washington, o pesquisador Jeffrey Gordon analisou as reações de sete pares de gêmeas a iogurtes contendo, entre outros micro-organismos, Bifidobacterium animalis subsp. Lactis, duas cepas de Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus e Lactococcus lactis subsp. cremoris. Ele verificou que as bactérias produziram mudanças significativas no metabolismo, particularmente no dos carboidratos. Nas investigações do grupo do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos sobre o tema, há informações sobre a influência dos micro-organismos em outras funções. “Eles podem beneficiar o metabolismo da gordura e a absorção dos nutrientes, entre outras coisas”, explicou à ISTOÉ Linda Duffy, coordenadora da equipe. “Há dados consistentes para a criação de uma estratégia contra a obesidade que inclua o uso de bactérias que ajudam a perder peso.”
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Os novos recursos para acelerar a queima calórica também passam por uma reformulação à mesa. Hoje, há informações suficientes para embasar cientificamente recomendações como a de não deixar de lado a ingestão de proteína, que exige mais gasto para ser digerida. E também de fazer pequenas refeições em intervalos curtos de tempo. É uma maneira de manter o metabolismo ativo. Um dos maiores avanços nessa linha foi a ampliação da lista dos alimentos que promovem queima calórica (leia quadro na pág. 67). A combinação desses conhecimentos está permitindo a confecção de planos alimentares mais eficientes. “Colhemos resultados catastróficos em anos de dietas restritivas”, diz Vânia Assaly. Às pessoas cujo metabolismo consome poucas calorias para se manter funcionando, a nutróloga indica alimentos que aumentem esse gasto.
Também se começa a dar mais importância ao momento certo das refeições. Esse campo de estudo ganhou o nome de crononutrição. Seu objetivo é descobrir as conexões do relógio biológico com o mecanismo de gasto calórico. Vêm dele descobertas como a registrada por Oren Froy, da Universidade de Jerusalém. Durante 18 semanas, ele forneceu a um grupo de cobaias uma dieta rica em gordura. Elas foram alimentadas sempre na mesma hora e pelo mesmo espaço de tempo. Essas cobaias foram comparadas a três grupos: um recebeu dieta com pouca gordura também em um cronograma fixo, outro ingeriu alimentos pouco gordurosos sem rigor em relação ao horário e o último comeu muita gordura, mas sem hora certa. Os animais que ingeriram dieta com muita gordura em horários rígidos chegaram ao final do experimento pesando menos do que aqueles que ingeriram muita gordura em horários aleatórios e também mais magros do que aqueles que receberam uma dieta de baixo teor de gordura sem hora fixa. “Esse resultado mostra que o horário de ingestão tem precedência sobre a quantidade de gordura na dieta, levando a uma melhora no metabolismo”, disse Froy à ISTOÉ. “O melhor é traçar os horários do consumo de gordura, no período entre dez da manhã e seis da tarde”, explicou.
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As informações dessa área da ciência estão por trás de muitas das orientações atuais dadas nos consultórios. “Procuro saber sobre a qualidade de sono do paciente”, conta a nutricionista funcional Daniela de Almeida, do Rio de Janeiro. “Um padrão regular de sono é fundamental para a adesão a um plano alimentar balanceado com horários predeterminados, regulando o metabolismo.”
Outra intervenção em uso é a ênfase nos treinos intervalados. O consenso científico atual dá conta de que o modelo de alternar a intensidade dos exercícios é o que apresenta maior impacto na aceleração do metabolismo. “Quinze minutos por dia de exercício intenso intervalado podem alterar o processo de gasto de calorias”, afirmou à ISTOÉ o pesquisador Martin Gibala, da McMaster University, no Canadá. “Entre outras coisas, ele melhora a habilidade de os músculos gastarem combustíveis como a glicose e gorduras para obter energia.” Há outras implicações. “Alternar picos de intensidade com períodos curtos mais moderados também permite que o praticante, no fim, consiga fazer exercícios intensos por mais tempo”, afirma o especialista em fisiologia do exercício Ronaldo Barros, coordenador da área de avaliação física da rede de academias Cia Athletica, de São Paulo. “Se tivesse que praticar em alta intensidade continuamente, não conseguiria. E quanto mais intenso o exercício, mais o corpo produz substâncias que vão obrigá-lo a usar energia para metabolizá-las, mesmo depois da prática.”
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Muitas outras novidades estão em estudo nos centros de pesquisa. Os cientistas vêm descobrindo substâncias que, de um jeito ou de outro, impactam o metabolismo. É o caso da enzima IKKbeta, identificada na Brown University (EUA). Em experiências com cobaias, ela permitiu que os animais engordassem menos apesar de comerem muito. Isso ocorreu porque o composto melhorou tanto a queima calórica que possibilitou o gasto das calorias extras de forma mais eficiente. Outra promessa em análise – com o mesmo efeito – é o fator de crescimento de fibroblasto (FGF21), objeto de pesquisa do laboratório farmacêutico Eli Lilly. No futuro, espera-se a criação de remédios que atuem sobre essas substâncias, ajudando o ser humano a dominar de vez o metabolismo.
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Colaborou Mônica Tarantino 
Fotos: João Castellano/Istoe, João Castellano/Agência Istoé; Rafael Hupsel, Masao Goto Filho /Ag. IstoÉ; Rogerio Cassimiro / Época